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Covilhã
Junho / 2009
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Pretende-se com o presente trabalho proceder a uma reflexão, ainda que
breve, sobre o papel do professor no desenvolvimento do currículo. Iniciaremos a
reflexão com a conceptualização actual do “currículo”. Seguidamente procuraremos
enquadrar o papel do professor no desenvolvimento do currículo, quanto à autonomia
e função de agente curricular e, por último, perspectivar os desafios que se colocam
no âmbito da gestão curricular.
Conceito de currículo
O conceito de currículo tem variado muito, consoante as épocas, os contextos
ou os modelos teóricos donde se parte.
Gimeno (1989), divide o currículo em:
• Currículo prescrito, que é ditado pelos órgãos político-administrativos e
tem um papel de prescrição ou orientação relativamente ao conteúdo do
currículo. Funciona como referência básica relativamente à elaboração
de materiais curriculares e serve de controlo ao sistema.
• Currículo apresentado aos professores, que chega aos professores
através dos meios ou materiais curriculares. Estes materiais colocam à
disposição dos professores uma interpretação do currículo.
• Currículo moldado pelos professores, que resulta da interpretação do
professor, seja a partir do currículo prescrito ou dos materiais
curriculares. O professor é um tradutor que intervém na configuração do
significado das propostas curriculares, nomeadamente quando realiza o
trabalho de planificação.
Pacheco (2000), apresenta o currículo como deliberação, e não como produto
trabalhado pela administração, e situa a decisão curricular em diferentes contextos a
que correspondem competências de actores diversos:
• Contexto político-administrativo (currículo oficial).
• Contexto da gestão (currículo da escola).
• Contexto da realização (currículo do professor).
A população em geral associa – o a programas e disciplinas, e o que é visível é
o que os alunos estudam na escola. Ao termo currículo, associam – se sempre dois
significados: aquilo que passa – a passagem de alguma coisa a alguém – e aquilo por
onde se passa – o percurso, e a unidade que o constrói e que ele constrói no sujeito,
de modo que a passagem, efectivamente ocorra (Roldão, 2002). Ainda segundo
Roldão (2002), currículo é o conjunto de aprendizagens que socialmente se pretende e
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se espera que a escola promova e garanta a todos os cidadãos. Enquanto área do
saber educativo, o currículo, discute as questões que dizem respeito à concepção,
finalidades, conteúdos e procedimentos que concretizam o processo educativo em
todas as suas dimensões.
A escola deixou de “servir” uma parte da sociedade (elites) que se preparava
para o ensino superior. Converteu-se numa instituição que sofreu uma grande
mudança estrutural devido à massificação do ensino com alunos provenientes de
todos os tecidos sociais. Os alunos que à escola cabe educar, constituem-se em
públicos diversificados, multiculturais, de tendência urbana, em que os saberes e a
circulação de informação deixou de ser monopólio das disciplinas escolares, sendo
hoje mais vastos, de mutação rápida e acessíveis por múltiplas vias.
A função educativa da escola hoje integra um processo global de formação que
deve conjugar o conhecimento, a socialização e a integração social. O currículo não é
portanto a soma das disciplinas, embora sejam imprescindíveis, mas que sejam
repensadas em termos de finalidades como sejam a criação de quadros de referência
cultural e científica, a integração significativa dos conhecimentos, o domínio de
capacidades e a construção de competências que viabilizem processos realistas de
formação ao longo da vida.
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produção de materiais curriculares, definição dos critérios de avaliação, orientação e
acompanhamento dos alunos (Pacheco, 2001).
A autonomia curricular do professor pode observar-se através de uma análise
aos diferentes elementos de operacionalização do currículo consubstanciados nas
suas práticas curriculares. Segundo Pacheco (2001), essa autonomia incide sobre os
seguintes elementos:
• Formulação de objectivos de aprendizagem (autonomia colegial).
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• Professor como profissional reflexivo.
• Professor como intelectual crítico.
Conclusão
A universalidade, a obrigatoriedade de frequência e os consecutivos
alargamentos em termos de idade de permanência na escola, trouxeram novos
problemas e desafios para o professor. A universalidade procura assegurar a todos os
cidadãos uma formação geral e a inserção num quadro de valores, atitudes e
destrezas sociais. A obrigatoriedade é parte integrante de uma política social que visa
uma formação mínima para os cidadãos, indispensável para a sua valorização e
enquadramento social. Em 2009, o professor defronta-se com inúmeros problemas,
desde a gestão de todo o processo de ensino e aprendizagem, dar resposta a uma
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grande variedade de interesses e necessidades dos alunos, a gestão disciplinar, o
trabalho colaborativo entre pares e a comunidade educativa, nomeadamente os
encarregados de educação.
Quer o professor adopte uma posição mais conservadora (professor técnico),
ou mais inovadora (professor reflexivo, crítico, investigador), este será sempre o
principal responsável no desenvolvimento do currículo. Não se pode limitar a ser um
mero executor do currículo, analisando-o como um simples conjunto de normativos
legais aos quais se submete. O currículo deve ser visto como um conjunto de
orientações passíveis de interpretação e adaptação de acordo com o tipo,
personalidade e motivações dos seus alunos. Pacheco (1996), remete-nos para o
professor “que se transforma num construtor, arquitecto e investigador prático do
currículo”.
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Referências Bibliográficas
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