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Características da sociedade comercial quanto as responsabilidades dos

sócios e forma jurídicas

INDICE

Introdução

Criação de Empresa
Características da sociedade comercial quanto as responsabilidades dos
sócios e forma jurídicas

Numa primeira abordagem, poderíamos dizer que sociedade comercial é a pessoa


jurídica que nasce de um estatuto social ou de um contrato, pelo qual duas ou mais
pessoas se obrigam a prestar certa contribuição de bens ou serviços, formando um
patrimônio destinado ao exercício do comércio, e com a intenção de partilhar os
lucros entre si.

CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES COMERCIAIS


As sociedades comerciais, em regra, se constituem por escrito, seja por instrumento público ou
particular, Entretanto, a lei comercial reconhece a existência de sociedades sem o instrumento de
constituição, podendo, nessa hipótese, os interessados provar a sua existência pro todos os
gêneros de prova permitidos na lei comercial.

CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES


As sociedades podem ser classificadas quanto ao seu objeto, quanto à responsabilidade
dos sócios, quanto às qualidades dos sócios e quanto à forma de sua constituição.
Vejamos:
○ a)Quanto ao objeto
Podem ser:
 sociedades civis
 sociedades comerciais
Serão comerciais as atividades cujos fins forem atos comerciais com intuito
especulativo ou lucrativo. As sociedades civis terão por objeto atos considerados
não mercantis.

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 ) Quanto à forma de constituição


Temos aqui sete tipos básicos, que são os seguintes:
I - sociedades em nome coletivo;
II- sociedade em comandita
III - sociedade por quotas
IV - sociedade anónima.

• ) Quanto à responsabilidade dos sócios


Podem ser:
○ Sociedades de responsabilidade ilimitada - nessas sociedades, o patrimônio
particular dos sócios responde pelas obrigações sociais (os sócios,portanto, se
tornam garantidores da sociedade). Ex.: sociedade em nome coletivo.

○ Sociedades de responsabilidade limitada- nessas sociedades os sócios
respondem até a importância do capital com que entraram para a sociedade (no
caso das sociedades anônimas) ou até o total do capital social (no caso das
sociedades limitadas). Isto porque o decreto que regulamenta as sociedades
limitadas no Brasil determinou que as responsabilidades dos cotistas ficassem
limitadas ao total do capital social. Já os acionistas de uma sociedade anônima
têm suas responsabilidades limitadas ao montante das ações subscritas ou
integralizadas.
○ Sociedades mistas- são aquelas que apresentam responsabilidade limitada por
parte de alguns sócios enquanto que outros respondem ilimitadamente pelas
obrigações assumidas em nome e por conta da sociedade, caso o capital social não
seja suficiente para satisfazer as obrigações perante os credores da sociedade. Por
tal definição, um exemplo possível de sociedade mista seria o da sociedade de
capital e indústria. Nesta sociedade existem dois tipos de sócios: o capitalista, que
entra com o capital e responde pelas obrigações sociais de modo ilimitado, e o
sócio de indústria, que entra apenas com o seu trabalho ou com os seus
conhecimentos e não responde por nada. Também as sociedades em comandita
simples e em comandita por ações são sociedades de responsabilidade mista.

○ c) Quanto às qualidades pessoais dos sócios
Por este critério, podem as sociedades ser:

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 Sociedades de pessoas : São aquelas em que a pessoa dos sócios possui


