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Arjun Appadurai od A VIDA SOCIAL DAS COISAS AS MERCADORIAS SOB UMA PERSPECTIVA CULTURAL © 1986 ty Cambie Unversity Press “Tiealcriginah The sone! ie of Rings: commands eularal periperive (0208 rac Waser EAUFF- Era da Universe Ford Phranese Re Mie de Fas 9 aren - sbelja- eral Nie, - CEP 24220900, “Tels 21) 2628087 Teen (21) 26295288 -hpweedonn. be Eval eff vm ult pti np it pi de bre: ring eget da tn de trans Catalog ms Putas (CP) ema ae ‘Aun Appar Tg de Aha User = Nor Ear ds Use ‘Se ede Pee 208 $99 3em.~ Clo Aree Cec Pats), ie iogas| | pnwepigi 2Sintone, Maradona 1TN Sie, onmalzpe: Calne Bato Reve: eka Presa cTane de Anse raga Trucos Asta Baer Revado ence: Leto Velo Cap Maron Aste de Jus toro eardnie Ana Coie Feria Digeromagia: Wisin Maced de Suze ‘Siperogreca: Kala MP Misedo LUNIVERSIDADE FEDERAL BLUMINENSE Resor: Rebar de Souza Sales ‘ce Reto: Emaranal Pav de A deade Pro Rotor de Pesguta «Pas Grads to: Humberto Femaodes Masts ‘irsor da EAUEP, Mau Ramero Lea Pass iver da Dass de Editor Produ: Rico Borges inter da Divs de Desenavanentae Mortdoaee Pe Monies ‘utaton de Comunscapine Bena At Pals Campos aa = 1 vw vo ‘SUMARIO. AUTORES, 7 BREVE INTRODUCAO A EDIGAO BRASILEIRA, 9 PREFACIO, 11 PARTE I - Por uma antropologia das evisas INTRODUCAO: MERCADORIAS E A POLITICA DE VALOR, 15 Arjun Appadarat ‘A BIOGRAFIA CULTURAL DAS COISAS: ‘A MERCANTILIZAGAO COMO PROCESSO, 89 Igor Kopytoll PARTE 11 Troca, consume e exibigio DOIS TIPOS DE VALOR NAS ILHAS ‘SALOMAO ORIENTAIS, 125 William H. Davenport RECEM-CHEGADOS AO MUNDO DOS BENS: © CONSUMO ENTRE OS GONDE MURIA, 143 Alfred Gell PARTE IIL - Prestigio, comemoracio e valor VARNA E 0 SURGIMENTO DA RIQUEZA NAEUROPA PREHISTORICA, 181 Colin Renfrew MERCADORIAS SAGRADAS: ‘A CIRCULACAO DE REL{QUIAS MEDIEVAIS, 217 Patrick Geary PARTE TY - Regimes de produgio ea soctologia da demands ‘TECELOES E NEGOCIANTES: ‘A AUTENTICIDADE DE UM TAPETE ORIENTAL, 247 Brian Spooner VIll_ QAT: MUDANCAS NA PRODUCAQ E.NO CONSUMO. DE UMA MERCADORIA QUASE-LEGAL NO NORDESTE DA AFRICA, 299 Lee ¥.Cassanelti. PARTE V-Transformagées histéricas e cédigos meveantls 1X AESTRUTURA DE UMA CRISE CULTURAL: PENSANDO SOBRE TECIDOS NA FRANCA ANTES E DEPOIS DA REVOLUCAO, 329) William M. Reddy X _ASORIGENS DO SWADESHT (INDUSTRIA DOMESTICA): TECIDOS EA SOCIEDADE INDIANA DE 1700 A 1930, 357 CA Bayly AUTORES. [ARJUN APPADURAI# associate professor de antropotogiae estudos Sukasiticos na Universidade da Pensilvinio. Bo autor de Worship ‘and conflict under colonial rule (1981). €.A. BAYLI 6 fellow do St. Catharine's College, na Universidade de Cambridge, ¢ smuts reader em Estudos do Commonwealth. PPublicon The local roots of indian politics: Allahabad, 1880-1920 (1973) e Rulers, ownsmen and bazaars: North Indian society in the ‘age of British expansion, 1770-1870 (1983). LEE V. CASSANELLL € professor do Departamento de Historia da Universidade da Pensilvinia. E o autor de The shaping of somali soclety: reconstructing the history ofa pastoral people (1982). WILLIAM H. DAVENPORT ensina antropologia na Universidade da Penslvania, onde também ¢ cvrador encartegado da Oceania no ‘University Museum. Realizou pesquisa de campo na Jamaica e nas ‘has Salomio epesquisashistéricas sobre o Havai pr€-curopeu. Tem publicado diversostrabalhos sobre essas drcas de estudos, PATRICK GEARY €associae professor dehstria da Universidade da ‘ride Eo air de Fura sacra thefts of relics the conal mide ages (1978) Ariocraey in Provence: the Rhone Basin at he dawn of ‘he carotngian age O985). ALFRED GELL ensina antropologis social na Escalade Economia e Ciencia Politica de Londres. E 0 autor de Metamorphosis of the ‘cassowaries: umede sociey, language and ritual (1975). IGOR KOPYTOFF, do Departamento de Antropologia da Universidade da Pensilvinia, € co-editor (com Suzanne Miers) de Slavery imAfrica:histarical and anthropological perspectives (1977) soe ret of keg the ela econo of secpower (no prelo). WILLIAM M. REDDY 6 assistant professor de historia na Universidade de Duke eescreveu The rise ofmarket culture: the textile trade and French society, 1750-1900 (1984). COLIN RENFREW ¢ Disney professor de arqueologia da Universidade de Cambridge e Fellow do St.John’s College. Eoautor ‘de Probiems in European prehistory (1979) v Approaches 10 social «archaeoiogy (1984), BRIAN SPOONER ensina no Departamento de Anttopologia da Universidade da Pensitvinia. Escreveu Ecology in development: rationale for three-dimensional policy (1984), BREVE INTRODUCAO AEDICAO BRASILEIRA Laura Graciela Gomes ‘Aptesentepubicaco em lingua portuguesa da coletnesorganizada pov Arjun Appeduai (1988) vem completare somar-se ao conjot {etexlosacadémieosproduzicos no contexte da anzupologiaanglo- mvericana e fancesa sobre o tema do Consumo e do consumo ‘modermos nas irs ilimas déeadas do steulo XX, mas que comega ‘am 8 ser publiados entenéssomente nos timos anos (apt 2000). Deve ser ressltado que uma caracteistca fundamental dss textos, cajapublcagiono Braise inicos eam A éica omic eo exprto do consumo mederno de Colin Campbell (2001) fa etomada de ‘uma perspec popriamente soioonopaldgica sobre o fendmena ddoconsumo, qu desautorzava algumas ess vigenes de carder trans ‘exndente¢ moval. Esa borage surgi, portato, como uma tere ia" para aueles que ato se adequaam ow no conseguiam mais en erga ese importante fato soctel do mundo centemporineo ~ 0 consumo ~ pela ica exclusiva ds plaizagGese dos ualismon. ‘De algum modo, todos eses texts apresentam um ponto em comum ‘Todos eles respondem, de uma forma ou de cura, aalgumas acusa~ .6es graves feitas ao consumo e 20 consumismo, além da clissica stribuigdo de fetchizagio dos objetos. Uma dessas acusigies seria 8 incapacidade de amibes para estabelecer vinculos sociis “autéati- cos". Ao contri tl como uma espécie de cincer, 0 consumisme ‘moderno veio para destrur os *verdadeiras”lagos socias, Para com: pletar este cenério de Deus eo Diabo na Tera do So, a literatura de negécios, salvo excegées, também sempre deixou muito a desejar pporgue, partindo de premissas reificadoras, ela acahou consagrando "Gace olin Mal Stic Cera rip enki at 11h Pan nme ans ra ope i so am a cafena quatanion beans oes ‘Avtores como Bourdiou, Mary Douglas, Marsball Sabin, Colin Campbell, Daniel Miller e outias demonsiraram exatamente 0 con- ‘tari, sem eafrem na tenagio de destituir o sentido © a importincia das formas de sociabilidade tradicionss ciadas a pati da. fama, {a produgio e do trabalho. Baseados em pesquisas empiicas, eles ‘mostraram que 0 consumo esté na base da farmacio do gosto, da istineZo, sem o que ndo se poderia falar de individualism e de es ttatégias de reprodugao de muitos grupos e identidades sociais 0 ‘mundo moderna. Assim, além de prouzir winculs socais, oconsu- ‘mo também gera formas paticulaes de solidariedace, comfinga e sociabilidade fundamentsis para a vida social. ‘Como as demais obras, a coleinea oxpanizada por Arjun Appadurai é ‘uma demonstrat clogylente dessa perspectva. Ela anda tem a vanta- ‘gem de razr consigo todo o vigor provecativo queapolémica adquiriy ‘durante as décadas de 1980/1980. Isso se torn evidente no momento fem que Appadurai apresenta 0 ponto de vista que propés 2 autores dos capitulos: o gue acontece se deiearmos de prestaratengfo apenas ‘nos vncols socials que supestamente precedem ou deveriam prece- der as coisas, comegarmos a observar as cosas durante 0s variados poreursose tajetGris que elas fazem e tagam na sociedade por meio, das diferentes esferas de circalacio nelaexistentes? (0 ivro 6 importante nfo upenas pelas respostas que cad autor en- ‘controu no seu universo de pesquisa para esta proposigfo, «que © Ieitr teri condigbss de avaliar, mas pela evocacio de alg importan- te em fermos metodologicos. A caleténea nos faz lembrar que & pesquisa socialigica nfo pode, de forme alguma, fear refém de ob- jotos pré-construidos. Niter6i, 13 de fevereiro de 2008, 10 PREFACIO Emhora antropélogos e historiadores falem cada vez mais uns so bre os outros eles raramente Falam wns com 08 outros. Este Livro é ‘o resultado de um diflogo entre antropélogos ¢ historiadores sobre ‘o tema das mercadorias, que se estendew por um ano. Trés dos arti- {205 (08 de Cassanelli, Geary © Spooner) foram apresentados no Workshop de Eino-tistia ma Universidade da Pensilvaniacm 19 1984, Os outros (@ excegio de meu préprio ensaio introdutsrio) foram apresentados em um simpésio sobre as relacdes entre meres dorias eeultura, sediado no Programa de Etno-histrla, na Filadéltia, ros dias 23 a 25 de maio de 1984. Lee Cassanelli, meu colega no Departamento de Histia da Univer- sidade da Pesivania, prope prieicament o tema Mereadria © cultura” para 0 workshop de Eno-histra de 1983-1984 A ele ea Nancy Faris (umbém do Departamento de Histra,e mentora do ‘workshop desde se peincipi em 1975), devo vio nos dc estimu- lames célogos interdisciplinres. A proposta de Lee Cassaneli calnciin foraitamente com uma contersa gue cu heviatdo com Igor Kopytoffe Wiliam Davenport (meus colegas no Departamento de Anttopologia, na Universidade da Pensilvdnia), so desenrolar da {qual concordamos que j6era tmp de ser fit uma revilalizagio da znvopologia das coi ‘Ossimpésio de meio de 1984, que fevou dtetamente a projeto deste Tivo, foi possbilitado pels auiios que o programa de Finis ria reebeu do National Endowment forthe Humanities e da Escola ‘de Ares eCigncias da Universidade da Pensivnia.O sucesso desse simpdsio deve muito a0 apoio organizaconal intelectual de estu- ‘ants colegas prtcpantes. Em particular, agradego aGreta Boric, Peter Juste Cristie Hoepine por todas assstenciantesedurenieo Simpssio, Eu também desfruei de muite generosdade doramte a reparagSo ‘est livo, Susan Allen-Mills, da Cambridge University Press, foi uma alia fone de oreniagio intelectual editorial. Teno uma diviga especial com a equipe do Centro de Estudos Avangados em Ciencias Comportmenais,eajs recursos da seeretara adminis 7 tragio ajudarnm materialmente na répida preparagio dos originals. Bm particular, € um prazer agradecera Kay Holm, Virginia Heaton e ‘Muriel Bell Stanford, California Arjun Appadurai PARTE I Por uma antropologia das coisas a I INTRODUCAO: MERCADORIAS EA POLITICA DE VALOR Aju Appdura Este ensoio tem dois objetivos: o primeiro€ upresentar eestabelecer ‘-contexto dos artigos que compiem este livro; 0 segundo € propor tums ova perspectiva sobre a circulago de mercaderias a vida so- cial. Tal perspectiva pode ser sinletizads da seguinte forms: a troca ‘econdmicactia 0 valor; 0 valor € concretizado nas mercadoris quc ‘sho trocadas; concomtnir-se nas coisas troeadas, em vor de apenas nas formas € funcoes ds trocs, possibifita a argumentagdo de que 0 ‘que ctl 0 vinculo entre a toes ¢ 0 valor € a poltica, em seu sentido ‘mals amplo, Este