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Diretrizes para elaboração de resumos,

resenhas e artigos Científicos

Robinson Tenório1
Uaçaí de Magalhães Lopes2

RESUMO
O presente artigo apresenta e discute algumas diretrizes para a elaboração de
resumos, resenhas e artigos científicos, especialmente no que se refere à estru-
tura, forma e estilo. Espera-se que tais diretrizes contribuam para a elaboração
de trabalhos acadêmicos e relatórios de pesquisa na forma de artigo científico
por estudantes de graduação e pó-graduação, que estão se iniciando na ativida-
de de produção sistemática de conhecimento, e que necessitam de orientação
para o adequado registro e disseminação de seu trabalho simbólico.

Palavras-chaves: Resumos – resenhas - artigos científicos.

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos o número de artigos científicos publicados por brasileiros


cresceu significativamente: “19% entre 2004 e 2005: passou de 13.313 para
15.777. Contudo, não foi suficiente para tirar o país da 17ª posição mundial. A
explicação é clara: todos cresceram com o Brasil; alguns menos, como Rússia
(5%), outros mais, como a China (29%) e a Índia (21%).”3 . Apesar de o núme-
ro de artigos ser relativamente alto, ele não tem o reflexo esperado na geração
de riquezas. Isso porque produção científica não se converte em produtos e ser-
viços. Enquanto no Brasil a cada trinta artigos existe um registro de patentes,
nos EEUU a cada artigo publicado há dois registros de patentes. A Unicamp (Uni-
versidade de Campinas), em São Paulo, é a instituição com mais pedidos no país,
tendo ultrapassado recentemente a Petrobrás.
O aumento significativo de publicações nos últimos anos deve-se à rigidez
que a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior) aplicou na
avaliação dos cursos de mestrado e doutorado que obrigou os programas a cria-
rem meios para a publicação dos trabalhos realizados pelos alunos: sem cobran-
ça e sem avaliação, a tese ficava na prateleira.
O presente artigo pretende discutir o artigo científico como resultado do
trabalho de pesquisa científica. Uma das dificuldades do estudante brasileiro é a
de redigir relatórios objetivos e consistentes dos trabalhos de pesquisa realiza-
dos. Não queremos com isso dizer que se resolve o problema da produção cientí-
fica apenas a partir dos modelos de artigos. São várias as aplicações de guias e
modelos. Nosso pensamento sem eles estagnaria. Mas, o pensamento cristaliza-
se também se transformamos os guias e modelos em camisas de força. Quando
se trata do trabalho intelectual o cuidado deve ser redobrado. Qualquer tentativa
de enclausurar o pensamento, o entendimento, o estudo, a interpretação, a críti-
ca, irá resvalar no oposto: na falta de criatividade. Se a linha de produção fecha-
da já exauriu suas possibilidades produtivas na “indústria pesada”, na produção
de idéias, no aprendizado e principalmente na pesquisa essa lógica nunca deve-
ria ter sido assumida como possibilidade.
As diretrizes aqui apresentadas devem ser entendidas como um modelo di-
dático e circunstancial. Didático porque uma resposta a solicitações de diversos
alunos em cursos de graduação e pós-graduação no sentido de terem um modelo
referencial. Circunstancial porque acreditamos que muito em breve a nossa pró-
pria prática docente irá suscitar novos modelos. Esse é o motivo pelo qual não
pretendemos substituir quaisquer outros modelos apresentados por outros pro-
fessores, mas, tão somente, acrescentar as presentes diretrizes ao debate atual
acerca do tema.

2. DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DE RESUMOS, SÍNTESES E SINOPSES


Primeiramente devemos diferenciar aqui um resumo de estudo de um re-
sumo acadêmico ou abstract4, que é um resumo feito pelo próprio autor e colo-
cado nas primeiras páginas de um artigo, uma monografia, uma dissertação ou
uma tese. Trataremos do abstract na discussão sobre o artigo científico, nas pró-
ximas páginas. No momento trataremos do resumo como um instrumento de es-
tudo e um auxiliar à leitura e compreensão de textos.
Um resumo aplica-se sempre aos textos. Um resumo é uma apresentação
sempre mais curta do conteúdo de um texto. Não é apropriado falar do resumo
do pensamento de um autor. Deve-se falar ou escrever a síntese do pensamento
de um autor. Devemos pedir um resumo de um texto como um todo e a síntese
do pensamento de um determinado autor contida em um determinado texto ou
obra, assim é mais apropriado.
Deve-se diferenciar a síntese de um resumo porque a síntese busca a
apresentação do pensamento de um autor de forma lógica buscando partir dos

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elementos mais simples do mesmo, criando as condições para a compreensão do
essencial daquele pensamento. Ex.: podemos dizer sinteticamente que, o pensa-
mento de Marx parte da mercadoria enquanto elemento mais representativo da
sociedade capitalista e, por isso mesmo, rica em determinações. A partir dos ele-
mentos constitutivos e contraditórios que compõem o fenômeno “mercadoria”, a
saber, capital e trabalho, o referido autor demonstra a contradição fundamental
que explica a essência mesma das modernas sociedades capitalistas industriais.
Com isso busca apanhar a realidade em suas múltiplas determinações. Essa é
uma síntese das idéias econômicas de Marx contidas em “O Capital”, tomo I, vo-
lume I.
Uma síntese não é fácil de ser compreendida por não iniciados naquele
pensamento, exatamente porque expõe em poucos conceitos o essencial de uma
doutrina. O objetivo da síntese é trazer presente ao debate, rapidamente, o pen-
samento daquele autor. É uma composição rápida dos elementos constitutivos de
uma doutrina. Academicamente não é apropriado solicitar uma síntese de um
texto. Deve-se solicitar o resumo de um texto. É mais apropriado solicitar a sín-
tese de uma doutrina ou do pensamento de determinado autor. Por outro lado,
uma sinopse (do latim Synopsis: igual forma em grego sym, junto; opsis, vista:
vista de conjunto) diferentemente da síntese, visa apresentar em conjunto uma
obra ou uma doutrina. A síntese é a obra vista de baixo para cima, dos conceitos
mais simples para os mais complexos. A sinopse é a obra vista de cima para bai-
xo, é uma apresentação mais panorâmica do pensamento de determinado autor,
ou uma visão de conjunto, de determinada doutrina. Senão vejamos: Freud a
partir da análise do desenvolvimento da sexualidade infantil, notadamente de fi-
lhos e filhas com os pais, sistematiza uma série de observações empíricas, às
quais denominou “Complexo de Édipo”, e, a partir da sexualidade como centro
gerador, estabelece que esse complexo está na base de diversas neuroses que
se manifestam na vida adulta, impedindo que os indivíduos se relacionem de for-
ma plena e satisfatória nas diversas relações que experimentam durante a vida.
A esse conjunto denominou psicanálise. Isso é uma síntese. Vejamos agora:
Freud, fundador da psicanálise, realiza em sua obra uma análise das bases da
sexualidade humana, além de criar as condições para a compreensão do incons-
ciente através da análise dos sonhos. No conjunto de sua obra estabelece as ba-
ses para o entendimento da angústia do homem moderno diante de sua própria

