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ICC- Insuficiência cardíaca Congestiva

Introdução
A insuficiência cardíaca, ou insuficiência cardíaca congestiva (ICC), é uma
doença muito comum, que atinge aproximadamente 4,8 milhões de
americanos. Enquanto outras doenças cardíacas se tornaram menos
comuns nos últimos anos, a incidência de ICC está cada dia maior. A causa
disso pode ser o fato de que pessoas com outras doenças cardíacas
sobrevivem por mais tempo, mas seus corações ficam prejudicados e isso
causa a ICC. Além disso, com o crescimento da população idosa, há mais
pessoas com risco de desenvolver ICC. Aproximadamente 400 mil novos
casos de ICC ocorrem a cada ano e essa doença é o diagnóstico mais
comum em pacientes hospitalizados com mais de 65 anos. A função do
coração é bombear o sangue, que contém oxigênio e nutrientes, para todo o
corpo. A ICC é simplesmente a falha do coração em desempenhar essa
função corretamente. É claro que uma escassez do sangue bombeado para
o corpo só será considerada ICC se o coração estiver recebendo o volume
adequado de sangue dos vasos (ou seja, se a pressão arterial estiver
normal). Quando não há sangue suficiente para o coração bombear, o
problema não é ICC.

A ICC ocorre quando o fluxo do sangue saindo do coração (sístole cardíaca)


reduz, ou então quando os fluidos se acumulam atrás do ventrículo que
falha, ou ambos. Os médicos têm formas diferentes de classificar a
insuficiência cardíaca.

O que é

É o estado fisiopatológico em que o coração é incapaz de bombear sangue a


uma taxa satisfatória às necessidades dos tecidos metabolizadores, ou pode
fazê-lo apenas a partir de uma pressão de enchimento elevada.

Fisiopatologia

A fisiopatologia da ICC é decorrente da ativação de mecanismos


compensatórios que visam a manutenção do débito cardíaco e subseqüente
perfusão tecidual adequada. Esses mecanismos são representados
principalmente pela ativação neurormonal e remodelamento ventricular. As
alterações neurormonais mais importantes consistem em aumento do tônus
simpático, atenuação do tônus vagal, ativação do sistema renina-angiotensina-
aldosterona e liberação de hormônios antidiuréticos. O remodelamento
ventricular consiste principalmente de hipertrofia e dilatação. Esses
mecanismos em curto prazo são benéficos, porém posteriormente acabam se
tornando deletérios ao organismo, pois sobrecarregam o coração e
consequentemente proporcionam o aparecimento dos sinais clínicos.
Classificação

De acordo com o ventrículo acometido: como o coração é formado por


basicamente duas bombas (esquerda e direita) em uma, um lado pode falhar
independentemente do outro.

• Insuficiência cardíaca ventricular esquerda: quando o ventrículo


esquerdo não consegue bombear sangue suficiente, o sangue reflui para
os pulmões (atrás do ventrículo esquerdo), causando edema pulmonar,
uma acumulação de fluidos nos pulmões. Entre outras coisas, o edema
faz com que a pessoa fique sem fôlego, isto é, sinta falta de ar. A falha
cardíaca ventricular esquerda geralmente leva à falha cardíaca
ventricular direita.
• Insuficiência cardíaca ventricular direita: o ventrículo direito não pode
bombear sangue suficiente para o pulmão. Sendo assim, os fluidos
recuam para as veias e capilares (a montante do ventrículo direito). Por
causa desse acúmulo, o fluido vaza dos capilares e acumula-se nos
tecidos. Essa condição é conhecida como edema sistêmico. O edema
pode ser percebido principalmente nas pernas, por causa da força da
gravidade. No paciente deitado, pode se acumular nas costas e outras
partes do corpo em contato com a cama.

De acordo com a localização

• Insuficiência cardíaca anterógrada: a falha ocorre na contração do


coração com dificuldades para ejeção do sangue e baixo débito.
• Insuficiência cardíaca retrógrada: a falha ocorre no retorno venoso do
sangue ao coração com edema pulmonar ou sistêmico.

