Professional Documents
Culture Documents
Conceitos fundamentais
Compressão:
Explosão:
Descarga:
Admissão:
Neste tempo, apenas ar é aspirado para o interior do cilindro do motor através da
válvula de admissão que se encontra aberta. Durante o tempo de admissão o êmbolo
desloca-se dentro do cilindro do ponto morto superior (PMS) para o ponto morto inferior
(PMI). O volume varrido entre o PMS e o PMI é chamado cilindrada unitária do motor.
Compressão:
Neste tempo o ar é comprimido a uma pressão e temperatura superior ao do ponto
de auto-ignição do combustível a ser usado. Durante este tempo o êmbolo desloca-se do
PMI para o PMS e as válvula de admissão e de escape encontram-se fechadas. Quando o
êmbolo aproxima-se do PMS o sistema de injeção mecânica introduz o combustível no
seio da massa de ar previamente comprimida.
Explosão:
A massa de combustível injetada é misturada à massa de ar reagindo rapidamente
e trocando calor até que entra em combustão espontânea. Durante este tempo o êmbolo
movimenta-se do PMS para o PMI. Quando o êmbolo aproxima-se do PMI, a válvula de
escape abre-se.
- Motores Wankel:
O motor Wankel é um motor rotativo com concepção totalmente distinta dos
motores Otto e Diesel e que apesar de ser muito interessante, ocupa uma faixa de
mercado muito pequena. Por isto, não avançaremos na sua análise.
Prof. Dr. Antonio Moreira dos Santos: Apostila da aula 1 5
Bloco
Representa o corpo do motor, nele são usinados os cilindros ou os furos para a
colocação destes. Na sua parte inferior estão alojados os mancais centrais, onde se apóia
o girabrequim, e na parte superior localiza-se o cabeçote. O bloco serve ainda de suporte
para alguns componentes auxiliares como a bomba de água, alternador, distribuidor, etc.
Quando os cilindros são fixos no bloco, formando uma só peça, dizemos que o
bloco é do tipo integral, ou também chamado de monobloco. O bloco integral, quando
comparado com o de cilindros substituíveis, tem a desvantagem de não poder sofrer mais
que um certo número de retíficas em seus cilindros, devido à diminuição da espessura de
Prof. Dr. Antonio Moreira dos Santos: Apostila da aula 1 7
suas paredes. Em casos extremos, quando o bloco integral não suportar mais retíficas,
pode-se efetuar o encamisamento, isto é, o bloco é retificado e um cilindro de menor
diâmetro é prensado dentro dele, como se fosse um cilindro substituível.
Cabeçote
Também conhecido como tampão, é a parte superior do motor, onde se localizam
as válvulas, câmaras de combustão, velas, etc.
O tamanho e a forma do cabeçote variam de acordo com o tipo de motor. Alguns
motores apresentam o eixo do comando de válvulas no cabeçote, que passa então a
incorporar todo o sistema de válvulas.
Fig. 11 - Cabeçote
Cilindro
É onde o pistão se desloca, descrevendo movimento alternado. Geralmente é
fabricado em ferro fundido com ligas.
Prof. Dr. Antonio Moreira dos Santos: Apostila da aula 1 8
Cárter
Sua função é servir como depósito de óleo e cobrir os componentes inferiores do
motor. Todo óleo depositado no cárter deve estar em contato com a entrada da bomba,
para que o ar não seja aspirado por ela.
Câmara de combustão
É onde ocorre a combustão da mistura ar-combustível, e é nesta parte onde estão
localizados os eletrodos da vela e as cabeças das válvulas. Sua forma varia de acordo com
o tipo do motor e deve ser projetada visando:
- Criar uma certa turbulência durante a fase de compressão, de modo que a
velocidade de propagação da chama seja a maior possível;
- Criar uma turbulência durante o intervalo do ângulo de cruzamento das válvulas,
de modo a obter uma melhor varredura dos gases;
- Fazer com que a propagação da chama percorra a menor distância possível entre o
início da centelha (no caso dos motores ICE) e as paredes da câmara, de modo a
reduzir a possibilidade de ocorrência de detonação.