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existência. Isso é uma sinopse. Tanto a síntese quanto a sinopse são formas au-
xiliares no momento de elaboração de resumos e de resenhas.
Um resumo pode trazer em sua abordagem tanto uma síntese como uma
sinopse das idéias do autor, isso dependerá do objetivo a que se destina o resu-
mo. Em geral os resumos acadêmicos (Abstract), devem conter uma síntese das
idéias do autor. Uma síntese, neste caso, presta-se melhor que a sinopse para
compor o abstract.
O resumo é um grande instrumento de estudo, na medida em que, é o
meio ideal para registrar nossas leituras durante um curso de graduação ou pós-
graduação. Neste caso, devem-se estruturar os resumos seguindo-se o seguinte
esquema:
a) Citação bibliográfica do texto lido de acordo com a ABNT (NBR 6023), com
inclusão do número de páginas do texto que está sendo resumido.
b) Caso seja longo, e estruturado em capítulos o texto a ser resumido, des-
crever a organização dos capítulos e os temas abordados pelos mesmos.
Em se tratando de um texto curto descrever apenas o tema abordado pelo
autor.
c) Descrição clara do problema abordado pelo autor no texto.
d) Descrição das conclusões apresentadas pelo autor (idéias centrais) e os
argumentos por ele utilizados.
Um resumo não deve conter um julgamento crítico das idéias do autor
(mesmo sendo um abstract elaborado pelo próprio autor do texto). O resumo
deve ao máximo ser fiel na descrição das idéias e na argumentação do autor. O
objetivo é de registro e não de julgamento. Um resumo deve, necessariamente,
ser bem mais curto que o texto original, seu objetivo é servir de memória do tex-
to lido. A sugestão é que um resumo de estudo também tenha um tamanho de
400 palavras ou 3800 caracteres com espaço (considerando-se um texto escrito
em times new roman 12, com espaçamento de 1,5).
Quando utilizado com o objetivo de ajudar na qualidade da leitura de um
texto, visa outro propósito, pelo maior cuidado com as palavras e com a idéia
geral provocado pela escritura. Neste caso é possível solicitar-se em um curso /
disciplina que o estudante faça um resumo com algum detalhamento, fixando-se
também, em algo que vai além dos argumentos que busca o encadeamento das
idéias e figuras de apoio, busca as premissas, a compreensão das metáforas
através do conjunto. Assim sendo, o tamanho do resumo pode variar e ser maior

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que o padrão sugerido, pois, se pretendem maiores detalhes. É preciso se apro-
ximar, dar um zoom nos detalhes buscando captar a expressão do significado do
texto como um todo.

3. DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DE RESENHAS


A resenha é um resumo com um comentário crítico. A resenha ideal, tam-
bém como um resumo, é sempre curta. A resenha terá sempre que ser escrita
por outra pessoa, que emitirá um julgamento crítico acerca das idéias e conclu-
sões contidas no texto. Um bom julgamento dependerá sempre da capacidade de
ser fiel às idéias e aos argumentos apresentados pelo autor do texto original;
deste modo, a primeira parte de uma resenha seguirá sempre o mesmo modelo
estabelecido para o resumo. Para uma boa resenha estabelecemos os seguintes
passos:
a) Citação bibliográfica do texto lido de acordo com a ABNT (NBR 6023), com
inclusão do número de páginas do texto que está sendo resenhado.
b) Caso seja longo e estruturado em capítulos, o texto a ser resumido, des-
crever a organização dos capítulos e os temas abordados pelos mesmos.
Em se tratando de um texto curto descrever apenas o tema abordado pelo
autor.
c) Descrição clara do problema abordado pelo autor no texto.
d) Descrição das conclusões apresentadas pelo autor (idéias centrais) e os
argumentos por ele utilizados.
e) Julgamento crítico das idéias e da argumentação do autor.
Podemos observar que uma resenha segue o mesmo caminho do resumo
apenas acrescentando-se um julgamento crítico no final.
Entretanto, uma resenha pode prescindir do resumo se o texto já é conhe-
cido pelo público alvo, podendo o autor da resenha apenas expressar a sua opi-
nião crítica sobre o pensamento do autor contido no texto. Do ponto de vista di-
dático, o professor pode e deve especificar qual a forma e o conteúdo que pre-
tende quando solicita uma resenha aos seus alunos. Caso não o faça cabe aos
alunos solicitar esclarecimento sobre o objetivo do pedido e pactuar claramente o
resultado esperado. Se o objetivo é um seminário, uma discussão em sala, um
debate, a resenha pode prescindir do resumo atendo-se apenas no comentário
crítico. Do mesmo modo, resenhas destinadas a revistas temáticas onde o públi-

