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HELIO OITICICA ASPIRO AO GRANDE LABIRINTO vey sEikeDo LYGIA PAPE, WALT SALOMAO i Kewen Rio de Janeiro — 1986 Copyright © by Pajero He Otica ‘tas Vasande cea, 44 Ge 4s EPSON Rode lancro Tas Pred Braces no Basi ANAMARIA DUARTE, oscar GUiLERME LOPES ENRIQUE TARNAPOLSY aa 6655 031 INTRODUCAO. © Projeto Halo Oiticica, dando seguimento aseus objetivos enquanto preservacao e divulgasao da obra de Helio Oiticl- 8, elaborou este Volume, que & formado de uma selecdo de textos bisicos do artista, correspondentes a sua prodigl0 fee os anos de 1984-1969, “Acreditamos que &publicacdo destes textos pela prithei- ra ver, podera contributr para um contato mats aprofundado Ao leitor eespeciador com a obra do artista 'Na tradigao moderna das Artes Platicas, temot &em plos de como foi importante, para alguns artistas, a elabo- ago de textos onde 0 processo ¢ universo ctiativos do arts ta sdo.demonstrados em proposigd0 teoricas e miilas vezes também poétieas. Desde os escritos dos construtivstas, 0s manifestos das vanguardas do inicio do século, aos textos de Mondrian, Arp, Duchamp, este lesado tedrico permanece como formulagio profunda ‘de cada artista em relagdo & propria obra, e como visio de mundo. Hiélio Oiticica ¢ um dos casos raras na arte brasileira on- deo artista elabora torias, conceitua e pensa-a propria obra. “Assim o fez desde os anos de apréadizado e desenvolveu uma forma-propria como sua podtica, ao longo de toda a sua tra jetoria, Para Oiticiea, esefever fol inicialmente umm meio de NTxar” questOes essenciaisno campo da arte e isto esta bem claro em Seus primeitos textos, curtose ainda sob a forma de didrio. Oticica participou ativamente de um dos periods sais fortes‘da erica de arte no Brasil: os anos neoconcretos 5 |A propria produgao de obras nesse periodo demandou, por parte da ertica de arte, uma conceituacdo inteiramente Yol- fada para as questoes novas que as obras apresentavam, di S0 resultando uma feliz impregnagzo entse obras e ideas, ‘que nstaurou uma nova maneira de ver e sentir a obra de ar [A Bxperiéncia Neoconcretaestabelece rigor eticoja- ‘mais visto na arte brasileira, tendo surgi teoriasepostul {dos proprios que a fuadamentaram como 0 movimento que Supelavs guesbescoufttancs ave moderans Wadigas onstrutivsta sofreu aqui sua mais radical ransformagao. Finda a Experiencla Neoconereta fenguanto movimen to), Otis, em erescente produgdo e descobertas, ava Seu Potencal tebrico que ia viseralmente acompantar cada Sora e invengdo, A partir de 1960, teoriza e conceitua $rOpria obra se durante o periodo Neaeoncrefo as obras no Ieades por ele mesmo como Bilaeras © Relevos Expacais Stvavantse dentro da conceituapao e leoria Ngo Objeto de Ferreira Gullar, 2 produgfo seguince inaugura “‘ordens de ‘maniestages ainblentals", com a ctiagdo de Nicleos © Pe= hetrdvels, acompanhados de textos espesifios esttos pelo proprio Oiticet. Nomeando cada descoberta e dandahe Eonceltuagdo especifica, adguire dominio e controle Total Sobre sua produsdo. Intensificando essa pratica, val ‘esenvalvendosse¢ efinande-se como tebrico e, nes pro- ress, eserever passa ser uma forma a mais cm su ex Pressoy a ponto de obra e texto caminharem juntos & par= Ur de entao, ‘Nomear cai de madera, viros, garzafBes com pig- rmentos terra, capas para stem colocadas no corpo e esa dartes de Bdlide« Parangolé& etabelecer, na bropria magia do ome, a nguictagao € pulsayao da obra. A palavra Po ‘angole ido designa nada de imediato, nao “slessifica™ ‘bra e ngo nos condur sendo a0 “lugar” no qual a obra se funda, O texto Bases Fundamentals para uma Definigdo do PPrangole" © uma explanaydo. que em nenhum momento pretends ihustrar* ou tornara obra compreensivel ave Ie ear, pelo contrary dstingue-eassnala sua ingvagdo, ofe- {eeengo a0 eitor muliplas ramificayBes de siglicadon. "Conseiente de que suas obras cadaver ras desencadea. ‘vam quests novas dentro da arc, Oita passa a eoriear Sobre\o que produr como estratégia calculada contra 6 arene eeeeeeee possiveis tentativas de “classific-las” ow reduzislas a Estos contencionis. pica um xem claro dso. 5 textos que esceveu sobre esta Obra so presisos quando definem sua eEneree significado, mas insisentemente ale tam para. que Tropidla nto Helio Oiticicapensava a propria obra, ¢ 0 mundo. Araves de seus tetosdisctia¢ partcipava dos problemas 4a arte brasileira como pensador aliviet, vislonando ques toes inédias,rebelando-re contra confortismoslocaistas {Testagnacdo cultural dominante no meio ds ates, No texto Jntulado "Esquema Geral da Nova Objetividede™, for uma espécie de “balance” de toda expresso nova no’ Brasil © Spontourbe possibilidades universas. Em 1968 propde ¢ organiza spocalipopétese(concelto de Rogerio Duarte) como manifesiagto colctva eatirma ain. da mais suas proposigdes de "manifestagces ambiental iniladas com 9 Parangol. Em 1969 relieaem Londres seu ais ousado e ambcioso projto até enldo: ma expongao due no chamnava de exposicto, mas de Whitechapel Expe- ‘Hence, um experimento onde eolocou toda a sua produgao ‘é aquela data, um compus de experiéncias que chamou de Eden. E 0 iniio de sua atdagao iternacional¢ de extensa divulgacao ‘de sua obra e pensamento no circito. Parse Tondres'¢ Sepuidammente Neva lorque, Acompanha esta cdigao uma facsimile do catdlogo da i hitechopelExperien Se, Gon congerafia © tovos txts reference fodn obra Produzida ate-entdo e'0 texto do citica Cay Bret, que [presenta eanalia Edenem comestouniversal © (0 textos-que encetram este volume, esritos na In slatera,tragam percurso importante e prenunciam 0s novos Eaminhos a serem petcorridos no GRANDE LABIRINTO. LUCIANO FIGUEIREDO Rio de Janeiro, abril de 1986 ss ARTE AMBIENTAL, ARTE POS-MODERNA, HELIO OITICICA. Hoje, em que chegamos ao fim do que se:chamou de “arte ‘moderna (inaugurada pelas Demoiseles d’Avigron, inspi- Fada pela arte negra revem-descoberta), os criterias de eo para a-apreclacdo Ja ndo sto os mesmos que se formaram, ‘desde ent fundados na experiéneia do Cubismo, Estamos, ‘agora. em outro ciclo, que ngo & mais puramente artstico, ‘ma cultural radicalmsnte diferente do anterior, e iniiado digamos pela Pop-at, A esse nova ciclo de vocacda antiare, chamaria de “arte moderna". (De passagem, digamos que testa vez o Brasil participa dele ago como modesto seguidk ‘mas como precursor. Os jovens do antigo Concretismo © so” "bretudo do Neoconcretismo, com Lygia Clark a frente, sob ‘muitos aspectos se anteciparam go movimento da Op e mes: ‘mo da Pop. Helio Oiticica era 0 mais jovem do prupo.) 'Na face do aprendizado e do exercicio da “arte moder- nna”, anatural.virtualidade, a extrema plasticidade da percep (do, de novo explorada pelos artistas, era subordinada, disc- plinsds, contida peta exaltagao, pela suprematizacao dos va- {ores propriamente plsticos. Agora, nessa fase de arte na tuaead, de arte antiarte, de “arte pés-moderna’", da-se 0 in verso: 0s valores propriamente plasticos tendem a ser absor ‘ido na plastid day orrutras percepts estan. fas. E fendmeng psicologico perferiamente destrinchado 0 {ajo de a plstiidade perepiva aumentar sob a inivenia das cinogdes ¢ dos estados de afetividade. Os artistas va fuardeiros de hoje fogem dessa influgneia, como os classicos 9 do modernism, e muito menos a procuram, dliveradamen- te, como 0 faziam 0s subjetives fomanticos do “expresso. ism absteato™ ou “lieo"™ Nao & a expresividade em si fue ieeressa 4 vanguarda de agora. Ao contrary ela teme dima de tudo o sljetiismo individual hemetco. Dal a ob ‘tividade om sida Pop, a abjetvidade para s da Op (nos Es- fados Unides). Mosme a "nova figuragdo™, onde os restos de'sbjtmg ae anna, qr asia ado naa passaradiante ura mensager, lia ou coletiva, e quando Individual, através do humor, . (0 jovern Oitcia jacm 1959, quando pelo mundo domi navala vaga romantica do informal edo tachisoo, indiferen- te tmoda, shandorara o quadro para armar sev primeira bjetivo inate, ou elev ho espago, num monocromsme Miolento e franco. Tendo partido naturalmente da gratulda dos valores plasticos, ja hoje rara ene os artistas Vanguar= deirosatuas, se mantem Tel aceles valores, pelo rigor e tratural de seus objets, 0 disciphmamento das formas, a Suutosidade das cores e combnagdes de materia, pela Par reva em suma de suas confecybes. Ble quer tudo belo, impe- avelmente puro eintratavelmente preciosa, como um Mais Seno esplendor de sua arte de “luso, calma e voluptuosida- de" Baudelaire das Flores do Mel ¢ talver 0. padrinbo Jonginguo desseadolescentearstocritso, pasita da Nan. fei (em conto 0 senso cristo do pecado do poeta mal. Sito). O aprencizado concretista quaseo impedia de aleangar o'extgio primaver, ingenuo da experiénea primeita: Sua fxprestdo toma om carkter exttemamente indvigualsta ey 0 mesmo tempo, val até a pura evaltapd sensorial, sm al. ar no entanto 0 séio propriamentepsiguic, onde se da a passagem 4 imagem, a0 sgno, 4 emoydo, sconscicacia Ele ortou cere essa passagem, Mas seu comportamento subi mente mudow: um dia, deisa sua torre de marfim, seu Gstiio,« integra se na Fstagdo Primeira, onde fez sua i ‘Sago popular dolorosae grave, aos pés do morto da Mat {uira, mito carioca. Ao entregar-se, ent80, a um verdadeiro to de iniciagao,carregou, cnifetanto, consigo para o samba da Mangucira ¢ adjacensas, onde a "barra" ¢ constante rentepesada’, seu impenitentenconformisme cstetico, Deixara em casa 08 Relevas e os Nicleas no espago, prosseguimento de uma primeira experiencia de cor qe 10 ne chamou de penetrével: uma construg4o de madeirs, com porta desliante, em que o sujet se fechava em cor. Tnvadia-se decor, sentia 0 contato fisico da cor, ponde: rava a cor, tocava, pisava, respirava cor, Como na experi: a das bichos de Clark, o espectador deixava de ser um con- femplador passivo, para ser atraido a uma ope que nao es tava na area de suas copitaGes convencionals cotidiana tas na dreads cogiagdes do artista, ¢destas pariipay hhuma comunicaglo dita pelo gesto e pela aedo. Eo que Gquerem hoje os artistas de Vanguarda do mundo, ¢ & mesmo ‘Simovel Secreto dos happenings. Os Niicleos sao estruturas Varadas, placas coloridas de madeira suspensas, tragando lum camino, sob um teto quadrilatero como um dossel. A cor ndo esta mais wancada, mas no espaco circundante abra- Sado de-um amarelo ou de um Taranja violento. Sao eozes: Stubstncias que se desgarram e tomam.o ambiente, e se res: ppondem no espago, como a carne também se colore, os vesti- {dos, os panos se inflamam, as everberagdes tocam as coisas. ‘Gaimbiente arde, incandescent, a atmosfera é de um precio sismo decorative ao mesmo tempo arstocratico e com algo {e plebet ede perverso, A violencia da luz e da cor evoca, pporvezes, a sala de bilhar notivaga de Van Gogh; onde ever” beram aquelas cores que para ele simbolizavam as “tersivels palxdes humanas"™ ‘Arte ambiental & como Oiticica chamou sua arte. Nao ¢ com efeite outra coisa. Nela nada ¢ isolado. Nao ha uma fbea que se aprecte em si mesma, como um quadro. O con junto perceptivo sensorial domina. Nesse conjunto eriou © artista uma “hierarquia de ordens” — elevos, Niicleas, ‘Bolides (caixas)¢ capas, estandartes, tendas (Parangoles) — “todas dirigidas para a criagdo de um mundo ambiental” Foi durante'ainicagao a0 samba, que o artista passou da ex” perigncia visual, em sua purera, para uma experiencia deta fo, do movimento, da fruigto sensual dos materiais, em que © Sorpe inteiro, antes resumido na arstocracia distante do Visual, entra como fonte total da Sensorialidade. Com as cal- xas de madeira, que se abrem como escaninhos de onde uma luminosidade interior sugere outras impressoes e abre pers- pectivas através de pranchas que se deslocam, gavetas cheias Ge terra ou de pO colorido que se abrem, etc, € evidente faguela passagem do dominio das impressdes visuais im pressGes hapticas ou tatels, O contraste simultaneo das cores u passa a contrastes sucessivos do contato, da friegde entre Sblido elquido, quentee fio, liso e rigorosa, dspero e mae fio, poraso e consstente. De dentro das calkas saem tela Tu {gosas coloridas, como entranhas, gavetas se enchem de pO, € depois si0 0s vidros nos primeiros dos quais ele reduzi0 & ora puro pigment. Os materiis mais dversos se sucedetn, Uijoto amassado, 2n¢c8o, terra, pigmentos, plastica, telas, carvo, gua, anilina, conchas trituradas. Hi espelhes como base de nuileos, hd expels no interior das caixas para no- vas dimensoes espacias incernas. De uma gorrafa de uma Forma caprichosa, como uma licorera, cheia de um liguido verde translicido, saem pela boca do gargalo, como flores atificiais, elas luxutiantes porosas, amarelas, verdes, de win presiasismo absurdo, £ um desatio inconsciente ao gosto r=. Finado dos estetas. A esse vaso decorative ingdlilo, chamou de Homenagem a Mondrian, um de seus deuses. Sobre uma mesa, aquele Trasco, em meia slaquelas cainas, vidros, hcleas, tapas, & como uma precensto deluxo a luis XV, ‘hum interior suburbano, Unia das eines, das mas surpreen: dente ebelas,o interior cheio de circunvolugdes irsadas (te Jas)€ luminado a uz neon. A variagde desses bolides em ci sas ¢ em,vidros & enorme. Como que-deixando 0 macrocos- ino, tudo agora se passa no interior desses Objetos, L0cados deumva vivenciaestranha, Dir-seria que o atista passa as mos que tateiam ¢ mer ulham, por vezes enfuyadas, em pd, ein carvo, em con- Shas, a mensagem de rigor, de lux0 e esaltagio que a visa0 hos dava. Assim cle dew @ volla toda ao circulo-da gama Sensorialtéct, motora, A ambignsya € de saturagao viral, sensorial. O artista se vé agora, pela primeira ver, em face de ou tea reaidade, o mundo da egqneeiencia, dos estados de alma, © mundo dos valores. Tudo tem-de ser agora enquadrade hum comportamenta signifieativo. Com efeito, a pura ecrua fotalidade sensorial, t2o.deliberadamente procurada © (30 decisivamente importante na arte de Oiticiea, @afinal mare: Jada pela (ranseendéncia a outro ambiente. Nesse, 0 arisa, maquina sensorial absoluta, bagueia vencido pelo homer, Cconvulsivamente preso das paixdes sujas do,ego e na trigica Aisltica do encontro social. Dis, entdo, a simbiose desse textremo, radical refinamento estetico com um extremo rad talismo psiquice, que envolve toda a personafidade. O in. 2 Le ! ? conformismo estética, pecado luctferiano, e o incon forms fe funders. A mediagao para Ees‘ambiote de doi Sola desamba de Mangucira Eresao dese incosformismo absoluto & a sua ho smenagem a "Cara de Cavalo™, verdadero monumento de hence belosa paca, para agua or alors plastics por itm nto foram supremos, Cala sem ama, eaberta puck mente por oma tela uc prise levantar pa se er of Sot erada nas sss pees intros com renin {Sto apaesda nor jormss ex pen, cm ee “Cara de Cava Jo" aparece, deface, cavedo de bass, a co, bragosaber- tos como wim erino cusicado, Aqui @ conteido emoso~ tal qneabsorveo artista, east fs agora em palesras. 3 i cutro Boies o pensaimento, «ems tnham extravasa~ ab dacarapacadecorativae sensor sempre mageiica para Sxltarse ium poem de amor escondio a dentro, sobre Smcorim aul) A beeen 0 peeado, a revota, amor 803 Ste dese rayac um sceito now a arte brasira, Nao Salaam adttocaagbes moras; Se querem antccedenics, tl Nerenetejaum, Helio éneto de anarausa ‘MARIO PEDROSA Rio, 1965 31 de marco de 1954 Observando como a formiga desviava a povea distancia ‘do meu dedo, resolv experimentar 0 seu radar. Pus 0 dedo indicador cortando a direcao em que ela Quando chegoua certa distancia do dedo, © ponto de dessio com o lapis e onde o' meu dedo estava, amber. Fiz o mesmo com o polegar. Observei que a distin cia entre o ponto de desvio ea ponta do dedo é igual a distin cia da falanginha 3 ponta do dedo. Logo, o ponto de desvio ‘20 se aproximar do dedo indicador & mais longe do que o de- 0 polegar, pois distancia da falanginka 4 ponta do dedo {do F2 é maior que a do segundo. O desvio da formiga do de- {49 médio seré maior ainda. Sendo estas distancias da falan- sinha & ponta do:dedo do sujetio a ume proporeto exo 3° elemento éa falangeta, deve-se dar também com 0 desvio. Novembro 1959 As formas origins vém do incomensurévelinfiito scram Lodas as outras, Sto estitias, pots as staticas pos fem mais forea Sao simetreas e ranseendom a tudo que se pode imagigar. Concretarienteo ereulo se enqusdra nests Principos. forma ranscendente por excelénca:€ enn Sadora do mais profundo silencio, ¢ a sinters do proprio Cosmos: por isso, poss um extraordindrio vigor. Is embro 1959 8) A osigao da arte em para o serait 48 AH £0 nosso sésulo tend totalmente i quter achar ccna age aaro daria pa aes ami. tstnco Noam PATO Metalic: as mean oa ue miss representa o Metafien smo, de dentro para fors. Se ag = ‘mesmo com duas qualidades diferentes, ou tons, pois que tom aqui € qualidade, ¢ 0 mesmo € a luz. Chego assim pela ‘cor a concep¢ao metafsica da pintura. A esirutura ver Jun- tamente com a idea da cor, e por isso se torna, ela amber, temporal. Ngo hé esirutura a priori, ela se consir6i na ago ‘mesma da cor-iuz. Essa pintura ¢ fatalmente de planos, pois so puros em essencia e carregam mais essa duragio. A tex: {ura ndo entra como elemento, adul, a nfo ser como qualida- de de superficie. A textura elemento & nociva, pois nZ0 pos sui duragdo; ela divide, ilu a superficie. Quando se texture luma superficie, o que se quer € transforma a duracao em pe- {uenos pontos que se sucedem assosiativamente, perdendo ‘esta o sentido. A textura é um produto da inteligéncia, e rara Yezda intuigto, Natal de 1959 L.cio estas palavras proféticas em Mondrian: “What isertain, i that there is no eseape for the non- figurative artist, he must stay withio his field and march wards the consequence of his art. This consequence brings us, in a future perhaps reinote, towards the end of art as a thing separate of our surrounding environment, which s the actual plastic reality. But this end is at the same time-a new beginning. Art will not only continue but wil realize itself ‘more and more. By the unification of architecture, sculpture and painting a new plastic reality will be-created. Painting ‘and Sculpture will not manifest themselves as separate ob+ jects, nor as “mural art” or “applied art but being purely Consiructive, wil aid the creation ofa surrounding not mete- ly utilitarian or rational, but also pure and complete in its Deauty.""