ergumenio, que serd elaborado no decorrer deste texto, jusifien a tese de que as mereadorias, como as pessoas, (fm ‘uma vida social? Pode-s defini mereadorias zinda que de um modo provisirio, como ‘objeto de valor econdenico. Quanto 20 significado da expresso "valor econdmico”, o melhor guia (embora nso seja o padtio) & Georg ‘Simmel. No primeito capitulo de A filosofia do dinkeiro (1907), ‘Simmel formece uma desccigio sistemitica da melhor forma de se defini o valor econbmico, Para ee, o valor jamais € uma proprieds- de ietemte aos objeto, mas um julgamento que sujeitos frzem sobre les. Mas, de acordo Com Simmel, a chave para se compreender 0 valor reside em uma regio onde “essa subjelividade é apenas provi- Séria ¢, com efeito, alo muito essencial” (SIMMEL, 1978, p. 63). Ao explorar esse dominio dificl ~ nem totalmente subjetivo, nem. exatamente objetivo, de onde o valor emerge e onde ele ope- a=, Simmel sugere que 0s objetos nto sto dificeis de se adquirie Porque sio valiosos, “mas chamamos de valiasos aqueles objeros ‘que opcem resistencia a nosso desejo de possu-los” (1978, p. 67). ‘que Simmel denomine, em panicular, objetas econ micas existe no «expaco entre odesejo puro ea frugSo imediats, com alguma dist4ncia cir eles ea pessoa quo os dsojs Tal distinc pode ser ultrapassada, © que ocomte por meio da roca econOmica, na qual se determing Is reciprocamente 0 valor dos objetos. Ou sea, o desejo de alguém por um objeto ¢salseite pelo sacrifice de um outro objeto, que €0foco do deseo de outrem, Tl traca de sactificios€ 0 que constitu a vida ‘econtmica, © a economia, como forma social especifica, “consiste ro apenas em trocar valores, mos na troca de valores” (SIMMEL, 1978, p. 80), O valor evonsmico ¢, para Simmel, gerado por essa cespécie de roca de sactficios. sa andlise do valor econdmico na diseussio proposta por Simmel tem diversas desdobramentas. O primeiro ¢ que 0 valor econémico ‘io ésimplesmente um valor genérico, mas uma quantidade definida de valor, que resulta da comensuracio de duas intensdades de de- ‘manda. A forma que essa eomensuragéo assume 6a oes de sacifcio por ganho. Assim, o objeto econdimico nao tem um valor absoluto ‘como resultado da demanda que suscta, mas éademanda que, como ‘baso do uma troca real ou imaginétia, confere valor ao objeto. E & toca que estabelece os parimetios de utlidade ¢ escassez, nfo 0 ‘contrério, e 6 toca que & fonte de valor: “A difculdade de aquisi- ‘io, osuctificio oferecido em roca, € tinico elemento constitutive do valor, de que a escasser € tho-somente a manifestagio extern ‘ua objetivagi soba forma de quaniidade” (SIMMEL, 1978, p. 100). [Em sum, a troca nio & um subproduta da valoragio mitua de obje 1s, mas sua font ‘Com estas observagoes concisase brilhantes, Simmel prepara oter~ reno para a anélise do que considorava Ser © mais complexo instrumento do procedimento de roca econémica—o dinheiro~e de seu lugar na vida moderna, Mas suas abservagies podem ser tor das em um sentido um tanto diferente. Este sentido altemalivo, que se exemplifica no corpo dest ensaio,consiste em explorar as condi- ‘es sob as quais objetos econdmicescirculam em diferentes regimes de valor no tempo eno espaco, Muito dos artigos que compoem este livia examinam coisas (ou grupos de coisas) especificas, uma vez «gue circulam em amabientes cultura histéricos expecificos. © que estes artiges permitem é uma série de olhates sobre os modos como desojoe domants, serificio recipruco e poder interagem pare criss © valor econOmieo er situagGes socias especiices. [Nos dias atuas, senso comum ocidental, caleado em divers radi «bes histricas da flosofia, do dieito das ciéncias natura, tem uma forte tendgncia a opor *palavras”e “coisas”. Muito embora iso néo 16 teaha sido Sempre assim, nem mesmo no Ocidente, como observou. Marcel Mauss, em seu eélebre Ensaio sobre o dom, a tote tendéncia onternporines¢coasiderar o mundo das cosas nertee mudo, x sen- {Jo movido e animado, ow mesmo revonbecivel, por inermédio das sede suas palaas (ver também DUMONT, 1980, p. 229-230) ‘ao obstante, em muitas sociedades histirieas, as cosas 60 esiavam, tio divorciudas da capacidade das pessoas de agire do poder das pala- ‘as de comunicar (ver Capitulo 2). Que uma tal visio respeto das, ‘ois no tone dessparecdo mesmo nos cscunstancas do capitals- ‘po industrial moder éumadasinnuigdes que sustentavam 2 discussio, famosa de Marx sobre o "feichismo dus mercadorias”, no Capial. "Mesmo que nosseabordagem das coisas esteja necessaiamente con- diconada pela iia de que coisas nko tém significados afora os que Ihes eonferem as transagdes, atrbuigdes e motivagbes humanas, 0 problema, do ponto de vsteantropoldgico, é que esta verdad: formal bio lance qualquer lz sobre a cireulagin ds eosss no mundo con- cretoe histrico. Para isto temos de seguir as coisas em si mesma, oi seus sigificados esto inserts em suas forms, seus uss, suas trajerris, Somente pel anilisedestas rajetrias podemosinterpre- tarastransagbes eos cilculos humanos que fo vida ts coisas. Assim, tembora de um ponto de vista iedrico ores humancs codifiquem 2s coisas por meio de significagées, dc um pont de vista metodolégico so as coisas em movimento que elucidam seu contexto humane © social. Nebuntaanlse social das csi (ja 0 anlista um ccano- nista, um historiador da ante ou um antropilogo) &capaz de evitar or completo 0 que pode ser denominadofetchismo metedolbgico. Ex ftichismo metodoldgico, que restitui nossa atengio is coisas m1 simesimas, 6, em pare, ump untidovo a tendéncia de aibuir um excessive valor socioldgico as tansaghesrealizadas com as coisas, tendéncia que deveros « Mauss, conforme Firth observou recente mente (1983, p. 89)? “Meteadoras, coisas em gera, despertam, de modo independente, 0 lnterese de diversostpos de antcopologia. Constituem es principios sos os tims recursos dos arqueslogns. Séo a susnca da ‘cultora material”, que une argueSloges a antropologos cultura de diversas linhes Na aide de bjt Se aor, open ms pos ‘40 central na antropologia econsmicac, com igual iportncia, na feoria da toca ou na anttopologiasocialem geral, uma vez que si0.© 7 instrumenio do ato de presentear. Analisar as coisas sob a perspecti- ‘va das meseadorias constitu um ponto de parida de grande utlidade para o interesse na cultura material, renovado pela orientaca0, semi6tica, e que foi recentemente ressulado eexemplificado em uma Sesto especial do RAIN (MILLER, 1983). Mas as mercadorias nio io um inecesse fundamental apenas dos antropSlogos.Também coms tituem um tépico privilegiado nu historia econdmica e social, na histéria da arte e, anes que nos esquecamos, na economia, embora ‘ea diseipina posse formularo problema de um mode diferente, AS rmercadorias representam, pois, wm tem sobre o qual a antropologia pode ter algo aoferece as dsciplnasafins, como também tem muito ‘aprender com exis isciplinas. (s ensas deste veo abrangem uma boa parte das questbeshistri- cas, etnogrificas e conceituais, mas nio pretendem fazer absolutamente, uma anilise exaustiva dos relagBes da cultura com as mereadorias. Entre os eolaboradores, ha cinco antropélogos sociais, tum arquedlogo e quatt historiadores socisis. Beonomistase histo- rladores da arte mio estio agul representados, mas suas idéias nao foram de modo algum negligenciades. Algumas das peincipas reas do mundo nfo foram sordadas (notadamente a China e a América Latina), masa cobecura geopratic ¢ de uma extensio bem razoével Embora os artigos tatem de uma src consideravel de bens, a lista de mereadorias nd discutidas aqui seria um tanto longa, Ravendo uma preferéncia por bens especifcas ou de luxe, em vez de merc orias “em estado bruto” ede primeira necessidade”.Enfim, amaiocia dos autores dedica-se a bens em vez de servicos, embors estes tam- bem sejam importantes objetas de mercantilizagio, Anda que cada uma desas omisses sea grave, pretendo sugeri, a0 longo deste en- sao, que algumas tém menos relevincia do que parecer. As cinco segdes que se sucedem neste ensao dedicam-se ausseguine tes objtivos. A primeira, “O espiito da mereadoria”, € um exerciio exitico de definicio, na qual se argumenta que 2 mereadoriss,devi- damente compreendis,ndo siomonop6lio das econoniasindustrais “sRotas ¢ desvios” diseute as estatépias (se- tucionais) que fazem da ctiago de valor um processo mediado pela politica. Secio subsequent, "Desejoc de- ‘manda’, aticula modelos de longo e eurto prazo na circulagio de rrerearis para mostrar que 0 consumo estdsueito ao controle so- cial e a redetinigo politica. Altima sego tio fundamental quanto iB 4s demais, “Conhecimento € metcadorias”, busca Jemonstar que poliicas de valor sio, muitas vezes, poitcss de conhecimento, A Eonclusdoretoma «discussie sobre politica como instincia medio flora cate & roca © 0 valor. (0 ESPIRITO DA MERCADORIA ‘Poucos negariam que a mereadbora algo completamente socializa- «Logo, em busea de uma defnigan, a questio asercolocada é:em ‘que consste esta socishilidade? A resposta pursia, que se tornou {tian aribuir a Marx, € que uma mereadoria € um produto destin to, sobretudo,& toes & que tais produtos emergem, por definigio,, sob as condigSes insttucionas, psicoldgicas e ecandmicas do capi- ‘al'smo, DefinigGes menos purisias em 2s mereadorias como bens Aestinados a trea, ndependontemente da forma de trea. A detini- ‘io purist dum fim prematuco questio. As definigoes mais fous forrem o rsco de tornar equivalentes mercadoria, diva e diversos utrs tpos de costs. Nesta segio, por meio da critica & concepeio tmarxistada mercadoria,pretendo sugeri que mercadorias si coisas comm tipo particular de potencial soci, que se distinguem de “pro= Autos” “objetos”, "bens “arefatos” eeutros~ mas apenasem alguns, aspecins ¢ de um determinado ponto de vista. Se for convincente,, ‘men argumento resultzé no cecoaecimento de que, com vistas & ‘uma definigio de grande uilidade considezarasmereadorias como, Algo que existe em ua enorme gama de sociedades (embora tena ‘um forga e projegio especiais nas socicdades capitalists movder- ‘nas de que ha ima eonvergéncia inesporada enire Marx ¢ Simmel sobre 0 répica das mercadorias. ‘A discussio mais claborada ¢ instigante acerea da idsia de meres rinconsta da primeiea parte do primefro liso de O Capital, de Marx, ainda que a ide estivesse muito difundida nos debates sobre econo ‘mia politica do século XIX. A revisio, feta pelo proprio Marx, do conceit de mereadoria foi uma parte fundamental de sua eitica a ‘economia politica burguesa e s base para a transigéo que se veri entre seu proprio penssmento incial sobre o capitaismo (ver, em ‘=pecial, MARX, 1973) ¢ anise mais madura de O Capital. Atoal- ‘mente, a contalidade conceitual da dia de mereadori fol substitida pelo conceito neoclissico ¢ marginalsta de “bens”. A palavea"met- adoria” é usada na economia