Professional Documents
Culture Documents
06
http://enem.fdr.com.br radas da Fundação Demócrito Rocha
.
e Ensino a Distância são marcas regist
Universidade Aberta do Nordeste autorizada é Crime.
deste fascículo. Cópia não
É proibida a duplicação ou reprodução
culo
fascí
Matemática e suas
Tecnologias
r Targino
Carlos Davyson Xavie
Ro be rto
Alexandre Moura
Sílvio Mota
Linguagens, Códigos
e suas Tecnologias
Ana Barros Jucá
Cláudio Neves
T
rês tecnologias revolucionarão o século com dureza equivalente à do diamante, substância
21: a informática, a biotecnologia e a na- mais resistente encontrada na natureza, porém ba-
notecnologia. ratos – produzidos em escala industrial. Tal mate-
As duas primeiras já correm a todo vapor. A rial será 50 vezes mais resistente que o aço e 50 ve-
terceira, por outro lado, nem engatinha. “Com a zes mais leve que o alumínio usado na fuselagem
nanotecnologia, será possível melhorar todos os de jatos, ônibus espaciais e mísseis.
produtos, de instrumentos cirúrgicos a compu- Merkle faz questão de salientar que as micro-
tadores”, afirma o americano Ralph Merkle, um máquinas já existentes não têm nada a ver com
dos desbravadores dessa fronteira da ciência que nanotecnologia. Um exemplo é a minúscula en-
quer levar a miniaturização ao extremo, usando grenagem construída pelo Laboratório Nacional
como matéria-prima átomos e moléculas. Sandia, no estado americano do Novo México. O
O nome nanotecnologia deriva do termo gre- mecanismo, mostrado ao lado da cabeça de um
go nano, que quer dizer anão. Um nanômetro é ácaro, é 100 vezes mais delgado que uma folha
a unidade usada para medir o comprimento das de papel. “Para a nanotecnologia, este ácaro é do
moléculas. É um bilhão de vezes menor que um tamanho de um elefante. A microtecnologia é o
metro. Para se ter uma ideia do que isto significa, presente. A nanotecnologia é o futuro.” (Disponí-
a espessura de um fio de cabelo, por exemplo, vel em: http://www.terra.com.br/istoe/expedien/esped41.htm . Texto
adaptado. Acesso em 03/05/2010).
mede dez mil nanômetros. A complexidade de
Peter Moon
fabricar máquinas em uma escala tão diminuta é
o principal desafio dos nanocientistas.
Para Merkle, a nanotecnologia, quando existir, des H-10
Desenvolvendo Habilida
terá aplicações fabulosas. Na medicina, produzirá
grandezas
robôs capazes de navegar pelos capilares do corpo Identificar relações entre
humano e operar uma única célula. Na informáti- e unidades de medida.
ca, surgirão computadores mais rápidos, menores,
mais baratos e mais poderosos. “Os métodos usa- Texto de referência
dos para imprimir alguns milhões de transistores Volume - todos os corpos ocupam um lugar
miniaturizados na pastilha de silício de um chip, no espaço. Um espaço limitado que não pode ser
o cérebro dos computadores, atingirão seu limite ocupado por outro corpo. O volume não é mais
em breve. Para continuar expandindo o número de que o espaço ocupado por um corpo. Univer-
transistores e, portanto, a sua capacidade de proces- salmente, toma-se como unidade de medida de
samento, novas tecnologias terão de ser criadas. É volumes um cubo de aresta 1 metro. Chama-se
aí que entra a nanotecnologia.”, prevê o americano. metro cúbico. Os múltiplos e divisores do m3 se
Outra aplicação da nova técnica será na explo- constróem a partir de cubos cujas arestas são as
ração do sistema solar. Naves espaciais precisam
unidades de comprimento.