De acordo com a o tempo de evolução

• Insuficiência cardíaca aguda: essa é a falha cardíaca que ocorre de


repente. Um infarto pode causar falha cardíaca aguda se grande parte
do músculo cardíaco morrer. Quando isso acontece, o coração não
consegue bombear sangue suficiente, causando edema pulmonar. Isso
torna a respiração muito difícil e pode levar à morte. A falha cardíaca
aguda também pode ocorrer quando uma válvula cardíaca pára de
funcionar repentinamente ou quando a corda tendínea (o músculo e o
tendão que ajudam a válvula mitral a funcionar corretamente) de repente
se rompe.
• Insuficiência cardíaca crônica: essa é a falha cardíaca que se
desenvolve gradualmente. Os sintomas são sutis no começo, mas se
tornam mais graves com o passar do tempo.

De acordo com a fase do ciclo cardíaco: o coração pode falhar em qualquer


fase do ciclo cardíaco - contração (sístole) ou distensão (diástole).

• Insuficiência cardíaca sistólica: o coração tem dificuldade para


contrair e bombear sangue suficiente. Essa condição causa fraqueza,
fadiga e diminui a capacidade de realizar exercícios físicos.
• Insuficiência cardíaca diastólica: o sangue não consegue retornar ao
coração durante a diástole, geralmente devido à pressão elevada por
uma dificuldade de relaxamento do coração durante a diástole. Essa
condição causa edema sistêmico, pulmonar ou ambos.

De acordo com a relação oferta/demanda

• Falha cardíaca por excesso de bombeamento: o bombeamento


cardíaco está normal ou um pouco superior, mas a demanda pelo fluxo
sangüíneo é alta demais (hipertireoidismo, anemia, infecções graves). O
coração não é capaz de distribuir o sangue necessário e falha.
• Falha cardíaca por redução de bombeamento: o bombeamento está
baixo, mas a demanda de sangue está normal. O coração não é capaz
de suprir essa demanda e falha. A falha por redução é mais comum
que a por excesso.

Causas da ICC – Etiologia

A ICC não é um diagnóstico específico, mas sim o resultado de outras


doenças ou fatores de risco. Descobrir essa condição é importante, pois o
tratamento geralmente depende dela. Muitas condições podem causar a ICC,
entre elas:

• pressão arterial elevada (hipertensão) aumenta o trabalho do coração.


O órgão tem que bombear sangue contra uma resistência maior e,
conseqüentemente, deve fazer mais força. O esforço excessivo do
músculo cardíaco pode causar falha. Essa é uma das causas de ICC
mais comum nos Estados Unidos e no Brasil;
• doença coronariana causa isquemia, ou seja, o músculo cardíaco
recebe quantidade inadequada de oxigênio, o que pode prejudicar ou
destruir o tecido cardíaco, levando à falha. A doença arterial coronariana
é outra importante causa de ICC nos Estados Unidos e no Brasil;
• doença valvular cardíaca causa um fluxo inadequado de sangue
através do coração, o que aumenta o trabalho do órgão. Há três tipos
principais de válvulas cardíacas problemáticas:
o válvulas estreitas (estenóticas) restringem o fluxo do sangue.
Para gerar pressão suficiente para bombear o sangue através de
uma válvula estreita, o coração tem que fazer muito mais força;
o válvulas expulsoras (regurgitantes) permitem que o sangue
reflua para o coração depois de ter sido expelido. O coração tem
que bombear mais sangue a cada batida (o sangue que entra
normalmente é aquele que refluiu), aumentando muito seu
trabalho;
o endocardite é uma infecção das válvulas cardíacas que pode
danificá-las.
• ritmos cardíacos alterados (arritmias) interrompem o ciclo normal
de retorno venoso (enchimento) e bombeamento. Se o coração bate
muito lentamente (bradicardia), então não é bombeado sangue
suficiente. Se o coração bate muito rápido (taquicardia), então não há
tempo suficiente para que o sangue retorne ao coração. É causa de ICC
de alto débito. Em ambos os casos o bombeamento cardíaco é reduzido,
o que causa a insuficiência cardíaca;
• atividade excessiva da glândula tireóide (hipertireoidismo) aumenta
de modo geral as taxas do metabolismo do corpo. O coração deve
circular sangue com mais rapidez para que os tecidos recebam
quantidade adequada de oxigênio. Esse trabalho excessivo pode causar
uma insuficiência cardíaca. É causa rara de IC chamada de alto débito;
• redução grave no número de células vermelhas do sangue (anemia)
reduz o suprimento de oxigênio que circula no sangue (são as células
sanguíneas que carregam o oxigênio). Para fornecer a quantidade
necessária de oxigênio para os tecidos, o coração deve circular o
sangue com mais freqüência. Esse trabalho excessivo pode causar a
falha cardíaca;
• doenças que afetam o músculo cardíaco (cardiomiopatias) resultam
na contração inadequada do coração. Isso reduz o bombeamento
cardíaco, o que leva à ICC. Tecnicamente, a palavra cardiomiopatia
representa somente as doenças que se originam e afetam o miocárdio.
Contudo, muitos médicos também usam o termo para se referir à
"cardiomiopatia isquêmica", uma condição que resulta das cicatrizes
causadas pela doença arterial coronariana. Fatores que causam a
cardiomiopatia incluem:
o infecções (virais, bacterianas, Aids, doença de Lyme, febre
reumática, etc.)
o toxinas (álcool, cocaína, radiação, quimioterapia, etc.)
o deficiências nutricionais
o problemas nos tecidos conjuntivos (lúpus, artrite reumatóide, etc.)
o doenças neuromusculares (distrofia muscular)
o infiltrações (amiloidose, sarcoidose, câncer)
o causas idiopáticas (desconhecidas)
o cardiomiopatia pré-natal
o causas familiares
• doenças que afetam o pericárdio (membrana que protege o
coração) restringem a capacidade do coração de se estirar, permitindo
que o sangue retorne ao coração. O enchimento é reduzido, o que
diminui também o bombeamento cardíaco. Uma membrana mais fina ou
com cicatrizes (pericardite constritiva) ou a presença de fluidos entre
as duas partes da membrana (tamponamento cardíaco) podem reduzir
a capacidade de enchimento do coração;
• defeitos na formação do coração (doença cardíaca congênita)
fazem com que o coração tenha que trabalhar mais. Esses defeitos
envolvem alterações anatômicas das paredes que ficam entre as
câmaras cardíacas (comunicação intracardíaca), alterações das válvulas
cardíacas, ou posições alteradas das veias e artérias que levam e
trazem o sangue do coração.

