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A arte da performance € um classico. O livro, editado traduzido em muitos paises, com versoes constantemente atualizadas pela autora, € a grande referéncia de um repertério hist6rico que contextualiza o nascimento da performance enario internacio Forma hibrida de expre d j a que ela impde em sua relagio multifacetada com o piblico, a performance é também uma lin Vitalidade e de urgéncia, um modovde atuar no muedo que mistura irrevogavelmente a arte e a vida E é em fungao dessa pulsio e dessa urgéncia que o trabalho de RoseLee Goldberg se destaca. Ex-diretora da galeria do Royal College of Art, em Londres, 0 The Kitchen, em Nova York, ela hoje é docente da N University e curadora de varios projetos internacionais na area da performance Pesquisadora dotada de um espirito analitico acurado e de uma saudavel auséncia de pré-conceitos, ¢ para a cena performdtica que envolve cada momento de sua historia no Ocidente — desde 0 inicio da Vanguarda com Ubu Rei, de Alfred Jarry, e do futurismo italiano, até as obras contemporaneas do norte-americano Matthew Barney — e a descreve em meandros, com abundancia de detalhes. Goldberg se aproxima dos fato ‘03s com generoad intimidade. Ela nos faz penetrar a cena, A performance, assim, ganha corpo, estatura, Infiltra-se como arte Viva nO > oficial dos acontecimentos, expandindo nossa ra ds da arte ocidental, A autora, enfim, nos presenteia com a forga da experimentagle ~ de criadores que sempre levaram a arte a novos e inesquecivels limites, E isso € um ato que potencializa a vida, Katla Canton Martins Fontes V0 22904! tn A ARTE DA PERFORMANCE TEER A ane da performance & um classico. O livro, editado traduzido em muitos paises, com versdes constantemente atualizadas pela autora, é a grande referéncia de um repert6rio hist6rico que contextualiza o nascimento e o desenvolvimento da performance no cenério internacional. Forma hibrida de expressio artistica, complexa nos desafios que ela impoe em sua relago multifacetada com 0 puiblico, a perfprmance é também uma linguagem repleta de pulsio, de Vitalidade e de urgéncia, um modo de atuar no mundo que mistura imevogavelmente a arte ¢ a vid: E é em fungao dessa pulsio e dessa urgéncia que o trabalho de RoseLee Goldberg se destaca. Ex-diretora da galeria do Royal College of Art, em Londres, ¢ do espaco The Kitchen, em Nova York, ela hoje é docente da New York University e curadora de varios projetos internacionais na area da performance. Pesquisadora dotada de um espirito analitico acurado e de uma saudavel auséncia de pré-conceitos, ela olha cuidadosamente para a cena performatica que envolve cada momento de sua historia no Ocidente — desde o inicio da vanguarda com Ubu Rei, de Alfred Jarry, e do futurismo italiano, até as obras contemporaneas do norte-americano Matthew Barney — e a descreve em meandros, com abundancia de detalhes. Goldberg se aproxima dos fatos, locais e pessoas com generosa intimidade. Ela nos faz penetrar a cena. A performance, assim, ganha corpo, estatura. Infiltra-se como arte viva no contexto oficial dos acontecimentos, expandindo nossa maneira de considerar a propria historia da arte ocidental A autora, enfim, nos presenteia com a forca da experimentaco de criadores que sempre levaram a arte a novos ¢ inesquecivei limites. E isso é um ato que potencializa a vida. Katia Canton Martins Fontes Nl Esta colegio pretende reunir os estudos mais significativos no campo da comunicag¢ao visual e das artes plasticas em particular, reservando um espaco privilegiado para o modernismo. Seu objetivo € garantir a um ptiblico de artistas, criticos, estudiosos € amantes da arte ace: nao apenas aos classics que sinalizaram a historia da arte, para a compreensio de sua evolugao e de suas tendéncias, mas também oO aos manuais € estudos recentes que proporcionam ‘os elementos essenciais para a compreensio da gramatica da comunicagio visual. cara Projeto rifle Kass Harum Tees Imagem Matthew Harney, CREMASTER 1, 195, Procucsion stil, © 1995 Manhew Barney Foto: Micha! James OBrien. Conesia: Gladstone Gallery, Nova Yor, A ARTE DA | PERFORMANCE Do futurismo ao presente RoseLee Goldberg Trae cory J ’ , a! we Martins Fontes Para Pauline e Allan ‘A autora deseja agradecer a todos os que contrbuiam para a preparagdo do material, €em particular aos artistas John Golding Lillan Kiesler e Andreas e Eva Weininger, a0 editor Nikos Stangos. E sempre um agradecimento espedal a Dakota, Zoe e Ptere Jackson, zt tn innominate ‘Capri © 19 68200 Rake tg, cong 2006 Ler ins aa Eri ‘Sto Pal espn 1 etig 205 rodeo rs aga ‘har ds prormance:d trina 0 pr / Roe ce Calder ado es ar amagyyviso a {bCanon "She Paso: Morn Fone, 36 (Cree ograa Tos par atlogs em ads ivto dest tip parao Bra reads 8 Licrara Martine Fontes Eitora Leda us Conseliiro Reali, 330 1325-000 Sao Pde SP Breit “Te (11) 32413677 Pax (1) 31001082 mainframes com br hu martinsfontscom by Fagina ders: 1. Schlemmer, Daa cs rs, 1927, Ao fazer sua petormance na semiobscuade, 2 figura deneav a dvsio geamttca do epayo ecnfazava vio em perspective pars pubico INDICE Prefcio. 1 2 3. 4 6 7. Faturismo, Futurismo e consteutivismo russos Dada. Sureealismo Bauhaus. Arte viva: c. 1933 a década de 1970 ‘arte de idéias ea geracdo da midia: 1968 a 2000) ‘ibliografia selecionada Indice remissivo Créditos das ilustragies, vt 2 40 87 m1 142 218 223 29 2. ofan pasmedernsme, 1986 PREFACIO A performance passou a ser aceita como meia de expresso artistca indepen dente na década de 1970. Naquela época, a arte conceitual - que insstia numa arte fem que as idéiasfossem mais importantes que produto e numa arte que nao pu- esse ser comprada ou vendida estava em seu apogeu, ea performance era fre- iientemente uma demonstracio ou uma execugio dessas idéias, Desse modo, a performance transformou-se na forma de arte mais tangivel do periodo, Os espacos edicados & arte da performance surgiram nos maiores centros artisticos interna~ cionais, os museus patrocinavam festivas, as escolas de ate introduziram a perfor ‘mance em seus cursos e as revistas especializadas comecaramn a aparecer Foi durante esse periodo que esta primeira historia da performance foi publica- da (1979), demonstrando que havia uma longa tradigdo de artistas voltando-se para a performance ao vivo como um meio, entre muitos outros, de expressar suas déias, e que esses eventos desempenharam um importante papel na historia da arte E interessante notar que a performance, até aquela época, fora insistentemente dleixada de lado no processo de avaliacio do desenvolvimento artistico, principal- ‘mente no perfodo moderna,» que se deveu mais a dficuldade de situa-la na historia da arte do que a qualquer emissio deliberada ‘A amplitude ea riqueza dessa histéria tornou ainda mais evidente esse proble- ‘ma da omissio. Afinal, os artistas ndo usavam a performance simplesmente como um meio de atzae publiidade sobre si prspris. A performance tem sido vista como uma ‘maneira de dar vida amuitas iéias formais e conceitais nas quais se base acria fo artistica, As demonstragoes a0 vivo sempre foram usadas como uma arma con {ta os convencionalsmos da arte estabelecida ssa posturazadical fez da performance um catalisador na histéria da arte do século XX; sempre que determinada escola ~ quer se tratasse do cubism, do mini malismo ou da arte conceitual - pareca ter chegado a um impasse, os artistas se voltavam para a performance como um meio de demolir categorias € apontar para novas diregdes. Além do mais, no Ambito da histéria da vanguarda ~ refiro-me aqui ‘208 artistas que, sucessivamente, lideraram processo de euptura com as trad «Bes - aperformance esteve durante o século XX no primeito plano de tal ativida dle: ume vanguarda da vanguarda, Muito embora a maior parte do que atualmente se escreve sobre a obra dos futuristas, construtivistas, dadafstase surrealistas conti- rue & se concentrar nos objetos de arte produzidos em cada um desses periodos, es- sses movimentos amitide encontravam suas raizes e tentavam solucionar questées dices por meio da performance. Quando os membros desses grupos ainda esta sam na faixa dos vinte ou trinta anos, foi na performance que eles testaram suas dias, 6 mais tarde expressando-as em forma de objetos. A maioria dos primeiros ‘VI 4 ARTE DA PERFORMANCE dadastas de Zurique, por exemplo,eram poeta, artistas de cabaré e performers que, antes de rar os préprios objetosdadastas,expuseram obras de movimentos eto recentes, como o expressionism. Da mesma maneita, uase todos 0s dadaistas e suealisias parsenses foram poetas, escritrese agitadres antes de passa i cit~ <0 de objetosepintuas surrealistas O texto de Breton Surrealism e pinta, escrito 1928, foi uma tenatva tardia de encontrar uma possblidade de expresn pc {rica para o ideo suvalstae, como tal, continu a coloca a questéo:“O que é pintura surealista?” ainda por alguns anos depos de sua publcago, Fos no Toi o ‘mesmo Breton que, uato anos antes, inha aimado que o ace gratuit sureaista por excelncia seria sai atrando a esmo por uma rua cela de gente? Os manifests da performance, desde os futurists até nossos dia, tém sido a expressio de dissdentes que tentaram encontrar outtos meios de avaliar a expe- riéncia artistica no cotidiano. performance tem sido um meio de ding se dieta- mente a um grande pblico, bem como de choca as platéias, levando-a8 a reavaliat suas concepgtes de arte e sua relacdo com a cultura Pr outro lado, ointeresse da piblico por esse meio de expresso artistic, particularmente na década de 1980, provém de um aparente desejo dese publico de ter acesso ao mundo da arte, de tomar-se espectador de seus tua ede sua comunidade distnta, de deixar se sur proenderpelasapresentages inusitadas, sompre transgressors, que caracterizam 45 cragies desses artistas, Alva pode ser apresentada em forma de espetéculo solo ou em grupo, com iluminaGo, misica ou elementos vsuais cris pelo pr prio performer ou em colaboracG0 com outros artists, e apresentada em lugares como uma galeria de arte, umn museu, um “espagoaltemativo" xm teatro, um bat, um café ou uma esquina. Ao contrério do que acore na tradicao teatal, o performer é oattista,raramente um personagem, como acantece com os ators, eo entido raramente segue um enredo ou uma narrativa tradicional. A performance pode se uma série de gestosintimos ou uma manifestagio