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Flagelados das vias

digestivas e geniturinárias

Profa. Dra. Irene Soares


Disciplina Parasitologia Clínica, FCF/USP
1°semestre/2005
Entamoeba
Amebas Endolimax
Iodamoeba
Sarcomastigophora
Trypanosoma
Flagelados Leishmania
Giardia
Trichomonas

Isospora
Protozoa Cryptosporidium
Cyclospora
Apicomplexa Esporozoários
Sarcocystis
Toxoplasma
Plasmodium

Ciliophora Ciliados Balantidium

Enterocytozoon
Microspora Microsporídios
Encephalotozoon
Flagelados das vias
digestivas e geniturinárias
• Vias digestivas:

Giardia lamblia (intestino delgado - duodeno)


Enteromonas hominis, Chilomastix mesnili,
Retortamonas intestinalis, Dientamoeba fragilis e
Pentatrichomonas hominis (intestino grosso)
Trichomonas tenax (boca)

• Vias urinárias: Trichomonas vaginalis


Giardíase
Etiologia: G. lamblia, G. intestinalis ou
G. duodenalis

• Filo: Sarcomastigophora
• Classe: Zoomastigophorea
• Ordem: Diplomonadida
• Família: Hexamitidae
• Gênero: Giardia (Kunstler, 1882)
Morfologia
Forma de pera Trofozoíta Cisto
Oval
Simetria bilateral
12µm x 8µm
20µm x 10µm
Núcleos (2 ou 4)
Disco suctorial
(ventosa) Axonema

Núcleos (2) Fibrilas

Axonema Corpos
parabasais
Corpos
parabasais Membrana
externa bem
Flagelos destacada do
(4 pares) citoplasma

Giardia lamblia
Trofozoíta de G. lamblia
Ciclo biológico Cisto

Ingestão de cistos maduros através


de água e alimentos contaminados
ou transmissão direta pelas mãos
(fecal-oral)
contaminação de
água e alimentos
Desencistamento

Colonização de trofozoítas na mucosa Trofozoíta


do intestino delgado (duodeno)

Divisão binária Cisto


Cisto Cisto
Encistamento

Eliminação de cistos nas fezes Trofozoítas


Patogenia e sintomatologia

• Diarréia: aguda e autolimitada


crônica e persistente
• Má absorção
• Cólicas abdominais
• Perda de peso
• Náuseas e vômitos
• Fraqueza
Resposta imune

• Participação de anticorpos IgM, IgA e IgG


específicos
• A doença é mais grave em indivíduos com
hipogamaglobulinemia
• O trofozoíta apresenta antígenos de superfície
variantes (VSPs)
Tratamento

Derivados nitroimidazólicos:

• Metronidazol (Flagil)

• Tinidazol (Fasigyn)

• Ornidazol (Giarlam)
Epidemiologia

• A giardíase tem distribuição mundial


> 1 milhão de casos por ano
• Ocorre principalmente em crianças de 8
meses a 10-12 anos
• A eliminação de cistos pelo indivíduo
infectado não é constante
• O cisto resiste até dois meses na água
Diagnóstico laboratorial

• Diagnóstico Parasitológico

Método direto a fresco ou corado com lugol


Método de Faust

Preparações coradas: Tricrômio ou Hematoxilina


férrica (HF)

Fezes formadas → Cistos


Fezes diarréicas → Trofozoítas e cistos

Pelo menos 3 amostras de fezes devem ser


examinadas
Sensibilidade do exame: 1 amostra (50-70%)
3 amostras (85-90%)
Trofozoíta de G. lamblia (coloração de Giemsa)
Cistos de G. lamblia: (A) Coloração pela hematoxilina férrica
(B) a fresco
Cisto de G. lamblia (coloração pelo lugol)
Trofozoítas de G. lamblia (cultura)
Trofozoítas de Giardia lamblia (microscopia eletrônica de varredura)
Diagnóstico laboratorial
• Diagnóstico Imunológico:

Detecção de antígenos (testes disponíveis comercialmente):

ELISA, Imunofluorescência e Imunocromatográficos (testes


rápidos) Alta sensibilidade e especificidade

Detecção de anticorpos: Imunofluorescência indireta, ELISA


e western blot Baixa sensibilidade

• Diagnóstico por PCR

• Aspirado duodenal (intestino delgado) → trofozoítas


Testes disponíveis para detecção
de antígenos de Giardia
Kit Proteína Sensibilidade Especificidade Tempo de
detectada duração