importância fundamental. Nestas sociedades cada sócio conhece e escolhe
seus companheiros. Ninguém nelas ingressa ou delas se retira sem
concordância dos demais, importando o ingresso ou a retirada em
modificação do contrato social. Em geral, todos os sócios contribuem
diretamente com o seu trabalho para alcançar os objetivos da
sociedade.Ex.: sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita
simples.
 Sociedades de capitais: São aquelas em qe a participação pessoal dos
sócios ocupa posição secundária. O mais importante neste tipo de
sociedade é o capital do sócio-acionista e não a sua pessoa. Por isso,
nenhuma alteração será feita no contrato social em razão do ingresso ou
retirada deste ou daquele sócio. Desta maneira, o sócio-acionista ingressa
na sociedade ou dela se retira, sem dar atenção aos demais, pela simples
aquisição ou venda de suas ações. Ex.: sociedade anônima, sociedade em
comandita por ações.
OBS: pelo critério das qualidades pessoais dos sócios, alguns autores
consideram a LTDA como sociedade mista, mas isto é um ponto
controverso.O raciocínio que norteia esses autoresé o seguinte: levando-se
em conta o ato que institui as sociedades comerciais, elas podem ser
contratuais ou estatutárias. As sociedades contratuais corresponderiam às
sociedades de pessoas, ao passo que as sociedades estatutárias
corresponderiam às sociedades de capitais. Ocorre que as LTDA's, que são
sociedades contratuais (art. 1º do Decreto 3708), por determinação
expressa deste mesmo Decreto, têm o direito de utilizar tudo aquilo que
estiver previsto na Lei das S/A, desde que seja compatível com o Decreto
concedente. Por isso, as sociedades LTDA's (sociedades contratuais), têm
muito das Sociedades Anônimas (estatutárias), sendo portanto,
classificadas, às vezes , como mistas, neste sentido.

Passaremos então conceituar as responsabilidades dos sócios quanto a


constituição das sociedades.

 7. Sociedade em nome coletivo


"Neste tipo de sociedade todos os sócios respondem ilimitadamente com
os seus bens particulares pelas dívidas sociais. Se a sociedade não saldar
seus compromissos, os sócios poderão ser chamados a fazê-lo. O nome só
pode ter a forma de firma ou razão social.
É a primeira modalidade de sociedade conhecida, e costuma ser chamada
também de sociedade geral, sociedade solidária ilimitada. Apareceu na
Idade Média e compunha-se a princípio dos membros de uma mesma
família, que sentavam à mesma mesa e comiam do mesmo pão.
Daí surgiu a expressão "& Companhia" (do latim et cum pagnis, ou seja,
o pai de família e os seus comiam do mesmo pão). E usavam uma

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assinatura só, coletiva e válida pra todos (um por todos, todos por um),
sendo esta a origem da firma ou razão social".
A sociedade em nome coletivo é a única em que todos os sócios sempre
respondem ilimitadamente, ainda que não tenham poderes para representar
a sociedade.
Tal sociedade, contudo encontra-se em desuso.
Sociedade em comandita
Poem ser consideradas sociedades de responsabilidade mista, compostos
por socios com responsabilidades limitadas (chamados comanditarios) e
sócios de responsabilidade ilimitada (comanditados)
Este tipo de sociedade pode ser simples ou por acções

 Sociedade em comandita simples


"Nesta sociedade existem dois tipos de sócios. Os comanditários, ou
capitalistas, respondem apenas pela integralização das cotas subscritas,
prestam só capital e não trabalho, e não têm qualquer ingerência na
administração da sociedade.
E os sócios comanditados (que melhor seriam chamados de
"comandantes"), além de entrarem com capital e trabalho, assumem a
direção da empresa e respondem de modo ilimitado perante terceiros.
A firma ou razão social só poderá ser composta com os nomes dos sócios
solidários (comanditados). Se, por distração, o nome de um sócio
comanditário figurar na razão social, este se tornará, para todos os
efeitos, um sócio comanditado. Referem os autores que a sociedade em
comandita teve origem na comanda marítima, em que o proprietário de
um navio se lançava em negócios além mares, aplicando capital de
outrem."
Em síntese, na sociedade em comandita simples, a figura do comerciante
aparece nos sócios comanditados. São eles que:
 -praticam os atos de comércio;
 -gerenciam a sociedade;
 -têm seus nomes compondo a firma ou razão social;
 -respondem ilimitadamente pelas obrigações da sociedade.
 11. Sociedade em Comandita por Ações
Tanto na sociedade em comandita simples como na sociedade em
comandita por ações, a característica fundamental é a existência de duas
classes de sócios: os comanditados, que respondem solidária e
ilimitadamente pelas obrigações da sociedade, e os comanditários, que
respondem apenas até o montante das cotas ou ações subscritas.