Prof. Dr. Antonio Moreira dos Santos: Apostila da aula 1 9
Êmbolo ou Pistão
É o componente do motor que recebe diretamente o impulso da combustão dos
gases e o transmite ao girabrequim através da biela. Pode ser forjado ou fundido em liga
de alumínio. Em sua parte superior podem existir cavidades, que compõem a câmara de
combustão do cilindro. Nos motores com o pistão com a cabeça plana a câmara de
combustão tem seu formato definido pelo cabeçote.
Biela
É o componente móvel de ligação entre o pistão e o girabrequim.
Fig. 15 - Biela
Girabrequim
Também conhecido como árvore de manivelas ou virabrequim, é o maior e mais
pesado componente móvel do interior do motor. Tem fixado em sua parte frontal uma
polia que distribui movimento para os acessórios externos do motor, como o eixo do
comando de válvulas e a bomba d’água. Na sua região posterior é fixado o volante do
motor e nesse a embreagem. O girabrequim fica apoiado nos mancais principais do bloco.
Pode sofrer retíficas ao longo do tempo.
Prof. Dr. Antonio Moreira dos Santos: Apostila da aula 1 11
Fig. 16 - Girabrequim
Volante
Geralmente produzido em aço, é o componente responsável pelo armazenamento
da energia cinética durante a fase de explosão/expansão do motor e sua restituição
durante as fases de admissão, compressão e exaustão.
Quanto mais pesado o volante, mais estável é o motor, sendo mais suave seu
funcionamento. Em contrapartida, a subida de rotações é mais lenta e o retorno ao regime
normal de marcha lenta também é mais demorado.
Prof. Dr. Antonio Moreira dos Santos: Apostila da aula 1 12
Válvulas
Permitem a entrada da mistura ar-combustível para o cilindro (válvula de
admissão) e liberam os gases queimados após a combustão (válvula de escape).
Fig. 18 - Válvula
Parâmetros importantes:
πd 2 L
VD =
4
Prof. Dr. Antonio Moreira dos Santos: Apostila da aula 1 14
Cilindrada total
É o volume deslocado multiplicado pelo número de cilindros do motor.
πd 2 LN
VDT =
4
Onde:
VDT = Volume deslocado total (cm3).
π = 3,14
D = Diâmetro do cilindro (cm).
L = Curso do êmbolo (cm).
N = Número de cilindros do motor.
L
x = r 1 − cos α + 1 − 1 − (r / L ) sen 2α
2
r
Obs.: As expressões que se seguem referem-se também à figura 22. As deduções destas
fórmulas encontram-se no livro “Os motores a combustão interna” de Paulo Penido Filho.
Estas expressões não se aplicam a motores que tenham o girabrequim deslocado da linha
de centro do cilindro. Este assunto encontra-se mais detalhado nas bibliografias de
Dinâmica das máquinas e mecanismos.
Prof. Dr. Antonio Moreira dos Santos: Apostila da aula 1 16
r
V = Wr senα + sen 2α
2L
Onde:
2π (rpm)
W = Velocidade angular da manivela,
W=
60
Aceleração do êmbolo (a)
r
a = W 2 r cos α + cos 2α
L
A aceleração é máxima quando o êmbolo está no PMS, α = 0.
r
amax = W 2 r 1 +
L
Quando o êmbolo está no PMI, α = 180 a aceleração é máxima e negativa:
r
amax = − W 2 r 1 −
L
Obs.: A velocidade do êmbolo é máxima onde a aceleração é nula e isto ocorre antes de α
atingir os 90 graus.
Obs.: Quanto maior for a velocidade média do êmbolo, maior será a potência absorvida
pelas resistências passivas. São típicos os seguintes valores:
- Motores lentos: 5 a 7 m/seg.
- Motores normais: 7 a 9 m/seg.
- Motores esportivos: 9 a 15 m/seg.
r
M t =F . r senα + sen2α
2L
Teoricamente, o momento de força máximo ocorre quando α = 45o e assume o
seguinte valor:
r
M t = F . r 0,707 +
2L
Entretanto a força (F), aplicada na cabeça do êmbolo, diminui à medida que o
êmbolo afasta-se do PMS. Isto faz com que na prática o torque máximo seja atingido por
volta de 20 graus no curso de expansão.