neocléssica apenas com referéncia & 19 uma subelasce especitica de bens primrose jf no exerce um papel analitio central. Eclaro, esse nio €ocaso das abordagens marxstas 1a economia e na sociologia, ou das aco-rcardianas (como as de Piero Sraffa), nas quais a anise da “mercadoria” sinda tem uma funcio teérica fundamental (SRAFFA, 1961; SEDDON, 1978), ‘Todavia, na maioria das andlises modemas da economia (fora dan teopologia), o significado do termo mercadoria ficou restrito a repercutir apenas uma parte do legado de Marx edos primes eco- nomistas politicos. Ou seja, na maioria dos usos contemporaneos, as ‘mereadorias 80 tm tipo especial de bens munufaturados (ou servi 905), que se associam somente aos modos de producao capitalist, Dortato, $3 podem ser encontradas onde penetrou o capitalism Assim, mesmo nos debates atuais sobre aprot-industralizaco (ver, por exemplo, PERLIN, 1982), a questio nio € seas mercadorias se associam ao capitalsmo, mas se certas formas de onganizagio © de ‘éenicusassociadas 20 capitalismo tém uma origem exclusivamente européia. Mercadorias si, em ger, vistas como tipicas representa {es materiais do modo de producde capitalista, mesmo quando classificadas como trivials, seu contentocaptalista como ineipiene Porém,¢ evidente que tas andlises se valem de epenas uma parte da ‘concepcio de Marx da natureza da mercadotia, Pode-se dizer que 0 ‘vatamento dudo & mercadoria nas primeira eentoe tania paginas de (O Capital é ume das pares mais difces,contradiGrias eambiguas da ‘obra de Mar. Incia-se com uma definigo de mescadoria extrema mente vaga (‘A mercadora ¢, antes de tudo, um objeto exterior, uma ‘coisa que, por sues propriedades, satisfaznecessidades humamas de ‘qualquer especie”), Continua, eno, dialeticament, com uma sie de ‘mutuamente. Apesa das lentativas reventes de amenizar o exagera- docontraste entre Marx ¢ Mauss (HART, 1982; TAMBIAH, 1984), 2 24 cade ver uh opesigio fundamental eae ests dus modal sete woes contin sendo om ago diinve do enero gico (DUMONT, 1980; HYDE, 1979; GREGORY, 1982; SAHLINS, 1972; TAUSSIG, 198. ‘Aampliagao©ateiicagio do contrast entre diva emereadora na ‘roduc scadémica antropoltgic ém mui fonts, ete 28 quai i teadenca de iealizar as sociedades de pequene escala de de canfundir valoede uso (90 veto de Marx) tom gomeinachafé (00 setido de Toennies); de esquszer que tam- bm as socedades eapitalistas operam de acord com padtSes, altos; de margializar e minimzar os aspectos caleulists, ime pessoas aulo-nalecedores das sociedades nfo~aptlinas. Estas {endeacis, por sua Vez, io 0 produto de uma visio demasiado ‘Simpliss da oposic enre Mauss e Mar, que, como observou Keith Fart (1982), deixa eseapar apectosimporanies dos pono em eo- rtm que se Verificam ene eles Divas ~©0 espito de reciprocidade,socabilidade ¢ espntane- dade em gue S80 noemalmente irocadss ~ s40 em geral postes em oposgGo a0 espisito ganarcioso,egocétticoecaeulisa que anima ‘irelagio de mereadoriss. demas, enquanto presente vine ‘cols pessoas e inserem 0 fluxo de coisas ao fluxo de relages {ocias, mereadoria supostamenterepresentam o movimento ~em ‘nde pute livre de coerges moras ou culuras- de bens us pe- Iesoutos, movimento meiado peo dink, io pla sciailidode. Maius des ensais dest liv, asim como mish propria argumon- tagao aga, destinamse a mostrar que esta série de coatrates € fexageradae simplista.Porém, por enqusnto, apresentoapenos uma importante propredade comunn toca de presentes ed ciculagio de imereadoris ‘© mode como compreondo 0 espe ds roca de prosenes dove muito Bourdiw (197, que expan um aspecto at ealsonegligencad 4a andlise de Mauss sobre a didiva(MAUSS, 1976, . 70-73), mo ‘alse enftigam cerosparalels estratégieos ene toca de pre- sees eas petias “econbmicas" mats ostensvas, A. discussho de Bourdieu, que tesalla a dinmica temporal do ato de presentar, supreends uma analseperspicaz do esptito comum sibjeceate 4 tra de presntes¢ctculagio de mercadoris: 2s Se€ verde go ofnteralods tempo inept 60 "ge pont no dom oe avcomrandamser ne ‘xpevnetado cm wm taupe gece (dese qulguer ps ou ato, isd sem calf, cain Ben caro ue, no reexir Politico go manostico, v aber angus « ‘Specie deeds prtcas gue, cm. Ho sd pieson, cedom a. pS, aoc lel do itr pr em suspen. Per Csi I estendend no vempo. rnsato gae coat ‘acta eurdesa cm um stars es Be Jo senso oi rode decile de mera 2 serpniene, uw meno Ube mod pleamenie Teevahecide, em snciedides gue, como cloca Likes acpane verdad slo de un ida ss como no quaetom ao podem cone ‘reads ccoamicn sew sete puree antic, in un eames 3c pe (BOURDLEU, 1977,p. 171) Esse trtamento dado troca de presentes como uma forma particu lardecrculagio de mercadorias procede ds cra que Bourdieu drige nioapenas atratamentos “objelivstas” da aio social mas au lipo {e einocentrismo, em si mesmo um praduto do capitalism, que toma por incontestave! uma definigao demasiado restrila do interesse 2co- ‘nbmico-* Bourdieu sugere que “a pritiea jamais cesa de obedecer 40 cifeulo econdmico, mesmo quando dé uma impressio de completo Gesinceresso por eseapar i higiea do eileulo interessado (ao sentido ‘estrito)e estar norteada por aposis que sie imaleiase difiilmente ‘quantificadas” (BOURDIEU, 1977, p.177). ‘Suponto que esta sugestio converge, ainda que de um angulo ligei- ramente diferente, coma as propostas de Tambiah (1984), Baudrillard (1968, 1975, 1981), Sublins (1976) ¢ Douglas & Isherwood (1981), ‘Todas estas propostas sio tentativas de resiuic a dimensio cultural de sociedad quase sempre deseritas apenss, em temas gerais, como ‘sconomias, ¢ de reslituir a dimensio calculista de sociedades quase sempre etatahs apenas em termes estritos de solidariedade. Pane das dificuldades que se encontzam nas alse interculturais de mer- ceadoras, como também de ouios dominios da vida social, reside no {aio de a antropologia see demasiado dualista: “nds e eles"; “mate stacreligioso”;“objeuficacao de pesso3s” versus personiticagso de coisus”; “toca comercial” versus “reciprocidade”: € assim por 26 diane, Fstas oposigdes Sio caricaturas de ambos os pélose reduzem seiiversidades huranas de um modo aniticial. Um sintoma deste ema em sido urta concepcio demasiado posiivista da merca- Goria como um determinado sipo de coisa , portano, estinginde, Gaim, 0 debate 4 questio de decidir de qual tpo de coisa se tata ‘Mas, quando se tena comproonder o que éespeeifce & raca de mir adoria,ndo faz sentido distingui-laradicelmente da permota nem Ga troca de presentes. Como sugere Simmel (1978, p. 97-98), 6 im- portant considerar a dimensdo calculistaem todas estas rs formas Setocs, mesmo se variam as formas intensidades de socibilidade Sssociudas cada uma delas, Resla-nos, agora, caracterizaratroca de rmereadorias de um mode comparativo e processual Facarnos uma abordagem dis mercadorias come coisas em uma dete- rminadastuagio, situagio esta que pode carecterizardiversostipos de ses, pont diferentes de suas vidas soci. bso significeolhar para potencal metcantl de todas ascoiss, em ver de buscarem vio {migica disingio ene mereadoria otros tips de coisas. Também Sigifcs romper de um modo cateyorico coma visio manna da met~ cadora, dominada pela porspectiva da prod, ¢ cancerrar-se em ‘oda a ajetiia, desde a produsio, pasando pela trocalisribuicio, 0 consumo, ‘Mas coma deverfanos defini a stuagéo mercani? Proponbo que @ sitwagito mercantl na vida social de qualquer “coisa” sea dfinida como a siuagio em que sua irocabilidade (passada, presente of tra) por alguma outa coisa constitei seu tao social relevant. ‘Ademals a situagéo mercant assim defnida, pode ser decomposia fem: (1) fase mercant da via socal de qualquer cosa; (2) a candi Aatura de qualquer coisa ao estado de mereadoria: (8) 0 comtexto ‘ercanil em que qualguer coisa pode ses alocada. Cada wm destes ‘spectos da “mereanilidade”exige alguma explic ‘A nogio de fase mercantl na vida socal de uma coisa € wma forma esintetizara ieia central do importante ensaio de Igor Kupytott {que consta deste livre, em que se observam certs cosas transtando ents © fora do estado de mercadoria. Terei mais a dizer sobre esta sbordagem biografica da coisas na proxima segio, mas nole-e, por {enquanc, quo coisas entram e sacm do estado de mereadoria, que ‘ais movimento posem ser tpidos ou lentos, reversivels ou term ais, sormatives ou discrepantes* Fmibors 0 aspecto biogrifica de 27 algumas coisas (ais como objetos herdados, selos posts antigui- Prncados mais anfigos mais recentes do tecido se voltam contra © iimpériobritinico.O casaio de Bayly (que, enteontas cosas € tt apticagio extraordinariamente rica das ilas de Weener Sombart) aa examinar os efeitos de longo prazo na vida social de wma meres: dora particular significativa, nos fornece duas elucidagbes de Considerivelimportincia em termos comparativo: primeiro, que 28 féeicas do consumo habitul em comunidades peauenss se gam in- timamente a regimes de valor mais amplos, definidos por sistemas politicos de grande escala; € que © vinculo entre processos de Peingulacizagaa” “mercantilizacéo” (para usar os termos Je Kopytoffy nas vidas secais das coisas é, em si mesmo, dato ¢ Eat suelo (nas méos de individuos como Gandhi) ao que Ciffore ‘Gecrizehamaria de “jogo absorveme”." “Acdemanca 6, pois, 1 exptessio eoonbmica da légi politica do con ‘Afpor Togo, seu fundamento tem de ser buscado nessa Nogica. Segundo os rasiros de Veblen, Douglas ¢ Isherwood (1981) € Bavdiilard (1968, 1975, 1981) sugiro que o consumo € erinente mente social, relacional ¢ ativo, em vez de privado, atémico ou passivo, Douglas tem uma vanagem sobre Beudeila ade nto res Tringir 3 sociedade capitalista contemporinca seu modo de ver © onsurmo com un ato de comunicacao, mas estendé-to igualmente a Stas sociedaes. Baudrillard, por sva vez, coloca a 16gien do con somo sob o dominio das 1égicas sociais tanto de produgao quanto de Moca, de moda idéntio. Alem disso, ele faz uma entice extrema trent efieaz a Marx e seus colegas econ tespeilo ao par de conceitos“necessidade" ¢ “uilidade”, ambos vis fen como enraizados em um substrato primitive, universal ¢ natural da condigio humans. ‘Mini prépria inclinagio € dar um passo a freate na desconstrugao ‘que Bindi faz dos concetes de “neccssidade” e“utilidade” (e0 eetocamento das mesmos em uma esfera maisampla de produgio € ttora) entender sua iia também a sociedades n0-capilalists, Em {qe consisi esta visio do consumo? fm observar o consumo (& 2 Jemenda que o torne possivel) como um poato ée convexgéncia NiO pena de envio de mensagenssociais(#Omo propos Dovglas), mas, ‘valmente, de recepcdo destas mensagcns. A demand, portant, ‘alta dais tipos diferentes e rela entre consumo ¢ prodio: 1) ‘de um lao, € determinada por Forgas sociais © econdmicas; 2) 4° 6 soto, pote manipula, den de cermin foreas econ sare Coot O pono essence, damper