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Jornalista Manuela – Boa noite

Jornalista Paula – Boa noite

J.M. – Vamos dar início ao programa “Opiniões” hoje com o tema “Iniciativa
Novas Oportunidades”. Para esclarecer este tema temos hoje como
convidados; os representantes da Assembleia da República o Dr. Carlos Jacinto
e a Drª Marina Pedro; por parte dos beneficiários das INO Manuela Sousa e
Maria dos Anjos; por parte da entidade formadora temos as representantes da
Casa Nossa Senhora do Rosário a doutora Maria Isabel Silva e a Eng. Ana
Oliveira.

J.P. - Representando o ensino regular, da Escola Secundária Dr. Joaquim de


Carvalho, a Dr.ª Sónia Garcia e a Dr.ª Manuela Lopes; em representação das
entidades patronais temos o Senhor Miguel Laborda da empresa Thecnigroup e
a economista Liliana Cruz da empresa Ecogest, Lda; em representação dos
cidadãos temos, Liliana Rodrigues, David Simões e Gabriela Matias.

J.M. – Começava por pedir à Dr.ª Isabel Silva e à Eng. Ana Oliveira, que nos
falassem da iniciativa Novas Oportunidades.

Dr.ª I.S. – A INO procura dar resposta aos baixos índices de escolarização dos
portugueses, através da aposta na qualificação da população, concretizando-se
em duas ideias chave: uma oportunidade nova para os jovens e uma nova
oportunidade para os adultos.

Eng. A.O. – Existem três vertentes: o RVCC (Reconhecimento, Validação e


certificação de Competências); Cursos EFA (Educação e Formação de Adultos) e
o Ensino Recorrente. O RVCC é um processo através do qual são reconhecidas
as aprendizagens dos adultos ao longo da vida, nos vários contextos em que
estão inseridos. Neste tipo de iniciativa, não se pretende ensinar nada aos
formandos, pretende-se sim, que eles nos demonstrem que com a sua
experiência de vida, adquiriram um conjunto de conhecimentos que lhes
permite ter uma habilitação equivalente ao 9º ou ao 12º ano.

Dr.ª I.S. – Relativamente aos cursos do ensino recorrente secundário os alunos


frequentam uma escola pública, em regime pós laboral, portanto está indicado
para adultos trabalhadores, têm aulas e a avaliação é modular durante três
anos. Para falar dos cursos EFA passo a palavra às formandas Manuela Sousa e
Maria dos Anjos, que melhor do que ninguém sabem explicar como funciona os
cursos EFA.

M.S. – Os cursos EFA funcionam em horário laboral, temos 4 unidades de


formação que são Cultura, Linguagem e Comunicação, Cidadania e
Profissionalidade, Sociedade, Tecnologia e Ciência, Cultura, Linguagem e
Comunicação - Língua Estrangeira, nestas unidades trabalhamos 3 núcleos
geradores, cada núcleo gerador tem 4 dominios de referencia onde temos de
evidenciar determinados tipos de conhecimentos para que sejamos creditadas
e as nossas competências validadas.

M.J. – A nossa avaliação é bastante rigorosa, temos de fazer um PRA que


resulta de um conjunto de produtos que vamos construindo e onde
evidenciamos os nossos conhecimentos em cada DR fazemos uma ficha de
reflexão. Temos ainda as UFCD’s que nos dão a dupla certificação.

L.R. – No meu ponto de vista, como estudante universitária na área de


Informática, julgo que a iniciativa nas novas oportunidades é uma grande
palhaçada.

Eu para chegar aqui, tive de estudar mais de um dúzia de anos, enquanto os


alunos da I.N.O. andam lá uma dúzia de meses e acabam com a mesma
qualificação que eu ou seja o 12º ano.

Eu tive de passar pelo “stress” dos exames, enquanto eles fazem umas simples
fichas com consulta, tenho de pagar propinas, enquanto eles recebem bolsa de
formação. Quem havia de andar nesses cursos da I.N.O. é quem não tem
capacidades físicas para trabalhar, isso sim era justo. Agora para pessoas
saudáveis tenham paciência! Vão trabalhar!

Eng. A.O. – Eu não concordo nada com esta opinião, como formadora para
mim é importante certificar pessoas que na devida altura não tiveram
oportunidade devido às mais diversas circunstâncias da vida desta forma não
devem ser excluídas do ensino já que a educação é um direito de todos e para
todos art. 13º da Constituição da República. Faço ainda referência ao artigo 58
da CRP que evoca o direito ao trabalho cabendo ao Estado promover a
formação cultural e técnica e a valorização profissional dos trabalhadores

M. Lopes – Estou de acordo com a Eng. Ana Oliveira desde que os cursos
sejam feitos com credibilidade acho que o problema que está a ser levantado
sobre a INO parte da má formação dada em certas instituições. De acordo com
a Constituição da República Portuguesa todos temos direito à Liberdade de
ensinar e de aprender artigo 43º.

J.P. – Neste momento pedia a opinião de alguém que não tem envolvimento
directo na iniciativa INO o Senhor Miguel Laborda.

M.Laborda. – A mão de obra é essencial para as empresas, portanto, quanto maior for a
qualificação desta, mais vantagens económicas e de imagem têm as empresas. Por exemplo,
tenho uma cadeia de lojas de venda e preparação de material informático, e preciso de
colaboradores competentes no seu serviço. Como não existiam cursos correspondentes a esta
área, os funcionários eram requisitados através do seu talento demonstrados, mas nos meses
que se avizinham, vão começar a aparecer técnicos qualificados, o que vai ser óptimo para as
minhas ambições empresariais. Agora, têm de mostrar qualificação para a área, não é apenas
apresentarem um currículo a credenciar as suas funções.

