Professional Documents
Culture Documents
Relatório de Avaliação
(ano lectivo de 2004/05)
Equipa de Avaliação
Abril de 2006
CIE FCUL
Centro de Investigação Faculdade de Ciências da
em Educação Universidade de Lisboa
Avaliação do programa Internet@EB1
Índice
Introdução 3
Contexto e objectivos 3
Metodologia da avaliação 4
Análise dos relatórios das instituições de ensino superior 7
Projecto 7
Indicadores 9
Centros de recursos virtuais 16
Parcerias 20
Comunidades de prática 22
Investigação 27
Boas práticas 31
Dificuldades 37
Análise dos sítios das EB1 na Web 40
Introdução 40
Questões básicas: Criação dos sítios, a Internet como meio e questões de segurança 41
Referência ao programa, orientação e navegação 53
Questões de cidadania 58
Contribuição para a qualidade das aprendizagens: Linguagens, conteúdos e competências 61
Exemplos interessantes e boas práticas 74
A opinião dos professores participantes 83
Introdução 83
Caracterização dos professores participantes 85
Caracterização das escolas participantes 88
Concepções do professor relativamente à utilização educativa das TIC 93
Percepções do professor sobre o impacto do Programa nas suas competências e nas
competências dos alunos em TIC 97
Perspectiva do professor sobre a página web da escola construída ou reformulada no
âmbito do Programa 100
Actividades envolvendo as TIC realizadas pelo professor durante o corrente ano lectivo 102
Considerações finais 104
Flexibilidade e investigação no trabalho com a diversidade de contextos:
O Programa Internet@EB1 no Distrito de Aveiro 106
O projecto na Universidade de Aveiro 106
1
Avaliação do programa Internet@EB1
2
Avaliação do programa Internet@EB1
Introdução
Contexto e objectivos
3
Avaliação do programa Internet@EB1
Metodologia da avaliação
1. Contribuiu para aumentar o uso das TIC nestas escolas, para fins
educativos?
2. Estimulou a produção e actualização de páginas web das escolas?
3. Permitiu certificar competências básicas em Tecnologias de Informa-
ção de professores e alunos?
4. Estimulou a criação de parcerias (virtuais) com (i) outras escolas do
país ou países de língua portuguesa; (ii) autarquias; e (iii) outras enti-
dades (Museus, Bibliotecas)?
4
Avaliação do programa Internet@EB1
no 1.º ciclo do ensino básico; e (iv) realização de estudos de caso de quatro instituições
do ensino superior com perspectivas e práticas diversificadas no que se refere à concre-
tização do Programa. A equipa de avaliação concebeu em conjunto o design geral da
avaliação e os instrumentos e procedimentos a utilizar, realizando uma divisão de tare-
fas relativamente às diversas vertentes do trabalho. O relatório final é, naturalmente,
produto do trabalho conjunto de toda a equipa.
A análise dos relatórios das instituições de ensino superior foi realizada segundo
um conjunto de dimensões que incluem os aspectos quantitativos e qualitativos das
actividades do projecto. Procurou-se ter em especial atenção o modo como a instituição
encarou o seu envolvimento no Programa Internet@EB1, a atribuição de DCB e elabo-
ração de páginas de escolas, os centros de recursos virtuais, a realização de parcerias
com outras entidades, a constituição de comunidades de prática, o trabalho de investiga-
ção associado, as boas práticas salientes e as dificuldades notadas. Uma versão prelimi-
nar desta análise foi enviada a todas as instituições envolvidas, com um pedido de
comentários e eventuais correcções. As respostas dos respectivos coordenadores foram
tidas em conta na elaboração do presente relatório final1. Os aspectos mais salientes
destas respostas encontram-se em anexo a este relatório.
Para a realização do estudo dos sítios virtuais das escolas EB1 a equipa de ava-
liação produziu um guião de análise contemplando as seguintes dimensões: (i) contexto;
(ii) a Internet e a web como meios; (iii) contribuição para o desenvolvimento curricular;
e (iv) questões de cidadania na web. Este instrumento de análise foi aplicado a uma
amostra de locais virtuais recomendados pelas instituições de ensino superior partici-
pantes no Programa.
A equipa produziu igualmente um questionário on-line destinado aos professores
participantes das escolas abrangidas pelo Programa em 2004/05, contemplando os
seguintes aspectos: (i) caracterização pessoal e da escola; (ii) concepções e competên-
cias do professor relativas à utilização educativa das TIC; (iii) imagem sobre o impacto
que o projecto teve nos alunos e das competências actuais dos alunos; (iv) perspectiva
pessoal sobre a página web da escola; e (v) actividades no corrente ano lectivo. Foram
recolhidas 604 respostas de professores dos 18 distritos do continente português.
Finalmente, foram seleccionadas quatro instituições para realizar estudos de
caso, duas universidades e duas escolas superiores de educação de diferentes pontos do
1
Foram recebidas respostas dos coordenadores dos distritos de Aveiro, Braga, Bragança, Beja, Coimbra,
Leiria, Lisboa, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu.
5
Avaliação do programa Internet@EB1
2
O estudo de caso de Aveiro foi elaborado por Maria João Silva, o de Évora, por Hélia Oliveira, o de
Setúbal, por Pedro Reis, e o de Viseu, por João Pedro da Ponte.
6
Avaliação do programa Internet@EB1
Projecto
7
Avaliação do programa Internet@EB1
São vários os relatórios de IES que, na sua reflexão explícita, se reportam quase
exclusivamente aos objectivos do Programa Internet@EB1, sem referir outros aspectos
do seu projecto institucional próprio. No entanto, em diversos casos percebe-se que esse
projecto existe e tem um significado importante, sendo mesmo o principal alimentador
dos aspectos mais positivos do trabalho realizado. Por exemplo, o relatório da Universi-
dade de Évora mostra que esta instituição encarou este Programa como uma oportuni-
dade para promover novos projectos nas escolas EB1 e aprofundar projectos já existen-
tes no terreno. Tal é patente, por exemplo, quando se afirma ter em vista, “quer uma
progressiva autonomia dos professores no uso das tecnologias disponíveis, quer o
envolvimento de professores e alunos em actividades e projectos (....)” (p. 5). Deste
modo, os guiões e propostas de actividades desta instituição eram “orientadas para o
desenvolvimento das competências básicas [em TIC] mas também de apoio ao desen-
8
Avaliação do programa Internet@EB1
volvimento de projectos” (p. 8). Por isso, também, o modelo de intervenção adoptado
“apostou no desenvolvimento de competências básicas no uso das TIC, mas também de
outras competências (competências transversais, competências curriculares de âmbito
interdisciplinar, etc.)” (p. 6). Daí, também, o empenho desta equipa em “animar os alu-
nos e professores a continuar a utilizar (entre visitas) o computador e a Internet de um
modo planificado e sistemático, integrando-os nas actividades normais de sala de aula
(numa perspectiva de autonomia e confiança crescente)” (p. 6). O relatório desta insti-
tuição, de resto, destaca-se pela forma marcadamente positiva como termina, sublinhan-
do que “o Programa Internet@EB1 foi uma excelente OPORTUNIDADE para todos os
agentes educativos, mas fundamentalmente para os professores” (p. 21). No relatório da
ESE de Setúbal percebe-se também que existe um projecto que leva a uma aposta na
relação com os centros de formação de associações de escolas e definição de critérios de
prioridades relativamente aos intervenientes.
Se reduzirmos o objectivo do Programa à atribuição de DCB e elaboração de
páginas, bastar-nos-á olhar para os quadros-resumo do desempenho quantitativo de cada
equipa adiante indicados. Se quisermos perceber de que modo a equipa encara o seu o
projecto institucional no âmbito das TIC no 1.º ciclo do ensino básico, temos de ver
como enuncia os seus grandes objectivos, como assinala a oportunidade de transforma-
ção descortinada e avalia os recursos existentes. Os elementos que existem a este respei-
to estão sintetizados no Quadro 1.
Indicadores
Nesta avaliação final importa inventariar os pontos em que o trabalho das insti-
tuições de ensino superior conseguiu alcançar os seus objectivos. Comecemos pelos
Diplomas de Competências Básicas (DCB) (Quadro 2). É de notar que em alguns distri-
tos foram atribuídos DCB a alunos do 3.º ano de escolaridade. Além disso, em diversos
distritos (como é, por exemplo, o caso de Coimbra e de Vila Real), os alunos do 4.º ano
em 2004/05 já tinham maciçamente recebido o seu DCB no ano lectivo anterior, pelo
que não é de estranhar o número de alunos que recebeu este diploma no ano em apreço.
Em termos nacionais, verifica-se uma taxa de cobertura elevada na obtenção de DCB
por parte dos alunos (65%), um dos grandes objectivos do Programa, e reduzida por
parte dos professores (09%), que não constituía uma prioridade.
9
Avaliação do programa Internet@EB1
10
Avaliação do programa Internet@EB1
Distrito Descrição
Aveiro “O modelo de intervenção adoptado teve em linha de conta os objectivos
máximos apresentados pela tutela” (p. 4).
Beja “A continuidade do projecto inserido no Programa de ‘Acompanhamento
da utilização educativa da Internet nas escolas públicas do 1.º ciclo do
Ensino Básico’ configurou-se como um elemento determinante para con-
solidar as actividades da instituição no que respeita ao seu incentivo per-
manente no acesso à informação, por parte de professores e alunos do
Ensino Básico do Baixo Alentejo” (p. 1).
Braga “Tendo em vista assegurar o estabelecido no protocolo celebrado com a
FCCN, o Plano de Acção apresentado pela Universidade do Minho para
2005 manteve a metodologia de intervenção desenhada e experimentada
nos anteriores anos lectivos de 2002/04, a qual se revelou adequada ao
contexto em que o projecto se enquadrava. O plano de acção continuou a
procurar concretizar na maior extensão possível os objectivos estabeleci-
dos no referido protocolo (p. 2).
Bragança “Acreditamos que foram dados todos os passos conducentes à implemen-
tação do Projecto conforme foi acordado” (p. 4).
Castelo “O Programa Intenet@EB1 tem sido um desafio de envergadura na utili-
Branco zação das TIC para fins pedagógicos na escola e na aula, quer para os pro-
fessores e alunos das EB1, quer para todos os implicados na sua execução
(equipa de coordenação, monitores/professores e professores da ESECB),
no sentido de desenvolver um acompanhamento pedagógico para o uso do
computador no ensino e na aquisição de competências básicas em TIC e o
seu uso pedagógico-didáctico diário e respectiva consolidação na aula e na
aprendizagem dos alunos” (p. 2).
Coimbra O plano de acção para o Projecto Internet@EB1s engloba os seguintes
objectivos: “Acompanhamento da utilização educativa da Internet pelos
professores e alunos das escolas públicas do 1º ciclo do Ensino Básico do
distrito de Coimbra” (p. 1).
Évora “Objectivos: A Universidade de Évora assegurou o acompanhamento
pedagógico no distrito de Évora através de sessões de trabalho com alunos
e professores das EB1, conferindo a cada escola capacidades para produzir
páginas Web e certificar a aquisição de Competências Básicas em TIC a
professores e alunos, sobretudo os do 40 ano de escolaridade (…)” (p. 1).
Faro “A intervenção junto das EB1 teve em consideração tanto o protocolo
assinado com o FCCN, que delineava já algumas acções a tomar pelos
intervenientes, como também a experiência dos dois anos anteriores do
projecto” (p. 6).
Guarda “O desenvolvimento deste projecto privilegiou a promoção da aquisição
de competências básicas por parte dos professores. É nossa intenção, com
a continuidade deste projecto para o próximo ano lectivo, assegurar um
desenvolvimento sustentável das competências adquiridas” (p. 2).
Leiria “… Na sequência do trabalho desenvolvido em anos lectivos transactos, a
actuação da ESE de Leiria irá pautar-se por um reforço das actividades de
acompanhamento. Assim, este ano, para além de privilegiarmos o trabalho
com os agrupamentos de escolas e autarquias, numa tentativa de criação de
práticas nas escolas com outras entidades, iremos reforçar as acções de
formação colectivas para os professores das EB1” (p. 4).
11
Avaliação do programa Internet@EB1
12
Avaliação do programa Internet@EB1
Distrito Alunos no 4.º DCB atribuídos Taxa de Professores DCB atri- Taxa de
ano de escola- a alunos do 4.º cobertura no distrito buídos a cobertura
ridade ano (em %) abrangidos professores (em %)
Aveiro 7739 5457 19 717 76 03
Beja 1512 793 52 506 164 32
Braga 8963 5144 57 2016 0 0
Bragança 1193 1150 96 708 70 10
Castelo Branco 1742 1445 83 533 96 18
Coimbra 2481 1192 (1) 48 597 12 02
Évora 1301 1219 94 166 31 19
Guarda 1583 1394 88 706 0 0
Faro 3727 1883 51 491 23 5
(2) (2) (2) (2)
Leiria 3502 682
Lisboa 4434 766 17 1273 195 15
Portalegre 1084 760 70 185 41 22
Porto 14274 14154 99 1121 241 21
Santarém 4015 2287 57 1143 65 06
Setúbal 3442 1148 33 1098 127 12
Viana do Castelo 2762 2681 97 281 7 02
Vila Real 2282 460 (3) 20 (3) 1227 100 08
Viseu 3865 3426 89 950 69 07
(4) (4) (4)
Total 69901 45359 65 14400 1317 09 (4)
Notas
(1)
No caso de Coimbra salienta-se a atribuição de 2 192 DCB a alunos de outros anos de escolaridade.
(2)
Não é possível apresentar os valores para o distrito de Leiria, tendo recebido, depois de vários contac-
tos, o seguinte esclarecimento: “(...) Informo que a Escola Superior de Educação de Leira, para o registo
dos diplomas atribuídos, utilizou apenas o Sistema de Informação do Diploma de Competências Básicas
em TIC, o qual não nos permite retirar a informação solicitada (...)”.
(3)
No caso de Vila Real lê-se no respectivo relatório: “Em relação a alunos do 4.º ano, só 20% realizaram
exame, visto que um número significativo de alunos que transitaram do 3.º ano para o 4.º ano já possuíam
o Diploma de Competências Básicas” (p. 19).
(4)
Os valores e percentagens totais de DCB não incluem os atribuídos no distrito de Leiria, pelas razões
indicadas na nota 2.
13
Avaliação do programa Internet@EB1
Nota
(1)
Dados indicados nos relatórios das IES, nalguns casos posteriormente corrigidos pelos respectivos
coordenadores.
14
Avaliação do programa Internet@EB1
15
Avaliação do programa Internet@EB1
16
Avaliação do programa Internet@EB1
por vezes difícil, parece fundamental continuar a investir na validação da qualidade dos
conteúdos e dos recursos disponibilizados nestes sítios virtuais.
Distrito Descrição
Aveiro Recursos para formadores incluem um sítio; fórum; base de dados de visi-
tas; mailing-list; serviço de helpdesk; sala equipada.
Entre os materiais produzidos encontra-se os conteúdos do sítio, CD de
backup de páginas das escolas e um tutorial produzido em flash e um web-
site sobre competências básicas.
Beja Refere que se melhorou “um site de apoio (centro de recursos) com infor-
mação genérica acerca do Programa, informação relativa às escolas do dis-
trito, materiais de apoio (actividades a desenvolver, modelo de site de
escola, software, guiões de utilização), lista de endereços de sites impor-
tantes para as áreas curriculares do 1.º ciclo, glossário de termos utilizados
no site e contactos” (p. 9).
Apresenta um conjunto de princípios básicos para o desenho de páginas
web.
Braga Refere a existência de um “site do projecto IEBI, onde se foi concentrando
informação considerada relevante especialmente para os animadores” (p.
10).
Bragança Refere o Portal dos Catraios (http://www.catraios.pt), cuja finalidade é
favorecer a comunicação entre as escolas do 1.° Ciclo do Ensino Básico e
de Educação de Infância e, destas, com a comunidade em geral e com as
crianças e seus pais ou encarregados de educação em particular,
nomeadamente através de ferramentas colaborativas e da publicação de
conteúdos lúdico-didácticos e conteúdos de divulgação e promoção” (p.
2). Este site funcionou como apoio ao projecto Internet@EB1.
Castelo Bran- Manutenção do CRPV - Centro de Recursos Pedagógico Virtual no CRAT
co para o apoio técnico-pedagógico ao Programa, com o logotipo de NETIN”
(p. 14); este site contém também orientações e sugestões “aos professores
para na base do programa do 1.º ciclo efectuarem actividades escolares
com os alunos utilizando o computador” (p. 14).
Possui um acesso para professores e monitores e um acesso para alunos
(com um “espaço escola” e um “espaço recreio”).