sti rg di npecon do demand poem tar um o ou. Tome erSXemmradecanda esi come mdscysode Bayly wba Pet permodern, Au demande ein cna uma fogs Sue ta cages ov mols product, vaso perspec ine thins 0 XC a mn me thn etabelece sprue tno do gost ain da roduin va i iaada quis cnc, Mas tmade al a eel tia fore de erepio de meget, na el ds em use vith emsuoe lees con silos podscopeu cone ‘eesrcr Goss dn elie ger mene agi J torque”, tet sleies parte possible exSzenes eno, fom ‘Snibedels asm coo cota politico dls, aos Bsos Sapo en ‘Um mecanismo qu reqientemente ranspe o cone politico na ae dca ice oanola ne caecee o itiades complesasre-madernas, mas tambem sociedades &e fuonenscsale pressive pré leads. Sempre que vestimest, Fei, morale, omamentao do corpo, nimero de esposis ou de Sreraos ou qulguer otto ao manifesto Ue conse exo ston Tut reglmenngo exes, pods precter que a dmanda ald igulmnte rjc & define sociale contol. Desc pono A vn, cs imers “tabus” das sociedad rimivas, que prot beni ese ceca ante rags Come sas ijungbes cognalas osivas, podem set Se eee cngectan liso at rpc lepiadas, de sciedades mais corplexas lead. E forme deste elo qu podenescomprender thor 8 pespiaz Analgia que Douglas (1967) aca one sistemas de raconament “primivos”e"moderos" 0 dinbeiro modesno esté para 0s meios de toca primitives, assim ‘como # mada esté para as primitivasregulamentagdes suntuiias. Hi similtudes morfologicas claras entre ambes, mas o termo “moda” sugere alta velocidade, ripida rotatividade, 9 ilusio de um acesso tual de una alta converge» posi de ma demcrsin 4 cmsuidores ede obese consume, Foro ado chon eros primis, oo as iy suc aus parece ih de movimento lento, frigeis em sva capacidade de comensuar, o ligados a hierarquias, dseriminagSes posigOes da vida social. Mas, ‘como demonsiraram ido bem Baudrillard (1981) ¢ Bourdieu (1984), as auloridades estabeleidas que controlam a meds eo bom gosto na Sociedside oeigental conterporanea no sto menus eficazes em limi- fara mobilidade social, em demarear a posigio social © discriminagio, ¢ em colocar os eonsumidores em um jogo com re- ‘ras constantementealterdas, determinadas pelos que “ditamo gosto" fe seus especialisias afiliados, que habitam 0 topo da sociedad ‘Os consumidores moderos sto eertamente to vitimas da velocida- ‘de da moda quanto os cousumidores primitivos o sto da estabilidade 4s legislago suatuéria, A demanda por mercadorias €drasticament= tegulads por esta variedade de mecanismos que ditam os posts, euje forigem social é compreendida de modo mais claro (ante por cons ‘midores quanto por analistas) em nossa propria sociedade do que fnaguelas distantes de nés. Do pontade vista da demanda, wdiferenge crucial entre as sociodades capitalists modernas c as baseadas em formas de tecnologia trabalho mais simples mo é que nds poss ‘mos rsa economia totalmente meteautilizada, ao passo que, na ‘economi daquelas sociedades, dominaria a subsisténcia ea troce de ‘mereadorias teria feito apenas incursbes Limitadas, Antes, tal dife- renga reside no fato de, em nossa sociedade, xs demands de consumo as pessoas serem reguladas por eritérios de “apropriabilidade” (moda) de alta rotatividade, em contrasie com a alteragées menos Fequentes aos sistemas de regulameniagio mais direos, suntutios ‘08 consuctudindrios. Porém, em ambos os casos, a demanda 6 um impulso gerade e regulamentado socialmente, nio um artefato de caprichos ov necessdades individuais. Mesmo em sociedades capitalistas modernas,é lato, os meios ¢ 6 impolso de imitar (no sentido de Veblen} alo sAo 0s tinios insiru- mentos da demand de consumo. A demanda pode set manipulads por reeursos politicos diretos, seja vob a forma especial de apelos para boicotar alfaces cultivadas em més condigbes de trabalbo ov Sob as formas generaizadas de proteacionisi0, “oficial” 00 “Ako oficial", Novamente, 0 ttatamento dado por Bayly & manipulacéo ‘que Gandhi fa com 0 significado do tecido produzido na India é um ‘rquiexemplo de poltzacio direta da demands, No entanto, esta ‘manipulagSo em large escala da demand por tecido na India do sé- ‘culo XX 36 foi possvel porque o ecide vinha sendo, em um nivel Jocal, um insrumento para envio de menssgens socinissofistcada- so ‘tente sinlonizadas. Assim, podemos postular como uma regrageral qe #s comunidades em quo consume se vineula de um modo mais icado com mensagens socaiscrucias tendem a set menos ssce- tivels 0 alteragbes bruseas na oferta ou no prego, porém mais susectivels a manipulagio politica no nivel da regulamentagio da sociedade Do poo de vista soca «ao longo da isi humana, os agentes dchivos mh aealagho dt fer epoca de mereadorias em sido no acai os govetmante, as, cto, os comerciantes O maps {io trabalho, recenementepublicade de Philp Curia sob 0 Cométio ene cultura no mundo pré-ndusria sugee que meds tntroes como ode Plant da administra do comcio ptem tersupeetimado ocontole do Egado exh economies piers prémodermes (CURTIN, 1984, p58). Oe fea claro ue ala {leslie goveraniese Esado vatoram enormements wo tempo & fo capgn. Emon estos como o de Cutin engi comegando& demonsta pues subjacent xa dvesideo componente da demand nesas dndmices de comériopemanees obscur. As pr pv lpagies hts eels entre govemantes ¢comercianes (Siam de cumplicitade ou de antagonisio) podria, parcalmcn te, sor afte das eevincaghe de bas a partes pelo papel principal na regulamentaio soil da dean, As poles ede ‘anda encontam, com feainca, nt orgens da tensto ene Comercnses elites politica, sempre qe coretlans spesentam uiuatendnci de ser os rpreentanes soci de una eqivalcnia inet, de novasmeteadoi Ue gostosesttanbs, a ics pol casapresentam ma tendaca Ge serorzxladores da ova esta de Sistemas mercanls esdvis de gosiosestablecios ¢ normes Sualurios, Este antagonism ente bens “estrangeios etuss Sint (6 porto, palias Toes € provavlmens, a rzio fundamental da tendnc, mia vats stad, das socetades ps aitvas em sesringiro coméicio umn conjunto limitado de ‘eraloyis ew nepocagoes com estan, em vez de paces ou amie Aide aire ems vil pi hd ode é ocedaes complet sr apenas um stbprodul,vazamerieap Fenind, deste atagonismo mais fundamental. Em sociedades eras, pont, a demands por mercado algunas veces ‘elt dias do stad, on conto no cso Go ful ng de onto de tenlagéo na compeigh de tras entre elites masculins 31 Esse pode ser um ponto apropriade para se observar que hi diferen: ‘8 importantes onto a biografa cultural ea histéria social das coisas, ‘As eiferengas dizem respeitoa dois tipos de temporalidade, dus for- mas de identificar uma clusse e dois niveis da escala social. A perspectiva da biografia cultural, formulada por Kopyto, € apro- Driada a cosas especificas cnguanto passam por mi0s, contextos © ‘sos diferemtes, acamuland, essim, uma biografiaespecifica, ov um ‘conjunto de biografis, No entanto, quando observamos classes ou tipos de coisas, & importante considera alteragies de longo prazo ‘uitas vezes na demanda)e dindmicas de larga eseala que tanscem- {dem asbiografias de membros paticulares dessa classe ou tpo. Assim, uma religuia particular pode ter uma biografiaespecifics, mas tote. Iidade dos tipos de reliquia ~ e, ainda, a propria classe de coisas ‘chamodas elfquia” tem um fluxoe refluxo histérico mais amplo, ‘no decurso do qual seu significado pode se alterar expressivamente. © enstio de Calin Renfrew, “Varna e 0 surgimento da riqueza na Europa’, levanta uma série de quesides importantes, de cunho -metodoldgico ¢ teérvo, sobre as mereadoriss vistas no decurso de ‘um longo periodo de tempo, Seu ensaio lembra-nos que as mercado- ras so essenciais para algumas das alteragdes muito antigas ¢ fandamentsisna vida social humana, especificamente a passagem de sociedades relativamente nio-diferenciadas de cagae coleta as pte ‘meas socicdades com formas de governo, mais complexas, Em primciro lugar, cbservar ais processas no decurso de pertodos muito Jongos é, necesariamente, estar envolvide com modelos de inferéncia que vinculam a producio com 0 consumo. Em seguida, examinar processos de predugio nos primérdios da histéria humana implica ‘observar mudaagastecnoldgices. Aqui, Renfrew nos mostra de urn ‘modo muito persuasive que os fatores decisives 1a inovagao tecnoldgica (crucial para 0 desenvolvimento de novas mercadorias) ‘io muitas vezes sociais e politi, om vez de meramente téenicos. Isso post, segue-se que, como Renfrew deixa claro, consideragées sobre vitor e demanda toenam-se centais para & comprecnsio do ‘que, primera vista, parecem sallos estitamente tenis. Assim, 20 analisar © papel do ouro edo cobre em Varma, como tam- bbém de objetos similares. de “valor primordial” em outros sitios pté-histéricos da Europa, Renfrew nos afasta das tentagées de uma visio reflexionists (segundo a qual bjetos do valor refietem o alto satus das pessoas qe os usam) em prel de uma visio mais constr 32 sv segundo agua 60 uso de objetos de alta tecnologia que crucial paraalleragbes na ctrutua de steus. Ponto o que se deve exp {a io aogbes de valor mutiveis, cue, por sua vex, implicam noves uso de descobertas tecnologicas enovasformasde controle politico dos prods deta novagies. A complexaargumentacio de Renfrew ‘tua a questio de que medansas no papel social de abjetos de ex Uugio (eles mesmos fundados no eonuol sobre materials de valor superioe explcam allergies de longo prazeno valor a demana, ‘Ao mesmo tempo, seu ensao nos lembra gue o pape cultural das tmeeadoras (conquanto tema central deste livro) ako pode sr, em lim instancia,separado de questes de tecnologia, pradagia eo. ‘née, Contudo anda que problema agueologco sia paareaeat { eomplesidae © a dimensfohistrica as relagbes ene valores, diferenlagio sociale mudanca tecnica, a auséncia de documentos escrios ou orals mais convencionais, na verdade, difcota mats a reconstragao da mudanga de valor que a da mudanga social © teenolbgica O enaio de Renew tema vitae de rao reves do gue suas cvidenias confirmariam de un modo mais eonfortivel, Proce de ong rio envoleadoo ppl social das meres fram extern eatdads cm ts panes bres, ds dele Ge hires (BRAUDEL, 1982: CURTIN, 198) © um dom Stopsiogo (WOLE, 1082) Cas om dses dn et gees inads putea mas nb h obrepoiges sigan tates trode Corin ¢ um ndacion coo comunve do tiecle eoomina-dispars comers comumicaser de cones tris que moveram bem ureveo as ences cular 0 Sage do Dist repsade t6aGpocad xpansio nds ecopets le ‘© capetha en mane unt visto t-eurctny do mundo 3 Coneio anes der instal is, pss mus tage em Comm com ajo de Ene Wolfe snl eee Cort dSrocatno de Wolom pate pore pot evs een ep so ora den capt Yom sas cee hts ds ne rope cis feo do mundo, se nents moto ase deg Europa Cutine WolEfazom um grande esfrgo para emolr ia ethos de meredoriscomoslgorecneovexclaenent ina ‘ccapiainmo metopolian esrvem como lebees pores Spano defando incon