J.M. – Agora pergunto Dr.ª Liliana Cruz quando analisa os currículos para
futuros trabalhadores prefere candidatos que estudaram nas INO ou no ensino
regular.

S.G - Eu como professora do ensino regular, compreendo a frustação de quem


teve de passar pelo longo processo de aprendizagem para poder entrar na
faculdade, mas tal como a eng. Ana Oliveira disse as pessoas que não puderam
usufruir da oportunidade de poder frequentar o ensino regular e tiveram de
abandonar o ensino para poder trabalhar, cuidar de familiares, por terem
engravidado entre outros imprevistos, agora com estas novas oportunidades
podem continuar a sua formação e até dar exemplo para os jovens que
abandonam a escolaridade obrigatória, porque não lhes apetece estudar, e até
incentivar outras pessoas a também agarrar esta oportunidade e voltar a
estudar e validar as suas competências. O Artigo 53.ºda Constituição
(Segurança no emprego) não deve ser esquecido, é importante as pessoas se
qualificarem profissionalmente e esta oportunidade não deve passar em vão.

L.C. – Entre os candidatos preferia o das novas oportunidades dado que têm
uma experiência de vida e à partida tem uma formação em contexto de
trabalho enquanto os outros trazem muitos conhecimentos teóricos. É
importante não esquecer o Artigo 47.º da Constituição da República (Liberdade
de escolha de profissão e acesso à função pública)

J.P. – Pedia a Gabriela Matias que nos expressa-se a sua opinião acerca desta
iniciativa.

G.M. – A minha opinião vai de encontro à da Liliana Rodrigues, isto das Novas
Oportunidades é uma grande palhaçada, é um incentivo ao desemprego e um
incentivo aos estudantes a largar os estudos e mais tarde andarem para aí
nestas oportunidades só para receberem o dinheirito ao fim do mês,
frequentem ou não e no final têm uma qualificação igual aos outros. E ainda
por cima lhe dão os portáteis quase de graça.

D. Simões – Eu sou a favor porque acho uma boa oportunidade para os mais desfavorecidos.
Por diversas razões, uma delas é devido à má situação económica familiar, têm de largar os
estudos, outra por motivos familiares.
J.M. – Pedia ao Dr. Carlos Jacinto uma visão geral sobre o tema.

C.J.-Nos últimos 30 anos, tem-se realizado em Portugal, um enorme esforço


para obter um melhor nível de qualificação escolar da população, de forma a
recuperar o atraso que nos distancia dos restantes países da União Europeia.

No entanto ainda existe um enorme contraste.

Grande parte da nossa população activa não tem a escolaridade obrigatória ou


então não concluiu o ensino secundário. O que nos desfavorece e muito, visto
que competimos directamente com os restantes países europeus.

Como existe um livre acesso de toda a população europeia ao mesmo mercado


de trabalho e como muitos dos nossos trabalhadores não estão certificados
nem a nível profissional nem escolar, não conseguem as mesmas
oportunidades, perdendo competitividade para com os que vêm de fora. O que
afecta de forma muito negativa tanto o nosso crescimento económico, como o
nível de emprego e o nosso desenvolvimento pessoal e social.

Algo tinha de ser feito de forma a inverter esta situação. Então foi criada a
Iniciativa Novas Oportunidades. Esta iniciativa que foi criada tendo em vista o
artigo 74 da constituição portuguesa, que afere o direito ao ensino de modo a
garantir o direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar, tem
como objectivo a escolarização geral da população ao nível do ensino
secundário, considerado hoje o patamar mínimo para dotar os cidadãos das
competências essenciais ao mundo em que vivemos.

O impacto desta iniciativa já é visível. Tanto no aumento do número de alunos


matriculados nos diferentes níveis de ensino, sobretudo nas vias
profissionalizantes. No aumento do número de alunos que ingressaram no
ensino superior (aproximadamente mais 7 000 do que no ano anterior). A
redução significativa das taxas de desistência nos ensinos básico e secundário
e também no aumento da percentagem de jovens dos 20 aos 24 anos que
terminaram, pelo menos, o ensino secundário (cerca de uma subida de 5% de
2005 para 2007).

Mas atenção, só isto não basta. (Pausa) Precisamos ir mais além. A minha
colega, Dr.Marina, irá falar um pouco sobre o que está previsto para o futuro.

M. Pedro -Para o futuro está programado o processo de revisão e renovação do


Catálogo Nacional de Qualificações, em 14 áreas de educação e formação, de
forma a actualizar e integrar novas qualificações que sirvam mais
adequadamente as necessidades do mundo empresarial português. Assim, o
Catálogo Nacional de Qualificações irá integrar referenciais únicos, para todas
as modalidades de educação e formação de dupla certificação, baseados em,
competências, em função de resultados de aprendizagem, com orientações
europeias, nomeadamente o Quadro Europeu de Qualificações (QEQ) e o
Sistema Europeu de Créditos para a Educação e Formação Profissional (ECVET).
Por último, mas talvez o mais importante, será a criação um processo de
avaliação externa, longa e em profundidade, da Iniciativa Novas Oportunidades
e da Rede de Centros, com o objectivo de acompanhar o seu efeito e a eficácia.
Para que esta seja avaliada não só a nível quantitativo, mas qualificativo, pois
devemos sim apostar na qualidade da educação dos portugueses.

J.P- Para terminar este debate é importante não esquecer o artigo 37º da
Constituição da República Portuguesa (Liberdade de expressão e informação,
sem ele não teria sido possível efectuar este debate.

J.M- Esperamos que tenham ficado esclarecidos quanto a estas iniciativas.


Obrigado a todos os presentes e aos telespectadores aí em casa. Para a
semana voltamos com o tema, Declaração universal dos Direitos Humanos. Até
lá tenham uma boa semana.

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