teatral com elementos visuals, em grande escala,e pode durar de alguns mints a muitas horas; pode set apre sentada uma inca vez ou reptida vrasvezes com ou sem um rotecopreparado; pode serimprovseda ou ensaiada ao longo de meses ‘Quer seja um rtualismo tribal, uma representagdo medieval da Pato de Cis- to, um espetéculo renascentista ou as sores orgaizadas pelos artistas da década de 1920 em seus atelés de Pris, a performance conferi ao artista ua presenca na sociedade, Depencdendo da natureza da performance, essa presenga pode se eso ‘nc, vamanistica,edueativa, provocadora ou um mero entretenimento Os exe plos renascenistas chegam até mesmo a mostrar oattista no papel de criado e i Felor de espeticulos piblicos, destilesfantiticos e trunfis que freqdentemente exigiama construcio de primoroscseificis temporirios, ov de eventos alegéricos gue uslizavam o talento multimidia atrbuide ao homem do Renascimento. Uma tata naval simulada, concebia por Polidoro da Caravaggio em 1889, foi repre- seniada no dtro do Palicio Pitti de Flotenca, especialmente inindado para a oca- S50; Leonardo da Vinc vestu seus performers como planetas eos pos a declamar versos sobre a Kdade de Ouro em um quadro vivo inttulado Paradiso (1490); e 0 autista barroco Gian Lorenzo Berini montou espeticulos para os quai escreveu PREFACIO DK rotetos, fz ocendro e desenhou os figuinos, constr elementos arquitetnicos fe chegou a criarcenas realistas de uma inundago, como fez em LTnondazione [A Inundagio do Tibre], de 1638. "Ahistria da performance no séulo XX é a histrla de um meio de expresso smaledvel indeterminado, com infnitas variveis,paticado por artistas impacien- tes com as limitagSes das formas mais estabelecidase decdidos a por sua arte em contalo dreto com o pablico. Por esse motivo, sua base tem sido sempre andrqui- ca. Por sua prépria naturea, a performance desafia uma defniio fl ou precisa, indo além da simples afirmagio de que se tratg de uma arte feita ao vivo pelos ar- tistas,Qualquer definigo mais exata negara imediato a prépria possibilidade da performance, pos seus patcantes usam limemente quaisquer dscplinas e quais- {quer meios como matetal~ literatura, poesia, teatro, mica, danga, aquittura e pintura, asim como video, cinema, slides enaragSes, empregando-os nas mais di- Yersas combinagdes, De fato, neniuma outa forma de expessio atistica tem um programa tao limitado, uma vez que cada performer cia Sua propria defniio 20 Tongo de seu processo ¢ modo de execu. “A terceita edigio dest nto &atualizagio de um texto que, em 1978, reconst tuiu os passos de uma hist até eno ndo contada, Como uma primeita hist, colocava questes sobre a prdprianatureza da ate eexplicaa o importante papel da performance no desenvolvimento da arte do século XX Mosrava de que modo os at- fstas optaram pela performance para se Hbertarem dos meios de expresséo domi- nantes apintora ea esculurt~e das limites de se tabalhar dentro dos sister de museus e galeria, ede que modo ees a usaram como uma forma provocativa de responder s udangas que ento se operavam~ quer poitcas, no sentido mais m- plo, quer cuturais. Uma edicio posterior revelou o papel desempenhado pela perfor- mance na destuigio das barera entre as belas-artes a cultura popula, Nel ta- tnom se mosrava como a presenga viva do ata eo enfoque em seu corpo se tomaramn crue para as conoepgbes acerca do "eal" além de consituirem uma base para 0 desenvolvimento das instalagBes, da videoartee da fotografia de arte em fns do sé- clo XX sta tikima edign descreve o enorme aumento do nimero de performers € de espagos dedicados&teliagio da performance, no apenas na Europa € nos Es tados Unidos, mas no mundo todo & medida que ela fi se tornanlo 0 meio de ex press escolhido para a articulagdo da “diferenga” nes discursos sobre muticutura- ismo e globslizagio.O lio também mostra em que medida a rademia se votou para a ate da performance como uma importante referencia nos estas cultura — {quer em flosofa,aruitetura ou antropologia~e desenvolveu uma inguagem teica para o exame citco de seu impacto sobre ahistria intelectual. Anda vale a ressava, Colada na primeira edo, de que olivt ado pretende serum registro de todos os performers que estiveram em atuagio no século XX. O que se pretende mostrar € an- {es 0 desenvivimento de uma sensitildade. Q objetivo deste livro permanece 0 ‘mesmo —levantar questdes e chegar a novos entendimentos~ compete-tne apenas dar uma idla de uma vida que esté alm de suas pginas Nova York, fevereiro de 1978, janelto de 1987, outubro de 2000. Wadrig Yellow 4,40 (86 A ARTE DA PERFORMANCE Ios, pés, couros cabeludos, méscaras, cohunatas...” © Cavaleiro, a Enfermeira, o Tadre, a Prostituta, o Jovem e a Jovem, que entabulavam uma série de altercagSes desconexas, criavam um mundo de fantasia violento e kigubre. Em dado momen- to, a Prostituta mordia “o pulso de Deus’, ptovocando um “imenso jorro de san- ‘ue” que se derramava pelo palco. Apesar da brevidade da peca e de suas imagens Virtualmenteirealizaveis, a obra refletia 0 universo onitico surealistae sua obses- ‘so com a meméria. Quando, para conduzi-lo & morte, o surrealismo pegar em sua ‘io, havia escrito Breton, “nela calgard luvas, sepultando assim aquele profundo M com que se inicia a palavra Meméria”. Era o mesmo M que, a seu modo grotes- 0, caracterizava Les Mystires de Vamour (Os mistérios do amor), de Roger Vitrac, produzida por Artaud naquele mesmo ano. “E existe a morte”, concluia Lea no fim do quinto quadro desta obra retérica, “Sim, respondia Patrick, "o coragao jé esté subro neste teatro em que alguém vai morrer”E Lea atrava na diregio do publico, simulando matar um espectador. Essa peca de Vitrac, um drame surréalist, era per. feitamente compativel com a “escrita automética” do surealismo e sua concepgao particular de fucide2, Essa lucidez viria a dominar os extensos escritos de Breton e dos muitos escri- tores, pintorese cineastas surrealistas. Por volta de 1938, porém, quando o surrea- lismo tinha mostrado sua capacidade para dominar a vida politica, artstca¢ filos6- fica, a Segunda Guenta Mundial visia por fim a novas atividades grupais performances. Como um gesto final, e antes de Breton partir para os Estados Uni- dos, os surtealistas organizaram uma Exposi¢do Internacional do Surrealismo em 1998, na Galerie des Beaux-Arts, em Paris. Esse grand finale das obras de sessenta artistas de catorze paises foi apresentado em uma série de salas descritas no caté- logo da seguinte maneira: “Teto coberto com 1.200 sacos de carvio, portas girat6- tias, limpadas Mazda, ecos, odores do Brasil, e o resto em manutencio." Também foram expostas duas obras de Salvador Dal, Taxi na chuaa e La Rue Surréaiste, ¢ Helen Vanel apresentou uma danga intitulaula O uly ndv-consumado a0 tedor de ‘uma piscina em que flutuavam nemtifares. Apesar dessa exposicio e de mostras subseqiientes em Londres e Nova York, & Performance surrealist em sijé havia marcado o fim de uma era e o inicio de ou- tra, Em Paris, a partir da década de 1890, as invengdes de Janty e de Satie tinham mudado radicalmente o curso do desenvolvimento “teatal’,além de fornecer 0 nascedouro do Novo Espirito, pontuado ao longo dos anos por Roussel, Apollinai te, Cocteau e os dadafstas e surrealistas “importados”elocais, para citar apenas al- gumas dessas extracrdinérias figuras que transformaram Faris numa florescente capital cultural durante tantos anosO surreatismo havia introduzido os estudos psicoldgicos na arte, de modo que 0s vastos dominios da mente se tomaram,lite- Talmente, material para novas exploragées da performance. Na verdade, com sua ‘concentragao na linguagem, a performance surtealista afetaria mais fortemente o ‘mundo do teatro do que as subseqiientes expresses da arte performitica. Porque fi para os principios basicos do dadaismo e do futurismo ~ acaso,simultansidade «esurpresa ~ que os artistas se voltaram, indireta ou mesmo diretamente, depois da ‘Segunda Guerra Mundial. Walmer Ribeiea Teona e Historia do Gnena 5. BAUHAUS desenvolvimento da performance durante a década de 1920 na Alemanha ddeveu-se, em grande parte, & obra pioneira de Oskar Schlemmer na Bauhaus. As palavras que ele escreveu em 1928 ~ “decretei a pena de morte para o teatro na Bauhaus” ~ numa época em que @ municipalidade de Nessat fizera circular, para Jeitura pibica, um decreto que proibia as festas na Bauhaus, “inclusive ~ pare ndo deixar chividas —-nossa proxima festa, que seria adoravel”, eram as palavras ironicas de um homem que havia determinado os rumos da performance do perfodo. A Oficina de Teatro 1921-23 A Bauhaus, uma instituicio de ensino das arte; tinha aberto suas portas em abril de 1919 com um estado de espiito bem diverso. Ao contrério das provocagies Tebeldes dos futuristas ou dadaistas, o romantico manifesto da Bauhaus, elaborado por Gropius, clamava pela tnificacio de todas as artes em uma “catedral do socia- 4ismo". O cauteloso otimismo expresso no manifesto fornecia um auspicioso projeto de recuperagao cultural para a Alemianha do pés-guerra, uma Alemanha dividida e empobrecida. : Artistas e artesdos de sensibilidades muito diversas, como Paul Klee, Ida Ker- kkovius, Johannes Itten, Gunta Stélz, Vassili Kandinski, Oskar Schlemmer, Lyonel Feininger, Alma Buscher, Laszlo Moholy-Nagy e suas familias (para mencionar apenas alguns), comegaram a chegar a provinciana cidade de Weimar, passando a residir na grandiosa Academia do Gréo-Duque para as Artes Pisticas e em seus arredores, bem como nas casas em que Goethe e Nietzsche haviam morado. Como tutores da Bauhaus, essa pessoas se tornaram responséveis por diversas ofiinas ~ de metal, escultura,tecelagem, marcenaria, muras evitrais; a0 mesmo tempo, for- ‘mavam uma comunidade independente dentro da cidade conservadora. Uma oficina de teatro, 0 primeiro curso de performance a ser oferecido por uma escola de arte, foi discutido desde os primeiros meses como urn aspecto fun- ‘damental do curiculo interdisciptinar. Lothar Schreyer, pintor e dramaturgo ex- pressionista e membro do grupo Sturm, de Berm, chegou para supervisionar opri- ‘meiro programa de performance efetivado na Bauhaus, Num empreendimento coletivo desde o inicio, Schueyer e seus alunos logo estavam enando fgurinos para ‘suas produgies de Kindsterben e Mann (obras do préprio Schreyer), de acordo com sua méxima simples de que “o trabalho