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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA

COMARCA DE PORTO VELHO


2ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI

Autos nº. : 501.2001.000489-6


Réus : OZENIR RODRIGUES FEITOSA, vulgo Banana
FRANKIMAR SABINO DE SOUZA, vulgo Top

Vistos e etc.

OZENIR RODRIGUES FEITOSA, vulgo Banana, e FRANKIMAR SABINO


DE SOUZA, vulgo Top, já qualificados nos autos, foram denunciados como incursos nas
sanções do art. 121, §2º, I (motivo torpe), III (meio cruel), e IV (recurso que dificultou a
defesa), c.c art. 29, caput, ambos do Código Penal, sob a acusação de juntos, nutrindo
vontades idênticas, mediante golpes de pau, terem causado a morte da vítima Sebastião Lopes
da Silva, vulgo Badeu, fato ocorrido no dia 28 de dezembro de 2000, por volta das 05:00 da
madrugada, na Rua Bruxelas com a Rua Monsseral, Bairro Cidade Nova II, nesta Cidade e
Comarca.

A denúncia foi recebida por despacho datado em 25 de fevereiro de 2008, sendo que
os acusados foram regularmente citados e interrogados (fls. 261/263 e 286).
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As alegações preliminares do acusado Frankimar foram apresentadas por intermédio


de advogado constituído, oportunidade em que alegou que os fatos não se passaram conforme
os narrados na denúncia, requereu o seguimento do feito e arrolou testemunhas (fls. 264/265).

Em defesa preliminar o réu Ozenir, por intermédio de defensor público, negou a


autoria do crime, alegando que provará suas alegações perante o júri popular (fl. 289).

Na instrução do processo, foram ouvidas as seguintes pessoas: Zuila Alves Teixeira


(fl. 331), João Alves Teixeira (fls. 332/333), Zeneide dos Santos Alves (fls. 334/335), Eliúde
Alves Mugrabe (fl. 336) e Walmir Castro de Oliveira (fl. 337).

O Ministério Público, nas alegações finais, requer a pronúncia dos réus nos exatos
termos da denúncia, entendendo que a materialidade, autoria e qualificadoras ficaram
comprovadas (fls.343/348).

O acusado Frankimar Sabino de Souza, em suas alegações finais, por intermédio de


advogado constituído, sustenta a tese de negativa de autoria, requerendo a impronúncia (fls.
350/357).

Ozenir Rodrigues Feitosa, em alegações finais apresentadas por defensor público,


postula a impronúncia, por entender que não há prova na participação do Acusado no crime de
homicídio em estudo. De forma alternativa, requer a absolvição sumária, sob o fundamento da
legitima defesa própria.

É o relatório necessário.
Decido.

Imputa-se aos acusados a prática de crime de homicídio consumado, ocorrido no dia


28 de dezembro de 2000, em que foi vítima Sebastião Lopes da Silva.
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Materialidade:

A materialidade do delito imputado aos acusados está comprovada estreme de


dúvidas, o que pode ser inferido dos documentos juntados aos autos, mormente: laudo de
exame tanatoscópico (fls. 16/17), o qual relata ter a vítima Sebastião Lopes da Silva sofrido
traumatismo crânio encefálico compatíveis com a utilização de instrumento contundente,
adequando-se perfeitamente ao histórico dos autos, e laudo de exame em local de morte
violenta (fls. 30/32).

Autoria:

Em relação ao acusado FRANKIMAR:

Na fase judicial, apesar de negar sua participação no crime de homicídio em estudo,


as provas acostadas aos autos são suficientes para a pronúncia do acusado, uma vez que não
afastam de plano a hipótese de eventual participação no crime de homicídio praticado contra a
vítima Sebastião Lopes da Silva, vulgo Badeu.

Com efeito, provavelmente, o acusado do não foi o autor das lesões que culminaram
na morte da vítima, mas que pode ter participado de outra forma para que o crime se
consumasse, conforme pode ser inferido do interrogatório extrajudicial (fls. 53/54).

