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O fósforo (P) é essencial para o crescimento da planta. O elemento está


presente em cada célula viva, da planta e do animal. O fósforo é um dos 16
nutrientes essenciais que as plantas necessitam para o crescimento e a
reprodução. Ele é considerado um dos t rês macronutrientes, juntamente com o
nitrogênio (N) e o potássio (K).
Nas plantas, o fósforo promove a conversão da energia solar em
alimento, fibra e óleo. O fósforo promove a formação inicial e o
desenvolvimento da raiz, o crescimento da planta; aceler a a cobertura do solo
para a proteção contra a erosão; afeta a qualidade das frutas, dos vegetais e
dos grãos, e é vital para a formação da semente. O uso adequado de P
aumenta a eficiência da utilização de água pela planta bem como a absorção e
a utilização de todos os outros nutrientes, venham eles do solo ou do adubo.
Contribui para aumentar a resistência da planta a algumas doenças. Ajuda a
cultura a suportar baixas temperaturas e a falta de umidade acelera a
maturação e protege o solo mediante melhor cobertura vegetal.
A indústria de fertilizante fosfatado foi desenvolvida para suprir a
necessidade do solo e fornecer formas prontamente disponíveis de P, que
podem ser facilmente transportadas e aplicadas. A quantidade de fósforo a
aplicar dependerá da análise do solo, considerando-se principalmente o nível
de P existente e a textura do solo. Solos de textura média e arenosa
geralmente necessitam de menores doses de fósforo do que os de textura
argilosa, que apresentam maior poder de fixação do nutriente.
O fósforo é obtido através das rochas de depósitos de origem ígnea,
sedimentar ou biogenética, sendo os dois primeiros mais importantes do ponto
de vista econômico. Em termos mundiais mais de 99% dos fertilizantes
fosfatados são produzidos a partir de res ervas de rochas fosfáticas. Uma
quantidade muito pequena é fornecida na forma de escórias básicas, um
subproduto da indústria do aço.
O mineral predominante é a apatita. Sua fórmula geral é Ca 10(PO4)6(X)2,
onde X pode ser F -, Cl- ou OH-. Sendo a fluorapatita de ocorrência mais comum
(Furtini Neto et al., 2001). Outro mineral que ocorre, porém em menor
intensidade, são as fosforitas, que são fosfatos de cálcio com substituição
parcial do PO 43- por CO32-, Mg e Na (Lopes et al., 2004). A riqueza em fósforo
é expressa pelo seu conteúdo porcentual de P 2O5 (pentóxido de fósforo), em P
elementar ou pelo equivalente em fosfato tri-cálcio, Ca3(PO4)2.
As principais reservas mundiais de minérios fosfatados são encontradas
associadas a sedimentos marinhos e localizam-se, principalmente, nos Estados
Unidos, sudeste do México, Marrocos e Oriente Médio.
Já os minérios fosfatados originários de depósitos ígneos estão
presentes na África do Sul, Rússia, Finlândia e Brasil (DNPM, 2000; 2006;
Souza, 2001).
O Brasil é atualmente o maior produtor de fosfato da América do Sul e
está entre os 10 principais produtores do mundo (Anuário Mineral do DNPM,
2008). Essa posição de destaque é devida principalmente a produção oriunda
dos depósitos magmáticos associados a complexo s alcalinos/carbonaticos,
como o de Araxá.
Quase todo fosfato de rocha é explorado por mineração superficial as
chamadas lavras a céu aberto (Malavolta, 1981). Estes fosfatos contém cerca
de 15% de P 2O5 e precisam ser concentrados, para serem utilizados usados
como fertilizante (Lopes, 1998). Após a retirada de blocos desagregados da
rocha estes seguem para a usina de beneficiamento. Uma série de tratamentos
remove a maior parte da argila e de outras impurezas elevando o teor de P 2O5
para 30% a 35%.
Após o beneficiamento, o fosfato de rocha é finamente moído, e já
constituem os chamados fosfatos naturais ou fosfatos naturais reativos (Phillips
& Webb, 1971 citado por Malavolta, 1981, Furtini Neto et al., 2001). A maior
parte deste material é tratado para t ornar o fósforo mais solúvel, via de regra os
fertilizantes fosfatados são classificados em tratados com ácidos ou
processados termicamente.
O fósforo tratado com ácidos é sem dúvida o mais importante. De forma
geral a partir do tratamento da rocha com áci do sulfúrico (H2SO4) é produzido o
ácido fosfórico (H3PO4), ácido fluorídrico (HF) e gesso (Ca SO 4.2H2O), para
esse processo é dado o nome de obtenção de ácido fosfórico por via úmida.A
partir daí através de processos de purificações e reações se produz os mais
diferentes fertilizantes minerais fosfatados tratados com ácido.
O tratamento térmico de fosfatos naturais procura desfazer a rigidez
estrutural da apatita tornando mais solúvel o seu fósforo (Malavolta, 1981). São
produzidas através do aquecimento do fosfato de rocha a várias temperaturas,
com ou sem aditivo. Nos Estados Unidos ocupam uma parte muito pequena na
produção de fosfato. Elas são, em geral, mais caras do que os fosfatos tratados
com ácidos e não permitem a amoniação. Assim sendo, estas fontes não têm
valor na fabricação de fertilizantes N -P-K. No Brasil, estes fertilizantes são
conhecidos como termofosfatos (Lopes, 1998).
As formas de obtenção dos fertilizantes fosfatados encontram -se abaixo
na Figura 1.

