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FUNDACENTRO

FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO

A QUALIDADE DA ÁGUA NO PROCESSO A ÚMIDO EM MARMORARIAS E OS RISCOS À


SAÚDE DOS TRABALHADORES

SETEMBRO 2009
FUNDACENTRO
FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO
Centro Técnico Nacional –

Coordenação de Higiene do Trabalho


Coordenação de Saúde do Trabalho
Projeto: Prevenção e Controle da Exposição a Agentes Ambientais em Marmorarias

RELATÓRIO

A QUALIDADE DA ÁGUA NO PROCESSO A ÚMIDO EM MARMORARIAS E OS RISCOS À


SAÚDE DOS TRABALHADORES

Elaboração do Relatório
Elayne de Fátima Maçãira
Érica Lui Reinhardt

Colaboração
Ana Maria Tibiriçá Bon

SÃO PAULO, 01 DE SETEMBRO DE 2009


RESUMO

Para prevenir a exposição a poeiras, o Ministério do Trabalho e Emprego emitiu a Portaria


MTE/nº 43/2008, que determina que todas as operações de corte e acabamento em
marmorarias utilizem processo a úmido. Há uma tendência crescente pela reutilização de
água deste processo, e os aerossóis produzidos pelas ferramentas pneumáticas passam a
ser um determinante importante para a qualidade do ar do ambiente de trabalho. Com o
objetivo de levantar informações para prevenir a exposição dos trabalhadores a possíveis
agentes biológicos e químicos contidos na água de reuso e fazer recomendações, a
Fundacentro realizou uma pesquisa bibliográfica sobre legislação e parâmetros para água
de reuso e para lançamento de efluentes, além de realizar algumas visitas técnicas. As
informações neste campo específico são escassas, mas de maneira geral indicam um
aparente baixo risco de adoecimento entre trabalhadores expostos a aerossóis de água de
reuso. Apesar disso, a presença potencial de patógenos ainda precisa ser tratada como um
risco real e significante. Considerando a dificuldade em atualmente estabelecer o nível de
risco da exposição a aerossóis de água de reuso e o provável alto custo dos tratamentos da
água disponíveis, recomenda-se a não reutilização de água em processos que produzam
névoas, como o corte e acabamento em marmorarias. Recomenda-se ainda que o risco de
exposição a aerossóis seja considerado na elaboração e implantação de programas em
segurança e saúde no trabalho previstos na legislação, e que os trabalhadores sejam
periodicamente avaliados para possíveis efeitos da exposição a aerossóis, sugerindo-se a
aplicação de um questionário de sintomas relacionados à exposição a bioaerossóis.
SUMÁRIO

Apresentação ........................................................................................................................................1
1. Introdução .........................................................................................................................3
2. A água como insumo e a formação de aerossóis ..............................................................4
3. A água como determinante da qualidade do ar no ambiente de trabalho ......................4
4. Alguns aspectos de possíveis contaminantes biológicos da água de reuso......................5
5. Alguns aspectos de possíveis contaminantes químicos da água de reuso........................7
6. Vias de exposição a aerossóis de água de reuso...............................................................7
7. Possíveis efeitos à saúde dos trabalhadores .....................................................................8
8. Vigilância da saúde dos trabalhadores ...........................................................................10
9. Infraestrutura mínima para o processo a úmido ............................................................11
10. Qualidade da água de reuso ...........................................................................................13
11. Qualidade do efluente .....................................................................................................14
12. Considerações para redução do risco da exposição à água de reuso .............................18
13. Conclusões .......................................................................................................................18
14. Referências bibliográficas................................................................................................19
Glossário..............................................................................................................................................22
Anexo I – Questionário ........................................................................................................................28

i
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Parâmetros para reuso local do esgoto tratado com possível contato direto com a água ............ 13

Tabela 2 Parâmetros para lançamento em corpos d’água receptores ........................................................ 14

Tabela 3 Parâmetros para enquadramento de corpos de água doce receptores......................................... 15

Tabela 4 Parâmetros para lançamento de efluentes em sistema de esgoto no Estado de São Paulo.......... 16

Tabela 5 Valores para lançamento nas galerias de águas pluviais................................................................ 17

ii
Apresentação

A FUNDACENTRO, desde ano 2000, está envolvida em ações de Saúde e Segurança no Trabalho
relacionadas às Marmorarias em parceria com representação de empregadores, trabalhadores, e
outras instituições. Entre as ações desenvolvidas podem ser citadas: elaboração de pesquisas;
coordenação e suporte do Grupo Técnico de Marmorarias1; divulgação de informações em
seminários e congressos nacionais e internacionais por meio de apresentação de trabalhos científicos
e palestras, bem como a elaboração de documentos técnicos institucionais e artigos para revistas e
jornais.

Com base nos dados e informações obtidos com os estudos de avaliação e controle da exposição dos
trabalhadores aos agentes ambientais, poeira, ruído e vibração em mãos e braços realizados pela
Fundacentro, no período de 2002 a 2006 e em estudos de outras instituições, o Grupo Técnico de
Marmorarias recomendou a umidificação das operações de corte e acabamento do processo
produtivo em marmorarias.

Essa recomendação foi encaminhada pelo GT-Marmorarias em 2007 para a Comissão Tripartite
Paritária Permanente (CTPP) do Ministério do Trabalho e Emprego que emitiu a Portaria Nº 43 de 11
de março de 2008 que “Proíbe o processo de corte e acabamento a seco de rochas ornamentais e
altera a redação do anexo 12 da Norma regulamentadora nº 15” (Brasil 2008). A Portaria determina
que os empregadores devam providenciar a adequação às exigências no prazo de dezoito meses da
data da publicação.

No período de 2006 a 2008 o GT-Marmorarias trabalhou na elaboração do manual “Marmoraria


Manual de Referência: recomendações de saúde e segurança no trabalho”. Esse manual apresenta as
recomendações técnicas para a prevenção e controle dos principais riscos presentes em marmorarias
e dá ênfase ao controle da exposição à poeira por meio da umidificação das operações de corte e
acabamento de rochas ornamentais.

Nesse mesmo período, com o objetivo de levantar informações para prevenir a exposição dos
trabalhadores a possíveis agentes biológicos contidos na água de reuso e fazer recomendações, a

1
GT-Marmorarias - O Grupo Técnico de Marmorarias foi formado em 2004 por iniciativa do Programa Nacional de
Eliminação da Silicose (PNES) com o objetivo de integrar as diversas ações em desenvolvimento nesse ramo de atividade.
O GT é composto por representações de instituições de Governo (FUNDACENTRO, MTE, MPT, CRST e COVISA da PMSP) de
empregadores (SIMAGRAN-SP) de trabalhadores (SITIMAGRAN, FETICOM-SP) e de parceiros convidados, como, SESI,
SENAI, SEBRAE, entre outros.
1
Fundacentro realizou uma pesquisa bibliográfica sobre esse assunto e visitas técnicas. Essas incluíram
marmorarias que já haviam adotado o processo a úmido e instituições que desenvolvem estudos
relacionados à utilização de água reuso. As instituições visitadas foram: a Estação de Tratamento de
Esgotos e Produção de Água de Reuso em São Caetano do Sul, a Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental (CETESB), Departamento de Análises Ambientais; o Centro de Treinamento
para o Controle da Poluição na Mineração (CECOPOMIN) do Departamento Nacional de Produção
Mineral e o Núcleo de Tecnologia de Mármores e Granitos e a Faculdade de Tecnologia Ambiental do
SENAI- Unidade Mario Amato.

A elaboração desse relatório é etapa do Projeto 44.01.051 – Prevenção e Controle da Exposição a


Agentes Ambientais em Marmorarias.

2
1. Introdução

A umidificação das operações de corte e acabamento de chapas e peças é a medida de controle da


exposição a poeiras contendo sílica cristalina mais eficiente para a prevenção da silicose em
marmorarias. Estudos de exposição dos trabalhadores à poeira nesse setor indicam que a
umidificação das operações de corte e acabamento pode reduzir em até 99% a concentração da
poeira em relação ao processo a seco (Bon 2006, Santos 2007).