no paleo é uma obra de arte”. Eles também inventarain um complexo sistema para sua producio de Crucfcagi, uma xilogra- 52 fara de Margarcte Schreyer que detalhava com pietiséu a tonicidade e pronincia a485 £82. Xilograwura executada por Margarete Schreyer, com notaries sobre a montagem ca peca Civoicacto, impressa em Hamburge, 1920, das palavras,a direc e énéase dos movimentos ¢ 0s “estados emocionais” que de- vviam ser adotados pelos performers. - A oficina de Schreyer, porém,trouxe poucas inovagGes: em esséncia, essas pri- ‘meiras producoes eram uma extensio do teatro expressionista dos cinco anos an- teriores em Munique e Berlim. Assemelhavam-se a pecas religiosas em que a lin- guagem era reduzida a um balbucio com forte carga emocional e o movimento a estos de pantomima, e em que 0 som, a cor ea luz serviam apenas para reforcar 0 contetido melodramatico da obra. Conseqiientemente, os sentimentos tomaram-se a forma mais expressiva de comunicagio teatral, 0 que entrava em choque com a meta da Bauhaus de obter uma sintese entre arte e teenologia em formas “puras". De fato, a primeira exposicio piiblica da escola, a Semana Bauhaus de 1923, tinha o titulo “Arte e teenologia ~ uma nova unidade”,o que tomava a ofcina de Schreyer algo como uma anomalia no contexto da escola. Durante cs meses de preparaivs fa exposicio, a oposigdo a Schreyer provocou sérias embates ideoldgicos e, so Ofogoconsatedoaluoee do cp cent ope de demo Seige fol inevitivel Fle deivon a Rasshave no outane daquele ano. A diego do Teatro da Bauhaus foi imediatamente entregue a Oskar Schlem- ‘mer, que fora convidado pela escola com base em sua reputagio de pintore escul- tor, mas também pela produgao de dangas que ele havia apresentado hé algum tempo em Stutgart, sua cidade natal. Schlemmer aproveitu a oportunidade ofe- recida na Semana Bauhaus para apresentar seu préprio programa, com uma série de performances e demonstragées. No quarto dia da Semana, 17 de agosto de 1923, os membros da oficina de teatro, a esta altura jé bastante modificada,epre- sentaram O gabinete de figuras I, que fora apresentada um ano antes, numa festa da Bauhaus. Schlemmer descreveu a performance como “meio stand de tiro ao alvo, meio ‘metaphysicum abstractum’, usando técnicas de cabaré para satirizar a “{é no pro- ‘reso’, tio predominante na época, Mistura de razioe insensater, caracerizada por “Cor, Forma, Natureza e Arte; Homem e Méquina, Aciistica e Mecinica’, Schlemmer arbi sua dtego a Calgai(emalusdo ao filme Ogabinte do dr: Ca- liga, de 1919), & América e asi proprio. “Corpo de violino”, “O quadriculado’,“O 4 BAUHAUS 89 clementar’, “Cidadao de primeira classe”, “O questionavel", “Miss Vermelho-R6- 20" e “Turco” foram representadas com figuras inteiras,em metades e em quartas partes. Movimentadas por maos invsives as figuras “andam,ficam de pé lutuam, ‘eslizam,giram ou brincam durante quince minutos”. Segundo Schlemmer, a pro ucio foi “uma confusdo babiléica, cheia de método, um po!-pourr para os alhos, em forma, estilo e cor”. Gabinete de figuras Il foi uma variagao projetada da primei, ¥2, com figuras metdlicas sobre arames que vinham do segundo para o primeiro plano e reiniciavam os mesmos mavimentos em seguida, A performance foi um grande sucesso exatamente porque seus recursos mecé- nicos ¢ toda a sua concepcao pictoricarefletiam, a0 mesmo tempo, asensibilidade antistica e tecnoldgica da Bauhaus, A capacidade de Schlemmer de converter seu {alento pict6rco (0 projeto das Figurinos jf ce incinaava cm suas pnts) etn per- formances inovadoras foi muito apreciada numa escola que aspirava precisamente atrar artistas capazes de trabalhar para além dos limites de suas prdprias discipli- nas. A recusa de Schlemmer em se deixar cercear pelos limites das categorias artis ticas resultou em performances que rapidamente se tornaram a centzo das ativida des da Bauhaus, 2o mesmo tempo que sua posigéo coma diretor-geral do Teatro da Bauhaus se tomava cada dia mais sida, As festas da Bauhaus ‘A comunidade Bauhaus mantinha-se unida tanto por seu manifesto e pela vi- fo inovadora de Gropius, para quem uma escola deveria ensinar todas as artes, Quanto pelos eventos socais que seus membros organizavam com o objetivo de ttansformar Weimar em um grande cento cultural. As “festas da Bauhaus” logo Se tomaram famosas e comecaram a atrair os festeiros das comunidades locais de Weimar (e mais tarde de Dessau), e também de cidades préximas. como Werlim Fs. ‘Se> festas eram muito bem preparadas a partir de temas especifcos, como “Meta”, qiesta da batba, do narizedo coracio” ou "Festa do branco” (em que se pedia ato. dos que comparecessem em trajes “quadriclacos, stra e com bolas"), ge ralmente eram planejadas e coordenadas por Schlemmer e seus alonos, For um lado, esses eventos davam ao grupo a oportunidade de experimentar ‘ovas idéias para as performances: por exemplo, a performance initulada Gabinete de figuras er fruto de um trabalho realizado em cima de uma dessasnoitesfestives or outro lado, Meta, encenada numa sala alugada em Weimar em 1924, foi a bose de uma fests celebrada no Im Chalet, no verdo daquele ano. Na performance ence- Bacio roto, simples, era “livre de qualquer acessxio"e definido apenas por pla. as com instrudes como “entrada em cena”, “intervalo’ “paixio", “climax” assim Por diante. Os atores representavam as agdes assim marcadas ao redor de abjetos de fe Come uma poltzona,escadarias, uma escada de mao, uma porta e baras pars- lelas, Para a noite no lim Chalet, usaram-se_ indicagies cénicas semelhantes, Foino Im Chalet Gasthaus, a um pulo de Weimar, que a banda da Bauhaus fer Sua primeira apresentacao. Uma dessas noites fi assim descrita por um repdrter de 8 ‘90.8 ARTE DA PERFORMANCE Berlim: “ Que nome graciosoe crativo,e em que barraco esto reunidos!”,escreveu ele sobre o im Chalet. Mas havia mais “energiaartistca ¢ juvenil nesse recto vi- toriano” do que em qualquer Baile Anual da Sociedade das Artes do Estado em. Berlim, com toda a elegancia de sua decoracao. banda de jazz da Bauhaus, que to- cou Banna Shimmy e je Girl, foi a melhor que ele jamais ouvira, eas pantomi- 1mas figurinos eram sem igual. Outro famoso baile da Bauhaus fi o Festival Me- télco,celebraco em fevereito de 1929, Como sugere o titulo, a escola ineia foi decorada com cores ¢ objetos metilicos, eos que aceitaram 0 conv, impresso em, elegante papel de cor metalica, se deparavam, 20 chegar& festa, com um carrinho sobre trilhos na entrada da escola. Nesse trem em miniatura eles percorriam em alta veloadade a distancia entre os dois edificos da Bauhaus e eram recebidos, nas salas principais da festa pelo tilintar de sinos e por um estrondoso toque de fanfar- ra executado por tima banda local de quatro misico. ‘Na verdade, foi essas primeira festas que Schlemmer aribuiu o esptito ori- ginal das performances da Bauhaus. “Desde o primeiro dia de sua exsténcia, a Bauhaus sentiu 0 impulso do teatro cratvo,” escreveu ele, “pois jé desde aquele dia o instnto teatral estava presente, Expressou-se em nossasfestas exuberantes, nas improvisagies € em nossos criativos figurines e mascaras.” Além disso, Schlemmer assinalou que havia uma especial queda pela stra e pela parti, “Foi provavelmente um legado dos dadaistas ridicularizar automaticamente tudo que 83, Oskar Schlemmer, cena de Met ou» pontomims de cnas, 1924 84, Maquetes para Gabinete de figuras Hexecutadas por Carl Schlemmer, 1922-23, 5, Schlemmer, Gabinete de igus (eto por Cat Seema, que fol apresntado pla prima vez numa festa da Bauhaus, em 1922. Foi novamente feconada durant a Semana Bauhaus de 1923 thrante uma turn do Teatro da Bauhaus reaizada en 1926, 5, Festival Metalio, 9 de feverero de 1929. Urn Carviaho sobre trlhos conta a: dob eis ds ‘ainho, que 3 evaria 3s salas principals 3 festa. 92.8 ARTE DA PERFORMANCE cheirasse a solenidade ou preceitos éticos.” E assim, escreveu el, o grotesco flores- ceu novamente. “EncontrOu set alimento na imitagao burlesca e na zombaria das formas antiquadas do teatro contemporaneo. Embora essa tendéncia fosse funda- mentalmente negativa, seu evidente reconhecimento da origem, das condigdes e das leis da pega teatral foi um trago positive.” Esse mesmo desdém para com as “formas antiquadas” significava que a Olic- na de Teatro nao exigia de seus alunos nenhumta qualifcacdo além de sua vontade ” ening (como paticipante de varias obras anteriores), também 8 NOV OPT Mes do Judson Dance Group. primeira Pate Ge Suco~ uma “canal etal {rds partes” ~ acontedia no enorme e=P260 esprlado do Guggenhet, com OTe re Finco performers, Como pablico sentado sel, 117. Meredith Mank, Qua pranchas do painel, ‘no piso circular dom ur 134.4 ARTE DA PERFORMANCE rinos ctiavam quadros-vivos méveis a intervalos de doze, quinze e dezoito metros, acima de suas cabecas. A segunda parte ocorria num teatro convencional, a ter- ceira num loft sem mobiia, A separacio de tempo, lugar e contetido, de diferentes e=pagos e sensibilidades variéves, seria uma combinagio realizada pot Monk em ‘tabalhos posteriores, grandes performances em estilo de opereta como A educagio de uma menina (1972) € Quarry (1976). desenvolvimento da performance européta no final da década de 1950 foi se- melhante ao que ocorrew nos Estados Unidos na medida em que a performance Dpassow a sar acsita polos artctac como um meio de expresso vidvel. Apeitas dez anos depois de uma guerra mundial devastadora, muitos artistas sentiram que nao podiam aceitar 0 contetido essencialmente apolitco do expressionismo abstrato,ex- tremamente popular na época. O fato de 0s artistas pintarem solitariamente em seus atelis enquanto havia tantos problemas politicos reais em jogo passou a ser visto como algo socialmente responsével. Esse estado de espirito impregnado de consciéncia politica estimulou a pratica de manifestagbes que lembravam os eventos dadaistas porque constitufam tum meio de atacar os valores da arte estabelecida. No inicio da década de 1960, alguns artistas tinham ido para as nuas apresentar eventos agressivos, no estilo do grupo Fluxus, em cidades como Amsterda, Colénia, Diissel- dort Pais. Outros, mais introspectivament,criaram obras que pretendiam apreen- dler 0 “espitito” do artista como uma forca energética e catalisadora da sociedade. [Na Europa, os trés artistas cuja obra melhor ilustra essas attudes foram 0 francés ‘Yves Klein, o