Uma série de outros fatores, chamados fatores precipitantes, sobrecarregam


o coração já danificado. Identificar o fator precipitante e a causa inicial da ICC é
importante para descobrir qual é o melhor tratamento. Fatores precipitantes
incluem:
• abandono de tratamento com medicação prescrita
• ingestão excessiva de sal e líquidos
• hipertensão descontrolada
• infecções
• infarto
• isquemia (falta de sangue no músculo cardíaco)
• arritmia cardíaca (ritmo cardíaco anormal)
• anemia
• embolia pulmonar (coágulo dentro dos vasos do pulmão)
• hipertireoidismo (tireóide hiperativa)
• hipóxia (baixo nível de oxigênio no sangue, geralmente causada por
doenças pulmonares)
• mal funcionamento de válvula cardíaca

A ICC, em geral, se desenvolve lentamente com o passar dos anos. À medida


que o coração começa a falhar, o corpo procura se adaptar para manter o
bombeamento cardíaco e o fluxo sangüíneo para os órgãos. Apesar de esses
mecanismos serem úteis, eles acabam causando ainda mais estragos no
coração e piorando a ICC. Essa tentativa de adaptação agrava o quadro,
gerando sintomas.

Quando o coração começa a falhar, a primeira coisa que o sangue faz é liberar
adrenalina. O estímulo aos nervos simpáticos aumenta o ritmo cardíaco e a
força das contrações e constringe os vasos. Esses fatores atuam juntos para
aumentar o bombeamento do sangue. Contudo, o estímulo dos nervos

simpáticos também constringe as artérias, o que aumenta a pressão arterial.
O aumento da pressão força o coração a trabalhar mais e usar mais oxigênio.
Os especialistas imaginam que isso cause danos ao coração com o passar do
tempo.

O corpo, pela constrição dos vasos, reduz o fluxo do sangue para os rins. Isso
ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona. O fluxo sangüíneo
reduzido faz com que o rim produza uma enzima chamada renina. A renina
converte uma proteína plasmática inativa, o angiotensinogênio, em um
hormônio ativo chamado angiotensina II. A angiotensina II é um poderoso
constritor de veias e artérias e estimula a glândula adrenal a secretar um
hormônio chamado aldosterona. A aldosterona faz com que os rins retenham
sal e água, o que gera aumento no volume sangüíneo. O volume sangüíneo
aumentado ajuda a manter o bombeamento cardíaco, pois aumenta o retorno
venoso do coração. Contudo, o maior volume sangüíneo, em conjunto com a
vasoconstrição, também aumenta a pressão arterial. Essa pressão
aumentada causa edema e um excesso de trabalho, o que pode, futuramente,
enfraquecer o coração.