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Na produção de fertilizantes, a origem do fósforo vem do minério de


P2O5, também designado rocha fosfática. Os depósitos fosfáticos dividem-se
em quatro grupos principais: jazidas de origem ígnea ou magmática, jazidas de
origem sedimentar, jazidas resultantes de matéria orgânica, e fosfatos
lateríticos ou de enriquecimento supérgeno. Usa -se principalmente, na industria
de fertilizantes, os dois primeiros grupos.
A maioria dos minerais de fósforo são do grupo da apatita, que são
fosfatos hidratados de cálcio, com cloro e flúor. A fórmula química é
Ca5(PO4)3(OH,F,Cl) e as principais características físicas são: cores variáveis
(branco, amarelo, verde, azul e vermelho), brilho vítreo, fratura conchoidal,
dureza 5, densidade média de 3,15 g/cm3, pode apresentar fluorescência
amarela-alaranjada e termolu minescência branco-azulada. O teor de P 2O5 varia
de 4 a 15%.
A fosforita [Ca 3(PO4)2] é uma variedade fibrosa da apatita de origem
sedimentar. Em geral, ocorre associada ao carbonato de cálcio e magnésio,
óxidos de ferro e alumínio e traços de urânio, em bandamentos de folhelhos,
calcários e arenitos. Os depósitos de fosforita apresentam forma tabular com
grande extensão lateral e espessura variável. Além dos depósitos de apatita e
fosforita (explorados como material fertilizante), também ocorrem jazimento s de
alumínio fosfato e os de guano. O alumínio fosfato é constituído por fosfato de
alumínio hidratado, com presença de fosfato de ferro, originados de dejetos de
aves sobre bauxitas, lateritas ou rochas com feldspato. Este material necessita
ser previamente tratado para aplicação como fertilizantes.
Os Estados Unidos, México, Marrocos e Oriente médio possuem as
maiores reservas mundiais sedimentares. As reservas ígneas estão presentes
na África do Sul, Rússia, Finlândia e Brasil.
A Figura 2 apresenta as reservas economicamente exploráveis de
rochas fosfáticas no Brasil.
Ë : DNPM (2001).

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Atualmente, cerca de 85% da produção mundial de P vem de depósitos


sedimentares de minas de superfície e 15% de depósitos magmáticos. A
Figura 3 mostra a produção de rocha fosfática em alguns países.

Ë : IFA (2003).

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O fosfato é utilizado como um importante insumo agrícola. A produção


brasileira, entretanto, ainda não satisfaz a demanda interna, visto a vast a
produção agrícola do país. Dessa forma, o Brasil é obrigado a importar uma
quantidade significativa de fertilizante fosfático, o que gera uma indesejável
vulnerabilidade para a agricultura brasileira.

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Os termofosfatos são os produtos fertilizantes que utilizam processo de


tratamento térmico para a solubilização do fósforo. Na forma de apatita o
fósforo não é disponível aos vegetais devendo sofrer alguma transformação
química para poder ser usado como fe rtilizante. Esta transformação ocorre
industrialmente por duas rotas processuais básicas, a saber: a via úmida e a
via seca.
Os termofosfatos são preparados através do aquecimento (1000 a
1450°C) das rochas fosfáticas (apatitas) que destrói a estrutura da apatita
permitindo uma recombinação do (PO 4-3) até formas mais reativas e mais
solúveis. Este tratamento térmico consiste na calcinação (termofosfatos
calcinados) ou na fusão (termofosfatos fundidos).
Os termofosfatos caracterizam-se principalmente por serem insolúveis
em água, solúveis solução de ácido cítrico e citrato de amônio e apresentarem
comportamento alcalino. Possui cerca de 16 a 25% de P 2O5 solúvel em ácido
cítrico, cerca de 26% de CaO, 15% de MgO (quando termofosfato magnesiano)
e quando for o caso micronutrientes. Essas características têm vantajosa
aplicação em solos ácidos de clima tropical.
A produção de envolve alto custo de energia, uma vez que o tratamento
térmico é efetuado em fornos industriais a alta temperatura. Por isso a
produção de termofosfatos só se justifica quando há vantagens na utilização do
produto ou quando fontes energéticas baratas são empregadas no processo.
Os principais termofosfatos são descritos abaixo conforme abordados
por Malavolta (1981):