italiano Piero Manzoni e 0 alemo Joseph Beuys, ‘Yves Klein e Piero Manzoni ‘Yves Klein, nascido em Nice no ano de 1928, passou sua vida determinado a encontrar um repositério para um espaco pictérico “espirtual’, e foi essa preocu- pacio que algumas vezes 0 levou a pratica de agdes ao vivo. Para Klein, pintar era “como a janela de uma prisio em que as linhas, os contomnos, as formas e a com- posigio sio determinadas pelas grades”. As pinturas menocromiticas, iniciadas Por volta de 1955, lbertaram-no dessaslimitagdes. Mais tarde, afirmou, ele se lem- braria da cor azul, “o azul do céu de Nice, que estd na origem da minha catreira de ‘monocromatista’, ¢, numa exposicéo em Miléo, em janeizo de 1957, apresentou obras que pertenciam totalmente a0 que chamava de seu *periodo azul”, tendo buscado, como afirmou, “a expressio mais perfeita do azul durante mais de um ano”. Em maio do mesmo ano, fez uma dupla exposicio em Paris, uma na Galerie Iris Clet (em 10 de maic),outra na Galerie Colette Allendy (em 14 de maio). O convite anunciando as duas exposigdes trazia o monograma Azul Internacional Klein, do préprio artista. No vernissge da Clert ele apresentou sua primeira Escul- ‘ura Aerostatica, composta de 1.001 baldes azuis que foram soltos “no céu de Saint ARTE VIVA: C 1933 ADECADA DE 1970 135 Germain-des-Prés pata nunca mais vollar’ assinalando o inicio de seu “periodo preumético”. Pinturas azuis foram expostas na galeria, acompanhadas pela pri- ‘mera verso gravada da Symphonie Monotone, de Pierre Henry. No jardim da Gale- nie Colette Allendy ele exbiu sua Pintura de ogo azul de um minut, constituida por ‘um painel azul no qual foram afitados dezesseisartefatos pirotécnicos que produ- iam chamas azuis brilhantes. Foi nessa época que Klein escreveu que suas pinturas “sio agora invistveis", € sua obra Superficies e volumes de sensibildade pictrica inoistvel, exposta numa das salas da Allendy, era exatamente isso invisivel. Consist em um espago totalmen- te vazio. Em abril de 1956, ele apresentou outra obra invsivel na Galerie Clert, co- nhecida como Le Vide [O vazio]. Dessa vez, 0 espaco branco vazio era contrastado com seu inimitavel azul, pintado no exterior da galeria e no dossel na entrada. Se gundo Klein, o espago vazio “estava repleto de uma sensibilidade azul dentro da estnutura das paredes brancas da galeria”. Enquanto o azul fisico,explcou ele, fora deixado a porta, do lado de fora, na ra, “0 verdadeiro azul estaa lé dentro”. Entre as ts mil pessoas que compareceram 8 exposigéo encontrava-se Albert Camus, que escreveu no livo de visitantes da galeria: “Avec le vide, les pleins pouvoirs” (com 0 vazio, plenos poderes") Réoolution bleue e Théitre duvide, de Klein, receberam ampla cobertura em seu jornal de quatro piginas, Le Journal d'un seul jour, Dimanche (27 de novembro de 1960), que lembrava muito o jomnal parisiense Dimanche. A publicacio trazia uma foto de Klein saltando para o vazio, Para Klein, aarte era uma concepcio de vida, e ‘no simplesmente um pintor com um pincel dentro de um atelié. Todas as suas agdes eram um protesto contra essa imagem imitante do artist. Se as cores “sio 05 verdadeiros habitantes do espago”, e “o vazio" a cor do azul, prosseguia sua ar- gumentacio, entio o artista pode muito bem abandonar a paleta o pincel eo mo delo, esses componentes inevitéveis do ate, Nesse contexto, o modelo se tomnava "a atmosfer efetiva da eame em i Trabalhando com modelos um tanto confusos, Klein percebeu que nio precisa- va, de modo algum, pintar @ partir de modelos, mas sim com eles. Tou endo as pnturas de seu atelié e pintow os corpos das modelos com seu azul perfeito, pedin- do-Ihes que pressionassem os corpos encharcados de tinta contra as telas prepara das. “Blas se transformaram em pincéis vivos.(..) Sob minha orientacio,a propria ‘came aplicava cor i superficie, eo fazia com irretocdvel exatidéo.” Ele estava en- cantado com o fato de essas monocromias serem criadas a partt da “experiénia imediata’, e também com o fato de que ele proprio “permanecialimpo, sem sujar- se", a0 contrério das modelos lambuzadas de tinta. “A obra consumava-se ali, ‘inka frente, com a total colaboragéo da modelo. E eu podia saudar seu nascimen- to para o mundo tangivel de maneira adequadea, vestido a rigor." foi vestido a ri- or que ele apresentou essa obra, intitulada As antropometrias do perfodo azul, no apartamento de Robert Godet, em Paris, na primavera de 1958, e publicamente na Galerie Internationale d’Art Contemporain, em Paris, em 9 de marco de 1960, acompanhado por uma orquestta cujos misios, também em trae a rigor, executa- ‘vam a Symphonie Monotone. 119,120 118, Celebragio de came, de Carlee Sdineemann, 1964, também apresentada > Paris, usa 0 sangue de earcaras em vez de tina ara pintar os corpos dos performers 119. Parenss aston 8 apenas ‘As antropometras do period azul, pata 20 vo" de Yes Kein, 1960. 321, Klein lancando vintegramas de flhas de ou og i Sena durante a realizaci de Zona § do ssibidodepictsccaimaterial O comprador queima yeu recbo Klein via essas demonstracGes como um meio de “rasgar o wu do templo do cabaré. O objetivo central de Payne era destacar 0 processo de fazer uma pinturs; colocar-se na parede de uma galeria era um modo entitico de trazer a atengao de volta a performance no contexto das artes e, ao mesmo tempo, protestar contra © "Arte Vind, Riverside Studion, Landes agent Se 190 ont Gérquia, presenta no festival de 100 4 ARTE DA PERFORMANCE aspecto de objeto a venda que substituira a experimentagio dos anos 7 ‘Gérgula (1986), cujo titulo tina por inspracio as figuras religiosas em seus aos richos nas igrejas, era uma “demonstragdo” de uma pintura com duracéo de uma hora, Comegando com uma parede em branco, ela, enquanto segurava uma caixa de papelin, comecava a pendurar as ferramentas de sua profisso (tesouras,facas tiny martelo) em eabides e a evelar a foto de uma pintura que, uma vez pregada 8 parede, era entio “adentrada” por ela. Colocada sobre wm pedestal, ela desempe hava o papel paradoxal, frequentemente absurdo, da figura na pinture Pintaras de acaofeitas por pintores de agio, essas obras eram explictas em sua exploragao das pinturas como objtos vos, visuais, pendurados numa parede, © Smits em sua andlise da smagadora volta & pintura. Assim os artistas ins tam em devolver a petformance a6 contexto atistco, distanciando-a de suas oti gens mais featraise populares. Na Inglaterra ¢ por toda part, porém, muitos artis fas ignoravam ambas as tendéncias e continuavam a produzir obras diferent paseadas ras dos anos 70: Anne Bean e Paul Burwell, com sua misica do Bow Ga- mmelan Ensemble, fita com objetos e sons encontrados, como traques e bombi= Tinas, vu Sylvia Ziranek, com seus afetados solos sobre a arte de falar inglés, ou Anne Wilson e Marty Stamnes, com. seu dueto sobre a vida do casa Identidades 1A décadda de 80 chegou ao fim com distirbios politicos e econdmicos que tive am enorme impacto sobre o deseswalvimeato cultural no mundo todo; Wall Street fntou em colapso, o Muro de Berlim foi derrubado, os estusantes lutaram ert VB0 por democtaca na China, Nelson Mandela saiu da prisio na Altica do Su A Presmo tempo, as minorias vinham se batendo cada vez mais intensamente Por Gquestdes de identidade éenica e multicultwralismo. Tembora alguns artistas se sintam deseontortaveis com o temo “mulculturais smo”, casa tendéncta assumit um impastante dimensao intelectual em textos da ite Fgensaafto-amercana, elusive entre académicosrenornadss como, por exemploy Come! West ou Henry Gates Jr. Os artistas estavam usando a performance cada vez rnais para persrutar sus raizes cuturais. Em 1990, em Nowa York, “The Decade Show tno New Museum, n0 Studio Muscum do Harlem e a0 Museum of Conter porary Hispanic Art) examinou a vata gama de identidades éticos que, nos Estados Unidos, havia encontrado uma forma de expressio artistica na década de 8D, As fotos ou de suas peeformances ritualsticas baseadas n0 espi n entre as muitas obras de art, performan. «que acubana Ana Mendieta Htualvmoafro-cubano da Santeria estav Tea instalagbesincluas nessa exposicio espalhada por vos pontos ca cidade e da qual também faia parte Coragies partes (199), um trabalho de darg-teato reaiza do pela cexesgafa Merian Soto por Pepon Osoio, que fee a instal rein 1991.e 1992, 0s festivals Nest Wave, realizados na Brooklyn Academy of Music reletiram a ansiedade por adotar essa vertente temic. Houve apresenta Sia grande produgao de Cachimbos do poder (1992), pelo Spider Woman Theater [AARTE DE IDEAS EA GERAGAO DA WHA 1958 A 2000 201 Uwu, “porque esse € um dos poucos espagos ende podernos expressar ilias 175. Ara Menta, More de ua dalnna, nove de 197, Mendieta vomegou afer suas Onversidade delowa. 202.4 ARTE DA PERFORMANCE derma. O grupo Moti Roti, de Keith Kahn e Ali Zaidi, enfatizou o choque entre os estilos aristicos pts-coloniais, um critco referiu-se a seu grandiose carnaval de rua, Trajes voadores, tumbas Patwantes (1991), que eavolvia centenas de artistas de dlisciplinas e formagdes diferentes, como um encontro entre “cinema e teatro, dra: :maturgia popular e grande arte, hindifurdu e inglés: musica e fotografia’ Mexicano de nascimento e sediado em Los Angeles, Cuillernio Géme7-Feha, uum dos fundadores do Border Art Workshop/Taller de Arte Fronterizo, em 1985, personificnu provocativamente o que veio a ser chamado de “o outro” pela teoria tritica em woga; com bigode preto eo cabelo esvoagante de um conquistador mexi cano, ele fez suas representagbes satiricas do ponto de vista do “outro”. Dois ame rindios no-descoberts (1992-94), uma colaboragao com o escrtor cubano-americ: ‘no Caco Fusco, era um “diorama vivo” em que os dois artistas — usando cocares, seias de capim, armada de estilo asteca e algeras ~ eram exbidos dentro de uma jaula, em alusioa pratica do século XIX de exibic nativns da Aftica ou das Américas ‘A expansio da cons parodista de cabare cubano-americana, Carmelita Tropicana (Alina Troyana), 0 ati- a latina inspizou muitos performers, entre eles uma Yista Papo Colo e toda a agitada cena que gizava em torno do Nuyorican Poet's Café, no East Village nova-iorquino, Novas publicagdes cobriram a historia da arte da performance na América Latina, apresentando aim pablico muito mais amplo fs obras de artistas brasileiros, mexicanos e cubanos, como Lygia Clark, Helio Ot ica