O corpo também aumenta a secreção de um hormônio da hipófise, chamado


hormônio anti-diurético (ADH). Ele faz com que o rim retenha mais líquidos, o
que aumenta o volume sangüíneo e ajuda no bombeamento cardíaco, mas
também aumenta a pressão arterial. Isso faz com que o coração enfraquecido
tenha que trabalhar ainda mais.
Também há mudanças no músculo cardíaco. A espessura da camada muscular
aumenta (hipertrofia), permitindo que o coração se contraia com mais força
para manter o bombeamento cardíaco. Isso, porém, aumenta a necessidade de
oxigênio e, eventualmente, leva a mais deterioração. O coração também pode
aumentar por dilatar suas paredes (dilatação). Inicialmente isso pode ajudar a
aumentar o bombeamento, por aumentar a quantidade de sangue que o
coração consegue receber, mas a dilatação acaba levando a uma piora da
doença.

Sintomas da ICC

• Falta de fôlego ou dificuldade para respirar (dispnéia) - sintoma mais


comum da ICC e é causado pelo edema pulmonar. Podem ser
encontrados diferentes tipos de dispnéia:
o falta de fôlego em esforços (dispnéia de esforço) - à medida que
a doença progride, a quantidade de esforço necessária para
causar dispnéia fica menor;
o falta de fôlego em repouso;
o falta de fôlego quando deitado (ortopnéia) - na posição deitada, o
sangue das pernas elevadas volta para o coração e causa edema
pulmonar. O ato de sentar geralmente alivia esse sintoma. Muitas
pessoas dormem apoiadas em almofadas para evitar esse efeito.
Com a progressão da doença, algumas pessoas chegam a dormir
sentadas;
o falta de fôlego intermitente noturna (dispnéia noturna
paroxística) - é causada pelo edema pulmonar e pela redução da
respiração durante o sono.
• Tosse
• Edema - ocorre com mais freqüência nas pernas. O edema nas pernas
geralmente piora durante o dia. Isso acontece porque a gravidade
aumenta a quantidade e a pressão do sangue nas veias da perna, o que
elimina mais fluidos. Há uma melhora à noite, quando as pernas estão
elevadas. O edema geralmente é tratado com diuréticos para eliminar o
excesso de fluidos. Edemas podem ocorrer em vários outros lugares,
incluindo a cavidade abdominal, o espaço entre os pulmões e a
cavidade torácica, o pericárdio e o estômago e os intestinos (causando
náusea e perda de apetite).
• Aumento de peso - a retenção de líquidos geralmente causa aumento
de peso em portadores da ICC.
• Fadiga - é um sintoma comum e pode estar relacionado à redução do
fluxo sangüíneo dos órgãos e músculos. Ocasionalmente, a ICC pode
reduzir o fluxo sangüíneo no cérebro e causar confusão mental,
principalmente em idosos.
• Dor no peito - é um sintoma de angina e infarto, as principais causas da
ICC.
• Edema pulmonar agudo - é uma dispnéia grave. Junto com a
hipertensão, leva a um nível perigosamente baixo de oxigênio no
sangue, o que pode causar risco de morte. Sintomas do edema
pulmonar agudo incluem intensa falta de fôlego, uma tosse que pode vir
acompanhada de secreção rósea, suor intenso e ansiedade. O edema
pulmonar agudo deve ser tratado imediatamente.

Quando um médico examina alguém com ICC, pode acabar descobrindo o


seguinte:

• aumento no tamanho do coração (cardiomegalia);


• um terceiro som cardíaco (S3) - normalmente o coração faz dois sons
(S1 e S2), geralmente descritos como "tum-ta, tum-ta". Na ICC há um
terceiro som, que é chamado de galope S3, já que lembra o galope de
um cavalo ("tum-tum-tum");
• som de fluidos nos pulmões durante a inspiração (estertores);
• distenção da vaia jugular do pescoço (distensão jugular) - isso
acontece porque a ICC causa um represamento na entrada de sangue
no coração;
• aumento do fígado (hepatomegalia) - é causado pelo refluxo do
sangue do coração;
• reflexo hepatojugular - quando o fígado está comprimido, mais sangue
flui para as veias jugulares, fazendo com que fiquem ainda mais
dilatadas;
• edema - geralmente localizado nas pernas, calcanhares e pés. A
expressão "edema depressível" costuma ser utilizada porque, ao
pressionar o local com a ponta do dedo, se forma uma depressão
temporária que se recupera rapidamente;
• ritmo cardíaco acelerado (taquicardia);
• ritmo respiratório aumentado (taquipnéia);
• aumento na pressão arterial (hipertensão);
• redução na pressão arterial (hipotensão) - quando o bombeamento
cardíaco está seriamente reduzido, acontece uma redução na pressão
arterial. Esse é um sinal bastante grave, conhecido também como
choque cardiogênico;
• fluido na cavidade abdominal (ascite);
• fluido no espaço entre os pulmões e as costelas (efusão pleural).