É importante considerar que, além da umidificação, são necessárias medidas de controle


complementares. Nas operações de corte e acabamento a úmido observou-se que 92% das partículas
são menores do que 10 µm (dez micrometros), indicando uma predominância de partículas na fração
respirável da poeira (Santos 2005). Na função de acabador, a concentração média de sílica cristalina
na fração respirável da poeira foi de 0,04 mg/m³, ou seja, muito próxima do valor de referência, que
é de 0,05 mg/m³ (Bon 2006, Cunha et al. 2008). Exposições acima do valor de referência podem
ocorrer quando se utilizam matérias-primas com alto teor de sílica, como alguns materiais sintéticos,
quartzitos, arenitos, granitos e outras, em especial para as funções de acabador e ajudante geral (Bon
2006).

Se por um lado o processo a úmido pode reduzir a concentração de sílica cristalina na fração
respirável, é fonte de emissão de aerossóis líquidos que ainda não foram avaliados enquanto veículo
de contaminantes biológicos, orgânicos ou inorgânicos. Desta forma, a qualidade da água que
alimenta o processo torna-se um determinante da qualidade do ar no ambiente de trabalho.

A não observância da qualidade da água poderá resultar em danos à saúde decorrentes da exposição
a microrganismos patogênicos e a substâncias químicas acumuladas durante o processamento das
peças e os ciclos de reutilização da água, que podem ser veiculados nas névoas e inalados pelo
trabalhador. A qualidade da água também pode interferir no funcionamento e na vida útil das
ferramentas, particularmente nas ferramentas pneumáticas.

No Brasil, por motivos ambientais, agências reguladoras e instituições governamentais vêm


desenvolvendo normas para o reuso da água (Brasil 2005). Do ponto de vista econômico, esta
tendência também ocorre no setor produtivo (Hespanhol 2005; Sebrae 2006). Para o descarte de
efluentes, a normatização já está mais bem estabelecida e orienta o setor produtivo quanto às
condições e padrões de lançamento (São Paulo 1976, Brasil 2000, Brasil 2005a).

3
Considerando a oportunidade de implantação do processo a úmido nas marmorarias para
cumprimento da nova determinação legal de obrigatoriedade da instalação destas operações de
corte e acabamento a úmido (Portaria Nº 43 de 11 de março de 2008 do MTE), o presente estudo
tem por objetivo descrever os potenciais riscos produzidos em umidificação dos processos, e propor
recomendações para a prevenção e monitoramento de efeitos à saúde dos trabalhadores em
marmorarias.

2. A água como insumo e a formação de aerossóis

A umidificação das operações de corte e acabamento em marmorarias requer o uso de ferramentas


alimentadas por água, caracterizando, portanto, a água como um insumo no processo. Essa água
pode provir diretamente da rede pública de abastecimento, da captação de águas subterrâneas
(poços) ou superficiais, ou de tanques de armazenamento de água já utilizada, ou água de reuso. Em
qualquer dos casos, o atrito dessa água com as superfícies das rochas, do mobiliário, das ferramentas
ou dos instrumentos de trabalho nas marmorarias gera partículas líquidas (gotas e gotículas) de
diferentes tamanhos.

Essas gotas e gotículas poderão conter partículas sólidas originadas da própria água ou então do
encontro com partículas sólidas suspensas no ar. A essa mistura de partículas sólidas e líquidas
suspensas no ar, de tamanho na faixa de 0,002 µm a mais de 100 µm, também denomina-se aerossol
(Ruzer e Harley 2005).

3. A água como determinante da qualidade do ar no ambiente de trabalho

A qualidade da água de alimentação das ferramentas no processo a úmido é um determinante


importante para qualidade do ar em marmorarias, e, consequentemente para a saúde respiratória
dos trabalhadores nessa atividade.

Quando se utiliza água da rede de abastecimento público que foi armazenada em boas condições
sanitárias, pressupõe-se um risco mínimo para a saúde respiratória dos trabalhadores, uma vez que
em geral a água deve-se encontrar dentro dos padrões de potabilidade.

4
Muitas marmorarias têm optado pela reutilização da água do processo. Até o momento, porém, de
nosso conhecimento, não existem estudos sobre a qualidade desta água sob o ponto de vista dos
possíveis efeitos à saúde humana.

A reutilização da água ocorre em diferentes condições de captação, armazenamento, tratamento e


utilização que podem favorecer o aumento da concentração e da variedade de partículas inorgânicas,
orgânicas, organismos e microrganismos na água. Consequentemente, o aerossol formado a partir da
água de reuso pode conter quantidades significantes de microrganismos vivos ou mortos ou produtos
de sua decomposição ou metabolismo; substâncias e partes derivadas de animais ou vegetais; óleos
lubrificantes das ferramentas; elementos da matéria-prima (sílica, metais) e outros insumos e
resíduos da atividade humana, comuns em ambientes internos (incluindo-se resíduos derivados de
instalações sanitárias – esgoto doméstico).

O risco da exposição à água de reuso em processos produtivos deve ser avaliado como qualquer
outro insumo, cabendo ao empregador o monitoramento da qualidade da água e do ambiente onde
ela é utilizada, visando identificar e controlar possíveis efeitos:

 dos riscos biológicos – originados do contato da água com produtos da atividade humana e de
animais ou microrganismos que compartilham o ambiente, e cujas doenças relacionadas são
chamadas doenças de transmissão hídrica.

 dos riscos químicos – originados da contaminação da água por substâncias químicas oriundas da
matéria-prima, dos insumos ou dos produtos utilizados no processo, as quais podem ser
associadas a doenças de origem hídrica;

4. Alguns aspectos de possíveis contaminantes biológicos da água de reuso

Vírus
Os vírus são parasitas obrigatórios, precisando de hospedeiro para sua replicação, o que significa que
não ocorre um aumento da quantidade de vírus pelo seu crescimento no meio hídrico. Por outro
lado, a dose infectante dos vírus em geral é baixa, podendo ser tão pequena quanto 10 partículas
virais ou menos (Toze 2006).

5
Bactérias
Diferentemente dos vírus, as bactérias são capazes de se multiplicar no ambiente, embora as
condições ambientais em geral limitem esta multiplicação. O número de bactérias patogênicas
veiculadas pela água é grande. A maioria é de origem intestinal, que pode infectar tanto humanos
como animais e, portanto, estes últimos também representam uma fonte de contaminação.
Bactérias não intestinais relacionadas a doenças de transmissão hídrica são Legionella spp,
Mycobacterium spp (excluindo M. tuberculosis) e Leptospira interrogans (Toze 2006).

Protozoários
Estes parasitas unicelulares podem persistir no ambiente na forma de cistos ou oocistos, que são suas
formas inativas e que por isso não se reproduzem na água ou no solo. A maioria dos cistos ou
oocistos de protozoários detectados em fontes de água residuais ou recicladas consiste daqueles de
Entamoeba histolytica, Giardia intestinalis (Giardia lamblia) e Cryptosporidium parvum. Embora o
homem seja o principal reservatório de C. parvum e G. intestinalis, vários animais domésticos e
selvagens podem abrigá-los. Assim como os vírus entéricos, os protozoários são significantemente
mais infecciosos que a maioria das bactérias intestinais. Cryptosporidium, Giardia e Entamoeba
podem causar infecção com menos de 10 (oo)cistos (Toze 2006).

Helmintos
Helmintos com significante risco à saúde encontrados em águas recicladas são Ascaris lumbricoides,
Ancylostoma duodenale, Necator americanus e Trichuris trichiura. A transmissão ocorre ou pela
ingestão de ovos ou pela penetração das larvas através da pele. Estes animais não se reproduzem no
solo ou na água. Também diferentemente de outros helmintos, estes apresentam ciclos de vida
simples, isto é, o ser humano geralmente é o único hospedeiro e transmissor dessas doenças (Toze
2006).