Expediente
Presidente: Luciana Dummar Coordenação de Design Gráfico: Deglaucy Jorge Teixeira
Coordenação da Universidade Aberta do Nordeste: Sérgio Falcão Projeto Gráfico e Capas: Mikael Baima, Suzana Paz, Welton Travassos
Coordenação do Curso: Sílvio Mota Editoração Eletrônica: Mikael Baima, Welton Travassos
Coordenação Editorial: Eloísa Vidal, Ricardo Moura Ilustrações: Suzana Paz
Coordenação Acadêmico-Administrativa: Ana Paula Costa Salmin Revisão: Wilson Pereira da Silva
Capacidade - o volume dos líquidos (leite, portanto como cada 1ml corresponde a 1cc, então
azeite, água, vinho, etc) e de certos materiais 10ml corresponderão a 10cc.
secos (cereais, etc), se medem utilizando reci- Com relação a quem deve corrigir a unidade, o labo-
ratório cometeu um equívoco ao usar o “cc” como
pientes de medidas fixas que os contenham. O
medida de capacidade. Portanto, a unidade do frasco
volume interior desses recipientes denomina-se deve ser de capacidade (ml), tendo o laboratório fabri-
capacidade, e sua unidade no Sistema Interna- cante a obrigação de corrigi-lo.
cional de Unidades (SI) é o litro, definido como a Resposta: C
capacidade de 1dm3.
des H-11
O litro é a unidade de capacidade, mas, como Desenvolvendo Habilida
ocorre com o resto das unidades, existem múl-
s na leitura
tiplos e divisores para facilitar a medida de ca- Utilizar a noção de escala
o do
pacidades grandes e pequenas. As unidades de de representação de situaçã
capacidade constituem um código decimal aná- cotidiano.
logo ao dos números decimais ou ao das unida-
Texto de referência
des de comprimento.
Escala de Richter(ML): é uma escala logarít-
Questão 1 mica que quantifica a magnitude sísmica de um
Cristiana levou sua filha a uma pediatra e, ao sair da terremoto. A fórmula utilizada é:
clínica, se dirigiu à farmácia para adquirir o medica-
mento indicado no receituário médico. Chegando à ML = logA – logA0, onde:
casa, foi medicar a filha. Entretanto, ficou surpresa e A = amplitude máxima medida no sismógrafo
apreensiva ao constatar que, no receituário, o médico A0 = uma amplitude de referência.
prescreveu, para a criança, 10ml do medicamento, en-
quanto o frasco era acompanhado por um medidor gra-
duado em “cc”. Sem saber de qualquer tipo de relação
A magnitude é única para cada sismo, en-
entre os ml indicados no receituário e os cc marcados quanto a intensidade das ondas sísmicas dimi-
no medidor, Cristiana procurou ler a bula e descobriu nui conforme a distância das rochas atravessadas
que o cc do medidor significa centímetros cúbicos. Mas pelas ondas e as linhas de falha. Assim, embora
qual seria a relação entre tais unidades de medida? cada terremoto tenha uma única magnitude,
Com base nas definições, de volume e de capacidade, seus efeitos podem variar segundo a distância,
e na situação descrita, é correto afirmar que Cristiana as condições dos terrenos e das edificações, entre
deve oferecer à filha: outros fatores.
a) 10cc do remédio, já que 1cc = 1ml, e o médico deve cor- Escala de Mercalli: é uma escala qualitativa
rigir seus receituários utilizando as unidades corretas. usada para determinar a intensidade de um sismo
b) 1cc do remédio, já que 1cc = 10ml,e o médico deve cor- a partir dos seus efeitos sobre as pessoas e sobre
rigir seus receituários utilizando as unidades corretas. as estruturas construídas e naturais. Os efeitos de
c) 10cc do remédio, já que 1cc = 1ml, e o laboratório
um sismo são classificados em graus, denotados
fabricante do medicamento deve mudar a gradu-
pelos numerais romanos de I a XII, por meio de
ação do medidor para ml, que mede capacidade e
uma tabela que associa cada número romano aos
não volume.
danos causados, sendo o grau I correspondente a
d) 1cc do remédio, já que 1cc = 10ml, e o laboratório
fabricante do medicamento deve mudar a gradu-
um tremor não sentido pelas pessoas, e o grau XII
ação do medidor para ml, que mede capacidade e à alteração calamitosa do relevo da região afetada.
não volume. A avaliação não é matemática, estando sujeita à
e) 10cc do remédio, já que 1cc = 1ml, e médico e labo- elevada subjetividade, uma vez que se baseia na
ratório devem definir uma linguagem única para observação humana. Para contrariar essa subjeti-
receituários e medidores graduados. vidade, os observadores são treinados, e a escala
Solução Comentada: Na relação entre unidades de ca- inclui um conjunto de parâmetros objetivos que
pacidade e volume, sabemos que 1l equivale a 1dm3. devem ser verificados.