* ‘tr, felt ests ua nove rena ples eth ecnde A pure cue ‘a se mun om tors, mom ora See bit em sorb 1” al See BMeio 1960 isnot aonadesesaecenca i empor eo iapolier avonaie sian aor es | Soa tng eno pra’ po = cia lo ““plaio do quadro”, vem entao a Rogdo ae fempo. ee Lae dimensiio ¢ possibilidades 4. criagso re i TERS ieee ae Ss Sn dn eer oy fait iees miataraamse eget era Sou his ete ie ems er nd a Junho 1960 problema da cor ¢o sentido de corsempo vémine pfeocupando obsessivamente, into que.€ preciso uma revi- fo dos principals, problemas da cor no\ desenvolvimento artstico contemporaneo da pintura. Sem duvida neahuma, 4ap6s a revolugdo impressionsta e as experitncias sinttistas de Seurat, o que nos vem & mente, como uma revolusdo in portantissima na cor, slo as experiéncias de Robert Delau hay, que descobri 6 agora e posso considerd-las como avbs do problema de cor-iempo. Delaunay, em toda sua atcibu- ladissima jornada de pinto, Iegou &pitura um novo sentido através da independéncia da cor, adquirida gradativamente, Deparo, estupetato, num a sta com uma de: claragdo sua: “A natureza jd ndo & mais um motivo de des- frigfo, mas um pretexto, uma evoceedo poética de expres: st, pales toy colorido eS orden pelos contais iuhneos. Sua orquestragio cria arquiteturas que se de= Senrolam como frases em cores-e culminamm numa nova for- ma deexpressdo.em pintura, na pintura pura.” Inter-relagao das artes [A medida que a pintura se vai ndo objetivando, vai per? endo suas-antigas caracteristcas ¢ omando outras de ates diferentes. A pintura do nosso século passa por uma desinte- sagdo de suas caracteristicas anteriores e toma outras, a onto de ja nao se poder chamar “pintura’” determinadas Obras. A caracterstica principal dessa inter-relagao da pint ‘a comm outras ates &.a destuicdo do espaco representativo e fa sua ndo-objetivacdo consequente. Kandinsky-¢ 0 primeiro 4 procurar relagdes da pintura com a masica, mas no re- lagdes transpositivas, como, p.ex., transposicao de temas musicals em imagens plasticas, tradugao de temas musicals, ‘mas sim uma relapdo intrinseca, selacdo de pintura pura, do: nna de seus elementos. Para Kaidinsky, esse elemento musi- fal, a sonoridade da cor, como costumava dizet, € 0 verda- Aeito elemento de ndo-objetivacto da sia pinturs, e por isso ‘mesmo toma uth sentido de absoluca impertancia,akamente transcendental, eixo mesmo de sua obra, Cria ento uma ver~ dadeira plastica nova dessa.concepeo musical, em qUe 05 9 elementos inka, 0 BOM, plan eo se entelaga ri Gum proceso conrapontiniso, Havig a unig eg oo ‘aque eke chamavaesprtual;a musicelidnge eee eae ebietvidade, essenca. Ba esirutra interna dpe oe Suprema, sevestels espe nbn ds uy conporitcago. A mates sinponcracen seamen da tae da tor vida inert oaen 9a antroporndrfica ou espiritual (Kandinsky): meal ee uuspondsct ou pal (Kangily ree ae mento da sca: Gulste al, menos expreea arias see nage sa, Primatias te, wimavias ete), mas os que ihe seguram'as tonal Seen 2, € 0 que era universal voltou a se tornar novanonne a) oat ate Para expressar sentimentos individoais fo feats), gstereotipagdes, automatismos etc. A arte dent age londrian (chamada “abstrato-gesogeccct® ‘mportincia, principalmente para gs He 0 camino Iniiado pelos andes 20 mestres do piincigio do século, nao paitatido certes Drincpios, mas mergulhando no desconhevido, tentando de ‘Sentro para fora a iniegragdo do cosmos (interior) ea obra (Gialeticny.E precso'afetomada da purera e uma grande fe, ‘msi mesmo eno homem, se bem que ni mesmo ehomem (e ‘Sham que se tornar um sb, Todo vsivel € antes nvisivel A Med oinvitel ase orn vive to como am pase de magica, mas pelo prbpro fazer do arta com a materi, que fornd a obra, Terminada a obra fica nela 0 movimento do cs tempo vital, tempo total, onde fm e ae conitadigoes sho apenas Polos de um 50 processo, o procesio cbsmico, miste0 pr Ineiro de que a obra dearie¢exempl. 4 de eteinbro de 1960 ‘Armen ver a quebra do retingulo do quadro ou de qual- quer forma regular (ritngul, efele ee) 2.8 vostae de era dimensgoiimitada& obra dimensto infin, Esa fiucbraylonge de ser algo superfiiay qucbra. da forma oni Sin tanaformsto xara # be. sea.ae fazer mo espago, mantendo coetnci interna de {eu clomenton, rganimicosem sua relag, sina paras. Sago fe cuss latte e a obra nave temporaimente. A Sineke despite temporal, Esa imensdo yma da obra € tim elemento important, tales 0 de mator anscendénca; ‘es planos esa ds defnidon, Ja possuem essa independ Saale do limite e pla mancia qu eorganieam, or nitamentee cm tnsda constant, com una Sonordade ine mngrave, revlam can mensdo, qu, comme es eimensBes de tia obra de are, nfo € so dimetsdo fisica, mas uma dimen- Sovgue €compliads na rlagdo da obra com 0 epetader. ‘8-forma’ no pois o plano deimiado,e sim a rlaeto Snir etrotera ocor neste organismo espacio temporal Esse nsetoerrado de forma crow e continua cia inimeros Euivocos.tasendo na concspedo natura pars uma {Sdsspia de neturalismo,ndo-ebjetiva ‘R obra nfo quer ligt o homem ao cotiiano que ele re fiugnod,coneiia © temporal com o eterno, e si tansfor- Thur sie canoe temo, achando a eernidade na tem: Poralidads Antes ohomem medtava pel extateaio, e078 a le seenvolveno tempo, achando.o sey 0 8 obra cut tcrporaltade- Ease temporalad, pore, fo pe viveacad corer alana comes em Gute et! athe Se an) Abra deste abn pol ae Ines, quando arelato orga de seus erento € ea ioelntaradn ose ut sos adage fantom a ae Cone a ehomem pose ate vous, eu movimentoe vera lament ines ica rin coomic pode interna, organimea, aun iostempo, us mPorai 6 de setembro de 1960 Abra nase de a penas um toque na mater ‘matt de oa mina va penance a coma ‘aransforma em expresso ¢ nada mai m sopra: ‘sopro interior, de plenitude cosmic isso ndo Ra obra, sae nro ele cumin Fordson oe de setennbro de 1960 ar sea ae ota © ze isce um contetido; conteddo indeterininada, ine irae "Ean enter it Boa tt ee mento criativo, com a obra. anna 11 de setembro de 1960 tue aro o movimento ceativa, Presi da hess mes scravizar por ela € preciso mo- com isso no nos deixamos e te sempre novo} far-se. ‘Sfmentaro limitado, que € nascen ‘$de outubro de 1960 ‘a expertncia da cor, elemento exclusive dt pintura, no me i eo mesmo do que 50,8 manele pe” {rmou-s¢ Bama obra, So agora comeya mesmo acon” fadzene cope pa Sa a aque ade cre og dos prmelos langamentos To exp8s0 bra do etn complexo « denso deato dese desenyol Beimelro cone realizando agorao octeto vermelhO, vlmento au socadas no vermelno, sendo,que 0 vermelta Sho alto obras feede mas escuro (mas ainda luminoso) até G0 tom Ferma, Nao so organizedos em nicleo, cOmO O 9 gums ret gs cada am ¢ wine unidade separada, com: equal ete otto novamente, © prinepalment nest xP, plata em sy ar no que vem aser 0 veorpo da cor. A cor € ‘itncgs 8 Perencges da obra E insepardvel do fendmeno to ut das cara, do expago edo tempo, mas como ese ES ta, estrus Sea alti, uma das dimensbes. Pot; Eu clemente ojesevowimenta propria, eementar pls & tanto possi emo aa pintura, sua raedo de ser. Quando, o nicl mp nao extras submetida so rtdngulo, nem 4 pork, 9 eesenentagao sobre ete retangulo, ela tends 2 6 gualgues epreyromavte temporal ra sua propria estrus eorpoe bra passa entao a sero "orp0 da. cor 4de novembro de 1960 [Nao se se 0 que fapo esté mais numa relaeto arquitet@- ica So utical, A pintura, & medida que se vai nfo objet VVando, cta relagdes com ut Yaoctecom a arguitetura e com a mési meats mtnecea estrtaral Creio que se de um lade mais tarde ipnica, de outro musical, ctalvez ra sincese das dust aac salugdo. Os nbcleos, equal, para mim, s40essencis: Este ais sua relagdo de parte com parte, que; longe mente vo de elementos, compoem um todo fendmene Tesco. 2B en 25 denovembro de 1960 1 COME! hoje os estos lis OB 0 primeiro noclebde de esr anse nen FRIEE mile, auc rd compost de meine ome cel do 2 dedecembrode 1980 “Nao ha mancira mai modo na equ g al eure de fata © mundo nem loo quea arte. 9 de decembrode 1960 Quanto mais nto do mundo para atinmarso tes Resaiva, masa ext cias do unde, cor , corigueras. $6 sui Macdo diante da nio-objetivi 2 Out ne fim de mundo ou de nade" a8 2 seiaum mundo do homem eno 30de dezembro de 1960 E preciso dar a granc grande ordem doste eal fentido dec % espagos arquterénicos, A cor ae ean ‘strutura, apenas pode ser eA gran ‘orden nascerd da vont nkrior an dino aes Asean . didlogo com. 4 +a, em estado estrutural; ¢ um instante especial que, 20 sé re- pelir tiara essa ordem; sao instantes rares. A cor tem que se ‘strulurar assim como o som na musica; éveiculo da propria ‘cosmicidade do criador em didlogo com o seu elemento; ‘elemento primordial do musico &0 som; do pintor a cor; n&o 4 cor alusiva, “vista”; € a cor estrutura, césmica. Mas 0 diglogo cria sua ordem, que no € unidade, mas ph ‘exige o tempo para se exprimir; esse tempo pode ser'a lizagto da expressdo ou a sua diluigao, Para uma grande or. idem na expressdo, de que a cor € 0 elemento principal, €pre- ‘lso que o artista Se torne superior, eticamente camtinke para, ‘ima, Esté superada a individualidade, pela universalidade ‘desua posicao érca: muda o seu modo de encarar © mundo; ‘asua integragdo nesse mllndo € superior; para ele ainda exis: tea observagdo de Goethe de que aarte ao mesmo tempo que afasta, enlaga o mutido;"A diaetica aqui se tofna mais fina; ‘ua posielo € superior, da expansfo A sua vida interior; oloea-se ao lado da religto, esta religado: elee o seu mundo ‘idlogo. Af est a grande ordem. Quando ter8 a cor a sua ‘rande ordem, mais pura ¢ sublime? Quando teré a pintura Atingido a finguagem pura da mésica’ 7 de janeiro de 1961 ‘Oliifalivel éfalivet eo fave infalivel. ‘Nem sempre ufta &xpressdo sereta ¢ allamente harmd- nica indica ausencia de drama no artista. O artista, alls, por ‘condiglo j4 possui em si drama, Essa vontade de uiné grande ‘ordem, de algo supra-humano, cdsmico, épico, € necessaria para que o artista se complete; enquanto isto ndo amadurece, ‘ou atinge a um ztnite, ha drama. Drama com D maidsculo. enso, por exemplo, no eldssico Haydn, misico harmOnico por eiceléncia, exemplo de pureza ¢ classicism. HA na ‘isica de Haydn uma inguietagao latente como se o seu au tor andasse por uma corda. Maravilhoso equilib, inquie- tante equilidrio, o drama individual fica em ultimo plano, porém existe tanto quanto num romAntico. Ha aqui, porém, {std vontade de uma grande ordem, que supere ou clave esse ‘rama, de ordem existencial, 4 alturas sobre-humanas ou di- Vinas, Tanto mais universal e major significagdo tera uma bra de arte quanto mais for desligada do caos individual e 25 fds para esa grande ordem, ndo-raconal, mas orem os elementos inrasecos da obra ett sic en eagdo sven tade interior do seu criador. " aan infalivel alive eo falivel infalivel 15 de janeiro de 1961 (domingo) ASPIRO AO GRANDELABIRINTO. 21 de janeiro de 1961 : entre ays, Sect Se orm i er tne ie Sepaent te See tblng spots Finns também se Sevvanese a ‘dia, que tudo eae distingue; I de fevereiro de 1961 Ja nao tenho dividss que a era do fim-do quadro est definitivamente inaugurada. Para mim a diaietica que envol- ‘veo problems da piotura avangou, juntamente cont a3 expe. Féneas (6s obras no sentido da transformada:potdrs: quadro em outra coisa (para mim ondo-objeto), ques mao € 6 dears do oye ply poste actitar 0 Sesenolvineno ws ro. eo more reso Sra 3 30 ‘ “so do quadro como-tal, ¢ como ““suporte’’ da ; Pinta mae lc ama: ua pu a fa Coe lca ao ef supe, oa 2 re potunaa, Creo ge 2 20a, as vcnton novos poder sed ievaradlante Que leroy grandes consrrores do comero, go oul meena ees tatn, Mondrian ee), conseores ASSERT egoaiadroneancomero deanna or Sere Reo tga da no objetividade. Ndo excluo & Seiad eer: Peasy Klee, Pallosk, Wal ee immrertencem a outro tipo de expressdo, também da eps nas os, crambem prenuciam 0 fit ee esriore canes premarin 6 ns al 0s cor rae llc se ea i seria pag, E precio, po conslentacte do valine eae once fee das base ese BSR teary ade que mo efea d ds- esenviment Ge Merdade a eemepacte do auaseo at ee ertucio dy Smgnagi yur, ona de gbobjcra, aan eno © do una are nna alvin de Median gue Te eeart a misto do artista ndo-objtvo, Diti-ele ave 03 Aaa noobie. aus Ques teno at a lias cOn- etme ae nsleto wae seabtnias: ng Ney expen, que se COM 2 Beleza da via, ie ave mp pote el 24 ae he Seti atetao-atushit, no-gbjtva, de grande abs rapt, ¥ ‘as voltas com 0 problema do quadro e sen~ taste, wer eemente ov nao, « necessdade de sia de ds cone gu ransformagao, o gue no fundo € 3 mesma Ce a dienes A heemenane Or Por or do quagro ¢evidene em pintores como Wols Paso Pt go “informal indica), Dubuffet ("texto eee a apenas mata ae ds oH picrgoS anslorn er Boiock (0 adr sv roi odeT, ransforma-se-no “campo de acdo” do a movimento grfco). Na tendnciaoposta sed © mean, mais 'Tentamente, portm mats objetivamente, deste 6 Drenincio de Mondlan sabre 0 tim ao usin Baritnias de Lygia Clarks daintgracae ds eotee ace aro, partindo dal toda Se consequtncas dees decane tanto do quadro paso cpap, Rum eatsc need fsté Fontana cos sus quads cortadosem sulcos ices Sspar, com os guts vo fini com ou ules Senna Imaguciase ndocobjetos penduradosO pections sirens oranto into s hecesdade de comes aoeeuce Rene: ie intact, oaemelvmen ats se te ipo de expresso, que por ser novo, ests inecnor 2 sina Mutu na indeternnagao, masque mais sedo oe ak tke ter de se consoldar B uma peteidade eoasiee ates mente coletiva, cabe 20 arts tombe dere spat Creo que nenhum arusta ue qusra algo novos sae, cua dpoca no aspire ata cosa et poste ees do acta, posit setica,fenomendlopcamene as ‘pessto ade seealae no exparo eno tempo a de seer fa antendo un lego paralsls eae decane gas presto. No quadro ext dilogo se dd pas sto oi Sc tim ‘artist ebstair mais tacimenteo hs Senos man guando es it jn est waste hee ets "ages, esta pontasto malsisie que ons scare 280 consiuio. Bvidencmente cua Sosgto sd at eee fauatdade com a aruiteursy ols “funda o aa ee a Galan, A argutetora€ 0 szatimento sublise Se Soak ae Eporat visto de um esl, €atnee de odes oe a ‘Asder individuals ea sua jusicasio mas si O pions a pinura se este destrulgdo do quatre; ov seg borat no expaga eno tempo. A pncars concen Seno elemento princpel pela cor! Sia, pol ea dssonolverse como problema da strata, So sipeese na tempo, nto mais dando eqao a0 plano do guage ane ae cipage eto de tempo. A patra nuncs seaman ee to'da vido, do “sentiment dade’ O taboo aa a io stgafca que seja mas “vitals obra mas tee scan nese. O probiema nfo superftl(amplgasde yondea "a mural), mas da integragio Go esparo eSeacmeae ee techs, Penance aaron ep Tecimento'e 0 tas 40 epayo tidinesebnal an Seer ‘Aransforma-o no n&o-objeto. ae 28 22.de fovereirode 1961 cspago &mportanisimo em concep argutetOn- cas Sntenporanes A argusara fenders drat Ne Ba ee Set, como dirs Worrnger,no set da massa, como pa argbitetura greg, Para Worrnge: 8 ‘tout eat “orgtmca no senigo eenaliga Topas Sibg crea las a Mena ordnsa dos S22 eet py “ptt por excel, ie endo Ao copa, ou anispacal, A media, vaydine que a arquitetura Valse (ornando na¢-objetiva, Peters o espayo passa aerescer de importancia. Aim, pant, oando elizo maguctes ov projtos de aie: Re init por exten quero que sentra aaa {35 bie Fccaporeo copay real um expaco vial, Seo" enn ompo, que tambon ence, Sema Tea ase oats fll um tempo, uma venta etc, wed eteto Se atindo mica alo seu crater vital. © Frmeirolndcio disso €o carder de ablrnt, que tende a or- ety Olepago de manda ora, csacaandoo sesehe wn etter novo, de temo nea. O Wb, Senge mo bit anda € «ie asta nas eo ‘ta da arquitetura estatica no espaso. Seria uma aguitetare Sista datewensose atin tel Spr RRieekmpordie Be manera smal rol, e) poriant, cipdionempoa Oy mane a rn eo se Salou aon agua ocoma ‘aa ete divert, Para i ee ueos 380 rio porns que podem set desenvo}idos 8 c- ‘Sepeto das maquetas en arquietura cm gral As maguels ‘esate tapi ubine somali snp na Ges iets nove dest do ero, mas vituaent Sotelqee mai impo As prs odes he Shi dink junit com os Sos, mas complex profandas A waguett€ mat via ngo tant abn, mrotentnovient eens, fomane asim una dimers pon endea ser imiads, Ocapago¢ tempo se casa » arc cnc Sg, oe Fema ‘Para mim toda grande expressio de arte aspira ao sublime.” 12 demaigo de 1961 8 ~ Que seria umé “grande ordem da cor"? b= Uma grande ordem no seria forsosamente racional, 2asce de\uma necesidade exstneial que nae {ial supera ou se cieva acima do cotdiager pon ere da exstecial um climax, um soprode Vide Nag eat Sn og ao praca ase 9 Pf a oe ede do artista una disponibile um desnesten ees Hg oder, dsconicida gue eae te cura una 28 conhetiento a prior Acor € ume necesian eho como quem fizese precesdialogasne anti nee cet ‘fetTuturasse. No fazer-se elementar da obra de ate, oe também se faz, ¢,toma essa grande ordem, aan 21 deabril de 1961 Hoje esté para mim ms Apacéneia exter clo do ae nunca quento a sue dia cater de oon aeare do, ue surge dodidlogoentte aon es Bao croutons tinge “informal” formal”, Na obra de arte tudo &infor= mal e formal, ndo sendo a aparéncia "geométrica” ow a apa kencla “sem contornos ou de manchas’” que determinam 0 formal eo informal. O problema € bem mais profundo eesti acima desta aparéncia. Quem diria que Mondrian, p.ex., 120 Esta proximo a Wols, ido proxima na expressto de prandeza interior e de concepea0 de vida. Mondrian funda um espago llimitado, uma dimensdo infinita, dentro da “geomett 740" que Ihe atribuem, fazendo o mesmo Wols na sua Sindo-geometrizaga0"”. Ambos criam o “"Tazer-se" do seu s+ paco, dando-ihe absoluta transcendencia, dimens4o infinita. ‘Qua6 longe estao as obras de Wols das "manchas" da maio- nia dos seus seguidores, assim como as de Moiidrian nada tm a ver com os “‘geonietricos™ que vieram logo apos'a sua ‘grande demarche. B, por incrivelque parega, Mondrian esta lo proximo de Wols. Pensando nos dots, penso em Lao: ‘Tsé:'Sdo ambos pintores de espayo, tém a faculdade de dar a0 expago dimensdo infinita e colocam a pintura numa po- Sigao ética e vital de profundissima significagao. Nesse sent {49 sto ambos os mais significativos precursores do desapare. mento da pintura como velo até agora sendo entendida Mondrian num polo, Wols no outro. Nao se preocupam com ‘.aparéicia mas com sigaificados. Nao tratam de destruie a superficie e sim dao significagdes que transformam essa su- pefficie de dentro para fora. Mondrian chega a0 ponto extre- Imo da representagao no.quadro pela verticalizag20 e hori zontalzato do seus mos, Da, 0 para as, ou para su- perago do quadro como meio de expreseda, por estar 0 mes- ‘mo esgotado. Mas Wols, no outro polo, chega-d mesma con- clusao pela ndo-fixagt0 num nucleo de represemtagao esp ial e temporal dentro da tela, Ambos 580 pintores Jo espago Sem tempo, do espago no sew Tazer-se primordial, na sva Imobilidade mévelr Nao sera esteo limite mesmo da pintura de representagao? é. 28dejunho de 1961 Creio que a cor chega jé A sublimidade, ou as suas por tas, dentro-de mim, porém a desenvoltura’ necessinia para exprimisla $6 esta’ nos seus iniclos. A experiéncia dos micleos", dos quais ja realize! algumas maquetas peque- 3 nas, abriu-me todas as portas para a liberdade da cor e para sua perfeitaimtegragdo estrutural no espago e no tempo. 