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co geralmente conhece o texto original como dever de ofício, as resenhas veicu-
lam somente o julgamento crítico do texto.
Quanto à questão do tamanho da resenha, não podemos ser tão objetivos
quanto a do resumo. Uma resenha pode conter apenas uma lauda e estar rese-
nhando um texto de 500 páginas. O tamanho da resenha deve ser determinado
sempre pelo espaço disponível para a sua divulgação. Em se tratando de uma re-
senha acadêmica com o objetivo de cumprimento de exigência de uma disciplina
é sempre de bom tom que o professor da mesma determine claramente com os
seus alunos o tamanho esperado. O mais importante é que o autor da resenha
consiga expressar com clareza e segurança a avaliação crítica que ele faz do
pensamento do autor expresso no texto. Caso ele utilize outras idéias do mesmo
autor, mas, que não estão presentes naquela obra, deixar isso bem claro para
evitar incompreensões por parte de quem ler a resenha.

4. DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO5


Um artigo científico (NBR 6021 e NBR 6022 da ABNT) é um tipo de relató-
rio de pesquisa elaborado com o objetivo de tornar público o resultado de uma
pesquisa num periódico especializado. Um artigo deve ser estruturado com os
elementos textuais, a saber, introdução (descrevendo a temática a ser tratada e
o problema central da pesquisa realizada, além de como foram desenvolvidas a
metodologia e as técnicas de pesquisa) desenvolvimento (descrevendo as princi-
pais idéias e os argumentos) e conclusão (contendo uma síntese tema-problema-
resultados e o possível efeito multiplicador das formulações alcançadas pela pes-
quisa).
Como o objetivo do artigo é a divulgação em revista científica, em geral
com limitação de espaço, o tamanho do artigo deve sempre ser menor que um
relatório monográfico (monografia), situando-se entre 57.000 a 95.000 caracte-
res. Em um texto escrito em times new roman 12, com espaçamento de 1,5; isso
será equivalente, em média, em papel A4, a um total de 15 a 25 páginas.
Um artigo científico tem sua estrutura composta dos seguintes elementos:
elementos pré-textuais e elementos textuais e elementos pós-textuais.

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4.1. Elementos Pré-Textuais
São os elementos que antecedem o texto propriamente dito. São impor-
tantes porque compõem informações que tangenciam o texto e que se fossem
colocadas diretamente no texto iriam interferir na compreensão da temática des-
viando o leitor das informações essenciais. São eles:
Cabeçalho:
1.1.Título do Artigo
1.2.Nome do(s) autore(s), com alinhamento à direita
1.3.Currículo dos autores em nota de pé de página
Agradecimentos (opcional)
Resumo
4.1.1. Acerca dos Títulos dos Artigos Científicos
Um título de um artigo científico deve ser preferencialmente temático, ou
seja, buscar exprimir o conteúdo do artigo, seja em termos do tema em se trata-
do pelo artigo, em termos de exprimir o problema de pesquisa que gerou o arti-
go, seja o próprio ponto de vista do autor acerca dos resultados da pesquisa ou
de sua investigação temática. Entretanto, mesmo se tratando de um artigo cien-
tífico, há espaço para o exercício da criatividade e da inventividade no momento
de construir o título. As metáforas, os silogismos, as comparações são processos
que podem chamar a atenção do leitor para aspectos do texto que na linguagem
direta você poderia parecer maçante ou repetitivo. Pode-se perder um pouco na
linearidade, mas, ganhar-se na graça e na arte. Pode-se perder na objetividade,
mas, atrair o leitor através da imagem metafórica. Portanto, a regra geral diz
que o título de um artigo científico deve ser temático, mas, a criatividade, desde
que não se distanciando demasiadamente do tipo de texto em questão, será
sempre um meio de cativar os olhos do leitor.
4.1.2. Acerca dos Agradecimentos
Os agradecimentos são pessoais e não caberia aqui nenhuma observação.
Afinal a quem cabe decidir a quem agradecer e a quem cabe decidir o que real-
mente foi decisivo na consecução daqueles objetivos? Somente ao autor. Entre-
tanto, apenas algumas observações. Alguns autores, principalmente os concluin-
tes de cursos de especialização, de mestrado e de doutorado, transformam a
secção de agradecimentos em um verdadeiro rol de agradecimentos, agradecem
a Deus, aos pais, aos tios, aos irmãos, ao querido marido, aos filhos, aos amigos,
e até, já vimos isso concretamente, aos inimigos. Entendemos que é um momen-

