You are on page 1of 1
' Fevereiro - 2001 a IBCCRIM ONLI Je) DE CIENCIAS CRIMINAIS ocr Tar Euan Coa erate aL ee Pr eee ra ce errr Pn een rec ean ey Pent ea rego Oe omy ace enter Prone eee aE) Para reat een eerie ry CEOs NT eee Em) aay Pea ee Cece ei ac Pee on ee tray Se os Pres cen mas PS een ORC] Encased OMe a Tee ae ee) ee ee Pop oer PaO Ta SELLA ea cee eee A wecriM. Maioridade Penal Poona kemasessente ROBERTO DELMANTO Brasil da minha juventude, hi qua fenta anos ards, era muito diferen: te do atual. Um Pais predominan: emente agricola, onde em nossas casas, dos eletrodomésticos ao carro, tudo vinha do exterior. Mas havia uma classe média forte, com alguns miliondrios, muitos po: bres, € verdade, mas poucos miserdveis Na cidade de $20 Paulo no existiam fave. las © a criminalidade violenta ndo era fre iiente, Viam-se poncas criangas abando. nadas nas tuas, Hoje estamos entre as nagies mais indus trializadas do mundo, mas, paradoxalmente, temos um dos piores indices de distribuigio de renda, $6 superado, segundo a ONU, por Burundi, um pals da Africa. A classe média tempobreceu, os menores pedinies ou infrat- res proliferam nas esquinas ¢ os miseriveis aumentaram muito, Ha uma grande diferen 38 entie pobreza e mi séria: na primeira pode haver d segunda As elites da minha seragio fracassaram ¢ como resultado, temos tum Pais desequilibra do socialmente e com assustador aumento da criminalidade violen- ta, principalmente in fantojuvenil ‘0 Globo Re conheeido programa de televisio, ha algum tempo mostrou 0 que de maravilhoso tem Feito a vizinha Colém. bia, esse pais do qual s6 ouvimos falar sobre drogas, com os jovens infratores. Alojamen: ‘os limpos ¢ dignos, atividade educacional fisica e de lazer, com a presenga constante do juiz de menores, 0 que, mais tarde, me viria 4 ser confirmado por minh amiga, a ilustre ia Pimentel, que la esteve.E, fem vergonhosa comparacdo, © mesmo pro- ‘grama exibiu as nossas malfadadas Febem's, com os menores amontoados em celas ¢ dependiurados em suas grades. Nos Estados Unidos, hd sete anos a mi nistra da Justica Janet Reno implementou am plano nacional ripido, barato © exeqi vel mesmo para um pafs como 0 n0ss0. Construiram-se, nas periferias das. gran © médias cidades, pequenas quadras de es- Portes, um local para os jovens se reunirem. © resultado foi surpreendente: os indices de criminalidade na faixa etéria de 12 a 17 ‘anos chegaram a cair até 7%, caso de San Diego, na California, No Brasil, além do aumento das penas ¢ do maior rigor no sew cumprimento, que @ Lei dos Crimes Hediondos i mostrou nto ser solugdo, fala-se, mais do que nunea, em diminuir 2 maioridade penal dos atuais de zoito anos. Alguns propoem dezesseis, ou ios quatorze e, recentemente, um dept federal apresentou projeto de lei estabele dade; na professora $i S———— “As elites da minha lado, geracdo fracassaram e, como resultado, temos um Pais pode desequilibrado socialmente e com assustador aumento da criminalidade violenta, principalmente infanto-juvenil.” ccendo a maioridade penal em apenas onze Certamente rio ¢ esse 0 caminho para salvar nossa infincia © juventude, que deve Fla ser_a prioridade dis priorida conseqiiéncia, restabelecer a tranqiilidade social ‘Acredito que a inimputabilidade dos me- nores de dezoito anos, prevista no art. 27 do ‘Cédigo Penal, no deva ser alterads. Trata- se de critério puramente biolégico, que ainda hoje se justifica porque, queira-se ou nio, 0 menor de dezoito anos nfo tem personalida- de ji formada, ainda ndo aleangou a matui dade de carat {As atuais regras do Estatuto da Crianga e do Adolescente, a0 estabelecerem que 0 pe. riodo maximo de intemagtio do menor a0 121,83 eque 4 liberacao sera compulséria aos 21 anos de idade (ar. 121, § 5°), no sto, por outro justas. Com feito, 0 menor que mata para roubar na vétpera de comple: ficar interiado de alin- com quinze anos, de fr ser liberado n0 poder enceder a trés anos (a Como solugiio mais equilibrada, ja tive oportunidade de, no Codigo Penal Co ‘mentaddo” do qual sou ‘com Celso, Roberto Junior © Fabio Del- manto (5 ed., Renovar, p. 53), propor que jonais praticados dolosamer te por menor dos quais resullasse morte ou lesto gravissima, o limite maximo de inte naglo e o prazo para a iberagio compulséria puddessem ser razodvel e proporcionalmente dilatados. Mas sendo sempre inferiores aos prazos de pristo previstos na legislagio pe nal para os maiores de dezoito anos, em situages_ semelhantes E, logicamente, em estabelecimentos nada’parecidos com as atuais Pebem's, A proposta por nés langada endossada por meu amigo José Carlos Dia fem sua eurla porém marcante gestio & frente 40 Ministério da Justiga, mas, com sua saida, facabou esquecida, Nao seria 0 caso de se voliar a debaté-k ao invés de, absurdamente, propor a redug da maioridade penal para onze anos. ou. aqui algum tempo, para dez, nove, ¢ assim por diante? ——=— © autor ¢ advogado criminals, cexcvice-presidente da Associagdo dos ‘Advogados de sao Paulo e exrmemro do Consetho Estadual de Poltica ‘criminal ePeritenciaria Boletim IBCCRIM - Ano 8 - n° 99

You might also like