7e agosto de 1961 Na minha 1 série de maquetas dos “nécleos”, e primei- ras tentativas, us tipos de mlcleo se distinguem:"a) nicleo ‘pequeno; b) nicleo medio; c) grande ndcleo, A diferenca en- {re esses rs tipos de nucleo nao € em relagao ao tamanho (Como o nome indica), como em relagao & qualidade eo sen- tido que apresenta, qualidade nio.no sentida bommau, mas amo tio de arnamento dos elementos Asim, pum pequeno niicleo™ pode possuir mais pegas que umn "nicleo medio" ¢ ser maior que este, sendo 0 que 0 qualifica como “pequenio nicleo”,,0 sentido que possui. O “pequeno niigleo™ foi o primeira a aparecer (os nicleos 1 '2), logo apOs, eer consequencia, das experiéncias da pintura no es avo. Sio como se as.pegas que se fendiam em Iabirintos (cruz, octeto vermetho, tes) se desintegrassem. O primeira pequeno.nicleo" ja se separa, © a abertura jd € mais larga e mais aberta que nas pegas tnieas- Sao cinco peras que lor mam entre si ura amélgama e das quais se levantam places de ‘ambos 05 lados, A cor se desenvolve ja numn sentido mais mi lear, persistindo ainda o corte de uma cor para outta, fo mando uma linha abstrata,, 14 no segundo niicleo” que tambim € do tipo “pequeno", esta divisdo abstrata de Cor pata outra € abolida, evoluindo assim o sentido de “supor- fe’, que jf'se da diretamente com a core por iso deina de ser “suporte”. Esse niileo ¢ também a desintegragao de dois ts que se combinam em agrupamento; a soltura de uma placa para outra é maior eo espago externo cria com as plat lades espacial €o contraponto das placastensio- ha todo o nucleo, A cor jd revela claramente, embora ainda Simplesmente, 0 desenvolvimento nuclear da cor, do amarclo tas escuro para o mais luminoso. Crefo que na pequens ‘aqueta que realize’ ja se revela 0 sentido exato da cor que Possuiré na realizaedo maior. O grande pulo ea grande dite Fenga entre os nicleos aparecem no 3%, que € o primelro do {ipo “niicleo medio". O espaco funciona aqui completamen- teincorporado cori signo, tal €a importancia do mesmo. AS placas de cor, ortogonais, sobrepondo-se em trés andares, 2 so se cortam se projetadas numa superficie plana, nem de te ado mgm de oto, e pose ata mpeftdnca gate Sespago. A construgso dese mace, que vird a aracteriaar © Smicleo medio Carguitetdniea por excelznca, no spe {os andares(niveis} de placa, coma pela sua ortogonalidade Poder‘, ent, esaclse 9 uitanca gut Yl dso para f ontogonalidade neoplasticsta de Mondrian, ver oquanto die Sendo to diferente daquig caus coluto. Adis {Uncle que separa essa experiencia da de Mondrian ¢ mesma lUcsepara Cezanne do Cublimo, ea relagdo que i entre um Couto fa evolugao da mesma inka, que se poderia dizer Sarmnica 5 13 de agosto de 1961 Cada ver que procuro sitar a posigdoesttica do meu esenvolvimento,historicamente em elagao i suas ongen, ‘Shego 8 conclusdo de que no so um desenvolvimento inai- Stdual ito forte € pessoa, somo completa um contexte Storco ern um movimento, junto-a outos asta, E Ui nesesidade de grupor ava, Aparee, entdo, a Felaglo com a obra de Lygit Clark, que entre nos €0 que de mas Giversalexitenovcampo dis arts plisieas: Revendo 0 seu desenvolvimento, obresai logo a coerenca ea intigdo de Stas idan, uma grandcea geal iirinsece que verde den ito, ott Sabre 4 coragem aftrativa de sias marches ne impressions. Est af a meu ver, 0 elo do de Seivolvimento post Monéran,o so niiadr emre nos de ‘edo.o que de universal e novo se fara nesee fo de desenvol ‘Timento: Lygia Clark ndo se hmitou a compreender super Tulmente¢ “geometrismo"” de Mondrian, mas sim vllar 4 {air do pensamento de Mondrian, poribiitanso ver asin {ais selma suas démrches mais mportantes que abi ‘tim um novo rumo paras are. Sua compreensso primers € relativa a0 seespapo's ‘como elemento fundamental atacado 3" Mondrian, ao'qualdeu novo sentido, senda ete opine Pal ponto quca levaria ase elacionar ebm Mondrian, © nao Pbema geometries” como tanto ouros, Comprectde e tho sentido das grandes nuigos de Mondrian, ho de fora thas de dentro, como uma cowsa viva; a sum necesidade de ‘Werle o espago, de nquebrat'a moldura’, pore ‘no sto nevesigedes pensadas. ov “intresantes" como ex nC nse mals arqlctonaeychegando ncusive& propria das mais importantes. Digo mesma que, desde Mondrian, “Foxman como tnd Abr) mal 5 Pa aperencia permanecera valida como uma das mals sur- {Gur nouve quem dissesse que ninguem feria um quadro oro. u . — Logo em seguida a superficie frontal ¢consumida total- mente pelo preto, e 0 branco aparece na quina do quat pois ja€ esta experidncia Ga se da) o que ela chama do "fio doespaso™ (mesmo nas unidades) E interessante notar que aqui a ortogonalidade roda no sentido losangular, e& est 0 primeira passo definitive para ¢ saida para o espaco (casulos, bichos). Lygia chamou este tra ‘aio de ovo", sendo realniente 0 depositario de todo o de Senvolvimento espacial posterior. O "ovo" ja vagave dos la os criando “tines” de ponta « ponia, Estava ai iniciada @ ‘magistral experiencia que'se risalizou-nos "bichos" 28 deagosto de 1961 Sobie 0 “Projelo Caes de Capa'* [Nos primeiros mess desse ano realize a magueta de um Jardim, composto de® pentrvels(ragueta) mause © poe ta enterado de Feria Gullnr, 0 Teatontepial de Rel ald Jardim. O projet tomova forma de um stands la Hn com te das ogo den secardarptvoae ‘muito pareuar, pelo fat-de nao serum farith m0 seniGo habitual que seConhece soment- porque sera contigo Beriitindo 9 aceso do pido, Pele lato de posur obras Su melhor, ser consti de obras de carter estetcos rs. Salou log tanbum seu carer auitirio tem cond sentido, magico. Paro, nos penciaveis, dor, so erpacee no ego, fo esse o crater gue tegen a genes formal eve ‘encal do projet. Nos primefospeetrivis oarae d Birinto aparece claro: Gorse desevoive nue stutie po- limarte de pacas que se suesdem no espaso eno tempo for 3 mando lairintos. J4 nos posferiores 0 cardter mével € que Geo sentido labiintico do penetravel: sdo os de placas F0- flantes Agu olabirinto como labuinto mesmo Jano apare- tere Spenas virtual. A meu ver € um passo adiante em re- iggte'Zos primeiros e abre vnclusive novas possbilidades fae cxploradan, para descnvolvimentos futuros nesse cam- Par A foragut foge tanto ao cardtcr decorativo cOmo a0 a¢- oltetonico {poicromias ete.) para ser paramente cstético, SHlencade. Sao como se Tossom alrescos mOvels, na escala Momma, mas; maps importante, penetravers. A estutira da" ubia’ sore pereebida apés 0 completo. desvendamento ‘ovel de todas'as suas partes, ovultas umas as outras, s=ndo Timposslvel véla simullaneamente °S problema da relagdo com a natureza, j4 que 0 projeto rela € donstrutdo, for reolvido pelo lento désgarramento do Siomento natural aria penteads, & medida que se penetra 0 ifcison A passagem, que ago poderia ser brusea, ¢ interme- ids pela calyadas de marmore branco que servem como Ghtrduss para o grande labirito. A area €o elemento da na- {urceno marmore um intermedigrio entre anatureza eo ela- borads ea shenaria eam gu geen). @ 8 sabre eaten fmbrar que nao hi plantas na area, apenas seré 8 Coan penenda com ancinko € misturada com diferentes wtrahge, dando-Ine assim uma certa coloragio, mas Muito Riguet Poder sesa perguntar qual 0 sentido, c como cabem aus "poema enterrado”” de Gullar eo “Teatro Integral”. GIS quevceintegram em espirto, por possuitem também, ‘outro‘eampo, um earaterestico e magico, , cOmo of pe Tetedvels tambem sao penetravels, sendo passvel de cada Weum SO espectador, Num sentido mais.alto, s4o obras Tinvblcas, dervadas de diversos campos da expresso, que seaBojugam aqui auma outra ordem, nova.e sublime. & co- Heo seo tojeto fosse uma teintegracZo do espaco € das vi- Teac fondianas nessa outta ordem espacio-temporal, € [hitea, mas, 0 que € mals importante, como uma. subl- magao human 27 de dezembrode 1961 Nesta alkima semana lancei em realizagto 0 primeiro rnicieo"improviso™, outra modalidade do nucleo. 6 agora 36 2 6 de fevereiro de 1982 Suporte © problema do suporte & complexo e na verdade ambigud, ora existente nd ordem dos desenvolvimentos, ora culto, ofa inquietante e por vezes inexistente. Numa arte de ‘iguragao.hé mais passividade em relagao 40 problema, 30 ‘passo que em epocas de mutaeae como as que foram a da Pintura mural pars © quadeo e agora do quadro para 0 es ago, vem 4 tona o problema do espago-suporte da expres. Ho, 20's o suport fisico (mural, tela ete.) mas essencial mente o suporte express20, elemento intrinseco entre 0 es. pago e8 estrutura. Quem figura, figura ago sobre algo, st Go'que a expressio linar e caigrafica geraimente neve fe um suport passivo, e pouco o supera ou o transforma na ‘sua extrutura, Uma arte baseada nas transformacdes estruti rais esta sempre em oposigho a0 estado passivo do suporte, Sendo que o conflitochepa a0 ponto devngo permitir sua tevolugdo sem que seja resolvido. Na verdade quem figura so- bre algo, melhor figura. através de algo, H& o intermediério entre 6 sentido de espago e esteutura eo espectador que rece- bbe idela, Evidentemente 0 criador necesita dos meios com je se expressa, mas 0s meios dever ser diretos, ou melhor, terdo que'o ser, quanto mats exrutural © absrata Yor a expres: do, No sévulo XX aarte caminha-come nunca para uma ex- pressio abstraia e dela, afastando-se do naturalismo ¢ da figuracao, principalmente no que se refere ao lado mais es- teutural da arte abstrata, Vem enta0 4 tona o problema do Suporte com umn Impeto decisive, e wrata-re logo de resol To, Dai vem um dos mais fortes arpumtentos para o descrédito dda expresso pictorica, que entraem fase de mutacd0, no s6 por corresponder dsnecensidade de evolucto de detertinados Eamintios e express0es ja iniiadas como por ser uma faali= ‘dade de nossa epoca a sua-consecucao. Essa necessidade de nossa época da transformacao e absorgao do suporte, nko hace sb de comparagdes analiticas nem da daletica-da evo- Tugdo pictriea, mas de uma aspiragao iateriorireesistvel 1s so-antes de nada. 38 8 de fevereiro de 1962 Oproblema dos opostos © nicleo veo revelar, ou melhor, acentuar 0 problema dos epostos nesa expressto e particularmente dentro da mi tha estetica (Sentido esttica). O apatecimento de sentidos Opestos vd entre o sentido estruturale 0 sentido da cor (desenvolvimento nuclear). A estrutura do miceo aparece ¢ Se gera num sentido totalmente argitetSnio; dist sam ex iTuturas parcdes, ds quals,acrescentando (to, passaiant a Ser provocasas. Os nucleos em tamanho gragde em que & pposivel a penetragio revelam ssso mate claramente; na vet= Eade o sentido Intimo da estrutura do ncleo ¢0 de rectiar 0 fespaco exterior, crando-ona Vordade pela primeira ves, ete {icamente, Os vos que se abremve a5 placas a dirigitem @ vi slo. oseiido organico de quem com eas dialogs sto pura: mente arguitetiees, aentaados peo rigorono caster Oto owl. Tolegrando-s a essa estrutura rigorosamente arquitetu- rata, lo ge domi: “went da sor eslride sat elo desenvulvimento nuclear maneira pela qual procuro Do so dar sentido cor como estrutura-ta fosieamente, Esse Sentido da cor revela-te Sempre, £ certo, no 6 quace tonal (Geservolvimento de amarete para laranja ee) como, quat dlondo oseja, sem grandes contrastes, 0 que vrla a perturbar o desenvolvimento fogco da propria ela, que paria aqul da consideragdo primitva da’ "or uz” ou “uminosidade lncerior da cor" E pois oposto ao sentido plano e arguiteto co rigoroso, esse desenvalvimento nuclea, nao so pala pas Sagem de cor para cor, como pela sua propria ida prima, {miu oposto 4 fata da estfutura. O ponte de cottay4, fe permite a integragao, €o da compensagio matua des po: laridades. Quando chegiel 8 "cor-hie", v hediatemente, due era preiso desoovlver a estrutura num sentido cada ver thaisarquita.dnico (abandono do quadro, que se desenvok ‘eu para‘ espacoy, sob pena de volar ats nesce sentido. O Senldo. “sore” que podera sera dissolugdo do espayo (Ot aqui 2 do quadro), omou corpo ese trnslormou emesra- itra; estruroucre devido a0 desenvolvimento peraelo da éstrutura, em ldo oposto a0 da cor, exceto pelo lado logico Sique chamel “dewonvolvimento nuclear, que na verdade » © ponto de ligagdo indissolvel em que um nao existe sem 0 outro, 17 de marco de 1962 Cor tonal e desenvolvimento nuclear da cor [A primeira vista 0 que chamo de desenvolvimento nu: clea da Cor pode parcect,¢ 0 Gem certo sentido, uma tenta- tiva de trabaltar Somente-no sentido da cor tonal, mas 9a Verdade situa-se em outro plano muito diferente do proble- Jna da cor, Pelo fato de pari esse desenvolvimento de um moargueagorsse¥petam. ‘principio decsvo seria 0 seguinte a vitalidade, ind vidual @coletiva, sexi 0 soerguimento de algo sido ¢ real, pesar do subdesenvolvimento e caos — dessecaos vetna resco é que nascerdo futuro, ndo do conforms e do ota amo. So derrubando furiosamente poderemos erguer algo ‘aldo papel: nossa realidade 8 ESQUEMA GERAL DA NOVA OBIETIVIDADE [Nova Objetividade seria a formulagao de um estado da ante brasileira de vanguard tual, cujas prineipais carac feristicas sto: 1 — vontade construtiva geral; )— tendéncla pra o objeto ao ser negado e superado 0 quadiro do cavalete; BS participagta do espectador (corporal, tet, visual, se indntica ete); 4 — abordagem e tomada de posicto em re lagdo a problemas politicos, socials e éticos; 5 — tendéacia para proposigbes coetivas ¢ consequente aboligao dos "is os” caracieristicos da primeira metade do século na arte de hhoje (endéncia esta que pode ser englobada no conceito de arte pos-modera” de Mario Pedrosa); 6 — ressursimento ¢gnovas formulagdes do coneeito de antiarte 77. ANove-Objetividade sendo, pois, Ui estado tipico da ‘arte brasileira atual, 0 € também no plano internacional, aiferenciando-se pols das duas grandes correntes de hoje: Pop e Op, etambém das ligadas aessas: Nouveau Réalisme e Primary Siructures (Hard Edge). 'A Nova Objetividade sendo um estado, no & pois um movimento dogmatic, esteticista (como, p.ex., 0 £01 0 Cu bismo,¢ também outros ismos constituldos coun uma “uni dade de pensamento’), mas uma “chegada”, consttuida de mitiplas tendéncias, onde “falta de unidade de pensamen- ‘uma caracterislea importante, sendo entretanto a uni- ade desse conecito de "nova objetividade™” uma consta- agHo geral dessas tendéneias muliplas agrupadas em ten- ‘enciasgerais a verificadas, Um sintle, se quisermos, pode- ‘mos encontrar no Dada, guardando as distincias & dife- rengas. 