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Heliópolis

A Rádio Heliópolis é uma emissora


comunitária sem fins lucrativos.
Criada e dirigida pela UNAS – União de Núcleos, Associações e
Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco.

A equipe da Rádio Heliópolis (locutores, técnicos, coordenadores e colaboradores)


é formada por aproximadamente 30 voluntários, moradores ou não da
comunidade.

Além do entretenimento eclético (vide “Programação”), tem como objetivo


disponibilizar informações de relevância aos ouvintes (entrevistas com
profissionais de diversas áreas, notícias, dicas, etc.); promover a cidadania (trocas
de informações, denúncias, bate papos sobre conscientização cidadã, manutenção e
conservação de áreas públicas e privadas, etc.)  e a busca da melhoria da qualidade
de vida e desenvolvimento da comunidade (divulgação de projetos sociais, anúncios
de empregos e oportunidades, cursos, etc.).

Histórico
 1992: Os moradores de Heliópolis trabalhavam em um programa de
mutirão para a construção de casas na favela. Havia a necessidade de se
organizar e para isso, precisavam de um meio de comunicação. Com
recursos obtidos da ajuda de padres alemães que desenvolviam um trabalho
na região, foi possível comprar um equipamento bastante simples.      08 de
maio de 1992: É criada a “Rádio Popular de Heliópolis”. A programação é
transmitida através de alto falantes “cornetas”, instalados em postes em
dois pontos da comunidade.
 27 de agosto de 1997: As velhas cornetas são aposentadas e é criada a rádio
comunitária na Freqüência Modulada 102,3 MHz.
 1999: Devido à interferência do sistema nas emissoras comerciais e por
força da lei nº 9.612, a freqüência passa a ser FM 98,3 MHz.
 2002: Outra interferência às emissoras comerciais, obrigando a uma nova
mudança de freqüência: FM 97,9 MHz.
 2003: Conquista do prêmio: “Ação Social pela Promoção da Cidadania”, da
APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte de São Paulo. Um
reconhecimento à luta pelo direito à comunicação promovida pela Radio
Heliópolis.
 2004: A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) decreta o
fechamento da Rádio Heliópolis, fato que gera grande mobilização da
comunidade. O Governo Federal compromete-se a dar encaminhamento
para a mudança de “Rádio Comunitária” para “Rádio Educativa”.
 2006: Mudança de endereço: O estúdio, antes na Rua da Mina, sede da
UNAS, transfere-se para sede própria à Rua Paraíba, 76 – Copa Rio.  É
decretado novamente pela Anatel o fechamento da Rádio, porém, por breve
período.
 27 de outubro de 2006: É publicada no Diário Oficial a permissão
provisória de funcionamento.
 2007: Aberta pelo governo a licitação para funcionamento. Duzentas e
oitenta e oito rádios, entre elas a Rádio Heliópolis, enviam ao Ministério das
Comunicações pedido de licença definitiva para funcionarem como rádios
comunitárias.
 13 de março de 2008: É publicada a autorização oficial e definitiva para o
funcionamento da Rádio Heliópolis.
 15 de junho de 2009: Por determinação da Anatel e do Ministério das
Comunicações, a Rádio Heliópolis passa a transmitir na freqüência de 87,5
MHz.

Estrutura
A Rádio Heliópolis conta com dois estúdios: um para a produção e gravação de
spots, vinhetas, chamadas, jingles, etc. e outro para a transmissão da programação.
Computadores, impressoras, microfones, amplificadores, mesas de som, etc. fazem
parte do acervo da rádio. Equipamentos adquiridos através de doações e também
por aquisição própria. Modestos na tecnologia, mas suficientemente compatíveis ao
objetivo. A antena tem altura de 30 metros; Potência de transmissão: 25 watts;
Raio de abrangência: pouco mais de 1 km, alcançando quase todo bairro de
Heliópolis (atualmente com um milhão de metros quadrados e cerca de 130 mil
habitantes), além de parte de alguns bairros em torno (Vila Carioca, São João
Clímaco, Vila das Mercês, Sacomã, Ipiranga, Vila Bela, Vila Alpina, etc. Também
parte de São Caetano do Sul, município da grande São Paulo)

Sobre o trabalho
Além de tocar músicas de artistas renomados e sucessos das FM’s, A Rádio
Heliópolis divulga, gratuitamente, grupos musicais e artistas pouco conhecidos (da
comunidade ou não), iniciantes e/ou aqueles que não tem chance (ou dinheiro) de
apresentar seu trabalho em rádios comerciais.

Sorteios de CD’s e DVD’s acontecem frequentemente.


É vetada da programação da Rádio Heliópolis a difusão de músicas ou de qualquer
gravação de áudio que façam apologia ao crime, sexo ou às drogas.

Na área cultural, indicações bibliográficas, incentivo à leitura (principalmente de


grandes nomes da nossa literatura) e divulgação de shows e eventos que acontecem
na comunidade e em toda a cidade.

A programação conta também com momentos ecumênicos de orientação religiosa e


espiritual, desconsiderando diferenças geográficas, culturais e políticas entre as
diversas igrejas e respeitando a opção religiosa de cada indivíduo.

Os integrantes da Rádio Heliópolis tem, como princípio,  o desempenho na área de


prestação de serviços. Através de dicas, relatos e  entrevistas com profissionais de
diversos segmentos, é possível incentivar a conscientização da comunidade sobre
cidadania, saúde, saneamento básico, coleta e destinação de lixo, etc.