Fungos
Alguns fungos que podem estar presentes em águas de reuso são Aspergillus spp., Cryptococcus
neoformans, Paracoccidioides brasiliensis, Histoplasma capsulatum e Blastomyces dermatitidis. A
transmissão é aérea e normalmente se dará pela inalação de esporos ou de hifas desses fungos, que
estão presentes no ambiente, onde crescem e se multiplicam. Alguns crescem particularmente bem
em excretas de animais, como morcegos e aves. A água reciclada poderá ser contaminada a partir de
canaletas ou reservatórios d’água que estejam sujos e que permitam o acesso de animais.

6
Produtos da decomposição ou do metabolismo de microrganismos
Os principais produtos de decomposição e metabolismo de microrganismos de interesse são
endotoxinas, peptideoglicanos e betaglucanos. Eles permanecem no meio hídrico mesmo após a
morte dos microrganismos. As endotoxinas se originam de bactérias Gram-negativas, que são as
bactérias predominantes em águas residuais. A capacidade de endotoxinas de estimular o sistema
imunológico só é eliminada a altas temperaturas, como 160oC por 4 horas, portanto, são ativas por
muito mais tempo que o tempo de vida das próprias bactérias (Radon 2006).

Persistência dos microrganismos no ambiente


A persistência de microrganismos patogênicos varia no ambiente e isto deve ser levado em
consideração quando se determina o risco de diferentes patógenos na água reutilizada. Luz solar,
temperatura, oxigênio, pH, concentração de carbono orgânico e microrganismos nativos podem ser
muito eficientes na redução da sobrevivência e viabilidade de patógenos (Toze 2006). O
conhecimento desta influência ainda é incompleto e, somado à complexidade do ambiente que
recebe a água reutilizada, ainda é muito difícil prever a persistência de vários patógenos em
diferentes ambientes (Toze 2006).

5. Alguns aspectos de possíveis contaminantes químicos da água de reuso

Sílica
No caso das marmorarias, além do risco biológico, a água reutilizada poderá conter partículas sólidas
com diferentes teores de sílica em suspensão. Não existe estudo específico sobre a concentração de
partículas contendo sílica emitidas pela aerossolização da água de reuso.

Resíduos metálicos, óleos e graxas


Na água de reuso, podem estar presentes metais e substâncias orgânicas liberados das partes
metálicas, dos rebolos, das lixas, massas plásticas e resinas e dos lubrificantes e graxas utilizados no
processo.

6. Vias de exposição a aerossóis de água de reuso

Quando se pensa na relação entre água e doença, imediatamente se pensa nas consequências do
contato ocasional da água com pele e mucosas ou da ingestão diária de água. Assim, os indicadores
7
mais utilizados para se avaliar esta exposição são balneabilidade, potabilidade, ou indicadores da
qualidade da água como matéria-prima na indústria alimentícia, em cosméticos, em medicamentos e
outros produtos relacionados à saúde.

Do ponto de vista ocupacional, a respiração é a principal via de exposição a microrganismos e


substâncias químicas constituintes de aerossóis, e em geral essa exposição é repetida e constante.

As partículas com diâmetro aerodinâmico menor que 100 µm são partículas inaláveis, podendo
entrar em contato com o trato respiratório humano. Uma fração dessas partículas pode se depositar
na mucosa oral e das vias aéreas superiores, com uma possível deglutição.

Por outro lado, as partículas com diâmetro aerodinâmico maior que 100 µm podem se depositar
sobre a pele. E se estiverem transportando patógenos capazes de penetrar a pele, íntegra ou não,
poderão ser veículo para infecções locais ou sistêmicas.

Embora menos provável, o contato indireto com os contaminantes também é possível pela deposição
de aerossóis sobre superfícies e roupas, incluindo os EPIs.

Os efeitos à saúde decorrentes da exposição ocupacional a aerossóis de água de reuso permanecem


pouco estudados e muito pouco conhecidos.

7. Possíveis efeitos à saúde dos trabalhadores


Na literatura científica pesquisada não foram encontrados estudos sobre efeitos da exposição a
agentes biológicos ou químicos em aerossóis produzidos por operações a úmido em marmorarias.

Presumindo-se uma considerável variação na constituição destes aerossóis em função da qualidade


da água e do tipo de material processado, assim como das condições ambientais e climáticas, pode-
se considerá-los como misturas complexas de agentes tóxicos, alergênicos e infecciosos. Em função
disso, pode-se tentar prever quais seriam os sintomas e doenças relacionados à exposição a
bioaerossóis.

A maioria dos estudos dos efeitos da exposição a bioaerossóis foi realizada em setores produtivos
que têm em comum a exposição a poeiras orgânicas, como alguns segmentos da agroindústria
(produção e processamento de alimentos, grãos, fibras vegetais, têxtil, criação e abate de animais,
estufas), e nos setores de compostagem e de processamento de resíduos sólidos e de águas
residuais. Dentre esses, as condições ambientais do setor de tratamento de águas residuais parece
8
ser o que mais se assemelha ao caso das marmorarias, ressalvada a provavelmente menor carga
contaminante nos bioaerossóis produzidos em marmorarias. Os principais grupos de doenças
associadas com a exposição a bioaerossóis são “doenças infecciosas” e “doenças respiratórias”
(Douwes et al. 2003).

A alta umidade local também pode favorecer a ocorrência de problemas respiratórios, alergias e
dermatoses ocupacionais.

Doenças infecciosas

A Doença dos Legionários, assim como a Febre de Pontiac, são infecções transmitidas por
bioaerossóis contaminados por Legionella spp., particularmente Legionellae pneumophila. L.
pneumophila são bactérias Gram-negativas que podem estar presentes em sistemas de contenção e
distribuição artificiais de água, muitas vezes formando biofilmes em torres de resfriamento, sistemas
de ar condicionado, etc. Estas bactérias causam pneumonia, tornando-se inaláveis frequentemente
como resultado de processos de aerossolização (por exemplo, aeração de águas contaminadas).
Surtos foram reportados em vários locais de trabalho onde são usados sistemas de umidificação
(estocagem de frutas e vegetais;) ou de turbilhonamento e aspersão de água, por exemplo, em
balneários (Douwes et al. 2003).

Trabalhadores em plantas de tratamento de águas residuais estão potencialmente expostos aos


agentes de doenças infecciosas e parasitárias como hepatite A (vírus da Hepatite A), leptospirose
(Leptospira interrogans), gastroenterite (Helicobacter spp) ascaridíase (Ascaris lumbricoides),
giardíase (Giardia spp), embora os riscos sejam em geral baixos (Brugha et al.1998, Rylander 1999,
Douwes et al. 2001).

Doenças não infecciosas

Os sintomas respiratórios são os principais efeitos à saúde pela exposição a bioaerossóis no


tratamento de águas residuais, e resultam principalmente da inflamação das vias aéreas causada por
exposições a toxinas, agentes pró-inflamatórios ou alergênicos.

Em águas residuais, os microrganismos predominantes são as bactérias Gram-negativas (Lundholm e


Rylander 1983), as quais são fonte das endotoxinas que apresentam propriedades fortemente pró-
inflamatórias e estimulatórias da resposta imune, mesmo em quantidades muito pequenas (Radon
2006). Maiores concentrações de endotoxinas no ambiente de trabalho aumentam o risco de

9
bronquite crônica e de asma não atópica. Contudo, as endotoxinas parecem ter um mecanismo
protetor contra sensibilização a alérgenos (Radon 2006). Fadiga e irritações oculares ou sintomas
gastrointestinais como náusea, vômito e diarreia também foram encontradas em indivíduos expostos
a endotoxinas. Sintomas gripais (fadiga, febre, dores musculares/articulações, calafrio, dor de cabeça,
etc.) também são suspeitos de resultarem da exposição a endotoxinas.

Dermatoses

A temperatura e a umidade (Hosoi et al 2000) influenciam o aparecimento de dermatoses como


piodermites, miliária e infecções fúngicas. Trabalhadores expostos, sem proteção adequada nos pés
ou nas mãos, podem sofrer maceração causada pela umidade. No tecido plantar ou palmar pode
ocorrer o chamado pé de imersão e mão de imersão com comprometimento do tecido subungueal
(abaixo das unhas) e descolamento das unhas (onicólise). Nestas condições, as unhas ficam sujeitas à
infecção secundária por fungos, leveduras e bactérias (Brasil 2006).