8 Hem 1: Nontade consteutiva geral [No Brasil os movimentos inovadores apresentam, em. eral, esta caracterstica Unica, de modo especiico, ou Sea, tima ‘Voutade construiva mayeante, Ate mesmo no Movi: ‘mento de 22 poder-se-ia verficar isto, sendo, a n0sso ver, 0 motivo que levou Oswald de Andrade a celebre conclusdo do (que seria nossa cultura antropofagica, ou seja, reducdo ime- diata de todas as influgncias externas 2 modelos nacionals. Isto no aconteceria nao houvesse, latente na nossa mancira de apreender tai influencias, algo de especial, caracterstico hnossO, que seria essa vontade construliva geral. Dela nasce- am nossa arguitetura, e mais recentemente os chamados Movimentos Conereio Nesconcreto, que de certo modo ob- jeivaram de maneira defiitiva tal comportamento criador ‘Além disso, queremos crer que a condiedo social aqui reinan- te, de certo modo ainda em formacdo, haja colaborado para fue este facor se objeivasse mals ainda: somos umn povo & Drocura de vima caracterizagao cultural, no que nos diferen= ‘amos do curopeu com seu peso cultural milenar e do ameri- ano do norte com suas solicitagbes superprodutivas. Am- bor exportam suas culturas de moda compulsiva, necessitam mesino.que isso Se dé, pois o peso das mesmas ds faz rans bordar compulsivamente. Aqui, subdesenvolvimento social significa eulturalmente a procura de uma earacterizaezo n clonal, que se traduz de modo espenifico nessa primetra pre mista, oU seja, nossa vontade construva, Nao que isso Acontesa necessariamente a povos subdesenvolvidos, mas se ‘la um caso nosso, particular. A sntcopofagle seria a defesa Gue possuimos contra tal dominio exterior, ea principal ar- ma evitiva, essa vontade construtiva, 0 que nde impediu de- {odo uma especie de colonialism cultural, que de modo ob- jetivo queremos hoje abali, absorvendo-o defintivamente fhuma Superantropofagia. Por isto e para isto, surge a pr nicira necesidade Ja Nova Objetividade: procurat peas ca racteristicas nossa, laentes ede certo modo em deseavlvi- ‘mento, objetivar um estado eriador geral, aque se chamaria e vanguatda brasileira, auma soidificacdo cultural (mesmo ‘que pata isto sejam usados métodos especificamente anticul- turals); erguet abjetivamente dos esforgos eriadores indivi- dua os itens principas desses mesmos esforgos, numa ten tativa de agrupéclos culturalmente. Nesta tarefa aparece esta 8s 1 vontade construtiva geral como item principal, movel epi tual dela, Tem 2: Tendéncia para 0 objeto ao ser negado € superado 0 ‘uadro de cavalete © fend meno da demoligdo do quadro, ou da simples ne- sagdo do quadro de cavalete, eo consequent processo, qual fej, oda eriagho sucessva de Felevos,antiquadros, al as es- Iuttas espacias ou ambientais, ea formulagdo de objetos, (ou melhor, a chegada ao objeto, data de 1954 em diante, es¢ Yerifica de varias maneira, nunna linha continua, até a elo So atual, De 1954 (Epoca da arte concreta) em diante, dataa ‘experince longa ¢ penosa de Lygia Clark na desintegragao 60. quadro tradicional, mals tarde do. plano, do espaco pletarico etc. No Movimento Neoconereto divse essa form Iago pela primeira ver e também a proposiedo de poemas objetos (Gullar, Jardim, Pape), que culminam na Teoria do SNao-Objeto" de Ferreira Gullar. Hi entdo, cronolagica- mente, ua sucessiva e variada formulagao do problema, fque nasce como uma necessidade fundamental desses artis. ‘hs, abedecendo a0 seguinte processo: da démarche de Lygia Clark em diante, ha como que 0 estabelecimento de hand caps sucessivos, & 0 provesso que em Clark se deu de modo fento, abordando as estruturas primavias da “obra” (como sapago, tempo efe,) para a sa resoluglo, aparece na obra de Duttes artistas de modo cada ver mals rApigo eeclosivo. AS- $n, na minha experigncia (@ partir de 1959) se di de modo mais imediato, mas ainda na abordagem e dissolugdo pura mente esiruluras, ¢ a9 Se vetificar mals tarde na obra de Aa- {Onlo Dias e Rubens Gerchman, sea mais violentamente, de ‘modo mais dramitico, envolvendo varios processos simulta fheamente, j8 ndo mais no campo puramente esrutural, mas fambem cnvolvendo um processo dialético a que Natio Schemberg formulou coma realista, Nos artistas a que se po deriam chamar “estrutyrais", esse processo dialético via também 9 se processar, mas’de ovtro modo, lentament, Dias e Gerchman como que se defrontam com a8 necasid des esruturais eas dialeticas de um $6 lance. Cabe notar aqui ‘gue esse processo "realista” caracterizado por Schemberg jd fchavia manifestado no eampo postico, onde Gullar, que na @poca neoconcretaestava absorvido em problemas dé ordem ‘esiruturale na procura de um “lugar para a palavia™, ate 86 foitnulagao do “nto-objeto™, quebra repentinamente com toda promissa de ordem transcendental para propor ma poesia participante e leorizar sobre um problema mais am plo, qual seia, o da eriacdo de uma cultira participante dos problemas brasleiros que na época afloravam. Surgiu ai 0 Seu trabalho tebrico Cultura pasta em questao. De certo mo 0 proposigto realist que vria com Dias e Gerchman, ede ‘outa forma com Pedro Escosteguy (em cujos objetos a pala- Miaencerfasempre alum mensagem sori fo uma case ‘ncia dessas premissas levantadas por Gullar seu grupo: também de outro modo pela movimento do Cinema Nove Aue estava entio no seu auge. Considero, entdo, 0 furning Point decisive desse process0 no campo pictorico-pastico- strutural, a obra de AntOnio Dias Nove Sobre a morte im- revista, ha qual afiia ele, de supetdo, problemas muito hrofundes de ordem ético-social ¢ de ordem pitorico- fxtrutural, indicando uma nova abordagem do problema do ‘bjeto (na verdade esta obra &um antiguadro, e também ai ‘uma reviravolta no conceito do quadro, da "*passagem"” p ‘objeto e da significacao do proprio objeto). Datem dlante Surge, no Brasil, um verdadeito processo de "passaens" pa: 10 objeto e para proposigbes dilético-pictérieas, processo ste que notamose dellneamos aqui vagamente, pois que no abe, aqui, uma andlise mais profunda, apenas um esquema geral. Nao €outra a razdo da tremenda influéncia de Dias s0- bre a maioria dos artistas surgidos posteriormente. Uma anilise profunda de sua obra pretendo realizar em outta par teem detalhe, mas quero anotar aqui neste esquema que Sua obra € na verdade um ponto devisivo na formulagio do proprio conceito de "nova objetividade” que visia eu mais {arde a concretizar —a profundidade e a Seriedade de suas démarches ainda no esgotaram suas consequencias: estio ‘apenas em botae. ‘Paralclamente as experigncias de Dias, nascem as de Gerehman, que de Sua origem expressionista plasma tambéen de supetio problemas de ordem social, eo drama da lta en ire plano e objeto se da aqui livremente, numa seqéneia im- pressionante de proposicdes. Seria também aqui demasiado e Impossivel analisiela, mas quero crer seja sua experiencia tambem decisva nessa transformasao dialetica e a eriacao ido conceito “realista™” de Schembers. A preocupagao princi: pal de Gerchman centrase no contetdo social (quase sempre 9 de constatasio ou de protesto) eno de procurar novas ordens tstraturais de manifestagao de modo profundo e radical (10 {Que se apronima das minhas, em certo sentido): a caina harmita o elevador, o altar onde o espectador se ajociha, S80 cada'uma delas, a0 mesmo tempo que manifestagoes es: {ruturais especificas, elementos onde se afirmam concetos disléticos, como 0 quer seu autor, Dai surgi a possibiidade da crag do Purngoté social (obras em que me propuis dar Senlido social & minha descoberta do Purangol, se bem que este jfto possuiselatente desde o inicio) que foram criados or mim € Gerchman em 66, portato mats tarde, Sua expe: Fitncia também propagou-se neste curto periodo numa ava- fancha de influenclas, ‘A teceira experiencia decisiva para aafirmago do con- ‘cto realistaschembergiano & a de Pedro Escosteauy, poets fia Tongo tempo, que se revelou em obras surpreendentes pela clareza das incngOes e da espontaneidade criadora. Pedro propde-se ao objeto logo de sada, mas a0 objeto semantico, nde impera_s lel de pelavra, palavra-chave, palavra- protest palavea onde o lado podtico encerra sempre Uma mmensagem social, que pode ser ou no impregnada de inge- ‘ullade. O lado tdi tambien conta como fator deciwo nas suas proposes e nisso desenvolve de mancira versiti cerias proposigdes que na epoca neoconereta surgiram au, tais como'as dos poemas-objetos de Gulla ¢ Jardim, ¢ as de Lygia Pape (Livro de Criagdo), onde a proposigao poctica se rmanifestava a par da lidica. Pedro, diaetco fereno, quer {ue suas manifesagdes de protesto se dem de modo lide « Aat6ingenuo, como se fora num parque de diversBes (para 0 qual possui um projeto).£ ele uma especie de anjo bom da Sova objetividade” pelo sentido sadio de suas proposigdes, [Na sua experiencia, elas amotagdes que encerra, pelo livre uso da palavra, da mensagem”™ do objeto construldo, que: temos vera recolocagao, em terms especficos seus, €9 pr0- Bema da aniarte, que aflui simuftaneamente em experién- clas paralelas, se bem que diferentes quase_que-opostes, ‘uals sejam as de Lygia Clark dessa época (Cuminhando), due anotaremos a segut, as de Dias (proposigdes de fondo Gico-social, as de Gerchman (esirutras também seman as) can minhas (Parangol) Em Séo Paulo, em outros termos, nessa mesma época (1968-65) surge Waldemar Cordeiro comh 0" Popcreto", pro 88 posicdo na qual o lado estrutural (0 objeto) funde-se 20 se Mdntico. Para ele a desintegracao do objeto fisco é também “desintegragao semantica, para a construeao de win novo sig nifieado, Sua experiéneia ado € fusdo de Pop com Concretis- ‘mo, como 6 querem mulios, mas uma transformacao deci va das proporigdes puramente estruturas para outras de of- dem semantico-estrutural, de oerto modo também part pantes, A forma com que e di essa transformacao € também specifica dele, Cordeito, bem diference da do grupo earioca, com carter unversalista, qual seja oda tomada de conseién ‘Sa de uma civifizagao industrial ete. Segundo ele, aspira a ‘bjetividade para manter-selonge de elaborapbes intimistas ¢ ‘aturalismas inconseqbentes. Cordeiro, com o “Popereio”, ‘reve de certo modo o aparccimento do.conceto de “‘apro" priagao™ que formularia eu dots anos depois (1966), a0 me propor a uma volta a “coisa”, ao objeto diario apropriado como obra INesse perlodo 1964-65 se processaram essas transfor: sapdes gerais, de um conceito puramente estrutural (se bem {ue complexo, abarcando ordens diversas e que ja se intro uziram no campo tactil-sensorial em eontraposig20 a0 pur amente visual, nos meus Bolidesvidtos ecaixas,a partir de 1963), para a introdugao disleiearealista, ea apronimagao participant. Islo nfo s6 se processou com Cordero em $40 Paulo, como de maneira fulminante nas obras de Lygia Clark e nas minhas aqui no Rio, Na de Clark com a démar- ‘che mais critica de sua obra: a da-descoberta, por ela, de alle ‘O process criativo se daria no sentido de uma imanéncia em ‘oposieao ao antigo baseado na transcendéncia, surgindo dat © Caminhando, descoberts fundamental de onde se desen- Yolveu todo o dual processo da artista que culminou numa Ndeseoberta do corpo", para uma "reconstituleso do cor po", aravés de estruturas supra e infrasensoriais,e do ato ia participapio coletiva ~ Gesta uma démarche impregnada do conceito novo de antiarte (0 iltimo item descrito neste es- quema), que culmina numa Torte estruturagao etico- individual. E-nos impossivel descrever aqui em profundida- de todo 0 processo dialético desse desenvolvimento de Ly~ gia Clark ~ assinalamos apenas a reviravolta dialética do fesme, da maior importancia na nossa arte. Paralelamente, intensfieandg esse processo, nascem as formulapdes tedricas de Frederico Morais sobre uma arte dos sentides”, com a » A bbusca de estruturas bisicas para 0 objeto, tugindo a seu mo: do dos conceitos velhos de esculturs ou pintura. Isto se ap catia tambim & experiencias como as de Hercules Barsot € de Albert, do grupo visual de Sao Paulo. ‘Um désenvolvimentoindependente, mas fundamental, & ‘do grupo do Realismo Magico de Wesley Duke Lee, eentea= 0 na Galeria Rex, Por inciivel que pareca, apesar de saber migs da sua importneia (que nese processo deserto teria pa pel semelhante ao do Grupo Realist do Rio), pouco dele eo Ihecemos. E um grupo fechado, exteemamente solide, mas do qual nio podemos avaliar todas as consequencias por des conhecermos sua ‘otalidade. Apenas vamos anotar aqui, além do de Wesley Duke Lee (nome j plenamente conhecide Tora do Brasil ecuja experigncia abarca varias ordens esru tua, desde as pictGricas ds ambientais), os nomes de Nel son Leirner, Rezende, Fajardo, Hasser. Esta mostra servird também para nos confirmar o que previamos: as premissas teorieas do Realismo Magico como uma das constitutes principals nesse processo que nos levou a formulagao da No- ‘va Objetividade. Eis, por fim, o esquema geral (ver quadro) da Nova Objetividade, das prineipais correntes, grupos ou. Inaividualidades que cotaboraram no seu provesso constiut- vo, aqui deserito nese items fundartental, ou seja, oda "pas- Sagem” “chegada"” as estruturas objetivas, considerando Derifricas as mals gerais de order cultural, que ineressama qui como provesso desta order, 0 que, de um modo © de outro, intluenciou 8 eclosto do process. Periféricas coxvro forsa LyciacLask Nova (cata CaRloea ure, rorentto ‘em 3: Partcipagao do espectador problema ca paripoctodoespestador mais ompe 10, je que esa paripagao, ave de nil se opee para co Se erecta semana de eka acs (sree cena cima gare A orem, dat areas oe “ouapaslo se mn a re ut"anroe we, paitpac ee re Gok pbs Se parca boom come qe wing parcpade fondancaly (aah, mio fe a oh proms, dona, io mada, ae, oon casas as see anes cm signicados novordferncando-se da a on cena: Bese 8s propose Pilidicas” a0 do ato”, desde as proposigbes semanticas da esa alere no suiao's ey i de sat ea Cat «ae let police suse, oa tp caer oda cbidivodepuuciacio, Genes pocasn RAN Cato ee cbevade ela por do ‘ijuenehega a obra €soicitado 4 completagho dos sgniica- geri ttre rea ama cha abet, Ee om seal na Bat karen ado a0 Ren a ae ess aggeiswousniero eer Sa oe ate AWOL Manito deal eum SSTSLA Gen arnt no movin teen 1 a eit la etorovse como qu dc pr ay cite. prgipiness no campo dt pos, Pal Sa oe ae ict asat en unre ia i ea eraaeictles de artcipagds do espetadoy, mas Sey turrets Pern atest de nas at we eee aii a coleteas per. Parte es roa apenas induaeas come 8 ae ropes ead ez abet Se ae baepusi, ise a de ten Gio nd totaal dea" oun obi & ee nue da odurio er seed obras Gia Senido ludico elevado ao manimo) ¢ uma desembocadura portant ee problems. conscigncia, & claro, dos perigos metafisicos que as ameagam. Finalmente quero assinalar a minha tomada de cons- ciéncia, chocante para muitos, da crise das estruturas pura, com a descoberta co Parangole em 1964 ea formulagio {corica dal decorreate (ver escitos de 1968). Panto priaepal ‘ie nos intetessa citar: © sentido que nasceu com © Paran- solé de ume participagdo colctiva (vest capas e danger), participagdo dialético-social « postca (Parangolé pokiico ¢ Social de protesto, com Gerchman), partiipagao ldica (jo- 189, ambientagdes, apropriagbes)e'0 principal motor: 0 da Broposito deans “volt 26 mii! Nie descr sat fambem esse processo (ver publicagdo da Teoria do Puran B08). ‘Outre etapa, igada em ralae que incluo ao lado dos tres primeitos reallstis eariocas segundo Schemberg, seria carace {erizada pelas experiéncias ja eonhecidas e admiradas de RO- berto Magalhaes, Carlos Vergara, Glauco Rodrigues ¢ Zilio. Qual o principal fator que paderia alibuir a estas experi clas que as diferenciaria numa etapa? Seria ese: sto elas c= Facterizadas, no conlito enire a Fepresentagao pictoriea € a proposigao do objeto, na abordagem do problema, por uma auséncia de dramaticidade, fator positive no processo, que confirma a aquisigdo de handicaps em relagao as anteriores, Esses artistas enfrentam o quado, 9 desea, dai passat) a6 ‘objeto (Sendo que quadro e desenho sao 2 tratados como ta), de volta a0 plano, com uma iberdade euina ausencia de slrama impressionantes. E porque neles 0 conflit J se apre= senta mais maduro.no processo dialetico geral. Seja nos ds- Senos e nos macro.e mieroobjetos de Magalhaes, surpreen- Adentemente sensiveise sarcisticas, ou nas experiencia mil tiplas de Vergara desde os quadrés inicials para o relevo om para os antidesenhios encerrados em plastico, ou para a parti- ipagdo “‘participante” do seu happening (sa G4 em 66), Ou has de Glauco Rodrigues com suas manifestagdes ambientais (Waldes e formas em plistico semelhantes a bringuedos gi- antes), slidos geometricos com colagens e antiquadros, © finda nas estruturas " participantes” de Zito, em todos eles std presente esta ausencia exemplar de drama — af a inten {es So definidas com uma clareza matissiana, hedonista eno ‘a neste processo, Sto artistas que ainda estd0 no comego, br Tante sem davida, e que nos reconfortam com seu otimismo, 2 Se aqui o processo se torna veloz,imediato nas suas in- tengBes, 0 que der endo dos novissimos e dos outros ainda totalmente desconfecidos que abordam, criam ja © objeto Sem mals toda essa dialética da “passagem™, do. furning point etc. Esta mostra, primeira da Nova Objetividade, visa Gar oportanidade para que aparegam estes jovens, para que Se manifestem inclusive as experieneies coletivas andnimas Gqueinteressem ao processo (experigncias que determinaram {itcusive @ minha formolagio do Purangole. Nao adianta Cometar, mas apenas anotar alguns desses novissimos, Sbertos a um desenvolvimento: Hans Haudenschild com sebs Tanequins de cor (seria 0 nosso primeiro “totemista"), Mo: za Gorovitz¢ 0s seus tnderwears, Solange Escosteguy com fas anticaixas ou supravtelvos para a cor, Eduardo Clark {lotozrafias, multiddes © anticainas), Renaio Landim (re ‘or ecaixash Samy Maviar (bjetos). Lanar, obaiano Sme- tack com seus instrumentos de cor (musieis). iygia Pape, que no Neoconcretismo criou o céebre Li- ro da Criagdo, onde a imagem da forma-cor substitu In Totum a palavr, cri, & par de sua expetiéncia com cinema, faixas d€ humor negro, manuselveis, que #20 ainda desco- tthecidas, e abre novo eampo a explorar. ou se, este do ‘or conto tal e nto apicando em representagoes externas 20 Seu contexts em oviras palavras:esruturas para o humor. ‘Nan Serpa, que passara das experiéneas concretas & dissolugto extrutural das mesmas, depois ainda: pela fase Critcarealista, retomou sentido construtive da Epoca con: feta hum novo sentido, deimediato no objeto, predominan: o\0 sentido Tidico, sein drama, entrando com a partici agi do expectador. Sao proposigSes sadias que ainda serd0 por certo devenvalvidas, que também nos evocam certas pre Inissas do conceto de antarte, que as tornam de imediato impor antes. "Gin Sio Paulo queremos ainds anotar a experigncia im portante de Willys de Castro, que desde a paca neoconcreta Eniara 0 “objeto ativo™ ¢ desenvolveu coerentemente esse processo ate hoje, aproximando-se de solugdes que se afinamh Eom o qie os americanos definem como primary structures, ‘Srque alias acontece com as de Serpa e multas obras da Epoce fedeonereia como as de Carvio (tjlos de cor) ¢ as de ‘Amilgar de Castro, que também mostraremos aul nesta ex: posi. Sto expetiéncias muito atuals, que fendem a Uma 3 \ \ lem # Tomada de posisho em relasdo a problemas pol Ha atualmente no Brasil a necessidade de tomada de po- sigo em relagdo a problemas polltico, socinis eeticos, ne- essidae ss ques aentua a eada da epee uma formu lagdo urgente, sendo o ponto crucial da propria abordagem dos problemas no campo eriativo: arts ditas plastcas, lite: ratuta etc. Nessa linha evolutiva da qual surgi, ou melsor, ue eclodiv no objeto, na participagao do especiador ete, 3 chamado grupo realista segundo Schembery (10. Rio), NO ‘campo pléstico (ineluindo alas experiencias de Escostegu), onseguti a primeira sincese de elas nese sentido aqui vert Ficadas. Ai, a primeica obra plistica propriamente dita com carater parteipante no sentido politico fol a de Escosteguy fem 1963, que, Surpreendido por gestoes politica de vullo na época, ctiow uma especie de'relevo para ser apreendido m nos péla visto e mals pelo tato (als, chamavase "pinlura ‘acti, e tera sido entao a primeira obra nesse sentido aqui = mensagem poliico-social em que 0 espectador teria que tus as maos como um cego para desvendiia). sas idéias, ou linhas de pensamento no sentido de uma ‘arte participanie™, porém, ja ha alguns anos vinham germi- nando de mancira clara e objetiva na obra de alguns pastas € tebrieos, que pela natureza-de seu trabalho possulam maior tendéncia para a abordagem do problema. A polemica sussi- {ada ak tornow-se como que indispensavel. aqueles que em Gualquer campo criativo estio procurando ctiar uma base Solida para uma cultura tipicamente brasileira, com carac- {eristcas e personalidade proprias. Sem diivida a obra