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Rebelio Escrava no Brasil: a histria dos Mals em 1835 / Joo Jos Reis.

- Edio
revista e ampliada - So Paulo: Companhia das Letras, 2003. Pginas: 240-241:
provvel que ao longo da primeira metade do sculo XIX o universo ritual e simblico
das populaes iorubanas j estivesse fabricado conexes significativas entre filhos de
orix e filhos de Al. Nesse caso os amuletos representariam apenas a superfcie de um
processo mais profundo. Essas conexes se tornariam mais evidentes num perodo
posterior, quando os adeptos da religio tradicional passariam a reservar um lugar especial
para os muulmanos em sua mitologia, considerando-os associados aos orixs brancos
(funfuns), especialmente o grande Orixal (Oxal no Brasil). A cor branca do abad e o uso
pelos muulmanos da gua em cerimnias pblicas e rituais privados - por exemplo, as
ablues dirias do corpo e a lavagem do cadver antes do sepultamento - representavam
outros indcios de parentesco simblico, e um de seus elementos vitais a gua. Um grande
pano branco, coincidentemente denominado Al, o mais importante emblema de Oxal: e
sua festa maior conhecida como guas de Oxal. Mesmo certos tabus alimentares
caracterizavam os devotos de ambos os cultos. H a passagem de um mito de criao
segundo a qual Oxal teria cado em desgraa perante Olorum, o deus supremo, por ter
bebido vinho de palma. Por essa razo seus devotos no deveriam consumir bebida
alcolica, tal como no bebem os muulmanos. Por essas associaes simblicas e rituais,
os sacerdotes de If, o orix adivinho, passaram a identificar os muulmanos na frica
como filhos de Oxal.

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