Estas considerações acerca dos riscos pela exposição a aerossóis são apenas um ponto de partida
para uma reflexão e alerta dos riscos pela exposição a aerossóis resultantes da umidificação dos
processos em marmorarias.

8. Vigilância da saúde dos trabalhadores

Atualmente, não existe uma vigilância sistemática da saúde dos trabalhadores de marmorarias que
considere os possíveis riscos veiculados pela exposição a névoas de água de reuso. Um sinal
indicativo de eventuais problemas é o surgimento de sintomas inespecíficos.

A partir do uso extensivo do processo a úmido, sugere-se que as empresas realizem investigações
periódicas de sintomas relacionados a infecções e inflamações de vias aéreas e gastrointestinais, para
o que se sugere a utilização do questionário do Anexo I. Recomenda-se ainda que o risco de
exposição a aerossóis seja considerado na elaboração e implantação de programas em segurança e
saúde no trabalho previstos na legislação.

10
9. Infraestrutura mínima para o processo a úmido

Abastecimento de água
A água para o processo a úmido em marmorarias deve vir preferencialmente de sistemas públicos de
abastecimento.

Rede de distribuição da água na marmoraria


A rede de distribuição de água deve ter linhas e pontos suficientes, com vazão adequada para a
alimentação de máquinas e ferramentas manuais.

No caso das ferramentas pneumáticas, a qualidade da água deve estar de acordo com as
recomendações dos fabricantes, pois pode interferir no funcionamento e na vida útil das
ferramentas, danificando seus mecanismos internos.

As instalações hidráulica, elétrica e de ar comprimido devem ser projetadas para prevenir acidentes
tais como choque elétrico.

Escoamento do efluente
Os pisos devem ser projetados de forma que o efluente (água e lama) seja conduzido para canaletas
de escoamento.

Tanques de decantação
As canaletas devem estar integradas a tanques de decantação projetados para permitir a captação e
separação das diversas fases do efluente (água, lama, óleos/graxas e resíduos flutuantes). Os tanques
devem ser dimensionados de acordo com o volume de efluente previsto e o tempo de decantação é
importante para que partículas sólidas se depositem no fundo.

Descarte de efluente e lama


A lama deve ser descartada de acordo com a legislação pertinente no âmbito federal, estadual e
municipal. Em caso de reutilização, deve-se observar a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA, de 2002, que enquadra a lama como material de Classe B, passível de ser
beneficiada para utilização como matéria-prima ou produto.

Antes do descarte, a água deve ser tratada de acordo com a Resolução CONAMA 357/2005, e
legislações ambientais estaduais e municipais vigentes.

Preferencialmente, a água não deve ser reutilizada. Em marmorarias, por motivos econômicos e
ambientais, há uma tendência a se reutilizá-la. Neste caso, devem ser considerados os parâmetros
11
técnicos mínimos quando se prevê o contato da água com seres humanos, assim como medidas de
caráter preventivo da exposição dos trabalhadores às névoas contendo água e partículas sólidas,
como a adoção de equipamentos de proteção individual.

12
10. Qualidade da água de reuso

Não existe ainda uma regulamentação brasileira para a reutilização de água.

As Resoluções 274 e 357 do CONAMA classificam e regulamentam os padrões mínimos de águas e


efluentes, entre os quais se incluem os padrões de balneabilidade, para o caso de contato humano
primário.

A NBR 13.969/2005 também oferece parâmetros para reuso local do esgoto tratado, classificando a
água de acordo com a finalidade de uso (ABNT 1997). Para usos que requerem o contato direto do
usuário com a água, com possível aspiração de aerossóis pelo operador, a Classe 1 é recomendada,
sendo determinados parâmetros contidos na Tabela 1.

Tabela 1 Parâmetros para reuso local do esgoto tratado com possível contato direto com a água.
Parâmetro Valor
Turbidez <5
Sólidos suspensos totais (SST) < 200 mg/L
Coliformes fecais < 200 NMP/100 mL
Cloro residual 0,5 mg/L-1,5 mg/L
pH Entre 6,0-8,0
NMP: Número mais provável

Ainda segundo a NBR 13.969/2005, para se obter esse grau de qualidade geralmente serão
necessários tratamento aeróbio (filtro aeróbio submerso ou LAB) seguido por filtração convencional
(areia e carvão ativado) e, finalmente, cloração. Pode-se substituir a filtração convencional por
membrana filtrante.

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) publicou em 2005 a Resolução 54, que estabelece
modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reuso direto não potável de água. Essa
Resolução deverá ser regulamentada, estabelecendo-se diretrizes de qualidade da água de reuso.

Portanto, diante das poucas informações acerca do risco da exposição a névoas de água de reuso em
marmorarias, e da ausência de regulamentação da qualidade dessa água, recomenda-se que se utilize
água de sistemas públicos de distribuição ou dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos para a
umidificação dos processos em marmorarias.

Se a escolha for pela reutilização, recomenda-se que a água seja utilizada apenas em operações onde
não haja formação de névoas/aerossóis, como descarga de sanitários ou lavagem de pisos, por
exemplo.
13
11. Qualidade do efluente

Efluentes líquidos gerados por marmorarias vão variar em sua quantidade e composição, conforme
verificado em trabalho realizado no SENAI Mario Amato, localizado em São Bernardo do Campo, São
Paulo. Nesse trabalho foi feita uma verificação da composição dos sólidos suspensos nos efluentes
de três marmorarias diferentes, uma delas pertencente ao próprio SENAI, observando-se que houve
variação na proporção de sólidos inorgânicos (de 51,3% a 81,5%) e de sólidos orgânicos (de 18,5% a
48,7%) e na velocidade de sedimentação desses sólidos, parâmetro que deve ser observado para
posterior lançamento dos efluentes em rede de esgoto, pluvial ou corpo d’água (Bergo 2007). Este
trabalho reforça a necessidade de se avaliar os efluentes de cada marmoraria para que seja possível
fazer o dimensionamento mais adequado de um sistema de tratamento para essa água
anteriormente ao seu descarte ou possível reuso.

Lançamento em corpos d’água


Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados nos corpos de água se
obedecerem às condições e padrões da Resolução CONAMA 357/2005 e outras legislações aplicáveis.
Esta Resolução estabelece parâmetros para a qualidade do efluente líquido a ser lançado em águas
superficiais classes I, II, III e IV (é vedado qualquer lançamento nas águas da classe especial), tais
como rios, lagos, mares etc., desde que não comprometam as metas progressivas obrigatórias,
intermediárias e final, estabelecidas pelo enquadramento do corpo d’água. Na Tabela 2, abaixo,
estão descritos esses parâmetros:

Tabela 2 Parâmetros para lançamento em corpos d’água receptores.


Parâmetro Valor
Temperatura < 40ºC e variação < 3ºC no corpo receptor
PH 5,0 – 9,0
Materiais sedimentáveis ≤ 1 mL/L em teste de 1 h em cone Imhoff
Virtualmente ausentes em corpos d’água estagnados
Lançamento máximo ≤ 1,5 vezes a vazão média praticada
Coliformes fecais < 1.000 NMP/100 mL
Óleos e graxas óleos minerais: ≤ 20 mg/L
óleos vegetais e gorduras animais: ≤ 50 mg/L
Materiais flutuantes Ausentes
Microrganismos obrigatório tratamento para eliminação em efluentes de serviços de
patogênicos saúde e outros estabelecimentos com despejos infectados
Fonte: Resolução CONAMA 357/2005

14
Os órgãos ambiental federal, estadual e municipal poderão definir outros critérios e parâmetros
aplicáveis para a carga poluidora máxima ou ainda, excepcionalmente, autorizar o lançamento de
efluente acima das condições e padrões estabelecidos na Tabela 2 e na legislação, dependendo das
condições do corpo d’água receptor e respectivas metas obrigatórias, intermediárias e final,
estabelecidas pelo enquadramento do corpo d’água. Alguns dos parâmetros para enquadramento de
corpos de água doce são listados na Tabela 3.

Tabela 3 Parâmetros para enquadramento de corpos de água doce receptores.