Coimbra Indica que “O funcionamento do Projecto Internet@EB1s – Rede de Esco-
las Básicas do Distrito de Coimbra foi suportado pelos centros de recursos:
http://eb1s.esec.pt/ e http://eb1s.esec.pt/backoffice” (p. 20).
Apresenta páginas ilustrativas do site Internet@Eb1s e refere que este “re-
cebeu, desde 30 de Janeiro do presente ano, mais de 28 mil visitas, numa
média de 3100 visitas/mês” (p. 21).
Apresenta um conjunto de páginas dedicadas ao Clavi (Comunidade Lusó-
fona de Aprendizagem Virtual) que, através da parceria com o projecto In-
ternet@EB1 da ESE de Coimbra e a Escola do Futuro da Universidade de
S. Paulo, pretende estimular e desenvolver comunidades de prática.
Évora Refere que “O espaço virtual de apoio ao desenvolvimento do Programa
— Portal Web1 (http://www.minerva.uevora.pt) — serviu como ponto de
encontro e de repositório de informação actualizada dirigida quer aos for-
madores quer aos professores e alunos das escolas. Procurou reflectir o
interior de uma sala de aula típica do 1° Ciclo, criando um ambiente fami-
17
Avaliação do programa Internet@EB1
18
Avaliação do programa Internet@EB1
19
Avaliação do programa Internet@EB1
Parcerias
20
Avaliação do programa Internet@EB1
Internet). Para além destas parcerias iniciais, a implementação regional e local do Pro-
grama originou outros três tipos interessantes de parceria:
21
Avaliação do programa Internet@EB1
algumas autarquias). Por vezes, pareceu existir algum conflito de interesses e mesmo
competição entre coordenações regionais e autarquias pelo facto de ambas as institui-
ções estarem acreditadas para a atribuição de Diplomas de Competências Básicas em
TIC.
Os critérios de sucesso definidos para o Programa (número de DCB atribuídos e
de páginas web construídas ou reformuladas) e o número reduzido de visitas para apoio
às escolas terão dificultado o estabelecimento de parcerias de trabalho entre os monito-
res e os professores do 1.º ciclo do ensino básico. Frequentemente, o professor acabou
por não participar nas actividades, limitando-se a conceder ao monitor o espaço de ma-
nobra necessário à preparação dos alunos para o exame de atribuição dos DCB e à reco-
lha de trabalhos para a construção da página web da escola (actividade em que, muitas
vezes, o professor pouco participou).
Estes factos realçam a necessidade, em programas futuros, da realização de reu-
niões regulares entre todos os parceiros que permitam a monitorização dos progressos
realizados, a identificação de problemas e a definição de estratégias para a sua supera-
ção, o reforço dos objectivos do Programa, a clarificação dos papéis e das responsabili-
dades de cada parceiro. As parcerias apenas funcionam quando os diferentes parceiros:
a) as consideram úteis e relevantes; b) estão bem cientes das suas funções específicas e
da forma de as exercer; e c) dispõem das condições necessárias para a sua concretiza-
ção.
Comunidades de prática
22
Avaliação do programa Internet@EB1
23
Avaliação do programa Internet@EB1
Distrito Descrição
Aveiro As comunidades de prática apenas são referidas relativamente aos moni-
tores. “O estabelecimento de contactos diários entre os formadores e a
coordenação do Programa, bem como entre os próprios formadores, deu
azo ao surgimento de uma comunidade de formadores que se apoiava
entre si, discutindo problemas e soluções, partilhando boas práticas e
materiais” (p. 14).
Beja Não há referência a comunidades de prática.
Braga É salientado que “No que respeita à criação de comunidades de prática,
apenas se pode referir que as bases fundamentais para a sua constituição
terão sido lançadas, sendo difícil poder assegurar que as 4 visitas reali-
zadas a cada escola as criaram verdadeiramente” (p.3). É ainda conside-
rado que “Para o desenvolvimento real de comunidades de prática seria
necessária estabelecer outro modelo de intervenção e outro modelo de
acompanhamento das escolas, muito mais próximo do modelo flexível,
responsável e apoiante do Projecto MINERVA” (p.13).
Bragança Não há referência a comunidades de prática, no âmbito do Inter-
net@EB1.
Castelo Branco São apresentados indicadores (fichas de registo) de 9 comunidades de
prática, sendo as seguintes as apresentadas em primeiro lugar:
- “A Água” – “Os alunos aprendem o valor da água, os ciclos, os per-
cursos, os rios, serras etc. através de métodos de pesquisa e de ob-
servação” (p. 29).
- “A Imprensa Regional” – “Os alunos incrementaram os conheci-
mentos de TIC ao elaborarem um jornal e desenvolveram os meca-
nismos de comunicação escolar inter e intra grupos e inter escolas.
Além disso, os alunos incrementaram as suas competências ao nível
da comunicação e dos saberes curriculares” (p. 34).
- “Património Cultural, Artístico e Paisagístico” – “os alunos partici-
pantes incrementaram os conhecimentos de TIC, os saberes e as
competências na área do 1º ciclo (...) ao construírem uma enciclo-
pédia de flora e de fauna da Serra da Malcata, um dicionário de ter-
mos locais (linguagem vulgar) e caracterização do património (...),
mantendo um chat inter-escolas” (p. 37).
Coimbra As comunidades de prática são amplamente referidas. São apresentados
indicadores (fichas de registo) das seguintes actividades:
- “Comunicação Entre Escolas” – “visava criar/manter, entre as esco-
las (...) uma forma de comunicação, útil prática e divertida, que
permitisse aplicar e consolidar conhecimentos (...) Este tipo de co-
municação, através de programas de instant messaging, é para os
alunos, uma das actividades de eleição (...) (p. 41)
- “Webquest 10 de Junho” – Esta actividade pretendia reunir várias
escolas na pesquisa de um tema interessante, relacionado com a área
de história, que permitisse aos alunos consolidar conhecimentos ad-
quiridos. O concurso consistia em acertar no máximo número de
respostas no menor período de tempo. Todo o concurso decorreu
online, através de uma aplicação (...), que permitia a cada escola
aceder uma única vez, durante determinada janela de tempo comum
a todas as escolas;
24
Avaliação do programa Internet@EB1
25
Avaliação do programa Internet@EB1
26
Avaliação do programa Internet@EB1
Investigação
27
Avaliação do programa Internet@EB1
O relatório da ESE de Coimbra, pelo seu lado, indica que no ano de 2004/05 fo-
ram criadas 3550 contas de e-mail (contando com os anos anteriores, ascendem já a
10 000 contas). Essas contas, segundo se afirma, são mantidas por um serviço de e-mail
próprio, intuitivo e de fácil utilização que promove ainda o uso de ferramentas open-
source.
28
Avaliação do programa Internet@EB1
Distrito Actividade
Aveiro Refere: “Na vertente da Pós-Graduação são também importantes os pro-
jectos de investigação em curso, conducentes à obtenção do grau de Mes-
tre no âmbito do Mestrado em Multimédia em Educação que se debruçam
sobre a problemática da integração das TIC no ensino em geral e no 1 Ci-
clo em particular” (p. 1).
Refere a elaboração de textos, guiões de apoio à formação, comunicações,
pósteres, software e website produzidos em 2002 e de 2003 (p. 18);
Não refere projectos em desenvolvimento em 2005.
Beja Refere que “na continuidade da situação verificada no ano anterior, pode-
mos constatar que (1) Continuou a diminuir a fobia à utilização do compu-
tador; (2) Foi manifestado interesse, por parte de professores e alunos,
relativamente à pesquisa de diferentes temáticas; (3) Existe interesse na
continuação do projecto” (p. 10). Não são dadas informações sobre a ori-
gem destas afirmações.
Não indica projectos de investigação específicos no EB1.
Braga Afirma que “o esforço de coordenação e apoio contínuo ao desenvolvi-
mento do projecto adicionado aos restantes deveres ordinários dos docen-
tes envolvidos impediram a concretização de resultados tais como publica-
ções ou apresentação de comunicações em conferências” (p. 11);
Não indica projectos de investigação específicos no EB1.
Bragança Refere ter sido dada continuidade a um mestrado em Tecnologia Multimé-
dia, ter sido preparado um curso de formação especializada pós-
licenciatura em Comunicação Educacional e Gestão da Informação, des-
envolvidas duas acções de formação contínua e feita uma candidatura em
desenvolvimento de produtos multimédia (p. 12).
Castelo Bran- Refere que os “docentes/investigadores da ESECB envolvidos no Progra-
co ma tiveram uma experiência enriquecedora” e que, como resultado das
suas reflexões, apresentaram comunicações em congressos e internamente
na ESE (p. 19).
Não indica projectos de investigação específicos no EB1.
Coimbra Não faz referência ao item investigação.
Évora Projecto “Learning at school and in the network”
(http://www.minerva.uevora.pt/learningatschool), que envolve investiga-
dores, professores e alunos de Itália, Suécia, França e Portugal; “este pro-
jecto de investigação-acção tem como principal objectivo procurar respos-
ta para a questão de saber como se desenvolve uma mentalidade tecnoló-
gica que ajude crianças e adolescentes a enfrentar com equilíbrio e de
forma socialmente aceitável uma sociedade com características tecnológi-
cas tão fortemente desenvolvidas” (p. 10).
Participa no Projecto Segur@net.
Faro Não indica projectos de investigação específicos no EB1.
Participa no Projecto Segur@net.
Guarda Não faz referência ao item investigação.
Leiria Afirma, por exemplo, que “Foi reforçada a colaboração de docentes das
diversas áreas científicas, criando redes de professores na ESEL que di-
namizem projectos de investigação e redes interescolas/agrupamentos para
se reforçarem laços de sociabilidade e de reflexão, troca de experiências de
29
Avaliação do programa Internet@EB1
30
Avaliação do programa Internet@EB1
Boas práticas
Há nos diversos distritos numerosos exemplos de boas práticas que importa des-
tacar, e que poderão servir de exemplo para actividades a desenvolver futuramente, no
quadro de outros programas e/ou do desenvolvimento do próprio projecto das institui-
ções.
Funcionamento interno. A constituição e modo de funcionamento da equipa
coordenadora local do projecto e a sua articulação com a direcção da ISE são factores
decisivos para o sucesso do Programa a nível local. Apesar de não ser possível retirar
muita informação da maioria dos relatórios apresentados, há elementos que nos indi-
ciam práticas diversas a este respeito.
A situação de partida das instituições seria naturalmente diferente, dado que o
Programa foi acolhido em algumas que já tinham uma forte tradição na realização de
projectos educativos em TIC e com equipas associadas a Centros de Competência
Nónio e outras em que tal não acontece. Há que salientar pela positiva algumas das
equipas que procuraram capitalizar a sua experiência e recursos para o desenvolvimento
do Programa. Assim, por exemplo, Aveiro, Beja, Évora e Santarém, entre outras, refe-
rem a mobilização de recursos do Centro de Competência Nónio para o Programa.
Relativamente ao modelo de coordenação verifica-se igualmente algumas dife-
renças, havendo casos em que esta assenta numa única pessoa e outros em que se procu-
rou dividir as responsabilidades. Por exemplo, em Évora constituíram-se cinco coorde-
nadores de área que deram um acompanhamento directo a um conjunto de escolas e
respectivos monitores. Na ESE de Setúbal, apostou-se num funcionamento descentrali-
zado, baseado na criação de Centros de Apoio e de Coordenação ao Programa, visando
“uma maior aproximação às escolas e à realidade local” (p. 3) e tirando partido da
“experiência resultante de intervenções anteriores na formação de professores” (p. 4). A
descentralização na coordenação do Programa pode trazer diversas vantagens decorren-
tes de um melhor conhecimento do território, mas precisa de ser articulada com a coor-
denação geral de forma a não perder de vista os objectivos do Programa e a tirar partido
daquilo que a ISE pode oferecer em termos de formação e recursos.
Monitores. Os monitores desempenham um papel muito importante neste Pro-
grama dado que são eles que estão no terreno trabalhando com professores e alunos.
Nesse sentido, verifica-se na generalidade dos relatórios das instituições que foram es-
tabelecidos critérios para a sua selecção. Desde logo, existe um conjunto de ISEs que
31
Avaliação do programa Internet@EB1
32
Avaliação do programa Internet@EB1
embora “intensivo”. No entanto, não é possível fazer uma avaliação da formação nesta
dimensão sem ter em conta que na maioria dos casos continuou a haver um acompa-
nhamento directo do trabalho dos monitores pela equipa de coordenação, esclarecendo
dúvidas e ajudando a resolver problemas, ou realizando seminários mais formais, como
aconteceu em Viseu. Pelo seu lado, em Aveiro criou-se uma dinâmica muito própria
entre a equipa dos monitores, sendo esta apresentada no relatório como uma comunida-
de de prática, e que terá tido uma repercussão muito positiva nas práticas de formação.
Para além da formação mais formal e do contacto presencial, muitas ISE dispo-
nibilizaram materiais on-line para apoiar o trabalho dos monitores. No caso de Santa-
rém, a comunicação com os monitores foi estabelecida principalmente através do Centro
de Apoio Virtual, onde eram esclarecidas as dúvidas de natureza técnica e pedagógica e
podiam trocar “impressões sobre estratégias de aprendizagem e relacionamento com as
outras entidades envolvidas no Programa” (p. 11) e se disponibilizavam os documentos
de gestão necessários.
Nota-se que na generalidade das instituições existiu uma atenção particular ao
acompanhamento do trabalho dos monitores, tendo sido criados instrumentos de moni-
torização do processo, alguns dos quais acessíveis a partir dos Centros de Recursos Vir-
tuais. Algumas instituições referem ter realizado uma avaliação do trabalho dos monito-
res, com base em vários elementos.
Modelo de intervenção. Face aos principais objectivos do Programa as ISE cria-
ram modelos de intervenção diversos, evidenciando perspectivas variadas sobre a utili-
zação das TIC na sala de aula. Assim, houve instituições que se centraram nos produtos
esperados, sem dar especial atenção ao contexto da escola, enquanto que outras tenta-
ram fazer uma abordagem integradora das TIC. Por exemplo, no relatório da ESE de
Faro, chama-se a atenção para o respeito que o plano de trabalho/projecto educativo
deve merecer por parte da ISE, afirmando-se que a sua intervenção “não poderá desvir-
tuar ou acrescentar trabalho a esse plano; (…) As propostas de trabalho e as metodolo-
gias a usar devem partir dos visados no projecto”. Também no relatório da ESE do Por-
to se refere que se deve integrar as TIC como ferramenta auxiliar do projecto curricular
e que os professores devem ser incentivados a utilizaram pedagogicamente as TIC, no-
meadamente, fazendo uma utilização da Internet integrada nas actividades escolares.
Em algumas instituições procurou estimular-se a participação do professor com
os alunos no Programa a partir de projectos da escola/turma. Um caso interessante é o
de Viseu em que se refere que, na construção da página web da escola, se deveria “esco-
33
Avaliação do programa Internet@EB1
34
Avaliação do programa Internet@EB1
explicita o programa de cada visita. De uma forma geral, parece-nos que os professores
estariam dependentes das iniciativas dos monitores, embora existindo alguma negocia-
ção. Verificam-se, contudo, algumas excepções como na ESE de Viseu, cujo relatório
menciona que “seria importante que os professores preparassem as visitas dos monitores
de modo a rentabilizá-las para desenvolver o projecto” (p. 10), denotando esperar por
parte dos professores uma atitude mais proactiva.
Outra prática que nos parece merecer destaque pela positiva foi o incentivo ao
uso da Internet quer para pesquisa quer para comunicação. Em alguns casos, os profes-
sores foram estimulados a utilizar o correio electrónico, nomeadamente, na comunica-
ção com os monitores e com as sedes de agrupamentos e com outros colegas.
Existem experiências que privilegiam o trabalho com o professor na sala de aula,
levando-o a trabalhar efectivamente com o computador nas visitas. No entanto, há situa-
ções em que se verifica que tal não aconteceu. Por exemplo, o relatório de Beja refere
que embora as estratégias de formação se tenham centrado na sala, a heterogeneidade de
“apetência dos docentes para a utilização das TIC” (p. 12) levou a usar “predominante-
mente o método demonstrativo com estes”. Esta é uma situação que dificilmente permi-
tirá ao professor desenvolver confiança e competências ao nível da utilização das TIC
na sua aula.
Para além do trabalho realizado nas visitas com os professores, muitas das insti-
tuições criaram mecanismos de formação presencial e/ou virtual que permitissem um
trabalho mais alargado com as TIC. Na generalidade visavam o desenvolvimento de
competências básicas em TIC, embora em alguns casos perspectivassem já uma utiliza-
ção educativa das TIC. Assim, por exemplo, a Universidade de Évora criou oficinas,
sendo uma delas, a do Projecto, dedicada ao desenvolvimento de actividades e projectos
educativos com recurso à Internet. Também a ESE de Viseu propôs diversas acções de
formação para os professores, entre as quais destacamos: Potencialidades Educativas da
Internet e Software Educativo para o 1.º ciclo.