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A sociedade em comandita simples, contudo, é uma sociedade de pessoas,


aos passo que a sociedade em comandita por ações é uma sociedade de
capitais.
Na sociedade em comandita por ações, o capital é dividido em ações. Ela
rege-se pelas mesmas normas relativas às sociedades anônimas, mas com
algumas diferenças:
 -na comandita por ações, só os acionistas podem ser diretores ou
gerentes, sendo nomeados no próprio estatuto ao passo que na
sociedade anônima a diretoria é composta por pessoas não
necessariamente acionistas, eleitas e destitutíveis pelo Conselho de
Administração da S/A ou pela Assembléia Geral, caso o Conselho
não exista.
 - os diretores ou gerentes da comandita por ações possuem muito
mais poder que os diretores da S/A, uma vez que não podem ser
destituídos tão facilmente (só podem ser destituídos por maioria de
2/3 dos acionistas), mas por outro lado, possuem uma
responsabilidade muitíssimo maior, pois sempre respondem
ilimitadamente com seus bens particulares pelas obrigações
sociais, ao passo que os gerentes e acionistas controladores da S/A
que usam efetivamente seu poder só respondem pessoalmente com
seus bens se causarem dano através de atos praticados com dolo,
culpa ou abuso de poder.
 -as sociedades anônimas somente podem utilizar denominação, ao
passo que as comanditas por açòes podem usar tanto denominação
como razão social, mas com um detalhe, dever-se-á acrescentar,
sempre, a expressão "comandita por ações" no final do nome.
Da mesma forma que a sociedade em nome coletivo, a sociedade em
comandita por ações encontra-se em franco declínio, não sendo mais
utilizada nos dias de hoje.
Sociedades por cotas
 a) Características
Nessas sociedades a responsabilidade dos sócios é limitada à
importância total do capital social.
O nome comercial da sociedade por cota de responsabilidade
limitada poderá ser formado por uma firma ou por denominação,
A firma ou denominação, no entanto, devem ser sempre seguidas
da palavra "limitada", visto que se for omitida esta declaração,
serão havidos como solidários e ilimitadamente responsáveis os
sócios-gerentes e todos os que fizerem uso da firma social.
Exemplo de nome de sociedade por cotas formado por firma ou
razão: Pereira, Almeida & Cia. Limitada.
Exemplo de nome de sociedade por cotas formado por meio de
denominação. Perfumaria Carioca, Limitada.

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As normas reguladoras das formas de constituição das sociedades,


previstas no Código Comercial, serão também aplicadas às
sociedades por cotas de responsabilidade limitada, devendo o
contrato mencionar expressamente que a responsabilidade dos
sócios é limitada à importância total do capital social.
Todos os sócios respondem solidariamente pela parte que faltar
para preencher o pagamento das quotas não inteiramente
integralizadas, em caso de falência.
O uso da firma, nas sociedades por cotas de responsabilidade
limitada, cabe aos sócios-gerentes, se, porém, for omisso o
contrato, todos os sócios dela poderão usar.
Não poderão os sócios usar indevidamente a firma social sob pena
de responderem a ação por perdas e danos, além de arcarem com
responsabilidade na esfera criminal, se for o caso.
Nas sociedades por cotas de responsabilidade limitada os sócios
terão uma série de obrigações,tais como:
 - a obrigação relativa à integralização das cotas conforme o
prazo e de acordo com o que foi estabelecido no contrato
social;
 - a obrigação dos sócios de responderem, ilimitadamente,
por todos os atos, ou deliberações contrárias ao contrato
social, ou à própria lei;
 - a obrigação de responderem com as suas cotas pelo
pagamento das obrigações assumidas até a data da retirada,
na hipótese de retirada dos sócios da sociedade;
 a obrigação por parte dos sócios de integralizarem de forma
solidária todo o capital estipulado no contrato social, em
caso de falência.
 b) Administração
A administração das sociedades por quotas compete aos
sócios-gerentes.
Os sócio-gerentes e os que derem o nome à firma
normalmente não respondem pessoalmente pelas
obrigações contraídas em nome da sociedade, mas
respondem para com esta e para com terceiros, solidária e
ilimitadamente, pelo excesso de mandato e pelos atos
praticados com violação do contrato ou da lei.