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È Ë      É obtido pela fusão a 1200 C de uma
mistura de Rocha fosfatada, carbonato de sódio e fonolito (Rica
em sílica e feldspato alcalino). Apresenta de 26 a 28% de P 2O5
total sendo quase essa totalidade solúvel em citrato neutro de
amônio e em ácido cítrico a 2%.
È Ë  
  Escória sódica, resíduo da fabricação do
aço, é calcinada com o fosfato natural dando um produto com 14
a 18% de P 2O5.
È Ë       Trata-se uma mistura de fosfato
e serpentina (silicato de magnésio) em temperaturas superiores a
1500 oC. O produto fundido é resfriado e moído. É o termofosfato
mais utilizado no Brasil.
È     
   aquecimento do P elementar com a
rocha. Alta concentração de P 2O5.
È    Rocha fosfatada fundida com salitre do Chi le
ou sulfato de sódio. Possui cerca de 30% de P 2O5 total dos quais,
metade é solúvel em ácido cítrico a 2%.



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Os estudos sobre produção de termofosfato magnesiano fundido
iniciaram-se por volta de 1940 na Alemanha e nos E UA, e em meados da
década de 50 no Japão.
Os termofosfatos magnesianos são fertilizantes resultantes do
tratamento térmico de rochas fosfatadas com a adição de materiais fundentes,
geralmente silicatos de magnésio, resultando em fontes adequadas de fósforo
para as plantas, embora apresentem baixa solubilidade quando comparados
aos superfosfatos. Tais fertilizantes têm reação mais lenta no solo,
necessitando de períodos mais longos para completar essas reações de
solubilização. Por isso tem sido recomendada a antecipação de sua adição ao
solo em relação à semeadura da planta, como forma de aumentar a sua
disponibilidade.
Neste processo de produção de fertilizante não ocorre um reação
química com compostos solúveis em ácido cítrico. A adição de silicatos de
magnésio tem dois efeitos principais:
È Baixar o ponto de fusão da mistura para cerca de 1300°C; 
È Facilitar a formação de um material vítreo onde o fósforo se
apresenta na forma solúvel em ácido cítrico. 

A Tabela 1 abaixo apresenta a relação percentual entre p roduções
obtidas com diferentes fontes de fósforo. Por meio desta tabela visualiza -se a
eficiência deste tipo de fertilizante, onde para diferentes cultivos, houve maior
porcentagem de produção na fertilização do solo com termofosfato magnesiano


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O termofosfato pode proporcionar produções de 12 a 45% maiores que


as obtidas com o superfosfato; esse efeito pode ser explicado de diferentes
maneiras que não se excluem mutuamente, tais como: neutralização da acidez
do solo, fornecimento de cálcio e magnésio como nutriente, adição de
micronutrientes, diminuição na toxicidade de Mn pelo silicato presente e
diminuição da fixação de fósforo pelo silicato.

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A Figura 4 apresenta um fluxograma simplificado do processo de
termofosfato magnesiano fundido. As matérias primas utilizadas são rocha
fosfatada e fonte de sílica e magnésia. Para correções de diversos
componentes no sistema, há necessidade de utilização de pequenas
quantidades de outros materiais, como dolomita, calcário e areia.

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Na 1º etapa, prepara-se a rocha fosfatada e os materiais contendo silício


e magnésio que são fundidos nos fornos elétricos do tipo ³arco direto´, com
temperatura de operação entre 1400 e 1500 ºC. Tanto a alimentação do forno
quanto a descarga são operações contínuas ou intermitentes. Ao sair do forno,
o material é resfriado imediatamente com jatos de água formando nessa
operação, grãos inferiores a 2 mm, de aspecto vítreo e de coloração em geral,
enegrecido. Então são separados da água e levados a um pátio para drenar o
excesso (produto semi-acabado), seguindo para o secador rotativo e moinho
de bolas. Posteriormente é ensacado, adicionando ±se ou não micronutriente e
enxofre.
Atualmente, um dos produtos possui óxidos silicatados de
micronutrientes, os quais são obtidos juntamente na fusão para o obtenç ão no
Termofosfato Magnesiano.

O fósforo é solúvel em ácido cítrico a 2%(1:100); o produto é insolúvel


em água e apresenta característica alcalina, com pH ao redor de 8,0.

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