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PREPARATÓRIO PARA OAB

DISCIPLINA: DIREITO CIVIL


Professora: Dra. Claudia Tristão

Capítulo 9 Aula 7
DIREITO DE FAMÍLIA

Coordenação: Dr. Flávio Tartuce


Aula 7

Parentesco

Conceito: Parentesco, segundo Clóvis Beviláqua, é a relação que vincula entre si as pessoas que
descendem do mesmo tronco ancestral; porém não podemos deixar de fora o parentesco por afinidade e o
parentesco civil.

Álvaro Villaça Azevedo diz que parentesco "é o vínculo jurídico, estabelecido pela lei ou por decisão judicial,
entre pessoas, principalmente em decorrência de relações familiares, que as identifiquem como pertencentes
a um grupo social que as enlaçam num conjunto de direitos e deveres. É em suma, qualidade ou
característica de parente".

No Código Civil de 1916 fazia-se a distinção entre parentesco legítimo e ilegítimo, dependendo a hipótese
de decorrer ou não do casamento. Era considerado ilegítimo o parentesco derivado das relações
adulterinas, ou seja, filhos havidos fora do casamento; incestuosas, se originado no parentesco de parentes
impedidos de contrair matrimônio.

A partir da Constituição de 1988 o problema do tratamento diferenciado à prole foi resolvido no artigo 227,
§ 6º o qual estabelece que "Os filhos, havidos os não da relação de casamento, ou por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias à filiação". E o novo
Código Civil, no artigo 1.596, acompanhou na íntegra referido dispositivo constitucional.

1. Diversas espécies de parentesco

O parentesco pode ser:

a) consangüíneo ou natural, quando as diversas pessoas se originam de um tronco comum;

b) civil, se decorrente da adoção ou outra origem, como estabelece o artigo 1.593 do Código Civil.

Contudo, a expressão "outra origem", causou certo desconforto entre os doutrinadores pesquisados, visto
que nos casos de inseminação artificial, também chamada procriação heteróloga, ou seja, resultante de
sêmen e/ou óvulo doado por terceiros, criou-se a equivocada idéia em classificar esse tipo de filiação em
natural, mas, se houver doação do sêmen, o filho gerado será natural por parte da mãe e civil por parte do
pai e vice-versa, ou, se tanto o óvulo, quanto o sêmen forem de terceiros, estaremos de diante de um
parentesco civil, como ocorre nos casas de adoção.

c) por afinidade: é o que liga uma pessoa aos parentes de seu cônjuge ou companheiro, limitado aos
ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. É um vínculo pessoal, logo, os
afins de um cônjuge não são afins entre si, portanto, não haverá afinidade entre concunhados, nem entre
parentes de um consorte com ou parentes do outro.

"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
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Algumas observações devem ser feitas em relação ao parentesco:

a) A afinidade não é parentesco.

Efeitos da afinidade: na linha reta, a afinidade não se extinguirá com a dissolução do casamento ou da união
estável, persistindo o impedimento matrimonial; a afinidade na linha colateral cessará com o óbito do
cônjuge ou convivente, e, por conseguinte, não estará proibido o matrimônio entre cunhados.

b) Por outro lado, marido e mulher não são parentes, por não descenderem de um antepassado comum.
c) O parentesco entre irmãos pode ser bilateral ou unilateral. É bilateral quando existente tanto pela linha
materna como pela paterna (irmãos germanos), e unilateral quando existe somente por uma das duas linhas.

Neste caso, são uterinos se filhos da mesma mãe e de pais diversos, ou consangüíneos, se do mesmo pai e de
mãe diferentes;

d) Agnação ou agnatio: é o parentesco que se estabelece pelo lado masculino; Cognação ou cognatio: o
que se firma pelo lado feminino.

