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ESTADUAL DO ITACOLOMI / MG
Resumo
Este trabalho discute o uso da Interpretação Ambiental como uma importante
ferramenta para o desenvolvimento do ecoturismo, sobretudo em áreas naturais
protegidas. Aborda ainda o uso da trilhas interpretativas, propondo uma sugestão de
trilha interpretativa para percurso existente no Parque Estadual do Itacolomi.
Introdução
A procura por áreas naturais protegidas para fins de descanso e apreciação
tem aumentado consideravelmente. Estas áreas podem caracterizar-se por ambientes
frágeis e susceptíveis a impactos negativos mediante a presença do visitante. Diante
deste fato é preciso um planejamento capaz de aliar satisfação do usuário e
conservação do local visitado. E pensando neste planejamento, a Interpretação
Ambiental poder dar uma contribuição significativa.
A Interpretação refere-se a um mecanismo capaz de agregar valor à
experiência do visitante, e, ao mesmo tempo, possibilita a criação de uma consciência
ecológica ao permitir o melhor conhecimento do ambiente visitado.
Neste sentido, a Interpretação pode ser uma ferramenta importante na prática
do ecoturismo em áreas protegidas, sobretudo em parques, uma vez que esta é uma
categoria de Unidade de Conservação que apresenta dentre seus objetivos a
preservação da natureza aliada à visitação.
Deste modo, o trabalho discute a utilização da Interpretação Ambiental no
Parque Estadual do Itacolomi / MG e sugere uma trilha interpretativa capaz de
contribuir para a difusão de práticas ecoturísticas dentre os visitantes desta Unidade
de Conservação.
Sendo assim, o objetivo fundamental do trabalho foi a elaboração uma trilha
interpretativa enquanto mais uma alternativa de visitação para o Parque. Espera-se,
através deste meio interpretativo:
• sensibilizar o visitante a fim de gerar atitudes conservacionistas;
• proporcionar ao usuário um encontro agradável e enriquecedor com o
ambiente natural e cultural, aumentando sua satisfação;
• agregar valor à trilha já existente no parque;
• contribuir para a inserção de técnicas interpretativas no manejo da unidade
e
• levar ao conhecimento dos usuários alguns dos recursos naturais e
culturais mais relevantes e que ainda não estejam explícitos na visitação.
A opção em desenvolver uma trilha interpretativa está relacionada aos efeitos
positivos que a Interpretação pode gerar em termos de promoção do ecoturismo, ao
propor o uso dos recursos de maneira estimulante e capaz de estimular atitudes
conservacionistas.
Optou-se pelo Parque Estadual do Itacolomi por se tratar de uma Unidade de
Conservação - portanto, legalmente protegida - aberta à visitação e que oferece
atividades recreativas com presença de alguns elementos interpretativos em suas
trilhas. Outro fator que influenciou na escolha da área está relacionado aos elementos
históricos de sua ocupação e que se tornaram marcantes para o local, inclusive em
termos de atratividade para o turismo. Acrescenta-se a isso o fato do Parque estar
situado em dois municípios turísticos importantes para o Estado, Ouro Preto e Mariana
além de sua proximidade com a capital mineira. Razões as quais facilitam o acesso à
Unidade e podem atrair tanto os turistas que visitam os municípios mencionados como
a comunidade local e pessoas da região.
Procedimentos Metodológicos
Discussão
O contato com a natureza sempre foi para o ser humano uma experiência
prazerosa e gratificante. A princípio não se pensava nos impactos que este contato
podia gerar, pois se acreditava que os recursos eram infindáveis e sua exploração se
justificava em favor do progresso. Somente com a grande destruição e a ameaça de
extinção de tais recursos, essenciais à manutenção da vida humana, que surge a
preocupação em conservar a natureza. (KINKER, 2002).
Com o intuito de proteger áreas cuja interferência humana ainda era reduzida
criou-se nos Estados Unidos, em 1872, o primeiro Parque Nacional do mundo, o
Yellowstone National Park. O modelo norte-americano foi o primeiro no
estabelecimento de áreas protegidas. Apesar de duramente criticado por criar,
segundo Diegues (1994), “ilhas de conservação” - inabitadas e protegidas do
desenvolvimento urbano industrial - este foi um modelo bastante difundido e adotado
em diversos países, inclusive no Brasil.
Passado mais de um século de instituição deste modelo, mudanças e avanços
se procederam. Entretanto, ainda persistem diversos problemas como, por exemplo, a
instituição e gestão de Unidade de conservação sem consulta à sociedade e a
restrição ou proibição do uso da terra às pessoas que antes dependiam dela. Estas
são questões que permanecem atuais em muitas áreas protegidas brasileiras.