No entanto, houve ISE que acabaram por reduzir a formação do professor ao
trabalho realizado pelos monitores na sala de aula. Por exemplo, o relatório de Coimbra
refere que no 3.º ano do projecto, e tal como já tinha sucedido no ano anterior, optaram
por “não dar uma formação direccionada especificamente para professores” (p. 2). Le-
vanta-se-nos a questão de saber se, com este número de visitas às escolas, que a maioria
das ISE afirma insuficiente, será de desconsiderar a hipótese de uma formação comple-
35
Avaliação do programa Internet@EB1
36
Avaliação do programa Internet@EB1
Dificuldades
A análise dos relatórios elaborados pelas coordenações distritais mostra que o 3.º
ano do Programa Internet@EB1 foi afectado por um conjunto amplo e diversificado de
dificuldades, em todos os aspectos do seu funcionamento, que acabou por afectar o grau
de consecução dos objectivos previstos. Parece existir algum consenso relativamente
aos tipos de dificuldades percepcionados pelas diferentes coordenações. Diversos relató-
rios enumeram dificuldades de forma pormenorizada, sublinhando as condições precá-
rias em que o Programa funcionou. A inventariação e a análise das dificuldades detecta-
das são imprescindíveis à sua superação em programas futuros de natureza idêntica.
Dificuldades técnicas e logística. As dificuldades mais frequentes parecem ter
sido de natureza técnica e logística: problemas de acesso à Internet, deterioração de
equipamento (nomeadamente avarias de routers provocadas por instabilidade da corren-
te eléctrica), roubo de equipamento, número reduzido de computadores por escola, falta
de consumíveis, etc. A transição da ligação analógica para digital revelou-se particular-
mente problemática. Muitos destes problemas foram agravados pela incapacidade de
alguns parceiros em cumprirem compromissos estabelecidos, nomeadamente na manu-
tenção em tempo útil das infra-estruturas necessárias à implementação do Programa
(caso da Portugal Telecom e de algumas autarquias). Frequentemente, a superação des-
tas dificuldades acabou por ser assegurada pelos monitores do Programa, em prejuízo
do tempo de trabalho dedicado a alunos e professores e com repercussões negativas no
grau de consecução dos objectivos previstos. Constata-se que muitas das dificuldades de
natureza técnica detectadas durante o primeiro ano do Programa continuam a verifi-
car-se no terceiro ano.
Dificuldades de ordem institucional. Estas dificuldades, resultantes da indefini-
ção inicial quanto à continuação do Programa e do consequente arranque tardio do
mesmo, também foram particularmente referidas pelas coordenações regionais. De
acordo com a maioria dos relatórios, a indecisão inicial que marcou o segundo e o ter-
37
Avaliação do programa Internet@EB1
ceiro anos do Programa impediu uma programação atempada da intervenção junto das
escolas, comprometendo a sua articulação com os programas de actividades das escolas
e dos agrupamentos. As actividades acabaram por ser realizadas numa fase do ano lecti-
vo em que as escolas estão pouco disponíveis (e revelam algumas dificuldades) para
colaborarem em projectos desta natureza. O facto do Programa Internet@EB1 não ter
sido definido, desde o seu início, como plurianual acabou por impedir a construção de
um projecto de intervenção que, de uma forma planeada, prologada e articulada entre os
diferentes intervenientes, proporcionasse um acompanhamento mais eficaz dos profes-
sores e dos alunos e garantisse um maior impacto nas concepções e nas competências
dos docentes relativamente à integração das TIC em contexto de sala de aula. Esta inde-
finição também tornou particularmente difícil a realização de iniciativas de formação
destinadas aos monitores, a criação de mecanismos eficazes de auto-avaliação e o esta-
belecimento de parcerias com os cursos de formação inicial de professores do 1.º ciclo
do ensino das instituições de ensino superior tendo em vista, por exemplo, a articulação
dos estágios pedagógicos com a dinamização de actividades em contexto escolar que
pudessem contribuir para a concretização dos objectivos do Programa.
Outra dificuldade institucional particularmente relevante terá resultado da
ausência de um envolvimento formal e efectivo do Ministério da Educação e das Direc-
ções Regionais na realização do Programa Internet@EB1. O facto deste se ter desen-
volvido externamente ao Ministério da Educação não terá estimulado a participação e o
envolvimento das escolas e dos professores, contribuindo para alguma desinvestimento
destes actores em todo o processo. Muitos professores acabaram por não participar nem
investir nas actividades, limitando-se a permitir a intervenção do monitor nas suas tur-
mas. Consequentemente, não desenvolveram as suas competências de integração das
TIC nas actividades da sala de aula, acabando por comprometer um dos objectivos do
Programa.
Relação com as autarquias. Alguns relatórios referem problemas de relaciona-
mento entre as coordenações regionais do Programa e determinadas autarquias. Por ve-
zes, as autarquias em vez de representarem uma solução para os problemas, parecem ter
constituído uma fonte de dificuldades, não cumprindo compromissos assumidos (nome-
adamente ao nível da manutenção do equipamento) e assumindo uma atitude de compe-
tição pelo facto de também elas estarem acreditadas para a atribuição de DCB em TIC.
Note-se, contudo, que a maioria das autarquias teve um papel positivo, dentro das suas
possibilidades, na resolução dos problemas técnicos e logísticos, assegurando frequen-
38
Avaliação do programa Internet@EB1
39
Avaliação do programa Internet@EB1
Introdução
40
Avaliação do programa Internet@EB1
inclui as crianças do 1.º ciclo do ensino básico, pelo que, sem prejuízo de possuírem
espaços específicos destinados a professores e outros adultos, os referidos sítios deverão
respeitar princípios de qualidade de sítios para crianças. Considera-se que os adultos
poderão sempre ser utilizadores de sítios para crianças.
Nesta avaliação, julgou-se importante considerar as articulações entre desenho
de interfaces, usabilidade e aspectos didácticos. Nas características didácticas dos sítios
incluem-se os objectivos e conteúdos (integrando o tipo de competências que se preten-
de desenvolver e a sua relação com as orientações curriculares), as estratégias (incluin-
do questões relativas a metodologias de trabalho, nomeadamente, o papel dado ao alu-
no), e os recursos educativos de diferentes tipos.
Porque a web é um meio multimédia, o texto, a imagem e o som podem e devem
ser utilizados integradamente de forma a contribuir para a qualidade das interfaces, mas
também para as características didácticas dos sítios. Por outro lado, porque a web é um
ambiente hipermédia, a navegação e as hiper-ligações são funcionalidades centrais nos
sítios e, consequentemente, a sua usabilidade e qualidade devem ser alvo de avaliação
criteriosa.
O instrumento para avaliação de sítios desenvolvido com stes objectivos e en-
quadramento metodológico. O instrumento permite o registo de ocorrências positivas e
negativas de concordância com os princípios de qualidade. Foi, também, registado tanto
o que está explícito nos sítios como o que apenas pode ser considerado como indício. O
instrumento de avaliação foi desenhado, testado e revisto, sendo de seguida aplicado a
uma amostra de noventa e nove (99) sítios de entre os que as IES indicaram. Esta indi-
cação surge em alguns dos relatórios, tendo sido solicitada posteriormente aos coorde-
nadores das restantes IES.
Questões básicas: Criação dos sítios, a Internet como meio e questões de segurança
41
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
Sim 4% 4
Não 96% 95
Resultados Resultados
% Total
Sim 47% 47
Não 53% 52
Resultados Resultados
% Total
Sim 85% 40
Não 15% 7
42
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
% Total
Sim 90% 89
Não 10% 10
Resultados Resultados
% Total
Sim 7% 7
Não 93% 92
43
Avaliação do programa Internet@EB1
Em 96% dos sítios analisados, encontra-se informação para contacto com a esco-
la, ou com os/as responsáveis pelos sítios (Figura 7). Como seria de esperar, pelo facto
de se estar a utilizar a Internet, o correio electrónico é o contacto mais frequentemente
disponibilizado. No entanto, em 3% dos sítios que apresentavam informação sobre con-
tactos, não estava disponível qualquer endereço de correio electrónico (Figura 8).
Note-se que o telefone e a morada ainda são formas de contacto disponibilizadas em
respectivamente 76% e 75% dos sítios com informação sobre contactos (Figura 8). A
apresentação destes contactos poderá ser útil para quem deseje saber onde se localiza a
escola a partir da consulta do sítio ou para quem deseje contactar a escola.
Torna-se interessante notar que a apresentação do meio está presente em mais sí-
tios do que a própria apresentação da escola, sendo que a apresentação de actividades e
dos alunos são também constatadas em elevadas percentagens dos sítios analisados (Fi-
gura 9).
Resultados Resultados
% Total
Sim 7% 7
Não 93% 92
Resultados Resultados
% Total
Sim 96% 95
Não 4% 4
44
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
% Total
97% 92
Mail
Telefone 76% 72
Morada 75% 71
Fax 5% 5
Resultados Resultados
% Total
Meio 94% 89
Escola 90% 85
Actividades 82% 78
Alunos 71% 67
Turmas 55% 52
Professores 48% 46
Parceiros 14% 13
45
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
% Total
30% 30
>=16
56% 55
6 - 15
14% 14
<=5
Resultados Resultados
% Total
0 85% 84
1 5% 5
2 5% 5
3 0% 0
4 4% 4
5
1% 1
Resultados Resultados
% Total
96% 95
Fotografias
Desenhos 83% 82
Vídeos 5% 5
Animações 78% 77
Som 16% 16
46
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
% Total
Sempre 79% 78
Às vezes 17% 17
Nunca 4% 4
47
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
Nº
%
4% 4
Sempre
Às vezes 4% 4
Som
Nunca 8% 8
N/aplicável 84% 83
34% 34
Sempre
Às vezes 65% 64
Imagem
Nunca 1% 1
N/aplicável 0% 0
Sempre
80% 79
Texto
17% 17
Às vezes
Nunca 3% 3
48
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
% Total
5% 5
Sempre
Às vezes 6% 6
Som
Nunca 5% 5
N/aplicável 84% 83
4% 4
Sempre
Às vezes 32% 32
Imagem
Nunca 64% 63
N/aplicável 0% 0
6% 6
Sempre
Às vezes 23% 23
Texto
Nunca 71% 70
N/aplicável 0% 0
Figura 15 – Resultados da pesquisa dos casos em que a utilização do som, das imagens
e dos textos introduz ruído nos 99 sítios analisados.
Resultados Resultados
% Total
Sim 14% 14
Não 86% 85
Figura 16 – Resultados da aplicação da questão “Os vários média são utilizados para
criar actividades interactivas?” aos 99 sítios analisados.
49
Avaliação do programa Internet@EB1
No que se relaciona com a integração dos sítios das EB1 na grande teia de in-
formação que a Internet disponibiliza, importa realçar as observações realizadas em
questões ligadas à utilização de fontes de informação, à apresentação de hiperligações
para sítios de carácter educativo, assim como à disponibilização de recursos para pes-
quisas na Internet por crianças.
No tratamento e apresentação dos conteúdos dos sítios das EB1, uma grande par-
te dos sítios observados (69%) não apresenta evidências de ter existido pesquisa prévia,
nomeadamente na Internet (Figura 17), ou seja, não apresenta fontes de informação di-
versas e de qualidade para os conteúdos apresentados.
Cerca de metade dos sítios analisados apresenta hiperligações para sítios de ca-
rácter educativo, enquanto 18% dos sítios apresenta hiperligações para sítios que são de
carácter educativo e para sítios que não são (Figura 18). Por outro lado, 32% dos sítios
observados não apresenta quaisquer hiperligações para sítios de carácter educativo.
Resultados Resultados
% Total
Sempre 9% 9
Às vezes 22% 22
Nunca 69% 68
Resultados Resultados
% Total
Sempre 50% 49
Às vezes 18% 18
Nunca 32% 32
50
Avaliação do programa Internet@EB1
Parece também relevante referir que apenas 19% dos sítios observados disponi-
biliza recursos para pesquisas na Internet por crianças (Figura 19). Um dos sítios que
possui um recurso de pesquisa na Internet adequado para as escolas é o da Uarte, tor-
nando-se simples para os sítios das EB1 apresentarem uma hiperligação para tal recurso.
No entanto, o facto do sítio da Uarte ter estado indisponível no segundo ano e parte do
terceiro ano do Programa Internet@EB1 obstaculizou claramente a sua utilização.
Resultados Resultados
% Total
Sim 19% 19
Não 81% 80
Resultados Resultados
% Total
Sim 61% 60
Não 39% 39
51
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
% Total
Fotos 77% 46
Nomes 53% 32
Mails 3% 2
Resultados Resultados
% Total
Sim 0% 0
Não 100% 99
52
Avaliação do programa Internet@EB1
As imagens são muito utilizadas nos sítios das EB1, em conjunto com o texto.
No entanto, a componente audiovisual, ou seja a integração do som com a imagem e
com o texto, está ainda muito ausente nestes sítios. Neste contexto, a análise da utiliza-
ção dos textos, das imagens e do som, produziu constatações consistentes com o que
ainda acontece frequentemente na Internet, e em outros meios de informação e comuni-
cação: o texto é mais utilizado como fonte de informação, do que a imagem ou o som.
Ao mesmo tempo, o som e a imagem são mais frequentemente percepcionados como
ruído do que o texto.
A disponibilização de fontes de informação diversas e de qualidade, a apresenta-
ção de hiperligações para sítios de carácter educativo e a oferta de apoios às crianças
para pesquisas na Internet são áreas em que parece tornar-se necessário investir com o
objectivo de melhorar a qualidade dos sítios virtuais das EB1. No que se refere às ques-
tões de segurança analisadas, importa reflectir sobre a disponibilização de dados pes-
soais das crianças da Internet. Reflexão que, desejavelmente, deve ser conjunta entre os
professores e encarregados de educação, mas também com as crianças uma vez que a
percepção e o conhecimento dos riscos, bem como as decisões informadas e reflectidas
tornam-se, neste âmbito, especialmente importantes.
53
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
% Total
Sim 43% 43
Não 57% 56
Resultados Resultados
% Total
POSI 72% 31
FCCN 72% 31
Internet@EB1 67% 29
54
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
% Total
Sempre 64% 63
Às vezes 3% 3
Nunca 33% 33
Resultados Resultados
% Total
Sempre 64% 63
Às vezes 24% 24
Nunca 12% 12
Figura 26 – Resultados da aplicação da questão “Os títulos das páginas estão de acor-
do com o menu?” aos 99 sítios analisados.
Por outro lado, também 64% dos sítios analisados apresentaram menu em todas
as páginas. No entanto, 36% apresentam pelo menos algumas páginas em que não está
disponível um menu (Figura 27), o que pode dificultar a resposta às perguntas “Para
onde posso ir?” e “Para onde vou?”.
A apresentação e a funcionalidade das hiperligações são também factores impor-
tantes para que o utilizador saiba para onde pode ir e para onde vai. Neste âmbito, im-
porta referir que em 87% dos sítios analisados as hiperligações são sempre facilmente
perceptíveis (Figura 28).
55
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
% Total
Sim 64% 63
Não 36% 36
Resultados Resultados
% Total
Sempre 87% 86
Às vezes 5% 5
Nunca 8% 8
56
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
% Total
Sempre 3% 3
Às vezes 0% 0
Nunca 97% 96
Resultados Resultados
% Total
Sempre 62% 61
Às vezes 33% 33
Nunca 5% 5
57
Avaliação do programa Internet@EB1
Questões de cidadania
Resultados Resultados
% Total
Sempre 21% 21
Às vezes 48% 47
Nunca 31% 31
58
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
% Total
0% 0
Sempre
Às vezes 4% 4
Nunca 96% 95
N/aplicável 0% 0
Resultados Resultados
% Total
1% 1
Sempre
Às vezes 3% 3
Nunca 12% 12
N/aplicável 84% 83
Resultados Resultados
% Total
Sim 10% 10
Não 90% 89
59
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados Resultados
% Total
Sim 11% 11
Não 89% 88
Resultados Resultados
% Total
Sempre 0% 0
Às vezes 2% 2
Nunca 98% 97
60
Avaliação do programa Internet@EB1
61
Avaliação do programa Internet@EB1
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sempre 84% 83
Às vezes 16% 16
Nunca 0% 0
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sempre 92% 91
Às vezes 8% 8
Nunca 0% 0
62
Avaliação do programa Internet@EB1
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sempre 76% 75
Às vezes 24% 24
Nunca 0% 0
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sempre 90% 89
Às vezes 10% 10
Nunca 0% 0
63
Avaliação do programa Internet@EB1
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sim 5% 5
Não 95% 94
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sim 94% 93
Não 6% 6
Os conteúdos que são anunciados nos sítios são bastante variados, como eviden-
cia a figura 43. No entanto, os sítios contêm por vezes outros conteúdos que não se
encontram referenciados como tal, razão pela qual não os referenciámos. É de salientar
que devido à diversidade de títulos que surgem nas páginas agrupámos aqueles que
diziam respeito ao mesmo conteúdo. Assim, por exemplo, no conteúdo Escola, que tem
100 ocorrências, incluímos títulos, tais como, salas, centro de recursos, biblioteca esco-
lar e recreio, o que não significa que exista uma apresentação intencional da escola no
geral (confrontar com a figura 9). No conteúdo Meio (71 ocorrências), incluímos locali-
dade, cidade, região, património, achados arqueológicos, gastronomia e tradições. Os
conteúdos Escola, Meio e Alunos/Turma/Professores correspondem, de um modo geral,
a uma apresentação mais ou menos detalhada da instituição e do meio em que se encon-
tra e de quem participou nas actividades representadas na página. Em 78 casos existe
um conteúdo que catalogámos como Informações e que pode incluir os contactos da
escola, identificação ou informações sobre o agrupamento de escolas em que a escola se
integra e informações para os encarregados de educação e alunos (horários, manuais
adoptados, matrículas, Associação de Pais).
