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Perdas Magnéticas
J. V. Filardo, UFPR
I. INTRODUÇÃO
J.V. Filardo trabalha na Siemens Ltda e estuda engenharia elétrica Fig. 2.2 - Alinhamento de domínios.
na Universidade Federal do Paraná ( e-mail:
juliano.filardo@siemens.com.br )
2
Um campo magnético externo pode alinhar os domínios fer- condutor, depende da intensidade da corrente, do compri-
romagnéticos. Quando os domínios estão alinhados, o mate- mento do condutor, da posição deste em relação ao ponto e
rial está magnetizado. de um fator de proporcionalidade µ , que é a permeabilidade
Para designar quando o alinhamento magnético é perma- do meio considerado, a equação abaixo:
nentemente retido ou não, são usados respectivamente os
termos “material magnético duro” e “material magnético B = µ. H (3.1)
mole”; como os materiais mecanicamente duros tendem a ser
magneticamente duros, esses termos são adequados. As fornece a relação entre a densidade de fluxo magnético B
tensões residuais de um material endurecido evitam a redis- (unidade: Tesla) e a força magnetizante H (unidade: A/m).
tribuição ao acaso dos domínios. Um material normalmente Para o vácuo a permeabilidade magnética µ = µ 0 é uma cons-
perde essa ordenação dos domínios magnéticos quando é tante com o valor 4 ð. 10E-7 no sistema internacional; para o
recozido, já que a atividade térmica provoca a desorientação ar, µ é um pouco maior que µ 0 podendo ser admitida igual a
dos domínios. µ 0 nas aplicações práticas.
No entanto, a permeabilidade magnética µ (unidade: H/m)
III. CURVA DE M AGNETIZAÇÃO E HISTERESE não é em geral uma constante, ou seja, B não é uma função
O processo de magnetização de um material ferromagnéti- linear de H para algumas substâncias. Portanto, mais impor-
co sob a influência de um campo externo se reduz a: tante que o valor da permeabilidade, a representação usual
da relação dada pela Eq. 3.1 é através de curvas B x H.
• crescimento daqueles domínios cujos momentos Estas curvas variam consideravelmente de um material
magnéticos formam o menor ângulo com a dire- para outro e para o mesmo material são fortemente influenci-
ção do campo, adas pelos tratamentos térmicos e mecânicos.
Sua obtenção é feita da seguinte forma: Para um material
• rotação dos momentos magnéticos na direção inicialmente não magnetizado, ao aumentar progressivamente
do campo externo. a força magnetizante de 0 até Hmax na Fig. 3.3, obtém-se o
ramo 0a'. Reduzindo-se em seguida H de Hmax até zero, tem-
se o ramo a’b’. Quando H = 0, B = 0b’. Para reduzir B a zero, é
necessário aumenta H em sentido contrário até 0c’, obtendo-
se o ramo b’c’ da curva.
Continuando-se a fazer variar H até -Hmax tem-se o ramo
c’d’. Fazendo-se variar H de -Hmax até zero, em seguida até
Hmax e continuando deste modo, obtém-se sucessivamente
os pontos e’- f’ - a’’- b’’ - c’’ - d’’ -e’’ - f’’ - ...
0a' é a curva de magnetização crescente.
Fig. 3.1 - Esquema de orientação dos spins nos domínios.
curva fechada que se repete; o material terá então atingido o IV. FATORES QUE AUMETAM AS PERDAS POR
estado de magnetização cíclica simétrica (curva abcdefg na HISTERESE
Fig.3.3). A esta curva fechada que se obtém quando o mate-
rial se acha em estado de magnetização cíclica dá-se o nome • Ferro e aço submetidos a tratamento a frio tem as
de laço de histerese. perdas por histerese aumentadas
Para um mesmo exemplar de material ferromagnético sub- • Adição de carbono na fabricação do aço aumen-
metido a ensaio o laço de histerese depende do valor máximo ta as perdas por hsiterese
que se dá à força magnetizante H; a Fig 3.4 apresenta vários • Imperfeições ou impurezas dos materiais também
laços de histerese correspondentes a valores máximos diver- aumentam as perdas.
sos de H.
Em qualquer dos laços os valores de B são maiores no
ramo descendente que no ascendente; a substância ferro- V. PERDAS POR CORRENTES PARASITAS DE
magnética tende a conservar o seu estado de magnetização, FOUCAULT
isto é, tende a se opor às variações de fluxo. Essa proprieda-
de tem o nome de histerese.
A curva na Fig. 3.4, que se obtém ligando os vértices dos Já as perdas devido as correntes parasitas de Foucault
laços de histerese simétricos, correspondentes a uma deter- produzem calor pela ação das correntes (parasitas) que são
minada substância ferromagnético é a curva normal de mag- induzidas nas chapas de aço silício.
netização; e é geralmente empregada no cálculo de aparelhos Para melhor explicação deste efeito, será considerado a fi-
e máquinas elétricas. gura 4, onde está representado a seção de um material mag-
nético qualquer sendo atravessado pelas linhas de força de
fluxo estabelecidas no material.
Pelo fenômeno da indução estudado por Faraday-Lens
será estabelecido correntes na superfície da área de seção do
material magnético, conforme indicado na figura 4.
Equação ( 4.0 )
obtidos submetendo o material aos processos de laminação, material magnético. Como houve adição de silício promoveu-
o produto final são finas lâminas de material magnético em de se um aumento na resistividade do material. Estes dois fato-
tal forma a não haver comprometimento nas características res substituídos em (4.1) resultam em um aumento da resis-
mecânicas exigidas ao material. Outra providência refere-se a tência elétrica e conseqüentemente a uma redução significa-
adição de silício na aço provoca um aumento da resistivida- tiva nas correntes parasitas e conseqüentemente uma redu-
de do material e consequentemente um aumento da resistên- ção quadrática das perdas por correntes de Foucault.
cia elétrica do material. Uma última providência pode ainda
ser adotada, ou seja realizar a isolação entre as lâminas do
pacote magnético. O resultado desta ação pode ser verifica- VI. EQUIPAMENTOS PARA DETERMINAÇÃO DE
do na figura 5. PERDAS MAGNÉTICAS
A. Quadro de Epstein 25 cm
B. Analisador de Potência
P = Kh f Bpx + Kf f2 Bp2
Bp2 ( P2 − a 2 P3 )
log
( P2 − aP3 )Bp1 2 − a( a − 1) P1 Bp2 2
x=
log( Bp2 / Bp1 )
P2 − a 2 P3
Kh =
f 2 (1 − a ) Bp2 x
P2 − aP3 a
Kf = 2
f 2 Bp2 2
a −1
onde
x= coeficiente de Steinmetz
Kh = coeficiente de Histerese
Kf = coeficiente de Foucault