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Como uma regra, a composição de minerais na matéria seca da planta não reflete a composição
do solo, em parte porque as plantas absorvem carbono e oxigênio do ar (90-95% da matéria seca) e, por
outro lado, porque elas têm uma capacidade limitada para absorver seletivamente aqueles nutrientes
essenciais ao seu crescimento. Ademais, plantas podem acumular elementos minerais não essenciais e
que, por vezes, podem inclusive ser tóxicos. Portanto, nem a presença nem a concentração de um
elemento mineral em uma planta podem ser tomadas como critério de sua essencialidade.
2. CLASSIFICAÇÃO E ESSENCIALIDADE
Por definição, nutrientes minerais têm funções específicas e essenciais no metabolismo das
plantas. Eles podem ser classificados, de acordo com as suas quantidades relativas requeridas pelas
plantas, em micro e macronutrientes. A maioria dos micronutrientes é, via de regra, constituinte de
enzimas e é essencial somente em pequenas quantidades. Macronutrientes, por sua vez, participam da
estrutura de compostos orgânicos tais como proteínas e ácidos nucléicos, ou atuam como solutos
osmóticos. As diferenças quanto à função dos elementos minerais refletem-se, pois, nas suas
concentrações médias adequadas ao crescimento da planta. Esses valores podem variar
apreciavelmente, dependendo da espécie, da idade e da disponibilidade do elemento mineral. Como
uma regra, N, P, K, S, Ca e Mg, necessários em concentrações relativamente elevadas, da ordem de 1 g
[kg (MS)]-1 ou mais, são considerados macronutrientes; Zn, B, Mn, Fe, Cl, Cu, Mo e Ni, requeridos em
concentrações normalmente ≤ 100 mg [kg (MS)]-1, são classificados como micronutrientes. Esses
limites de concentração são uma mera referência prática, uma vez que as plantas podem acumular
nutrientes numa extensão superior à de suas necessidades e, em alguns casos, o teor de um determinado
micronutriente pode até mesmo ser maior que o de um macronutriente.
Elementos essenciais podem também ser classificados conforme suas funções bioquímicas e
fisiológicas, ou de acordo com suas propriedades físico-químicas. De qualquer modo, todos os sistemas
de classificação mostram-se inadequados, na medida que um dado elemento mineral pode ter uma larga
variedade de funções, muitas das quais sem qualquer correlação consistente com suas propriedades
fisico-químicas ou com suas quantidades requeridas pela planta. Não obstante, sob um ponto de vista
prático, a classificação dos minerais em macro e micronutrientes é, normalmente, mais utilizada.
Para demonstrar-se a essencialidade de um elemento, a planta tem de crescer sob condições
controladas, na ausência do elemento sob investigação. Tais estudos foram grandemente simplificados
a partir dos trabalhos pioneiros realizados independentemente por Sachs e Knob, na segunda metade do
século passado, quando tornou-se possível cultivar plantas em uma solução nutritiva contendo apenas
sais inorgânicos e provida de oxigênio (hidroponia). Desse modo, tornou-se mais fácil e mais precisa a
caracterização da essencialidade de um dado elemento mineral, omitindo-o da solução nutritiva e
observando-se as conseqüências dessa omissão no metabolismo. Essa técnica permitiu estabelecer que,
além do C, N e O, 14 elementos são tidos como essenciais para todas as angiospermas e gimnospermas,
embora, de fato, somente cerca de 100 espécies tiveram suas necessidades nutricionais investigadas a
fundo.
A maioria dos investigadores concordam com os critérios de essencialidade originalmente
propostos por Arnon e Stout (1939). Segundo eles, para um elemento ser considerado essencial, três
critérios devem ser observados: 1) a planta não pode completar seu ciclo de vida (formar sementes
viáveis) na ausência de um dado elemento mineral; 2) a função do nutriente não pode ser substituída
por outro elemento mineral; 3) o elemento deve estar envolvido diretamente no metabolismo, e não
aumentando a disponibilidade ou antagonizando o efeito de outro nutriente. Convém ressaltar, no
entanto, que alguns autores consideram um elemento como essencial se durante o crescimento da
planta, na sua ausência, aparecerem sintomas de deficiência. O emprego deste critério tem levado à
evidência de que Na e Si sejam essenciais para certas espécies.
Alguns elementos minerais podem compensar os efeitos tóxicos de um outro elemento, ou
simplesmente substituir nutrientes em algumas de suas funções essenciais somente em certas espécies e
sob certas condições. Tais elementos são referidos como elementos benéficos, uma vez que não
preenchem os critérios de essencialidade acima citados.
Usualmente, é mais fácil demonstrar a essencialidade de um elemento que o contrário. Nesse
sentido, se um dado nutriente é de fato essencial, ele pode ser requerido em quantidades muito
pequenas, inferiores aos limites de sensibilidade dos instrumentos de detecção. Exemplificando, se
vanádio é de fato essencial para alface e tomate, a quantidade necessária é menor que 20 µg [kg (MS)]-
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, certamente um valor de difícil mensuração. Em virtude de tais problemas, é possível que mais alguns
poucos nutrientes, necessários em quantidades traços, possam ser acrescentados à lista dos 17
elementos essenciais ora estabelecidos.
encharcados.
Até 70% do cobre foliar encontram-se nos cloroplastos, principalmente como parte estrutural da
plastocianina, que atua no sistema de transporte de elétrons da fotossíntese. Como cofator da citocromo
oxidase, Cu catalisa a redução final do oxigênio molecular na respiração. Participa ainda de várias
oxidases importantes, como a Cu-Zn-superóxido dismutase e a ascorbato oxidase, ambas envolvidas na
remoção de espécies oxidativas altamente reativas. A fenolase e a lacase, enzimas-chave no processo
de lignificação, são também dependentes de Cu.
Cobre move-se com relativa facilidade na forma de complexos aniônicos, das folhas mais
velhas para as mais novas. Sob deficiência, a mobilidade desse elemento é muito baixa. De um modo
geral, apesar de a deficiência de Cu ser rara, quando presente, ela resulta em fechamento estomático
(por falta de ATP), murchamento devido à lignificação reduzida das paredes celulares, e formação de
grãos de pólen não-viáveis.
Figura 11: Sintomas de deficiência de Cobre
4.11- Zinco (Zn)
É absorvido na forma divalente e não sofre oxidação ou redução, como ocorre com outros
metais de transição. Participa como um cofator estrutural, funcional ou regulatório de várias enzimas,
dentre elas a anidrase carbônica, a Cu-Zn-superóxido dismutase, a RNA polimerase e a maioria das
desidrogenases. Possivelmente, Zn participa na formação da clorofila ou previne sua destruição. Sob
deficiência de Zn, normalmente há uma redução na taxa de alongamento do caule, o que se explica por
um possível requerimento de Zn para a síntese de auxinas.
Figura 12: Sintomas de deficiência de Zinco