Se dividirmos estas unidades por 1.000, obteremos:
a milésima parte de um litro (um mililitro) correspon-
de à milésima parte de 1dm3 (um centímetro cúbico),
100
Solução Comentada: Se para imprimir uma foto de 10 c) R$ 0,30 por quilo consumido.
cm x 15cm, com qualidade, é necessário uma imagem d) R$ 75,00 por dia.
com tamanho igual a 1800 x 1200 pixels, então, para e) R$ 0,20 por cliente.
imprimir uma foto de 20cm x 30cm, cujas dimensões
são o dobro da outra, é necessário uma imagem com Solução comentada: Primeiro: se cada prato excede
dimensões na mesma proporção. Portanto, o tamanho em 20g o peso padrão, então o restaurante está co-
da imagem é 3600 x 2400 pixels, formando uma ima- brando indevidamente 15g, afinal, a norma do Inme-
gem com 8.640.000 pixels, ou ainda, 8,64 megapixels. tro permite um erro de até 5g.
Resposta: E Segundo: a cobrança indevida de 15g acontece a cada
prato pesado, não importando quantos gramas, real-
des H-13
Desenvolvendo Habilida mente, a pessoa esta consumindo.
Este fato é importante para excluir a ideia de que o
a medição
Avaliar o resultado de um restaurante ganha 15g a cada quilo vendido.
ento
na construção de um argum Compreendido os dois pontos anteriores, observa-se
consistente. que, para cada cliente foram cobrados indevidamente
15g. Como cada kg da refeição custa R$20,00, então:
Texto 100g custam R$2,00,10g custam R$0,20, 5g custam
R$0,10 e 15g custam R$0,30. Logo, cada um dos 500
Teste Extra: restaurantes a quilo fregueses que almoçam diariamente neste restaurante
Mario Campagnani paga, indevidamente, R$0,30, totalizando uma receita
Ao pesar um prato em um restaurante a quilo, diária de R$150,00.
os consumidores não pensam em como uma pe- Resposta: B
quena diferença na balança pode pesar muito no
des H-14
bolso. Mas o Inmetro, sabendo que uma diferença Desenvolvendo Habilida
de peso na balança ou no prato pode causar uma
enção na
perda para os consumidores, estabeleceu uma sé- Avaliar proposta de interv
cimentos
rie de normas para esses estabelecimentos: realidade utilizando conhe
a grande-
- Respeitar as margens de variação de peso. geométricos relacionados
Um prato só pode ter uma variação de peso zas e medidas.
de, no máximo, 5g. Já foi feito um estudo que
provou ser muito difícil que todos os pratos te- Texto de referência
nham o mesmo peso, por isso existe essa mar- Ipem/SP fiscaliza produtos de higiene pessoal
gem de tolerância. Na segunda-feira, 23 de julho, o Instituto de
- Fixar cartaz, informando aos clientes o peso Pesos e Medidas (Ipem-SP) deflagrou a Opera-
do prato. ção Bom-dia, verificando 54 lotes de produtos de
Além de estar fixado próximo da balança, o in- higiene pessoal, tais como papel higiênico, cre-
formativo do peso deve ter uma letra de pelo me- me dental, sabonetes em barra ou líquido, hastes
nos cinco centímetros, possibilitando a leitura do flexíveis, entre outros itens de higiene pessoal
peso por todos os clientes do restaurante.(Disponível (xampu, condicionador, desodorante, creme cor-
em http://extra.globo.com/economia/materias/2007/09/11/297683133.
asp. Texto adaptado. Acesso em 03/05/2010). poral e para mãos, etc.).
No total, 16 lotes apresentaram erros quanti-
Questão 4 tativos (29,63%). Papel higiênico, item campeão
Variação pequena faz grande diferença
de irregularidade nos exames do Ipem-SP em
Um restaurante cobra R$ 20,00 por quilo (e seus pra-
tos excedem em 20g o peso do prato padrão) e atende produtos de grande consumo popular nos últi-
a 500 clientes diariamente, que consomem, em média, mos cinco anos, voltou a apresentar altos índices
500g cada. de erros na metragem.
Com base nas normas do Inmetro, sobre a situação No laboratório de pré-medidos de Ribeirão
descrita acima, é correto afirmar que o restaurante ga- Preto, foi encontrada a maior irregularidade
nha indevidamente: desta operação. As 20 amostras do papel higiê-
a) R$ 0,40 de cada cliente. nico gofrado “Cupido”, de 30m x 10cm, acondi-
b) R$ 150,00 por dia.