 Sociedades Anônimas
 a) Considerações Gerais

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As sociedades anônimas são disciplinadas de modo geral


pelo que dispõe sobre as sociedades por ações, pela Lei que
também dispõe sobsre as sociedades por ações, sobre o
mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de
Valores Mobiliários.

 b) Conceito
Sociedade anônima, também conhecida pela denominação
Companhia, é a sociedade cujo capital social está dividido
em ações e a responsabilidade dos sócios ou acionistas está
limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou
adquiridas.
 c)Objeto social
poderá ser sociedade anônima qualquer empresa de fim
lucrativo, não contrário à lei, à ordem e aos bons costumes,
devendo o estatuto social definir o objeto social de modo
preciso, claro e completo.
 d) Características gerais
Entre as muitas características peculiares às sociedades
anônimas podemos destacar as que se seguem:
 1. Qualquer que seja o seu objeto, a companhia será
sempre mercantil e será regulada pelas leis e usos
do comércio;
 2- O capital social será dividido em partes iguais
que recebem o nome de ações; ações são títulos
(títulos de crédito) emitidos pelas sociedades
anônimas que podem ser negociados, cedidos,
dados em usufruto ou caucionados.
 3- Podem ser abertas ou fechadas, conforme os
valores mobiliários de sua emissão permitirem ou
não a negociação em bolsas ou no mercado de
balcão (apenas os valores mobiliários de companhia
registrada na Comissão de Valores Mobiliários
podem ser distribuídos no mercado e negociados em
bolsa ou no mercado de balcão);
 4 - Nas sociedades anônimas o que se prepondera é
o capital e não a qualidade pessoal dos membros
que a integram; desta forma, a impessoalidade é
uma das características das S/A;
 6 - Os membros que integram as sociedades
anônimas são chamados de acionistas e, quanto à
responsabilidade dos mesmos, restringe-se à
integralização das ações que subscreveram quando
entraram para a sociedade;

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 7 - O estatuto social não precisará ser modificado


pelas entradas ou saídas de acionistas, pois não é a
qualidade dos sócios que prepondera nas S/A, mas
sim o seu capital;
 8 - O nome mercantil é sempre uma denominação,
conforme ver-se-á a seguir.
Há três requisitos preliminares que devem ser atendidos por
ocasião da constituição de uma sociedade anônima:
 1. subscrição de todo o capital social, por duas
pessoas, no mínimo;
 2. realização como entrada de pelo menos 10% do
preço de emissão das ações subscritas em dinheiro;
 3. depósito das entradas em espécie (dinheiro) no
Banco do Brasil ou outro estabelecimento bancário
autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários.
 e) Nome Comercial
As sociedades anônimas adotam como nome
comercial a chamada denominação.
"a sociedade será designada por denominação
acompanhada da expressão "companhia" ou
"sociedade anônima", expressa por extenso ou
abreviadamente, mas vedada a utilização da
primeira ao final. O nome do fundador, acionista,
ou pessoa que, por qualquer outro modo, tenha
concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar
na denominação."
Exemplos: Cia. Tecelagem Amazonas
Tecelagem Amazonas S/A
Sociedade Anônima Tecelagem Amazonas.