64
Avaliação do programa Internet@EB1
Resultados
Nº
100
Escola
Alunos/Turmas/Professores 72
Meio 71
Actividades 58
Projectos 30
Trabalhos 25
Jornal 7
Concursos 12
Dias especiais 12
Jogos e brincadeiras 6
Histórias, provérbios e
7
adivinhas
Materiais diversos 8
Informações 78
Ligações 48
Fórum 5
Outros 9
65
Avaliação do programa Internet@EB1
mos por mantê-los separados sendo fiéis ao sentido que os autores lhes quiseram dar. O
conteúdo mais representado é Actividades (58 ocorrências), onde se incluem para além
de actividades de sala de aula, as visitas de estudo e algumas reportagens. Em muitos
casos este conteúdo aproxima-se mais do conceito de mostra de trabalhos realizados
pelos alunos, como um produto muito focalizado e, como tal, poderia ter sido incluído
no tema Trabalhos. Os Projectos ocupam o segundo lugar, com 30 ocorrências, havendo
grande diversidade de entendimentos quanto ao seu significado. Por vezes, constituem
essencialmente uma actividade temática. É de referir que também o conteúdo Jornal (7
casos) é, por vezes, um projecto, enquanto que noutros casos aproxima-se mais do con-
ceito de actividade. Curiosamente, a impressão geral que nos ficou decorrente da análise
dos sítios, prévia a esta contagem de ocorrências, é a de que os trabalhos constituem a
actividade mais retratada nas páginas web, embora na realidade esta seja denominada
como tal em apenas 25 casos.
O conteúdo Dias Especiais (12 ocorrências) inclui os dias especiais, datas
comemorativas, festas e festividades em que os alunos se envolveram, mas que tem em
alguns casos um teor de actividade e noutros casos apenas de trabalho. É de salientar
que também nos conteúdos Actividades e Trabalhos encontramos muitas referências a
esse tipo de dias, constituindo um aspecto a que as escolas dão bastante visibilidade nas
suas páginas web. Existem também 12 sítios em que se apresentam Concursos em que
os alunos participaram.
Os conteúdos mais específicos do meio WWW são as hiperligações para outros
sítios que têm uma expressão significativa (48 casos) e os fóruns e blogs (5 casos).
Como referimos anteriormente a propósito da análise das figuras 18 e 19, nem sempre
as páginas das escolas apresentam hiperligações para sítios de carácter educativo e exis-
te um défice de apoios para pesquisa na Internet pelas crianças. Há ainda a destacar,
relativamente aos conteúdos, que em 11 dos sítios visitados aparece uma referência ao
Programa Internet nas escolas, o que lhe confere uma certa visibilidade.
A maioria dos sites (82%) apresenta conteúdos globalmente rigorosos (figura
44). Nos outros casos, a falta rigor ocorre principalmente ao nível da Língua Portuguesa
(o que está em consonância com o que referimos a propósito da utilização da linguagem
verbal), num número reduzido de casos na Educação para a Cidadania e num caso na
área de Educação Sexual.
Geralmente, as áreas curriculares do 1.º ciclo são abordadas nos sítios princi-
palmente de forma integrada (figura 45). Por seu turno, verifica-se que em 98% de sítios
66
Avaliação do programa Internet@EB1
existe uma presença integrada dos conteúdos de diferentes áreas curriculares (figura 46).
Este é um aspecto que se afigura à partida como relevante do ponto de vista pedagógico
mas que terá que ser cruzado com a informação relativa às áreas curriculares contem-
pladas (figura 47).
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sempre 82% 81
Às vezes 18% 18
Nunca 0% 0
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sim 5% 5
Não 95% 94
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sim 98% 97
Não 2% 2
67
Avaliação do programa Internet@EB1
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
L. Portuguesa
99% 96
Expressões
76% 74
4% 4
Inglês
Ed. Cidadania
2% 2
Matemática 2% 2
Educ. Sexual
1% 1
1% 1
Informática
História 1% 1
68
Avaliação do programa Internet@EB1
(entre 1 a 4%). Se tivermos em conta o tempo do horário semanal que lhe é consagrado
e a sua centralidade no currículo, a Matemática é a área curricular que se mostra mais
arredada dos sítios, dado que surge em apenas 2% destes. Curiosamente a Informática, a
área no contexto da qual são criadas as páginas, apenas se apresenta como tal em 1%
dos sítios, provavelmente, porque os professores não consideram necessário ou perti-
nente conceder-lhe maior visibilidade.
Competências: Trabalho colaborativo, projectos ou resolução de problemas,
parcerias e actividades educativas e de comunicação disponibilizadas. A participação
no Programa Internet@EB1 afigura-se também como uma oportunidade para o desen-
volvimento de outras competências nos alunos através do trabalho colaborativo, da rea-
lização de projectos ou de actividades de resolução de problemas. Observa-se que em
71% dos sítios existe evidência de que o trabalho foi realizado de forma colaborativa,
sendo o mais comum a elaboração de textos em conjunto pelos alunos de uma mesma
turma (figura 48).
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sim 71% 70
Não 29% 29
Um pouco mais de metade dos sítios apresenta evidência de que o trabalho reali-
zado foi desenvolvido em parte através da realização de projectos ou da resolução de
problemas, registando-se uma clara preponderância dos primeiros (figura 49). Trata-se
de projectos curriculares, de um modo geral de pequena dimensão e que, aparentemente,
na sua maioria, são independentes do Programa Internet@EB1. Estes projectos não
parecendo ter sido pensados para tirar partido das potencialidades das TIC, surgem mui-
tas vezes nas páginas para ilustrar o tipo de actividades que foram desenvolvidas na
escola.
69
Avaliação do programa Internet@EB1
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sim 55% 54
Não 45% 45
Existem indicadores de que existe algum tipo de parceria entre algumas escolas
(30%), embora de forma bastante limitada (figura 50). Estas ocorreram principalmente
ao nível de visitas de estudo em que participam alunos de várias escolas ou iniciativas
conjuntas em dias festivos, em especial no Carnaval. Em alguns casos esta parceria
ocorre entre escolas que se encontram no mesmo agrupamento.
No que refere a parcerias com pessoas ou entidades exteriores à escola, existem
cerca de 63% de sítios em que isso se verifica, sendo a dimensão de trabalho de nature-
za cooperativa em que existe uma maior taxa de ocorrência (figura 51). Para tal valor
contribui significativamente o número de visitas de estudo que as escolas realizam, bem
como a participação das escolas em iniciativas das IES dos respectivos distritos, nome-
adamente em concursos que estas dinamizam.
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sim 30% 30
Não 70% 69
70
Avaliação do programa Internet@EB1
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
Sim 63% 62
Não 37% 37
71
Avaliação do programa Internet@EB1
Resulta- Resulta-
dos dos
% Nº
1% 1
Webquests
Concursos 13% 13
Livros electrónicos 2% 2
Simulações 1% 1
Fórum 2% 2
Chats 2% 2
72
Avaliação do programa Internet@EB1
está a reproduzir directamente o discurso dos alunos para fazer uma distinção das por-
ções de texto mais “formal”. No caso das outras linguagens aquela que se afigura mais
problemática é o som, apesar de ser muito pouco utilizado. Haverá ainda que trabalhar
muito mais nesta vertente, recordando, por exemplo, que a Educação Musical tem no
nosso país uma expressão muito reduzida.
Uma primeira ideia a reter da análise efectuada, é a de que a página web da esco-
la vem, em alguns casos, contrariar a imagem da escola fechada sobre si própria, na qual
os alunos apenas contactam com um único professor ao longo de todo o ano. A enume-
ração dos conteúdos dos sítios tal como são enunciados, revela uma aparente grande
diversidade de temas, embora pela análise efectuada se verifique que estes podem não
ser assim tão abrangentes. As escolas aproveitaram esta oportunidade para se dar a
conhecer, muitas ainda timidamente, e também para apresentarem o meio em que se
inserem. Nas produções que são colocadas nos sítios predominam as activida-
des/trabalhos, revelando ainda uma concepção de página web como mostra de trabalhos
dos alunos. Os verdadeiros projectos são ainda pouco numerosos.
O impacto que o trabalho em torno do sítio terá tido nas actividades dos alunos
é, em muitos casos, uma incógnita, porque, como referimos, para a presente análise,
apenas tivemos acesso ao produto final. Deste modo, quando se verifica, por exemplo,
que a área de Estudo do Meio surge numa percentagem muito elevada de sítios, devido
principalmente à apresentação que é feita do meio em que a escola se insere, não sabe-
mos, em muitos casos, até que ponto os alunos estiveram envolvidos na pesquisa e na
elaboração dessa caracterização. Ainda assim, há a destacar que esse é um elemento
muito rico em diversos sítios, o que por si só já constitui uma mais valia para a escola e
para a região.
Já no caso da área curricular das Expressões é possível verificar o envolvimento
dos alunos, uma vez que estão presentes nas páginas produtos identificados com tendo a
sua autoria. No entanto, levanta-se-nos também a questão de saber até que ponto os alu-
nos terão participado, por exemplo, na digitalização dos seus desenhos e na própria con-
cepção de cada página onde são apresentados os seus produtos. Questionamo-nos tam-
bém sobre se em muitos casos terá havido um acréscimo nas aprendizagens dos alunos
na área das Expressões através desta integração. O facto de surgirem, por exemplo, com
alguma frequência imagens de produções dos alunos muito pouco legíveis também nos
leva a questionar até que ponto os professores desenvolveram competências ao nível da
articulação desta área com o conceito de página web.
73
Avaliação do programa Internet@EB1
De uma maneira geral, embora se considere que as áreas curriculares são apre-
sentadas de forma integrada, isto decorre principalmente do papel transversal da lingua-
gem verbal e que associámos à área curricular de Língua Portuguesa. No entanto, não
existem de um modo geral projectos de natureza integradora cuja repercussão chegue às
páginas. Por exemplo, note-se que a Matemática está praticamente ausente dos sítios.
Um visitante que desconhecesse o currículo nacional do 1.º ciclo do nosso país, poderia
suspeitar que esta teria um lugar muito marginal nas actividades educativas das escolas.
Em termos da realização de trabalho cooperativo ou do estabelecimento de par-
cerias, não deixa de ser curioso verificar que estas existem em maior número com enti-
dades exteriores à escola, não se evidenciado uma cultura de colaboração entre profes-
sores dentro ou inter-escolas. Não se aproveita assim as potencialidades das TIC para
minorar o efeito do isolamento a que muitas das nossas escolas estão sujeitas.
Verificamos também a partir da análise efectuada que ainda se tira pouco partido
das características de documento hipermédia das páginas, existindo um número reduzi-
do de actividades ali disponibilizadas. As escolas parecem ter encarado as páginas mui-
to mais como uma montra para o exterior do que como um centro de recursos, estando a
característica de interactividade ainda muito pouco presente. Como vimos, não existem
praticamente webquests ou exercícios de prática com resposta multimédia ou outros
materiais que possam ser de interesse para aquela e outras comunidades escolares. A
este respeito, contudo, há que ter em conta que os professores e alunos dificilmente
teriam os conhecimentos técnicos ou o tempo necessários para criarem esses tipos de
actividades, embora certamente pudessem em algumas situações contar com o apoio da
IES local.
No contexto deste Programa as páginas web das escolas não terão surgido na
maioria dos casos como um projecto próprio, decorrente de um interesse particular por
este meio, mas como resposta a um requisito exterior, o que terá implicações no seu
envolvimento com o mesmo. No entanto, na maioria dos casos há uma janela que se
abriu…
74
Avaliação do programa Internet@EB1
75
Avaliação do programa Internet@EB1
76
Avaliação do programa Internet@EB1
77
Avaliação do programa Internet@EB1
78
Avaliação do programa Internet@EB1
No que diz respeito à contribuição dos sítios para a qualidade das aprendizagens,
procuramos ilustrar exemplos interessantes do trabalho dos alunos na caracterização do
meio, na realização de actividades de projecto ou de resolução de problemas e visitas de
estudo, bem como de actividades educativas interactivas. Alguns destes casos eviden-
ciam a existência de abordagens integradoras de várias áreas curriculares.
Como referimos na parte de análise dos sítios relativa aos conteúdos, na grande
maioria dos casos, é realizada a apresentação do meio. Destacamos aqui dois exemplos
em que se verifica existir um envolvimento dos alunos nessa actividade. No primeiro,
observa-se uma variedade de itens acessíveis através de um botão identificativo e que
consiste num desenho realizado por um aluno (figura 60). Em cada um destes itens exis-
tem textos curtos elaborados por diversos alunos e algumas imagens (desenhos ou foto-
grafias) que nos fornecem uma caracterização muito completa e vívida da região no que
respeita a património histórico e humano. Os textos sugerem uma pesquisa feita pelos
alunos, em alguns casos, provavelmente, conversando com os habitantes mais idosos da
vila.
79
Avaliação do programa Internet@EB1
80
Avaliação do programa Internet@EB1
em seguida diz respeito a uma escola que está envolvida em projectos conjuntos com
escolas de vários países. No caso concreto retratado na figura 62, os alunos dedicaram-
se à reciclagem de papel e com o produto obtido fizeram postais de Natal para enviar
aos colegas dos outros países. No texto é explicado sucintamente o processo seguido e
são apresentadas fotografias ilustrativas de que aqui apresentamos algumas, escolhidas
entre aquelas em que não é possível identificar as crianças.
81
Avaliação do programa Internet@EB1
vários alunos. É interessante notar que esta aula ocorreu no Dia Mundial da Criança,
surgindo, portanto, como uma espécie de presente para os alunos mas constituindo,
simultaneamente, uma actividade educativa com relevância no âmbito da Educação para
a Cidadania.
82
Avaliação do programa Internet@EB1
Introdução
83
Avaliação do programa Internet@EB1
fessores envolvidos no 3.º ano do Programa Internet@EB1 (mais de 10% do total). Des-
tes 604 professores, 429 responderam à totalidade do questionário (29 questões).
84
Avaliação do programa Internet@EB1
A maioria dos professores do 1.º ciclo do ensino básico (participantes no 3.º ano
do Programa Internet@EB1) que responderam ao questionário pertence ao sexo femini-
no (80,1%), traduzindo a grande percentagem de professoras que trabalha neste nível de
ensino em Portugal (figura 2). Os respondentes apresentam tempos de serviço bastante
diversificados; no entanto, conforme se pode constatar pela observação da figura 3, mais
de metade possui uma experiência lectiva superior a 20 anos.
Respostas Respostas
% Total
Respostas Respostas
% Total
1 a 5 anos 14,1% 85
6 a 10 anos 12,1% 73
11 a 15 anos 8,8% 53
16 a 20 anos 14,1% 85
21 a 25 anos 16,1% 97
85
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
Universidade 14,2% 86
Respostas Respostas
% Total
86
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
Respostas Respostas
% Total
87
Avaliação do programa Internet@EB1
Muito Respostas
Nulo Baixo Médio Elevado
elevado Média
Envio e recepção de mensagens 3% (21) 13% (78) 37% (225) 24% (145) 22% (135) 2,49
por correio electrónico.
Utilização de um programa de
processamento de texto (por exem- 1% (6) 5% (30) 28% (169) 36% (216) 30% (183) 2,89
plo, Word).
Construção de páginas Web. 31% (185) 29% (173) 27% (164) 9% (55) 4% (27) 1,28
Digitalização de imagens. 11% (66) 18% (107) 31% (186) 23% (136) 18% (109) 2,19
Envio e recepção de ficheiros por 8% (47) 20% (118) 29% (176) 23% (141) 20% (122) 2,29
correio electrónico.