Paralela a tal realidade, as Unidades de Conservação, principalmente os
parques, tem recebido uma crescente demanda em busca da prática do chamado
turismo de natureza, cuja principal motivação é o contato com a natureza preservada.
No entanto, para a prática turística em áreas protegidas existem restrições de
acordo com a categoria de Unidade de Conservação. No Brasil, as categorias de
Unidade se dividem em dois grupos: Unidades de Proteção Integral e Unidades de
Uso Sustentável, estabelecidas pelo Sistema Nacional de Unidade de Conservação
(SNUC) - lei que estabelece critérios e normas para criação, implantação e gestão
das Unidades de Conservação Brasileiras. Ao mencionar a prática de turismo nas
Unidades cuja visitação é permitida, a lei aborda o termo ecoturismo como a prática
recomendável em tais áreas.
O princípio fundamental do Ecoturismo é a sensibilização do turista e da
comunidade, a fim de criar uma consciência ambientalista que contribua para a
preservação dos recursos do local. A essência da atividade está, portanto, no
compromisso com a conservação da área visitada. Kinker (2002:23) destaca que “o
Ecoturismo deve seguir princípios (código de ética) e oferecer um lazer dirigido, para
minimizar os impactos negativos potenciais e maximizar os positivos”.
Neste contexto, acredita-se que o ecoturismo, mais que uma modalidade, é
um “conjunto de princípios aplicáveis a qualquer tipo de turismo que se relaciona com
a natureza” (LINDBERG e HAWKINS, 2002:21), tendo como foco o compromisso do
indivíduo em conservar o meio natural.
O incentivo a atividades ecoturísticas possibilita maior aprendizado e
compreensão dos visitantes quanto às restrições de uso à visitação nas áreas
protegidas. O papel educativo do ecoturismo também possibilita a população local
tenha oportunidade de conhecer sobre a área e reconhecer o valor de suas tradições.
(KUTAY, 1990 apud WEARING e NEIL, 2001)
No planejamento do ecoturismo a Interpretação Ambiental bem como a
Educação e Recreação Ambiental são instrumentos que contribuem para a mudança
de comportamento do visitante.
A Interpretação do patrimônio natural e cultural busca educar o visitante para
um olhar mais atento, instigando-o a desvendar os significados e as singularidades do
local. Ao propiciar uma experiência diferenciada, a Interpretação gera efeitos mais
satisfatórios do que a simples transmissão de informações, revelando o valor e
importância do lugar. O resultado é o aumento da satisfação e entendimento do
visitante, o que poderá ampliar sua consciência e gerar atitudes conservacionistas.
Deste modo, a Interpretação Ambiental é uma estratégia que serve ao ecoturismo ao
contribuir para o alcance dos objetivos de conservação e por isso também, sua prática
é eficaz em áreas protegidas.
A Interpretação da natureza teve sua origem relacionada com a atividade
turística, ainda no final do século XIX nos parques norte-americanos. Pessoas que
conheciam bem aqueles lugares conduziam excursões por rotas e trilhas,
proporcionando maior interação entre o turista e o local (ANDRADE, 2003).
O primeiro e também principal autor que escreveu sobre o assunto foi
Freedmam Tilden, sendo considerado o “pai” da Interpretação Ambiental. Em 1957,
ele publicou o livro “Interpreting Our Heritage” que se tornou um clássico muito
utilizado ainda hoje no planejamento interpretativo (CARVALHO et al, 2002). Tilden
teve papel fundamental no desenvolvimento da Interpretação Ambiental,
estabelecendo suas bases e filosofias através da determinação de princípios e
características, a fim esclarecer e orientar a prática interpretativa.
Foram definidos seis princípios e seis características da Interpretação
Ambiental. O primeiro princípio da Interpretação é relacionar a mensagem que se
pretende comunicar com a experiência e realidade do público ao qual se destina. Isto
possibilita que o visitante se identifique com o lugar ou com os fatos mencionados.
Relaciona-se a este princípio a característica de que a Interpretação deve ser
significativa para o visitante. Portanto, deve-se relacionar o objeto ou assunto
interpretado com algo da vivência e cotidiano do visitante, facilitando sua
compreensão e ampliando seus conhecimentos.