eas idéias de Ferreira Gullar, no campo pottico e teorico, s80 as {que mais eriaram nesse period, nesse sentido, Toman hoje Uma importaneia decsiva e aparecem como ura estimulo pas aos que véem no protesto e na completa reformulagao pollico-social uiha neeessidade fundamental na nossa atuali- dade cultural. O que Gullar ama de participagao &, no fun- do, essa necessidade de uma participasao total do poeta, do intelectual em geral, nos acontecimentos ¢ nos problemas do undo, consequentemente inluindo e modificando-os; um no wirat as costas para o mundo para restringir-se a proble, mas estticas, mas a necessidade de abordar esse mundo com uma Vontade’e um pensamento realmente transformadores, 94 pos planos ético-pdlitice-social. O ponto crucial dessas lias, sepundo o proprio Gullar :ndo compete ao artista ta tar de modificagses no campo estético come se fora este uma segunda natureza, um objeto em si, mas sim de procurar, pe- la participagto total erguer 0s alicerees de uma totalidade cultural, perando transformacoes profundas na consciéncia ‘Go homem, que de espectador passivo dos acontecimentos Dassaria a agir sobre eles usando os melos que Ihe coubes- Fem: a revolta, 0 protesto, o trabalho construtivo para atin fit a esta transformagao ete. O artista, o intelectual em Fal, estava fadado a uma posicdo cada vez mais gratuita e alignatoria a0 persistr na velha posicgo estticista, para nos hhojeoca, de considerar os produtos da arte como uina segu da naturéza onde se processariam as transformagdes formals fdecorrentes de conceituagbes novas de ordem estétca. Del hitivamente € esta posigdo estetcista insustentavel no nosso panorama cultural: ou se processa essa tomada de conscien Gia ou se est fadado a permanecer numa espécie de colonia lismo cultural ou na mera especulagao de possibilidades que fno fundo se resumem em pequenas vartacoes de grandes tia ja mortas, No campo das ates ditasplisticas proble- ma do objeto, ou melhor, da chegada a0 objeto, 20 ‘generalizar-se para acriagdo de uma totaidade, defrontou-se com esse fundamental, ou se, sob o perigo de voltar a um fstetieiime, houve a ecessidade desses artistas em funda inentar a vontade construliva geral no campo politco-ttico- social, E pois fundamental 4 Nova Objetividade a diseussio, O proiesio, o estabelecimento de conotagdes dessa ordem 0 seu contexto, para que seja caracierizada como um estado tipico brasileiro, coerente com as outras démarches. Com is: 40 verificou-se, acelerando o processo de chegada a0 objeto © 5S proposigbes coletivas, uma “"volta ao mundo", ou sea, um ressurgimento de um interesse pelas coisas, pelos proble- mas humanos, pela vida em Gltima andlise. © fendmeno da Vanguarda no’ Brasil ngo ¢ mals hoje quesigo de um grupo provindo de uma eliteisolada, mas uma questéo cultural am- pla, de grande aleada, tendendo as solugdes coletivas. ‘A proposiedo de Gullar que mais nos interessa ¢ também 1 principal que 0 move: quer ele que no bastem a conscin. ia do artista como homem atuante somente o poder criador a inteligénla, mas que o mesmo seja um ser social, eriador filo a8 de obras mas modifieador tambern de consciencias 95 (09 sentido amplo, coletive), que colabore ele nessa revo~ Igao transformadora, fonga'e penosa, mas que aleum dia 1rd atingida o seu fim — que o artista “participe” enfim da sua época, de seu povo, Vem ai a pergunta critica: quantos 0 fazem? tem $: Tendénciaa uma arte coletiva Hi duas maneiras de propor uma arte coletiva: a1? se. sa a de jogar produces individuals em contato com 0 publico das ruas (claro que producdes que ve destiner ata, © hao produgdes convencionais aplicadas desse modo); outta, de propor atividades critivas a esse publica, ha prop etiagao da obra. No Brasil essa tend2ncia para uina arte cole: tivae a que preocups realmente nossos artistas de vanguar a. Ha come que uma fatalidade programética pata isto ‘Sua origem esta ligada tntimamente a0 problema da partici acto do espectador, que seria tratado entao j como um ‘rograma a seguir, em estruturas mals complexas, Depois de xperincias etentativas esparsas desde 0 grupo neoconcreto (Projetos e Parangolés meus, Caminhando de Clark, happen Ings de Dias, Gorehman e Vergara, projeto para parque de diversbes de'Escosteguy), hd como que uma solicitagdo ur. gente, no dia de hoje, para obras abertas © proposigdes varias: atualmente a preocupagio de uma “'scriagao de bras” (Vergara e Glauco Rodrigues), © planejamento de “feiras experimentais” de outro grupo de antstas, proposigbes deordem coletiva de todas as ordens, bem o indicam. orem programas abertos i realizaedo, pois, que _muitas dessas proposigdes S6 a0s poucos vao sendo possibl tadas para tal. Houve algo que, a meu ver, determinou de certo modo essa intensiicapio para a proposigao de uma ar te coletiva otal: a escoberta de manifestagdes populares or- sanizadas (escolas de samba, ranchos,Irevos, estas de toda ‘rdem, fulebol, feiras), @ a8 espontineas ou os "acasos”™ (‘arte das ruas" ou antiarte surgida do acaso). Ferreira Gul- lar assinalara ja, certa vez, o sentido de arte total que possui- Flam as escolas de sama onde a dana, o ritmo ¢ a i ‘vam unidos indissoluvelmente a exuberdncia visual da cor, das vestimentas ete, Nao Seria estranho enta0, selevarmes Is- s0 em conta, que 0s alisias em geral, ao procurar &chegada esse processo uma Solucdo coletiva para suas proposigdes, 96 descobrissem por sua ver essa unidade autOnoma dessas ma- hilestagdes populares, das quals o Brasil possui um enorme Acero, de uma rigueza expressiva inigualivel. Experiéncias ais como a que Frederico Morais realizou na Universidade {Ge Minas Gerais, com Dias, Gerebraan ¢ Vergara, qual seja 2 dle procurar “criar” obras de minha autora, procurando, “achando™ na paisagem urbana elementos que correspon dessem a tals Obras, realizando com isso uma espécte de happening, s20 importantes como modo de introduzir 0 es peetador ingénuo no processo criador fenomenologico da bra, j4 ndo mais come algo fechado, longe dele, mas como lima proposicdo aberta sua participasdo total. tem 6:0 ressurgimento do problema da antiarte Por fim devemos abordar e delinear a razdo do ressurgi- mento do problema da antiarte, ue a nosso vet as Papel mais importante e sobretudo novo. Seria am 210 por que de outro modo Mario Pedrosa sentiu a neces dade de separar as experictas de hoje sob a sig de “arte és-moderna”” — com efeito, outra a atitude eriativa dos Brtistas frente as exigencias de ordem tico-individual,e = Socials gerais, No Brasil 0 papel toma a seguinte configu Fagdo: como, num pals subdesenvolvido, explicar © aparect- ‘mento de uma venguarda e justfieé-la, no como uma alie- ‘hagdo sintomética, mas como um {ator decisivo no se pro- resco coletive? Como stuar ai a atividade do artista? O problema poderia ser enfrentado com uma oulra pergunt para quet faz o artista sua obra? Ve-se, pois, que sente esse frtsta uma necessidade maior, nfo so de eriar simplesmente, mas de comunicaraigo que para ele fundamental, mas essa Comunicagdo teria que 2e dar em grande escala, nge numa elite redusida a exports mas até contra essa lite, com a pro- pposiedo de obras nao acabadas, “aberias". essa a tecla Fundamental do novo conceito de antiarte: do apeaas mar telar contra a arte do passado ov contra os conceitos antigos (Gomo antes, ainda uma atitude baseada na teanscendental dade), mas criar novas condigBes experimentais, em que oa tista assume o papel de “proposicionista”, ou “‘empresario”” ‘ou mesmo “‘edueador". © problema antigo de “fazer uma nova arte” ou de derrubar culturas jé nio se formula assim =a formulacao certa seria ade se pérguntar: quais as propo- ” sigBes, promoedes ¢ medidas a que se devem recorrer para friar una condigao ampla de participagao popular nessas broposigdes abertas, no Ambito eriador a que'se elegeram es- es artistas, Disso depende sua propria sobrevivencia © a 60 ovo nesse sentido, Conctusao: Mario Schemberg, numa de nossas reunites, indicou um fato importante para nossa posigo como grupo atuante:ho- je, © que quer que se fara, qualquer que seja a nossa démar- he, se formos um grupo atuante, realmente participant, se- femos um grupo contra coisas, argumentos, fatos. NEO pre {gamos pensamentos abstratos, mas comunicamos pensamen tos vivos, que para o serem tm que corresponder aos itens citados © sumariamente descritos acima. No Brasil (nisto também se assemelharia ao Dada) hoje, para se ter uma po- Sigdo cultural atuante, que conte, tense que ser contra, vis- teralmente contra tudo que seria em suma o conformismo tultural, politico, Aico, social ‘Dot eriticos brasileiros atuals, quatro influenciaram com seus pensamentos, sua obra, sua atuacdo em noss0s se- {ores culturas, de certo modo a evolugao e a eclosio da No- va Odjetividade, que ja vinha eu, hi certo tempo, concluindo 4e pontos objetivas na minha obra tebrica (Teoria do Para ol8) ~ sto ees: Ferreira Gullar, Frederico Morais, Mario Pedrosa e Mario Schemberg. Neste esquema sycinto da Nova Objetividade nao nos interesa desenvolver a undo todos. os Pontos, mas apenas indica-los, Pata finalizar, quero evocar finda uma frase que, erelo, poderia muito bem representa 0 espitito da Nova Objetividade, frase esta fundamental e que, de certo modo, representa uma sintese de todos esses pontos fda atua stuse20 (condigio para ela) da vanguarda brasil faz seria como que o fema, o erito de alerta da Nova Objetv dade ~ cvla: DA ADVERSIDADE VIVEMOS! 98 15 de maio de 1967 Perguntas erespostas para Maio Barats, (Fragmentos) Quais as consegiéncias ou desdobramentos que voc? pode irar da Tropicalia na expasigao da Nova Objetividade? "Aexperitncla d3 Tropica foi, para mim, fundamental ‘no que desejo levar avante, Sentia eu uma necessidade pre- ‘mente de dar ambientacdo a uma serie de Penetraveis que ve- rho realizando, No Projeto Caes de Caga, em 1960, 05 Pe- netrdvels(labirintos com ou sem placas movedicas nos quais ‘Sespectador penetra, curmprind um percurso) crlavam wma especie de jardim abstrato, onde alem de obras minas havia © Teatro Integral de Reinaldo Jardim © 0 Poema Enterrado Se Gullar. Agora, a necessidade de criar um ambiente tropl- cal, do qual florescessem Penetravels, tamibem me velo como uma idela de inciuienele obras de outros artistas: altar de Gerchman, caixa-viveiro de Pape, poema-objeto de Roberta Citicica, objetos ladicos de Serpa. Mas, infelizmente, 50 fo| possvelrealzi-a, por varios motives, incluindo os poemas Objetos de Rober'a, O resultado, para mim, fot de sbsoluto Sueesso quanto as possbilidades eas ocorréncias ai veifica das: para entrar em cada Penesrdvel era 0 paricipador ob gado a caminhar sobre areia, pedras de brit, procurar poe- ‘as por entre as folhagens, Brincar com araras ele. — 0 a Bente erlado era obviamente tropical, como ue num fundo de chiara, e, 0 mais importante, havia a sensagdo de que estaria de novo plsando @ terra. Esta sensagio, sentia eu af {eriormente a0 caminar pelos morzos, pela favela,¢ meso o percurso de entrar, sait, dobrat “>pelas quebradas” da Tro pledli,lerabra mito as carninhadae pelo morro (lembro-me ‘gui de que, um dia, a saltar do Onibus ao pt do morro da Mangucira com dois amigos meus, Raimundo Amado © sua expora iliria, esta observou de modo genial: “Tenho a in pressio de que estou pisando ovtra vera terra” — esta ob: Servagio guardei para sempre, pois revelou-me naquele mo- mento algo que nfo conseguifa formular apesar de sentir € ue, conelul, seria fundamental para os que desejarem um descondicignamento” social). Dois elementos, pois, impor tantes para mim na minha evolugto contavam aqui de modo firme: 6 primeiro seria ode criar ambiente para 0 comporta- mento, ambiente este que envolveria as “Obras” e nascerla 9 ‘em conformidade com elas; o segundo referente a0 proprio comportamento do participador, baseado no seu contato di- Feto como tal ambiente, nas suas perceptivas globais que re- sultam no proprio comportamento.. Nao quero isolar aqui as ‘experitncias sensoriais, vivenciais ct; este seria o lade este- fictsta da coisa; quero ¢ dar um seatido global que susira um novo comportamento, comportamento este de ordem etico- Social, que traga a0 individuo um nove sentido das coisas. O ambiente & propositadamente antiteenologico, talver att ‘do-moderno nesse sentido: quero fazer o homem voltar & terra — hi aqui uma nostalgia do homem primitive, Esse cardter jf eta, nas obras [soladas, sugerido: cologuel aqui dois Penetrdveis, nos quals estdo presentes 0 problema do mito (caracerstica do.coletivo) ¢ 0 da absoreao do homer ‘moderno pela avalancha informativa e imagetica do-nosso mundo. No Peneirdvel maior, o participador entra em conta {0 com uma mulliplicidade de experiéncias referentes & ima gem: @ teil, fornecida por elementos dades para manipu- lagto, a ludica, e puramente visual patterns), & do percurso (0 “pisac™ também estariaincluido na tic), ate chegar a0 Fim do fabirinto, no escuro, onde um aparetho de televisio (eceptor) enconira-stligado permanentemente: €a imagem gue absorve o participador na sucessio informativa, global Considero isto como um exercicio experimental da imagem, a toniada de consciéneia, pela experiencia de cada um que enelre aide que 0 mando é uma coisa global, uma manipu- Fado das imagens e ngo uma submiss40 a modelos preest belecidos (Pedrosa). Estas obras so obras de transformasao pelas quais pretendo chegat 40 out lado do conceito de an- Harte ~ & pura disponibiidade etiadora, a0 lazer, a0 prazer, a0 mito do viver, onde o que €secreto agora passa a ser reve" lado na propria existéncia, no diaa-dia, ‘Os poemas-objetes de Roberta S40 como que inscrigdes no material que Ihes dé a completa significacao — a frase, 0 oema, este inscitos numa esteutura-objeto: 0 Ujol0, 0 Ko- por, oconcteta, a madeira: nao se sabe onde comeca 6 mate- Fiala ser poema ou passa este a ser material. Estes poemas- Objetos, entretanto, pedem um Iugar (isto Ja acontecia nes ‘do-objetos de Gulla, de outro modo), un ambiente onde dlevem ser achados, como algo secreto no seo dele. Esta re lagdo é adquirida depois de o poema ser inserito, ser “‘escon- dido™ ou colgeado, fugindo assim a certas imiplicagdes lie 100 terdrias de cunho surrealisa (ads, os surrealistas fizeram, poetas-objetos, mas o sentido destes procurava ser sempre felacionado a problemas literirios, vivenciais ete). O subje- tivo, a mensagem, a revolta encontram-se presentes, aqul, ‘hum novo contekto experimental essas premissas, resolv verificar as reagdes,sensagoes, eiperiéncias no decurso da exposigdo: descobr algo impor: tante: a informaedo estava.contida na propria amblentayao;, as obras, se isoladas em seco, nZo comunicariam com a ple nitude do seu sentido; o ambiente criado ago era pois algo fratwito, superficial ou devorativo como poderia parecer 20s fenos avisados, mas a complelagdo dessus Obras. Por iso © ue, dizia eu, certas obras pedem um ambiente; p.ex., 0 al tarde Gerchman, obra em si magnifica, ficou perdida, sem a Imininia informagao que pudesseintroducit a ela o'participa or. As propasigdes novas de Gerchman exigem urn compor. tamento do participador: ajoelhar, entrar dentro e carregar estrucuras (nova obra ainda desconhecida do publica) ete, alias ja comegara ele ito com as marmitas, fetas para serem transportadas de um lado para outro. Mas, para que alguem elas partiipe, € preciso uma intreducao que nao pode ser Somente verbal, tera que ser total, ambiental. Para isto, 3 ‘meu ver, cada obra devera exigir uma introdugao diferente 101 Dezembro 1967 APARECIMENTO DO SUPRA-SENSORIAL NA ARTE BRASILEIRA Tal como aconteceu com 2 pintura, a escultufa transformou-se siu do velho condicionamenio a que estavq submetida, quebrando a base, saindo para a mobilidade, transformando-se num produto bride, 0 objeto, 10 qual de- Sembocou tambem a pintura. Tudo o mas derivado de escul {ora epinturacondu2 ao objeo, qué, poranto, umeaminho, ome pasagem para esta nova sntse A palava,o poema (al como se veficou a experigneia neoconereta brant, em time de suas possibiidades, depurousse aparecendo at 0 oema-objeto. O que seria entdo 0 objeto? Uma nova cateno- Faou uma nova maneira de ser da proposia0estiica? A meu ‘er, apesar de também possi esses dts sentidos, a proposi- {20 mals importante do objeto, dos fzedores de objeto, seria §Ade um novo comportamento perceptive, criado na participa ¢20 cada vez maior do espectador, chegando-sea uma supera- S40 do objeto como fim da expresso esc, Para min, na Ininha evelugao, o objeto foi uma passazem para nperiencias ads vez mals comprometidas com 0 comportamento indi- dual de cada partcipador; fo questa deafirmar que a0 ha aprocura, ag, de um “nove condiionamento para part Cipador mas sima derrubade de odo condicionamento para.a procure da iberdade individual, através de poposigdes cada ‘Yezmais aberta vsando fazer com quecadaumenconteemsi mesmo, pela disponibilidade, pelo improviso, sua lberdade interior, pista para estado ctiador ~ seria o que Mario Pe- dross detiniy profelcamente como “exercicio experimental da iberdade”€ inal querer prosurar umn nove exeiclsmo or pelo objeto, ou limitarse a “achados" ¢ novidades pseudo- vancadas através de obras e proposigdes. Quando rie e defini aldéia de Nova Objetividade, foi para dfinir umestadocarac- teristic dessa evolugdo verifcada nas vanguardas braileias, ‘nfo paraestratificarconceitos e criar novas categorias:oobje- tocarte ambiental. A obra de Lyzia Clark, primeiro na trans- formacio do quadzo anunciando o fim do mesmo, e depois coim a magnifica descoberta do ““Bicho” transformando e li- ‘quidando aescultura, dai criando as mais ousadas proposigdes criativas, &decisiva para a compreensBo desse fendmeno entre 16s, o'mais importante e significativo da arte brasileira. As proposigtes que surgem, ora langam mao do objeto (palavra, Gaixa ee., indo a todas as modalidades, até &""colsa” ¢ 4 “apropriaeao”), ora do ambiente, absorvendo, catalizanda, seus elementos, mas visando éepropasigio em sua essenca, Alids, diga-se de passagem que quando tomei conhecimento do ambiente” (de 1960 para ci), serapre considerel o “obje- to” como uma de suas ordens (dai os Niicleos, Penetrives, Boles, Porangolé e as “manitestagdes ambientais” — dens para