88
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
Respostas Respostas
% Total
Aveiro 13,7% 68
Beja 7,5% 37
Braga 9,3% 46
Bragança 1,2% 6
Coimbra 6,1% 30
Évora 1% 5
Faro 2,2% 11
Guarda 12,1% 60
Leiria 0,8% 4
Lisboa 5,9% 29
Portalegre 1% 5
Porto 11,1% 55
Santarém 3% 15
Setúbal 5,3% 26
Viana do Castelo 1% 5
Vila Real 4,2% 21
Viseu 10,3% 51
89
Avaliação do programa Internet@EB1
Respos- Respos-
tas tas
% Total
25,9% 128
1
2 19,6% 97
3-4 18,5% 92
6,3% 31
5-6
8,1% 40
7-8
90
Avaliação do programa Internet@EB1
Respos- Respos-
tas tas
% Total
16,6% 82
1-5
6-10 20% 99
11-15 14,4% 71
23,1% 114
16-20
15% 74
21-25
26-30 10,9% 54
Respostas Respostas
% Total
91
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
Respostas Respostas
% Total
92
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
93
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
0,8% 4
1-Pouco importante
2 1,7% 9
3 28% 146
Figura 17 – Importância atribuída pelos professores ao uso das TIC em sala de aula.
Respostas Respostas
% Total
Aprender conteúdos
46,4% 240
Obter informação
79,3% 410
Desenvolver a curiosidade
40% 207
Exemplificar conteúdos
25% 129
Desenvolver capacidades técnicas de utilização 58,8% 304
das TIC
Desenvolver capacidades de comunicação 35,8% 185
Figura 18 – Objectivos dos professores respondentes para a utilização das TIC em sala
de aula.
94
Avaliação do programa Internet@EB1
Entre as actividades de sala de aula envolvendo TIC mais valorizadas pelos pro-
fessores destacam-se a utilização de programas de processamento de texto, a realização
de pesquisas na Internet e a exploração de software educativo (figura 19). A construção
de páginas web, apesar de ser um dos principais objectivos do Programa Internet@EB1,
constitui uma actividade de sala de aula muito menos valorizada pelos professores que
responderam ao inquérito.
Apesar da importância atribuída às TIC, existem diversos factores que, segundo
os professores, têm dificultado a sua utilização em contexto de sala de aula (figura 20).
O maior obstáculo resulta do número extremamente reduzido de computadores existen-
tes em muitas escolas do 1.º ciclo (apenas um na maioria das instituições) ou da sua
obsolescência que impede a utilização de software recente.
Outros obstáculos percepcionados pelos professores respondentes relacionam-se
com a sua falta de formação relativamente à integração das TIC nas actividades escola-
res, traduzida no sentimento de falta de tempo e na incapacidade de gestão de activida-
des envolvendo grupos heterogéneos de alunos (constituídos muitas vezes por crianças
de diferentes anos de escolaridade). O mau funcionamento das ligações à Internet é
também um factor impeditivo de actividades em TIC envolvendo pesquisa ou intercâm-
bio de informação.
Envio e recepção de mensagens 3% (18) 21% (110) 48% (248) 28% (145) 3,00
por correio electrónico.
Utilização de um programa de
processamento de texto (por 1% (3) 1% (6) 22% (117) 76% (395) 3,74
exemplo, Word).
Construção de páginas Web. 9% (48) 31% (158) 46% (238) 14% (74) 2,65
Exploração de software educativo. 1% (5) 3% (15) 33% (172) 63% (329) 3,58
95
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
Falta de software 4% 29
Fata de tempo 9% 65
Problemas na ligação à Internet 11,4% 82
Falta de formação 12% 86
Falta de computadores 42% 302
96
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
97
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
1-5
9,1% 42
6-10 6,5% 30
11-15 8,4% 39
16-20 9,9% 46
21-25 5,6% 26
26-30 11% 51
31-35 5,8% 27
36-40
8,2% 38
41-45
6% 28
Mais horas
29,4% 136
98
Avaliação do programa Internet@EB1
Muito Respostas
Nulo Reduzido Médio Elevado
elevado Média
Entusiasmo. 0% (2) 2% (8) 13% (60) 47% (220) 38% (174) 4,20
Compreensão de conteúdos 1% (5) 6% (27) 60% (276) 30% (139) 3% (16) 3,29
curriculares.
Capacidade de pesquisa de
informação através de um 1% (5) 10% (45) 53% (246) 30% (141) 6% (26) 3,29
motor de pesquisa.
Capacidade de análise crítica 2% (8) 27% (124) 60% (278) 10% (45) 2% (9) 2,83
de informação.
Capacidade de utilização do 8% (39) 28% (129) 48% (223) 13% (62) 2% (11) 2,73
correio electrónico.
Capacidade de utilização de 1% (3) 6% (28) 53% (247) 32% (150) 8% (36) 3,41
um processador de texto.
Capacidade de comunicação. 3% (12) 15% (70) 62% (289) 17% (80) 3% (13) 3,03
Atitudes de colaboração. 1% (4) 8% (37) 51% (234) 32% (146) 9% (42) 3,40
Autonomia. 1% (4) 11% (53) 55% (257) 26% (121) 6% (29) 3,25
99
Avaliação do programa Internet@EB1
Capacidade de integração das 3% (15) 8% (37) 52% (239) 27% (125) 10% (47) 3,33
TIC nas aulas.
Capacidade de utilização do 8% (35) 16% (74) 46% (212) 22% (102) 9% (40) 3,08
correio electrónico.
Capacidade de pesquisa de
informação através de um 4% (17) 9% (42) 38% (177) 37% (169) 13% (58) 3,45
motor de pesquisa.
Capacidade de utilização de 3% (15) 6% (26) 41% (191) 33% (152) 17% (79) 3,55
um processador de texto.
Capacidade de construção de 24% (113) 34% (156) 32% (149) 6% (30) 3% (15) 2,30
uma página Web.
100
Avaliação do programa Internet@EB1
trabalho realizado por docentes e alunos e uma maior aproximação, por exemplo, aos
encarregados de educação (figura 27).
Poucos professores concebem a construção da página web como uma forma de
motivar os alunos ou de desenvolver competências diversas (nomeadamente, ao nível
do conhecimento, da criatividade, do pensamento crítico ou de aspectos técnicos das
TIC).
Muito Respostas
Nulo Reduzido Médio Elevado
elevado Média
Alunos. 18% (81) 21% (94) 39% (173) 18% (82) 4% (16) 2,68
Professor(es). 18% (79) 21% (95) 37% (164) 20% (87) 5% (21) 2,72
Monitor(es). 15% (67) 8% (36) 20% (87) 41% (182) 17% (74) 3,36
Respostas Respostas
% Total
Sugestões 5,8% 30
101
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
8,3% 39
Desenvolver competências
Conforme se pode constatar pela análise da figura 28, a maioria dos professores
que respondeu ao questionário afirma já ter utilizado (desde Setembro de 2005 até 11 de
Março de 2006) várias horas de tempo lectivo na realização de actividades em TIC.
Existe mesmo um número elevado de professores (33%) que terá realizado este tipo de
actividades em mais de 20 horas de tempo lectivo.
Estas horas lectivas foram utilizadas, principalmente, no processamento de texto,
em pesquisas na Internet e na exploração de software educativo (figura 29). Apenas
metade dos professores terá envolvido os seus alunos na utilização do correio electróni-
co. Muito poucos professores respondentes utilizaram tempo lectivo na construção de
páginas web.
Até ao final do corrente ano lectivo, os respondentes tencionam, ainda, envolver
os seus alunos em diferentes actividades de sala de aula envolvendo TIC (figura 30).
102
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
1-5
15,8% 68
6-10 20% 86
11-15 18,6% 80
16-20 12,6% 54
21-25 8,8% 38
26-30 6,3% 27
31-35 3% 13
36-40 3% 13
41-45 2,6% 11
Mais de 46 9,3% 40
Respostas Respostas
% Total
53,1% 228
Utilização do correio electrónico.
Realização de pesquisas através de 83,2% 357
um motor de pesquisa.
Utilização de um programa de
processamento de texto. 90,2% 387
103
Avaliação do programa Internet@EB1
Respostas Respostas
% Total
Messenger 0,4% 4
Digitalização 1,7% 17
PowerPoint 3,2% 31
Desenhos 5,1% 50
E-mail 10% 98
Considerações finais
104
Avaliação do programa Internet@EB1
105
Avaliação do programa Internet@EB1
A descrição que aqui se apresenta tem como base informação recolhida na en-
trevista com António Moreira, realizada na Universidade de Aveiro (UA), no dia 18 de
Janeiro de 2006, bem como no relatório final do ano lectivo de 2005/06 do projecto
Internet@EB1 desenvolvido pela UA, que o denominou regionalmente de PAUIE.
Para além do seu coordenador, a equipa do projecto Internet@EB1 na UA inte-
grou uma co-coordenadora e um webmaster, 56 monitores e um conjunto de formadores
locais (associados ao Centro de Competência Nónio). A co-coordenadora, Mónica Al-
meida, licenciada em Novas Tecnologias da Informação e Comunicação, exerce um
largo leque de funções, muitas delas do âmbito da logística. As relações externas do
projecto Internet@EB1 na UA – nomeadamente, com as escolas e com os municípios –
estão também a seu cargo, assim como a interface entre os monitores e a parte adminis-
trativa do projecto.
Segundo o relatório final, a Universidade de Aveiro tem, no seu distrito, 577
escolas públicas do 1.º ciclo do ensino básico (EB1s), sendo que uma delas encerrou
durante o Programa Internet@EB1. No ano lectivo de 2004/05, 574 EB1s receberam
uma visita dos monitores do Programa e 557 receberam quatro visitas (as previstas no
protocolo). No distrito de Aveiro, o Internet@EB1 teve como destinatários abrangi-
dos717 professores e 7 739 alunos do 4.º ano de escolaridade.
106
Avaliação do programa Internet@EB1
107
Avaliação do programa Internet@EB1
terem trabalhado no projecto que lhes deu uma determinada “dimensão de questiona-
mento”, concretizada em vários projectos de investigação de mestrado:
108
Avaliação do programa Internet@EB1
Uma das coisas de que falamos em primeiro lugar aos nossos mestran-
dos, é que eles devem fazer algo que gostem, com o qual se sintam con-
fortáveis. (...) Portanto, aí mantemos algum bom senso relativamente
àquilo que são as vontades, ou motivações, de quem orienta e aquilo que
são as vontades ou motivações de quem é orientado, para haver algum
conforto.
109
Avaliação do programa Internet@EB1
Focando a dimensão regional, António Moreira refere que existe uma elevada
heterogeneidade no relacionamento com os diversos intervenientes na utilização das
TIC nas escolas públicas de 1.º ciclo: “Por um lado, porque o relacionamento que exis-
tia no Minerva se desvaneceu e deu lugar a um relacionamento (...) que era extrema-
mente formalizado em pressupostos administrativos. De se auxiliar, desenvolver os pro-
jectos em termos de candidaturas a financiamento”. Por outro lado, os centros de forma-
ção afirmaram-se enquanto entidades com grande protagonismo. Em Aveiro, cidade, o
relacionamento com os centros de formação, e mesmo com as escolas, é reconhecido
por António Moreira como mais “complicado” do que nos outros locais do distrito: “Há
conflitos que se prendem com o facto de estarmos muito próximos, das pessoas se co-
nhecerem e se apontarem defeitos e virtudes. Portanto, há este tipo de tensões”.
No que se refere aos municípios a análise do relacionamento centra-se nas difi-
culdades de concretização do que é planeado. Por exemplo, em relação ao município de
Aveiro, afirma o coordenador do projecto:
Outro tipo de problemas que foi necessário gerir com os municípios resultou de
“ter sido possível, ou permitido, que os municípios se candidatassem para finalidades
idênticas”, ou seja, para fazer formação para o desenvolvimento das competências bási-
cas em TIC e atribuição dos respectivos Diplomas (DCB). Face à relação do número de
DCB atribuídos com os financiamentos, criaram-se alguns “espaços de conflito”, agra-
vados pela acção da Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação
(FDTI) que também faz formação e atribuição de DCB.
Realce-se uma dimensão de sucesso da relação com os municípios e com os
agrupamentos, que consistiu no transporte de alunos, nomeadamente para a realização
de exames de competências básicas, para a UA, para os Espaços Internet e para as sedes
de agrupamento. Este transporte foi assegurado, quer pela Reitoria da UA, quer por câ-
maras municipais.
No que se refere às relações com os agrupamentos, António Moreira constata
dificuldades ligadas à “recente verticalização dos agrupamentos” e a um “distanciamen-
110
Avaliação do programa Internet@EB1
to entre quem tutela, quem coordena nos agrupamentos verticais e o 1.º ciclo”. Como
formas de ultrapassar tais dificuldades, aponta: a formação dos formadores dos centros
de formação, para que se deixe de centrar as acções em competências de utilização de
ferramentas para fazer apresentações ou páginas, e se desenvolvam competências ao
nível da integração curricular das TIC no 1.º ciclo; a criação de “pacotes de formação
que permitam criar lideranças tecnológicas nas escolas. A UA, juntamente com a Uni-
versidade do Algarve e com o Centro de Competência Entre Mar e Serra, desenvolveu
um pacote sobre liderança tecnológica nas escolas, que se destina a presidentes de con-
selhos executivos e coordenadores pedagógicos”. Na sua perspectiva, trata-se de desen-
volver “uma visão estratégica para o seu agrupamento” bem como de “dar-lhe sequên-
cia”.
Uma questão central para a análise da selecção, contratação e gestão dos monito-
res é, conforme referido no relatório de avaliação do Internet@EB1 na UA (2004/05), a
mudança, no segundo ano do projecto, da “figura contratual privilegiada de bolseiros de
iniciação à investigação científica para contratos a recibo verde, por concurso público”.
Na entrevista, António Moreira refere o factor tempo para justificar tal mudança: com
apenas cinco meses de projecto3 tornava-se muito difícil manter a figura do bolseiro. A
questão do tempo tornava difícil aos bolseiros cumprirem todas as suas obrigações,
nomeadamente a apresentação de “relatórios de actividade detalhados”. Como balanço,
refere:
3
O projecto desenvolveu-se ao longo de todo o ano lectivo de 2002/03, no seu primeiro ano, ao longo de
5 meses no segundo ano e manteve essa duração no terceiro ano. O atraso da data de início, e de assinatu-
ra dos protocolos, tem condicionado tais durações.
111
Avaliação do programa Internet@EB1
Salienta, também, que não terá sido alheia a este facto a maior dificuldade das
saídas profissionais em NTC.
Continuando num balanço e na análise de perspectivas futuras, realça que têm
uma percepção tão positiva daquilo que foi o desempenho destes pares de monitores,
que vão manter a sua existência este ano lectivo, agora no projecto CBTIC@EB1, geri-
do pela Equipa de Missão para os Computadores, Redes e Internet nas Escolas (CRIE)
do Ministério da Educação (ME). Explicita, então, que embora tivesse sido definido
pelo CRIE que os monitores deveriam ser professores do 1.º ciclo, chegaram a acordo
para que na UA fossem pares também com licenciados em NTC:
112
Avaliação do programa Internet@EB1
Tivéssemos nós tido um golpe de asa para pensar: isto é plurianual e isto
vai contar para o tempo de serviço destas pessoas (...) O capital acumula-
do seria de uma mais valia imensa, na medida em que aquilo que eu teria
era um investimento na formação de pessoas que não iria estar sistemati-
camente a ser posto em causa.
Eles vêm para aqui, trabalham, encontram-se, conhecem-se todos uns aos
outros. Muitas vezes estão a procurar almoçar juntos, combinar festas (...)
Acho que já se tornou prática institucional fazermos sempre um jantar no
final do Programa. Trocam galhardetes em alturas festivas, há este senti-
do de comunidade que é forte, nota-se que há laços. No caso dos pares, é
óbvio que existe. Havia inclusivamente situação de alguma brincadeira e
humor que era: «ficámos juntos o ano passado, estamos juntos este ano,
estou a ver que ficamos juntos para o resto a vida!».
113
Avaliação do programa Internet@EB1
114
Avaliação do programa Internet@EB1
115
Avaliação do programa Internet@EB1
como entidade autónoma e “as pessoas podiam socorrer-se dela sempre que necessário”.
No entanto, manifesta alguma relutância em relação a um portal nacional em que se
“diluam as autorias, ou as propriedades” e em que possam não ser dadas às IES “privi-
légios de administração”. Segundo refere, as IES têm “uma vontade que é muito própria
de se manter alguma capacidade de controlo e de criação de laços fortes com uma
comunidade que é aquela que é da responsabilidade de cada instituição num determina-
do distrito”.