TechLab CWP1 97-100% 100% 40-100 min

BD ColorPac ? 100% 100% 10 min


(Rapid)
Alexon CWP1 98-100% 98-100% 100 min
Trend EIA
Alexon CWP1 93% 98% 10 min
Trend Rapid
Seradyn ? 97% 94% 95 min
EIA
Remel ? 97% 99% >100 min
EIA
Biosite Triage ? 95.1% 88.4% Longo, múltiplas
(Rapid) etapas e
trabalhoso
CWP1- proteína da parede do cisto de Giardia Fonte: TechLab
Outros flagelados das vias
digestivas

Filo: Sarcomastigophora
Classe: Zoomastigophorea
Ordem: Retortamonadida

Chilomastix mesnili (frequente)


Retortamonas intestinalis (raro)
Chilomastix mesnili

• É encontrado frequentemente no intestino


do homem
• Não é patogênico
• Importante por causa do diagnóstico
diferencial com outras espécies patogênicas
Morfologia

• Tem corpo em forma de pêra e assimétrico que termina


em ponta na extremidade posterior
• O núcleo fica localizado próximo ao polo anterior da célula
(pequeno e redondo)
• Possui 3 flagelos livres e um quarto colado a membrana,
no interior do citóstoma (boca rudimentar)
Núcleo Flagelo

Trofozoíta
Citóstoma
Extremidade
posterior curva
Ciclo biológico

CICLO FECAL-ORAL

desencistamento

Forma infectiva
CISTO Eliminado nas fezes TROFOZOÍTA

encistamento
multiplicação
Diagnóstico laboratorial
Identificação de cistos ou trofozoítas de C. mesnili nas fezes

Protuberância

Trofozoíta Cisto
Outros flagelados das vias
digestivas

Filo: Sarcomastigophora
Classe: Zoomastigophorea
Ordem: Trichomonadida

Pentatrichomonas hominis
Dientamoeba fragilis
Trichomonas tenax
Pentatrichomonas hominis

• Trofozoíta: apresenta 5 flagelos livres e 1 núcleo;


possui membrana ondulante e axóstilo
• Não é patogênico
• Vive no intestino delgado e grosso
• Raramente aparece em fezes formadas
• Não produz cistos
Morfologia

Flagelo
Núcleo

Citóstoma
Membrana
ondulante *

Axóstilo

Trofozoíta de P. hominis
Diagnóstico laboratorial
Identificação de trofozoítas de P. hominis nas fezes
Dientamoeba fragilis

• D. fragilis é um flagelado, e não ameba


• Foi considerado por muitos anos como não
patogênico
• Sintomáticos: adultos (25%), crianças (90%)
• Frequentemente encontrado associado com
Enterobius vermicularis
Morfologia

Núcleo

Trofozoíta de D. fragilis

• Contém 1 (20%) ou 2 núcleos (80%)


• Não apresenta cromatina nuclear periférica
• Apresenta cariossomo fragmentado
Ciclo biológico
Trofozoítas

Transmissão
via ovos de
helmintos Divisão binária

Trofozoítas

Trofozoítas nas fezes

Não forma cistos


Diagnóstico laboratorial

Identificação de trofozoítas
de D. fragilis nas fezes

A fresco Coloração pelo Tricrômio


Principais características para identificação de
flagelados intestinais em esfregaços corados

Parasita Forma cistos? Número de Número de


flagelos núcleos
(trofozoíta) (trofozoíta)
G. lamblia Sim (oval) 4 pares 2

E. hominis Sim (oval) 4 1

C. mesnili Sim (forma limão) 4 1

R. intestinalis Sim (forma de pera) 2 1

P. hominis Não 5 1

D. fragilis Não Sem flagelos 1-2


externos
Trichomonas tenax
• Trofozoíta: morfologicamente semelhante ao
Trichomonas vaginalis, porém menor (5 a 12 µm);
possui núcleo pequeno e arredondado
• Vive na cavidade bucal (tártaro, cáries e lesões
ulcerativas)
• A transmissão ocorre por contato oral
• Não é patogênico
Flagelados das vias
urinárias
Tricomoníase
Etiologia: T. vaginalis

• Filo: Sarcomastigophora
• Classe: Zoomastigophorea
• Ordem: Trichomonadida
• Família: Trichomonadidae
• Gênero: Trichomonas
Morfologia