ou Leandro Soto, propiciando, a0 mesmo tertpo, uma compreensio da rica mitologia e da consciéncia politica no cezne de suas obras. ‘A identidade da “alteridade” também criou uma plataforma para os grupos rmarginalizados ~ gays, lsbicas, profisionais do sexo, travests e até mesmo doen. fes erdnicas ¢ delicientes deserwolveram um material performético intencional profundamente pecturbador, Um importante grupo atvista, 0 ACT UP (AIDS Coa- ition to Unleash Power, formado em 1987) levou o pablico a vefietic sobre a crise na sate. Entre outras coisas, eles perturbacam o ambiente da Bolsa de Valores de Nova Yorke fizeram simulagdes de mortes em escadarias de indiistrias farmacéut cas, Reza Abdoh, autodefinido como “marginal, bicha, HIV-positivo, artista ermi~ trado de pele escura, nascido no Ira e educado em Londres e Los Angeles”, criow eventos teatrais complexos em pelo menos dez plataformas fragmentadas de um grande armazém no West Side nova-iorquino. Sua iltima obra, antes de morrer de [Kids aos trinta e nove anos, em 1995, foi itagtes de wma cidade deonstada (199), uma justaposigdo de quadros vivos e projegdes cinematograficas representando as cidades “devastadas” de NovaYork, Los Angeles e Sarajevo e a deterioragto de cor pos destruidos pela Aids. [A exibigao piblica de sexo e morte, além de outras preocupagoes prvadas, foi ‘uma afirmagio de solidariedade st&tica contra a teagdo conservadora do inicio da écada de 1990, O material era inquestionavelmente chocante, até para 0 wais ex perimentado ds piiblcos, Bob Flanagan, sofrendo de fibrose istics, submeteu-se 2 horas de terapia fisica exeruciante num leito de hospital em iHoréris de visita, uma instalagio no Santa Monica Museum of Art, na Califémia (1982). Stripper ‘masculinos, drag queens e toxicmanos participaram de Maries ¢ santos (1993), de [AARTE DEIDEIASE A GERAGAO.DA MIDI: 1968 A 2000 203 Ron Athey, obra com uma hora de duragio que incluia autofiagelagdes tio torr que virias pessoas do puiblico desmaiaram. Em 1996, Elke Ksystufek, numa banhei- ra cheia de gua, masturbou-se com wm wibradac diante de centenas de pessoas, dentro de um espaca cercado por vidro na galeria Kunsthalle, em Viena. O debate académico sobre a arte da performance, partcularmente nos Estados Unidos, mas também na Europa, concentrou-se na questdo da mudanca de contexto ~ de clubes especiaizados em sadomasoquismo, ou hospitais, para lugares intrinsecos 20 ‘mundo das artes -, geranco manchetes,resenhas, um paiblico maior e critcos que apreciavam o embate tesco, 2 kr Aho, tates d det, No ok, 8 O mo ori diferentes pontos do teatro. ‘ene * parton 20% 204 4 ARTE DA PERFORMANCE Mesmo quando essas priticas radicais se tornaram tema de especulagao tesrica, ‘o monélega performitico, que se hava iiciado em fins da década de 70 com 2 obra tde Bogosian, Finley e Gray, ctescew em popularidade ao longo de duas décadas e, ros Estados Unidos, transformou-se na mais duradoura & mals cortente entre as, formas da performance, Sua estrutura simples explcava sua acessibilidade ao publ ‘coe seu apelo a um amplo especteo de artistas que nele introduziram caracersticas pessoais, Danny Hoch, por exemplo, acrescentou misica e pantomima dos retratos verbais que fez das personalidades dos conjuntos habitacionais em que morou na Infancia. Anna Devere Smith usou abjetos simples, como culos ou um chapéu, ‘para representar diferentes personagens em seus “documentérios ao vivo” de fatos Feais; duas pecas solo de teatro, Tiros no espelho: Croum Heights, Brooklyne © outras identidades (1992) e Crepisculo em Los Angeles (1992), baseavam-se nos contlitos ra~ ciais das ruas de NovaNark e Los Angeles e foram produto de uma extensa pes Sst entrevistas gravadas com testemuninas¢ textos muito bem escritos. Em fins da década de 80 e inicio da de 90, a performance era freqientemente uusada como forma de protesto social, mas foi o affuxo de artistas de pastes ex ‘munistas para o Ocidente que evidenciou que, no Leste Europeu, a arte da perfor- ‘mance tinha funcionado quase exclusivamente como forma de oposigéo politica durante 0s anos de repressao, ApresentagSes privadas em apartamentos, em terre ros urbanos desocupados ou em centros estudantis serviam como valvula de es cape contra as restrigbes lberdade de expressio e de ire vir. O artista teheco To “nas Ruller livtou-se de uma condenacio a prisio, em 1985, quando set advogado soa o termo “artista performitico” (ea ediga0 original deste lio, datada de 1979) tem um tribunal de Praga para defender suas ages como arte de conteido politico, ‘eno como protesto politica propriamente dito. "O fato de que todas as formas de atividade artstca tinham de ser sancionadas por organizagoes partiias nos mnités nacionais proeminentes & algo que fala por si’ escreveu um citico teheco. ‘Com a ameaga constante de vigiancia poliial, censura e piso, nao surpreen. de que a maior parte da arte de protesto estivesse relacionada ao corpo. Um artista ppodia realizar seu trabalho em qualquer parte sem materiais ou sem um atelié,¢ a bra nao deixava vestigios, As atividades ritualizadas de Abramovic na ex-Repibli «8 Socialsta Federativa da Iugoslvia (atual Unio da Sérvia e Montenegro) no int cio da década de 79, os eventos de forte conteido erstico deVasta Delimar em Za sreb, como Casamenta (1982), que explorava a ideologia sexista, ou Olimpia (1996), Ga artista polonesa Katarzyna Kozra, apresentagio baseada no quadso de Manet {que a mostrava num leito de hospital depois de submeter-se a sewes de quimio. terapi, todas essas manifestagées patenteavam a autonomia do attista, uma con {quista significativa em paises nos quais, por mais de meio sculo, houvera uma ex pressa reeigao do individualismo, Por volta da década de 90, a decepgio com a perestrdica na ex- Unido Sovistica, as guerras nos Balcas eo caos sociopalitico pro fuziram uma atmosfera de ceticismo destrutivo, As apresentagoes do russo Oleg Kulik em galerias e museus, como um cachorto usando coleira,latindo, rosnando para os vistantes e, de vez em quando, permanecendo trancado niuma jauta, eram, representagdes extremamente incomuns da concepcio do artista sobre a relagao 177 Tomas Rule, 8268, 1988. Rule ting 3 eiviade no peradoantetior 3 Revlucio de \eludot ra Terecsiovaqia (atualRepabicaheca, suas performances geamente azam ‘esis 3 repessio pltea daauel ca fsta obra rememarave 2 rasa usa de 1968 LLeste/Oeste, em particular do sentimento de inferioridade da populagao do Leste epois da queda do muro de Berlim, "Pode-se dizer que 0 Osidente sente prazer esttico em observar o‘cio’russo, mas somente se ele No se comportar verdade: ramente como um cdo”, escreveu um critico, No ano 2000, 0s jovens artistas russos esto conectados ao mundo da arte pela Internet. Eles combinam urn rerato icon 0 de sua propria histéria com um entusiasmo por tecnologias futuristas, tendéncia qual se dao nome de “classcismo digital”. Performers de miisica techno perten- centes a um grupo chamado Novia Akademia apresentaram-se num festival em Sto Petersburgo usando trajes russos do século XIX. “A identidade do Leste na atte da performance", escreveu o critica Zdenka Badovinae,“oscila entre particularida- des locais ¢ uma massa de identidades dispersas por espagos virtua, entre aestre- ia vermelha do comunismo e a nova estrela amarela da Comunidade Eucopéia.” Os Novos Europeus A performance na Unio Européia da década dle 90 foi administrada tanto por verbas federais generosas, com a intengéo de clevar o status cultural das capita, quanto pela chegada & maturidade de artistas cuja formagao tinha rafzes na van- guarda das décadas de 70 e 80, A energja dessa ola foi ainda mais estimulada pela evolu (1989) que veo na esteva de onda reormita desencadeada Do lier eke sone {co Mikha! Gorbatchx, asim chard por casa do mado nao-voleno com que se eetuaram 25 madangas. No) disponiiiade de uma rede bem organiza de teats, ente os unis o Kates ter de uel o Theater am Tum de Frankfurt ow o Hebbel de Bem, bem como PON Belpea prduziu uma New Wave que inca Jan Tab, Anne Teresa De Keersmaekr, fan Laure Asin Pate: Els foram mantdosfnanciamente Gee 0 nico de suas cars - De Reetsmacker fina apenas vnte es anos cuando fermen sua compara Rosas em 1983, que tev sua esta no Keaithea CTrnaquele meomo anos tina edo ance quando a Roses fl rarsonmada em rahi siete no Thedte Royale de a Monrate, em Brin, Esse artistas estavam ra cong ca de ria novos materi para a imponente argutetura ds eatos ofa do tad A coeografia alta eas ousada cages asa de De Keesmacker com musa ao viv, dstinaamse a encher seus esparosos pal {oe Aléagele romento,obas inovadora experimentls nunc inham pare do to garaiose ou cefinadas, Trordnartment seguos em muias dpa, ses artistas poz um sofa eto-perormance que relia oaebataento de uma Unido Europa fecenvenengzada Fabre cou uma pera linge ets parts com duryi de ses hans, As mens He Trablyn (1992) ea Needcompary de Lauer ence nov Cio minal (1998) em anc Rarenga e ingles incorporates ited tes, comets polio creogafs eva e uma cleo de mis conter porinen que era etc tanto do poo de via geogic quanto mustal Les Balt Contemporaies de Belgique, de Patina baiatinos experts eos tes ser forma alguna, ben como cing de diferentes Madey em obras Que jeaminvam o conionto de rages, Vsumente inpreonante, com su endo 4.178, Anne Teresa De Keersmaci fosas Bare Roses, 1983. Ea 7, ima dae preva do creo ‘Bedi da misica contemporaine, 2 Tsicaldade wgoroia dese talons arco por casas. 