O segundo princípio diz que a Interpretação não é mera informação. Ela se
baseia nesta para transmitir a mensagem a que se propõe. A Interpretação mais que
informar deve revelar significados, inter-relações e questionamentos sobre o assunto
abordado. O indivíduo deve ser provocado e persuadido a fim de despertar uma
postura de comprometimento com o ambiente visitado. Assim, relaciona-se a esta
idéia outro princípio de Tilden, defendendo que a Interpretação é provocativa na
medida em que busca despertar o visitante para fatos que eventualmente não seriam
percebidos, mas que podem levá-lo a reflexões acerca do assunto interpretado.
A fim de caracterizar a Interpretação segundo estes dois princípios, Tilden
afirma que a atividade interpretativa deve ser provocante, para levar o visitante a uma
reflexão mais profunda de modo que ele não seja simplesmente instruído com
informações, mas conduzido a perceber as relações e conseqüências do foi
apresentado. Pode-se fazer uso, por exemplo, de perguntas que induzam o público a
refletir sobre determinada situação e que seja capaz de conduzi-lo a suas próprias
respostas e soluções. Trata-se aqui de despertar a curiosidade do visitante e orientá-lo
de modo que ele mesmo seja capaz de satisfazer tal curiosidade. (PAGANI et al.,
1996)
Dentro da filosofia desenvolvida por Tilden, tem-se ainda o princípio de que a
Interpretação Ambiental é uma arte que combina com outras artes. Ela deve utilizar
diversos recursos e estimular o uso dos sentidos na transmissão da mensagem. Neste
contexto, tem-se a característica de que a Interpretação Ambiental deve ser prazerosa
a fim de manter a atenção do público. Para tal, a Interpretação deve ser amena,
cativante e interativa, apresentando variadas estratégias de acordo como o meio de
comunicação utilizado, mas que não lembre um ambiente de formalidade. Assim,
pode-se ter diferentes artifícios como movimento, música, cores vivas, humor,
recursos tridimensionais, uso de metáforas, histórias e ilustrações.
Um outro princípio de Tilden é que a Interpretação deve direcionar-se a
públicos determinados e, para cada grupo específico, o planejamento da atividade
deve se fazer de maneira diferenciada. Assim, a Interpretação para crianças ou
adultos, cientistas ou público leigo, deficientes visuais, dentre outros, não será a
mesma, uma vez que a cada um cabem linguagens e interesses distintos. Tem-se aqui
a característica de que a Interpretação Ambiental deve ser diferenciada, à medida que
cada tipo de visitante apresenta vivências e conhecimentos específicos. Portanto, para
que os programas interpretativos sejam mais eficientes, eles devem ser adequados a
cada perfil de público. Isto não significa fazer atividades interpretativas para cada
pessoa, mas deve-se eleger os perfis de demanda mais freqüentes ou mesmo,
públicos de interesse, para então buscar adequar a atividade interpretativa à realidade
de tais públicos.
Ao apresentar de maneira interpretativa um assunto, este não deve ser
fracionado, mas deve partir de um todo. Este último princípio busca facilitar as inter-
relações entre os elementos, sem prejudicar a compreensão da mensagem principal.
Duas características da Interpretação relacionam-se a este princípio: a atividade
interpretativa deve ser organizada e temática.
A organização das informações facilita seu acompanhamento, reduz os
esforços e evita que haja dispersão do receptor da mensagem. Além disso,
recomenda-se que sejam apresentadas não mais que cinco idéias novas, pois estudos
comprovaram que a capacidade de memorização de informações novas de uma só
vez varia entre cinco e nove. Trabalhar neste limite facilita a conexão e aumentam as
chances do público continuar prestando atenção. Estas idéias devem estar
organizadas em um tema que comunique a mensagem a qual norteará todo o
processo interpretativo, de modo que ao final fique claro para o público o que se
pretendia com a Interpretação (CARVALHO et al, 2002).
A partir dos princípios e características, a Interpretação Ambiental pode ser
utilizada em diferentes meios, dentre eles têm-se as trilhas.
Uma trilha interpretativa tem como objetivo direcionar o olhar do visitante para
elementos, características e fatos relacionados ao ambiente que ele não enxergaria,
seja por distração ou desconhecimento. Elas podem apresentar dois métodos básicos
de Interpretação: guiada e autoguiada. A escolha do método que se pretende adotar
dependerá dos objetivos da trilha e, sobretudo, da disponibilidade de pessoal
preparado para a condução dos visitantes.
As trilhas são meios bastantes comuns em áreas protegidas e servem a
diferentes usos como, por exemplo, contemplação da natureza e caminhada.