No mesmo contexto, as pessoas ouvidas, tanto na fase extrajudicial como na fase


judicial, apesar de não terem presenciado o crime, corroboram a informação de Frankimar,
informando, ainda, que pessoas que não querem se identificar viram os réus Frankimar e
Ozenir ceifarem a vida de Sebastião.
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Assim, provada a materialidade e presentes os indícios de autoria e de participação,


por vigorar no procedimento do júri o princípio in dúbio pro societate conclui-se que a
pronúncia do acusado é medida necessária.

Em relação ao acusado OZENIR:

Do exame probatório, nota-se a existência de indícios suficientes de autoria que


autorizam a pronúncia do réu, muito embora tenha sustentado a tese da negativa de autoria.

As pessoas ouvidas durante a instrução criminal afirmaram que existia anterior


desentendimento entre acusados e vítima, provável motivo da pratica delituosa.

Nesse sentindo, depoimentos de João Alves Teixeira (fls. 18/19) e Zeneide dos
Santos Alves (fls. 334/335).

O réu Frankimar, em interrogatório prestado na delegacia de polícia, indicou Ozenir


como sendo o autor dos golpes que foram a causa da morte da vítima. Em juízo, porém, negou
a imputação dizendo não saber quem foi o autor do crime.

Destarte, é evidente a presença de versões contraditórias com relação a autoria e


participação, sendo vedado ao magistrado a análise aprofundada do conteúdo probatório,
devendo em caso de existência de indícios suficientes de autoria ou participação e convencido
da materialidade remeter o caso ao Júri Popular, juiz natural dos crimes dolosos contra a vida.

Quanto ao pedido da defesa pela absolvição sumária, esta é inoportuna, vez que nem
mesmo o acusado afirma ter agido em legitima defesa própria ou de terceiro. Aliás, alega que
sequer foi o autor do crime a ele imputado.
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Das qualificadoras

As qualificadoras do motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da


vítima devem ser mantidas para que o Júri avalie da aplicação por ocasião do julgamento,
porque as provas dos autos não a repelem manifesta e declaradamente, conforme pode ser
inferido dos depoimentos das pessoas ouvidas em juízo.

O afastamento das qualificadoras somente poderá ocorrer quando manifestamente


improcedentes e descabidas, o que não é a hipótese do processo.

Assim, concluo que as qualificadoras devem ser mantidas.

Situação prisional dos acusados:

Os acusados responderam o processo em liberdade, todavia já se envolveram em


outros delitos, inclusive com condenações, conforme pode ser inferido das certidões
circunstanciadas e folhas de antecedentes criminais (fls. 215/246).

Aparentemente, ambos têm propensão à pratica de crimes, de maneira que, em


liberdade, poderão prosseguir na empreitada criminosa e, assim, colocar em risco a ordem
pública.

Ademais, testemunhas ouvidas durante a instrução processual narraram que pessoas


que presenciaram o crime não se apresentaram como testemunhas por medo de represálias dos
acusados porque os mesmos são pessoas voltadas a prática de crimes, inclusive estariam
procurando o irmão da vítima para matá-lo. É evidente que o interesse público na coleta
tranqüila da prova durante a instrução em plenário exige o recolhimento dos acusados à
prisão, possibilitando que as testemunhas sejam ouvidas sem influência de ânimo.
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Assim, com o fim de garantir a ordem pública e por conveniência da instrução


criminal em plenário, a prisão cautelar dever ser decretada.

Dispositivo:

Em face do exposto, admito a denúncia e, em conseqüência, com fundamento no art.


413 do Código de Processo Penal, PRONUNCIO OZENIR RODRIGUES FEITOSA ,
vulgo Banana, e FRANKIMAR SABINO DE SOUZA, vulgo Top, já qualificados nos autos,
para que sejam submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri, como incursos no art. 121, §2º,
I (motivo torpe), III (meio cruel) e IV (recurso que dificultou a defesa da vítima), c.c art. 29,
caput, ambos do Código Penal.

Nos termos da fundamentação acima, de acordo com art. 312 do Código de Processo
Penal, decreto a prisão cautelar dos acusados OZENIR e FRANKIMAR, determinando a
expedição de mandado de prisão preventiva.

P.R.I.C.

Porto Velho, 22 de abril de 2009.

ALDEMIR DE OLIVEIRA
Juiz de Direito

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