Responsabilidades dos sócios quanto a forma jurídica

Em regra, o patrimônio da pessoa jurídica não se


confunde com o de seus sócios. Existe uma barreira
separando as duas coisas, chamada "autonomia
patrimonial" da pessoa jurídica. Tal barreira é o que
faz com que, no caso de falência de uma Sociedade
Anônima, por exemplo, os seus acionistas
respondam pelas obrigações da empresa somente
até o limite do valor de suas ações, ou seja, até o
limite de sua participação no Capital Social, ainda

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que o montante das dívidas seja superior ao


patrimônio da empresa.
Entretanto, em casos de fraude, ou seja, em
situações nas quais os integrantes da sociedade se
utilizam da autonomia patrimonial conferida à
pessoa jurídica da empresa para obter vantagens
ilícitas, a lei permite ao juiz desconsiderar essa
barreira e executar bens pessoais dos sócios da
pessoa jurídica em favor dos credores lesados.
Utiliza-se aqui a Teoria da Desconsideração da
Personalidade Jurídica, também conhecida como
Teoria da Despersonalização ou da Penetração.
Em suma, a desconsideração da personalidade
jurídica nada mais é do que a possibilidade de o
magistrado, em situações de fraude, desconsiderar a
autonomia que é conferida pela lei à pessoa jurídica,
para poder alcançar os bens particulares dos sócios
e vinculá-los às suas responsabilidades.
Chamada pelos ingleses de disregard of legal entity,
a doutrina da desconsideração da pessoa jurídica foi
aplicada pela primeira vez na Inglaterra, em 1897.
Tratava-se do caso Salomon x Salomon &
Company.
O Sr. Salomon era sócio de uma empresa com mais
outros tantos sócios, a Salomon & Company, que
tornou-se insolvente. Os credores questionaram o
disfarce da Salomon & Company, alegando que esta
era uma extensão da personalidade do Sr. Salomon,
pois este, através da companhia, fraudava mais
facilmente, praticando atos que não poderia praticar
enquanto pessoa natural.
O juiz de primeira instância deu ganho de causa aos
credores e disse que o Sr. Salomon de fato era
sinônimo da Salomon Company. Mesmo com a
reforma da sentença em instância superior, com o
tribunal dizendo que o Sr. Salomon era distinto de
Salomon Company, a decisão de primeira instância
passou a ser um marco na História do Direito
Privado.
E hoje, no Direito Americano e no Direito Alemão,
quando fica provado que o sócio majoritário se
valeu da sociedade para fins ilícitos, para tirar
proveitos para si próprio, interpreta-se que é o sócio
majoritário que está agindo e não a pessoa jurídica.
Portanto, o juiz pode equiparar o sócio à sociedade.

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Configura-se, nestes casos, uma sociedade de