Assim, o uso de técnicas interpretativas em Unidades de Conservação - seja
através de trilhas interpretativas ou outros meios - pode minimizar os efeitos negativos
que a visitação crescente pode gerar. No Brasil, o uso de tais técnicas se faz presente
em alguns parques. Em Minas Gerais, o Instituto Estadual de Florestas – IEF/MG vem
trabalhando na estruturação do programa de visitação dos parques estaduais cuja
atividade seja permitida. A inserção de atividades interpretativas também é uma
incentivada pela instituição.
O Parque Estadual do Itacolomi
Situado nos municípios de Mariana e Ouro Preto, O Parque Estadual do
Itacolomi localiza-se na região sudeste de Minas Gerais, a cerca de 100 Km da capital
mineira e apresenta facilidade de acesso por estrada asfaltada até sua portaria, além
de apresentar grande proximidade dos distritos-sede, como ilustra a figura 1.
A sede do Parque localiza em local que outrora era uma Fazenda, a Fazenda
São José do Manso e onde se concentra a maioria dos atrativos disponíveis à
visitação. São preservados no local: a antiga casa sede da Fazenda, chamada de
Casa Bandeirista, edificada entre 1706 e 1708; o local onde se situava uma fábrica de
beneficiamento de chá e que atualmente abriga o Museu do Chá; e o Centro de
Treinamento e recepção de visitantes, que antes servia de galpão para secagem das
folhas de chá. Existem ainda duas lagoas artificiais e três trilhas (do Forno, da Capela
e da Lagoa), sendo que em uma delas há ruínas de uma olaria. Os visitantes contam
com monitores para acompanhá-los pelas trilhas e pelos atrativos históricos, dando
maiores informações sobre a história local. O parque possui sistema de sinalização em
placas de vidro. Além de placas de orientação, algumas são educativas, contendo
recomendações aos visitantes quanto ao cuidado com a conservação do ambiente.
1
Instrumento oficial utilizado para o planejamento das Unidades de Conservação
Assim, foi sugerido um tema interpretativo a ser desenvolvido em uma das
trilhas já existentes no Parque Estadual do Itacolomi. A trilha escolhida foi a Trilha do
Forno. Ela tem aproximadamente 1.200 metros de extensão e percorre uma área de
baixada, adentrando em uma grota no sentido de uma das muitas nascentes
formadoras do Córrego do Manso. Em termos de características naturais a área era
vegetada por uma formação florestal que foi degradada em função da intensa
exploração econômica ocorrida no local.
A trilha é interessante devido às mudanças ambientais que podem ser notadas
no percurso, em função da presença da água. Assim, o início da trilha é uma área
mais ensolarada, de vegetação predominantemente herbácea, representada por
gramíneas. Em seguida, a vegetação transita para um porte mediano e, à medida que
avança pela trilha, torna-se mais intensa, sendo marcada por espécies arbóreas
diversas. Passa-se então para um trecho sombreado, úmido e mais frio, em que a
presença da água torna-se marcante, tendo ocorrência de solos encharcados em
vários pontos e de pequenos cursos d’água. Nestas áreas alagadas predominam
espécies da família da Mirtácea. Outra característica que pode ser observada no solo
é a presença de grande quantidade de serrapilheira (folhas caídas).
No fim do percurso, a vegetação torna-se novamente mais baixa,
predominando o porte herbáceo como no início da trilha.
Ao final do trajeto existem ruínas de um forno cerâmico, provavelmente da
Olaria Roque Pinto, responsável pelo nome da trilha. Além das ruínas do forno de
pedra, há vestígios de uma suposta casa onde ficavam os trabalhadores da olaria e
um local onde provavelmente era amassado o barro. O caráter histórico pelo qual a
trilha está inserida é também demonstrado pela presença de plantas remanescentes
do cultivo e produção do chá preto ao longo do percurso. A lagoa no início da trilha e a
área de camping, que se localiza onde outrora havia uma pocilga, são resquícios do
período em que a Fazenda do Manso era de propriedade do historiador Tarquínio
Barbosa de Oliveira. As marcas históricas deixadas na paisagem da trilha destacam
seu potencial histórico.
A trilha do Forno foi escolhida por reunir aspectos naturais e culturais que
exprimem muito da história do lugar em termos ecológicos e de ocupação. Além disso,
por se tratar de uma trilha em uso, já possui intervenções em sua estrutura física que
facilitam a visitação, como escadas, corrimãos e um local para descanso com bancos.
Em razão da influência dos diversos processos de ocupação que ocorrem na
área onde se situa a trilha e por haver ainda na paisagem testemunhos desta história,
o tópico selecionado foi: “como o histórico de ocupação da área influenciou na
formação da paisagem existente hoje”.
