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Triagem de Prioridades na Urgência

Sistema de Manchester
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Triagem de Prioridades na Urgência


Descrição do Sistema de Manchester

OBJECTIVO
Dispor de um sistema de triagem inicial que, de uma forma objectiva, reproduzível, passível de
auditoria e com controlo médico, promova o atendimento médico em função de critério clínico e
não do administrativo ou da simples ordem de chegada ao Serviço de Urgência.

ENQUADRAMENTO
Em função da experiência internacional e nacional, onde, na prática, em Portugal o Sistema de
Triagem de Manchester já constitui a norma nacional em função do número significativo de
Hospitais onde se encontra implementado, existe interesse em promover a sua crescente divulgação
e consolidação. Tal promoverá o atendimento mais adequado nos diversos hospitais, em função do
critério clínico, uniforme e sistematizado, e permitirá uma caracterização mais correcta do perfil do
utente que recorre aos diversos Serviços de Urgência.

DESCRIÇÃO DO SISTEMA
A- Considerações gerais
B- Vantagens do sistema

O Sistema de Triagem de Prioridades de Manchester cumpre todos os requisitos acima descritos


permitindo a identificação da prioridade clínica e definição do tempo alvo recomendado até à
observação médica caso a caso, quer em situações de funcionamento normal do Serviço de
Urgência quer em situações de catástrofe.

A- Considerações gerais:
1. Trata-se de uma metodologia de trabalho implementada em Manchester em 1997 e
amplamente divulgada no Reino Unido estando em curso a sua aplicação noutros Países
como a Holanda e Suécia, entre outros. Os autores Britânicos – Grupo de Triagem de
Manchester - autorizam a utilização do Sistema de Triagem de Manchester em Portugal.
Nesse sentido, com o apoio do Grupo de Manchester, foram formados formadores e
ministrados cursos a pessoal médico e de enfermagem de acordo com as normas e critérios
seguidos no Reino Unido.
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2. Possuindo a necessária credenciação e autorização dos autores, na sequência do Hospital


Fernando Fonseca e do Hospital Geral de Santo António em 2000, vários Hospitais
nacionais aderiram ao projecto. Em 2001 foi criado o Grupo Português de Triagem (GPT),
entidade reconhecida pelo Grupo de Manchester e pelo Ministério da Saúde, que representa
os interesses dos autores do sistema e promove a implementação do sistema em Portugal.

3. O objectivo é fazer triagem de prioridades, ou seja, identificar critérios de gravidade, de


uma forma objectiva e sistematizada, que indicam a prioridade clínica com que o doente
deve ser atendido e o respectivo tempo alvo recomendado até a observação médica. Não se
trata de estabelecer diagnósticos.

4. O método consiste em identificar a queixa inicial (de apresentação) e seguir o respectivo


fluxograma de decisão (existem ao todo 52 que abrangem todas as situações previsíveis. O
fluxograma contem várias questões a serem colocadas pela ordem apresentada (com a
definição exacta dos termos) que constituem os chamados “discriminadores”. Estes podem
ser específicos para a situação em causa (por exemplo, oftalmológica) ou gerais: perigo de
vida, dor, hemorragia, estado de consciência, temperatura e o facto de se tratar ou não de
uma situação aguda.

5. Perante a identificação do descriminador relevante (= a pergunta do algoritmo que tem


resposta positiva) determina-se a prioridade clínica (com a respectiva cor de identificação).

6. A utilização deste sistema classifica o utente numa de 5 categorias identificadas por um


número, nome, cor e tempo alvo de observação inicial:
1 = Emergente = Vermelho = 0 minutos
2 = Muito urgente = Laranja = 10 min
3 = Urgente = Amarelo = 60 min
4 = Pouco Urgente = Verde = 120 min
5 = Não urgente = Azul = 240 min

7. A consistência do método é tal que, mesmo que seja escolhido um fluxograma alternativo ou
porventura menos correcto, o resultado final em termos de prioridade clínica e consequente
tempo limite de observação clínica será igual.
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8. A fim de garantir a uniformidade do entendimento e aplicação dos conceitos, todos os


termos encontram-se definidos de uma forma precisa na página ao lado do respectivo
algoritmo ou no dicionário (no fim do livro).

9. Tal metodologia permite identificar precocemente o doente urgente de uma forma objectiva
e contínua ao longo do tempo, isto segundo protocolos aceites pelas Direcções Clínicas dos
Hospitais e com controlo médico.