Fazem parte da rotina da programação, informações sobre animais perdidos,


documentos e objetos extraviados e pessoas desaparecidas (certa vez, uma criança
que se perdera da mãe foi encontrada pela polícia e trazida à Rádio Heliópolis.
Após anúncio, a mãe pôde reencontrar-se com a criança).

A Rádio Heliópolis é totalmente aberta ao público em geral e conta, através de


sugestões e críticas, com a atenta participação dos moradores. Estes, sempre
dispostos à adesão em campanhas institucionais, arrecadação de alimentos,
remédios, roupas, etc., colaboram efetivamente para o bom funcionamento, o
crescimento e a melhoria da Rádio Heliópolis.

Anúncios ou “Apoios Culturais”


Por se tratar de rádio comunitária, os anúncios veiculados na programação
(“spots” radiofônicos) são chamados de “Apoios Culturais”. Em geral, estes são
gravados nos estúdios da Rádio Heliópolis e tem como objetivo a divulgação do
comércio local (ou do em torno), produtos, serviços, etc. (não é permitida a
divulgação dos valores ou preços destes produtos e/ou serviços). Mediante
assinatura de um contrato, estabelece-se a quantidade de inserções diárias e por
quanto tempo o Apoio Cultural será veiculado na programação (semanas, meses).
Os valores cobrados por estes apoios culturais são simbólicos e estão muito aquém
daqueles cobrados por rádios comerciais. Essa verba é destinada à manutenção
dos equipamentos e/ou ao pagamento de pequenas despesas da Rádio Heliópolis.

Outras rádios
A Rádio Heliópolis apóia a luta pela legalização de outras rádios comunitárias,
trocando experiências e participando de reuniões e projetos de interação.

Heliópolis   
(Fonte de referência: Portal do Ipiranga – matéria de 11/04/2008)
A favela, ou comunidade de Heliópolis (em grego, “Cidade do Sol”), teve origem
em 1971, quando a Prefeitura resolveu desalojar 102 famílias da favela de Vila
Prudente para a construção de um viaduto sobre o rio Tamanduateí e realojá-las
num terreno do extinto IAPAS – Instituto de Administração Financeira da
Previdência e Assistência Social.

O que deveria ser um assentamento provisório cresceu rapidamente e de forma


incontrolável, gerando assim inúmeros problemas. Mas cresceram também a
conscientização e as reivindicações dos moradores. Hoje, Heliópolis é considerada
a favela mais organizada no que se refere à luta por melhores condições de vida e
questões sociais.

Fundada em 1987, a UNAS – União de Núcleos, Associações e Sociedades de


Moradores de Heliópolis e São João Clímaco, assumiu inicialmente as
reivindicações referentes à posse das áreas ocupadas. Depois ampliou suas ações
num trabalho comunitário, buscando parcerias na iniciativa privada, a fim de
desenvolver projetos nas áreas de educação, cultura, esporte, saúde, habitação e
assistência social; programas para alfabetização de adultos, de inclusão digital, de
apoio aos sem-teto e a jovens infratores.

Mas os problemas ainda são muitos e a questão das moradias continua sendo
crucial, pois os moradores não conseguem legalizá-las. Muitos dispõem de
documentação inconsistente, outros esbarram na burocracia oficial, pois a própria
documentação do IAPAS sobre o terreno parece ter irregularidades.

Atualmente, Heliópolis é a segunda maior favela do Brasil e da América Latina. As


habitações são quase todas de tijolos e concreto, distribuídas quase aleatoriamente
por uma área de um milhão de metros quadrados, compondo um cenário caótico
de ruelas tortuosas e becos sem saída, abrigando aproximadamente 125 mil
pessoas; 91% delas são de origem nordestina, 52% com idade até 25 anos. A alta
densidade demográfica é centrada em dez núcleos, com um número considerável
de precárias moradias e conjuntos habitacionais populares, habitados por famílias
constituídas por grande número de pessoas.

Falta emprego. De cada 10 adolescentes de Heliópolis, seis estão desempregados e


80% dos moradores sobrevivem com renda de um a três salários mínimos,
enquanto um grande número de pessoas não tem renda nenhuma. Ainda, de cada
10 adolescentes, quatro não freqüentam a escola.

A maior causa de morte de jovens de 12 a 20 anos é o homicídio, causado por


brigas do tráfico de drogas.  Esses problemas sociais envolvendo jovens estão
incluídos na pauta da agenda política do país e são discutidos por grupos que
cuidam da criação de políticas públicas voltadas para a juventude, incluindo a
aplicação do Estatuto da Juventude. Um dos constantes desafios na vida dos jovens
é o primeiro emprego. As iniciativas existentes para essa questão tem se mostrado
ainda insuficientes. O assunto vem ganhando cada vez mais importância e
visibilidade, inclusive internacional.

Apesar dos problemas, Heliópolis segue seu crescimento  em ritmo explosivo e a


comunidade já conta com todo tipo de comércio. São mais de dois mil
estabelecimentos  que prestam serviços e/ou comercializam de tudo. Há de
açougues a livrarias; de salões de beleza a peixarias; de pet shops a lan houses.

Renato Belschansky – Colaborador e ex locutor da Rádio Heliópolis – DRT


29.785/SP
UBS Delamare

Tatiana Sugayama de Paula

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