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importante, o mais célebre e o mais surpreende. Sua forma poética seduz mais
desconcerta, envolve mas desorienta e, muitas vezes, o leitor não passa de um primeiro
contato. Assim, de uma leitura incompleta, colhem-se aleatoriamente alguns aforismos,
algumas frases de efeito, que isolados de seu contexto podem suscitar grandes enganos.
Mas nesta obra, não está implícito o interesse do filósofo de renovar ou modificar
os conceitos da filosofia, seu objetivo principal do ponto de vista da forma de expressão,
é libertar a palavra da universalidade do conceito, construindo um pensamento filosófico
através da palavra poética, mais do que, como nas outras obras, através do uso do
aforismo, do fragmento ou mesmo do ensaio. Nietzsche mesmo se orgulhava, pois
através de aforismos conseguia comunicar o que muitos não conseguiam em um volume
inteiro.
É preciso, contudo, tomar cuidado com as traduções, pois Nietzsche foi muito mal
traduzido para o português. As traduções da Companhia das Letras, que têm em Paulo
César de Souza, um especialista em tradução – ou em problemas de tradução do alemão
para nossa língua, é um fiel na balança, mas ainda não encontramos no mercado a obra
Zaratustra traduzida por este especialista. Traduções sugeridas pelo doutor são as de
Rubens Rodrigues Torres Filho, na coleção Os Pensadores, nesta infelizmente há alguns
extratos do Zaratustra, assim como a de Mário da Silva, que traduziu a obra na integra,
pela Bertrand Brasil. Para quem lê inglês, as traduções de R. J. Hollingdale, e do
americano Walter Kaufmann são formidáveis, assim como as da Gallimard, para que se
aventura em traduções francesas. E da Alianza, para os fies ao espanhol, todas de bom
nível.