2. Linhas e graus de parentesco

a) linha ou ordem de parentesco: consiste na série de pessoas oriundas de um tronco ancestral comum,
podendo ser reta ou transversal, haverá parentesco em linha reta quando as pessoas descendem umas das
outras, e parentesco em linha colateral (transversal) se existente entre indivíduos que, sem descender uns dos
outros, têm, todavia, um ascendente comum. O novo Código reduz ainda mais esse vínculo, ao limitar tal
parentesco ao quarto grau (art. 1.592).

b) O grau de parentesco é o número de gerações que separam os parentes.

c) Na linha reta ascendente, toda pessoa tem duas linhas de parentesco: a linha paterna e a linha materna.

d) Na linha reta descendente, surgem subgrupos denominados estirpes, abrangendo todas as pessoas
oriundas de um mesmo descendente.

e) A contagem dos graus de parentesco na linha reta é feita atendendo-se ao número de gerações existentes
entre os parentes.

f) Na linha colateral, conta-se o número de gerações entre um dos parentes e o antepassado comum e
depois entre este e o outro parente.

"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
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3. Efeitos legais do parentesco

a) No campo do direito constitucional, existem impedimentos de ordem política, estabelecendo a


Constituição Federal, no capítulo das inelegibilidades (art. 14, § 7º da Constituição de 1988).

b) No direito administrativo, o art. 117, VIII, da Lei n. 8.112, de 11-12-1990, determina:

"Art. 117. Ao servidor é proibido: (...)

VIII-manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente
até o segundo grau civil".

c) No direito processual ou judiciário, existe a proibição de depor um parente em processo em que outro é
interessado, não podendo funcionar, outrossim, um advogado que seja parente do juiz. Do mesmo modo,
dois irmãos não podem funcionar simultaneamente como desembargadores no julgamento da mesma
causa.

d) No direito fiscal, o parentesco permite a dedução de certas despesas realizadas com os dependentes
econômicos do contribuinte, para fins de imposto de renda.

e) No direito civil, o parentesco tem relevância no tocante à sucessão e a uma série de atos no direito de
família.

4. Filiação

a) Princípio da igualdade jurídica entre os filhos;

b) presunção juris tantum da paternidade:

I-se filhos nascidos 180 dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;

II-se filhos nascidos nos 300 dias após a dissolução da sociedade conjugal por morte, separação judicial ou
nulidade e anulação do casamento;

III-se filhos havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o pai;

IV-se havidos a qualquer tempo quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção
artificial homóloga: são advindos dos componentes genéticos do marido e da mulher e preservados por
congelamento em clínica de reprodução assistida;

V-havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha previa anuência do marido.

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c) presunção juris tantum da paternidade de filho nascido de bínuba: se o filho nascer nos 300 dias após a
dissolução do casamento de sua mãe, que veio a contrair novas núpcias, antes de decorrido o prazo de 10
meses, presume-se que é filho do primeiro marido e do segundo se seu nascimento se der após os 300 dias
do falecimento do primeiro marido ou da separação judicial, nulidade ou anulação do casamento.

d) impotência absoluta como impugnação à paternidade de filho: a impotência coeundi e generandi deve
ser absoluta e devidamente provada;

e) Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal de paternidade; Não
basta também a confissão materna para excluir a paternidade;

f) ação negatória (ou contestatória) de paternidade: é imprescritível; legitimidade ad causam: só do marido;


segue o rito ordinário; exige-se a figura do curador ad hoc (que não pode ser o próprio autor), cuja
intervenção não se dispensa por atuar no feito o MP;

A sentença deverá ser averbada à margem do registro de nascimento; é oponível erga omnes, produzindo
efeitos em relação aos demais membros da família; se o autor falece no curso da demanda, seus herdeiros
poderão prosseguir na ação;

g) a filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil; Ninguém pode
vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do
registro (proibição da vindicação do estado de filho: é a vedação de contestar a veracidade da filiação da
pessoa que figura no registro); provas supletivas da filiação: na falta ou defeito do termo de nascimento, a
filiação poderá ser provada por qualquer meio admissível em direito, a) quando houver começo de prova
por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separadamente, b) quando existirem veementes presunções
resultantes de fatos já certos.

h) ação de prova de filiação: é pessoal; competirá ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele
morrer menor ou incapaz; se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado
extinto o processo; é imprescritível.

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violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
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