logit polic derpto gu coma cose por et aston soca «curls Ma Por itectey motos om cua cso, Cre Wolf mertaness 53 ‘asnos pels questio da demanda co problems da construgio cultural do valor, Os ensaios no presente livo, entio, complementam cent {quecem o amplo panorama institucional, ceandmicn ¢tecnolégico dos uxos de mercadoria apresentados nesses dois estudos. Braudel, oformidvel decano da Escola dos Anais, é uma outa his- ‘ria. No segundo volume de sev estado mugistal sobre o capitalism e4 vide meteral de 1500 a 1800 d.C. , Braudel ndo se contenta em nos dar uma descrigio densa e comovente 6a formacio do mundo industrial modemo. Nesse volume, eujottulo em inglés ¢ The Wheels of Commerce, Braudel se ocupa, tal como Curtin e Wolf (alem de, € clare, muitos outros historiadores soci econémicos) da natureza, ‘strutura e dinimica do coméreio no mundo apss 1500. Na verdad, tomatdos em conjunto, estes 8s estudos apresentam ums setato im pressionante de um grupo extremamente complexe einter-telacionado ‘do que chamte de “ccimenas mereanis", que, comecando por volta ‘de 1500, liga diversas partes do mundo, Braudel discute brevemente ‘4 pane da demanda neste grande esquema. No que concerme 2 ela- {sdesentre oferta e procura nas priméudios do mundo capitalist, sua {rgumentagio, como sempre, coloca as coisas em uma ampla pers- ‘ectiva temporal (BRALDEL, 1982, p, 172-83); mas, sobre a o'gens ‘eas conseqincas des mudangas na demands, pouco do que diz nao hhavia sido antecipado por Werner Sombart, que seri discutide logo abaixo. Todavia, estes tts principas trtamentos recentes do f1ux0 ‘de mereadorias na consttugio do sistema global so ies por sealcar « fornecer o contexto para aquilo que os ensaios deste liv buscam realizar, que €esclarecer as dinimicas sociais ecalturais do Ouxo de mereadorias, Toa ests discussio acerca Je questeestelalivas a Var lor, carrera classticagio em, obviamente,o objetivo de enriquener nossa compreenso das idiossincrasas as coisas, uma dimensio a ‘que a produgio acadezica prévianio tem dado uma atengae muito sistematica ‘Abbistsra social das coisas e sues biografiascultraisndo slo assun- tos de td separalos, pois € 4 histiria social das cosas, no decurso ‘de longos periodos de tempo ¢ em niveis soeaisextensos, que cons- ‘ud enercivamente a forma, os significado ea esrutura de tajetorias ‘de euro prazo, mals especificas e paniculaes. Também hi cases, ‘ainda que tipicamente mais difess de documenta ou prever, em que muita aloraghes pequers na biograia cultural das coisas poder, ‘com 9 tempo, lev allerages em suas histirias socais. Exemplos s4 estos complenas rlagées entre trajetGrias de grande e pequena es tale padrbes de longo curto prazo no movimento das cosas n30 ‘io muhto difundidos na literatura, mas podermos comeyara observ {ais relagdes com referéncia as transformagées dos sistemas de toca sob o impacto do regime colonial (DALTON, 1978, p. 155-165; 'STRATHERN, 1983) es transformagoes da sociedade ocidental que Tevaram ao sorgimento do souvenir, do objeto colecionavel eda lem tanga (STEWARD, 1984), Neste ivro, os enssios de Bayly, Geary, Cassaneli e Reddy sio discussdes especialmente interessantes das relagoes cai estas dus dimensées da temporalidade das coses. No ‘uma coincidéncia que estes estudiosos sejam, todas, hstoriadores ‘soci, intressadas em processos de longa duragio. A melhor abor- ‘dager gerl a elagio entre demande, circulagio de objets de valor cealteragbes de longo prazo na producio de mercadorias enconta-se ‘no trabalho de Wemet Sombart (SOMBART, 1967). Devemes 2 Sombar: a impornte observacio histéica, de que, no perfodo entre 1300 « 1800 na Europa, que cle vé como o cerne do comego do eapitatismo, a principal causa da expansio do comércio, Inds capital financeia era a demanda por bes de 1x0, sobee- tudo da parte dos nowseaur riches, das corte e da aristocraca, Ele identifica fonte deste aumenio da demands, por sua vez, na nova forma de compreender a venda de amor “livre”, nos refinamentos sensuais e na poitca econimica das relagies de corte durante este perfodo.O significado dessa nova fonte de demanda era que a moda havia se tomado uma forga motriz para 9s classes mais alta, sacia- {as apenas por argos de Consumo em quantidades cada vez maiores © qualidades cada ver mais diferenciadas. Esta intensiticacio da de- ‘manda, sexual e politica em suas origens, assinalava o fim de um ‘etlo de vida senborial ao mesmo tempo em que estimulava'a manu- aura eo cométcio do capitalismo naseente Embora a abordagem geral de Sombart da historia socal do capita- lismo tenha sido, durante ¢ apés sua vida, legitimamente eriicada Por uina série de deficiénciay empiricas e idiossincrasias ‘etodolégicas, ela permanece como uma altemativa potente(embo- "a subterrinea) as visbes de Marx e de Weber sobre as origens do ‘apitatismo ocidental. Ao voltar-se para 0 consumo e » demanda, & ‘obra pertence a uma iraigao minortéria e opositiva, algo de que Sombutestava bem ciente Neste sontido, Sombart & um dos printci- ‘oserticos do que ean Baudillardchamou deespelho da producio", 35 ‘no qual uma boa parte a teoria dominante dt economia politica do ‘Ocidente modern tem se vist. Em sua €nfase na demanda, em suas ‘observagies fundamentais sobre as politicas da moda, em sua colo- ‘eagio das forgas econémicas no eontexto das transformagies a ‘sexuilidade em sus visio dialética as relagées entre hina © ne= ‘cessidade, Sombart antecipa recentes akordagens semisticas do, ‘comporiamento ecoréimico, isis como as de Baudrillard, Bourdieu, Kristeva e outtes. A abordagem de Sombar foi rccentemente etomada em um estido extromamente interessante dis circunstincias que antevederam oco- ego do capitalismo, da autoria de Chandra Mukerji (1983). 0 Argintento de Mukeni, que converge para o mew em diversos ponos, 6 que, longe de serem resultado da revolugio tecnoldgica/industial {Go século XIX, uma cultura materialista eam nove tip de consumo volteda para produtos « hens provenientes Je todo © mundo foram _pré-requisito pata a revolugio teenokégica do captalsmo industri Nesta audaciosa critica & hipétese weberians sobre © pepel do ascetismo prtano de fornecer a contextocultus] para. cileuloca- Pitalista, Mukerji segue Nef (1958) outros. argumentacio dela & ume sofisticada deserigao histirica do pano de fundo cultural dos -primérdios do expitalismo na Europa. Apresenia novas evidéncit © argumentos para colocar 0 gosto, a demands e a moda no centro de ‘uma explicagio cultural das origens do capitalismo ocidental, assim ‘come para a cemtralidade das “coisas” nessa ideologia ns Europa Renascentista (ver também GOLDTHWAITE, 1983), Para os mossos propésites, a importincia do modelo propasto por Somburt para as relagdes entre Iuxdria € 0 comego do capitalismo, reside menos nas especificidades historias c espaciais de sua argo- rmentagio (que € um problema para historadores dos primrdios da Europa mlema) do que no cardter generalizante da légica de sev argamento no que diz espeito & base cultural da demanda por, 20, ‘menos, alguns tipos de mercadoria, aquelas que charmamos de luxos. Proponko que consideremos os bens de luxo ii exatamente em con- trastecom necesidades (um contrastecheio de problemas), mascomo bens uj use principal é rericoe social bens que siosimplesmen- te simbolos materiaizados. A necessidade a que eles correspondem fundamentalmente politica. Ou melhor, jf que a maioria dos bens, «de huxo 6 eonsumida (ainda que de formas especiais ea custos espe- 56 is), poeta fazer mais sentido ver luxos como um “tego” espe= inde consumo (po apalgia como mee lingisico) do que os temo uma classe especial de coisas. Os ragosdisintvos deste regi trem relago 3s mereadrias, io alguns ds ou indo os seputes tuibutos: (resto, quer pox prego porlk,aeites: 2) comple: $id de aquisigS, que poe ou ao ser ume fungso de “escassez” (3) viosidade semiotics, stg, acapacidade de assole com tepliaade,compiexas mensogens socal (como a pimenta acu. ja, a seda no vestudro, a ss em omamcnose eiguas em stosde clo); (wm coaheciment espetalzado como pre-e topara serom usados “apropriadamen", to 6 regulamertagao pela moss, (5) um alo gra deassociaglo ene seu consumo © cop, pessoa a personlidade. Do ponto de vista do consumo, aspecios desse registro de luxo po dem, de cera forma, convira toda e qualquer mercadera, mas algmas ‘mercadorias, em certs conlexios, passam a condensaro registra de luxo,e podem ser vagamente descitas come bens de luxo, Vistas deste modo, todas as sociedades apresentam alga demands por bens de lux, e poder-seia argumentar que fo: apenas na Europa _s-1800 (aps 6 desaparecimento das leis suntuirias) que essa de~ ‘manda 5 libertou da tegulacZo politica e fr legada ao jogo “livrc™ \domereado e da moda, Nessa perspectiva, aregulamentao suntudtia +eadamada sio los opastos na regulamentagio social da demand, em particular daquela por bens com alto valor discriinatério. Em ‘certas 6pocas, o fluxo de bens de huxo exibe una poderosa tensio mie esis duas forgas: os dltimos séculos do Antigo Regime na Eu= rope por exemplo, mostram forgas que atuama em ambas 3s diregbes. ‘As primeiras déeadas do contat colonial também exibem, por quase ‘oda part, esta ensio entre novas modaseregulamentagées sutras Dreexisienies. A moda, nests contextos, € 0 impulso de imitarnovas Doténcias, € esse impulso & muitas vezesintegrado, para melhor ou Dio, imperativos suntuaros irdicionas. Bsa tensfo, no nivel da ‘demaca e do consumo, liga-se. obviamente, as tensSes entre os temas de produgio e bens nativos eos importados, entte meios de {G0ea nativos e s razidos de fora. Um estudo de caso extremamente ieressante ncerea das ligagbes entre comércio, moda, les suntuaris ‘tecnologia ¢ encontrado na discussdo de Mukerfisobre as conexses. ‘aire a Inglaterra ea india para o comércio do calcd-noséoulo XVII, (MURERIL, 1983, p. 166-209), 37 A segunda questio de importincia a que Sombart diige nossa ten ‘ca0€ acomplexidde das ligagdes enteos bens de uxoe merescorias mais mundanss. No caso de que ele se ocupa, as ligagoes envolvem, principalmente o pracesso de produgio. Assim, nos primérdios da Europe moderna, o que Sombart vé coma bens de luxo primsrios tem, como pré-requisites, processos de prodacao secundrias & tercidrios: « manufatura do tear de seda dé supurte aos centtos de tecelagem de sed, que, por sua vez, dio suporte &criagio de mobi- Tio ¢ vesturio de luxe; a serrata produz madeira essenciais para produto de escrivaninhas sfistieadas; quando a madeira se esp0- ta, passa @ haver uma grande demanda por earvio na indisisia do video ede outros luxes; a fundigéo de fero forneceu os encanamen- tos eraciais para as fontes de Versailles (SOMBART, 1967, p. 145-166}, Visto que um erescimento na demanda por bens de Iaxo primates ¢ decisive para a expansio da producao de instrumentos