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to emocionante, devemos a muitos, mas, se agradecemos a todos, banalizamos
tanto os agradecimentos, que não estamos agradecendo a ninguém. Portanto,
apenas sugerimos que cada um seja capaz de organizar um pequeno critério a
fim de estabelecer a separação dos agradecimentos pela vida em geral, dos
agradecimentos àqueles que concretamente contribuíram para a realização inte-
lectual daquela obra.
4.1.3. Acerca da Autoria dos Artigos Científicos
Um artigo científico, claro, deve ser sempre assinado pelo seu autor. En-
tretanto, há uma tendência crescente tanto de revistas de divulgação científica,
quanto de instituições de indexação de revistas, que os artigos sejam assinados
coletivamente pelas pessoas que participaram da pesquisa que sustenta a pro-
dução do artigo. Trata-se de um reconhecimento de que a produção do conheci-
mento é sempre um processo coletivo. As universidades, apesar de continuarem
a exigir assinatura individual nas dissertações de mestrado e nas teses de douto-
rado, reconhecem a supremacia da produção coletiva em comparação à produção
individual, na medida em que, a maioria das pesquisas em andamento é assumi-
da por grupos de pesquisa. Também os institutos de apoio à pesquisa, cada vez
mais, dão preferência em subsidiar grupos de pesquisa e não pesquisas individu-
ais. Ora se reconhecemos que a pesquisa é uma atividade de grupo, a divulgação
da pesquisa deve ser assumida preferencialmente pelo grupo que a realizou. Cla-
ro que no caso em que um artigo seja efetivamente produzido por uma iniciativa
individual o autor deve assinar individualmente.
4.1.4. Acerca do Resumo Acadêmico e do Abstract
O resumo é um importante instrumento da escrita acadêmica, pois, atra-
vés dos resumos podemos decidir a oportunidade de ler ou não um texto inte-
gral. Os programas de especialização strito senso exigem a inclusão de um resu-
mo e alguns a sua tradução para o inglês, o abstract, nas primeiras páginas do
texto integral de uma dissertação ou tese (ver norma NBR 6028 da ABNT). Neste
caso o resumo é feito pelo próprio autor e deve conter em torno de 400 palavras
ou 3800 caracteres com espaço (considerando-se um texto escrito em times new
roman 12, com espaçamento de 1,5), com os quais se contextualiza o problema
de pesquisa, a metodologia utilizada, os principais resultados e a conclusão do
estudo, bem como, três ou quatro palavras-chave para indexação científica de
busca setorial.