179. rome Bl 0 performers examina 0 material teen do dangarine~ pele 005 — fm obras qu“ dexconsoem 8 ratureca do mownento de uma pista de carrinhos elétricos em Gante e seu tema do despertar da sexualidade, Bemiadej (1996) foi produzida em colaboracio com o esentorediretox Ame Sierens, ‘ANew Wave belga também deu um apoio incomum a jovens coredgrafos nor te-americanos, como 0 iconodlasta radical Mark Morris, conduzido & diregao do La Monnaie em 1988, cargo que ocupou durante trés anos muito produtivos, ea con panhia de danga Damaged Goods, de Meg Stuart, convidada a ser artista residente no Kaaitheater em 1999, Conhecida por suas colaboragies durante meia década com videoatista Gary Hille com Ann Hamilton, criadora de instalagbes e perfor ances, e por seus “estudos de figuras” ~ performances individuais que se concen travam em minticias do movimento de partes especificas do corpo — sua obra Soft Wear (primeira esbogo)*, de 2000, apresentava uma estética de high-tech. Seus gestos quase invisiveis, executados numa série de movimentos de vai-e-vem, lembravam efeitos especiais de animagio numa tela de computador Na Franca, um fascinio semelhante pela fisica do corpo e por sua tradug30 na clanca foi inspirado por tencléncias anteriores, da histéria da danga na década de 60, em particular pelas experiéncias do Judson Group e pela coreografia idiossin crtica de Yvonne Rainer. Seus procedimentos simples, voltados para a apreensio da esséncia da danca,tinham um apelo especial para essa geragio de coredgratos, entre os quais Jordme Bel, Xavier Le Roy ¢ 0 grupo Quattuor Albrecht Knust, que aplicava a danga as teorias desconstrucionistas de Derrida, Foucault e Deleuze. Em 1996, L2 Roy trabalhou com o grupo Albrecht Krust numa rectiagio do Projet cn "Sot wear” (roupas evs) € *sftware” (programa de computa) so termos homotBnicas Ngo R) 208 & ARTE DA PERFORMANCE tinuo,altrado diariamente (1970), de'¥vonne Rainer, ¢ também numa obra de Steve Paxton de 1968, Amante que satis Esse mavimento anticoreografia era formada por dancarinos para os quais 0 corpo era, acima de tudo, um conjunto de signos e partes corporais, Eles criaram cespeticulos em que a danga praticamente desaparecia, Em Jérdme Bel (1995), do proprio Bel, inicialmente quatro dangarinos nus escreviam seus nomes, data de rascimento, peso altura e niimero na Previdénc'a Social em um quadzo-negra; em seguida, comesavam a apontar para sardas e protuberancias, misculos e tends, enguanto erguiam e dobravam a pele como se esta fosse um envelope, Em Ego ina «abso (1998), Le Ry contorcia.0 corpo de tal modo que ficava parecerdo um tor: so sem cabega sustentado por um tripé de braco e pernas. Myriam Gourfnk, malha vermelha, alongava-se pelo chao do palco para examinar de que modo 0 peso do corpo influenciava os movimentos; em Wau (1998), ela demonstrava os esequilibrios entre tensio e relaxamento muscular, movimento e lassidao, em quanto uma trifha sonora mixada por Jean-Louis Norscq explodia a seu redor, A unido entre humor e enetgia intelectual nessa obra igualava-se a dos artistas franceses que faziam uma performance centrada nos elementos visuals, Os figui nose objetos usados por Marie-Ange Guilleminot quase sempre envolviam fisica~ mente os espectadores: em Le Gest (1994), por exemplo, ela ficava escondida atrés de uma parede num ponto de dnibus de Tel-Aviv, com as maos saindo de oriticios para poder tocar os transeuntes, acariciando-os ou apertando-Ihes as mos. Fabri «ce Hyberttransformou o pavilhao francés da Bienal de Veneza em um estidio de televisao para seu trabalho Eau d'or enu dort ador (1997), comnpletando-o com insta lagbes téenicas, um local para receber a imprensa, banheiros,salas para maquiager «um paleo central para a projesio de filmes, onde os Vsitantes podiam acompa nnhar os eventos do dia. Natacha Lesueur criou "retralos vegetais” nos quais co: mentava a obsessio das mulheres por camida e beleza; eram fotos dela mesma ‘com partes do corpo decoradas corn aspic™ ~ er uma delas,a artista tinha a cabeca coberta por um capacete de roclelas de pepino, e em outa por espaguete e cenoxt= {rie0s com sitiras de filmes do cinema mudo ras, Pietick Sorin criou videos exct «que lembravam Buster Keaton ou Chaclie Chaplin - uma obra especialmente pro saica tem por titulo Nio tre os chinelos para pode ir & padaria (1993) ~ e que tam. bém remontavam a ura longa tradigio de humor conceitual, de John Bald Anatetle Messager e Chaistian Bolt 14 nao mais preocupadas com as bareiras entre grande arte e arte popular, as apresentagOes em museus fitas por esses artistas de fins da década de 90 freqiien- temente pareciam salas de reereagao ou de jogos eletrnicos. O a ro (nascido na Tania) RirkritTirivanija, por exemplo, construiu uma cozinha € servia comida aos visitantes numa galeria de Lucesna, em 1994; ele também cons truiu um estidio de gravagio no qual os visitantes podiam tocar instrumentos mu~ sicais, como em sua escultura feita em Munster, em 1997, Em 1991, o italiano Maw. sta nova-ionqui * Prato entrmado feta de gelatin, came, ne, fu, tutos do mar ou legumes ue, avando Ino, toma corsstncia golatinosae fers IN do) coms fceporal ern lima série de “autocrat Sud te ‘ior tebe, 1991 Se 181 210.4 ARTE DA PERFORMANCE rizio Cattelan instalou uma mesa de pebolim para duas equipes de onze jogadores ‘em varia galerias de arte e museus, O berlinense John Bock criow uma série de pe quenas sala interligadas, decoradas com revistas de HQ brinquedos e monitores de video, como censrio de suas performances improvisadas na Bienal deVeneza d= 1999, Essas esculturas socials tinham muito a ver com as obras de viés conceitual dda década de 70 realizadas por Acconci, Nauman, Beuys, Jonas e Grahasn. Seus sucessores na década de 90 eram diferentes porque a interatvidade, os residuos da cultura de massa e a apropriagdo da historia da performance erant aceitas como parte integrante do vocabulirio da arte contemporanea, Uma preacupagio semelhante com o humor atistico, porém como critica cul- toral ferina, tem estade hé muito presente no cenario da arte inglesa. “Na cultura britanica ha uma tradigio de diverse corn a baixeza”, comentou o escultor Jake ‘Chapman em resposta a uma pergunta sobre a “britanicidade” da arte britanica na década de 90, ¢ € essa mistura de autodepreciagio e autoconfianga, um residvo do colonialismo e das distingSes de classe, que sublinharam a comédia humanista de bboa parte da performance posterior ao thatcherismo, Vida cotdiana, de Bobby Ba- keer, uma série de desenhos, instalagGes e performances que transformavam as ppequenas tarefas do dia-a-dia ~-desempacotar compras, arrumar a cama em pun- 182. Bobby Baker, Como compra, 1983, uma aula sobre» are ompeas em serra 183. Desperate Optimists, Ay-boy, © 1998-99" atado peas tenses nguagem e memera, ee acl de Base tetanic fo treba de fre ceniade polis do grup Desperate [AARTE DE DEIAS EA GERACAO DA MIDIA: 1968 A 200021 igentes cerimOnias artistas, comegou quando ela convidou pequenos grupos de pessoas & sua prdpria cozinha para assistirem ao Show de cazinha: uma dizia de cenas de coeinha para o piiico (1991). Com sew uniforme branco caracterstco — ‘quando uso um guarda-pé, fico sem rosto e sem voz", ela celebrava 0 “cota no" da vida, tornando indistintos os limites entre o drama que mostra as aspectos corriqueiros da vida ea domesticidade surreal. Essa obra fol seguida por Como cam prar (1993), uma aula sobre a arte de fazer compras em supermercados. Ao contrario de Baker, que usava.o humor como catarse, outros artistas usarara a performance para expressar experincias profundamente angustiantes. As ativi ddades ritualisticas do artista escocés (residente em Belfast) Alastair MacLennan, tais como Dias e noites (1981), em que ele camninhava pelo perimetro de uma gale- ria por seis dias e sels noites, evocavam a angistia de anos vividos em meio a. um turbulento conflito politico. As performances de Mona Hatour, nascida em Beira te, visavam conscientizar 0 piblico sobre “as diferentes realidades em que as pes soas $0 obrigadas a viver” nas zonas de guerra em todo o mundo; em A mest de negociagtes (1983), ela fcava deitada sobre uma mesa, coberta por sangue e entra nnhas de animais, enrolada num saco pléstico transparente e dramaticamente ilu ‘minada por um nico foco de lu. ‘A.veeméncia de artistas solo como Hatoum e MacLennan contribuiu para 0 estrondoso surgimento da nova arte inglesa nos anos 90, ¢ igualmente significati- vyos foram os inimeros grupos de performance da época. Nio surpreende que, dada a importancia de uma cultura teatral inventiva e em processo continuo de evolugio, do agitprop do teatro de rua radical ao vigente teatro baseado no texto, vibrante e intelectualmente exigente, muitos performers que passaram para a arte 20 vivo tinham sélida formagdo tesrica em teatro. Els se juntaram a outros artistas provenientes de varias outras disciplinas e produziram um corpus de material sin- 212 A ARTE DA PERFORMANCE {gularmente interdiscipinar, Criado na década de 80, 0 Station House Opera and Forced Entensinment estabeleceu um padrio que seria seguido por grupos da dé- cada de 90, como Desperate Optimists, Reckless Sleepers e Blast Theory, todas os quais comprometidos com obras em grande escala, projetadas para lugares espect- ficos, que osclavam sobre a fronteras da arte perlormatica e do teatro, a primeira com Sua énfase na imagistica visual, o segundo centrado nos textos ~falados,gra~ vados e projetados. Desnecessirio dizer, esses grupos inavadores usaram ampla- ‘mente 0 recursos da midia. “Nosso trabalho é compreensivel a qualquer urn que cresceu numa casa que tenha a televiséo sempre ligada”, Ise numa declaragdo do Forced Entertainment. Nova midia e performance Nos primeiros anos da década de 9 as ciiculdadesrelativas&invenco de no- vas maneiras de incorporarteenologia ao palo encontravam-se basicamente nas mndos de artistas experientes, como Elizabeth LeCompte (do Grupo Wooster) e Ro bert Ashley, que continuaram a desenvolve ténicasestabelecidas em suas orig nals produsdes da década de 70. imperador Joes (1994), do Grupo Wooster, a partic da pega homdnima de O'Neil, ou HouseLights (1997), baeada numa dpera de Gertrude Sten, usavam a teenologia para “miiatizar” textos teatas, enquanto Cina (199) de Ashley uma pera de cima com recursos demi wsav-a, em seus noventa minutos de duragdo, para comunicarestados emocionais de amor e solido. Cinaastornava-se alegre e esperancosagravas ao comaventereftdo de As hey aos Setenta anos de dade: "Quero apalxonar-me s6 mais uma vez. Essesprecedentesinsptaram um crescententimero de grupos tetris da nova midia que utilzavam a tecnologia ndo apenas como um recurso de iusio, as como uma téenica para difundirinformagao e criar no palco, pazagens conceit mente provocadorase visualmente senstais, Sete aluotes do Ro Ota (1994-6), de Robert Lepage, era um épco de sete horas que jntava projesdescomputadoriza das, seqincias de filmes ¢ estilos que iam da atvagio do bulé ao cabgue aos fan toches do hurr, Dumb Type, um coletivo de artistas, arquitetos e compositores Japoneses, criow uma estticahigh-teh inconfundivel que forneca uma mattz da realidade virtual aos performers, enquanto a Builders Association, em colaborag30 com of arquitews no-arquiros