fachada, formada muitas vezes pelo sócio
majoritário e seus familiares objetivando a fraude
desde logo, e tendo a desculpa da pessoa jurídica
para atingir seus objetivos pessoais.
Um juiz pode ainda equiparar a pessoa jurídica à
pessoa natural do próprio sócio ao verificar que a
sociedade é criada para burlar norma de Direito
Público ou em quaisquer outros casos em que a
sociedade é usada como artifício para isentar a
responsabilidade de quem a está gerindo.
Noção
O sócio entra para a sociedade com uma contribuição patrimonial em dinheiro ou
em espécie assumindo, em contrapartida o “status” de sócio.
A posição jurídica de sócio respeita, pois directamente à sociedade e não se
estabelece entre os sócios; é uma consequência da personalidade jurídica daquela.
A participação social ou socialidade é o conjunto de direitos e obrigações actuais
e potenciais do sócio. O sócio tem desde logo direito a quinhoar nos lucros, a participar
nas deliberações de sócios, a obter informações sobre a vida da sociedade e a ser
designado para os órgãos de administração e de fiscalização a sociedade (art. 21º
CSC). Por outro lado, os sócios são obrigados a realizar as suas entradas e a quinhoar
nas perdas (art. 20º CSC).
O sócio adquire, face à sociedade uma situação jurídica complexa, composta por
posições activas e passivas, direitos e obrigações. A fonte desses direitos e obrigações
é o micro-ordenamento resultante da personalidade jurídica da sociedade a que o sócio
aderiu mediante a subscrição ou aquisição da sua participação.
A situação jurídica do sócio tem de se moldar às finalidades da sociedade como
estrutura jurídica da empresa e fica sujeita a três princípios:
1) Princípio do interesse social: corresponde ao interesse da empresa como
entidade colectiva que constitui o substrato da sociedade comercial;
2) Princípio da finalidade lucrativa: a sociedade tem por definição, uma finalidade
lucrativa – art. 980º CC – e os sócios, ao entrarem para a sociedade fazem-no
interessadamente; ao transmitirem a sua entrada de bens para a sociedade,
esperam obter uma vantagem patrimonial que pode consistir na distribuição de
indivíduos, na valorização da sua participação ou no direito ao “bónus” da
liquidação.
3) Princípio da igualdade de tratamento: encontra-se expressamente consignado
no art. 13º CRP. Mas em direito privado, o princípio da igualdade de tratamento
colide com o princípio da liberdade contratual – art. 405º/1 CC.
No direito societário, o princípio da igualdade de tratamento não está
expressamente consagrado, como tal, mas resulta indirectamente de vários artigos do
Código das Sociedades Comerciais – arts. 22º/1 e 2; 24º/1; 58º/1-b; 203º/2; 210º/4;
250º/1; 21º; 384º/1; etc. – e da vontade negocial tácita dos sócios, na ausência de
qualquer estipulação no pacto social em sentido contrário.

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Uma vez constituída a sociedade, o princípio da igualdade de tratamento poderá


intervir em várias situações, normalmente para protecção de minorias, nomeadamente:
1) Na exigência do pagamento das entradas de capital;
2) No chamamento de prestações suplementares;
3) Na participação dos lucros e nas perdas;
4) Na atribuição do direito do voto;
5) Nas deliberações dos sócios;
6) Nos aumentos de capital social.

29. Capital social


É o elemento do pacto social que se consubstancia numa cifra tendencialmente
estável, “representativa da soma dos valores nominais das participações sociais
fundadas em entradas em dinheiro e/ou em espécie.
No plano interno, nas relações que se estabelecem ad intra – dentro da sociedade –
o capital pretende desempenhar:
- Uma função de determinação da posição jurídica do sócio (de determinação
dos seus direitos e obrigações);
- Uma função de “arrumação” do poder entre sócios;
- Uma função de produção.
No plano externo, no âmbito das relações ad extra – para fora da sociedade – onde
o capital social realiza igualmente funções de maior relevância, nomeadamente:
- A função de avaliação económica da sociedade; e
- A função de garantia.
Princípio da intangibilidade: o capital social diz-se intangível, querendo com isso
significar, que os sócios “não podem tocar” no capital social, aos sócios não poderão
ser atribuídos bens nem valores que sejam necessários à cobertura do capital social.

As obrigações dos sócios

30. Obrigações de entrada


No contrato de sociedade os sócios subscrevem uma participação social –
constituída por partes sociais, quotas ou acções – e obrigam-se a realizar ou liberar o
respectivo valor (art. 980º CC).
Com a subscrição da participação social constitui-se a obrigação de entrada; a
realização ou liberação do capital social é o acto de cumprimento dessa obrigação. As
entradas dos sócios podem ser:
1) Entradas em dinheiro
A entrada inicial tem de ser depositada numa instituição de crédito antes da
constituição da sociedade, como forma de controle, mas pode ser levantada após o