um todo, j& procurando a propasicdo vivencial de Inoje). Nao quer dizer aqui ciar uma esétca do objeto ou do ambiente; ese seria um lado menar do problema, que pode t- ‘mar certa importancia, mas limitada a0 expago © a0 mesmo ‘tempo nessa evoluedo. O que importa, ainda, €a esrutura in- terna das proposigdes, sua objeividade. O conceito de Nova (Objetividade nko visa, como pensam muitos, dilur as estrutu- ras, mas dar-lhes um sentido total, superar estruturalismo ctiado pelas proposigdes da arte abstrata, fazendovo erescer por todos os ados, como uma planta, até abarcar uma idea concentrada na lberdade do individuo, proporcionando-the roposigdes abertas ao seu exercicio imagins sta seria uma das maneiras, propercionada neste caso pelo ar- tista, de desalienar 0 individuo, de torni-lo objetivo no seu comportamento ético-social. O proprio “fazer” da obra seria violado, assim como a “elaboraso” interior, que 0 verda- Aeiro “fazer seria a vivéncia do individuo, CCheguei enti 0 conceito que formule’ como supfa-sen- sorial, Nesta nota seria dificil defii-lo em todo o se vigor — 103 ‘pretendo em breve publicar um texto sobre oassunto: “A bus: fa do tupra-sensorial”, Ea tentativadecriar, por proposigbes cada vea mas abertas, exercicios ciatvos, prescindindo mes- ‘mo do objeto tal come ficou sendocategorizado—naosiofu- so de pintura-escultura-poema, obras palpaveisy se bem que ‘possam possuir est lado: Sto diriidas aos sentides,paraatra- Ves deles, da “pereepedo total”, levar 0 individuo a uma ""supra-sensagl0, a0 dilatamento de suas capacidades senso- Finis habituais, para a descoberia do sew centro criativo inte. riot, da sua espontancidade expressiva adormecida, condicio nia a0 cotidiano. Isto implica uma série de-argumentos im possives de serem aqui discutidos: de ordem social, tica, pol tica etc. primeira experignca efetiva neste sentido, em gru 'po, esti sendo organizada em conjunto: além de mim, Lygi Pape coma proposisao da “semente"”,onde descobreaimpro- Visagdo e a expressividade corporal como introdusao & cra ‘640, como um convite ao gestoe ao ritmo: a redescoberta do orpo-express20 — o poeta Raimundo Amado, numa expe- riénciainédita com palavra e som e a apo dai decorrente — Lygia Clark com seus "‘capacetes sensorais” buscando o que ‘chama de ‘vivencia infra-sensorial. Nas minhas proposigBes ‘procuro “abrir"'0 partcipador par ele mesmo —hé um pro- ‘ess0 de “dilatamento” interior, um mergulhar em si mesmo necessirio a tal descoberta do processocriador — a apo seria acomplementagdo do mesmo. Tudo € vido segundo cadaca- ‘0 nessas proposes, principalmente 0 ape aos sentidos: 0 tato, 0 olfato, a audieto ete, mas ndo para constatar’ "pelo rocessoestimulo-reag4o, puramenteIimitado a0 sensorial co- mo nocaso da arte Op — 20 propor eapontar ui dilatamento ltior no participador, visa jé-0 supra-sensorial. A estbill dade supra-sensorial seria a dos estados alucindgenos (por uso de drogas alucinogenas ou no, jh que as wivéncis supra-sen- soriis, de varias ordens, conduzem também a um estado se- melhante; a droga seria 6 estado classico exemplificado do su- pra-sensoril) e, completando a polaridade, o estado comple ‘entar, ou se}, ndo-alucindgeno. Isto é algo a ser discutido Tongamente em outra parte, suscetivel que & de despertar pal _xbes pr6e contra. Toda essa experidncia em que desemboca a 104 arte, © proprio problema da liberdade, do dilatamento da ‘onseitncia do individuo, da volta ao mito, redescobrindo o ritmo, a danea, 0 corpo, os sentidos, o que esta enfim, a nds ‘como arma de conhesimento dteto, prceptivo, paticipante, levanta de imediato a reagao dos conformistas de toda espéci, {que ela (a experitnca) a libertapho dos prejuizos do condi ‘jonamento social que estésubmetido oindividuo. A paxicdo pois, evolucionéria no sentido total do comportatento — no seiudam, pois seremos tachados de loucos a todo instan 0 faz pate do esquema da reagdo. A arte jé nfo & mais. instrumento de dominio intelectual, jf ndo poder mais ser tusada como algo “supremo”, inatingivel, prazer do burgues tomador de uisque ou do intelectual especulativo: sb restara da arte passada o que pur ser apreendido como emopto direta, ‘9 que conseguir mover 0 individuo do seu condicionamento ‘opressvo, dando-Ihe uma nova dimensto que encontre uma resposta no seu comportamento. O restocaia, poiserainsitu- mento de dominio. Uma coisa € definitiva e ceta: a busea do Supra-sensoral, das vivéneias do homem, & a descoberta vontade pelo’ “‘exercicio experimental da liberdade” (Pedrosa), pelo individuo que aclas seabre. Aqui,sOas verda- des contam, nelas mesmas, sem transposigao metaférica 105 4 de marco de 1968 a idtia ¢ conceituagdo de Nova Objetividede, criada por mim em 1966, nasceu a Tropiedlia, que foi conciuida em Drincipios de 67 exposta (projeto ambiental) em abril de 67. Com a teoria da Nova Objetividade queria ey instituite ca ractetizar um estado da arte brasileira de vanguarda, gnfrontando-o com os grandes movimentos da arte mundia (pe Pop) eobjetivando um estado brasileiro da arte ou das, Indaifestagdes_ a cla relacionadas (ver catdlogo das expo sges Nova Objetividade Brasileira no MAM ~ abril 1967) ‘Aconceituagdo da Tropiedlia, apresentada por mim na mes ma exposigao, vio diretamenie desta necessidade fundamen {al'de caracterizar um estado brasileiro. lds, no inielo do texto sobre Nova Objetividade, invoco Oswald de Andrade € (© sentido da antropofagia (antes de virar moda, 0 que acon teceu apés a apresentacdo do Rei da Vela) como um elemen: to importante nesta tentativa de caracterizacko nacional. ‘Tropicdlia ta primelrissima tentativa consciente, objeiva, de impor uma imagem obviamente “brasileira” a0 conten atual da vanguard e das manifestacdes em geral da arte na ional. Tudo comesou coma formulagae do Parangolé em 1964, com toda a minha experiéncia com o samba, com a desedberta dos morros, da arquitetura organica das favelas| ‘arlocas (¢ consequentemente outras, como as palafitas do Amazonas) ¢ principalmente das eotstrusdes espontancas, 106 andnimas, nos grandes centros'urbanos — a arte das ruas, as coisas inacabadas, dos terrenos baldios te. Parangoll foto inicio, a semente, se bem que ainda num plano de ideias universalisia (volta a0 mio, ineorporagdo sensorial etc.) €3 ‘onceituagdo da Nova Objelividade e da Tropiedia (ver 0- nnogratias sobre Parangole, de. 1964: Bases Fundamentals ¢ ‘Anotardes, langadas na exposicdo Opiniao 65 no MAM do Rio, onde lias se deu a primeira manifestagio com as capas etenda Parangolé, com participacao de samba passistas © Fitmistas da Mangueira). Ver tambem a revista GAM n? 6 para mais completainformagdo sobre Parangolée 0 que cha ‘mo “arte ambiental” ou antiarte”. Na verdade, para chepar-se a entender o que quero com Nova Objetividade « Tropicila, postetiormente, & imprescindivel conhecer © en tender o significado de Parangolé (coisa que aliés muito mais depressa eniendeu o critica londrino Guy Brett quando sre vetrno Times de Londres ser 0 Parangolé “algo nunca vis 0", que poderd“influenciarfortemente” as artes européia © americana etc. Com a Tropieilia, porém, & que a meu ver sedi a completa objetivarao da ideia. © Penetrdvel principal Que compbe o projeto arabiental for a minha maxima expe- ‘asia om as imagens, uma epéce de campo experimental ‘Com as imagens, Para isto erie como que win cenario tro com planta, stares, afl pedrnnas (ane entersia com Mario Barata no Jornal do Comercio @ 21 de maio de 67, escrevo uma vivéncia que considero importante: paresia‘me a0 caminkar pelo recinto, pelo cenario da Tropicdlia, estat Gobrando pelas “quebradas” do morro, orednicas ‘al como fa arguitetura fantastica das favelas;outra vivlnicia: a de ‘es: {ar pisando a terra” outra vez), Ao entrat no Penetrdvel prin Cipal, apbs passar por diversas experincias (dct sensoriais, aber’ a0 partcipador, que cria ‘al o seu sentido imagetico através delas, chega-se ao final do labrinto,escaro, onde urn receptor de TV esté em permanente funcionamento: € ima fem que devora entio o participador, pols ¢ ela mais aliva ue 0 seu criar sensorial. Alias, este Benerrdvel deueme per- fanente sensagao de estar sendo devorado (descrev sto nu sna carta pessoal a Guy Brett em julho de 1967), € a meu ver ‘obra mais antropofagica da arte brasileira. O problema da Imagenr€ posto aqui.objetivamente ~- mas sendo ele univer- sal, proponho tambem esse problema num contexto tipico ‘nacional, Wopical brasileiro, Propositadamente quis eu, des 107 e a designagao criada por mim dé Tropicdlia (devo infor- ‘mar que a designaedo fol eriada por mim, muito antes de ou- tras que sobrevieram, até se tornar amoda atual) até os seus minimos'elementos, acentuar essa nova linguagem com ele- fentos brasileiros, auima lentativa ambiciosissima de cia uma linguagem nossa, caraceristica, que fizesse frente & imagetica Pop e Op, internacionais, na qual mergulhava boa parte de noss0s artistas. Mesmo na exposigao Nova Objetivi- ade podia-se notar isto, Perguntavanme entdo: por que usar Stars and stripe, elementos da arte Pop, ou reticulas e ima gens de Lichtensiein e Warhol (repetigag de figuras etc.) — ‘u, como 0s paulistas ortodoxos, 0 ilusionismo Op (que als poderia ter falzes aqui, muito mais que.a arte Pop, cuja Imagetca-¢ completamente inadmissivel para 6s)? Na ver dade, porém, a exposigto Nova-Objetividade era quase que por completo mergulhada nessa finguagem Pop hibrida para nbs, apesar do lalento eforea dos artistas nela compro= Inetidas: Por isso creio que a Tropicdlia, que encerra toda es sa erie de proposigdes, veio contelbulr fortemente para essa Objetivacdo de uma imagem brasieira total, para a derrubar 4a do mito universalist da cultura brasileira, toda calcada zna Europa e na América do Norte, num arfanismo inad= Imlisivel aqui: na verdade, quis eu com @ Tropicdla ctiar 0 mmita da miscigenagdo — somos regres, indi, brancos, ddo ao mesmo tempo — nossa cultura nada ter aver com a feuropéia, apesar de estar até hoje a ela submetida: sO 0 negro 0 Indio no eapitularam a ela. Quem nd tiver consciéncia isto que eaia fora. Para a eriapZo de uma verdadeira cultura brasileira, caracteristca e forte, expressiva a0 menos, essa hheranga maldita européia e americana terd-de ser absorvida, anlropofagicamente, pela negra e india da nossa tera, que na verdade sf0 as Unleas sigificativas, pois a maioria dos produtos da arte brasileira € hibrida, intelectualizada 20 ex- temo, vazia de um significado proprio. E agora 9 que se ve? ‘Burgueses,subinteleetuas, cretinos de toda especie, @ preear tropicalisma, wropicalia (vitou modal) — enfim, @ transtor- ‘ar em consumo algo que ndo sabem direto o qe €. Ao me- ‘nos uma coisa €certa: 0: que faziam stars and stripes js esto fazendo suas araras, suas bananeiraset.,ou estdointeressa- dos em favelas,escolas de samba, margitais anti-her6is (Ca ta de Cavalo Virou moda) etc. Muito bom, mas no se es- {quesam que ha elementos af que nde poderdo ser consumidos 108 ———-- - t por esta voracidade burguesa: 0 elemento vivencia direto, {ue vai além do problema da imagem, pois quem fala em tro: Bicalismo apanha diretamente a imagem para o consumo, Ultra-superfical, mas a vivéncia exstencial escapa, pois nO ‘2 possuem — sua cultura ainda ¢universalista, desesperada- mente a procuta de um felclore, ou a majoria das vezes nem asso, Chepuel entao A idéia, que seria a meu ver a vivencia Principal e fundamental da consequencia das formulactes Enteriores — Parangole, Nova Objelividade e Tropicdlia: €0 Supra-sensorial, que apreseatel no Simpésio de Brasilia em dezembro de 1967, promovido por Frederico Morais, num artigo inbitulado ‘“Aparecimento do Supravsensorial”. Esta foomuasa oben eros cements de dieting absorato, {uase impossivel consumo, 0 que, espero eu, consiga colocat {3s pontos nasi €a definitiva derrubada da cultura universa- lista entre més, da intelectualidade que predomina sobre a criatividade — & a proposigdo da liberdade maxima ipdivi- ual como meio Unico capar de veneer essa estrutura de ‘dominio e consumo cultural aienado. Em um que estou preparando, “A Busca do Supra-sensorial™, todos esses problemas s40 postos propostos: o velho da “volta 20 into", o da cultura nacional, a supressio defititiva da “obra de arte" (transformada ém consumo ta estrutura ca pitalisia), oda criatividade no plano coletvo eth oposiezo a0 Condicionamento vigente, 0 do uso das drogas alucinogenas to plano coletivo (inlusive mostrando a grande diferenca esta proposica0 aqui para ade Timothy Leary © adeptos nos EWA), ocilatamento da conscitncia individual para'o plano crativo, a incompardvel diferenca da expressividade do ne fo em relagdo 20 brance intelectualmente,criagdo d0 mito brasileiro da miseigenagto. Como se vé, 0 fnito da tropical dade € muito mais do que araras e bananeitas: €a conscién tia de um nao-condicionamento as estruturas estabeletdas, portanto altamente revolucionario na sua totalidade, Qual {Quer conformismd, seja intelectual, social, exstencil, esea: pa suaideia principal novembro de 1966 SITUACAO DA VANGUARDA ‘NO BRASIL (Propostas 66). Se quisermos defini uma posgdo expeifica para 0 que cha- ‘amos de vanguarda basa, tefemos que proce crac. ferizar a mesma como fendmeno tpico brasra, sob pena 5 no St vangusrda neuro apenas ua Ta vane guarda, epigono.da americana (Pop) ou Ga francesa (Nouveau-Realisme) etc, a ese atta nerante dee vanguard basa, © rico, digo que 0 acer de ceagdcr a0 qual podemos cha. thar de'vangvarda railia¢ ums fendmevo nove no pane: Tama intemacional, independente desasmanlfetagoes tip cas amercanas ou curopeas, Vincuagdo cise, Garo, pois no campo da arte nada pode Ser desligndo den coniento universal nto algo aue ese sabe mult eno imereasa ds ‘itr aga “ods «mina evolugdo de 1959 para cf em sido na bus- ca,do que vim a chamar feeentemente de uma "nova obj vidadeecrcio ser esta a endénciaespeciica na vanguard brasileira tual. Howe como que a necesidade da descober: ids sutras primordia Jo que camo obra que se comegaram a vevelar com a transformalo do quads para lima estraturaambentl (sto anda mu gpoce do moviments ‘neowoncreto do Kio, a crasao dessa nove estutua cin bases Solidas eo gradativosursimento dessa Nova OU)etividace, ue se caracteriza em principio pela ciao de novas orden SStruuras, nto de “pintura” ou “eseltura"y mas orden Ambientas, o que se podeia chamar “objetos*. Indo nos Satistazent as velhas posisoor puramente estetcas Co 10 principio, das descobertas de estruturas primordia, mas es- fas descobertas como que se tornaram habiluais e se dirige 0 artista mais ao estabelecimento de ordens objetivas, ou sim- plesmente& crlagio de objetos, objets esses das mais varia- Sas ordens, que nao se limitam 8 visto, mas abrangem toda & ‘scala sensorial, e merguiha de maneira inesperada num sub- jetivo renovads, como que buscando as valzes de um com portamento coleivo ou simplesmente individual, existencal. io me tefico 4 minha experiéneia em particular (negacao do ‘quadro, tiaga0 ambiental de Niileos, Penetraveise Bolides, Parangoléy, mas também a0 que posso verficar nas diversas mmanifestagdes daqui. A participagio do espectador & funda mental agu, 0 principio do qué se podeti chamar de “pro- posigdes para a criagao", que culmina no que formulei como Entiarte, Nao se trata mais de impor um acervo de idéis e es {ruturas acabadas a0 espectador, mas de procurar pela des- centralizagio da arte" pelo deslocamento Go que se desig- fna como arte, do campo intelectual racional para o da pro- pposiedo crlativa vivencial; dar ao homem, a0 Individuo de hoje @ possibilidade de,“‘expetimentar a criagdo”, de desco~ |Z— brit pela participacao, esta de diversas ordens, algo que para ele possua significado. Nao se trata mais desdefinigdes inte= Teetuais seletivas: isto é figura, aquilo € pop, aquilo outro & realsta ~ tudo isto &espirio! O artista hoje usa 0 que quer, mais liberdade riativa ndo ¢ possivel. O que interessa€ jus: tamente jopar de lado toda essa porcaria intelectual, ov deixdvla para os otdrios da critica antiga, ultrapassada, & pprocurar um modo de dar a0 individuo a possibilidade de Fexperimentar”, de deixar de serespectador para ser parici= ppador. Ao artisia cabe acentuar este ou aquele lado dessas ‘rdens objetivas. Nao interessa se Gerchman, p. €X., usa fie iBura pregada em caixas, ou se Lygia Clark usa caixa de f0s- foros ou plisticos com Agua, o que inieressa € a proposicao (que faz Gerchman, as de marmitas-objetos para que 0 dividuo carregue, ou a proposicao de Clark quando pede que fapalpem suas bolsas plisticas. Poder-s-ia chamat 2 Isto de Sfnove realismo” (no sentido em que o emprega Mario ‘Schemberg, pick, €.nA0-no de Restany), mas pretiro o de “nova objetividade”, pois muito mas se dirigem estas expe- ritncia a descoberta'de objetos pré-fabricados (nas minhas apropriagOes", P.ex., ou nas experiencias pop-oretas de (Cordeiro) ou a criaga0 de objetos mais generalzada entre am do objeto", advinda da descrenga nos valores estetiistas do camera auc Be reins da critica podre e fedorenta; Pre GRELAZER [Nao écupar um lugar especifico, no espago ov no tempo, as ‘im como viver o prazet ou nao Saber a hora da preguiga, 6 pode ser a atividade a que se entregue um*criador” “due # ou quem poderia serum eriador? Criaf pode ser ques que ers umna era, um-eriador de cavalos, por exem plo. Mas, pode um eriador de cavalos ser “o criador'"? Tal- Ver, por ave nao?, mais Jo que muito fresco que anda pin- Tando por al, Claro depende de como 0 faga, como se de- pate no lazer-prazer-fazer. Adeus, 0 esteticismo, foucura das Bascadas burguesias, dos fregueses sequiosos de espasmos Btaicos, do detalne da cor de urnmestse, do tema ou dole- Sim, hoje ainda hd o esteticismo da Pop, 04 da Op, da Minimale também d0 happening. Os que nao se defroniam Como Crelazer ado 0 podem saber, nem crer que se possa ¥i- Ser sem un “pensemento”” que ver a prior sempre e que {01 2 gléria do mundo ocidenta, j& que o oriental sempre olhou din indiferenca ou incompreensdo a “loucura branca”” ev ropeia ‘O Crelazeré-0 cri do lazer ou crer no lazer? — no seh, talver os dois, talver nenhum. Os chatos podem paras por ‘aqui pois jamais entenderdo: & a bucrice que predomina na rien ¢varte por sorte eles foram fulminados pela indie fenga do prazer, do lazer Ou dos supravestados cannabianos, febem que nao me iteressa essa identiicago aqui "Adevs endorinhas da critica, ou das casas, ou das frases {eitas boas’ bonitas — hei, levante-te vagabundo, nem s6 de 13 preguiga vive o homem, mas o lazetprazer€ Iicto, como & Seitar € ler jornal, beljar com sofreguidao (quero ja meu amor perto de mim, apertando-me a'mao, palma-a‘palma, (oh, porque esti 20 longe, nao velo) que cidade, adistancia & ‘o nido lazer, s€ bem que andar possa sero lazer, na chuva, ‘nas beljar ambém o, no encoatro. B, pode-se ir mais lon 8e, mas quero, por enquanto, concenicar-me no lazer, que No Amor € 0 beijar, mais imediato. ‘Crer no lazer, que bobagem, ndo creio em nada, apenas vivo. Coitados dos que créem, vai ver que jazem crendo, ‘num espasmo, mas & que essa transespasmoago nfo interes: sa mais: ainda a projesto (poderia ser uma projerecg&0) no 1,0 plé mistico, mas @ meditagdo do lazer ¢ mais que $0, porque talvez seja a onda, como a do mar, do mesino mar, Griada pelos ventos sobre ele, mas que sio vistas-vivides em fantos modos quantos os que nascem de mim, de voce e do ‘mundo grande de gente que do vemos, mas que existe. Que +o viver! mas no quero erer! nlo quero que.a vida me Yaga de otério! sim, porque crer é projetar-se de si mesmo no na 4a, néant. Prefiro a salads da vida, 0 esfregar dos corpos. Quero meu amor! As possibilidades do Crelazer AA cxperiéncia'da Whitechapel confirmou-me muita c sa, derrubou outras, e me conduz A meta ""do que pensar” € de para onder” — primeiro & revitalizapao dos primelros ““penetriveis™ e "nicleos™ (de 1960 em dante) — depois & definitiva transformacao do ‘mundo das imagens” do abstrato-conceitual (derivado dos coneeitos neoconcretos) atéa Tropiedia, onde esse repert6rio da "Imagem" como tal Se consolida na'consciéneia dele mesmo, numa sintese, ese supera para um novo sentido onde 0 que€ra ‘aberto" se tor- ha “supraberto”, onde a_preocupacdo estruturat se dissolve no “‘desiteresse das estruturas”, que setornam receptéculos Abertos as significagdes. Toda a.concepeao do Elen ve Inia nisso: na transformagao de uma sintere imagética, a T70- Peli passando pela formula do Supra-sensoil, ta lala de Crelazer, que teve sua primeira conflagragdo com & Cama-Bélide e com 0s bolide-Steas,feitos desde 1967-—~ na verdade, dentro da Cama-Bolide, pude conceber a semente us de tudo 0 ue se eraucu depois, no Eden, a ralizacto do imesmo na Whitechapel, em feverero de 69. 