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ETNOMUSICOLOGIA APLICADA E “PESQUISA AÇÃO PARTICIPATIVA”.

REFLEXÕES TEÓRICAS INICIAIS PARA UMA EXPERIÊNCIA DE


PESQUISA COMUNITÁRIA NO RIO DE JANEIRO

Vincenzo Cambria
Pesquisador do Laboratório de Etnomusicologia
da Escola de Música da UFRJ
cambria@momentus.com.br

Resumo: Neste trabalho refletimos sobre a importância de uma postura


colaborativa e participativa na pesquisa etnomusicológica. São discutidas as
principais propostas teóricas e metodológicas da pesquisa etnográfica que
apontam nessa direção, frisando a relevância epistemológica, além do que
ética dessa postura. É proposta, assim, uma “etnomusicologia aplicada” que
considere pesquisa e “ação” como aspectos integrados dentro de seu trabalho.
As questões aqui discutidas são centrais para o projeto de pesquisa
comunitária que o Laboratório de Etnomusicologia da UFRJ está
desenvolvendo no Complexo da Maré, aqui no Rio de Janeiro, cujos objetivos e
estratégias de ação são brevemente apresentados.

Palavras-chave: Etnomusicologia Aplicada – Pesquisa Ação Participativa –


Música Popular Urbana

Abstract: In this paper I discuss about the importance of a collaborative and


participative attitude in ethnomusicological research. The main theoretical and
methodological approaches in ethnographic research, that point in this direction,
are discussed, emphasizing the epistemological importance, besides the ethical
one of this attitude. Thus, it is proposed an “applied ethnomusicology” which
considers research and “action” as integrated aspects in its work. The matters
discussed in this paper are substantial to the community research project that is
been developed by the Ethnomusicology Laboratory of UFRJ [Federal
University of Rio de Janeiro], at the Complexo da Maré, here in Rio de Janeiro,
whose aims and strategies of action are briefly presented.

Key words: Applied Ethnomusicology – Participatory Action Research – Urban


Popular Music
ETNOMUSICOLOGIA APLICADA E “PESQUISA AÇÃO PARTICIPATIVA”.
REFLEXÕES TEÓRICAS INICIAIS PARA UMA EXPERIÊNCIA
DE PESQUISA COMUNITÁRIA NO RIO DE JANEIRO

“Duvido que haja biologista que depois de estudar, digamos, um


micróbio, tenha visto este micróbio tomar de pena e vir a público
escrever sandices a respeito do estudo do qual ele participou
como material de laboratório” (O sociólogo Luiz de Aguiar Costa
Pinto contesta referindo-se genericamente aos negros que
recusaram sua “ciência”. Apud NASCIMENTO, 1982: 61-62)

“Para utilizar una expressão feliz de Johannes Fabian [...] sobre


os antropólogos, poderíamos dizer que na maioria das vezes 'os
etnomusicólogos não falam com o Outro; falam do Outro entre
si.'” (PELINSKI, s.d.)

A idéia de uma função (e/ou aplicação) prática da pesquisa etnográfica


não é uma idéia recente. O próprio surgimento da Antropologia enquanto
disciplina se deu, em boa parte, para responder a exigências práticas (no caso,
justificar a escravidão através do argumento da inferioridade racial e
compreender a cultura dos povos colonizados, para que os europeus
pudessem melhor administrá-los). O estudo clássico de Luis Henry Morgan
sobre o sistema de parentesco dos índios Iroqueses (MORGAN, 1851),
importante contribuição no processo de definição da etnografia como prática
central de pesquisa dentro da antropologia, tinha a finalidade prática de
defender legalmente (ele era um advogado) a posse das terras dessas
comunidades.
A separação entre “teoria” e “prática” (entre pesquisa “acadêmica” e
“aplicada”) que hoje somos acostumados a pensar no âmbito das ciências
sociais e humanas, em boa parte, é conseqüência da institucionalização e
delimitação das disciplinas acadêmicas e de seus métodos e formas de
produção intelectual.
Dentro da etnomusicologia, o trabalho “aplicado” é ainda visto como
pertencente a uma área secundária, geralmente extra-acadêmica.1 É freqüente,
por exemplo, sua presença em instituições públicas como museus e arquivos
ou, também, seu uso por missionários para fins de evangelização.
A atuação da Etnomusicologia Aplicada, área ainda pouco explorada
aqui no Brasil, é muito freqüentemente considerada como paralela à da
pesquisa em si, como uma resposta concreta ao imperativo ético de se dar um
retorno aos grupos “pesquisados”. Analisando a literatura desta área, podemos
observar que ela é diretamente ligada (às vezes, quase se confunde) com
aquela da pesquisa sobre folclore. Com essa área, me parece, compartilha as
idéias dominantes relativas ao “campo de estudo” (a “música tradicional”) e os
objetivos de preservação, defesa da “tradição”, fortalecimento de algo “a risco”.
São muito poucos os exemplos de projetos de “etnomusicologia aplicada”
desenvolvidos no meio urbano e entorno de práticas musicais populares.