10. O sistema não depende tanto da diferenciação clínica do técnico de saúde mas sim da sua
disciplina na aplicação do algoritmo.

11. Deve ser assegurado que o tempo alvo desde a chegada ao Serviço de Urgência até à triagem
de prioridades não seja excessivo. Deve–se prever o reforço da equipe de triagem de
prioridades sempre que existam mais do que 10 utentes em espera.

12. Em caso de agravamento da situação clínica, o doente deverá ser retriado pelo elemento
mais diferenciado na triagem de prioridades. Tal constitui um mecanismo de segurança
importante.

13. O objectivo é conseguir uma auditoria individual dos elementos envolvidos na triagem de
prioridades e global do Serviço de Urgência nesta área que demonstre uma aferição igual ou
superior a 80%, sendo que o desvio em relação ao preconizado deve ser devido à atribuição
de categorias de prioridade superiores ao determinado pelo auditoria. É desejável, mas não
obrigatório, que o sistema seja informatizado.

14. O método não garante em si o bom funcionamento do Serviço de Urgência. Ao aceitar a


implementação do Sistema de Triagem de Prioridades, a Administração do Hospital
assume efectuar os investimentos necessários para promover e concretizar a reestruturação
funcional e física necessária para que os objectivos preconizados pelos protocolos na gestão
do doente sejam cumpridos – é necessário definir Circuitos de Gestão de Doentes. Caso isto
não se verifique a implementação do Sistema é inútil para os utentes.

15. Existe um Protocolo entre o Grupo Português de Triagem (GPT) e o Ministério da Saúde
que reconhece o conceito de triagem, a metodologia de Manchester e os termos do Protocolo
GPT – Hospital a serem assumidos pelos Hospitais aderentes.
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B-Pela experiência adquirida noutros locais e no País o sistema constitui uma opção válida e
que reúne as seguintes vantagens:

1. Garante a uniformidade de critérios ao longo do tempo e com as diversas equipes de


serviço.

2. Acaba com a triagem do porteiro, que encaminha o doente sem critério objectivo, e
permite a decisão tomada cientificamente, pondo de lado argumentos rudimentares, como
por exemplo, que entrou de pé ou na maca., etc...

3. Não exige uma diferenciação especialmente exigente mas sim um bom técnico de saúde e
disciplina. No Reino Unido, esta tarefa é desempenhada pelo pessoal de enfermagem. Em
Portugal, a tarefa é desempenhada tanto por pessoal médico como por pessoal de
enfermagem (embora o controle do sistema seja sempre médico). Esta solução facilita a
gestão dos recursos humanos disponíveis na medida em que não é preciso deslocar uma
equipe altamente diferenciada de médicos para a triagem, sujeitos a possuírem critérios
diversos e sem cobertura institucional para as decisões individuais. O presente sistema é
institucional, protege o utente realmente urgente e o técnico de saúde.

4. Prevê a triagem individual (de doentes caso a caso) bem como as situações de excepção
(com múltiplos doentes).

5. Não implica um investimento financeiro significativo.

6. É muito rápido de executar.

7. Já esta testado no Reino Unido.

8. O sistema de auditoria permitirá comparar dados entre os diversos hospitais em estudo no


País e com o Reino Unido (o que certamente reforça a credibilidade do projecto).

9. Existe o apoio das autoridades de Saúde nacionais.


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CONCLUSÕES E RESUMO DOS OBJECTIVOS DO SISTEMA


1. Implementar um sistema de triagem de prioridades baseado em critérios clínicos, com
programa de formação e acompanhamento definido e controlo médico.

2. Implementar circuitos de encaminhamento / gestão de doentes após a triagem de prioridades


que promovam o atendimento mais célere e clinicamente adequado em função das
necessidades do doente e das realidades clínicas, funcionais, arquitectónicas e outros
aspectos conjunturais relevantes e particulares a cada hospital.

3. Implementar sistemas de informação passíveis de melhor caracterizar o perfil e necessidade


relativa do utente que recorre ao Serviço de Urgência, individualmente em cada instituição e
no contexto da rede nacional de urgências.

BIBLIOGRAFIA
• Mackaway-Jones, K.: Emergency Triage. British Medical Journal Publishing 1997.
• Zimmermann, P.G.: The Case for a Universal, Valid, Reliable 5 Tier Triage Acuity Scale for
US Emergency Departments. Journal of Emergency Nursing, June 2001 (27:3).

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