de Segunda ¢tereira ordem, « demanda por luxos iem grandes implica {goes no sistema econdmico. Este & caso das economias modernas ‘complexas em seus priacipios. PPorém, em economias diferentes quanto 3 escala, aestruturaea orga nizacio industrial, a eonexao entre bens de Inxo e bens de outros fepistros de uso pode envalver no as reverberagbes de um complexo ceonjunto de meios formas de produgio, mas, anes, os dominios da tuoca e do consumo. Assim, rtornando ao sistema kula da Oceania, anilises recente deixam claro que o“comércia” de objetns de valor {do kula se relaciona com uma complexadisléica sociale estatépica, ‘com absorgses de, e drenagens em, outros regisos de trocs, que ‘podem incluir casamento, morc, beranga, compra ¢ Venda, €assian por diane (ver, em especial, WEINER, 1985), Por timo, 0 comércio de luxos pode muito bem formecer um quedo ‘cordial, drivel e sentimental para a conducio de trocas de outros tens € de outros modos: aqui, 8 ocorténcia de trocas gimvali, ov 20 estilo de mercado, em contraste com o puno de fundo do ula €, no Vamentc, um exemplo primitive aproptiado (UBERO1, 1962). Um texemplo bem mode:no desse tipo de relagio entre @ comércio no registro de Iuxo em regstros simbolicamente menos carregados 60 relacionamento comercial ents 0s Estados Unidos ea Unio Sovig- tica. Neste e280, 05 acordos sobre a limitacao de armamentos tesratégicon podem ser vistos come tipos atamente competitivos Je ccamércio de luxo, cm que 0 Iuxo em questao € assegurararestrigio a 58 uss nucleate vo Indo post. Os sts babes dese comécio Minapre-eqllioparo movimento de curasmercadorastaiscome ‘piosalimentcos alt tenologia.Eprecisamente este ipo de el Feqamento policamente mediado ene registos dstintos de speci qeexploravresivunente «recente plea not-amet- Sf de "vincalaio”, pls qu inatblidade sovietca em uma ‘Stes de toes & putida em outa exfera. Em sociedadese tempos fis simples, o equivalent dos acotdos SALT devia ser visto ma Tpiomuct roca de prevents ene comerciales chefs, ousim ‘jlamene eate os chefes, sitvagies de Wanstorno as quas er fossivel malograrocomérlo em regis menos catezados Em todas essas formas, podemos ver que a demanda pels tipos de bjetos de valor que chomamos de luxos,€ 0 que chamei de registro Ge lvxo de qualquer fluxo particular de mereadoias, esd intimamen- te ligada outros registos, mais cotidianos ¢ de alla rotatividade, da Finguagem das mercadorias na vida socal sve pode ser também 0 momento oportuno para fazer uma observa- ‘cho mais geal acerca das mercadorias Jseutidas nest livro, muitas ‘des quais possuem ua dimensio extremamente luxuoss e perecem, pois, compor uma amtostragem queestariadestinade afavorecer uma Shordagem cultural de um determinado modo que mercadorias mais ‘comuns, prduzidas em massa, alo 0 fariam. O fato ¢ que a linha entre mereadorias luxuosas ¢cotidianas nao apenas se altea histori- ‘mente, mag, mesmo em qualquer ponte determin no tempo algo ‘que dia impressio de scr um item homegéneo, em estado brutoe de ‘um campo smimico extremament resiito pode se tornar muito d= fereme no decurso da distribuigio € do consumo. Talvez 0 melhor fexemplo de uma mercadoria comum cuja histGria € repleta de iiossinerasas culturaisseja 0 agiar, como mastraram de modos, bem diferentes Sidney Min (1979) e ermard Braudel (1982, p.190- 194), A isting entre meccadocias comuns e mercadorias mais exéticas nao 6, portanto, uma diferenca de espécie, mas, com maior freqincia, uma diferenga de demands ao Jongo do tempo ou, algu- ‘mas vezes, uma diferenga entre locais de producio & locais de ‘consimo, Sob a perspectiva da escala, estilo e importanci econ a, Mukerji apresemtou Uma argumentacSo elogiente, 20 menos no caso dos primérdios da Europa moderna, para que nde sc tracem fronteiras rigidas eae consumo de massa e de elite, bens de uo & bens mais comuns bens de consumo e de capital, ou ainda, aesttica 59 a exibigSo em conse com o8 models ds ambient de prod lo prime (MUKERI, 1983, c.1)- Assim, Jemanda no € nem ma reao mecca estturae 20 nivel de produgao, nem uma ansia natural insondivel. £m comple- xo mocaniomo social qe inermedein padres ds cirelagso de hn de gy ee pr Eis i des prazo (is como aqelas discatidas na seo arterioe) aearetaiay ques alteragies na demuinds que podem transformer, graal- ee ee ee ee, ‘hued sob a perspectiva da epredugio de pars de Hux Je tnereadorias (em vex de alleroies dos sesmos), os padres de d= manda exoeleedos hi muito tempo funciona: como mecanisros {ds cous sobre qualquer conjuo Ge cts de mercadora. Ue ds resp qu tists so nereteetevlnerven, em ene ‘uatdoeovalver axes vanscaluas de mercaora, que classe ‘Spam ns dsbuigolstvel de comico um sent prs 0 ‘al cs vos agora (CONHECIMENTO E MERCADORIAS sta socio se ocupa das peculiaridades do conhecimento que acom- ppanha fluxos de mercadoria relativamente complexos, de longa distincia ¢ inercultarais ~ embora mesmo em doet de faxos mais ‘homogéneos, de menor escala € menos tecaclogit aja sempre um potencial para diserepincias no conhecimento acerca de mercado- ras, Mas, conforme auments a distinc, anegociagio dalensio entre cconhecimento¢ jgnorincia se tora, em simesma, um determinante crucial do floxo de mercaderias. Mereaorias representa formas soca epi de coaecimen- soma compli, prime gh «ar mo eonheimento pode ser de Jo's tips:ocoahecinento (enicoscil Estcico te) que intra. prodiin ds mercaora 0 conhecimen: {o.ae imegra ago de conumiapropridamente a mereadorie. Cenecresto de produc inlrpeta cm ua mercadorn & bem pi Ci e sus eueras (MUNN, 1977), Ex exgem meen sais dts pra uma negaciagi sista Se peo ema et parc do goto Jo consid 2 hblidde ao conecimenos lado do pr. aver os melhores extios dese ipa deo. ‘oniico mals de iacamo como imac de opas Bronts (SWATLOW, 1982) co de ate trstica no qe Nelaon Sram (1975) chamen de aro mand. Sempre que hi descontinuidades no conbecimento que acompanhao ovimesio de mereaoria problemas envavendsateniadase ¢ ‘Serve enum cea, Dveron ton dee ie Mm com os asuniesO pret 0 tex de Brian Spone! sobre risa, uma provocativ nterpeagi anol ce en "que ene Nitin ane, stn eontice cane 6 cultural, © tema de Spooner ~ as alteragGes nos fermos das relaes, fentre produlores ¢ consumidores de tapecaias orientais ~ pOe em cevidéncia um exemplo partcularmente notivel de uma mereadoria, ‘que liga dois universos de signiticados efunoes extemamente so- Tados, Comercializados originalmente por meio de uma série de entrepostos asifticos e europeus, que impunham, cada um, fitros ‘goondmicas ede gosto, os apetes orienta cnvolvem, hoje, uma ne~ [Bociago bers mais zea ene os gostos da classe medi alta ocidental ‘eas otganizagbes do tecelagem na Asia Central, Mas esta alteragSo _nio abrange apenas rrudangas no contexto da negoclugo de pegs. (que é negociado, como observa Spooner de um modo inisivo,€ a autentcidade. Iso é conforme ortmo da mobilidade ea aglomers- {Gio de pessoas no topo da sociedade ocidental se tornam mais, rmareades, ¢ conforme a tecnologia possiblita a multiplicagio de bjetos de prestgio, instaura-se um erescente cindnico dilogo entre ‘a necessidade de critrios de auteticidade que se lterara constame- mente no Oeidente © 8 molivagoes evondimicas dos produtores © ‘negociantes. O mundo dos negoctantes, além disso, toma se ele mes- ‘mo atado ts politieas de profielénciae da formalizagao de um saber cerudito sobre tapetes no Ocidente. ‘De uma forma geral, podemos sugerir que, em relagio a mereadorias de luxo como tapetesorientais, eonforme adistncia entre consu does ¢ produtores diminui, a questio da exelusividede 66 logar 8 ‘Questo da cutenticidade, Quer dizer, cm circunstincias pré-moder- ‘nas, 6 movimento de Tonga distincia das mercadorias preciosss implicava eustos que faziam de sua aquisigdo, em sé mesma, um imareador de exclusvidade e um instramento de distingio suntuiri, ‘Onde 0 controle de tus objews ndoestivessesujito & regulamenta- ‘Gio do Estado, eles eram regulamentados indiretamente pelo custo, ‘da aqusigio, de modo que permaneciam nas mvs de poucos. Com ‘asmudanges ecnoligicas, a reprodugdo em massa destes objetos tor- ‘ous possivel,o dilogo entre consumidoresc a font original passa ‘ser mais direto,e consumidoes de classe média foram capacitados ‘egal e cconomicamente) a disputar estes abjetos. A nics forma de preservar a fungao destas mercedarias nas economies de prestizio do ‘Ocidente maderno ¢ tomar os eritérios de autenicidade mais compti- ‘cados, Asexicemamente complicadas competicao ecolaboragio entre “peritos" do mundo da arte~ negociantes, produtoes, estudiosos & consumidores ~ 6 parte da eoon0mia politica do gosto no Ocidente 64 contemporineo. Esta economia politica tem sido, talvez, mals bem jvestigaca a Franca, por Baudrillard (1981) ¢ Bourdieu (1984), HS. uma serie particular de quesifesque concernem A autentcidade e expertise ue incomes 0 Ocidente modemo, ees série, que gira a {orno de t6picos como bom gosto, conhecimento especslizado, originalidade” ¢ distinglo socal, manifesta se em especial no do iminio da arte ede objetos anistics. Em seu Famoso ensaio “A obra de arte na 6poca de uss tcnicas de reproducio”. Walter Benjamin (1968; edigao original de 1936) reconheuia que a aura de ums obra de arte autéatica est ligada a sua originalidade que eta aura, que é ‘ofundamonto de sua autentcidade, ¢ posta em risco pelas modernas teonologias de xeprodugao. Neste sentido, cbpias, flsificagbese vor oes “pirats”, que tém oma longa histGxa, nao ameagam a esséncia do orginal, mas buseam comparilhar dela. Fm uma nota de rodapé deste ensao, Benjamin fez a seguinte observasio, muito perspicar “Na werdade, &época em que fo feta, uma pintura medieval da Vir _gemaina no era ‘auténtica. Tornou-se“auPnica’ durante 08 Séeulos ‘sequints e,talvez. sobzetudo, no séeulo XIX.” (BENJAMIN, 1936, 1.243) Em um ensaio sobre o conceito de “assinatura” no mondo da arte moderna, Baudsillard (1981, p. 103) prossegue com a questo: ‘eo solo XIX, # iad um br origi i ‘hase proprio alr es ura pti legs rn nossa pen cpa, ago mdr =o melo, parece depen come ‘afveno dh rndenidnde Ase, pense ia regulsemene de eoltrder 00 mr: Cspedista em avers oaem ama O lode mir, saim come a seat, ao inane 4 mesma isnot miokgice sobre tence eat impeaivo zal gue ate moda te dee ea pes qual esse ona moderns qu posta tm evden dae qu argh com 4 Wise points 0 pop sigifinda do abt tiie rinfou como a mest intr Com ests consideragdes, possvelsituaroaspecto do consumo des Drocessos observados por Spooner no contexto do que Bavdiillard ¥8 como a emergéncia do “objeto”, ito é, uma coisa que jf mio é ‘penss um prodsto ou uma mercadoria, mas, em essEaca, 6 um sig- "© em um sistema de signos de stats, Os ahjtos, de aeordo com 65 ‘avdilled, surgom plenamenie apenas neste século, no Ocidente moderno, no contexto das formulagoes tedricas de Bauhaus (BAUDRILLARD, 1981, p. 185), embora se tena mostrado recen- femente que o surgimenio do objeto na cultura européia remont, ‘pelo menas, aa Renascimonto (MUKERJI, 1983). A moda € veicu- lo cultural por meio do qual cbjetos, no sentido de Baudrillard, se CContudo, problemas de autenticidade, pericia eavaliagio de merea- dorias nto sio, obviamente, um fendmeno do século XX. Ja ‘mencionaroso artigo de Patick Geary, aeste volume, sobre ointer- cambio de reliquias na Eutopa carolina, Aqui, hé um problema erucial mo que diz expeito& auteaticacdo e, também aqui, este pro- blema est ligado 20 fato de religuias eitculatem por longos perfodos dd tempo, passando por muitas mos « percorrendo grandes distin- cias, Aqui também ha uma preocupagao com fasificagdes, uma ‘bsessio pels origens. Maso regime cultural da autenticagao € um tanto diferente do regime moderno. Anda que aja um poqueno gru- pode procedimentos éenicose pretogativaslericais comprometidos na aulenticagi ralaese, de um modo geral, de urna questo em que ‘compreensdes populares sobre a eficieia ritual e crtérios comuns de autenticidade desempentiam um papel fundamental. A autenticidade qui nio é da aleuda de peritos ede eriérios esotricos, mss de espe cies populares ¢ pablicas de confismacao e veificagao, (© problema do conhecimento especializadae da autenticidade assu- ‘me ainda uma outa forma no fascinante estudo de caso de William [Reddy sobre as alleragies na organizagio de saberes especficos na indstia txt da Fanga, antes depois da revolucao de 1789. Con- ‘enirando-se em dois dicionatios de termos comerciais publicados ra Fronga, na dgcada de 1720 © em 183%, Reddy argumenta que, cmbora a Revolugio Francesa pareca ter destuida toda uma forma 4e vida do noite para o dia, este nfo fi, na verdade, 0 caso. O vasto cedificio do conhecimento ¢ das praticas cotidianos mudou lent, i ceria ¢relutaniomente, Um exerplo desta crise prolongad ~ isto é, umn periodo em que o conhecimento, a priticae w orientagao politica estavam notavelmente fora do passa ~ pode ser visto no mundo codi- ficado do conhecimenta celaivo ao cométco téxtil. Nos principios e sistemas modemas de fluxo de mereadorias, Reddy n0s mostra ‘que as elaghes erie conhecimento tenico, gosto e regulamentagio politica si0 muito complexas lenta pata mudar. Modas de saber, 66 {ulear, negociar€ comprar sto mais dices de mudar que ideologias acerca de guilda, pregos ou producio. Foi preciso uma série muito complexa de alieragdes fragmentadas e assneronas na politica, oa recnulogia ena cultura, ue se estenderam por um século, antes que lum novo quadro epistemolbxico surpisse para classifica produtos comereais. Neste novo esquema, puderiamos dizer ue bers foram econcebides como produtos eo “olhar” (no sentido de Foucault) do consumidor edo comerciante dew lugar a0 “olhar” do prodiutor. Tei tos, 0 primeiroterco do século XIX, passaram a se vistos no que ‘Baudrillard chuma de “espelho da produgio". Atenticidade, no co ego desse cenaro industil, 6 ndo ¢ uma questio de protieizncia, ‘mas de métados de produgio dads vbjetivamente. A pericia do ne gociante edo financista di lugar &pericia da produgioindustralizada, (ensaio de Reddy nos lembra que ahistécia social das coisas, mes- ‘mo das mais comuns como tecidos, refletealteragies extremamenté complicadas na onganizagio do conhecimento ¢ dos mods de pro- Augo. Tas alteragGes t&m uma dimensio cultural que ni pose sor dedurida a partir de, ou reduzide a, mudancas na tecnologia © 18 ‘Um citimo exemplo ds complexidace das relagdes entre autentcida- de, gosto © as poitcas das relagbes entre consueidor ¢ produtor coacerne a0 que fem sido denominado arte Einica ou turstica. Essas foram toma de estas antropoligicas bastante igarosas © hé uma impoctante coletanea de enssies sobre o assunto (GRABURN, 1976). Embora 08 fenémenas discutdos seb esses rétuls ineluam uma desconcertante gama de objetos, como observa Graburn em seu en- sain introdutério, eles compiem talvez 0 melhor excmplo das diversidades entre produtores e consumidoces em gosto, compre- tensio e uso. No lado do produtor, podem-se ver as wadigdcs de {abricagio (novamente seguindo Munn) mudando em eacio a impo- sigs comercais¢ estticas ou a impetos de escalas mais largase, Algumas vezes, a consumidoresdistantes. No lado do consumider, souvenirs, lemibrancas,raridades, colegées, abjetos de exposigio, {sim como a eompeticao por satus, a periciae 0 comércio em gue Permanccem, Entre as duas exteemidades, uma série de lagos comer- Giaise estticos, algunas vezes complexos, miltiplos e indirtns, outras vezes abertos, arose ditctos. Em ambos os cases, a arte tus” ica constitui um tréfego de mereadorias especia), em que as ‘Wentidades grupais de produtoressio emblemas para as poliicas de Status dos eonsomidores. o7 ‘Oamtigo de Alfred Gell, neste livro, raz algumas observagSes astutas ‘sobre 0s complicados tos de relzagio na percepcio que podem acom- panhar a interagio de pequenas populaghes tradicionsis com camomviss ¢ sistemas eulurais de larga escala. Refletindo sobre 0 intezesse mutiaporjogos de pratosem bronze produzids fora de sua tegito, Gell observa que “os murias, um povo tradicional sem um legado proprio de producio de atesanaio ¢ bens de prestigo, estio, ina verdade, bem mais préximos dos ocidemtas, que buscom aut cidade no exético, do que des tradicionas sociedades produtoras de artesanao, categoria 8 qual erroneamente se supite que eles perten- ‘gam. Trabalho recente sobre exibigées e swuseus, empreendidos por antropélogos ¢ historiadores (BENEDICT, 1983; BRECKENRIDGE, 1984), asim como por semidlogos teoricos da Titeratura, ampliam e aprofundam nossa compreensio do papel exer- ido por objetos do “auteo" na cringio do souvenir, da colegao, da lexposigio edo trféu no Ocidente moderno (BAUDRILLARD, 1958, 1981; STEWART, 1984), De uma forma mals gral, poder-s-ia dizer ‘que, Gonforme 0s percursosinsitucionaise espaciais das mercadori- 45 se tornam mais complexose 2 alienagio rttua entre produtores, ‘comereiantes ¢ consumidoces aumenta hi uma tendéncia de surgi rem mitologias culturalmente modeladas acerca do fluxo de rercadorias, Histris ideologias culturalmente consruides acerca de fluxos de ‘mercadorias sio lugar comum em todas as sociedades, Mas tas his trios adquirem qualidades especialmente inlensas, noves © impressionantes quando as distincias espaciais, cognitives ou institucionais entre prodocao, distibnigéo e consumo sio grands. ‘Tldistanciomento pode ser institucionalizado no interior de wma nica ‘economia complexa ou pode ser uma funcdo de novos tipos de vin= ‘clo entre sociedades e economius até enlio separadas. O divoreio insitcionalizado (em relacdo ao conecimento, 20 interesse © a0 papel) entre as pessoas envelvidas om divers aspectos do fluxe de rmercadorias gora mitologias especializadss. Nesta seco, analiso trés \atiantes de tais mitologias eos contertos em que surgem. (1) Mi- tologiss produzidas por comerciantes e especuladores que sao em grande pane indiferentes tanto as origens da producéo quanto estinagao do consumo des mercadoria, excel0 10s casos em que afoiem as MunuagBes de prego. Os melhores exempos desse tipo so 1s mercudos de Fututos em economias captalistas complexss, ex) 68 special a venda de gras na bolsa de Chicago n0 comego do século XX. 2) Mitologias produzidas por consumidores (ov coasumidores potencias) alienados do processo de produgio e de distribuigéo de _mereacborias-chave. Aqui, os melhores exemplos vém dos “cults da {Carga da Oceania. (3) Mitologias consteuidas por tabalkadores en Yolvidos no processo de producdo que estio completamente ivorciados da ligica de distribu e de consumo das mereadoras, {que produzem. Os modernos mineradores de estanho da Bolivia des {tos por Michael Taussig em The Devil and Commodity Fetshisn in South America (0 diabo e o feichismo da mercadoria na América do Sul) sio um excelente exemplo tipico dessas mitologias. Nos pet Ximos pardgrafos, discuto brevemente cada uma desses varingées, comecando pelas bolsas de mercaderias capitalist, ‘Acsfera mercanti no sistema globel do capitalisma moderne parece, Aaprimeira vista, ser uma eposme miquinairapessosl, governada pot movimentos de preco em larga escala, complexos interesses, ‘nsitucionais, e de um carder totalmente desmisifieado, burocrtt- 9 € auto-regulador. A impressio & que nada podedia ester mais, sfasado dos valores, mecanismos e éticas dos foxos de mereadarias fem sociedades de pequens escala Porém, essa impressio¢ fal, [Neste momento, deveria estar claro que o capitalismo nio representa apenas um esquema tecnolégicne econdmico, mas un complex si tema cultural com uma historia muito especial no Ocideate modern0, Essa visio, ue sempre teve adeptos eminentes na hstéria social ¢ ‘econdmica (WEBER, 1958; SOMBART, 1967; NEF, 1958; ‘BRALDEL, 1982; LOPEZ, 1971; THRISK, 1978), ganhov um novo Jmpulso a partir de estudos antropol6gicos« socioldgiens da colcura ‘euto-americana (BAUDRILLARD, 1981; BOURIEU, 1984; DOUGLAS, ISHERWOOD, 181; MUKERU!, 1985 SAHLINS, © cstudo do esquema cultural do capitalism em sua forma norte ‘americana foi empreendido com grande vigor na dltima década: Kistoriadores, antropslogos e sociGlogos estio comecando a reunie ‘uaa ries descrigao da cultura do capitalismo nos Estados Unides (COLLINS, 1979; DIMAGGIO, 1982; LEARS, 1984; MARCUS, 0 prelo; SCHUDSON, 1984). Embora esse contexto mais amplo ‘ieja fora do escopo da presente discuss, esti bem claro que 0 répciocapitalismo € ums formagéo cultural ehistérca e que, nessa oo formagio, as mereadorias e seus signifieados desempenharaen um papel crucial, Um exemplo das expressies ultras do capitalise rodesno, peculiar e impressionant, € 0 morcado de faturos nos Bs Tados Unidos, que se désenvolveu na metade do séeulo XIX ¢ eujo paradigma é a Bolsa de Gries d= Chicago. ‘O comércio de mercadorias em estado bruto permanece, lioje com buns pate extremamente importante do comércio do sistema €c0- tpomieo mundial (ver, por exemplo, ADAMS; BEBRMAN, 1982) ¢ ‘ove intercimbio de mercadorias em larga escala continue Sendo, tal- ‘ez, 2 principal arena om que as contradighes do capitalismo Jateinacional podem ser observades. Entre essas contradigbes,& cet ital aquela entre a id2ologia de lvre-comércio do capitalism eléssico (as formas variadas de protecionismo, cuigise acordos reguladores, Sue soriram para resringr essa Hiberdade em favor de diversas Tlades de proditores (NAPPI, 1979)-Mercadhs de fuluros representa ft overa institucional em que 0s Fiscos que acompanam os Muxes thacionase intenacionais dessas morcadorias so negociados, com ‘fiminaigao dos riscos da parte de alguns puras especulacées da parte de outros. ‘Mereados de futuros gram em ror de um grande nimero de tansa~ Bee que envolvem conlraos para compra e venda de mercadorias, ‘Em