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A cena, efectivamente, representa a margem de um rio – “o rio do outro mundo” com duas barcas
prestes a partir: uma delas, conduzida por um anjo, leva ao Paraíso, a outra, conduzida por um diabo, leva
ao Inferno. Uma série de personagens vão chegando à praia: são os mortos que acabam de deixar o mundo.
Paul Teyssier, Gil Vicente – o Autor e a Obra
Quem quiser ler peças de Gil Vicente e entender por que razão são tantas vezes constituídas por desfiles de
personagens, deverá saber que este autor não escreveu de acordo com convenções dramáticas prévias. As
suas peças eram apresentadas num salão, integradas em festas ou entremeadas com danças e música.
Tendo isto em consideração, será mais fácil entender por que razão as personagens entram em cena como
se trouxessem um letreiro a dizer quem são. A sua identificação é feita através dos objectos e ferramentas
que transportam em palco (símbolos cénicos) e através daquilo que dizem (linguagem).
Luís Miguel Cintra, O Texto Dramático, in “Palavras”, n.º 4/5/6 (texto adaptado pelo professor)