Parâmetro Unidade Classe I Classe II Classe III Classe IV
DBO5,20 mg/L ≤3 ≤5 ≤ 10 –
Turbidez UNT ≤ 40 ≤ 100 ≤ 100 –
pH – 6,0 – 9,0 6,0 – 9,0 6,0 – 9,0 6,0 – 9,0
Oxigênio dissolvido mg/L ≥6 ≥5 ≥4 ≥2
Sólido dissolvidos totais mg/L ≤ 500 ≤ 500 ≤ 500 –
c
Coliformes célula/100 ≤ 200 ≤ 1.000 ≤ 1.000 –
termotolerantesa mL ≤ 250 a ≤ ≤ 250 a ≤ ≤ 2.500d
1.000b 1.000b ≤ 4.000e
Óleos e graxas – virtualmente virtualmente virtualmente iridescências
zero zero zero
Materiais flutuantes – virtualmente virtualmente virtualmente virtualmente
(inclusive espumas não zero zero zero zero
naturais)
Sólidos sedimentáveis – – – – virtualmente
zero
a. não devem exceder em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com
frequência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de
acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;
b. Resolução CONAMA 274 de 2000 para recreação de contato primário;
c. dessedentação de animais de criação;
d. recreação de contato secundário;
e. parâmetro para os demais usos.
Fonte: Resolução CONAMA 357/2005

Dispositivos de lançamento
Devem ser previstas proteções adequadas para o lançamento do efluente no corpo receptor, de
modo a não causar erosão na margem ou para não causar obstrução no fluxo da água ou trânsito das
pessoas. Estas proteções devem ser aprovadas por órgãos competentes quanto à sua instalação,
devendo ser resistentes contra enchentes ou marés, além de evitar o refluxo da água na ocasião
daquelas.
15
Lançamento em sistemas de esgoto (Estado de São Paulo)
De acordo com o Decreto Estadual nº 8.468, de 08/09/1976, no Estado de São Paulo, o efluente pode
ser lançado em sistema de esgoto provido de tratamento com capacidade e de tipo adequados,
desde que satisfaça os requisitos da Tabela 4.

Tabela 4 Parâmetros para lançamento de efluentes em sistema de esgoto no Estado de São Paulo.
Parâmetro Valor
pH 6,0 – 10,0
Temperatura < 40°C
Materiais sedimentáveis ≤20 mL/L em teste de 1 h em “cone Imhoff”
Óleos e graxas visíveisb Ausentes e concentração máxima
Substâncias solúveis em hexano ≤150 mg/L
Gasolina, óleos leves e substâncias explosivas ou inflamáveis Ausentes
Despejos que causam ou possam causar obstrução das Ausentes
canalizações ou qualquer interferência na operação do
sistema de esgotos
Qualquer substância em concentração potencialmente tóxica Ausentes
a processos biológicos de tratamento de esgotos
Arsênico (Ar)a, b 1,5 mg/L
Cádmio (Cd)a, b 1,5 mg/L
Chumbo (Pb)a, b 1,5 mg/L
Cobre (Cu)a, b 1,5 mg/L
Cromo hexavalenteb 1,5 mg/L
Mercúrio (Hg)a, b 1,5 mg/L
Prata (Ag)a, b 1,5 mg/L
Selênio (Se)a, b 1,5 mg/L
Cromo totala, b 5,0 mg/L
Zinco (Zn)a, b 5,0 mg/L
Estanho (Sn)a, b 4,0 mg/L
Níquel (Ni)a, b 2,0 mg/L
Cianetob 0,2 mg/L
Fenolb 5,0 mg/L
Ferro solúvel (Fe++)b 15,0 mg/L
Fluoretob 10,0 mg/L
Sulfetob 1,0 mg/L
Sulfatob 1000 mg/L
Regime de lançamento 24 h/dia
Vazão máxima 1,5X vazão diária
Águas pluviais Ausentes
a Total acumulado de Ar, Cd, Pb, Cu, Hg, Ag, Se, Cr total, Zn, Sn, Ni = 5,0 mg/L
b desde que não seja afetado o bom funcionamento dos elementos do sistema de esgotos, a entidade responsável pela sua operação
poderá, em casos específicos, admitir a alteração dos valores fixados, devendo comunicar tal fato à CETESB

16
Outros critérios para a disposição do efluente no sistema público de esgotos no Estado de São Paulo
são estabelecidos no Decreto nº 8.468, de 08/09/1976.

Lançamento em galerias de águas pluviais


O efluente pode ser lançado nas galerias de águas pluviais, desde que satisfaça aos seguintes
requisitos:
a) possuir padrões de características físico-químico e biológicas de lançamento ao corpo receptor
para onde a galeria lança suas águas (classes I, II, III e IV).
b) O padrão mínimo de lançamento na galeria deve ter características conforme a Tabela 5. Os
parâmetros dessa tabela devem ser verificados em pelo menos 80% das amostras coletadas ao longo
do período de 12 meses, em intervalos regulares.

Tabela 5 Valores para lançamento nas galerias de águas pluviais.


Parâmetro Valor
DBO5,20 < 60 mg/L
DQO < 150 mg/L
pH 6,0 – 9,0
Oxigênio dissolvido > 1,0 mg/L
Sólidos sedimentáveis < 0,5 mg/L
Sólidos não filtráveis < 50 mg/L
Temperatura < 40°C
Coliformes fecais < 1.000 NMP/100 mL
Óleos e graxas < 50 mg/L
Cloro residual livre > 0,5 mg/L
Fonte: NBR 13969:1997.
c) Todos os efluentes lançados nas galerias de águas pluviais devem sofrer desinfecção. Esta deve ser
efetuada de forma criteriosa, compatível com a qualidade do corpo receptor e segundo as diretrizes
do órgão ambiental.

Entre as alternativas existentes para cloração foi selecionado o método de cloração por gotejamento
(hipoclorito de sódio) e por pastilha (hipoclorito de cálcio), uma vez que estes representam menor
preocupação em nível operacional.

O menor tempo de detenção hidráulica para o contato ser considerado é de 30 min. Para o caso de
hipoclorito, devem ser observadas as especificações constantes na NBR 11887.

O esgoto clorado deve conter, após o tempo de contato, uma concentração de cloro livre de pelo
menos 0,5 mg/L.
17
d) deve ser dada autorização pelo órgão local competente para o lançamento do efluente tratado na
galeria de águas pluviais.

12. Considerações para redução do risco da exposição à água de reuso

Evidências recentes sugerem que muitos dos métodos de tratamento podem não eliminar
completamente os riscos da presença de microrganismos. Até que haja um melhor conhecimento, os
tratamentos requeridos permanecerão mais conservadores do que talvez seria necessário. E mesmo
assim, a exposição deve ser limitada por meio de projetos ou controles operacionais como, por
exemplo, uma regulagem das ferramentas.

Os próprios processos ambientais podem representar outra barreira potencialmente significante para
a redução do risco de microrganismos patogênicos na água de reuso. Apesar disso ainda são
necessárias mais informações sobre sua eficácia contra a persistência de microrganismos patogênicos
e a presença potencial de patógenos ainda precisa ser tratada como um risco real e significante, não
se podendo confiar na influência de fatores ambientais naturais para a redução da persistência dos
mesmos.

13. Conclusões
Apesar do aparente baixo risco à saúde pela exposição a aerossóis de água de reuso, o nível de risco
dessa exposição ainda precisa ser melhor estabelecido por estudos mais sensíveis e definitivos que
avaliem compreensivamente a capacidade de patógenos e contaminantes como a sílica e outros
presentes em aerossóis causarem doenças.

Uma das maneiras de se estabelecer a relação entre a ocorrência de possíveis doenças e a exposição
à água de reuso é por meio da avaliação sistemática do estado de saúde dos trabalhadores que estão
sujeitos à exposição a esta água. Esta avaliação deve permitir a detecção precoce de problemas de
saúde, possibilitando assim uma intervenção rápida e diminuindo a chance de que estes
trabalhadores desenvolvam danos mais graves à sua saúde. Um sinal indicativo desses problemas é o
surgimento de sintomas inespecíficos que podem estar relacionados. Para avaliação dessa relação,
sugere-se que as empresas realizem investigações periódicas de sintomas relacionados a infecções e
inflamações de vias aéreas e gastrointestinais, para o que se sugere a utilização do questionário do
Anexo I.