102
a) 2,9cm × 3,4cm. Q6. Área-3 / Habilidade 12
b) 3,9cm × 4,4cm. Dona Isabel comprou 5 pacotes de café com 250g cada
c) 20cm × 25cm. pacote com uma cédula de R$ 20,00 e recebeu de troco
d) 21cm × 26cm. R$ 8,00. Diante desses valores, podemos afirmar que
e) 192cm × 242cm. um quilo de café custa:
__________________________________________ a) R$ 8,80. b) R$ 9,20. c) R$ 9,60.
d) R$ 10,00. e) R$ 10,20.
Q4. Área-3 / Habilidade 11
__________________________________________
Em um trabalho de História no seu colégio, Flaudi-
nho tinha de fazer uma linha do tempo com a indi- Q7. Área-3 / Habilidade 13 (Enem 2009)
cação dos principais acontecimentos de sua vida. Ele A cisterna é um recipiente utilizado para arma-
fez um traço de 16cm em sua cartografia e anotou, nas zenar água da chuva. Os principais critérios a serem
extremidades, o ano de seu nascimento (2000) e o ano observados para captação e armazenagem de água
atual (2010), em que completou 10 anos. da chuva são: a demanda diária de água na proprieda-
Eis os acontecimentos que Flaudinho resolveu pôr na de; o índice médio de precipitação (chuva), por re-
linha do tempo: gião, em cada período do ano; o tempo necessário
2 anos: Entrei na escola. para armazenagem; e a área de telhado necessária
5 anos: Ganhei minha bicicleta. ou disponível para captação. Para fazer o cálculo
8 anos: Fui suspenso. do volume de uma cisterna, deve-se acrescentar
9 anos: Dormi pela primeira vez longe dos meus pais. um adicional relativo ao coeficiente de evaporação.
10 anos: Comecei a fazer parte da seleção de futsal do Na dificuldade em se estabelecer um coeficiente
colégio. confiável, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
Se as distâncias entre os pontos na linha do tempo são pecuária (Embrapa) sugere que sejam adicionados
proporcionais ao tempo decorrido, então o ponto cor- 10% ao volume calculado de água. Desse modo, o
respondente ao ano em que Flaudinho dormiu longe volume, em m3 , de uma cisterna é calculado por
de seus pais pela primeira vez é: Vc = Vd × Ndia, em que Vd = volume de demanda
a) 14,2cm. b) 14,4cm. c) 14,5cm. da água diária (m3 ), Ndia = número de dias de arma-
d) 14,6cm. e) 14,8cm. zenagem, e este resultado deve ser acrescido de 10%.
__________________________________________ Para melhorar a qualidade da água, recomenda-se
que a captação seja feita somente nos telhados das
Q5. Área-3 / Habilidade 12 (Enem 2001) edificações. Considerando que a precipitação de chu-
va de 1mm sobre uma área de 1m2 produz 1 litro de
água, pode-se calcular a área de um telhado a fim de
atender a necessidade de armazenagem da seguinte
maneira: área do telhado (em m2 ) = volume da
cisterna (em litros)/precipitação.
(Disponível em: www.cnpsa.embrapa.br. Acesso em: 8 jun. 2009.
Adaptado).
Para atender a uma demanda diária de 2.000 litros de
água, com período de armazenagem de 15 dias e
precipitação média de 110mm, o telhado, retangular,
deverá ter as dimensões mínimas de:
a) 6 metros por 5 metros, pois assim teria uma área
de 30m2 .
b) 15 metros por 20 metros, pois assim teria uma
Um engenheiro, para calcular a área de uma cidade,
área de 300m2 .
copiou sua planta numa folha de papel de boa quali-
c) 50 metros por 60 metros, pois assim teria uma
dade, recortou e pesou numa balança de precisão, ob-
tendo 40g. Em seguida, recortou do mesmo desenho área de 3.000m2 .
uma praça de dimensões reais 100m x 100m, pesou o d) 91 metros por 30 metros, pois assim teria uma
recorte na mesma balança e obteve 0,08g. Com esses área de 2.730m2 .
dados, foi possível dizer que a área da cidade, em me- e) 110 metros por 30 metros, pois assim teria uma
tros quadrados, é de, aproximadamente: área de 3.300m2 .
a) 800. b) 10000. c) 320000.
d) 400000. e) 5000000.