Os testes a seguir são úteis no diagnóstico da ICC:

• radiografia de tórax é um teste bastante útil na ICC. Pode detectar


edema pulmonar, aumento do coração e efusão pleural;
• o eletrocardiograma (ECG) também pode ser útil, pois pode detectar
infartos antigos, isquemia cardíaca, anormalidades no ritmo cardíaco ou
aumento do coração;
• o ecocardiograma pode determinar a quantidade de sangue bombeada
do coração em cada batida (fração de ejeção). A fração de ejeção é
uma maneira de quantificar a eficiência dos batimentos cardíacos e
determinar a gravidade da ICC. Normalmente, a fração de ejeção fica
entre 55 e 75%. Além disso, o ecocardiograma pode ajudar a determinar
a causa da ICC, por detectar anormalidades nas válvulas cardíacas,
anormalidades pericárdicas, doenças cardíacas congênitas ou um
coração aumentado. Esse exame pode mostrar se o coração está se
contraindo de maneira anormal (anormalidades na movimentação das
paredes), o que é um sinal de doença coronariana.

Sintomas da ICC e associação com atividades físicas

• Nível 1: não há limitação para atividades físicas. Os sintomas são


nulos ou leves.
• Nível 2: há uma pequena limitação às atividades físicas. Os
sintomas são de leve a moderados com a atividade, mas atingem
níveis confortáveis quando em repouso.
• Nível 3: atividades físicas são limitadas. Os sintomas são
moderados a severos.
• Nível 4: qualquer atividade física causa desconforto. Os sintomas
são severos e podem se apresentar mesmo quando em
descanso.

Fonte: New York Heart Association

Tratamento da ICC

O objetivo do tratamento da ICC é controlar os sintomas e tratar a condição-


base e a causa que levou à precipitação. Antes de prescrever medicamentos,
seu médico pode pedir que você perca peso e pare de fumar. Essas medidas
podem reduzir o trabalho do coração e também controlar algumas causas da
ICC (pressão alta, doença arterial coronária). Além disso, diminuir o consumo
de sal e líquidos pode aliviar os sintomas e reduzir a necessidade de
medicação. Exercícios também podem ser úteis para aumentar a forma física
em geral. Contudo, quando a ICC é severa, a recomendação pode ser de
repouso.

Medicamentos

• Diuréticos - são medicamentos usados para aumentar a quantidade de


sódio (Na+) e água excretada pelos rins. Isso reduz o volume sangüíneo
e a quantidade de sangue a ser bombeada pelo coração, reduzindo,
conseqüentemente, o esforço. O objetivo é manter o peso ideal,
eliminando edemas. Diuréticos incluem:
o hidroclorotiazida
o clortalidona
o furosemida
o bumetanida
o trianterene
o espironolactona

Um efeito colateral muito importante é a queda no nível de potássio


(K+), que pode causar cãibras e anormalidade no ritmo cardíaco.
Suplementos de potássio ou diuréticos poupadores de potássio podem
ser usados sozinhos ou em conjunto com outros diuréticos.

• Vasodilatadores - são grupos de medicamentos que aumentam ou


dilatam os vasos sangüíneos. Durante a ICC, os vasos ficam geralmente
constritos devido à ativação do sistema nervoso simpático e do sistema
renina-angiotensina-aldosterona. Quando os vasodilatadores são
usados, eles reduzem a resistência e a pressão arterial contra a qual o
coração deve bater, aumentando, assim, o bombeamento cardíaco.
Inibidores da enzima conversora da angiotensina (inibidores da ECA)
são vasodilatadores bastante eficazes. Esse é um dos medicamentos
que realmente se mostraram eficazes em aumentar a expectativa de
vida de pacientes com ICC. Os inibidores da ECA reduzem a
pressão arterial e a retenção de líquidos por prevenir a ação do sistema
renina-angiotensina-aldosterona. Esses inibidores incluem:
o captopril
o enalapril
o lisinopril
o fosinopril
o quinapril

Efeitos colaterais incluem tosse e ocasionalmente erupções cutâneas.