Bliaabeth Diller e Ricardo Scarido, cou espa 08 teataistridimensionais com arquitetura computadorizada, projegies de filmes © uma sedutora sonoridade ambiente Jet Lag (1999) explorava "a oblteracio do tempo ea compzessio da geografia” em dua histrias consecutvas que acompa nnhavam a misteriosa traetGra de tés viajantes — um deles por mar, dois por via aérea. Em ambas, 0 texo e a tecnologia proporcionavam uma estruturaritmica subjacente 3 obra Na década de 90, as performances com video eram quase sempre encenadias privadamente, apresentadas como instalagdese consideradas como extensies de agbes ao vivo. Essas obras nao tinham nada das inteng2es diditicas do material 1908 Foto de cena do ime -Nimaginagiofantesmogiica de Sereno Para arts, suse perermar mais antigo de Jonas ou Peter Campus, que explorava o corpo do artista no espaco eno tempo dentro de uma estrutura claramente concetual. Ao contrério 0s videos cde Matthew Barney ou Paul McCarthy comecavarn com uma letura extremamente original da cultura de massa e ca geografia norte-americanas, expressa em narra vas fantésticas, desconexas e dotadas de um rico imagindrio. Envelopa: Drawing Restraint 7 (1993), de Barney, exbida num conjunto de monitores colocados no cenito de uma galeria no Whitney Museum, Nova York, era uma demonstragio da iimaginago hiper-reaista de Barney que tinka mais a ver com sua propria visdo fin de-sitcle dos sexes humanos como uma mistura hibrida do que com qualquer exer- Cicio formal de percepcio espacial, Extraordinariamente vestidos como humanos- arimais de cascos fendidos, Barney e vérios atores criavam um universo de protagonists de contos de fadas de fone coraagia sexta cua mistriosa proge hie aparece em uma série de filmes-performances, Cremaster 1-6 (1995-2002) ‘modo muito diverso, as primeiras performances eas tltimas videoperformances de McCarthy (ele parou de fazer apresentagées ao vivo em 1984) revelavam seu faci fio por uma desbragada fantasia escatolégica infantil, Em Hambuinguer man (1991), ele usava sua parafemélia de Ketchup, mobilia, bonecas, leite e maionese, além de uma mascara de Alfred E. Neuman que combinava com o uniforme de um 186, Mathew Barney, romastr 2 Bumey explode em eau time de fone conteude senul cua axdo vanscore ras plonices do mato-oste norte orwohiGes form 0,90 Mes 185 Vanesea Gaccat, SHOW (VB 35) 198, um quadro va com cus Pras € meade auracao,vnte madeDs, que Ge igi, arco vsardo apenas patos Se sao 10, Guggenheim Muse, 186 Paty Chang, XM Esta obra Solo de endurance alan de esc), Chang fai parte de uma staacao de um program do 22 obras de joven artistas, que rs 1997, se Spresentavam smuitaneaente todas as Tarde de bac, durant guar nas, chef de cuisine, para criar uma performance grotescamente satiric, “Minha obra vem dos canais de TV infantis de Los Angeles", disse ele ao explicar seus trabalhos, |A montagem de cenérios extravagantes pata uma obra fotografica de grande porte foi um poderoso atrativo para os artistas da geracdo que se segulua de Cindy Sherman. Disfarces, fugas para o mundo dos sonhos, mundos habitados por gi- gantes ou centauros madernos eram criados com o tipo de atengio 20 detalhe ale- Borico mals comumente associado aos vitorianos do século XIX. Fantasistas dos 185 primérdios do século XI, Vanessa Beecroft, Mariko Mori ou Yasumasa Morimura [A ARTE DE DEIAS E A GERAGAO DA MIDIA: 1968 A 2000 215 abordam a performance ao vivo, as projegées de videa e a fotografia com o profis- sionalismo de ditetores de arte de comerciais ~utilizam artistas da maquiagem e tengenheiros de luz para criar performances ¢ fotos de performances que comen: fam a convergéncia entre a moda e a histéria da arte, Aten¢ao semelhante 20s va lores da producio pode ser encontrada na obra de Claude Wampler ou Patty Chang. Seus quadras vivos unem a consciéncia da hist6ria da arte performatica com uma estreita proximidase com a sensibilidade visual de seus pares das artes plasticas. Em Blanket, The Surface of her (1997), a formagio de Wampler em but, pera e teatro era evidente, Para 0 contetido, ela convidou oito artistas, inclusive Paul McCarthy eos designersViktox e Rol, para roteirizar, cada um, dez minutos de sua performance, XM (1997), de Chang, meselava a inquietacao da “endurance art dos anos 70 com 6 equilibrio de um fotograma de um filme de Sherman. Em uma galeria de Nova York, ela ficou varias horas com os bragos presos por costuras as la~ terais de seu casaco cinza, as pernas unidas por uma costura nas meias ¢ a boca aberta por um instrumento odontol6gico. A ambigua mensagem feminista dessa obra tornava-se ainda mais bizarra pela saliva brilhante que escorria de sua boca para sua roupa e seus sapatos ‘A centralidade da figura humana é fortemente evidenciada nas instalagdes ci rnematogrificas de artistas como Shitin Neshat, Steve McQueen, Gillian Wearing, ‘ou Sam Taylor Wood. Suas imagens cinematograficas, ue tomam Salas inteiras, e- metem tanto &criagdo de superfciestexturizadas, gue envolvem o publico, quanto & coreografiae 2 estrutura de um filme, eo que liga essas obras abs tims tinta ‘anos da histéria da performance é a presenga dominate de figuras em cimera len- +a, de dimensdes exageradas. Ao observar Orso (1993), alucinado filme em preto~ c-branco de MeQueen que apresenta dois homens nus lutando boxe, ou Brontos- saurs (1995), de Sam Taylor Wood, que taz um homer nu dangando freneticamente fem seu proprio ritmo, vém-nos & mente as performances de Acconci, Abramovic ‘ou Nauman, ainda que sua escala monumental Ihes d@ um qué de murais. Poe o- tro lado, aistas com os novos e minisculos equipamentos de video usam a cime ra como uma extensio do corpo, de modo muito serelhante ao que Jonas ou Dan Graham faziam na década de 70. Kristin Lucas usa sua cémera hi-8 presa a win capacete e filma a vida nas ruas enquanto caminha por Nova York ou TSquio, a0 passo que a cantora e videoartista Pipilott Rist prende sua cimera a uma longa haste, filmando de cima enquanto faz compras num supermercado em Zurique. Para ambas as artistas, © que elas captam e implictamente crticam & a cacofonia da metrépole, impregnada de midia, Boa parte desse trabalho é uma indicagio de qudo continua é a transigio entre performance ao vivo e midia gravada, transigao reforgada pelo facil acesso a com: putaclores, pela transferéncia digital de imagens ao redor do glabo através da inter net e pela répida polinizacao eriaada. de estilos entre performance, MTV, publi dade e moda, Nesse sistema infinitamente conestado, com sua capacidade de transmitir sons e imagens em movimento e pdr as pessoas em contata em tempo real, a internet é vista por alguns artistas e apresentadores como um novo e esti- mulante caminho para a arte da performance, Pranklin Furnace mantém um sit 216 A ARTE DA PERFORMANCE em Nova York para experiéncias pevfarmaticas, enquanto vérios artistas, inclusive Bobby Baker ce australiano Stelar, ciaram suas proprias paginas na web. Além disso, o e-mail criou uma ede mundial de informagbes sobre a arte da performan- ce: Lee Bul na Cora, MomoyoTorimitsa no Japa, Kendal Geers na Arica do Sul Zang Huan na China ow Tania Bruguera em Cuba, ¢ muitos cutros, podem agora set deta e instantaneamentealeangados através da web. A performance agora ‘O-crescimento exponencial do niimero de artistas performéticas em quase t0- os os continentes os iimeros novos vos e cursos académicos sobre 0 assunto ‘© grande nimero de museus de arte contemporanea que comegam a abrir suas portas& mia ao vivo sioindicios claros de que, nos proximos anos do século XXL 2 arte da performance continua sendo, em boa parte, aforga motriz que era quan- a exposiso Royal ‘eademy of Arts, Lonkes, was Kit BT Tot Tate, Nowa “rk, 1969, iby Michael. Futurist. Peformance. Novak, wr _acerba (Plreng),Publado 313-15 usta, Govan, Tate “hur te. Lausanne, 176 Marinet Filippo Tommaso. Selected Wats. Org RW. Fine. 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Art Terorms Life Merce Cneinghami Meredith Morh/Bi TJs, Clstogo de eposigio. Minneapolis, ‘soe Walker Art Center, Org John Hendics. nthe Spirit of Fane. Catslogo de Minneapolis Walther, Franz Erhard, ‘Asbeitn 1959-1975, Catalogo de exposigio.Sio Paulo, 197 INDICE REMISSIVO Abdoh, Reza, 202,203, Abramovic, Marina, 158,215, Acconc Vito, 146-7, 138,149, 210,215,217, ‘Acker, Kathy, 189 ‘ACT UP (AIDS Coalition to Unleash Power) 202 ‘Adorno, Olga. 123,171 ‘Akademia Ruchu, 188 “Albers, Anni 111 Albers, Jose, 111 ‘Altman, Nathan, 31 ‘Anderson, Laurie, 162, 180-1, 182,187,217 Andreievaa, Anna, 21 “Annenkov, 31 ‘Antin, Eleanor, 166 ‘Apple, Jackie, 166 ‘Appolinaire, Guillaume, 67, 168-70, 72, 79, 86 Aragon, Louis, 64 66,72, 75, 76,77, 78 ‘Arensberg Walter, 63, ‘Armitage, Karole, 192 ‘sp, Hans 46,48, 52-4, 61, 64 ‘Anaud, Antonin, 85-6, 128,375 ate corpora, 143, 146-9 Ashley, Robert 212 ‘Athey, Ron, 203 ‘Atlas, Charles, 192 ‘Arie, Georges, 78 Aatobiogratie, 160-7, Ay-0,123 ‘Azar Fedele, 20, Baader, Johannes, 60, Boargeld, 61 Baker, Bobby, 210,216 Balanchine, George, 192 Ball, Hugo, 40,41 4, 45-51, 525,57 Balla Giacomo, 4 8,12, 14,18, 20 Ballets Russes, 14 Barnet, 29 Barney, Matthew, 213 Bares, Maurice, 5-6 Barzun, Henn, 48 Bauhaus, 87-110, 11-2, 171 Baumgart, Morika, 150, Bausch, Pina, 195-7 Bean, Anne, 200 ‘Beckley, Connie, 174 Beecroft Vanesso, 214 343,210 Bileck,, Bob, 162 Black Mountain College, 111-2 Blast Theory 212 Blue Retter, 40 Blue Blouse Group, 36-8 Boccioni, Uibesto, 4,8, 17 Bock. John, 210 ‘Bogosian, Eri, 181-2, 204 Boltanski, Chistian, 166,298, Bonsdort, Edith, 85 Borlin, Jean 60, 85 ‘Brecht, Bertolt 60, 152,175, 195, Brecht, George, 117 Breton, Ande, VIN, 64, 65,71, 72, 75:8, 79, 80,86 Breve, Le, 190) Bisley, Stuart, 155, Brock, Bazon, 140 Bronson, A.A, 168, Broodthaers, Marcel 139, 187 Broan, Stanley, M4 Brown, Carolyn, 125 Brown Norman O, 114 Brown Tisha, 126,128 190-1, 15233 Bruant, Aristide 46 Bruce, Lenny, 181 Braguera Tania, 216 ‘ats 57, 60 Bras, Gunter 154 Brae, Dr, Ere Metal), 169 Byars, Gavin, 199 Bate 75 Bute, Luis, 199 Burden, Chris, 49 Buren, Daniel, 144-5 Burl, David, 21,23 26 Burk Vlad, 23 Burton, Scot 160| Burwell, ul 200 Buscher Alms, 87 ute, 197,212 Byars James Le 145 Byrd, Joseph, 122 Bye, Davie 192 CabaretVoltate, 4, 45-51, 523,55 Café Cachorro Sem Dono, Sao Petersburgo,23 Cage, John, 113-7, 124,128, 130,175, ‘Camus, Albert, 135 Cangiullo, Francesco, 8, 19 (Capek, Karel, 105, Caravaggio, Polidoro da, VINX (Carmelita Topicana (Alina ‘Tioyan), 202 Cam, Carlo. 