1
Para alguns exemplos de objetivos e métodos da Etnomusicologia Aplicada ver: TITON, 1992;
DAVIS, 1992 e SHEEHY 1992.

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Uma outra característica dessa área, justamente por ela ter privilegiado
a “ação prática”, é que os projetos que nela são desenvolvidos raramente
resultam em trabalhos acadêmicos, sendo seus “produtos” mais comuns
gravações, concertos, festivais e mostras.
Na Antropologia, os profundos questionamentos da chamada “crítica
pós-moderna” (entre outros: Clifford 1998, Clifford e Marcus 1986 e Marcus e
Fischer 1986) em relação ao trabalho etnográfico, seus sentidos e resultados,
levaram diversos autores a adotar uma postura reflexiva, dialógica e
colaborativa. No âmbito da pesquisa etnomusicológica temos vários exemplos
dessa postura (entre outros: Feld 1990; Barz e Cooley 1997 e Lassiter 1998 e
2004). Na maioria desses trabalhos, porém, a colaboração e o diálogo são
entendidos como a realização de textos onde a “voz do nativo” aparece dentro
da almejada “polifonia” (cujo “compositor” e “solista”, porém, continua sendo o
pesquisador) ou como a concessão de alguma forma de controle, às
comunidades pesquisadas, sobre a representação produzidapelo pesquisador,
sobre a etnografia. O texto, nesses casos, é submetido a uma verificação (ou
sucessivas verificações), por parte dos “nativos”, para ter seu aval e adquirir,
assim, plena “autoridade”. As questões tratadas na pesquisa, seus objetivos e
interesses permanecem, porém, sob o controle exclusivo do pesquisador.
Outra importante critica a esta estratégia de trabalho vem de autores
dos chamados estudos Pós-coloniais. Como bem apontado por José Jorge de
Carvalho,
O olhar dos antropólogos ditos reflexivos discute a autoridade do
lugar hegemônico, porém sua teoria do poder é limitada ao
campo etnográfico - e é precisamente essa limitação que é
denunciada com veemência por Edward Said. Dito de outro
modo, a voz do nativo ainda não é vista como voz subalterna.
(CARVALHO, 1999: 15)

É justamente o reconhecimento desta posição de subalternidade ou,


como diria Paulo Freire (2000), de “opressão”que levou ao desenvolvimento de
uma concepção de pesquisa que nos interessa discutir, a chamada “Pesquisa
Ação Participativa” (ou Participante). Esta concepção foi assim descrita por
Ponna Wignaraja, em relação à questão do desenvolvimento:
Emergiu do trabalho de estudiosos do Terceiro Mundo, para dar
uma assistência eficaz aos camponeses pobres em seu esforço
para obter um maior controle sobre suas próprias vidas, usando
os recursos e os conhecimentos locais e sua energia criativa [...]
Comporta uma mudança fundamental no papel convencional
assumido pelos profissionais do desenvolvimento para outro em
que os pobres não são mais vistos como objeto, mas como
sujeito do desenvolvimento. (WIGNARAJA apud VOLPINI, 1992:
142)2

2
Para ulteriores discussões sobre esta concepção de pesquisa ver, entre outros: (FALS
BORDA, 1990) e (FREIRE 1990)
3 Anais do V Congresso Latinoamericano da
Associação Internacional para o Estudo da Música Popular
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Essa forma de pesquisa orientada para a ação prevê o trabalho em
conjunto dos pesquisadores e das pessoas das comunidades “pesquisadas”.
Juntos pesquisadores e membros da comunidade colhem informações e
buscam soluções para os problemas que originaram a pesquisa.
Alguns dos pontos essenciais de uma pesquisa deste tipo, apontados pelo
educador americano Budd Hall (1982), podem ser assim resumidos:
“PONTO 1 – A pesquisa tem um benefício direto e um uso
imediato para uma comunidade. [...].
PONTO 2 - O processo de pesquisa envolve a comunidade em
toda a investigação; os participantes da pesquisa a dirigem o
tanto quanto possível na coleta dos dados, análise e
interpretação.
PONTO 3 - A pesquisa é parte de uma experiência educacional
como um todo; os participantes alcançam um nível mais alto de
comprometimento, motivação e consciência devido a seu
envolvimento na pesquisa.
PONTO 4 - A pesquisa é um processo dialético com interação
entre a comunidade e o pesquisador facilitador e entre o
conhecimento popular e o acadêmico” (Gormley, 2003).