• Bloqueadores dos receptores do angiotensinogênio - bloqueiam os


efeitos da angiotensina ao invés de bloquear sua produção.
Bloqueadores dos receptores do angiotensinogênio incluem:
o losartan
o irbesartan
o valsartan

Esses medicamentos não apresentam a tosse como efeito colateral,


como os inibidores da ECA.

• Hidralazina - é um vasodilatador que age nas artérias. É usada com


menor freqüência, já que os inibidores de ECA são considerados mais
efetivos.
• Medicamentos derivados da Digitalis lanata, como a digoxina,
- aumentam a força da contração do músculo cardíaco e também
controlam anormalidades nos ritmos cardíacos, especialmente a
fibrilação atrial e a taquicardia atrial. Sendo assim, a digitalis têm
mais utilidade quando uma pessoa com fibrilação ou taquicardia atrial
tem ICC (um diagnóstico bastante comum). Ela melhora as funções
cardíacas mas aumenta a mortalidade. Há vários efeitos colaterais,
incluindo náusea, vômitos, muitos tipos de disritmias cardíacas,
confusão e interações negativas com outros medicamentos. Só devem
ser prescritos nos pacientes muito sintomáticos.
• Bloqueadores beta - são considerados úteis para pacientes com ICC.
Ao bloquear os receptores beta-adrenérgicos do sistema nervoso
simpático, eles reduzem o ritmo cardíaco e a força das contrações.
Evidentemente, isso deve ser feito com muito cuidado, pois essa
redução pode piorar a ICC. Bloqueadores beta incluem:
o metoprolol
o atenolol
o carvedilol

Atualmente, junto com os inibidores da ECA, são fundamentais no


tratamento da ICC moderada a grave.

• Simpatomiméticos - são medicamentos que agem como o sistema


nervoso simpático e são usados quando a ICC é grave, como no
choque cardiogênico. Eles tratam a ICC aumentando a força das
contrações cardíacas. Drogas simpatomiméticas incluem a dopamina e
dobutamina. Como sua administração é intravenosa e são
extremamente fortes, esses medicamentos são usados principalmente
quando a ICC se tornou um risco de morte. Elas podem causar
disritmias cardíacas e isquemia.

Ocasionalmente, há circunstâncias em que procedimentos cirúrgicos podem


tratar a ICC. Os mais comuns são:

• implante de válvula cardíaca - quando uma válvula cardíaca não


funciona bem, pode ser substituída para reduzir os sintomas. Em alguns
casos, esse procedimento pode salvar a vida do paciente;
• correção de defeito cardíaco congênito - a correção cirúrgica de
problemas cardíacos congênitos é usada freqüentemente para restaurar
o máximo possível as funções normais;
• ponte de safena - se a causa da ICC é doença arterial coronariana
(DC), corrigir a DC com uma ponte de safena pode ser útil;
• transplante de coração - quando a ICC persiste e piora, apesar dos
tratamentos, um transplante de coração pode ser uma alternativa.
Pacientes aptos para transplantes geralmente sofrem de
sintomas graves (Classe funcional 4 da escala da New York Heart
Association), têm frações de ejeção de 15 a 20% e chances de
sobrevivência de 50%. O aperfeiçoamento das drogas anti-rejeição
(especialmente ciclosporina) aumentaram a sobrevivência para quem
passa por esse procedimento. Também há outras técnicas que podem
ser usadas para ajudar um coração danificado, como o uso de balão
intra-aórtico e de um equipamento de assistência ao ventrículo
esquerdo. Essas técnicas são utilizadas para manter o paciente vivo até
que um doador compatível apareça.

Prevenção

A prevenção da insuficiência cardíaca congestiva consiste em bons hábitos de


saúde que ajudam a prevenir doenças do coração em geral como seguir uma
dieta balanceada com consumo, baixo ou moderado, de gorduras; estar no
peso adequado; fazer exercícios, descansar e dormir bem; evitar o consumo de
cigarros e o de álcool em excesso; e fazer check-ups periodicamente para
detectar problemas, como a pressão alta, que possam sobrecarregar ou lesar
ainda mais o coração. A restrição de sal para aqueles que sofrem de
insuficiência cardíaca congestiva moderada também é bastante importante.

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