Por outro lado, António Moreira considera que seria importante uma solução em
que “em função daquilo que são os contributos para os centros de recursos locais, a pró-
pria tutela dizer «Ora bem há aqui um recurso que é interessante aqui neste portal,
vamos comunicar com eles para saber se podemos disponibilizar no nacional». Aí
[poderia] criar-se então um repositório de coisas que fossem já filtradas por alguma ava-
liação e que de algum modo qualificassem esse mesmo site”.
O trabalho no terreno
116
Avaliação do programa Internet@EB1
dam em mapas que nós cedemos e muitas vezes utilizam o próprio guia
Michelin na Internet para verem percursos alternativos. Fazem esse estu-
do e depois metem-se no carro e vão conhecer (...) Se a escola estiver
aberta estabelecem o primeiro contacto com o professor, a dizer quem
são, a que vêm, donde vêm. Às vezes são bem recebidos, outras vezes
mal recebidos (...) esta é a chamada visita zero”.
Segundo António Moreira, a visita zero, sendo “daquelas que não são contabili-
zadas”, permite uma primeira abordagem ao contexto de cada escola e uma melhor ade-
quação das acções seguintes. António Moreira explica que as acções são, então, planea-
das em “função desses contextos (...) para não ferir susceptibilidades, ou para não criar
expectativas, ou falta de expectativas, ou também para não criar barreiras”. Realça, ain-
da neste sentido, que existem “zonas muito complicadas, especialmente na zona mais
interior do distrito, interior norte (...) Nós, o ano passado, tínhamos o caso de uma esco-
la que tinha computador, modem, impressora, e não tinha electricidade todo o ano”.
Concretizando a flexibilização das acções, em função dos contextos, António
Moreira dá o exemplo dos inquéritos que costumam passar aos alunos na primeira visi-
ta. Trata-se de
Questionários muito simples, que também são muito figurativos, (...) têm
smileys. O smiley alegre, ou triste, até mesmo para permitir que miúdos
que não sabem ainda escrever respondam e eles próprios é que registam
(...) É para saber se os alunos têm computador em casa, se têm Internet
em casa, se alguma vez trabalharam com o computador, se conhecem
programas como o Word, ou o Paint... Portanto, são perguntas muito
simples que permitem criar um conhecimento um bocadinho mais correc-
to daquilo que são os contextos onde os monitores vão trabalhar. Nalguns
casos têm interesse para investigação (...) às vezes aplicamos o questio-
nário em outros momentos e dão-nos indicadores do progresso.
117
Avaliação do programa Internet@EB1
a uma escola implica necessariamente uma visita de cinco horas. Exemplifica da seguin-
te forma: os monitores se deslocarem a uma escola x, uma escola que tenha só dois alu-
nos, podem dar apoio nessa escola durante duas horas e ir à escola mais próxima, nessa
mesma manhã, que fique a 8 km e que tenha 8 alunos, fazendo o inverso na deslocação
seguinte. Geriram aquilo que está protocolado. Acrescenta, ainda, que existem escolas
que têm 200 alunos no 4.º ano, onde se se realizarem apenas as visitas que estão proto-
coladas por escola, não vai ser possível atingir toda a população. É necessário tentar
gerir equilíbrios, “negociadamente”, trabalhando menos tempo para escolas que têm
dois alunos e compensando, com mais visitas, as de grande dimensão.
António Moreira explica que as visitas se desenvolvem em função das planifica-
ções que são todas combinadas por telefone, entre o monitor e o professor, em função
do conhecimento do contexto existente. Também, em função da(s) atitude(s) do(s) pro-
fessor(es):
118
Avaliação do programa Internet@EB1
Aquilo que nós temos tentado fazer junto dos professores é dotá-los de
conhecimentos e competências que permitam (...) a actualização das pá-
ginas, para não ficarem dependentes de nós. (...) Mas aquilo que nós veri-
ficamos é que, de um ano para o outro, a página nunca foi actualizada”.
119
Avaliação do programa Internet@EB1
120
Avaliação do programa Internet@EB1
(...) Nunca nos negava um pedido de telefonema (...) estava sempre disponível. Mesmo
que não fosse no momento, dizia à secretária para dizer que daí a 20 minutos (...) con-
tactava ela. E não falhava nesse aspecto”.
No ano de 2004/05, “numa altura em que a própria Drª Emília Moura se afastou
para passar a assessorar o Professor Mariano Gago no governo (...) o tipo de relaciona-
mento” com a FCCN passou a ser “meramente de gestão financeira”. Outra diferença no
papel da FCCN, apontada por António Moreira, em relação aos anos anteriores, consis-
tiu no funcionamento do helpdesk, que no “primeiro ano funcionava optimamente. Tele-
fonava-se e tinha-se o problema resolvido, fosse para o que fosse”, mas que no último
ano funcionou “muito mal”.
Para António Moreira, a questão da tutela pelos Ministérios – Ministério da
Educação e Ministério da Ciência e Tecnologia (depois Ministério da Ciência e Ensino
Superior) – é muito importante por vários aspectos. Em primeiro lugar, porque “Aquilo
que faltava ao Programa, e que ainda falta, é (...) uma entidade tutelar que dê aos pro-
fessores o sinal de que [o projecto] é algo que é legal, oficial, legitimado, e que nós não
temos de estar a pedir favores às escolas”. No primeiro ano, “a conquista foi de confian-
ça e de se mostrar que se estava a fazer algo interessante. Mas foi totalmente da lavra
das instituições. Não foi porque tivesse havido por parte da tutela esse tal sinal de que
isto é para fazer, que isto vai ser feito nestes moldes. «atenção escolas, integrem isto nos
vossos projectos educativos»”.
Por outro lado, António Moreira enfatiza o “anacronismo entre aquilo que é o
início do ano lectivo [e] a elaboração do projecto educativo de escola, e um Programa
[Internet@EB1] que vem de algum modo interferir, quando já se passou um período
lectivo (...) A promessa que nós temos presentemente é que em Março iremos preparar o
próximo ano”.
A questão do momento em que o projecto surge também pode, segundo António
Moreira, ter contribuído para o não sucesso (por não terem surgido respostas) de um
convite para formação de comunidades de prática, através de projectos comuns a diver-
sas escolas. Tratou-se de uma tentativa, inspirada no Domesday Book, para criação de
projectos (por exemplo, sobre o Mar, em Espinho) com colaboração de várias escolas e
partilha entre elas. O coordenador do projecto Internet@EB1 na UA continua a acredi-
tar que este é o tipo de actividades a desenvolver no projecto.
121
Avaliação do programa Internet@EB1
Conclusão
Como explicar que num projecto no âmbito das TIC, a comunidade dos
monitores seja descrita essencialmente com base em encontros e interac-
ções presenciais, embora também estivessem disponíveis meios de co-
municação à distância.
Por que são os pares considerados preferíveis a monitores que tivessem
simultaneamente as competências técnicas e educativas? Os pares são o
garante de uma mais valia para um projecto de acompanhamento da utili-
zação educativa das TIC? Ou serão os pares, principalmente, uma aposta
no fazer face aos múltiplos problemas técnicos nas EB1s? Ou serão, si-
multaneamente, uma aposta na criação de uma comunidade de prática e
122
Avaliação do programa Internet@EB1
Torna-se visível, neste estudo de caso, que a Flexibilidade foi sempre uma linha
de orientação da coordenação do Internet@EB1 na UA. Existiu um investimento explí-
cito em flexibilidade no que se refere a questões como o número e a duração das visitas
às EB1, as intervenções nas EB1 e ao nível das relações interpessoais.
Realçam-se, como críticas – realizadas pelo coordenador do Internet@EB1 na
UA – à forma como decorreu o Programa e como questões a considerar para futuro: a
questão dos DCB, os inícios tardios do projecto nos últimos dois anos e o carácter anual
do mesmo. A importância dos DCB para o projecto e o facto dos mesmos serem atri-
buídos por exame, e não por avaliação contínua, são apontados como as causas do pro-
jecto estar centrado nos alunos e não nos professores.
O início tardio do projecto, quando o ano lectivo já se encontra no segundo tri-
mestre, parece impedir a concretização de algumas actividades e a integração do projec-
to Internet@EB1 nos projectos das escolas. Com um carácter plurianual, o projecto
permitiria às instituições rentabilizar os investimentos realizados, nomeadamente no que
se refere à formação e recrutamento de monitores.
123
Avaliação do programa Internet@EB1
Contexto e pretexto:
O Programa Internet@EB1 no Distrito de Évora
O projecto na Universidade
124
Avaliação do programa Internet@EB1
4
Todas as afirmações transcritas são da entrevista ao coordenador, excepto quando indicado o contrário.
125
Avaliação do programa Internet@EB1
Em síntese, o Programa Internet@EB1 foi aceite como mais uma actividade para
o Núcleo Minerva, em continuidade com o trabalho que vêm a desenvolver desde há
diversos anos, tendo sido reinterpretada e adaptada às perspectivas sobre as TIC na edu-
cação da equipa, que se assume com uma forte identidade construída a partir do projecto
Minerva.
As parcerias
126
Avaliação do programa Internet@EB1
todos os professores, podendo apresentar os seus trabalhos. Neste contexto, José Luís
Ramos considera existir entre o Núcleo Minerva e as direcções das escolas “uma rela-
ção antiga” e que “quando os agrupamentos chegaram nós tivemos que rever um pouco
a nossa estratégia e canalizarmos muitas vezes a informação para os agrupamentos”.
O envolvimento com o Programa dentro dos agrupamentos e das autarquias foi
desigual. Existiu uma colaboração mais aprofundada com alguns agrupamentos e autar-
quias que disponibilizaram salas de informática para a realização de Oficinas de Forma-
ção, sessões com professores e alunos e para a realização de provas de certificação dos
DCB. José Luís Ramos refere que algumas autarquias estão realmente interessadas neste
tipo de Programas e que estão em condições de participar neles, mas ainda não existe
uma sensibilidade generalizada nas autarquias para as questões de natureza educativa:
No entanto, José Luís Ramos destaca que apesar dos diferentes níveis de partici-
pação das autarquias, conseguiram criar um bom ambiente de trabalho e boas redes de
comunicação com essas entidades que permitiram a resolução dos problemas informáti-
cos e técnicos que surgiram.
A programação da intervenção
127
Avaliação do programa Internet@EB1
Isso significa apenas que temos muito claros os nossos sistemas de valo-
res e os nossos princípios. E isso significa que temos uma grande respon-
sabilidade com as pessoas. Os programas vêm, passam, vão se embora e
nós ficamos. E aquilo, as marcas que ficam nas pessoas são as marcas do
nosso convívio, da nossa facilidade de comunicação, do nosso trabalho,
daquilo que conseguimos progredir [em conjunto].
128
Avaliação do programa Internet@EB1
Procuram contrariar aquela visão das tecnologias como um objecto (“um objecto
frio”) com que nos temos que confrontar, apresentando-o como um recurso para as pes-
soas e respeitando a individualidade do professor: “Para nós, primeiro estão as pessoas,
está o professor e as suas características e a sua personalidade e depois a partir daí é que
nós vamos tentando entrar com as coisas de maneira a que o professor perceba que tem
aqui uma ajuda, se quiser usar…”. Apelando também ao sentido de responsabilidade do
professor, no papel importante que este tem “na vida daquelas crianças e nas oportuni-
dades e na qualidade dessas oportunidades”. Desta forma, considera que, geralmente,
conseguem “seduzir” o professor para o Programa.
A primeira abordagem do monitor na escola é tentar conhecer aquilo que o pro-
fessor está a fazer com as crianças e procurar perceber e sensibilizar o professor para
ver em que medida as TIC poderão serão integradas nas suas práticas. Esse é um factor
muito importante, na sua perspectiva, no possível envolvimento do professor: “partir-
mos do programa e do currículo que é aquilo que é a preocupação do professor ou, en-
tão, se lhe pomos coisas ao lado eles começam a olhar de outra maneira”. Assim, há que
mostrar ao professor que a questão do desenvolvimento de competências ao nível das
TIC não é algo lateral ao currículo:
129
Avaliação do programa Internet@EB1
Uma outra das estratégias adoptadas nas visitas às escolas, foi o reservar um
momento no início da visita para reflectir com o professor sobre os acontecimentos das
semanas anteriores. Deste modo, seria possível adaptar o trabalho daquele dia àquilo
que se tinha passado até ali. José Luís Ramos recorre à metáfora da história para expli-
car esta estratégia:
Era o ponto da situação e era o novo e onde a gente podia pegar nas coi-
sas. Portanto, há aqui uma história a ser construída mas nós não acompa-
nhamos o desenvolvimento da história toda porque não estamos lá sem-
pre. E, então, quando nós chegamos a este ponto da história, nós quere-
mos ver o que é que da história que já foi feito e como é que agora nós
vamos continuar a história. O essencial é esta metáfora.
No entanto, nem sempre estas estratégias resultaram como pretendiam num tra-
balho regular por parte do professor. O coordenador atribui esse insucesso a dois facto-
res: cultura profissional e ausência de formação contínua relevante para professores
deste nível de ensino.
130
Avaliação do programa Internet@EB1
As limitações técnicas não serão o maior obstáculo (esse procuraram sanar por
exemplo, através do apoio concedido pela Universidade de Évora, cedendo às escolas
maia carenciadas, computadores portáteis e outro equipamento informático, como digi-
talizadores de imagens e máquinas fotografias digitais e cedendo salas de informática).
A proposta do Programa de formação, no caso da Universidade de Évora, seguia
uma lógica de oficina, sobre quatro temáticas: escrita, comunicação, Internet e projecto.
Estas decorreram em conjunto com os formadores em horário extra-lectivo ou de modo
autónomo pelos professores na escola com os alunos, em sua casa ou em qualquer outro
espaço. Segundo José Luís Ramos, o conceito de oficina é interessante, na medida em
que, por um lado, confere um sentido prático às aprendizagens e, por outro, permite uma
maior flexibilização na gestão dos espaços e dos tempos de aula, estando bem adaptada
ao desenho curricular do 1.º ciclo:
131
Avaliação do programa Internet@EB1
namente os seus objectivos devido a factores tais como a cultura profissional dos pro-
fessores do 1.º ciclo e as limitações do Programa, designadamente, o número de visitas.
O pretexto e o contexto
132
Avaliação do programa Internet@EB1
parecida com muitas salas que nós temos, há ali uma certa identificação do professor e
dos alunos e da escola com aquilo que está ali.”. Tendo sugerido aos professores coloca-
rem essa como a página de abertura do computador na sala de aula, tinham ali disponí-
veis recursos e informações para o dia-a-dia das aulas: informação sobre o tempo, os
jornais da Lusa, um motor de pesquisa, entre outros. O balanço que faz é positivo em
termos do contributo que esse espaço teve na identificação dos professores com o Pro-
grama.
133
Avaliação do programa Internet@EB1
acerca do verdadeiro significado das páginas para a escola em si, ou seja, a página da
escola enquanto tal, para além destes aspectos de significação para o professor e para
os alunos”. Isto porque considera, por um lado, que o conceito de página de escola
que foi adoptado leva a que estas percam rapidamente actualidade e, por outro, que é
difícil para os professores construírem páginas que sejam representativas do trabalho
que é realizado na escola ao longo do ano.
A aposta que vão fazer neste ano lectivo na produção e publicação on-line de
portefólios de turma, julga vir a ultrapassar algumas das limitações que indicou rela-
tivamente à página da escola. Considera que os portefólios são menos ambiciosos no
sentido em que não podem reflectir todo o trabalho feito na escola, mas que podem
ganhar quanto ao grau de profundidade do produto colocado na página e quanto à sua
regularidade:
Nós podemos fazer o registo electrónico das várias actividades dos alu-
nos ao longo do tempo das visitas, do texto que se vai fazendo, da pintura
que é feita e que se tira uma fotografia e que se digitaliza, de uma visita
de estudo (…) Das férias da Páscoa, do Carnaval, é a festa… Portanto,
nós podemos fazer esse registo e o portefólio acolhe essas experiências
todas de uma forma muito mais significativa do que apenas a página da
escola.
134
Avaliação do programa Internet@EB1
Programa, que decorrem do contacto que teve com os alunos nas escolas, muitos
deles mexendo pela primeira vez num computador:
Neste sentido, têm que fazer uma gestão muito cuidadosa dos seus recursos e
rentabilizando ao máximo o capital do núcleo Minerva. Como afirma: “Nós olhámos
para o DCB como, digamos, alguma coisa que teria feita para que nós pudéssemos
135
Avaliação do programa Internet@EB1
chegar à escola e pagamos bem esse tributo”. Portanto, a atribuição de DCB e a parti-
cipação no Programa, em geral, é encarada como mais uma oportunidade de trabalhar
com as escolas, ainda que exigindo imenso à equipa Minerva.