0 Eden nto ests Submisso entretanto’a ‘uma forma acabada, mas 2 propo- Sig permanente do Crefaze. As proposigdes nasceme ces- em nelas mesmase noutras ~ a iia da construgio do Bar- ‘acto seergue mais uma vez como uma possibilidade urgen- fe, como a consolidagdo de um pensamento torre, expinha Aesal do que chamo Cretazer. Na experiencia whitechapelse faa as sementes do-Eden propinliam “visbes"* a0 Crelazer:@ ‘camasbélide onde se entra ese deta sb a estrutura de jute: & oncentragio do laze, que se tende a fixar. O trajto do pe hu sobre aria, que e ntesrompe com as sucessivas entra das nos penetravels de Agua, lemuanfa, de folhas, Lofoiane, de palha, Cannablana. Ainda pela arca chegase 8 arcia lc Imitada ein area no bolide-area 1 e a0 feno no bolide-tea 2, Onde se deta como se a espera do sol interno, do lazer n8o- Fepressivo. A tenda peta enigmatica concentra o exconder- Se, como um ov, e dentro a misiea de Caetano e Gil nao & tima imagem superposta, mas uma nove elagao do mundo esconddo, um "sentido" que se alia a0 lato, mas Sem ee fares “imagens tctel” como no penetravel ict-sensorial {da Tropicdia (hava 14 uma serie de elementos tdctels que tzminavam pelo trajeto no escuro rumo & TV permanente fmente ligada, oma sintere da imagem quando se inter- relacionavam) — nessa tenda preta uma idea de mundo aspi- Fa seu comeyo: 0 mundo que se ria no nosso lazer, em torno dle, nto como fuga mas como Spice dos desejos humans, © icsmo diria em relagdo aos penetraveis — cabines. Tia Ciara em cujo interior luz vermelba criada pela filragao dia luz exterior através do plistico envolvente se mistura a0 Incenso que se ueima ao deitar-se no chdo de espuma, eo Ursa onde se penetra girando a porta-paredee se encaixando dentro das-coberlassaco ¢ telas de ntilon, deitando: 0 eSpago-casa propde um nove mundo-lazer, Para o fim reser ‘vo dois nicleos de lazer, no Eden, quea meu vet levam a pla- hos mais avangados, indicam. um futuro inais inesivo: 1) @ rea aberta do mito, que se constitui num cercado circular ‘edado por uma trelica de duratex (0 plano incial era © de tuma trelia de metal coberta por trepadeias vivas —~ esse plano oque prefiro), no choo tapetecuja sensago quente fucede darela a rea vavi interior € 0 campo para a con tiugdo total de um espaco significativo "seu" nfo ha ""pro- us posi” aqui estar-se nu dante do fore-ditro, do vaio, Pstarse no estado de “fundar""o que nfo existe ainda de Se autafundar, 2) os Ninhas, 89 fn do Eden, como asa para oalémaimbiene, sto &, a amblentagao nao interesa oma informagdo para indicat algo: én ndo-amblentagto, a Dossbldade de tudo se crlar das ula varias, onde se Dis. Earia “aninhasse™. a0 sonho.da construgao de totalldades ave se eguern como bolhas de possbiidades — o sonho ds tim nova vide que se pode lear entre o autafundor jo Unde «dba de Cree romatecrpor Ss as aca ‘oct, nds cada qual €a celeste monde cn Barracto — formulagao da idtia de Parangole em 1964: rai ratz brasieira oua fundagao da raiz Bras ers oposicao & folelo- zagto desse material raie a folelorivasao nasce da cam fagem opressiva: "mostrar o que £ nosso, os nossos valo- res." — a aflutncia da-arte primitiva ete, — Parangolé se ‘rue desde 64 contra esta folclorizagao opressiva e usa 0 beso maferial que Seria outfora fole Bras como esiramura ‘ndo-opressia, como revelagdo de uma realidade minka-rarz ~Jerdnimo, na foto vestindo a caps (Aterzo, 1967), revela toda, uma sintese: @ InexplicAvel o que se pasia ai: © modo ‘com que se veste na planta e veste a capa ¢ dado pela posigho igestual facial que expressa mais do que um simples posat” € Brasil-raiz, ntransferivel, mas nao se limita a uma “mas gem Brasil": €raiz-estrutura e¢ nfo-opressiva porque revela lima potencialidade viva de uma cultura em formaedo: digo cultura em formacto como a possibilidade aberta de uma Eultura, em oposiedo ao carder por que se designa habitual- mente algo cultural — certo sentido, e muito, & anticultura porque propde ademoliggo do que€ opressivo: a cultura, co ‘io € immposta arificialmente, € sempre opressiva, €ndo-riar ‘que vem com a glorificaego do que jd esté fechado, se bem ‘Que possibilidades de seinformacdo possam sex radas dai — thas, no contesto geral, toda a parafernalia cultural- tico-Toleloriea-nacional & opressiva — Parangolé ¢ a lscoberta da raiz-aberta pela primeira ver = Tropica (a limager-estrutura) e Barracdo (comportamento-estrutira) 116 stoas evolugdes naturals disso ou 0 projeto da raiz-Brasit — a fecundagao universal da raiz-Brasi: as posibilidades cul- turais intranserivels se expressam através de estruturas pu: Famente universais ~ a busca imediata para o que denomine! Parangolécoletivo (cedundanca, ji que Parangolé desde 0 inicio propunha o cotetivo como condigao inerente); propor ‘propor jem 1966-67 era a condigao prima de tudo: Tro- ‘iedlia foi a proposigdo de uma condigao abertae descoberta Sessa roiz-estruturasproposigao de um completo ambiente- ‘compertamento —- a idéia de Barracao absorve, como 0 Super-mata-borrao, no gue chamo comporiamento- ‘strutura: «descoberia do Crelazer como essencial& conch Slo da participagao-proposicao: a catalisayao das energias {L_to-opresivas ea proposigao do laze ligadoa eas LDN iula-comportamento ~'a impossiilidade de as cha- rmadss de “tepresentagao™ emergirem como algo ~ vivo 3 olsaviva em si na sus céfulgrela, que se manifesta po com= portamento que € 9 criador da vida edo mundo ~ célla de {ue cllula, 0 que se multiplica no desconheido, no N80 formulado, pois como posse formulat 0 comportamento dividual? setcélaia abo "esta no mundo, que ser, viver™ vidamundo-riagdo, sdo Vlhas distngdes que si0 uma ‘Hlulasc comportamenio, que realmente agora, mst, cia fhultipeagao'ou expansto celular ago. clile-matie do Borracdo, nas 0 comportamento eo crescimento den & que formartoactula-mae, nsbsvuvel gente + tempo ta possblidade de expansio ~ aideia de forma eestrutura na Bistro passado de “necestidade estrutural’”cesce para Seora de “exisencia ou nao" algo espreita a possibidade desemanifesar eaguarda ~ ullaguards A OBRA, SEU CARATER OBJETAL, OCOMPORTAMENTO LONDRES (Especial area GAM — A inufcieci dass. truturas de museus galeras de arte, por mals avangados que Sejam,é hoje em dia lagrante era, em mullos casos o sone tido profundo, antensdo renovadora do artista, Lembro-me ds como Mondrian, por excmiplo,€injstigads a0 ser colo: Gado to esteticaente dentro de vidro, em faguisimas mal ddurasineligentemente boladas para soas obras, em lindas salag como um acadzmicocafond qualquer “Talvez nfo tenha Mondrian debado nenbuma especitica insteugdo quanto a iso; as, quando vemos as fotos de seu alg em Nova forque, com # amblenayao que ciara paraa ondigdo, para o nascent de ads obra sus, vemos que es vibrant al anes de enaren no ono Po) cultura-coméreio™ em que Se ransformaratn postriormen, (e, puardadas delcadamente ats de prossos vdros em salas Ataptadas etc, Por que entdo, para sermon Vets a9 pensar ‘mento da artisa, nao se reconsttuem os seus ambiente pe- Is foto? Serta mais, mas meno rene tae joje, com a8 proposgses de uma arte-otalidade, tornase cada ver mais Imposivel essa separeedo Ov adap, {plo posterior de Tas idles, cadaver mals radial, as {i de mies galeria — ctor econtmg a ue fo interessam experiéncias que ndo se possam seduzit a = fo. Ea cade dia estas se foram mae comple ire. duiveis, donde sev que os que devem mudar so ces, ues Se conctite académico de esltara, ambivalent ja origem thas perfetamente aberto 4 condagao que se ihe quera im us primir. Pergunto eu, como se reconstituirdo as obras am: bicntais de Fontana, recentemente falecido? Em salas? (nos ambientes brancos, as pevas se situam masala eo espago en fre elas funciona como parte delas viruals, por onde se cami ha Sa eno Sea peso um enorme sea par ss. ‘Agora, com o tempo e as novas experiéncias, outro pro- blema bem mals grave aparece: 0 do recinto-cbra, indes vel pela sua natureza, ou seja, o higar-tecinto-contexto: bra, abetto 4 participagdo, cujos significados sao acrescen {ado pela participagao individual nesse coletivo, Jase ve que ‘a velha sala de museu, eclética, dando para outra onde se exi- be outra “obra completa” et:., ndo da mais pé. De Mon- rian em diante, passando pelo problema da absorcao am- biental das velhas categorias de arte, para o da proposieao aberta, o camino foi grande e chegamos como que a0 OpO%- todo que ele se propunha: na verdade Mondrian, e Schwit~ {ers com seu ergbat, propuntiam acasa-abra come a ea baguo extica da ida, Ou feja, a aplcagao de wma deter ‘au estratuta, qe eta ais universal possive! (otogonal GerMongrian), evando a um comportamento adequad at Stiqurio, ou que foe o resultado de um comportamento esto ia scolar cots achadas frend o amber. {eno Merzbou de Schoiters) — ambos propunam endo 9 Eden, ou sj apetavam a0 praze de vveresteucamente. < Mas Mondrian introduzia,tambem de modo ambivalent, ontradigdo disso: sua proposieao que hoje nos inleresa totalidade-obrz o que no fetereeatapiearextratoras-obra fore um contexto, masa esrutura-orogonal Mondrian po- dena sera matersnatic para a tsimiapto ambiental do Suadroesua tansformaga0, como tmbem um elemento pa- faa descobeta inigal Ge tam novo conteto para anova bbra-contexto, que ja ado pose o carter imilado de uma Sopra" fendela ase tomnar a peye-obresprivilegiads de an- tes, com cater transcendental, consituindo se recto {a experince abertas.Schufitersdesobria&"consrugao betta"; deriva dos proceson de colagem, dos ready. ‘nudes de Duchamp e &argutetura de Gad, mab obra {esultante ainda era 0 "fim de um erescimento™ ou a Sia “SJarada™, A proposgdo schwrtersana seri a de Um cone {eklo ou recingo obra privilepado, onde o artista brlolage Tia ses fragmenionackados ("momento Jo acaso" de Pe- rota: gu a ctngd0 do reiato, hoje, serla.0 oposto 00 9 (axe propunha Schwitters: nfo priviepiar, condicionar a vi ‘éncla ou o sentido de um recinto, mas dar-ihe aberto (come 3 Cama-Bilide) para @ construeao dele pela vivencia partci- pativa. Ha entéo, longa e paulatinamente, a passagem desta posigto de querer criar um mundo estétieo, mundo-arte, su perposiczo de uma estrutura sobre 0 cotidiano, para a de Sescobrir 0s elementos desse cotidiano, do comp hhumano, e ransformé-lo por suas préprias les, po sieges abertas, n20-condicionadas, unico meio poss pponto de partida para isso. Esth claro que a "ideagao” ante- For substitul a “fenomenacao” de hoje. O artista nao € en {0 0 que declancha os tpos acabados, mesmo que aliamente Lniversais, mas sim propbe estruturas abertas diretamente 20 comportainento, inclusive propde proper, o que € mais im portante como consequéncla. A obra antiga, peca unica, mic frocosmo, a totalidade de uma ideia-estrutura, transformou- S¢, com 0 conceto de abjeto, ambem numa prapasicao para © comportamento (onde incluo a idéia de profjero de Rogério Duarte) estruturas palpaveis existem para propor, como abrigos aos signficadas, no uma "visio" para um ‘mundo, mas 2 propasicdo para a constructo do “seu mune do", com os elementos da sua subjetividade, que encontram al razoes para se manifestar: sao levados a 80. A Miberdade ‘com que Se manifestam, hoje, no mundo, as formas dessas roposigdes, € a cada dia crescente; a iddia de um recinto- ‘bra volta er checada, mas nao mals como uma invasae estrutural no mundo dos objetos, mas como eriageo nesse ‘mundo de recintos-experiencas, abertos As sinificagdes, que hasceme nas partcipagoes individuals, Habitar um recin(o € ‘mais do que estar rele, €crescer com ele, € dar significado & asca-ov9; €a volta & proposigao da casa-total, mas para ser feita pelos participantes que al encontram os Iugares- clementos propostos: o que se pega, se vee sente, onde deitar para o lazer criador (ado lazer repressivo, dessublimaério, mae olazer usado como alivante nto repressive, como Crela 2e1), Entdo 0 conceito de casa-fofl, ou recinto-Cota, poder- ‘se-la substitulr pelo de fetinto-proposicao, ou probrecinio, (Os "estados de Fepouso"" seriam invocados como estados i. ‘os nessas proposes, ou melhor, seria posta em xeque & ‘ispersdo do repowso”, que seria transtormado em “ali~ mento" criativo, noma volta fantasia profunda, a0 sonho, 430 sono‘azer, ou ao lazerfazer no interestado. © mods 120 aM HE oy asa meary ‘Bh rade ond emo a ote on Kind Hut Architecture sethout Arenacete™ de ‘ama nha primeir experiencia ensmentos que sai estas 20 ago cums ‘de uma an olne nama ales Kuk de fonts emanesa, "sain en, {deSohmen: A aldo ene fe volta doe sets oetpante Somoumaleveccliscnstmady. races mais pert dos chaps de noses meres do gue das 05 lar protepia pelo veludo Beeb ‘ea dss prods pla reds elas cote da Trates Trico de Claude Le PEE EE ———«_— H&LIO omicica sdescobre” como revelao wma nova totaidde ei sere mundo, ‘Londres, 1989 conde sensghes toa lta sobre todos of opsies). claro que ‘rio atten (e quero dizer “rlapo" om tod e ss manifest (© aden & um campus experiment, uma espécie de ba, onde (bes) de um cate seid enloba two st mas eu quero os senidos tolas wa experéncan Nite io peed inmnany eofents onda a copeie humana. ua caplse de ger ico pass “Sauaghes,prt sagt, ar fer de ons © constuo o cov tes neo nda um-~ por, proposes “aera se dae emesmne mates baton eer pra "far cia que © part aor ser capa de esl. ‘ans env te contents gusto com ee plto do Eden. Sen- ‘ime complement ved th, at Je ta mesmo ao vo fom s novas eas aque chose sobre once de“ Supra Sea. ‘aI pum in toda te shops: ocesidae de um sige {Sle apn senorl di anor or proven Ger eh ‘cogil ‘Conitero camo problems “snc” ses ques relic sont peat de etn exan concern «pt mo CcorensOp Ar ets acs cond camo eters ses ‘Sands de enmups niin on etme mate Como ow bet 4 Caer, nde es deeminam sts able ¢ tam o fecitorsemeriimente). Mab, quando ut propos & eke. prs rips srs tna “reaaglo €uparicpea”, {ueto lacie au sendo npr semoral so gol paradot {Fhetoboras deo desl mento sum props, 8 qua oy “espera” porta teagies. "Ee pocrt e desparar”&0 do “Supe Sesaril": opr cinder ¢ eas do capa bua e desoa part ui oo de Sebecd, go opera sus egies sesso nea he cae ‘ifn espa reo do su eg onde vores vores se a tan eto no se orgs partepuro fo some ‘Meus novos inn babe: dl ands ies onde se pode ear sa eater ea em om ¢ bm am owt, Une ars exeor do crc de aden € aga €iaanye es ot de Enuro,amooe bem hin, Cando tn ea eters dee Vist "campo de agi e 0 epectaor ests nea aren esa Como quer savoivenirse os web's m pln desea, ou spout Pam, camihando a. Cosero-e sane Cabaes “abet ¢ Pesmics" Qua gue 9 exper ce uns pops stages $ part dels, assem concn ou ou oun snaeios Ae ¢ Dabs ho ape tenants, © 0 opecade ean fobre eas trensSuseando “ogleaos ltr dei de tes. ‘mo. n its de tena precoder spat ever ou tesa Minin stain ¢dunga tem ap noone prince doses conven pr ime hep fda Seta ede sagt 2. Si slp, «Ec, Oss proceeds podem oom Sethe, mediate scien e, em conde cporas, © chmade emogio uni (aun cons comm ead bet cat tar ge € gad te €“ocado® de mani foe funda se anol ie dase ee arent Si as ese | Sinan ttn Uma Sh rem pees a as ne Soh eas sea tet gemma ais Se Sie Seca aosan eee ee Sashes | Eeteae 2th amencnte sss Se fare ith ee oat ne que ado Sed para sempre assim, desde gue a aspiagoes hums steam teres do aienpio de um mundo opel, nko como una ‘essblinaa eas atvidade, mas uma verdadsra qe desmistfiue « ‘tensorme interment Sec oma for oboe iat moe fl ‘8 mantestaées de particpagio individual na "obra de a {polo um send tcl no apenas "mamas" ape are ‘of sense cament. ‘stow fazendo panos pars penetrvcis bem simples, come um feito de madera sem pinta), cert de ora goss como $e usa em famines pura poteer cosas da cho), eeuvo com pasagem Va ‘ems erpecador srs convidedo a entrar sem sapatos todo 0 80 | {ena