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registo da sociedade e, mesmo, antes, quando os sócios autorizem o seu levantamento


pelos administradores para fins determinados, nomeadamente os encargos com a
constituição, instalação e funcionamento da sociedade (arts. 202º/3 e 4; 277º/3 e 4
CSC).
Se o sócio não efectuar a entrada no prazo estipulado entra em mora depois de
interpelado para efectuar o pagamento e fica sujeito às sanções legais e estatutárias
(arts. 27º/3; 203º/3; 285º/2 CSC)
2) Entradas em espécie
Têm de ser claramente descritas no acto constitutivo da sociedade e podem
consistir na transmissão de propriedade de coisas móveis ou imóveis, inclusive de um
estabelecimento comercial, na transmissão de direitos da propriedade industrial, ou na
transmissão de créditos, incluindo os próprios suprimentos à sociedade.
3) Entradas em trabalho
Correspondem aos chamados sócios de indústria, que só são admitidos nas
sociedades em nome colectivo (art. 178º CSC) e nas sociedades em comandita quanto
aos sócios comanditários (art. 468º CSC).

31. Obrigações de prestações acessórias e suplementares


O Código das Sociedades Comerciais prevê a possibilidade de os estatutos
estipularem, para além das obrigações de entrada, obrigações de prestações
acessórias (arts. 209º e 287º CSC).
Estas prestações acessórias podem consistir, para além da obrigação de prestação
de um serviço ou trabalho, na obrigação de ceder o gozo à sociedade de determinada
coisa, móvel e/ou imóvel, ou de mutuar certa importância a título gratuito ou oneroso
(art. 244/1 CSC).
32. Dever de lealdade
O sócio está adstrito a um dever de lealdade e colaboração, que constitui um dever
acessório de conduta em matéria contratual e um dever geral de respeito e de agir de
boa fé.
Este dever é tanto mais alargado quanto maior for a “affectio societatis” do tipo
societário e abrange mesmo a proibição do sócio exercer actividades concorrentes com
a actividade social nas sociedades civis (art. 900º CC) e nas sociedades em nome
colectivo (art. 180º CSC).

Direitos dos sócios

33. Direito à qualidade de sócio


É o direito de o sócio não ser arbitrariamente excluído pela maioria.
- Limites
Princípio da conservação da empresa, que é uma aplicação do princípio do
interesse social, o sócio, que pelo seu comportamento lesivo dos interesses sociais

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possa fazer perigar a subsistência da empresa, poderá ser afastado da sociedade, para
salvaguarda da própria empresa.
Na verdade, nesse caso, o sócio não estaria ao exercer o direito à qualidade de
sócio de acordo com a sua função social, mas sim numa situação de abuso de direito.
De igual modo, o aproveitamento da qualidade de sócio para praticar actos lesivos
do interesse social é uma manifesta violação do princípio da boa fé.
- Casos legais de exclusão de sócios
A lei prevê os seguintes casos legais de exclusão de sócios:
· Falta de realização das entradas;
· Falta de realização das prestações suplementares nas sociedades por
quotas;
· Exclusão por justos motivos;
· Aquisições tendentes ao domínio total.
Todavia, nenhum destes casos funciona automaticamente, isto é, verificado o facto
cabe aos sócios a faculdade de deliberarem, ou não, a exclusão do sócio faltoso (arts.
246º/1-c; 373º/2 CSC).
Para além da exclusão judicial por justos motivos, o Código das Sociedades
Comerciais prevê ainda a possibilidade de exclusão do sócio através da amortização
forçada das quotas ou acções, verificados os casos expressamente previstos nos
estatutos da sociedade mediante simples deliberações (arts. 232º e segs.; 241º/1 e 2;
374º CSC).

34. Direito à informação


- Direito geral à informação
Tem contornos distintos em função do tipo de sociedade.
Nas sociedades em nome colectivo, o direito à informação é pleno e ilimitado,
embora tenha de ser exercido pessoalmente pelo sócio, que, contudo, se pode fazer
acompanhar de um perito (art. 181º CSC).
Nas sociedades por quotas o direito à informação é, em princípio, pleno, embora
os estatutos possam estabelecer limites e regulamentá-lo, contanto que não seja
impedido o seu exercício efectivo ou injustificadamente limitado.
Nas sociedades anónimas o direito geral à informação varia consoante a
percentagem de capital detido pelo accionista ou grupo de accionistas que queira
exercer o direito em conjunto.
- Direito à informação preparatória das assembleias-gerais:
Consiste no direito de os sócios consultarem, na sede social, desde a data da
convocação da assembleia-geral (arts. 289º/1 – arts. 248º/1; 263º/1 CSC).
A falta de fornecimento das informações podem determinar a anulabilidade da
deliberação (art. 51º/1-c/4 CSC).
- Direito à informação nas assembleias-gerais