Comunidades de prática
A escola do 1.º ciclo por norma, por tradição e por muitas outras razões
mesmo territoriais, geográficas, é uma escola isolada, e criar comunida-
des de prática, implica uma aproximação, implica uma partilha, um co-
nhecimento, uma, uma identidade que não é obviamente fácil de fazê-lo
com escolas que estão, não só isoladas territorialmente, no território físi-
136
Avaliação do programa Internet@EB1
137
Avaliação do programa Internet@EB1
feito para trás, o que está a ser feito agora, o que é que vai acontecer depois não tem
tanta agilidade para integrar, para articular”.
No presente ano lectivo, planeiam continuar, genericamente, na mesma linha
de actuação, fazendo novas propostas como o já referido portefólio de turma digital
em alternativa ao conceito de página de escola. Como tem acontecido, pensam tirar
partido da experiência e conhecimento adquiridos ao longo do tempo em que têm
participado no Programa e em outros projectos envolvendo as TIC.
Conclusão
138
Avaliação do programa Internet@EB1
cujo impacto imediato pode ser limitado, havendo, por isso, necessidade de estabele-
cer redes de relações que se vão aprofundando e garantido um trabalho continuado.
No modelo de intervenção da equipa local há diversos elementos que indiciam
boas práticas. Salienta-se, desde logo, o diagnóstico prévio da situação em que se
encontrava cada escola e que conduziu a uma organização e distribuição bastante fle-
xível de visitas dos monitores. O processo de selecção e formação dos monitores foi
desenvolvido de modo a garantir que estes tivessem uma grande disponibilidade e
dessem garantia de continuidade no projecto, dentro de uma perspectiva de integração
curricular das TIC que pretendem continuar a aprofundar. Há a referir também o
papel do centro de recursos virtual, bastante rico do ponto de vista educativo, nomea-
damente, fornecendo recursos on-line para o dia-a-dia da sala de aula e estimulando a
participação dos alunos e professores em diversos desafios. Neste caso, coloca-se a
questão de saber até que ponto todas as instituições terão condições materiais e
humanas para construir e manter um portal de qualidade ou se não será mais adequa-
do criar um portal nacional, embora mantendo aqueles que já têm identidade e dinâ-
micas próprias.
A vertente de trabalho a que parece ter sido dada menor atenção, por parte
desta equipa, é a componente de investigação. O peso reduzido da investigação no
âmbito do Programa ficar-se-á a dever à não existência de outros projectos de investi-
gação que se pudessem articular com relativa facilidade com este. No entanto, a in-
vestigação poderia ter constituído uma mais valia não só no sentido de avaliar mais
aprofundadamente o impacto real do Programa mas também de trazer outros dados do
terreno para reflexão no seio da própria equipa.
Estamos, pois, perante um caso, em que a dimensão do distrito, por um lado, e
a natureza da equipa local, por outro, constituem factores importantes quanto ao im-
pacto do Programa, e que o distinguem relativamente à generalidade dos outros distri-
tos. Esta especificidade e, acima de tudo, esta identidade, levantam-nos a questão de
saber até ponto é possível ter em conta os variadíssimos contextos num programa de
âmbito nacional? Em que medida se pode flexibilizar a matriz de um programa naci-
onal para atender a essas especificidades e, ainda assim, não perder de vista o cum-
primento de objectivos nacionais e europeus? Este terá de ser, com certeza, um traba-
lho continuado.
139
Avaliação do programa Internet@EB1
140
Avaliação do programa Internet@EB1
Modelo de coordenação
Nós fazemos, ao longo do ano, umas vezes mais outras vezes menos, depen-
de de quando o Projecto começa, reuniões com essas equipas, com os cen-
tros de formação, em que apresentamos as linhas orientadoras do que é que
pretendemos. No entanto, aparecemos mais como um parceiro, não damos
muito a tónica de “nós é que somos o chefe”, “nós é que mandamos”. Por-
141
Avaliação do programa Internet@EB1
tanto, tentamos na primeira reunião chegar a acordo, dentro daquilo que está
definido para o Programa, sobre o que podemos fazer, o que podemos apro-
veitar do que está no terreno. Isso significa que, em alguns locais, há um
aproveitamento, não só das coisas que disponibilizamos no site (…), mas
também daquilo que os Centros estão a tentar fazer, ou seja, (…) acções de
formação (…), projectos e ideias que eles já tinham com as escolas. É evi-
dente que isto depende muito das dinâmicas locais. (…) Mas a ideia é apro-
veitar o que existe, aproveitar a experiência dos formadores, dos monitores e
o conhecimento local por parte dos Centros. Uma das vantagens que vemos
nesta organização descentralizada é a de tentar trabalhar com pessoas da re-
gião que conhecem as escolas ou têm contactos com alguns professores das
escolas. (Mário Baía)
Desde o início que dissemos que esta formação [realizada no âmbito do Pro-
grama] podia e devia ser articulada com a formação contínua que o próprio
centro oferecia. E, portanto isso também de algum modo lhes deu público
para algumas das acções de formação. (Rosário Rodrigues)
Eles têm tido liberdade nessa área. Eles, de facto, também planeiam as
acções de formação que consideram pertinentes para apoiar os monitores no
terreno. (…) Isso era também tema das reuniões com os Centros. Era uma
das coisas que falávamos, para além da formação prevista para monitores,
deveria também ser organizada formação específica para professores do 1.º
ciclo. (…) Quer eles, quer nós, realizámos alguma formação específica para
professores do 1.º ciclo, no âmbito dos objectivos do projecto! (Mário Baía)
142
Avaliação do programa Internet@EB1
(transporte de crianças para as salas de informática dos centros de formação e das esco-
las sede dos agrupamentos). A competência técnica e a grande experiência de alguns
dos monitores que trabalham com os centros de formação também facilitaram a supera-
ção de diversos problemas técnicos relacionados com software e hardware:
Frequentemente, foi a intervenção dos monitores que acabou por permitir a con-
tinuação do Programa em muitas escolas, perante a inoperância de algumas autarquias.
Contudo, o tempo dispendido com questões técnicas traduziu-se numa diminuição do
tempo disponível (já por si escasso) para apoio pedagógico aos professores e aos alunos.
143
Avaliação do programa Internet@EB1
Eu acho que as câmaras, por vezes, podem ser um factor perturbador de tudo
isto. (…) Quando nós tentámos falar com a câmara X – e tentámos de boa fé
no 1.º ano – o que vimos, em algumas, foram atitudes de competição. Ou
seja, houve Câmaras que disseram ‘Nós também temos um projecto de 30 e
tal mil contos para equipar as escolas’ e pouco faziam. (…) Há câmaras que
se candidataram ao Programa, funcionando como centro de creditação. E há
inclusivamente uma escola onde não foi possível trabalhar por já terem
compromissos assumidos com a câmara. (…) Por exemplo, o equipamento
chega lá hoje. Passam 15 dias, passam 30 dias, e o professor farta-se de tele-
fonar para a câmara na tentativa de solução daquele problema específico e
provavelmente passa um ano e nunca é resolvido. Portanto, aborrecem-se e
são eles próprios [os professores ou os monitores] que desmontam e mon-
tam. Outras vezes, depois da resolução de algum problema técnico, o profes-
sor vai trabalhar no computador e verifica que não houve respeito pelo traba-
lho dos alunos que lá estava, foi tudo formatado, desapareceu tudo. Isto são
pequenos indícios do pouco cuidado com que as câmaras olham para estas
coisas. Há pouca sensibilidade. Surgem notícias nos jornais locais, nos
folhetos de divulgação mas depois na prática parece existir pouca sensibili-
dade de alguns responsáveis de câmaras para este tipo de trabalho. (Mário
Baía)
Obstáculos
Alguns monitores dizem que têm a sensação de que os professores lhes esta-
vam a fazer um favor ao deixá-los entrar: “Pronto estes têm que vir aqui
144
Avaliação do programa Internet@EB1
145
Avaliação do programa Internet@EB1
Se for a uma escola e disser que o que venho aqui fazer é trabalhar com os
alunos para daqui a 1 mês, 2 meses, 3 meses fazerem um exame e receberem
um diploma, isto não implica o professor. Ele afasta-se um bocado, o moni-
tor faz tudo e, no final, faz o exame. Isto acontece frequentemente nas esco-
las. (Mário Baía)
146
Avaliação do programa Internet@EB1
tência: (…) Há muito trabalho feito pelas escolas que não está publicado.
(…) A página não reflecte o trabalho que existe na escola. O trabalho feito
nas escolas foi muito mais interessante. Há trabalhos da escola feitos pelos
alunos e que nunca aparecem na página. E há trabalho na página que é mero
trabalho ilustrativo, do tipo ‘quem somos’, ‘onde vivemos’, fotografias das
escolas, ‘projectos onde estamos envolvidos’ mas… o que é que foi feito na
sala de aula? E isto acontece por uma razão simples, é que para se fazer isto
teria de haver um trabalho mais contínuo com os professores, para eles des-
envolverem a capacidade de construir a página e publicá-la. Mas isto, em
muitos casos, não existe! (…)
O que é que se verifica depois pela análise dos relatórios? As páginas são
consequência da existência do monitor. Reflectem o trabalho do monitor.
Ele começa por perguntar: “Vamos lá olhar para a página, para o que está
feito. O que é que podemos mudar?” E a partir de determinada altura, come-
ça a pedir ao professor elementos para actualizar a página. Mas (…) no ano
seguinte, se dermos uma volta às páginas vê-se que apenas algumas foram
actualizadas. Não há um envolvimento da escola (…) no trabalho da página,
na sua actualização. E isso, por vezes, torna-se frustrante até para os pró-
prios monitores. (Mário Baía)
Os professores até podem fazer trabalho na sala de aula, mas na sala de aula
são realizadas pequenas actividades com os alunos. E agora como é que este
trabalho é colocado na página? Este tipo de trabalho, os professores de 1.º
ciclo não estão habituados a fazer. (Rosário Rodrigues)
No ano seguinte, quando o monitor chega à escola, provavelmente o mesmo
do ano anterior, pode ter que recomeçar do zero. Em alguns casos, ninguém
sabe onde é que estão os ficheiros nem os códigos para acesso ao servidor
para publicar. (Mário Baía)
Esse é que é um problema mais complicado! Onde é que estão os ficheiros
do ano passado? Nunca ninguém sabe! (Rosário Rodrigues)
E isto é andar sempre a iniciar. Falta aqui o envolvimento das escolas, é uma
responsabilidade da escola, um envolvimento da direcção e do corpo docen-
te da escola para que isto funcione. E em escolas de grande dimensão isto
147
Avaliação do programa Internet@EB1
Com esta perspectiva, este projecto é um trabalho sem fim. Todos os anos há
alunos e vamos andar todos os anos a fazer o mesmo. E isto não tem sentido.
Mas porque é que os alunos têm de fazer exame para os DCB se vão ter um
percurso escolar onde tudo isso, todas essas aprendizagens podem ser apro-
fundadas em diversos contextos curriculares? Que garantias nos dão que
aquele diploma tenha algum interesse para a vida do aluno? Nenhumas.
(Mário Baía)
148
Avaliação do programa Internet@EB1
mos foi a nenhum monitor: “Não o faças!” Mas afirmámos coisas do tipo e
lembro-me de termos discutido isto em reunião de coordenação: “Este traba-
lho só pode deixar frutos se for um trabalho feito pelos professores porque
os alunos são passageiros na escola”. (...) [Logo] Não vamos para a escola a
pensar nos DCB e a pensar nas páginas. Vamos entrar na escola a pensar no
que é que o professor está a fazer, e como o podemos envolver no trabalho
do projecto. (Mário Baía)
No entanto, gostariam de ter tido mais tempo disponível para poderem propor-
cionar um acompanhamento mais prolongado aos professores e, desta forma, aumentar
o impacto no desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes:
149
Avaliação do programa Internet@EB1
150
Avaliação do programa Internet@EB1
O ideal seria de facto uma equipa de monitores experiente mas que tivessem
uma relação connosco, uma relação contratual. Ou seja uma situação que
permitisse um enquadramento com o Programa, articulando o trabalho nas
escolas com um programa de formação. Alguma coisa mais ligada a um es-
tatuto, dependência com a Instituição. Esta situação, provavelmente, nunca
se conseguirá! Tem a ver com o próprio estatuto do Programa. Quer dizer,
isto foi um Programa que, desde o início, nada teve que ver com o Ministé-
rio da Educação! (Mário Baía)
Eu acho que era o ideal! Pessoas que se dedicassem ao Programa a tempo in-
teiro. (Rosário Rodrigues)
Impacto do Programa
Eu acho que do ponto de vista dos agrupamentos houve uma coisa que se
ganhou, e que é uma opinião dada pelos professores com quem tenho con-
tactado, que é a melhoria significativa da qualidade e quantidade de equipa-
mento nas escolas. (…) Eu acho que isto, pode não ser um passo muito sig-
151
Avaliação do programa Internet@EB1
A sensação que tenho é que nessas escolas o projecto tem funcionado bem.
Porque nessas escolas há problemas concretos, há questões que eles não sa-
bem como resolver, há uma coisa que querem fazer e não sabem como fazer,
e desse ponto de vista, a presença de alguém que supostamente os pode
apoiar num determinado dia, a uma determinada hora, permite resolver pro-
blemas concretos. Eu tenho ideia que nesse contexto as coisas funcionam
bem, quando há motivação e os professores sentem a utilidade do Programa.
(Rosário Rodrigues)
[Nos professores] Eu acho que há pequenos ganhos. Este ano cheguei a uma
das escolas que já era o terceiro ano que acompanhava e uma colega nossa
do 1.º ciclo que está perto da reforma, apanhou-me à entrada da escola e
vinha contentíssima. E perguntei-lhe: “O que é que se passa?”. E ela respon-
deu: “Olha vê lá que nunca me tinha passado pela minha cabeça usar as tec-
nologias e vê lá que já mostrei ao meu marido lá em casa a página da esco-
la”. Quer dizer, isto para ela tinha sido uma enorme vitória. Acho que este
tipo de coisas tem de ser valorizado. (…) Ela não sabe processador de texto,
mas os meninos sabiam e eles foram batendo o texto no processador e o pro-
jecto foi colocado na página! (…) Se ela não estivesse perto da reforma, se
152
Avaliação do programa Internet@EB1
fosse uns anitos mais cedo, acho que era um primeiro passo muito significa-
tivo no sentido de a conquistar para a utilização das tecnologias. (Rosário
Rodrigues)
153
Avaliação do programa Internet@EB1
154
Avaliação do programa Internet@EB1
O projecto na ESE
A escola tem diversos docentes na área das TIC. Um deles é professor coorde-
nador e colabora em diversos aspectos da actividade deste projecto. No entanto, ele pró-
prio tem diversas responsabilidades institucionais, incluindo a docência, a coordenação
da área das TIC na ESE e a coordenação de um laboratório de audiovisuais. Os restantes
docentes estão todos a fazer mestrado ou doutoramento noutras instituições, actividade
que, para além da docência, os absorve por completo. Deste modo, o núcleo fundamen-
tal que intervém no Projecto Internet@EB1 é constituído pela coordenadora Cristina
Gomes, pelo outro professor coordenador da ESE, Belmiro Rego, e por um professor
destacado pelo Nónio. A participação deste professor nas actividades do Internet@EB1
tornou-se possível pela estreita articulação efectuada entre os dois projectos.
Segundo Cristina Gomes, todas as opções fundamentais do projecto foram
tomadas em sintonia com o seu colega Belmiro Rego e em sintonia com o conselho
directivo da instituição. Na sua perspectiva, o Projecto Internet@EB1 constitui uma
oportunidade de ligação da ESE com os actores e as instituições educativas do 1.º ciclo
do ensino básico do distrito de Viseu, ligação essa que considera de grande importância
155
Avaliação do programa Internet@EB1
dado o papel que a ESE poderá vir a ter no futuro como instituição não só de formação
inicial de professores mas também de formação contínua. Anteriormente, com o Nónio,
já existia ligação com os outros ciclos, mas não com o 1.º. Para concretizar esse objecti-
vo delineou uma estratégia onde sobressai a tentativa de envolvimento dos agrupamen-
tos de escolas e também de outros parceiros. Durante estes anos, foram diversas as par-
cerias que tentou estabelecer, das quais uma delas, com o Museu Grão Vasco, foi parti-
cularmente bem sucedida.