Formas vivas: Elipsóides ou ovais e algumas vezes


esféricos → formam pseudópodes

Preparações fixadas e coradas: tipicamente


elipsóide, piriforme ou oval; mede 9,7 µm x 7,0 µm
(as formas vivas são maiores)

Não possue a forma cística, somente a trofozoítica


Morfologia

4 Flagelos livres

Membrana ondulante
(flagelo aderente)

Axóstilo (microtúbulos)

Núcleo

Não possui mitocôndrias

Trofozoíta
Biologia
Habitat: trato geniturinário do homem e da mulher

Mecanismos de transmissão:
Relação sexual → + frequente
Durante o parto (tricomoníase neonatal)
Outras formas de transmissão → via não sexual (roupa íntima ou
de cama, instalações sanitárias)

Fatores que favorecem o desenvolvimento do parasita na vagina:


Modificações da flora bacteriana vaginal (fatores hormonais,
inflamação)
Diminuição da acidez local (pH>5) ↓ Bacilo de Doderlein
Diminuição do glicogênio nas células do epitélio
Acentuada descamação epitelial
Ciclo biológico

Relação sexual

Trofozoíta

Divisão binária
Trofozoíta Trofozoíta
Patogenia e Sintomatologia
Na mulher

• Assintomática: 25 a 50% dos casos

• Vaginite aguda:

Corrimento vaginal fluido abundante de cor


amarelo-esverdeada e de odor fétido
Prurido ou irritação vulvovaginal
Dor durante as relações sexuais
Dor ao urinar (disúria) e frequência miccional

• Vaginite crônica: sintomas leves


Patogenia e Sintomatologia

No homem:

• Assintomática (a maioria)

• Uretrite aguda: corrimento abundante

• Sintomatologia leve: escasso corrimento, disúria,


prurido
Complicações (raras): epididimite, infertilidade e
prostatite
Patogenia e Sintomatologia

A Tricomoníase tem sido associada à:

• Transmissão do HIV
• Doença inflamatória pélvica
• Câncer cervical
• Infertilidade (adesão e oclusão tubária)
• Parto prematuro
• Baixo peso de bebês nascidos de mães infectadas
Tratamento
Derivados nitroimidazólicos:

• Metronidazol
Não é indicado para o tratamento de mulheres
que estejam no primeiro trimestre de gravidez
Já foram descritas linhagens de parasitas
resistentes na Europa
• Tinidazol
• Ornidazol
• Nimorazol
Epidemiologia

• A tricomoníase é uma das DST mais prevalentes no


mundo (170 milhões de casos/ano – OMS, 1998)
• A tricomoníase é mais comum em mulheres
• Incide de preferência no grupo etário de 16 a 35 anos
• O trofozoíta é suscetível a dessecação, mas pode
viver fora do seu habitat por algumas horas sob
condições de umidade
Diagnóstico laboratorial
Coleta da amostra → Homem

• Materiais: secreção uretral, urina primeiro jato,


esperma, secreção prostática e material
subprepucial

• Orientações:

Preferencialmente não estar em uso de


medicação antiparasitária sistêmica ou tópica

Estar pelo menos há 2 horas sem urinar


Diagnóstico laboratorial
Coleta da amostra → Mulher

• Material: secreção vaginal

• Orientações:

Preferencialmente não estar em uso de


medicação antiparasitária sistêmica ou tópica

Sem higiene vaginal durante um período de 18 a


24h anterior à coleta

Não estar menstruada


Diagnóstico laboratorial

Preservação da amostra

Temporária (Meios de transporte): Solução salina


isotônica (0,15M) glicosada a 0,2%;
Meios de Stuart e Amies

Permanente: Fixador álcool polivinílico (fixador APV)


Diagnóstico laboratorial
Diagnóstico parasitológico:

Exame direto a fresco:

Preparações não coradas (diluídas em solução salina) →


microscopia de campo claro e/ou de campo escuro e/ou de
contraste de fase
Visualização de parasitas vivos e em movimento

Preparações fixadas e coradas: Gram, Giemsa, Leishman e HF

Cultura (“gold standard”): isolamento do T. vaginalis em meios


seletivos (Kupferberg, Roiron e/ou Diamond) - 3 a 7 dias
Sensibilidade: > 80%
Trofozoíta de T. vaginalis (Giemsa)
Trofozoíta de T. vaginalis (GRAM)
Diagnóstico laboratorial

Diagnóstico imunológico: ELISA e IF

Diagnóstico por PCR: alta sensibilidade e


especificidade

Não são rotineiramente utilizados

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