18
Além disso, a reutilização só deve ser adotada após um tratamento adequado, que leve em conta os
possíveis riscos veiculados pela água, os parâmetros mínimos já estabelecidos internacionalmente, as
características peculiares do processo e a regulamentação nacional. Estes requisitos, contudo,
determinam projetos potencialmente muito caros para serem viáveis para marmorarias de pequeno
e talvez de médio porte.

Depois que os riscos estiverem bem definidos e o reuso esteja regulamentado no país, somente optar
pelo reuso para umidificação de processos após criterioso estudo dos possíveis contaminantes,
adequado tratamento do efluente, padronização do número de ciclos de reuso e tratamento final do
efluente de acordo com sua disposição local, adequando-se às recomendações e regulamentações já
existentes - nacionais e/ou internacionais (CNRH 2005, Estados Unidos 2004, Austrália 2007).

Portanto, considerando a dificuldade em atualmente estabelecer o nível de risco da exposição a


aerossóis e o provável alto custo dos tratamentos envolvidos, recomenda-se a não reutilização de
água em processos que produzam névoas, como o corte e acabamento em marmorarias, limitando
sua reutilização à descarga de sanitários ou à lavagem de pisos, por exemplo.

14. Referências bibliográficas


1. Brasil. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Portaria SIT nº 43, de 11 de março de 2008. Proíbe o
processo de corte e acabamento a seco de rochas ornamentais e altera a redação do Anexo 12 da
Norma Regulamentadora nº 15. Diário Oficial da União de 12/03/2008, republicada em
13/03/2008.

2. Bon AMT. Exposição ocupacional à sílica e silicose entre trabalhadores de marmorarias, no


Município de São Paulo. São Paulo; 2006. [Tese de Doutorado – Faculdade de Saúde Pública da
USP].

3. Santos AMA, Cançado RZL, Anjos RM, Amaral NC, Lima LCA. Características da exposição
ocupacional a poeiras em marmorarias da cidade de São Paulo. Rev. Bras. Saúde Ocup., v. 32, n.
116, p. 11-23, 2007.

4. Santos AMA. Exposição ocupacional a poeiras em marmorarias: tamanhos de partículas


característicos. 2005. 191 f. Tese (Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Minas)-Escola de
Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005.

19
5. Cunha IA. Exposição ocupacional à vibração em mãos e braços em marmorarias no município de
São Paulo: proposição de procedimento alternativo de medição. 2006. 153 f. Tese (Doutorado em
Engenharia)-Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

6. Brasil. Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Resolução nº 54, de 28 de novembro de


2005. Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reuso direto não
potável de água, e dá outras providências. Brasília, DF, 2005.

7. Hespanhol I, Gonçalves O. Conservação e reuso de água. Manual de Orientações para o Setor


Industrial. São Paulo: Fiesp, Ciesp, 2005. v.1.

8. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Manual de conservação e


reuso da água na indústria, 2006.

9. São Paulo (Estado). Decreto nº 8.468, de 8 de setembro de 1976. Aprova o Regulamento da Lei nº
997, de 31 de maio de 1976, que dispõe sobre a Prevenção e Controle da Poluição do Meio
Ambiente.

10. Brasil. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 274, de 29 de novembro
de 2000. Brasília, DF, 2000.

11. Brasil. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 357, de 17 de março de
2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá
outras providências. Brasília, DF, 2005a.

12. Ruzer L.S., N. H. Harley. Aerosols handbook, measurement, dosimetry, and health effects. Boca
Raton (FL): CRC press, 2005.

13. Toze S. Water reuse and health risks – real vs perceived. Desalination 2006; 187: 41-51.

14. Radon K. The two sides of the “endotoxin coin”. Occup Environ Med 2006; 63:73-78.

15. Douwes J, Thorne P, Pearce N, Heederik D. Bioaerosol health effects and exposure assessment:
progress and prospects. Ann Occup Hyg. 2003; 47(3):187-200.

16. Brugha R, Heptonstall J, Farrington P. Risk of hepatitis A infection in sewage workers. Occup
Environ Med 1998; 55: 567-569.

20
17. Ryllander R. Health effects among workers in sewage treatment plants. Occup Environ Med 1999;
56: 354-357.

18. Douwes J, Mannetje A, Heederik D. Work-related symptoms in sewage treatment workers. Ann
Agri Environ Med 2001; 8: 39-45.

19. Lundholm M, Rylander R. Work related symptoms among sewage workers. Br J Ind Med. 1983
Aug;40(3):325-9.

20. Hosoi j, Hariya T, Denda MT. Regulation of the cutaneous allergic reaction by humidity. Contact
Dermatitis., [S. l.], v. 42, p. 81-84, 2000.

21. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à Saúde. Departamento de Ações


Programáticas Estratégicas. Dermatoses Ocupacionais. Brasília : Editora do Ministério da Saúde,
2006. 92 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Saúde do Trabalhador ; 9).

22. Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR 13969: Tanques sépticos - Unidades de
tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e
operação. Rio de Janeiro, 60 p., 1997.

23. Bergo JRF. Proposição de um sistema para tratamento e reuso de água para a oficina de rochas
ornamentais da Escola SENAI Mario Amato (São Bernardo do Campo/SP). Monografia para a
disciplina de Projetos Ambientais da Faculdade Senai de Tecnologia Ambiental/SBC, São Bernardo
do Campo, 2007, 194 p.

24. Estados Unidos. Environmental Protection Agency (EPA). Guidelines for water reuse. Washington,
DC: Environmental Protection Agency; 2004. Publication no. EPA/625/R-04/108. Available at
http://www.epa.gov/ORD/NRMRL/pubs/625r04108/625r04108.pdf .

25. Australia. Department of Employment and Industria Relations. Workplace Health and Safety
Queensland. Guide to workplace use of non-potable water including recycled waters, 2007.
Disponível em: www.health.gov.au/nhmrc/publications/synopses/eh19syn.htm (accessado em
Maio/2008).

21
Glossário

Aerossol: partícula sólida ou líquida suspensa no ar, com tamanho variando de 0,002 µm a mais de
100 µm (micrometros).

Aerossol líquido: ver névoa.

Agente infeccioso: é o microrganismo (vírus, bactéria, fungo, protozoário, helminto) capaz de


produzir infecção ou doença infecciosa.

Agente tóxico: qualquer substância, ou seus metabólitos, capaz de produzir um efeito tóxico (nocivo,
danoso) num organismo vivo, ocasionando desde alterações bioquímicas e prejuízo de funções
biológicas até a morte sob certas condições de exposição.

Água de reuso: água que, após o uso, é reutilizada depois do tratamento em outra atividade, como as
domésticas, industriais ou agrícolas, liberando as águas de melhor qualidade para usos mais
restritivos e nobres, como o abastecimento público e dessedentação de animais. A reutilização da
água ocorre espontaneamente na própria natureza, como resultado do ciclo hidrológico, ou após a
ação humana, de forma planejada ou sem controle. Veja também a definição de reutilização.

Água potável: Água limpa, apropriada para o consumo humano e animal, própria para beber e
cozinhar sem riscos à saúde. É fundamental para a vida humana e é obtida, em geral, através de
tratamentos da água bruta que eliminam qualquer impureza. A água, para ser considerada potável,
tem que atender aos chamados “padrões de potabilidade”. Veja também a definição de padrões de
potabilidade.

Alérgeno: material ou substância capaz de causar alergia, que é uma resposta exagerada do
organismo, ou hipersensibilidade, ao entrar em contato com esses materiais ou substâncias de
origem ambiental.

Alergênico: qualidade do material ou da substância capazes de causar alergia.

Bactéria: organismo microscópico, unicelular, que se reproduz por divisão e se encontra virtualmente
em todo o meio ambiente. Geralmente menor que um micrometro (um milésimo de um milímetro)
de comprimento. Formas típicas incluem: bastonete (bacilo), esférico (cocos) e espiral (espirilos).