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Consiste no direito do sócio a que lhe sejam prestadas na assembleia-geral


informações verdadeiras, completas e elucidativas sobre a sociedade e sociedades
coligadas, que lhe permitam formar opinião fundamentada sobre os assuntos sujeitos a
deliberação (art. 290º/1 – 248º/1 CSC).

35. Direitos aos lucros


O direito aos lucros é um direito fundamental dos sócios, pois ele é a causa da sua
participação na sociedade.
É inderrogável e irrenunciável, embora possa ser renunciável em concreto, após a
aquisição pelo sócio do direito a determinado dividendo.
É nula a cláusula que exclui um sócio da comunhão nos lucros, ou que o isente de
participar nas perdas da sociedade, salvo o disposto quanto a sócios de indústria, que
não são admissíveis nas sociedades de responsabilidade limitada.
Art. 22º/1 CSC estabelece um princípio supletivo: os sócios participam nos lucros e
nas perdas da sociedade segundo a proporção dos valores nominais das respectivas
participações no capital. Preceito especial é o art. 178º/2 CSC, que isenta o sócio de
indústria de participar nas perdas.
1) Conceito de lucro distribuível
Os lucros são apurados relativamente ao conjunto dos exercícios e não para cada
exercício isoladamente. Vigora aqui o princípio da solidariedade dos exercícios sociais:
no cálculo dos lucros não é possível considerar os lucros de um só exercício, fazendo
abstracção dos que o precederam e dos resultados relativos.
Só haverá lucro distribuível quando o activo da sociedade for superior à cifra do
capital social e da reserva legal, antes disso não poderá haver distribuição de
quaisquer dividendos ou entrega de quaisquer bens aos sócios. A tal se opõe o
princípio da intangibilidade do capital social.
2) Necessidade de deliberação social
A regra é a de que nenhuma distribuição de lucros ou de bens sociais pode ser
afectada sem ter sido objecto de prévia deliberação dos sócios (art. 31º/1 CSC) e a
deliberação da distribuição de lucros tem de ser precedida da prévia aprovação das
contas.
3) Direito a uma distribuição periódica de lucros.

36. Direito de voto


É um direito fundamental do accionista, também inderrogável e irrenunciável.
Todavia, nas sociedades anónimas, há um caso que os accionistas não têm direito
de voto: são os titulares das chamadas acções preferenciais sem voto, que em
contrapartida, conferem direito a um dividendo prioritário (art. 341º CSC). Mas mesmo
nestas acções, se o dividendo prioritário não for pago aos accionistas durante dois
exercícios, eles passam a poder exercer o direito de voto (art. 342º/3 CSC).
O princípio do interesse social reflecte-se no impedimento do direito de voto em
caso de conflito de interesses entre o sócio e a sociedade.

Criação de Empresa
Características da sociedade comercial quanto as responsabilidades dos
sócios e forma jurídicas

Assim, o sócio está impedido de votar nomeadamente nas deliberações que


recaíam sobre (arts. 251º e 384º/6 CSC):
a) Liberações de obrigações dos sócios;
b) Litígios entre o sócio e a sociedade;
c) Relações entre o sócio e a sociedade estranhas ao contrato social;
d) Exclusão do sócio;
e) Consentimento para o administrador exercer actividades concorrentes com a
sociedade;
f) Destituição com justa causa dos administradores ou membros do conselho
fiscal.

BIBLIOGRAFIA

Criação de Empresa

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