104
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
E
sta área de competência exige que o estudan- pectivamente, distintos recursos de produção e
te compreenda a interrelação entre o texto de assimilação de um mesmo texto.
(na maioria das questões, literário) e o seu
des H-15
contexto. O texto, como sabemos, não é uma obra Desenvolvendo Habilida
autônoma, nascida da mera inspiração e do talento o texto
Estabelecer relações entre
de seu produtor, e sim resultado de complexas inte- sua produ-
literário e o momento de
rações entre o meio e a época em que foi produzido. contexto
ção, situando aspectos do
A descrição da área vai além: exige que se de-
histórico, social e político.
monstre essa compreensão através do próprio tex-
to – sua estrutura, os procedimentos criativos nele
QUESTÃO (1 Enem 2009)
empregados. Não se trata, portanto, de questões Pobre Isaura! Sempre e em toda parte esta contínua im-
de natureza teórica. Perceba que, diversas vezes, a portunação de senhores e de escravos, que não a deixam
teoria literária ou o conhecimento histórico neces- sossegar um só momento! Como não devia viver aflito
sários à resolução vêm explícitos no comando. e atribulado aquele coração! Dentro de casa contava ela
Fala-se, ainda, nas condições de produção e quatro inimigos, cada qual mais porfiado em roubar-lhe
recepção do texto. O que isso significa? Vejamos a paz da alma, e torturar-lhe o coração: três amantes, Le-
um rápido exemplo. ôncio, Belchior, e André, e uma êmula terrível e desa-
piedada, Rosa. Fácil lhe fora repelir as importunações
Você talvez já tenha achado um romance ro-
e insolências dos escravos e criados; mas que seria dela,
mântico (como Iracema, de José de Alencar, ou quando viesse o senhor?!... (GUIMARÃES, B. A escrava Isaura.
A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo) São Paulo: Ática, 1995 (Adaptado).
ingênuo, didático. Talvez já tenha achado o enredo A personagem Isaura, como afirma o título do roman-
óbvio, o final previsível. Mas lembre-se: você é ce, era uma escrava. No trecho apresentado, os sofri-
um leitor do século XXI, acostumado à lingua- mentos por que passa a protagonista:
a) assemelham-se aos das demais escravas do país, o
gem do cinema, cada vez menos linear. Flashba-
que indica o estilo realista da abordagem do tema
ck, cortes narrativos, justaposição de tempos e
da escravidão pelo autor do romance.
espaços – nada disso é novidade hoje. b) demonstram que, historicamente, os problemas
Agora tente se colocar na posição de um lei- vividos pelas escravas brasileiras, como Isaura,
tor de meados do século XIX. eram mais de ordem sentimental do que física.
Até então, as longas narrativas cabiam à po- c) diferem dos que atormentavam as demais escravas
esia, à epopeia. O romance era um gênero rela- do Brasil do século XIX, o que revela o caráter idea-
tivamente recente, com o qual você não estava lista da abordagem do tema pelo autor do romance.
habituado. E ainda lia as histórias não em livro, d) indicam que, quando o assunto era o amor, as
mas no formato de folhetins, ou seja, capítulo escravas brasileiras, de acordo com a abordagem
a capítulo nos jornais. Nessas condições, talvez lírica do tema pelo autor, eram tratadas como as
demais mulheres da sociedade.
as tramas não lhe parecessem tão evidentes e,
e) revelam a condição degradante das mulheres es-
quem sabe, você até chorasse naquela cena final,
cravas no Brasil, que, como Isaura, de acordo com
quando tudo dava certo ou acaba em tragédia. a denúncia feita pelo autor, eram importunadas e
Como se pode perceber, o autor (produtor) e torturadas fisicamente pelos seus senhores.
o leitor (receptor) de épocas distintas têm, res-
106
de Clarice Lispector e a linguagem inventiva de Guimarães cipais e permanentes contribuições do Romantismo
Rosa. Na poesia, emerge uma corrente dita formalista, de para construção da identidade da nação é a:
que João Cabral de Melo Neto é o principal representante. a) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhe-
Drummond é, portanto, da segunda, e não da primeira ge- cida da natureza nacional, marcada pelo subdesen-
ração (dita “heroica”), o que torna a alternativa A errada. volvimento e pela falta de perspectiva de renovação.
