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ESCOLA SECUNDÁRIA DE LOUSADA

Auto: Termo que no século XVI (nomeadamente na edição do teatro


vicentino) se aplicava a peças de teatro ao gosto tradicional. Os assuntos
poderiam ser religiosos ou profanos, sérios ou cómicos. Os autos, ao
mesmo tempo que divertiam, moralizavam pela sátira de costumes e
inculcavam de modo vivo e acessível as verdades da fé.

In Dicionário da Literatura, Livraria figueirinhas, Porto

A cena, efectivamente, representa a margem de um rio – “o rio do outro mundo” com duas barcas
prestes a partir: uma delas, conduzida por um anjo, leva ao Paraíso, a outra, conduzida por um diabo, leva
ao Inferno. Uma série de personagens vão chegando à praia: são os mortos que acabam de deixar o mundo.
Paul Teyssier, Gil Vicente – o Autor e a Obra

Há um porto, um rio e duas barcas. Forçoso é que as almas ao


demandarem o porto embarquem num dos dois batéis. O mesmo
rio levará as embarcações a destinos opostos: o paraíso e o
inferno. De um lado, um anjo; do outro, um diabo. Apresentam-se
as almas no porto para fazerem a travessia do rio.
Obrigados a terem que entrar num dos batéis, as almas não têm
a possibilidade de escolha. O percurso que fizeram na Terra, a
vida de cada um, é o sinal absoluto de que dependerá o último
destino. A autoridade para esta decisão é presente quer no Diabo,
quer no Anjo. A justiça é, por isto mesmo, precisa e sumária, e a
eloquência das argumentações feitas pelos condenados de nada
vale porque a evidência dos pecados determina a travessia do rio
na barca infernal.

COMUNA, TEATRO DE PESQUISA, Para onde is? (texto


adaptado pelo professor)

Quem quiser ler peças de Gil Vicente e entender por que razão são tantas vezes constituídas por desfiles de
personagens, deverá saber que este autor não escreveu de acordo com convenções dramáticas prévias. As
suas peças eram apresentadas num salão, integradas em festas ou entremeadas com danças e música.
Tendo isto em consideração, será mais fácil entender por que razão as personagens entram em cena como
se trouxessem um letreiro a dizer quem são. A sua identificação é feita através dos objectos e ferramentas
que transportam em palco (símbolos cénicos) e através daquilo que dizem (linguagem).

Luís Miguel Cintra, O Texto Dramático, in “Palavras”, n.º 4/5/6 (texto adaptado pelo professor)

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