scupdo por qua om nivel Bem rags, de manel que @ age ‘cubraapens op do evpectar. ‘tea casa gue estou constrindo € um penetrivel, lt © largo, suo eapéie de ear-csbine”s penton ena dscags, deta nea ‘estan: depos de ent, pstes fecha sport, deta Brncs com Slzms papeiscloidos ef A cabin ¢ toda pinta de vermeho. O inns inpotanteagu oat de deitar este determina e=pgo. i “Aida do Creloter crete entamene com 0 concato de Ed, I "Bou planejando o Barracdo, que deverd str ambiente tos co- muni do Crelrcer em mea grupo eapecico no Rio de Jane. ‘Voc tem 3a do seu? ‘© Crear pode estar martnalizado agora, mas estow cero de Ho. olie-Cams 1 1968), uma me das eabiaes em EDEN (Got Lu cht San) (Feta: Lys Pape Dele de Nico no 6 Oa, i} Ga fot ota Fin Guy sReTr Londres, 1960 A panicipato do espectador” come todos of outros to et sate temo io apelo dea expres feclimente ura. Ej tem i amen eolocidn cm prin por alguns artistas: quero dior da ees {todos exes abet © evento onde contribu da espestador & poramente mecinea, onde ele & apenas um recepor Paks de agi eto peeconcebo, op feelpocameste, ess ‘nde nto ht pencil par te extateserem regs. O qv rexlmente “ferencia ox anstas baer mals orgs, coma Lypa Clarke He: lio Ota, interese delet pla pesos fans em vento comple: to, Lygia Car tem aldo de “er conclnte de nove be cx fston © nods a vida colina”. A neceniade de relist comics ios Tevora una ila exttaordnart de "escttum' Saas “obras” io pene instruments, que em cotatadieto som unk pessoa, toa Serum meio de foc as suat senses de tentrse vivo, enquata #3 ‘venca, Por exemplo, em um tbl Woot saga wma lava esada eas vias boas como as de pingue pong, de tn, de gue te Sut mike trause lens e mole, « voce wbitnmette rete realdade des {ure tocar cos dierent. Lygis Car et sempre fazendo Volar SS origens soa percopsto sabre oaspectoextetior da cian, de mod (qe vot tome conetenla de seu prop corpo. sta expoiga de Helio Oiecscobe peri de der sao de seu wabuko, ruse se qais ele tem raiculmente aprandado 3 Possbiaades acerca da patcpapi do especidae — sempre nto Sn zor de win renstde potion frente be Lypn Cate. OS Ho erenciaimentevteas. Da m processo mut exciart Gia, pest, sonlea, pdcan em volta de neu compo © extese tela ‘Urn maraviboeasenapio de expanse supe ao senicne hero do dominio da sensacio sual. Tendo leva et expergneas sm ato ‘ru de inlmsidae, Otic, em sco recente uaa, espesiaimente Em Eien, resolver, tomando-os menos paritars © mais univer Sts, de manera tal que 0 espectador so comeya a habia © Seu taba iho som su propia image 1 tabu de Dies ose casts a pate de eases for: smait, Seu dle guln €0 Mile, 0 centro de energa. Pode ser Sm tral che de tema © tolo mold, apas qbecobrem 9 corpo. ot ‘ow Ninaty eo ue voce deta ma Area do Fab Intimate lia inci ambas asst 0 sr himano, azenda uma especie de Soli roca exp enze a dos. MAGIA besten sapeto 6 so bom clos mesmo 29 soe print proto sunbienal "rato Ces de Capa € uma magula par oppo rg etnies reais eno eapagos pion vai, mas expr de fanaa € memoria inflates esinttzados: ras, expaposuniados fam poredese ptoseolondos,patagens, equa, canoe ereto, ‘quarts com ambignca spr, descda« espgo sbterince que 2c Seema a oma tube TE toda ob cl de Oiteice, 0 materi cor tim um mi culosa preion existencia, Os pang em lane dos Nicos aoe ‘oct porore sot fades, 0 precison, ue ampliam eesplnat etnamento de e de ctr As ais ettanhas deicintneste bes cores alinbum 0 lterior dos Bulde-Cyizas, Algumas est em Sopetcsexcondiat, for da vista, sho perebidesapens plo fe ‘exo prosuzido. Estas elas lem gatas bit profndss, Ao br lat enconinmos dent terra ou pigyento pure. A peesenga de uh ‘clement natural em um tipo deespago onde geralmente pandetoe fe- ‘quenss cota €quase efegndors. Conranemene, et outs partes ‘ss catasenconramos pedags de ene etla de non sgaradon Em clos 0s Bids-Coiar, 0 espectdor, sina ve convidado 3 exlor lon ¢ sempre mando acer dic, Ae mane de bye Nimauseaos so enignicas ses iteriore #080 misterosoe ono iter ets cavers. © Bilee Vado, oot umn Bursco ee ufo rodeado de terra, tom Ua tampa removvel e paras com oho Iolo e socio e pipes vermeho, come se uo estivete enc Todo. Fem 964, ica estende esta ia para deste ver encapsular pessoa humana em ctcumvlustes, com diferentes mate pelos 4e pan, tolsos que contém pacols de pigments vermalin Ou tera Pereehendo o esto de vest un pesson com estes mesmos ia ‘eras, Olelescroa uma nova visi de como o ser human e uma tr de arte podem integrase. Nese mesma fei passu 3 fees lar Mangim e, como disse Miro Poon, fo uma "inilao pent Ss para um estanbo aostumado 4 cultura industria de ran cs bra. Oia despertou para um mundo que atala profunda mets Outs pessss,em contato com as falas do Rin, as ¥éem de Imanelras renes pars mules elas mada as sho Jo que omni es repupnanese cttcas que devem ser tandas Jo cipago urban. Pe outs, paresem cons itorescar. Otis, em far de vant, passou ase um bablante dd e apesarde no saber em deals de eae sus ase seu pensumeal. Pref o sums, que € mito coletvo de Mangoes, uma danga "prateala’™ durante tolo © no em lugar especie, quads, pelo praze de samba isto basta: 8 ela social do povo de Mangoeia ene eles mestios e com 8 soci de 1 Toa: e a arguieturs de Manguei, a1 cass goe ar pestoet foster pa elas esmus, feitas com sobras de material instal Fecohid mats vezes anni ftios de Coca-Cola), a0 gus ls ‘Saptam lvremente suns necessidade imagen, Se m sociedad de Mangueir Otlenexpeimeston um ato ni ‘el de comuniopio humans 0 sipaiado ds aes humana, io se Taneamente fez concent do fclament do arta e sua obra na ‘ult europia do Ri. Elev tambo chogue entre a8 faves 4 ‘hse movetna, que ieeviavelmente transforma jovens de Manga Em margins. Sab a infvenca de Maagueta, ostenso prazervistal ‘dos sear prnuios aides Cupar tho desaparecean, a pete sua ‘dstacin aristoceition, Os mesmos matras aparece em Um comesto oe aprofunda samp sou significa metaferien,« expectadoe pode [aruspar ais plenamente da mtifora revel ‘ esparontenor dos oldest erred, Na caika deat a ‘cara de Calo (om marginal de Mangira amigo de Helio © que fl ‘boro pea poi), um sco Catspaente de pgmenta pesado eve 29 ‘mesme tempo, + que te pares mpresar em cima, ets colocalo ‘be ec de ero mofo dea calea emai por ftopata de Joma, de wm corp perurado de bass, de Cara Ge Cavalo.O espec {ador& encorajadn «aptntnar-se desss ojos com uma especie de ‘everdacia, qe nad tom ver com on sibs conveacloais de Yes Dota, «toma coaslente de seus alos 8 media qe acaba despeta Fle analogs sm outs momentos em que ele ierareate explorou ‘Solus, Em auto bel e arcane tabao, voc sb descobre interior ete lt foto dem bomen morto no undo da cika — evan ‘ando-te, por meio de tas de pata, una ca pesada com fem A Ssalopn cm entero € clara mas cel qoe a sticea metafria desta ‘cura vem em parte de wm deslocamosto de semsagio de realidad balando-te cna de terra sobre coo representa por uma f10- teria sob ua placa de vo. 1 siniieado metaforio das Copas também se aprofueda. Tor no-e mas diverafcado, os materials Yariados parecem brota med Tamente com elagientesapendices do corpo. Refltindo exaltndo oben da Mangue, alge a fves e areos(o que tax 8 legend "Bow Posuilo” em uma ti Tonga), outs sho anes e dros de ‘arent como 0 ques Teer fome, que tem pesados sacos de ani ‘rm penduados no corpo com pedayes de core, TROPICALIA ‘Com sua stensiovelada pars. ambien, ities parece coms sera Bold nto Como um objeto fabrzudo Bas como in proceso Sissi, um proceso de aprox. dan cite estar atta 8 ‘as Ee comepou "apropos Bais anotador na vid cot Sina. Porexempla, le tomou uma cana de mea pas crtpae © meat que ¢usala por dis wabulhadores, uma cesta de ovos fia de sme, um onl de cmbostvel acero ~ a apropragio aie rete ‘ere dn Hsin do Bide, «nuclear bola de fog sum lnpjo de reco. shecimentopotico, a “ita de fog €usoda em toda pate esreve © risa", "como sinalizagao de entradas 4 note —- © €o triblbo gue ‘soli pelo anonato de sun origem ele existe por al como ume ‘Sipe Je peopiedadecoativa" Nada pode ter to Somovente como ‘tas Ttosacesas mit (0 fogo munca se apa idea de tomar cosas puree spr em dust cna; una jen paece tet tomado ext ambivalence brinsado com ela ao exiremo no bribante © complex penervel che tiado Tropica, que fi priirameatelatalndo no Museu de Arte Moder do Rio de Som ambiente ve da para 0 noss0 corp, !percialmente como ua pesa de ler, Maso avel sero de Tropeaie £0 process de pene © espectador ches a um aco-tem-sia, ead Com imagens, no apenas as isa, tas imagens que ele descob condiionatefoco de snagens,e também Aestondo orga ‘ica para habia Crs que existe uma premenlgo desta modaaga em um Bild ‘ado em massa de um material totaenteempalhado:coachas: ste Fo: uy Bree) ‘Bale &chamado de ESTAR (0 verbo portuts estar, cont liad de coo). Esta massa de conchas pos afr ‘istalzads no projet cham ‘qual éealaado pia pina vet ne 0 primiia de a Iminhar, que talves 0 mens coniionado entlctaliza dos scm ‘ioe 4 wma manifesto das esclhaspessosis do att ser decfadn. O valor estes rubs ao tproveds atts di'¢ campo © ‘Tague em Wea oc Bale Cuca 18 0366, Homenagem a Carade Corl Goto Heh Occ Gostaria de explicar a outra caixa com fotografias palavras: no é um poema mas uma espécie de imagem-poema-homenagem (isto me faz lembrar de Milton Lycidas, quando homenageou um amigo que ‘morreu no mar) a Cara de Cavalo (0 motto em cada uum das fotos). Afora qualquer simpatia subjetiva pela pessoa em si mesma, este trabalho representou para ‘mim um “momento étieo” que se refletiu poderosamente em tudo que fiz depois: revelou para ‘mim mais um problema ético do que qualquer coisa relacionada com estética. Eu quis aqui homenagear 0 que penso que seja a revolta individual social: a dos cchamados marginais. Tal idéia é muito perigosa mas algo necessério para mim: existe um contraste, um aspecto ambivalente no comportamento do homem marginalizado: ao lado de uma grande sensibilidade esté um comportamento violento e muitas vezes, em geral, o crime é uma busca desesperada de felicidade. Conheci Cara de Cavalo pessoalmente e posso dizer que era meu amigo, mas para a sociedade ele era um inimigo piblico n.°'1, procurado por erimes audaciosos e assaltos — 0 que me deixava perplexo era o contraste entre 0 que eu conhecia dele como amigo, alguém com quem eu conversava no contexto cotidiano tal como fazemos com qualquer pessoa, © a imagem feita pela sociedade, ou a maneira como seu ‘comportamento atuava na séciedade e em todo mundo mais. Vocé nunca pode pressupor o que seré a “atuagio” de uma pessoa na vida social: existe uma diferenga de niveis entre sua maneira de ser consigo ‘mesmo € a maneira como age como ser social. Todos estes sentimentos paradoxais tiveram grande impacto ‘em mim. Esta homenagem é uma atitude andrquica ‘contra todos as tipos de forgas armadas: policia, exército etc. Eu fago poemas-protesto (em Capas Caixas) que tém mais um sentido social, mas este para Cara de Cavalo reflete um importante momento ético, decisive para mim, pois que reflete uma revolta, individual contra cada tipo de condicionamento social. Em outras palavras: violéneia ¢ justificada como sentido de revolta, mas nunica como o de Baie Cues 211967 (Fotos Gey Bren) vaste iat de ar ele gue at tg fe ram ‘Sensi dao stdeath ‘com que isso seria procursdo e conseuido, isto é, as formas ‘que essas manifestagdes fomariam, seriam amber atingidas de modo aberto, sem formulacdo prévia, pois cada compor- tamtento individval determina uma relagto propria dentro do coletivo: qualquer determinagdo nesse sentido seria expiry tais como as condigdes de uma alucinopenagao, por uso Je drogas, ou efeitos superfcias ou nB0 com lures, cheiras et, ango Ser que entrassem como elementos espaisos, abertos como probelementas, mas de antemaao sabe-se que, se deter minam um tal estado, ou uma condigao para atinair algo, J ‘est20 Turades como elementos criativos abertos. A aborda sem do laer, ela mesma, &aberta, pols lazer algo geral, lima iia fupdada num “estado do comportamento” e gue, por dentro, implica Umma Tomada de pasigzo em relagao Problemas humanos mais profundos, miticos, dos quais se Blimenta a arte (sempre se alimentou) e com os quas se iden- tifiea eada ver mals, como se a tal "volta as origens” se con. telizasse num crescendo, na vontade de ser real como um bioco de peda, de nfo acitar a repress20 como condieao de rogresso, de sere estar vivo. "a algum tempo venho sentindo a necessidade de mu- cleizar ude a que @ miaha experiéncia me levou: a descober- fadolazer, ou de Crelazer, no nicleo-asa 2 que chamnaria de Barracto ~~ ese sera posto em pratica, e€ n0 Brasil que ele vera ter sev verdadeiro carater. Ha, orem, algo bem se frclhante,talver ndo tanto na formulagzo mas bem parceldo ha relagao do comportamento, ou do deserédito da “obra” como aigo estitico ou mesmo objetal, na experiéncia total a aque se entrega o grupo Exploding Galaxy de Londres. A casa ‘onde vivem, que pode nao ser s6 aquela mas serd a que hou ver por onde quer que andem, tem esse cardter de um mblente-recitotal — atéa comida, o comer, o vestr, 0 amt Diente em si, mostram que la com eles a vida ea obra'na0 se podem separat, pois na ralidade nao ha essa diferenca mes- ‘mo. Nao ha que dizer que suas manifestacbes hos parques de Londres ou Amsterda, ou por onde mais andarem, sejam & ‘obra, ov uma Torma dela — no seria exato: éque tudo € ma hifesiagdo, mesmo as omissbes do cotidiano, seus atos fa- thos, ou a fraqueza de se aglentar a vida, talvez porque © sentido comunitario com que se geraram, nisso, empreste a necessiriainegridade para tal. Bos muses? E a arte das ga- Tevias? Prefiro'# das paleras, que eram lindas e percorriam os m1 fete mares, de sul a norte, € nos fazem pensar em Captain Blood ou em Errol Flynn com seus cabelos de mouro, enca- facolados, 0 que € vida, ou 0 tempo em que se ia 20 cinema ‘comer pipoes, que era 6 lazer ativo e que io passou porque foi viva, enem passara. m LONDUCMENTO 27 agosto Especial para NELSON MOTTA HELIO OITICICA depois da Whitechapel (primeira e lima experiéncia) depois de Paris com Ceres Franco, fazendo Rhobo de Jean Clay depois de Los Angeles com Lygia Clark, cuja comunicagao reviveu eengrandeceu com o contato american //// 2001/11 PLELELLLELT depois de Nova York com Gerchman, cijo trabalho eresce digadia 100/001 10001 EELL estou again em Londtes ENAO TENHO LUGAR NO MUNDO onde esti Brasil — que representa nele ou ond est a pal ‘xo pelo Rio: no édio ou no despeito, de quem, de onc qué sinto que Rio e Manguc Héncia, o amazement diario, visceral, mas que s6 eu vivie ent; se puderem me destrocin — mas € que no sou otiio € nao deixo —o mundo me parece pequene e feio — onde esta sont do novo mundo? do 32, 4°, 5° ou a obsessto infantil = omundo € maior do que se pensa, mais perdido, €2/3 de ‘mar, animal e 56, vazio de humano — Londres @ a solida0 22a) swinging do mundo: procuro com Caetano, a noite, algo ue lembre os misterios de Londres” ou “"Londres depois de meiasnoite™ (como o filme de Lon Chaney), no pequeno trecho de Chalk Farm a Camden Town — mas’ parece que 0 Infinite deruas e easas se fecha — procuro ocrelazer: fag0 05 planos, comeso © recomeso — parece que comeyo e eco ‘nego ndo lerminam e sto 0 sentido do que ndo existe € $6 procura erguer — releio meus textos: hermafroditese & 0 ue mais me atinge: €0 sentido de tudo, inclusive do crela- 221: OSexo ndo existe como conceit (as Foupas so unissex & sempre o foram; faco a rouparangolé)— homo ehetera s10.0 mesmo e munca exstiam como algo real: S40 a sombra da 13, ‘opressio social — prefiro meus textos poéticos, que nascem ja rua, em toda pat, tenho um que eserevi noite em Char ing Cross — noite e dia nao importam — coisas profundas podem nascere vit, se estou com Gil no macrobidtico, ou com Nelson ¢ MOnica no Arts Lab, ou com Graham e Nur el ouvindo Varese ~ ou ougo radio, ou quando ha nitro: bbenzol no ar (meu filme se chamara Nitro benzol & black nolewm) — cinema deve set forte como 0 underground (ea Sou 0 underground da América Latinal), como Chelsea Olrls ‘que ¢ a América (do Norte), mas serei-mais forte: serei 0 {répico sol, serei a explosdo:minha e sua: ado deine que & ‘ragédia o consuma, ela jd existe cod dia — ela passa e est presente — ela & 6 — 80 colapso sobre 0 colapso —€o ire vir — &a conquista de se aguentar o dia que nasce, nlo se {querer que a noite termine e que vena 0 eansago — escrevo, Fei, estou cansado — 0 Brasil € liste como.aideia de trop ‘co, mas sou eu — aqui, sou o desafio de mim mesmo — sem- pre adorei o que me € dpostoe desafio 0 frio, o conforto su percivllized, ena noite trantanteiam 0s tambores mentale — Sill est aqui = Josephine — Edward Pope — Guy Brett — Rakys of Sparta — Lea, Frangoise — Mike Chapman — Sento-mie junto destitua de Bros e peas, vivo mais, enquan- towagua eo frio se escondem — mas ¢ um minuto entre 0c e914 —0 BARRACAO jtse ergue dentro eprocura a Iuzdo meiitagao voralta poca:iltima’semana agosto 1969 ‘hd um ano da Apocalipop6tese danoite negra 124 SUBTERRANIA LONDRES 21 SETEMBRO 1969 HELIO Orricica SOUEU _ VOCE EAMERICALATINA SUL SUB fembaixodaterra _longedo falatorio dentro de voet condigao dnicadecriagio do mundo para oBrasil no Brasil—e nosubmundo algonasce germina culmina ‘ove fuliminado como fénix nascé da prépriacinza . (cafono) —sublerra + romanticn cafono classico ortodoxo Tolk:pop consciente mistioo lirieo (+ neo + sub tudo) tropicalia 60 grito do Brasil para o mundo —» subterrénia do mundo para o Brasil : nfo quero ‘usar underground (dificil demais pro brasileiro) mas subterrania é glorficagao do sub — atividade — homem — mundo — manifestago : nkocomodetrimento ougloricondigdo ——e sim: como conscidncia para vencer super — parandia—repressio — impotncia ‘do'viver : marcha fiinebre ——e enterroe grito = eritica — criaiva — ative —e = dodistarce — do surrelismo-farsa — dosub-sub — da redundancia —» longe do olhos —e pertodocoragdo : oudacordaagdo : debaixoda terra como rato desimesmo : RATO€oquesomos simbolo flama enterremo-nos vives desapareramossejamoso nfo dento © nd omitivo a nio-omissio ——e crcomisslo ——e missa rmissio| eu souo astronautao Brasil € Lua cuja posira mostrarse-4 a0 mundo sublixo 1s

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