Curiosamente esta metodologia de pesquisa teve (e ainda tem) uma


relativa difusão e sucesso, dentro de disciplinasque não têm, tradicionalmente,
como base a experiência de campo (“observação participante”). As
metodologias participativas, como apontado por Thiollent,
têm adquirido maior aplicação em áreas de educação e
organização, principalmente em países anglo-saxônicos. [...]
Ademais, conseguiram reconhecimento em certos organismos
internacionais. Neste último contexto, equipes de especialistas
lidam de modo participativo com os stakeholders implicados em
programas sociais, planos de desenvolvimento rural, local ou
sustentável, e em educação e gestão voltadas para o meio
ambiente. (THIOLLENT, 2002: 4)

As disciplinas que tem na etnografia seu instrumento central (como a


antropologia e a etnomusicologia) utilizaram muito pouco estas perspectivas de
trabalho.3 A seu respeito as ciências sociais sempre tiveram uma certa
“desconfiança” principalmente pelo tipo de conhecimento produzido a partir
delas (cuja “cientificidade”é geralmente questionada). Como bem discutido por
Bourdieu,
O que está em jogo especificamente nessa luta é o monopólio da
autoridade científica definida, de maneira inseparável como
capacidade técnica e poder social; ou, se quisermos, o monopólio

3
Existem, porém, algumas interessantes exceções, em âmbito etnomusicológico (ver, por
exemplo, ELIIS 1994 e IMPEY 2002).

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da competência científica, compreendida enquanto capacidade de
falar e de agir legitimamente (isto é, de maneira autorizada e com
autoridade), que é socialmente outorgada a um agente
determinado" (BOURDIEU apud SILVA, s.d.)

Uma questão central a ser considerada é, a meu ver, a dos objetivos


de uma pesquisa. Para quem estamos produzindo conhecimento? Qual é a
função última do nosso trabalho? Como nos lembra Carlos Rodrigues
Brandão: “nenhum conhecimento é neutro e nenhuma pesquisa serve
teoricamente “a todos” dentro de mundos sociais concretamente desiguais”
(Brandão, 1990: 11).
A abordagem chamada de “observação participante”, consagrada
como a própria base do trabalho etnográfico, tem muitos pontos metodológicos
em comum com a pesquisa participativa. Consideram, todavia, a “participação”
de forma diferente. Enquanto na “observação participante” a participação é a
do pesquisador nas atividades do grupo “pesquisado” e serve para ele adquirir
maiores elementos para sua análise, no caso da “pesquisa ação participativa”a
participação é, além daquela do pesquisador (que participa, também, no nível
da ação), a dos membros do grupo estudado (que adquirem um papel mais
ativo de “sujeitos”e não o de simples “objetos”da pesquisa).
Uma das perplexidades principais, me parece, é relativa ao papel do
pesquisador dentro de um processo de pesquisa onde as relações são
pensadas como (idealmente) horizontais e os objetivos e interesses em jogo
devem ser os do grupo “pesquisado”. Muitas vezes, se tem a impressão de
que, dentro dessa almejada “polifonia”, a voz do pesquisador ficaria de fora (ou,
então, que seria mais uma, em “uníssono”, dentro do “coro”). As contradições e
especificidades dos pontos de vista envolvidos, porém, não necessariamente
devem ser consideradas um “problema” a ser contornado. Paulo Freire, figura
central no desenvolvimento de perspectivas de participação e ação em âmbito
pedagógico, tinha uma posição clara nesse sentido:
“[… ] na síntese cultural”, escreveu este autor, “se resolve – e
somente nela – a contradição entre a visão do mundo da
liderança [o pesquisador] e do povo, com o enriquecimento de
ambos. A síntese cultural não nega as diferenças entre uma
visão e outra, pelo contrário, se funda nelas. O que ela nega é a
invasão de uma pela outra. O que ela afirma é o indiscutível
subsídio que uma dá à outra”(Freire 2000: 181)
Um diálogo concreto entre o pesquisador e o grupo pesquisado, cada
um com suas especificidades e sua praxis (nos termos de Paulo Freire, a união
de “ação”e “reflexão”), pode representar um caminho fundamental na busca de
um conhecimento integrador e, por isso mesmo, mais significativo.
O Laboratório de etnomusicologia da UFRJ já vem discutindo essas
questões há algum tempo. Minha dissertação de mestrado (Cambria, 2002) e
aquela de minha colega Francisca Marques (Marques, 2003) representaram,
de alguma forma, o começo de uma reflexão mais sistemática a respeito da
relevância epistemológica, alem do que ética, do trabalho colaborativo.

