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ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA


DE OUTRO MEIO DE TRANSPORTE

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40.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO


CRIME

A definição legal do crime está no art. 262 do Código Penal: “expor a perigo outro
meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento”. A pena:
detenção de um a dois anos.

O bem jurídico protegido é, uma vez mais, a incolumidade pública, a segurança e a


tranqüilidade da comunidade.

Sujeito ativo é qualquer pessoa que realizar uma das condutas incriminadas.

Sujeito passivo é o Estado e também a pessoa que ficar exposta ao perigo.

40.2 TIPICIDADE

No caput do art. 262 encontra-se a forma típica fundamental. O § 1º descreve o


desastre resultante da conduta típica fundamental. O § 2º, o desastre culposo. Aplica-se a
essas duas formas qualificadas a norma do art. 258.

40.2.1 Conduta e elementos do tipo

Na primeira parte do tipo, a conduta incriminada é a de expor a perigo um meio de


transporte público não contemplado nos tipos anteriores.

Expor a perigo é criar uma situação de perigo concreto para o meio de transporte,
podendo o agente realizar a conduta por comissão ou por omissão e por qualquer meio de
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

execução.

A segunda modalidade típica é impedir ou dificultar o funcionamento do serviço de


transporte público. Impedir é obstar, é não deixar que funcione. Dificultar é colocar
empecilho, atrapalhar.

O objeto material do delito é qualquer outro meio de transporte, salvo o ferroviário,


marítimo, fluvial e aéreo. O transporte público deve ser público, destinado, portanto, a
atender à coletividade e pode ser de propriedade ou administrado pela União, pelo Estado,
pelo Distrito Federal ou pelo Município, e também os explorados por particulares por
concessão do poder público.

A conduta pode recair diretamente sobre o veículo de transporte coletivo,


modificando partes de sua estrutura ou adulterando seu regular funcionamento, ou sobre
as vias por onde o mesmo deve circular, impedindo seu funcionamento.

Na primeira modalidade típica há um crime de perigo concreto. Deve ser


demonstrado cabalmente. Na segunda, o perigo é abstrato. Basta que o serviço seja
impedido ou dificultado.

Realiza o tipo o agente que atua dolosamente. Consciente de que sua conduta
coloca o meio de transporte público em perigo, age com essa finalidade. Ou, sabendo que
ela é capaz de impedir ou dificultar o funcionamento do serviço, realiza-a com essa
finalidade exclusiva. Se o fim é causar um desastre, incidirá a norma do § 2º, adiante
comentada.

40.2.2 Consumação e tentativa

A primeira modalidade típica consuma-se com a instalação da situação de perigo.


Na segunda, a consumação ocorre no momento em que o serviço de transporte coletivo
tem seu funcionamento impedido ou dificultado. A tentativa é admissível em qualquer
delas.

40.2.3 Desastre doloso e desastre preterdoloso em outro meio de


transporte

Da conduta que coloca em perigo o meio de transporte ou da que impede ou


dificulta seu funcionamento pode resultar desastre, isto é, acidente grave que coloca em
Atentado Contra a Segurança de Outro Meio de Transporte - 3

perigo bens de pessoas indeterminadas. Se isso ocorrer, a pena cominada será de reclusão,
de dois a cinco anos.

O desastre pode ter sido previsto e desejado pelo agente desde a realização da
conduta, e aí o crime é integralmente doloso, mas pode, também, decorrer de negligência,
imprudência ou imperícia, numa situação previsível, caso em que se reconhecerá o delito
preterdoloso. Mas a pena é idêntica, devendo o julgador saber aplicá-la, levando em conta
a presença ou a ausência do elemento subjetivo.

40.2.4 Desastre culposo em outro meio de transporte

Se o desastre decorrer de uma conduta culposa do agente – de expor a perigo,


dificultar ou impedir o funcionamento do transporte coletivo – que não é tipificada em si
mesma, o fato será punido com detenção, de três meses a um ano. Reitere-se que a
exposição culposa a perigo não é crime. Só há forma culposa quando do fato resultar
desastre.

40.2.5 Formas qualificadas pelo resultado

Determina o art. 263 do Código Penal que, se do desastre resultar lesão corporal ou
morte, será aplicada a norma do art. 258.

Por isso, se do desastre causado pela conduta dolosa do agente decorrer lesão
corporal de natureza grave, a pena será aumentada de metade. Se resultar morte, será
aplicada em dobro.

Se do desastre culposo decorrer lesão corporal – leve, grave ou gravíssima – a pena


será aumentada de metade. Se sobrevier morte, será aplicada a pena do homicídio culposo,
aumentada de um terço.

40.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada. A suspensão condicional do


processo penal é admitida no delito simples e na forma culposa, inclusive quando
qualificada por lesão corporal.

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