A força (F) é igual à força (Fg) proporcionada pelo gás de combustão mais a força
(Fima) de inércia das massas alternativas.
F = Fg + Fima
A força do gás pode ser obtida através do conhecimento da máxima pressão no
interior da câmara de combustão e da área da cabeça do êmbolo. Porém é necessário
considerar a expansão dos gases até o ângulo α desejado, usando-se a conhecida
expressão termodinâmica: PxVxn = PyVyn; com n ≈ 1,33 (processo politrópico). Px é a
máxima pressão na câmara de combustão, Vx é o volume da câmara de combustão, Py e
Vy são respectivamente pressão e volume na posição α que o êmbolo se encontra.
Se o objetivo é estimar o torque útil que o motor fornecerá, a pressão máxima do
diagrama indicado P-V deve ser usado.
Se o objetivo é obter dados para o dimensionamento de peças tais como bielas,
virabrequim e bronzinas, a pressão máxima considerada deve ser bem superior a esta.
Penido Filho recomenda obter esta pressão através da fórmula empírica:
(
Pcomb = 7.(rc ) − 3 kgf / cm 2 )
A pressão calculada por esta fórmula é aproximadamente igual à pressão máxima
do diagrama indicado.
A força de inércia das massas alternativas é calculada por:
Prof. Dr. Antonio Moreira dos Santos: Apostila da aula 1 18
r
Fima = − m aW 2 r cos α + cos 2α
L
Onde:
ma = massa alternativa do sistema êmbolo, pino e biela.
A massa alternativa é composta pela massa do êmbolo, massa dos anéis, massa do
pino, massa das travas do pino e parte da massa da biela que tem movimento alternativo.
Considera-se massa alternativa a parte da biela que está localizada próximo ao pino
munhão (pino do êmbolo) e de movimento rotativo a parte da massa da biela que está
mais perto do moente da manivela. Considera-se os pontos situados acima dos 2/3 da
perna da biela como alternativos e os outros 1/3 como rotativo.
EXERCÍCIOS
1 – Calcular a velocidade instantânea do êmbolo de um motor de ignição por centelha,
que tem uma biela de 80 mm e o raio da manivela de 25 mm, quando operando a 4500
rpm e α = 45o.
3 – Calcular a aceleração do êmbolo de um motor de ignição por centelha, que tem uma
biela de 85 mm e o raio da manivela de 25 mm, quando operando a 4000 rpm e α = 30o.
Prof. Dr. Antonio Moreira dos Santos: Apostila da aula 1 20
4 - Calcular a velocidade média do êmbolo de um motor de ignição por centelha, que tem
uma biela de 85 mm e o raio da manivela de 25 mm, quando operando a 6000 rpm.
BIBLIOGRAFIA
1 – BOSCH: “Gerenciamento de motor ME-Motronic” – Apostila Técnica. Ed. 2001.
2 – Heywood, John B.: “Internal Combustion Engine Fundamentals”, McGraw-Hill, Inc, New
York – USA, 1988, ISBN 0-07-028637-X.
3 – Ferguson, Colin R.: “Internal Combustion Engines”, John Wiley & Sons, Inc, New York –
USA, 1986, ISBN 0-471-83705-9.
4 – Heisler, H.: “Advanced Engine Tecnology”, SAE, London - England, 1995, ISBN 1-
56091756-3.
5 – Taylor, Charles F.: “Análise dos Motores de Combustão Interna”, Edgard Blucher Ltda, S.
Paulo – BR, 1976.
6 – Obert, Edward F.: “Internal Combustion Engines”, International Textbook Company, 1950.
7 – FIAT Automóveis: “Sistema Injeção/Ignição IAW-1G7” – Treinamento assistencial.
8 – Giacosa, Dante: “Motores Endotérmicos”, Ed. Cietífico – Médica, Barcelona, 1970.
9 – Penido Filho, Paulo: “Os motores a combustão interna”, Ed. LEMI, Belo Horizonte – BR,
1983.
10 – Manual Técnico da Metal Leve, 2a edição.