22
Bactérias Gram-negativas: bactérias que adquirem cores vermelho ou rosa quando tratadas pelo
método de Gram. Possuem parede celular composta de uma camada fina de peptideoglicano coberta
por uma membrana externa de lipoproteína e lipopolissacarídeo. Em oposição: bactérias Gram-
positivas, que ficam roxas, violetas ou azuis escuras após coloração pelo método de Gram.

Betaglucano: polímero de glicose originado da maioria dos fungos, de algumas bactérias, da maioria
das plantas superiores e de muitas plantas inferiores.

Bioaerossol: aerossóis que podem conter microrganismos inteiros e ativos (vírus, bactérias, fungos,
protozoários), microrganismos inteiros e dormentes (esporos de fungos e plantas inferiores, cistos de
protozoários); pólen; e fragmentos de células (de poeiras de grãos e de madeira, excretas e
descamações do corpo de artrópodes e partículas da pele, saliva, fezes e urina). O bioaerossol pode
estar imerso em líquido (normalmente água), e seu tamanho pode variar de 0,02 µm a 100 µm.

Biofilme: camada composta por vários microrganismos agregados aderidos a uma superfície, que se
forma em quase todas as superfícies imersas em solução aquosa. Os microrganismos que compõem
um biofilme podem ser de uma ou várias espécies, dependendo das condições ambientais. Para
formar um biofilme, inicialmente alguns organismos aderem a uma superfície e passam a se
desenvolver, liberando para o ambiente diversas substâncias que passam a atuar como substrato
para a aderência de outros microrganismos. A esse conjunto de todos os microrganismos e das
substâncias que os unem denomina-se biofilme.

Cisto: forma de resistência de certos protozoários, que possui uma película ou cápsula protetora
envolvendo uma forma capaz de desenvolver-se quando encontrar o ambiente adequado.

Corpo d’água (corpo hídrico): denominação genérica para qualquer manancial hídrico; curso d’água,
trecho de rio, reservatório artificial ou natural, lago, lagoa ou aquífero subterrâneo.

DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio. É a forma mais utilizada para se medir a quantidade de
matéria orgânica presente em um corpo d'água, ou seja, mede-se a quantidade de oxigênio
necessário para estabilizar a matéria orgânica com a cooperação de bactérias aeróbias. Assim, a DBO
é a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica por decomposição microbiana
aeróbia para uma forma inorgânica estável. A DBO é normalmente considerada como a quantidade
de oxigênio consumido durante um determinado período de tempo, numa temperatura de incubação
específica. Um período de tempo de 5 dias numa temperatura de incubação de 20oC é

23
frequentemente usado e referido como DBO5,20. Quanto maior o grau de poluição orgânica, maior
será a DBO. A presença de um alto teor de matéria orgânica pode induzir à completa extinção do
oxigênio na água, provocando o desaparecimento de peixes e outras formas de vida aquática. Um
elevado valor da DBO pode indicar um incremento da microflora presente e interferir no equilíbrio da
vida aquática, além de produzir sabores e odores desagradáveis e ainda poder obstruir os filtros de
areia utilizados nas estações de tratamento de água.

Dermatose: qualquer afecção da pele.

Diâmetro aerodinâmico equivalente: É definido como o diâmetro de uma partícula esférica de


densidade igual a uma unidade. É usado para prever onde a partícula em questão se depositará no
trato respiratório. Em geral, partículas têm formas irregulares que dificultam a medida do diâmetro
geométrico.

Doenças de origem hídrica: são aquelas causadas por determinadas substâncias químicas, orgânicas
ou inorgânicas, presentes na água em concentrações inadequadas, em geral superiores às
especificadas nos padrões para águas de consumo humano.

Doenças de transmissão hídrica: são aquelas em que a água atua como veículo de agentes
infecciosos. Essas doenças podem ser causadas por bactérias, fungos, vírus, protozoários e helmintos.

Dose infectante: quantidade de microrganismos necessária para causar uma doença.

DQO: Demanda Química de Oxigênio. Quantidade de oxigênio consumida para oxidação da matéria
orgânica contida na água, estimada através da reação química, utilizando o dicromato de potássio
como reagente, sob condição ácida e quente.

Efluentes: subprodutos líquidos ou gasosos da atividade humana considerados sem serventia e


lançados no meio ambiente. Incluem-se entre os efluentes os esgotos domésticos e os efluentes
gasosos ou líquidos gerados pelas indústrias. Nas marmorarias, os efluentes líquidos são compostos
pela mistura de água com partículas finas de rochas. O lançamento de efluentes líquidos é feito, em
geral, em cursos d’água, lagos ou aquíferos, com ou sem tratamento, e com a finalidade de
transportá-los e diluí-los.

Endotoxina: componente (lipopolissacarídeo) da parede celular de bactérias Gram-negativas,


normalmente liberado para o meio após a morte e decomposição destas bactérias.

24
Esporo: estrutura reprodutiva que é adaptada para a dispersão e a sobrevivência do organismos por
períodos extensos em condições desfavoráveis. Os esporos são uma fase do ciclo de vida de muitas
bactérias, plantas, algas, fungos e alguns protozoários.

Esgoto doméstico: é aquele que provém principalmente de residências, estabelecimentos


comerciais, instituições ou quaisquer edificações que dispõem de instalações de banheiros,
lavanderias e cozinhas. Compõe-se essencialmente de água de banho, excretas (fezes humanas e
urina), papel higiênico, restos de comida, sabão, detergentes e águas de lavagem.

Fração respirável da poeira: ver partículas respiráveis.

Fungo: organismos que se alimentam principalmente de material orgânico ou de seres vivos mortos e
que possuem uma parede celular quitinosa. A maioria das espécies cresce formando filamentos com
várias células, as hifas, que juntas constituem o micélio. Algumas espécies também são unicelulares.
A reprodução sexuada e assexuada ocorre normalmente por meio de esporos, mas alguns fungos
perderam a capacidade de se reproduzir e se propagam apenas por crescimento vegetativo.
Leveduras, bolores e cogumelos são exemplos de fungos.

Hifas: filamentos multicelulares e ramificados de um fungo e que compõem o micélio, que é a


estrutura vegetativa (não reprodutiva) destes organismos.

Levedura: fungo unicelular microscópico que se reproduz por germinação. As principais leveduras
patogênicas para o homem são Candida albicans e Cryptococcus neoformans.

Gotículas: são partículas líquidas com diâmetros maiores que 5 µm, podendo conter partículas
sólidas ou microrganismos infecciosos imersos, de tamanho inferior a 5 µm, chamados então de
núcleos de gotículas. Com tamanho intermediário entre pingos e núcleos de gotículas, as gotículas
tendem a sedimentar e a se depositar sobre as superfícies rapidamente, de modo que o risco de
transmissão de doença seja geralmente limitado a pessoas próximas à fonte de gotículas.

Helminto: verme parasita do homem ou dos animais.

Hospedeiro: organismo que alberga o parasita.

Infecção: penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um microrganismo ou parasita no


organismo humano ou animal, podendo causar doença ou não.

25
Insumo: elementos necessários para a produção de mercadorias ou serviços tais como matérias-
primas, energia, equipamentos, horas de trabalho, etc.

Microrganismo: organismo vivo, invisível a olho nu devido às suas pequenas dimensões.

Microrganismo patogênico: ver patógeno.

Micrometro: unidade de medida que equivale à milionésima parte do metro.

Névoa: aerossol de partículas líquidas, geralmente formadas por ruptura física de líquidos, tais como
a nebulização, aspersão ou borbulhamento.

Núcleo de gotícula: partícula menor que 5 µm resultante da desidratação da gotícula.

Oocisto: cisto contendo a forma ativa de protozoários; uma das fases do ciclo de vida de vários
parasitas (ex.: Cryptosporidium spp. e Cyclospora spp.).

Padrão de potabilidade: padrão que inclui parâmetros físicos (cor, turbidez, odor e sabor), químicos
(presença de substâncias químicas) e microbiológicos (presença de microrganismos vivos), com a
finalidade de garantir à água suas características de água potável. Veja também a definição de água
potável.