4.6, 8,153 Cara, Ron, 167 Casavola, Franco, 14 Castell Luciano, 159 228 A ARTE DA PERFORMANCE CCattelan, Maurizio, 208 ‘Cendears Blaise, 46 ‘Cezanne, Paul, 72 Chaimowier, Mare, 167, ‘Chang, Patty, 214, 215 Chaplin, Charlie, 65 ‘Chapman, Jake, 210 Chatham, Rhys, 192 Cherepnin, 30 Childs, Lucinda, 126,128,131, 132, 183, 178 ‘Chowalhry, Maya, 201 (Chair Rene, 80-2 Clack, bya, 202 Clavel, Gilbert 12 Colette, 160 Colo, Papo, 202 Comiort, Jane, 195 Conrad, Tony, 123 construtivismo,VI, 27-8, 32-5, 96, 103, 171 Cooper, Alice, 14 Comer, Philip, 131 Corra, Bruno, 18 Cortez, Diego, 172 CCosey, Fant Tutti, 172 Cotton, Pal, 169 COUM Transmissions, 172 ‘Cowell, Henry, 114 Craig, Edward Gonton, 12 Crommelynck, Fernand. 35, ceubismo, 4,21, 34 Cummings, Blondel, 195 Cunningham, Merce, 113, 14-5, 115-7, 125, 126, 128, 130, 175,192 D’Annunzio, Gabriele, 1 ‘dada, VII-VI, 40, 52-64, 65-7, 71-8, 79, 80,86, 118, 171 Dali, Salvador, 86 Dancers‘Warkshop Company, 29-30 Dauber Theodor, 57 awmal, 85 Davis, Anthony, 190, 193 De Keorsmacker, Anne Teresa, 206 Dean, Laura, 183 DeAngelis, Rodolfo, 19 Debussy, Claude, 8 deGroat, Andrew, 178 Delaunay, Sonia, 77.78 Delford-Brown, Rhett e Robert 123, Delimar Vlasta, 204 Departamento de Pesquisas Surrealist, 78-9 Depero, Fortunato, 8, 12,18, 38 ermée, Paul, 72,78, 76 Derrida, Jacques, 207 Deschamps, Léon, 1 Desperate Optimists, 210, 212 Dessy, Mario, 18 Devere Smith, Anna, 204 Dewey, Ken, 125, Diaghilev, Sergei, 12, 14 ine, Jim, 117, 118,121 Divoirs, emand, 48 Doesbutrg Theo van, 78 Duchamp, Marcel, 63,67, 77, 80-2, 114 Dumbiype,212 Duncan, Isadora, 14,71, 129, Duncan, Raymond, 71 Dunn, Robert, 130 Duplessix-Gray, Francine, 116 Dupuy, Jean, 164, 171 Eckhart, Meste, 116 Eggelind, Viking, 64 Eichelberger, Ethyl, 184 Eiko, 197 Einstein, Albert, 178 Eisenhauer, Letc, 123 Eisenstein, Sergei 29, 36 Eluard, Paul, 64, 65,72, 74-5, 77,78 Emerson, Ruth, 31 English, Rose, 171 Eno, Brian, 172 Ephaim, Jan, 45,53 Epigonen, 189 Emst, Max, 61-2 cescultura viva, 138-9, 143, 157-60, 197-8 Export Yale, 154 ‘expressionism, 40, 42-4, 48, 59,88, 105, 154 ‘expressionismo abstrato, 132, 134 Exter, Alexandra, 27,36 Fabre Jan, 187, 206 Factory of the Eecentrie Actor (PEK), 36 Fagan, Garth, 201 Taleo Movimento, 188 Farina, Ralston, 170, Fassbinder, Rainer Werner, 188 Fobling Use, 99 Feininger, Lyonel, 87, 12 Fellini, Federico, 187 Fenley, Molissa, 193 erry Bryan, 172 Fields, W.C, 121 Filiou, Robert, 122 Filonow, Pavel 24 Finley, Karen, 184, 208 Flanagan, Bob, 202, lus, 122, 128 1. 17 Flynt, Henry 122, 123, Fogel, 29 Fokine, Michel, 44 Forced Entertainment, 222 Poregger, Nikolai, 28-9, 36 Foreman, Richard, 175-6, 190, Forti, Simone, 122,128, 130, 131 Foucault, Michel, 207 Fraenkel, Théodore, 65, 71-6 Frank, Leonhard, 48 Freud, Sigmund, 79,154 Froyer, Achim, 190 Faller, Buckminster, 114,115, Fuller, Loie, 14, 79, 129 Fulton, Harish, 187 Fusco, Coco, 202, Futurism, Vil, 1-20, 21,22-7, 31, 38, 86, 96, 18, 171, 176, De? 140, Galerie Dada, $1-6 Gesul, Bruce, 188 General ie, 168 Germier iin, 2 Gide, Andes, 72 Gilber © George, 157-8, 197 Gibert-Lecomte, Roger 79,85 Girouard, Tina, 156 Giass, Philp, 174, 178, 189-92 Gordet Robert, 138 Goethe, Johann Wolfgang, von, 22,87 Gogo Boys, 197 Golistein, Jack, 173, Golyechef,Efim, 60 Gémez- Pea, Guillermo, 202 Gordon, David, 128, 131 Gordon, Petes, 174,188, 190, 194 Gourfink, Myriam, 208, Gourmont, Remy de, 1 Graham, Dan, 130-2, 210,215 Graham, Martha, 114 Gray, Spalding, 187,208 Greers, Kendal 216 Grooms, Red, 18, 120 Gropius, Water, 87,89, 103. 107, 110 Groseh, Carla 97 Gross Sally, 3 Grose, George, 579,60 Guta, 122 Guilleminot, Marie-Ange, 208 Gynecologist, 174 Hadwiger Ese, 57 Halprin, Ann, 122,130 Hamilton, Anne, 207 Hansen, Al, 117,118, 121, 122, 13 happenings, 18-24, 128, Haring, Keith, 194 Hartmann, 4 Hatoum, Mona, 211 Hausmann, Raoul, 57,58, 60, ot Hay, Alex, 125,126 Hay, Deborah, 126,128, 131-5 Heartield, John, 60 Hecker 60 Hennings, Emmy 40, 45,46, 90,57 Henri-Maps, 71 Henay, Pier, 135 Hrerko, Fred, 131 Herrmann-Neisse, Max 57 Heusser, 5¢ Heyward, lia, 162-4 Higgins, Dick, 117,121,122 ill Gay, 207 Hille, Susan, 166 Hillard, john, 157 Hindemith Paul, 101-2 Hirschfeld-Mack, Ludwig, 94, 112 Hoch, Danny, 208 Hockney, David, 158-9 Hodis, Jakob van, 46,62 Holand, Fred, 194 Holst, Spencer, 31 Hoosenlatz, 54 Horn, Rebecea, 168 Huelsenbeck, Richard 46-8, 50, 52-4, 56.61 Huszar, 75 Huey, Aldous, 112 Hiyber, Fabrice, 208, Ichiyanag, Toshi, 122 hinsk, 28 Itten, Johannes, 87 cob, Max, 48,65 Jacques-Dalroze, Emile, 28 Janco, Georges, 46 Janco, Marcel, 46, 8, 50,54, 64 Jarry, Aled, 1-3, 48, 66, 68°71, 85,86 Jennings, Tery, 122 Jepson, Warner, 130 Jesuran, John, 184-5 Jeyasingh,Shobana, 201 Johns, Jasper, 132 Johnson, Dennis, 122 Johrson, Jack, 63 Johnson, Ray, 122 Jonas, Joan, 156,210 Jones, BilT, 194,201 INDE REWISSIvO 225 Jones, Ishmael Houston, 194 Joos, Kut, 195. Jadsan Dance Group, 190-3, 207 Ju, Sanksi, 197 Jung, Fran, 57 Kan, Keith, 202 Kanayama, Akita, 122 Kandinsk. Vass 48,46, 56, 87,101,108 Kantor Tadeuz, 188 Kaprow, Allan, 117-20, 121, 122,123, Kaye, Pooh, 171 Kelly, Gene, 188 Kelly John, 184 Kerkowius, Ma, 87 Cneboikow Vitor, 21 Kiesler, Frederick, 105-7 Kitby, Michael, 123 Klee, Paul, 44,87, Klein Yves, 134-9, 142 Kleist, Heincich won, 98 99 Knowles, Alison, 122,123, 171 Knowles, Christopher, 176 Kokoschka, Oskar, 42-4 Komo, 197 Kooning, Elaine de, 115 Kooning, Willem de, 115 Kosug fakesis, 122 ‘Kounelis Jannis, 159-60, 187 Kozra, Katarzyna, 204 Kreibig, Manda won, 97 Kroesen, Jl 172 Kruchenykh, Alex 24,26 Krystufek Eke, 203 Kubin, 44 Kublin, Nikolai, 26 Kubota, Shigeko, 122 Kugel, 31 Kul Oleg, 204 [La Fra dels Baus, 189 [a Gaia Scienza, 188 Laban, Radel! von, 28,29, 48, 55,103, 129 Lacey Suzanne, 166 Laforgue 48 228.8 ARTE DA PERFORMANCE Taeuber Sophic, $5 Taio, Alexander, 27,36, 38 Tanaka, Min, 197, Tallin Viadimie, 27 Taylor Wood, Sam, 215 Teatro da Miia, 187-8 Taro da surpress, 19 Telson, Bob, 199, “Tharpe, Twyla, 194 The Alien Comic (fom ‘Martin, 18 ‘The Clash, 171 ‘The Erasers, 172 ‘The Kipper Kids, 172 ‘The Moodies, 172 ‘The Theoretical Girls 174 ‘Theatre Solel, 188 Theodore Brother, 181 ‘Throbbing Gristle, 172 Ting Theatre of Mistakes, 153 Tirvanija, Risks, 208 ‘Tomachevsk, 24,26 ‘Tong, Winston, 168 Torimitsa, Momayo, 216 Trasov, Vincent, 169 Tudor, David, 115-6, 128 Teara Tristan, 46°8, 50, 52-5, 57, 62-4, 65, 71,72, 18,79 Ugwu, Catherine, 201 Diy, 155 Ungarett Giuseppe, 76 ‘Urban Bush Women, 207 Vaché, Jacques, 71 Vakhuangos, 38 Van Rees, 54 Vanel, Helen. 86 Varich, 31 Vautie, Ben 122 Veet, Berna, 165 Vitae, Rowe, 77, 79,85, 86 ‘Yom Estch, 99 Vostell, Wolf, 122, 128-4, 140, Wagner Rlchacd, 44,175,178 Walther, Fara Erhard, 150, Wampler Claude, 215, Watt, fy, 16 Watts, Bob, 122 Wearing Gillian, 215 Webber, Anina Nose, 139 Wedekind, Frank, 40-2, 46, 48 Weininger Andreas, 92, 9, 108 Werte, Franz 46 Wiest Richard, 158 Weston, Clare, 171 Whitenan, Robert, 18, 120, 121, 122, 124, 127-8, 131 ‘Wigman, Mary 55,108, 129,198 Wilde, Oscar, 63 Wilder, Thornton, 112 Wilke, Hannah, Tod Willams, Emmett, 122 Wilson, Anne, 200, Wilson, Martha, 166 Wilson, Robert, 175, 176-9, 187,189,192, 195 Winters, Robin, 172 Wolpe, Stefan, 117 Woodrow, Stephen Taylor, 198 Woods, fim, 166 ‘Welt Kathe, 64 Wuppertal, Tanzinester, 195 Yewreinov, Nikola 31-244 Young La Monte, 122,130 Yutkevich, Sengel 29 aid, Ai, 202 Zain, Armie, 194,201 Zang Huan, 216 Zhdanov, 39 2Ziranek, Sylvia, 200 Zontal, forge, 168 CREDITOS DAS ILUSTRAGOES Foto © Clausio Abate 138; Foto Olivier Barbier 179 © 1999 Matthew Barney. fotograma da produsio, Foto Miche! Jarmes O'Brien, cortesia Barbara Gladstone 184; OVanesa Beectot, cortesia Deitch Projets, Nova York, Foto Mario Sorat 185; Foto Tom Carravaglia 170; © Paty Chang, cortesia Jack ‘Titon Gatlery 186; Foro © 1985 Paula Court, Nova York, 117, 0 1984 152, © 1981 157, © 1980 158, © 1984 168, (© 1983 169, ©1994 176: Foto © Dance Museum Stockholm 75, Foto Olt Driadek 2,173, 174; Foto © Johan Elbers 156, 1987 171; Foto Gianni Foto 164; Cortesia General idea 147; Foto, cortesia ilbert © George 135, 136; Foto © Al ‘Giese 118; Foto Hervé ‘Gloaguen, cotesia Merce ‘Cunningham 113; Covtesia Dan Graham 130, Cortesta Marian Goodman Gallery 181 Soloman R. Guggeaeien Museum, Novavirk, Foto Robert F. Mates, ortesia Scott Burton 139; Foto Hana Hamplova,cortesia Tomas Raller 177; Foto Martha Holmes 110; Foto © Rebecea Horn 145; Foto Olan Hovey, cortesia Desperate ‘Optimists 183; Foto Seott Hyde 109; Foto © 1986 Jean Kallina 165, 166; Arquivo Kieslet, Colegio Mars Frederick Kielser 100; Giovanni Lista: Fuursme, Lage d’Homme, Lausanne 19739; Foto Nicholas Logsdail cortesia Dan Graham 128; Foto Robert Longo 152; Foto Wolfgang Lux 128; Foto © 1986 Dona ‘McAdams 159, 160; Foto ‘Babette Mangolte 114,134 153,155 (ortesia Trisha Brown 731, 132); Foto Lizbeth Marano, cortesia Julia Heyward 141; Colegio ‘Maitil, Milo 7; Cortesia do sli de Ana Mendieta e da aleve Lelong, Nova ork 175; Musée d'Art et d Histoire, Saint-Denis 1; Museo Depero, Rovereto 18,19; Foto Hans Namath 118; Foto National Fim Archive, Londkes 116; New York Graphic Society Ltd, Greenvehy Connecticut 46; Contesia Hermann Nitseh 133; Foto Elizabeth Novick, ‘ortesia Robert Rauschenberg 112; Cortesia Pat Olesako 149, Cortesia Luigi Ontani 138; Cortesia Dennis Oppenheion 126; Foto Nicholas Peckham 115; Foto Gerda Petterich, cottesia Merce Cunningham 106; Foto Keri Pickett 182: Colegio Massimo Prampolin, Roma Foto Guidott-Grimoldi 17; Colegdo particular, Roma 15, 16,20; Conesia Galerie Soar. Nice 180; Foto Eric Saal, Life Magazine © 1978 Time ine. 105; Foto © 1984 Beattie Seholer 167; Oskar Schlemmer Archiv, Staatsgalerie, Stuttgart, cortesia “at Schlemmer 1,87, 90,98; Foto © Patick. Selito 163; Foto Hany Shunk 119, 121; Foto Waren Siverman 143; Foto © arquivos SNARK (arquivos Marker) 72; Foto Herman Sorgeloos, Rosas Alun, © Theater Insti Nederland 178; Colegio Sprovier, Roma 14; Foto Bob Staziic,coctsia Image Bank 150; Theatrical Museum, Leningrad 28; Foto Caroline ‘isdll 124; Foto © 1984 Jack Vartoogian 174; Cortesia Wot \Vostell 177; Foto cartesia John Weber Gallery, Nova York 125; Foto Kirk Winslow 161; Foto ‘Aaarew Whittuck 182: Foto Les Wollam 114

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