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Em se tratando de resumo a ser apresentado nas primeiras páginas de um
artigo, monografia, dissertação ou tese, deve-se seguir as seguintes diretrizes
para uma boa apresentação: o resumo deve preceder o texto, e estar escrito na
mesma língua deste; deve incluir obrigatoriamente um resumo em português, no
caso de artigos em língua estrangeira publicados em periódicos brasileiros; o re-
sumo deve ser redigido em um único parágrafo, com espaçamento entre linha
simples e sem recuo de parágrafo; o resumo deve conter em seu primeiro pará-
grafo, o assunto tratado, situando-o no tempo e no espaço; o resumo deve con-
ter os objetivos, os métodos, os resultados e as conclusões do trabalho e ser es-
crito, como já falamos expressamos acima com no máximo 400 palavras.
4.2. Elementos Textuais
Constituem o texto propriamente dito: introdução, desenvolvimento, e
conclusão. Nos tópicos seguintes discutiremos cada um deles.
4.2.1. A Introdução
A introdução é como a sala de visitas de uma casa. Tomar muito cuidado
com as primeiras palavras escritas. Ali o leitor decidirá se continuará ou não a
leitura. Deve conter claramente já nas primeiras linhas o tema do artigo, sua
contextualização teórico-histórico-geográfica. Se for o caso, explicitar o problema
prático que gerou a pesquisa, a sua construção enquanto problema de pesquisa,
ou seja, o problema circunstanciado em sua empiria (constituição empírica) e em
sua teoria: o objeto de pesquisa. Descrever as principais questões de pesquisa e
o seu desenvolvimento em idéias centrais e secundárias. Descrever a organiza-
ção estrutural do texto em partes, capítulos e sub-capítulos, permitindo que o
leitor, vislumbre o que encontrará se decidir pela continuidade da leitura. Deve-
se buscar convencer o leitor pela opção de continuar a leitura sem, entretanto,
prometer o que não se poderá cumprir.
Do ponto de vista da estrutura lógica do texto, a introdução é o primeiro
elemento textual, porém, do ponto de vista cronológico deve ser o último a ser
escrito, exatamente para ser possível retratar com propriedade tanto a estrutura
do texto quanto a síntese das idéias defendidas pelo autor. Lembre-se que você
já apresentou um resumo nas páginas iniciais, nesse momento você deverá
apresentar uma síntese.
Finalmente apresentam-se também breves palavras de como o artigo é
concluído. Não há nenhum problema, lembre-se que você estará escrevendo um
artigo científico e não uma novela policial. Aqui você poderá dizer já na introdu-

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ção que quem matou foi o mordomo, o essencial será você apresentar as provas
no desenvolvimento e a articulação final, o encadeamento entre as evidências
que provam que foi o mordomo como um ápice em sua conclusão.
4.2.2. O Desenvolvimento
Aviso aos navegantes: nunca, mas, nunca escrevam depois da introdução
do seu artigo: Desenvolvimento. O desenvolvimento é o corpo de texto do seu
artigo. Ele é composto pelas partes, capítulos e parágrafos do seu texto. Mas o
título das partes e dos capítulos é que comporão o desenvolvimento do artigo
(Ver Exemplo de Organização dos Elementos Textuais de Um Artigo Científico).
O desenvolvimento é o lugar de tratar da explicitação do problema que ge-
rou a pesquisa, do aprofundamento das questões de pesquisa que permitiram o
surgimento idéias e as argumentações. Os capítulos podem e devem ser organi-
zados dos elementos mais simples para os mais complexos permitindo ao leitor o
acompanhamento do eixo de argumentação que levará à afirmação contida na
idéia ou nas idéias centrais.
A depender da complexidade do tema o autor poderá decidir pela subdivi-
são em partes ou em capítulos. Em se tratando de um artigo baseado em uma
pesquisa é importante descrever a metodologia e as técnicas utilizadas no plane-
jamento e execução da pesquisa.
É no desenvolvimento, em sua estruturação em capítulos que o autor do
artigo desenvolverá o debate das idéias e apresentará os resultados da pesquisa
organizando sistematicamente a discussão para o desfecho de sua conclusão.
4.2.3. A Conclusão do Artigo
A conclusão de um artigo científico é o momento de retomada dos elemen-
tos anunciados na introdução e desenvolvidos nos capítulos, e deve ser clara e
concisa. O autor deve retomar os elementos essenciais abordados, as idéias prin-
cipais, a articulação dos argumentos e apresentar de forma direta a opinião do
autor.
Além de destacar os resultados obtidos pode, ao mesmo tempo, conter
elementos de autocrítica onde o autor aponta lacunas não preenchidas nos pro-
cedimentos de pesquisa, possibilidades de novas pesquisas ou estudos, enfim,
múltiplas possibilidades de dar seguimento ao trabalho realizado.
4.3. Elementos Pós-Textuais
Alguns artigos podem incluir também elementos pós-textuais, como biblio-
grafias, apêndices, anexos, tabelas, gráficos. Em se tratando de artigos curtos,