Em função deste tópico desenvolveu-se o seguinte tema:
“Os diversos usos no processo de ocupação da área influenciaram na
formação da paisagem atual”.
A definição dos pontos de parada e a seleção do que seria trabalhado em cada
um deles foi feita através das informações adquiridas em campo e por meio de
pesquisas em documento sobre o histórico do parque e no relatório de criação das três
trilhas interpretativas para o Parque Estadual do Itacolomi.
Ao desenvolver a atividade interpretativa alguns cuidados foram tomados.
Houve a preocupação em fazer a conexão entre os pontos, de modo a facilitar a
compreensão pelo público. O uso de perguntas e questionamentos aos visitantes
objetivou motivá-los a participar, interagir e refletir sobre a idéia trabalhada.
Sugere-se que a trilha seja guiada e destinada ao público jovem e adulto, uma
vez que o percurso é relativamente longo e requer cuidados devido a pontos mais
inclinação no terreno e locais escorregadios devido a alta umidade.
O número máximo de visitantes para realização da trilha proposta é de 10
pessoas. Grupos maiores podem prejudicar a atividade interpretativa e são inviáveis
principalmente porque se tratar de uma trilha estreita na maior parte do percurso, em
que as pessoas andam uma atrás da outra.
A linguagem sugerida é a mais simples possível, a fim de manter a clareza nas
informações e facilitar a compreensão do visitante. Foram definidos 12 pontos de
parada, assim distribuídos no percurso da trilha ilustrado na figura 4.
De maneira resumida, detalha-se a seguir o que deve ser abordado em cada
ponto de Parada.
Ponto Inicial: Apresentação
O monitor deve apresentar-se ao grupo e dar informações sobre a trilha, como
seu nome, a distância, grau de dificuldade e tempo aproximado do percurso. Sugere-
se ainda a realização de uma atividade recreativa de apresentação do grupo, caso as
pessoas não se conhecem, contribuindo para criar um ambiente informal e
descontraído.
Ponto 1: Eucalipto e Lagoa
Pedir que os visitantes observem uma árvore (eucalipto) e descubram qual é a
espécie. Em seguida falar sobre espécies exóticas e a presença de uma floresta de
eucaliptos de 270 hectares dentro do Parque. A floresta fora plantada para fornecer
carvão a uma Usina de Ferros de Liga.
Além do eucalipto, há neste ponto uma lagoa artificial, outro elemento que
retrata a interferência do homem no meio.
Figura 4: Percurso e pontos de parada da Trilha do Forno
Considerações Finais
Sabe-se que a Interpretação Ambiental deve fazer parte do planejamento do
ecoturismo em áreas naturais e avanços têm ocorrido para se implementar as
atividades interpretativas em tais áreas no Brasil. O Parque Estadual do Itacolomi
demonstrou tal interesse desde 1993, em documento elaborado para criação de um
programa de visitação no parque. No entanto, observa-se a necessidade de um
estudo mais aprofundado do que seja a Interpretação Ambiental e de que maneira ela
pode ser inserida nas atividades oferecidas aos visitantes.
Acredita-se que a implementação do plano de manejo no Parque Estadual do
Itacolomi deve ocorrer em breve e contribuirá para a criação e diversificação de
atividades destinadas aos visitantes. A realização de um projeto de Educação
Ambiental no Parque já demonstrou os benefícios que esta pode gerar. Por isso,
sugere-se a criação de um programa contínuo de Educação Ambiental e a ampliação
do uso da recreação na Unidade.
Referências Bibliográficas
ANDRADE, Waldir Joel de. Implantação e Manejo de Trilhas. In: MITRAUD, Sylvia
(org.). Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramentas para um planejamento
responsável. Brasília: WWF Brasil, 2003. p. 247-260.
DIEGUES, Antonio Carlos Sant’Ana. O Mito Moderno da Natureza Intocada. 2. ed. São
Paulo: Hucitec, 1998. 169 p.
PAGANI, Maria Inez et al. As Trilhas da Natureza e o Ecoturismo. In: LEMOS, A.I.G.
(Org.). Turismo e Impactos Socioambientais. São Paulo: HUCITEC, 1996. p. 151-163.
SOUSA, Hilberto Caldas de; et al. Criação de Três Trilhas Interpretativas como
Estratégia de Um Programa de Interpretação Ambiental do Parque Estadual do
Itacolomi, Minas Gerais. Relatório do Projeto. Ouro Preto: 2004. 32 p.