Parasita: organismo que, durante uma parte ou a totalidade da sua existência, se nutre permanente
ou temporariamente com substâncias produzidas por outro ser vivo sem destruir este último, exceto
nos casos relativamente raros em que os parasitas são excessivamente numerosos.

Parasita obrigatório: organismo que só sobrevive instalando-se em outro ser. Retira dele matéria
orgânica para sua nutrição, causado-lhe, em consequência, danos de intensidades variáveis.

Partículas inaláveis: fração do material particulado composta por partículas de diâmetro


aerodinâmico menor que 100µm, capazes de entrar pelas narinas e pela boca, penetrando no trato
respiratório durante a inalação.

Partículas torácicas: fração do material particulado composto de partículas menores que 25µm,
podendo passar pela laringe, entrar pelas vias aéreas superiores e penetrar nas vias aéreas dos
pulmões.

26
Partículas respiráveis: fração do material particulado composto por partículas menores que 10µm e
capazes de penetrar além dos bronquíolos terminais e se depositar na região de troca de gases dos
pulmões.

Patogênico: que produz doença. Agente patogênico, o mesmo que patógeno.

Patógeno: organismos microscópicos como bactérias, vírus, fungos, etc., que podem causar doenças.

Peptideoglicano: componente da parece celular de bactérias, mais proeminente em bactérias Gram-


positivas.

Poeira: aerossol constituído de partículas sólidas transportadas pelo ar, com tamanho na faixa de
menos de 1 µm a 100 µm, e que são originados pela desintegração mecânica de um material sólido.

Protozoário: organismo microscópico formado por uma só célula e dotado de movimentos durante
grande parte de sua vida, deslocando-se com o auxílio de pseudópodes, de flagelos ou de cílios
vibráteis.

Reservatório: é qualquer material ou organismo vegetal, animal ou humano onde vive e multiplica-se
um patógeno e a partir do qual é capaz de ser transportado a hospedeiros ou a outros reservatórios.

Reutilização: uso das águas de forma reciclada no processamento industrial, ou seja, é o reuso da
água no processo industrial.

Vírus: agente infeccioso que é um parasita obrigatório das células de um hospedeiro, portanto só se
reproduzindo dentro delas.

Trato respiratório: inclui nariz, boca, faringe, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos e alvéolos.

27
Anexo I – Questionário
Avaliação do efeito da exposição a aerossóis de água de reuso em marmorarias

Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Data de Nascimento: ____________________


Data do questionário: _______________________________ Entrevistador: __________________________

QUESTÕES SOBRE TRABALHOS PRÉVIOS

1. Antes do trabalho atual, você já trabalhou em ambiente úmido ou com névoa?


( ) Sim
( ) Não → ir para a questão 3

2. Qual tipo de trabalho? Quantos anos?


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QUESTÕES SOBRE O TRABALHO ATUAL

3. Há quantos anos você trabalha no atual emprego? _____ anos

4. Quantos dias por semana você trabalha normalmente? _____ dias

5. Quantas horas por dia você trabalha normalmente? _____ horas

6. Em quais tipos de trabalho você está exposto a névoas? Horas trabalhadas


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7. Quantas horas você trabalhou hoje? _____ Horas

8. Você sempre usa proteção respiratória durante o trabalho?


( ) Sim
( ) Não → ir para a questão 11

9. Com que frequência você usa proteção respiratória quando está exposto a névoas?
( ) 80-100% do tempo
( ) 50-79% do tempo
( ) Menos que 50%
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10. Quantos anos você usou máscaras para névoas? _____ Anos

11. Você frequentemente (mais que um terço do tempo) apresenta qualquer um dos seguintes
sintomas?
Relacionado ao Interfere com Melhora Piora no primeiro dia
trabalho o trabalho durante as após a férias
férias
Não Não
Sim Não Sim Não sei Sim Não Sim Não Sim Não sei
Sintomas respiratórios
Tosse seca ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Tosse com catarro ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Chiado no peito ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Aperto no peito ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Falta de ar ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Irritação nasal ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Irritação na garganta ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Sinusite ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Sintomas gerais
Febre ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Dor de cabeça ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Vertigem ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Náusea ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Fadiga ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Dores nas juntas ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Problemas cutâneos ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Irritação ocular ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

12. Os sintomas pioram em algum dia específico da semana?


( ) Sim → Que tipo de sintomas? _______________________ Em qual dia? ________
( ) Não

13. Alguns dos sintomas causaram afastamento por doença?


( ) Sim → Que tipo de sintomas? _______________________
( ) Não

14. Você usa medicamentos regularmente para o controle dos sintomas?


( ) Sim → Que tipo de medicamento? _______________________
( ) Não

15. Você tem outros sintomas que você acredita que possam estar relacionados ao trabalho?
( ) Sim → Que tipo de sintomas? _______________________
( ) Não

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16. Você tem tosse com catarro na maioria das manhãs (peito)?
( ) Sim → ( ) Menos que 3 meses por ano
( ) Mais que 3 meses por ano
( ) Não → Ir para a questão 18
17. Há quanto tempo você tem tosse com catarro?
( ) Menos que 2 anos
( ) Mais que 2 anos

18. Você sempre sente aperto no peito relacionado ao trabalho?


( ) Sim
( ) Não → Ir para a questão 20

19. O aperto no peito ocorre em algum dia em particular?


( ) Sim → Especificar ( ) Na maioria das vezes somente nos primeiros dias de retorno ao trabalho
( ) Outro(s) dia(s) também
( ) Somente outros dias
( ) Não

20. Você teve, durante o último ano, episódios semelhantes a gripe (febre, calafrio, mal estar, tosse,
fadiga, fraqueza, dores musculares e nas juntas) relacionados com seu trabalho?
( ) Sim
( ) Não → Ir para a questão 24

21. Quantas vezes? _____ Vezes

22. Em quais ocasiões estes sintomas ocorreram? ______________________


( ) Não sei

23. Quanto tempo durou?


( ) Até o dia seguinte
( ) Muitos dias
( ) Não sei

24. Quantas vezes por ano você tem resfriados?


__________ Vezes ( ) Continuamente

25. Depois de adulto, você teve pneumonia diagnosticada por um médico?


( ) Sim
( ) Não → Ir para a questão 27

26. Quantas vezes? __________ Vezes

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27. Você apresenta qualquer uma das seguintes doenças? Especificar _________________________
Verificado pelo médico
Sim Não Sim Não
Febre do feno ( ) ( ) ( ) ( )
Eczema ( ) ( ) ( ) ( )
Asma ( ) ( ) ( ) ( )
Alergia a alimentos ( ) ( ) ( ) ( )
Alergia a poeira doméstica ( ) ( ) ( ) ( )
Alergia a animais ( ) ( ) ( ) ( )
Alergia a metais ( ) ( ) ( ) ( )
Alergia a alguma outra coisa no seu ambiente ( ) ( ) ( ) ( )
Especificar __________________________

28. Você apresenta qualquer um dos seguintes sintomas?


Antes do Durante ou após Quanto isso o incomoda?
trabalho o trabalho
Muito
Sim Não Sim Não Sim Não Pouco Mode-
rado
Tosse seca ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Tosse com catarro ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Chiado no peito ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Aperto no peito ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Falta de ar ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Irritação nasal ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Irritação na garganta ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Sinusite ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Febre ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Dor de cabeça ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Vertigem ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Náusea ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Fadiga ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Dores nas juntas ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Problemas cutâneos ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Irritação ocular ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

QUESTÕES SOBRE TABAGISMO

29. Você fuma?


( ) Sim
( ) Não

30. Você já fumou pelo menos 1 cigarro ao dia por ano?


( ) Sim

31
( ) Não → Ir para a questão 35

31. Quantos cigarros por dia? _____ cigarros/dia

32. Com que idade começou a fumar? _____ anos

33. Tabagismo em anos/maço? __________

Para ex-fumantes

34. Há quantos anos parou de fumar? _____ anos

35. Há qualquer outra coisa que você gostaria de dizer a respeito dos seus sintomas ou do trabalho?
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Adaptado de:
Rylander R, Peterson Y, Donham KJ (1990): Questionnaire evaluating organic dust exposure. Am J Ind Med 17:121-126.

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