A letra B fala de gêneros literários, mais precisamente do b) consciência da exploração da terra pelos colonizado-
gênero lírico, que se caracteriza pela expressão subjetiva, res e pela classe dominante local, o que coibiu a ex-
e não objetiva. A alternativa está, portanto, errada. ploração desenfreada das riquezas naturais do país.
A alternativa C, correta, associa o produtor do texto à c) construção, em linguagem simples, realista e do-
sua cidade. Drummond, como sabemos, é mineiro de cumental, sem fantasia ou exaltação, de uma ima-
Itabira, e o poema traz, de fato, flagrante carga auto-
gem da terra que revelou o quanto é grandiosa a
biográfica e afirma literalmente que o eu lírico é “de
natureza brasileira.
ferro”, tal como as montanhas de Minas Gerais.
d) expansão dos limites geográficos da terra, que
A alternativa D afirma que o poema trata da inutilidade
promoveu o sentimento de unidade do território
da poesia, sendo, portanto, absurda. A letra E fala de in-
fluências românticas do autor, o que está incorreto, mas, nacional e deu a conhecer os lugares mais distan-
sobretudo, diz que ele emprega “recursos pomposos” de tes do Brasil aos brasileiros.
estilo, e o poema faz uso de linguagem simples e direta. e) valorização da vida urbana e do progresso, em
Resposta: C
detrimento do interior do Brasil, formulando um
conceito de nação centrado nos modelos da nas-
des H-17 cente burguesia brasileira.
Desenvolvendo Habilida
Solução Comentada: A questão exige conhecimentos es-
valores
Reconhecer a presença de pecíficos de literatura. O comando nos fala em contribui-
atu alizáve is e ções permanentes do Romantismo para a construção de
sociais e humanos
trim ôn io literário nossa identidade nacional. Vejamos o que isso significa.
permanentes no pa O Romantismo começa, no Brasil, em 1836, com Suspiros
nacional. poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães – apenas
catorze anos após a Independência. O movimento ro-
Questão 3 – Enem 2009(Prova Anulada) mântico nasce, portanto, praticamente ao mesmo tempo
O Sertão e o Sertanejo que o Brasil como nação autônoma. Assim sendo, caberá
Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão aos românticos a construção de nossa identidade cultural.
diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e resse- E eles o fazem. Os romances histórico-indianistas ele-
cado pelo ardor do sol transforma-se em vicejante tapete vam o índio à categoria de herói, os urbanos retratam
de relva, quando lavra o incêndio que um tropeiro, por a ascendente burguesia nacional e os regionalistas tra-
acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu zem ao público leitor novos espaços nacionais (o ser-
isqueiro. Minando à surda na touceira, queda a vívida tão nordestino, o centro-oeste, o pampa gaúcho, etc.).
centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem, por É o caso de Inocência, de Visconde de Taunay, obra da
débil que seja, e levanta-se a língua de fogo esguia e trê- qual foi retirado o texto da questão. O capítulo “O
mula, como que a contemplar medrosa e vacilante os es- Sertão e o Sertanejo” serve de introdução à narrativa,
paços imensos que se alongam diante dela. O fogo, de- apresentando ao leitor a paisagem de Mato Grosso e
tido em pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão seus habitantes.
algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se extinguir O item B fala de colonizadores e, portanto, está erra-
de todo, deixando como sinal da avassaladora passagem da, já que, como relembramos, o Romantismo surge
o alvacento lençol, que lhe foi seguindo os velozes pas- após a Independência. O item C está errado, pois fala
sos. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétri- em linguagem realista, e sabemos que os escritores ro-
cas perspectivas. É cair, porém, daí a dias copiosa chuva, mânticos são idealistas. O item E também é incorreto,
e parece que uma varinha de fada andou por aqueles porque o ambiente é rural, e não urbano.
sombrios recantos a traçar as pressas jardins encantados Restam os itens A e D. Mas lembre que os autores do
e nunca vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de es- período são idealistas, não se posicionando critica-
pantosa atividade. Transborda a vida. (TAUNAY, A. Inocên- mente em relação à paisagem. A alternativa correta é
cia. São Paulo: Ática 1993 (adaptado). a D, que fala do sentimento de unidade nacional sur-
O romance romântico teve fundamental importância gido a partir dos romances românticos.