5 Anais do V Congresso Latinoamericano da


Associação Internacional para o Estudo da Música Popular
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REFLEXÕES TEÓRICAS INICIAIS PARA UMA EXPERIÊNCIA
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Achamos importante pensar uma Etnomusicologia Aplicada no Brasil
que não limite seu campo de ação à música “tradicional” e dentro da qual
pesquisa e ação, teoria e prática, podem andar juntas, uma enriquecendo a
outra. Nessa perspectiva, os aportes teóricos e metodológicos da “pesquisa
ação participativa” podem nos oferecer interessantes instrumentos
epistemológicos alternativos.

“Samba e memória em comunidades do Complexo da Maré”


O projeto “Samba e memória em comunidades do Complexo da Maré”
representa uma parte importante de um projeto mais amplo (“Samba e
coexistência. Um estudo etnomusicológico do samba carioca”) que tem como
objetivo realizar uma análise etnomusicológica abrangente da prática do samba
carioca contemporâneo, em que se toma a música como instrumento
privilegiado de articulação de sentido.
O trabalho que estamos desenvolvendo na Maré4 (de inicio,
limitadamente às comunidades do Morro do Timbau e da Nova Holanda) tem
como objetivo, através de um diálogo entre academia, entidades comunitárias e
seus moradores, a produção de um conhecimento sobre os múltiplos
significados que as praticas musicais desenvolvidas nestas comunidades
articulam (o samba representa só um ponto de partida e, poderíamos dizer, de
“contraste”).
Através de um diálogo efetivo com um grupo de 20 jovens dessas
comunidades, este projeto visa promover um olhar crítico sobre seu cotidiano e
sua memória e contribuir para a consolidação de uma consciência reflexiva
sobre o papel das práticas musicais na sua sociabilidade e na elaboração,
definição e negociação de identidades particulares e das fronteiras que as
separam. Seu objetivo específico, definido conjuntamente com os diretores da
organização comunitária nossa parceira e intermediária, o CEASM (Centro de
Estudos e Ações Solidárias da Maré), é a documentação da diversidade
musical destas comunidades e de sua memória e a organização desse material
num banco de dados que permanecerá em seus locais.
Este projeto vai durar inicialmente um ano e prevê três etapas:
1) Fase preliminar: Dois encontros semanais nos quais são discutidas, com os
jovens participantes, suas experiências e visões relativas à música e as
questões práticas da pesquisa que estamos desenvolvendo. Nesta etapa
exploratória temos como objetivo, além de mapear as diferentes práticas
musicais presentes nessas comunidades, elaborar, com os jovens, as questões
a serem pesquisadas juntamente com os conceitos e as categorias próprios
deste contexto.
2) Pesquisa de campo. Nesta etapa, os jovens, divididos em grupos,
realizarão o trabalho de documentação em áudio e vídeo das práticas musicais
mapeadas na primeira etapa e as entrevistas com alguns de seus
representantes.

4
O Complexo da Maré é considerado o maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro.

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3) Organização e análise da documentação. Nesta última etapa, a
documentação realizada será classificada e analisada para a organização do
banco de dados.
Atualmente estamos desenvolvendo ainda a primeira fase do projeto.
Nosso diálogo com os jovens está sendo muito rico e, a partir dele, inúmeras
questões já estão surgindo. Entre elas, uma que nos chamou a atenção desde
o início do projeto é o impacto da violência, tanto física quanto simbólica, na
vida desses jovens.5 A consciência dessa última (a violência simbólica) está
crescendo, cada vez mais claramente, através do processo de diálogo e
reflexão em grupo que estamos desenvolvendo.
Num país cheio de profundas contradições e desigualdades como o
Brasil, a academia poderia ter um papel mais significativo se entendesse que a
pesquisa não deve ser pensada simplesmente como uma “tecnologia”, ou seja,
como um conjunto de métodos e competências específicos a ser aplicado a um
determinado problema mas, também, como uma forma de interação humana
que pode contribuir a transformar a sociedade.

5
Samuel Araújo, em uma recente conferência na Columbia University (Araújo, 2004), propôs
algumas interessantes questões e perspectivas de analise sobre a relação som/violência a
partir dessa experiência de pesquisa.
7 Anais do V Congresso Latinoamericano da
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9 Anais do V Congresso Latinoamericano da


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