O Projecto Internet@EB1 conta com o empenhamento do conselho directivo da
instituição que, aliás, assegura a coordenação institucional. O processamento adminis-
trativo e os documentos contabilísticos são realizados pelos serviços administrativos da
ESE. Para uma boa integração do projecto na instituição terá contribuído o facto de,
numa fase inicial, o coordenador ter sido um vice-presidente do conselho directivo da
ESE que pouco depois se reformou. Na verdade, mais do que uma simples “coordena-
dora pedagógica”, Cristina Gomes actua como coordenadora executiva, com amplos
poderes, tendo um especial cuidado no modo como se relaciona com os funcionários e a
direcção da sua instituição:
156
Avaliação do programa Internet@EB1
O te@r
O te@r também fazia um pouco parte desta ideia que era o tentar de al-
guma forma (...) integrar recursos produzidos por exemplo no âmbito da
formação quer inicial, quer contínua, quer no âmbito de projectos que são
desenvolvidos na escola num sítio onde pudessem ser partilhados,
comentados, etc. O te@r funciona mais como repositório de experiência,
de recursos, etc. do que propriamente um espaço de partilha, da resolução
de interacções. Mas temos um repositório grande de recursos produzi-
dos... O produto final o que eu gostava de ver era o reflexo na escola nos
processos de ensino-aprendizagem, isso sem dúvida era aí. Nos patama-
res que colocámos para que isso aconteça, a aproximação às escolas, a
aproximação aos professores é fundamental. Criar estes passos de refe-
rência virtual, acompanhar os espaços presenciais também era fundamen-
tal. Aliás nós tivemos sempre essa ideia desde o início quando lançámos
o Nónio, procurámos sempre [disponibilizar] uma informação para o pro-
fessor. (...)
157
Avaliação do programa Internet@EB1
158
Avaliação do programa Internet@EB1
O Projecto do Património
159
Avaliação do programa Internet@EB1
A articulação preferencial que nós temos com as escolas do 1.º ciclo con-
tinua a ser [através dos agrupamentos] pois nós trabalhamos com um
enorme número de escolas e portanto do ponto de vista de vias de comu-
nicação mesmo relativamente ao projecto (...) temos essa preocupação de
fazer passar [a informação] pela sede do agrupamento. Inclusivamente
aquela ideia que tentámos explorar o ano passado e que não funcionou
muito bem de encontrar um professor que colaborasse em todo o Agru-
pamento, que passava por tentar estabilizar, por criar uma rede de colabo-
ração mais consistente.
160
Avaliação do programa Internet@EB1
tamente aos professores. Para isso, houve que pedir autorização para acumulação dos
professores colaboradores às direcções regionais de educação que, pelo seu lado, demo-
raram em responder...
A grande maioria dos agrupamentos acaba por ter muitas escolas com um
professor e muitas escolas vão fechar. E portanto a ideia de criar uma
dinâmica em torno da sede do agrupamento passa também por esta
necessidade de criar uma comunidade de professores (...). Agora a ques-
tão é saber como é que isto pode funcionar. Há realidades distintas, há
agrupamentos que têm professores do 1.º ciclo sem componente lectiva,
há agrupamentos que não têm (...). Eu não vejo problema em que possa
ser um professor do 2.º, ou do 3.º ciclo a responsabilizar-se pela dinami-
zação dos colegas do 1.º ciclo. (...) Eu prefiro que [o apoio] seja [dado
por um professor] o 2.º ciclo do que não seja nada. Isso seguramente!
Porque o que eu acho é que os professores do 1.º ciclo estão lá com o
conhecimento do currículo, do programa, com o conhecimento da mis-
são, dos objectivos, com o conhecimento das competências que têm. E
muito provavelmente poderão começar a reflectir com professores que
não tenham essa dimensão tão aprofundada, poderão começar a reflectir
como promover algumas articulações e algum desenvolvimento de com-
petências em TIC e sobretudo como integrar as TIC ao nível do currículo
e das práticas do 1.º ciclo. Penso que mesmo assim será possível fazer
um trabalho melhor do que deixar os outros professores [do 1.º ciclo]
sozinhos nas escolas.
161
Avaliação do programa Internet@EB1
dades registadas, Cristina Gomes considera que continua a ser essencial o envolvimento
dos agrupamentos na dinamização do uso das TIC nas escolas do 1.º ciclo.
Contudo, na sua perspectiva, mais do que agrupamentos ou escolas, por enquan-
to os bons exemplos no uso educacional das TIC neste nível de ensino vêm de professo-
res isolados, que se entusiasmam com estas tecnologias. São eles que contribuem com
os conteúdos para a página da escola e que, por vezes, mobilizam os seus colegas. Cris-
tina Gomes refere os casos de um professor de Mangualde e de outro de uma escola de
Viseu que, na sua perspectiva, realizam um trabalho muito interessante.
Para Cristina Gomes o essencial do trabalho com as escolas do 1.º ciclo deve
passar pela elaboração da página da escola. Por isso, os monitores nas primeiras visitas
davam atenção prioritária à página. Para ela, a elaboração da página permite valorizar
muitos dos conhecimentos e competências prévias dos alunos e pode constituir o ele-
mento central na vida da turma. Essa parece ser a sua perspectiva principal relativamen-
te ao uso das TIC neste nível de ensino:
No entanto, Cristina Gomes valoriza igualmente outros aspectos das TIC. Con-
sidera, por exemplo, que o software Kidpix tem um extraordinário valor para este nível
de ensino, lamentando o facto de não ser comercializado em Portugal. E refere que o
GoogleEarth constitui uma nova ferramenta com potencialidades fabulosas para usar
com alunos destes níveis etários.
A atribuição de DCB aos alunos do 4.º ano de escolaridade foi uma actividade
que ocupou a maior parte do tempo das 3.ª e 4.ª visitas. Cristina Gomes revela que no
162
Avaliação do programa Internet@EB1
início do projecto não valorizou muito a realização destes exames, o que conduziu a um
nível de realização reduzido. Em reuniões gerais com responsáveis nacionais, concluiu
que era necessário dar uma outra importância a esta vertente, uma vez que dela depen-
diam os financiamentos para o Projecto Internet@EB1 na sua globalidade. O nível de
realização de DCB por parte de alunos do 4.º ano de escolaridade no distrito de Viseu
enquadra-se nos parâmetros normais do projecto. Como reconheceu, acabou opor se
“render” aos DCB, mas não mudou muito de opinião. Considera que se trata de um pro-
cesso bastante imperfeito de reconhecimento de competências básicas no âmbito das
TIC, dado o seu carácter descontextualizado.
Na verdade, o facto dos alunos terem sucesso na prova não garante a sua capaci-
dade de usar as TIC de forma fluente, no âmbito das restantes actividades escolares na
própria altura e muito menos mais tarde. Os alunos podem até ter um certo desembaraço
no uso das TIC durante o 4.º ano, mas não ter oportunidade de usar estas tecnologias
nos anos seguintes e acabar por perder essas competências. Conta, a propósito, ter tido
conhecimento de reclamações feitas por outras entidades, segundo as quais alunos certi-
ficados com DCB pela ESE de Viseu, não teriam mostrado essa competência, vários
meses mais tarde, já como alunos do 5.º ano de escolaridade. Na sua perspectiva, é algo
que pode perfeitamente acontecer, sem que signifique que os DBC tenham sido mal
atribuídos. Os alunos poderiam muito bem ter essa competência no momento da prova e
já não a ter no ano seguinte, se entretanto nada fizeram com estas tecnologias.
Na sua perspectiva, teria sido importante que neste projecto se tivesse insistido
mais na elaboração da página da escola. Cristina Gomes considera que a página da esco-
la é o veículo natural para o desenvolvimento das competências básicas dos alunos (e
dos professores) no que respeita ao uso das TIC, permitindo uma integração das TIC em
actividades escolares das mais diversas e, ao mesmo tempo, ajudando os actores educa-
tivos a compreender as possibilidades inovadoras e integradoras destas tecnologias.
163
Avaliação do programa Internet@EB1
Comunidades de prática
164
Avaliação do programa Internet@EB1
Por outro lado, quando lhe perguntei se o grupo dos monitores da ESE de Viseu
constituía, pelo seu lado, uma comunidade de prática, respondeu que sim:
Curiosamente, apesar do seu grande envolvimento com as TIC, dado o seu papel
no Projecto Internet@EB1, estes monitores valorizavam sobretudo os momentos de
encontro presencial, elegendo a sexta-feira à tarde como o dia em que vinham à ESE
conversar uns com os outros e com a própria coordenadora sobre o seu trabalho.
O desenvolvimento de comunidades de prática de alunos, usando as TIC para
elaborarem projectos, realizarem pesquisas, investigarem, trocarem experiências e deba-
165
Avaliação do programa Internet@EB1
terem ideias constitui certamente uma visão interessante e mobilizadora para o futuro
das escolas. Provavelmente, são necessárias várias condições para que isso aconteça,
condições essas que não parece terem sido reunidas até ao momento.
O futuro do projecto
166
Avaliação do programa Internet@EB1
Reflexões finais
167
Avaliação do programa Internet@EB1
168
Avaliação do programa Internet@EB1
A presença dos sítios das EB1 na web tornou mais fácil situar e mesmo contactar
uma determinada escola, o que é, sem dúvida, relevante face ao número, à dispersão e,
por vezes, ao isolamento de muitas escolas. A aposta do Programa na criação da página
da escola constituiu uma oportunidade de os alunos contactarem com outras formas de
comunicação e de darem a conhecer um pouco daquilo que acontece no seu quotidiano
escolar. A avaliação dos sítios das EB1 permite salientar a preocupação existente em
tornar visível a participação das crianças, especialmente através da apresentação dos
trabalhos por elas realizados. A integração dos trabalhos dos alunos transforma os sítios
das EB1 em locais coloridos, com características e emoções que só a curiosidade, a
espontaneidade e a capacidade de expressão das crianças tornam possível.
Os sítios das escolas apresentam grande heterogeneidade. No entanto, pode afir-
mar-se que são ainda poucos os sítios que integram o texto, a imagem e o som para dis-
ponibilizar actividades educativas interactivas. O conteúdo dos sítios centra-se muito na
caracterização do meio e da escola, e na ilustração de alguns trabalhos realizados pelos
alunos, incluindo, em diversos casos, reportagens sobre visitas de estudo realizadas
pelas turmas, escolas ou agrupamentos, com participação de outras entidades da comu-
nidade. São, no entanto, poucos os sítios que apresentam projectos e colaborações entre
turmas, professores ou escolas. Áreas curriculares tão relevantes como a Matemática
estão também muito ausentes da grande maioria dos sítios. Da análise efectuada é,
igualmente, possível constatar que, no geral, é pouco frequente nos sítios a indicação
das fontes das imagens e sons publicados, a presença de fontes de informação variadas e
de qualidade, as hiperligações para sítios de carácter educativo e o apoio para pesquisa
na Internet por crianças. Também não se encontraram indicadores de que as questões de
segurança tenham sido consideradas no processo de publicação de materiais nas pági-
nas. A presente avaliação permitiu portanto constatar a necessidade de investir na refle-
xão e produção de orientações para o desenvolvimento da qualidade educativa dos sítios
das EB1 na web, nomeadamente no que se refere às potencialidades educativas da inte-
gração do texto, imagem e som nas interfaces, à inclusão de recursos curriculares de
qualidade e às questões de cidadania, com especial relevo para as questões de segurança
na Internet.
Na verdade, como mostram os estudos de caso realizados, as páginas das escolas
são encaradas de modo diferente por diversos coordenadores distritais, constituindo
assim uma segunda questão problemática a considerar. Alguns coordenadores vêem
estas páginas como oportunidades de trabalho interessantes e outros como uma activi-
169
Avaliação do programa Internet@EB1
170
Avaliação do programa Internet@EB1
tionário realizado mostram que existe um número expressivo de professores com uma
relação positiva com estas tecnologias, mas não devemos perder de vista que os profes-
sores que não respondem são muitos mais do que os que respondem. Não sabemos
como responderiam os restantes, mas até pelo que nos dizem os coordenadores regio-
nais, podemos conjecturar que o seu envolvimento com as TIC, em muitos casos, é bas-
tante reduzido. O facto dos professores não aderirem com facilidade às propostas de
formação, a iniciativas como congressos distritais, nem participarem activamente nos
fóruns virtuais disponibilizados, mostra que não bastam iniciativas deste tipo para os
mobilizar e para proporcionarem o adequado enquadramento formativo. É preciso che-
gar mais perto dos professores, trabalhar com eles de modo continuado, perceber quais
as suas reais necessidades e interesses, perceber em que projectos se desejam enquadrar
e procurar iniciar verdadeiros processos de inovação curricular e de formação em con-
texto. A partir daí, poderá então fazer sentido falar em colaboração, partilha e comuni-
dades de prática.
Cada distrito desenvolveu o seu local virtual, apoiando as actividades do projec-
to. Os locais virtuais produzidos pautam-se pela sua heterogeneidade, existindo desde
aqueles que disponibilizam conteúdos de qualidade, apelando à contribuição dos profes-
sores, até aqueles que de um modo minimalista contêm pouco mais do que a informação
básica do projecto e um conjunto de links. A utilização educativa das TIC nas escolas do
1.º ciclo do ensino básico em Portugal muito teria a ganhar com a existência de um por-
tal virtual nacional, principalmente se esse portal pudesse ser feito com os contributos
dos actores do terreno, em especial os professores já com mais experiência no uso das
TIC e as equipas distritais que desenvolveram mais competência neste domínio.
O Projecto Internet@EB1, apesar de se desenrolar no âmbito do Ministério da
Ciência, não teve uma componente explícita de investigação. Numa ou noutra coorde-
nação regional, nota-se a preocupação em fazer convergir as actividades do projecto
com os interesses de pesquisa dos respectivos grupos de investigação e em procurar que
o trabalho realizado pudesse ser objecto de interrogação disciplinada, sobretudo através
de teses de mestrado. Na verdade, um projecto que se desenvolve num terreno novo,
como o Internet@EB1 tem muito a ganhar em ser submetido a este tipo de interroga-
ções, feitas a partir de problemáticas e metodologias diversas e apoiadas no capital de
conhecimento e experiência de equipas de investigação alargadas. Por isso, será desejá-
vel que projectos desta natureza possam ser sempre acompanhados por actividades de
investigação tanto quando possível autónomas e independentes, que permitam olhar de
171
Avaliação do programa Internet@EB1
172
Avaliação do programa Internet@EB1
Anexo
Comentários de coordenadores à versão preliminar do capítulo
Análise dos Relatórios das Instituições de Ensino Superior
1. Junto envio o documento, com pequenas correcções, mais de “proof reading” do que
de outro teor, em regime de registo de alterações. Não tenho nada a apontar.
2. Tentamos completar ao máximo os dados em falta nas tabelas. Para facilitar a recolha
de dados seria bastante útil que os “botões” de recolha de dados estatísticos da plata-
forma de DCB funcionassem.
Informamos que acrescentamos as fontes de informação no quadro da pág. 22 da
versão preliminar da análise feita aos relatórios das instituições de ensino superior
envolvidas no Programa Internet@EB1.
4. Penso que não há imprecisões quanto aos dados ou referências ao projecto desenvol-
vido pela nossa escola. Gostei do relatório, que me parece bem estruturado, preciso e
explícito. É um bom contributo para a análise do projecto e, espero, um bom apoio para
as mudanças que o mesmo deverá sofrer para os anos futuros.
5. Aqui vão umas notas da equipa do projecto. Infelizmente, devido há grande sobrecar-
ga a que hoje as instituições de ensino superior estão sujeitas, não consegui dar o meu
contributo. Ficam as possíveis. Caso queira, poderá analisar os relatórios dos formado-
res e outros documentos directamente no “site” do projecto, é só solicitar uma conta. No
entanto, ao ler o vosso relatório fico com a sensação que a equidade da relevância de
certos aspectos (acções, actividades, interpretação de indicadores, etc.) poderia ser
173
Avaliação do programa Internet@EB1
7. ... Quero deixar claro o nosso reconhecimento pelo trabalho realizado pela comissão a
que preside, a avaliação deste e doutros projectos são na nossa opinião fundamentais
para a análise que sustente futuras implementações.
8. No que se relaciona com a análise dos relatórios parece-nos haver uma incorrecção
no número de professores do distrito de X. No Quadro 2, em vez dos X referidos,
devem estar X, que correspondem ao levantamento, não isento de erros, efectuado pelos
monitores.
10. Gostaria de começar por felicitá-lo a si e à sua equipa pelo excelente trabalho na
elaboração deste relatório final. É sem dúvida um trabalho gigantesco e ao alcance ape-
nas de alguns. Parabéns!
Em anexo seguem algumas anotações (...) ao texto final. Estas anotações têm por
objectivo complementar (...) o vosso excelente trabalho integrador e demonstrativo da
quantidade e diversidade de ideias que surgiram ao longo da execução/implementação
deste nosso projecto. (...)
11. Agradeço (...) a oportunidade que nos oferece de clarificar alguns aspectos.
No essencial a coordenação do projecto revê-se na interpretação que se faz sobre
o desenvolvimento do projecto em X (...). Aproveito para felicitar a equipa de avaliação
pela metodologia e atitude adoptada neste processo de avaliação. Estou certo que trará
impactos significativos na evolução deste projecto.
174