dates foturs. Esse comércio de coatratas € um eoméscio dé pa pel. que raromente inelui tocas reais das mercadorias entre os Bomerciantes, Como bolsa de valores, esses mercado sio torncios apeculativos, nos qusis 0 jogo dos pregos seas ¢ trocas aparece totalmente divorciado, para oespectador, dc todo 0 processo de 10~ Gucio, distrbuigio, venda ¢ consumo, Poder-se-ia dizer que @ ‘apeculao sobre mercadorasfuluras separa, drasticameate, prego f valor, sendo odltimo algo sem qualquer interes. Nesse sentido, & Tél do comerci de mercadoriasfturasé,seguindo Marg um ipo ‘de meta ftichismo em que nio apenas 2 mercadria substitu a rela ‘qbe3 socials que estao por tris dela, mas o movimento de press S© fons um substitute autGnome dos Naxos da priprias mercadoris. Embora esse duplo grau de remogao das relagies sociais de produ (Go. troea diferencie muito os mereados de fturos de outros ormeios {i valor tai como os rtratados no kul, hé aligns paraletismos in- teressantes ¢ teveladores. Em ambos os casos, o torneio ocorre ef lima arena especial, isolada da vida cconémice pratice © sujeita # 70 ‘egras especiais. Em ambos os casos, rocam-se emblemas ée valor “que 86 podem ser transformados em outs mics por uma complex Serie de clapase em circunstancias inusuais. Fm ambos os cuss, hi formas espeeifias pelasqusis@reprodugio da economia mais ampla aniculada com a estrutura da economia do torneio, ‘Além disso, © talvez 0 mais importante, em ambos os ess06 hé vim ‘dos ugonistio, romantico, individualista e com ares de jogo que ontrasta com 0 ethos de comportamento econdmico catidiano. A fungio de paticipagio no hula na constucio de renome e reputacio de individuos nas iThas ca Oceania 6 patente. Mas © mesmo ocorre fos meteados de futucos. Na segunda metade do século XIX, a*mina te igo” (@ Boks de Gries) em Chicago era elaramente o censrio da cago eda quebra de reputagies individuats, ede esforgos arrogan- {es da parte de determinados homens para monopolizar 0 mercado. (DIES, 1925, 1975). Esse ethos agonistico, romintivo e obsessive nao desspareceu das bolsas de mercadoriss, como nos lembrao inc dente dos irmios Hunt em relacao 2 prats (MARCUS, no prelo), ‘embora ¢ quadro moral, institucional e politiee que governa espe ‘ulagio sobre mezcadorias tenhs mudado bastante desde 0 século XIX E clara, hé muita diferengas entre o hula e 0 mercado de ut 1s quanto 2 escala, 20s recursos, a0 contexto © 8s metas. Mas as similtudes so reais. Como sugeri antes, muitas sociedades exiam arenas especializadas para torncios de valor, nos quais emblemas de rmercadorias especifias so comercalizades tal comércio afeta — por meio da economia de stats, poder ou riqueza—fluxos de merca ‘arias mais mundanes, O inteicambio de reliquias, 0 mercado de uturos, 0 kula, 0 potlach ©0 huzashi da Asia Central (AZOY, 1982) io, todos, exemplos de tai “torneios de valor”. Para cada caso, pre ‘simos de um exame, mais completo do que possivel empreender ‘qui, dos modos de aticulagao dessas economias de “torncio" com seus contextos mercantis mals rotineitos. A mitclogia da civeulagio criada em bolsas de mercadorias (assim como, de outras mods, em bolsas de valores) mistura rumores com informagées mais confiaveis: com respeito a reservas de mercudo, regulamentagées governamentais,alleraghes sazonais, variéveis de ‘consumo, erescimentos de mereados internos (inclusive os ramotes sobre as intengdes ou motivagies de outros especuladores)e assim Bor diate. ‘This informagoes compdem um cenério de vaiiveis in- ‘essantomentealteantes (¢ potencjalmente ifintas) que afetar os " precos. Embora tenha havide melhorias cansistentes nos fundamen- {os tSenios para analisar ¢ operar com éxito na Dolsa de mercadorias, ppermaneces busca quase magica pels formula (divinatria er vez de cfetiva) que se revelard uma pre visio 8 prova de falhas das alieragies {de pregos (POWERS, 1972, p. 47). A base estrotural dessa mitologia ds circulagio de mercadorias € 0 fato de ela jogar indefimidamente ‘com a flutuagio de preces; de buscar exaurir uma sézie inexaurivel de varies que afetam os pregos; ede sou interesse por mexcadorias, ser exclusivamenteinformacional ¢ semidtico, completamente di voreiad do consumo. © desej iracional de monopalzaro mercado de alguma mercadoriaespecifica, a busca {contrria 20 senso comum) por formulas magicus que fagam previshes das mudancas de prego, a teria coletva controlada, tudo isso € 0 resultado dessa eompleta cconversio das mercudorias em signes (BAUDRILLARD, 1981), qua so, cles mesmos, capazes de render lucras se forem manipulados apropriadamente.O correspondente primitive desse tipo de constra- ‘ho mitol6gica e generstiva de mereadorias pode ser encontrado nesta imatéria-prima antropol6gica que sio os “cultos da carga” que se ‘multiplicaram, neste séeulo, nas sociedades sem Fstado do Pacifico “Cultns da carga” sfo movimentos suciuis de um carter milenar & {ntenso, centradas no simbolismo de bens curopeus. Surgicam sobre- tudo.no Pacifica desde os prmeieos coma coloniais,emoratenfam. anteedentes e andlogos pré-coloniais em outras sociedades. Foram tema de andises exaustivas de antropélogos, que os cbservaram como endmenos psicokogicos elgiosos, econdiicose politicos. Apesar das divergéncias consideriveis ene as intezpretagies antropolig cas desses movimentos, a maoria dos observadores concorda que © aparecimento de “cuits da carga” nos primérdios das sociedades Coloniais do Pacifico tem algo a vor com a transformagio das rela ‘es de produgio nesse novo context, a falta de recursos entre 08. nativos pata aber os noves hens eurnpeds que descjavam, « chegada de un nov sistema teo\6gico e cosmoligico por meio dos mission®- flos, © 8 consequente ambivaléncia com respeito 3s formas rituals indigenas, © resultado foi uma série de movimentos difundidos por toda a Oceania (¢ mais tarde pela Melanésia) de éxito, duracio © intensidade desiguas, ue simulaneamente imitavam eprotestavara contra as formas rituase sociaiscuropeias que assumiam pasigies. tanco de forte oposigio quanto de imensa revivescéneia no que lange 4 seus proprios mito ertos de prosperidade toca, Nosimbolismo n de muitos desses movimentos, teve um papel importante promessa, feita pelo lider/profeta da chegada de valiosos bens europeus em vides ou navios, que “choveriam” sobre os que realmente acredits- ‘vam no movimento eno profet, £ itil ciscordar da opie de Worsely (1957) ¢ outos de que 0 simbolismo da chegada misteriosa de bens europeus tem muito aver ‘xm a dstorgi das relagies indigenas de trace sab 0 regime colon ai, com 8 percepeto, da parte dos natives, da conteadigéo patente {nie a rigueza dos curopeus (apesar da falta de esforgo)e sua prépria pobreza (apeser do trabalho érduo)- Nig surpreende, tendo em vista fue foram subjugados, de sibito, a um complexo sistema cconomico Internacional do qual viam spenas alguns aspectos misteriosos, que su 2ag30fosse buscar, ocasionalmente, replica que ees onside- "vam ser 0 migieo modo de producto desses bens. ‘Ao abservaro simbolismo eas prticas rtuats desses movimento, é possivel ver que cles nio sio simplesmente um mito acetca Jas gens das mereadorias européies, mas uma tentativa de replicar -lualmente o que pereebiam como modlidades socials da vidaeuro- pia, Esca¢ a significagio do uso de moldes, formas de far, itulos, ste, dos militares europeus. Ainds que freqUentemente ordenados de acordo com os modelos indigenas, a prtica ritual Jos"cultos da car 22” ca muitos casos ndo passava de um esforco enorme de imitar as formss socials européies que Ihes pareciam mais conducenles 3 pro- ‘dagio de bens europeus. Numa espécie de fetchismo invertido, 0 ‘qe cra teprodurido era o que era visto como as formas sociais € lingtisticas europeias mais potentes, em um esforco por aumentir Probabilidade da chebada das mercadorias européias. Porém, Glynn ‘Cochrane (1970) nos lembra que esses cultos, por masque distorcides, io buscavam todas as mercedorias européias, mas apenas aquelas ‘que enum vistas, em particular, como conducentes 3 manutengio de tudos Avangados em Ciéncias Comportumentaise no Departamento de Antropologia da Universidade de Stanford. Nessas ocasies, 08 seguintes colegas fizeram vatiosas eriticas ¢ sugestées: Paul ‘DiMaggio, Donald Dosham, Miche! Epelbaum, Uif Hannerz, Virginia eld, David Holtinger, Mary Ryan, G, William Skinner, Burton Stein, Denis Thompson, Pierre van den Berghe ¢ Aram Yengoyan. Enfim Carol A. Brockearidge, como sempre, me proporcionou clarez, i ‘centivo e um ola eitico agucado. 80 NOTAS | po conc 4 ma eh pla comets de ed crs cae “poe cal ec,geren e & eN ot pe Spee caja Eee int ican eee fetes drags qr prt Op oso reat tr ena oe ‘Sucre tips semen ai tess er cmefesnspeerelne ‘ieee 2 tr aed eh 7p pr masini ein neds mia, es arn a asa bac a cape ect ‘eknoneatente ses har oun moon base pcs et ‘Sssm main comer. Gomes bes sess pat flower seragenn drvatehae "wap > fel pecs ur scan lee ne sig precy oie drumamadcorum Api ¢ arsine ods earn froth “tro oct dt caged ema co nee” ef” tn be cme ve wl ocand compe eae Scr e ‘in tnbanorseos poms histor omLlrttsros enim ps pinoy amon or pe ne Aei'h is sal O ue chara er. ¢ at un eb x tn ao ‘Sunn er MEDICK SABEAN ty C arog pune Ste {Crem cm qos use aia np nad Satce Doro) ae va compar do cd scm Boats) ‘Sinerr Gog aban) Apes aprenden {oes eninge ttn anesthe soe Etnnob grants conga ‘imal (07 9138. a cnn iy alo i ap» des ett tins eenabhe cena iden om Nace "Gay 96 cher um exe ens ibn inne Sie ae “trainin scene pr ashen tog nereonok an Smut stremiondecntmaninptesStenctseae staarraes acs __mw cot amas eoa hc deo Sega Osaineodakrmackigil Maes _ iets psi Pas ‘Oe sms eine Ns "Cute uc de lt gar ER por Maite a cen ben re compa cee doen a « pK ei Dae Bt (1 6) Sees aerar ctr ccc ponerse aad cma 8.) Some (197 wz vom dca ei be ig oa me, ert 2 ‘Ritelinainesefnge omc npubndcoresom Sst talalaenigast _ Sete ol spe nsw ae) 7 ene eel dee ane eras Helen 88) a lee stm é ama woffa wa tn Sor emp 89 spe ed edgar cat Pe Vref i 79) Conus. nahi mg de Atop (95) gu ost ae vara Seno scosmentncociisisemcneein emerged pte "coburrar gs pr ean spelen in ind a consi to memo por evita otal esc ae Inne even qe pose nal earner dc, rine fae Ca ov nde, agi alin cgay ep tgp cota a sot ds “Cites Gre (hime dec. i eae LEC 8D a “sod lin, so en eis Maas Fes Orgs dese [N9 Tk eee aac de io Greer pear Aik do cima Ro “Ghosts 18 cola Or Posada X19 0 Pale ‘Rote 975 ae REFERENCIAS, ADAMS, FG; BEHRMAN, 8. Commodity exports and economic development. Lexingron, Mass: Lexington Books, 1982. ALSOR J. The rare art traditions: a history of art collecting and its linked phenomens Princeton, NJ: Princeton University Press 1981. AZOY,G.W.Buskashi gameand power in Afghanistan, Philadephia University of Pennsylvania Press, 1982. 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