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exceto a bibliografia pensamos que o mais prático, principalmente para facilitar a
leitura, é incluir esses elementos no próprio corpo do texto.
4.3.1. Referências
É muito importante incluir a lista de textos (livros, artigos impressos, arti-
gos eletrônicos, etc) efetivamente citados no final do artigo. Esta lista de textos
usados na elaboração do artigo, deve conter somente os textos que foram lidos e
que serviram de base para a elaboração do artigo, tendo sido citados no corpo
do artigo (na forma de citação literal, ou na forma de paráfrase). O nome reco-
mendado para esse tópico é referências; no caso de conter apenas referências de
livros (mas não de artigos eletrônicos, por exemplo), pode ser denominado refe-
rências bibliográficas.

5. CONCLUSÃO
Como anunciamos na introdução, as diretrizes apresentadas são mais uma
contribuição para o avanço do estudo e da pesquisa em nossas instituições de
ensino e pesquisa. Entendemos que o momento da produção de conhecimento
deve ser um processo contínuo do “que fazer” da educação em geral. Estudar,
pesquisar, escrever, publicar como passos de um mesmo processo que se assim
assumido o resultado final será sempre o melhor: a produção e transmissão de
conhecimento.
Para finalizar, um alerta de que a busca de clareza e de simplicidade, de-
vem sempre nortear o processo de produção desde um simples resumo, de uma
resenha e principalmente de um artigo científico. Aquilo que não puder ser ex-
presso de forma clara e simples é porque não foi compreendido com profundida-
de pelo estudante ou pelo pesquisador e, portanto, não se deixará transmitir com
clareza. A elaboração de um artigo é o momento em que o pesquisador assume
o papel de autor de suas idéias. A simplicidade e a clareza na exposição das idéi-
as é função direta da profundidade na compreensão dos conceitos estudados ou
dos fenômenos pesquisados.
O objetivo da pesquisa científica é a publicação. Os cientistas, estudantes,
pesquisadores em geral, são avaliados atualmente não por suas habilidades,
mas, por suas publicações. O que quer a sociedade da informação é que toda ati-
vidade humana converta-se em conhecimento e a pesquisa é a atividade por ex-
celência de produção de conhecimento. É através do artigo científico e de sua

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publicação que o conhecimento enquanto resultado da atividade humana ganha
valor, torna-se bem de consumo, converte-se em riqueza social.

Referências
APOLINÁRIO, Fábio. Dicionário de Metodologia Científica: um guia para a
produção do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2004.

DEMO, Pedro. Ciência. ideologia e poder: uma sátira às Ciências Sociais.


São Paulo: Atlas, 1998.

SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. São Paulo:


Cortez, 2003.

UFPR / IPARDES. Normas para apresentação de documentos científicos:


periódicos e artigos de periódicos. Vol. 4. Curitiba: Editora da UFPR, 2002.

__________________________________
1
Robinson Tenório é Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, Professor
Visitante da Universidade de Brasília, Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo e Pós-Doutor em
Epistemologia pela Universidade Paris 7.

2
Uaçaí de Magalhães Lopes é Professor Adjunto do Departamento de Ciências Humanas e Filosofia da Universi-
dade Estadual de Feira de Santana, Mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia e Doutorando em
Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia.

3
Fonte: Folha de São Paulo 18/07/2006.

4
Abstract: Resumo, em inglês, normalmente presente nas monografias, artigos científicos, dissertações de mes-
trado e teses de doutorado. O abstract é apresentado em seguida ao resumo e traduzido para o inglês.

5
Segundo Fabio Apolinário um artigo ou paper, ou ainda article, trata-se de um “texto que possui certas carac-
terísticas específicas (presença de elementos textuais, tais como introdução, método, resultados, conclusão, re-
ferências, etc.) e cujo objetivo é o de ser publicado num periódico científico. Para que uma pesquisa científica
venha a ser publicada ela deve assumir a forma de um artigo científico” (APOLINÁRIO, 2004, p. 33).

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