na formação da ideia de nação. Considerando o tre- Resposta: D
cho acima, é possível reconhecer que uma das prin-
108
opositora à ditadura militar na década de 70 do d) simples, porém expressiva no uso de metáforas
século passado. para definir o fazer poético do eu-lírico poeta.
c) desmistificador, escrito em um discurso ágil e contun- e) referencial, para criticar o instrumentalismo técni-
dente, que critica os grandes princípios humanitários co e o pragmatismo da era da informação digital.
supostamente defendidos por sua interlocutora. __________________________________________
d) politizado, pois apela para o engajamento nas causas Q4. Área-5 / Habilidade 17 (Inep 2009)
sociais e para a defesa dos direitos humanos como Considerando o papel da arte poética e a leitura do
uma única forma de salvamento para a humanidade. poema de Manoel de Barros, afirma-se que:
e) contraditório, ao acusar a sua interlocutora de a) informática e invencionática são ações que, para o
compactuar com o regime repressor da ditadura poeta, correlacionam-se: ambas têm o mesmo va-
militar, por meio da defesa de instituições como a lor na sua poesia.
família e a Igreja. b) arte é criação e, como tal, consegue dar voz às di-
__________________________________________ versas maneiras que o homem encontra para dar
Q3. Área-5 / Habilidade 15 (Inep 2009) sentido à própria vida.
c) a capacidade do ser humano de criar está condicio-
O apanhador de desperdícios
nada aos processos de modernização tecnológicos.
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras d) a invenção poética, para dar sentido ao desperdício,
fatigadas de informar. precisou se render às inovações da informática.
Dou mais respeito e) as palavras no cotidiano estão desgastadas, por isso
às que vivem de barriga no chão à poesia resta o silêncio da não comunicabilidade.
tipo água pedra sapo. __________________________________________
Entendo bem o sotaque das águas Q5. Área-5 / Habilidade 15 (Enem 2009)
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Se os tubarões fossem homens, eles seriam
Prezo insetos mais que aviões. mais gentis com os peixes pequenos?
Prezo a velocidade Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam
das tartarugas mais que a dos mísseis. construir resistentes gaiolas no mar para os peixes
Tenho em mim um atraso de nascença. pequenos, com todo o tipo de alimento, tanto animal
Eu fui aparelhado como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tives-
para gostar de passarinhos. sem sempre água fresca e adotariam todas as provi-
Tenho abundância de ser feliz por isso. dências sanitárias.
Meu quintal é maior do que o mundo. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas.
Sou um apanhador de desperdícios: Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para
Amo os restos a goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo,
como as boas moscas. a usar a geografia para localizar os grandes tubarões
Queria que a minha voz tivesse um formato deitados preguiçosamente por aí. A aula principal se-
de canto. ria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. A
Porque eu não sou da informática: eles seria ensinado que o ato mais grandioso e mais
eu sou da invencionática. sublime é o sacrifício alegre de um peixinho e que
Só uso a palavra para compor meus silêncios. todos deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo
(BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Ma- quando estes dissessem que cuidavam de sua felici-
nuel da Costa Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. dade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro
São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74). só estaria garantido se aprendessem a obediência.
É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar seres Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixi-
e coisas considerados, em geral, de menor importância nhos inimigos seria condecorado com uma pequena
no mundo moderno. No poema de Manoel de Barros, Ordem das Algas e receberia o título de herói. (BRE-
essa valorização é expressa por meio da linguagem: CHT, B. Histórias do Sr. Keuner. São Paulo: Ed. 34, 2006 (adaptado).
a) denotativa, para evidenciar a oposição entre ele- Como produção humana, a literatura veicula valores
mentos da natureza e da modernidade. que nem sempre estão representados diretamente no
b) rebuscada de neologismos que depreciam elemen- texto, mas são transfigurados pela linguagem literária
tos próprios do mundo moderno. e podem até entrar em contradição com as convenções
c) hiperbólica, para elevar o mundo dos seres insig- sociais e revelar o quanto a sociedade perverteu os va-
nificantes. lores humanos que ela própria criou. É o que ocorre
110
Texto 2 a) do questionamento da ocorrência do próprio fato,
O lugar-comum em que se converteu a imagem de que, recriado, passa a existir como forma poética
um poeta doentio, com o gosto do macabro e do hor- desassociada da história nacional.
roroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos b) da descrição idealizada e fantasiosa do fato histó-
Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até rico, transformado em batalha épica que exalta a
mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica. força dos ideais dos Inconfidentes.
(CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro:
c) da recusa da autora de inserir nos versos o des-
Cátedra, 1988 (adaptado).
fecho histórico do movimento da Inconfidência: a
Em consonância com os comentários do texto 2 acerca
da poética de Augusto dos Anjos, o poema O mor- derrota, a prisão e a morte dos Inconfidentes.
cego apresenta-se, enquanto percepção do mundo, d) do distanciamento entre o tempo da escrita e o da
como forma estética capaz de: Inconfidência, que, questionada poeticamente, al-
a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos cança sua dimensão histórica mais profunda.
banais são revestidos na poesia. e) do caráter trágico, que, mesmo sem corresponder à
b) expressar o caráter doentio da sociedade moderna realidade, foi atribuído ao fato histórico pela auto-
por meio do gosto pelo macabro. ra, a fim de exaltar o heroísmo dos inconfidentes.
c) representar realisticamente as dificuldades do coti- __________________________________________
diano sem associá-lo a reflexões de cunho existencial.
Q10. Área-5 / Habilidade 15 (Enem 2009)
d) abordar dilemas humanos universais a partir de
No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese
um ponto de vista distanciado e analítico acerca
de que no Brasil havia duas literaturas independen-
do cotidiano.
tes dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do
e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de ele-
Sul, regiões segundo ele muito diferentes por forma-
mentos das histórias de horror e suspense na es-
ção histórica, composição étnica, costumes, modis-
trutura lírica da poesia.
mos linguísticos, etc. Por isso, deu aos romances regio-
__________________________________________ nais que publicou o título geral de Literatura do Norte.
Q9. Área-5 / Habilidade 15 (Enem 2009 – Anulado) Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, pro-
Ó meio-dia confuso, curou mostrar com bastante engenho que no Brasil há,
ó vinte-e-um de abril sinistro, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as
que intrigas de ouro e de sonho características locais.
houve em tua formação? (CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros en-
saios. São Paulo: Ática, 2003).
Quem condena, julga e pune?
Com relação à valorização, no romance regionalista
Quem é culpado e inocente?
brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas
Na mesma cova do tempo
regiões nacionais, sabe-se que:
Cai o castigo e o perdão.
a) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela te-
Morre a tinta das sentenças
e o sangue dos enforcados ... mática essencialmente urbana, colocando em re-
- liras, espadas e cruzes levo a formação do homem por meio da mescla
pura cinza agora são. de características locais e dos aspectos culturais
Na mesma cova, as palavras, trazidos de fora pela imigração europeia.
e o secreto pensamento, b) José de Alencar, representante, sobretudo, do ro-
as coroas e os machados, mance urbano, retrata a temática da urbanização
mentiras e verdade estão. das cidades brasileiras e das relações conflituosas
(...) entre as raças.
(MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Aguilar, c) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentu-
1972. (fragmento).
ado realismo no uso do vocabulário, pelo temário
O poema de Cecília Meireles tem como ponto de partida local, expressando a vida do homem em face da
um fato da história nacional, a Inconfidência Mineira. natureza agreste, e assume frequentemente o pon-
Nesse poema, a relação entre texto literário de contexto to de vista dos menos favorecidos.
histórico indica que a produção literária é sempre uma d) a literatura urbana brasileira, da qual um dos
recriação da realidade, mesmo quando faz referência a expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a
um fato histórico determinado. No poema de Cecília formação do homem brasileiro, o sincretismo reli-
Meireles, a recriação se concretiza por meio:
gioso, as raízes africanas e indígenas que caracte-
rizam o nosso povo.
C D B B C E B D E E
Q10 Q9 Q8 Q7 Q6 Q5 Q4 Q3 Q2 Q1
Matemática – Gabarito
C D D E C D B D C C
Q10 Q9 Q8 Q7 Q6 Q5 Q4 Q3 Q2 Q1
Pelo rádio:
Rádioaulas veiculadas todos os sábados (das 10 às 11h) e segundas (das 16 às 17h) na rádio O
POVO/CBN 1010 AM .
Pela TV: Pelo twitter:
O programa O POVO no Enem estreia neste do- www.twitter.com/opovonoenem2010
mingo 30/05, às 16h, na TV O POVO, (48 - canal
aberto, 23 - NET, 11 - TV SHOW).