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1. Introdução
2. Justificativa da prisão
Seu posicionamento solitário durou aproximadamente dois anos, até que declarou
ter mudado de opinião, isso porque, a prisão processual nada tem a haver com a inocência ou não do
acusado.
Durante o processo “A” ameaçou três testemunhas que poderão provar a sua
culpa. Ao ter conhecimento da ameaça o Juiz determina a prisão de “A”, por estar interferindo no bom
andamento do processo.
Depois de colhida toda a prova de acusação “A” poderá, se for o caso, ser
colocado em liberdade, pois não mais interferirá na produção da prova.
No julgamento perante o Juiz posteriormente, “A” poderá ser absolvido ou
condenado, e não é o fato de ter ficado preso durante o processo que significaria, automaticamente, uma
condenação.
Em conclusão, a prisão processual não equivale a uma antecipação do mérito,
porque ela tem os seus motivos próprios, totalmente diferentes dos que levarão o Juiz a condenar ou
absolver o acusado.
Somente há duas formas para prender alguém, seja prisão penal ou processual.
a) Mandado: O detentor do mandado de prisão deverá estar com ele em mãos para efetuar a prisão. Na
prisão processual, via de regra, também é expedido o mandado de prisão.
b) Prisão em Flagrante: Não há necessidade de mandado.
a) Qualificação: O mandado deve ter a qualificação completa que possa individualizar quem será preso.
Também servirá a alcunha, bem como características físicas que possam individualizá-lo na ausência de
informações documentais.
b) Motivos: O mandado tem que conter os motivos que determinaram a sua detenção;
c) Competência: O mandado não pode ser expedido por Delegado. Deve ser elaborado pelo escrivão do
Cartório e assinado por Juiz competente, pois conforme o Art. 5º, LXI da CF, somente a autoridade
judicial poderá expedi-lo.
Muito embora o CPP não traga limitação quanto a dia e hora para se cumprir o
mandado, deve-se observar o art. 5º, XI da CF. Este inciso dispõe sobre a inviolabilidade da casa, da
seguinte forma:
7.1.Conclusão
O mandado pode ser executado a qualquer dia e hora. Porém, se aquele que vai
ser preso estiver escondido em casa, o mandado somente poderá ser cumprido durante o dia, ou a noite
mediante autorização do morador.
8. Das prisões
8.1.Flagrante
O vocábulo flagrante vem do latim “flagrare”, que significa queimar, logo, estado
de flagrância equivale ao momento em que o fato está ocorrendo. Contudo, o CPP em seu art. 302, deu
uma certa margem a este conceito, criando três espécies de flagrante, sendo:
Próprio ou
Ocorre quando o agente está cometendo a infração penal ou acaba de cometê-la.
Real
Impróprio ou Ocorre quando o agente é perseguido por policial ou não em situação que leve a crer
Quase Flagrante ser ele o autor da infração.
Ficto ou Ocorre quando momento após a prática da infração, o agente é encontrado com
Presumido objeto ou arma, que façam presumi-lo autor dos fatos.
Nas três hipóteses o autor do fato está em situação de flagrância, podendo ser
preso sem a necessidade de mandado.
O verbo presumir utilizado no inciso III, do art. 302, pode induzir a erro o leitor,
levando-o acreditar tratar-se do flagrante presumido, porém o flagrante presumido está previsto no inciso IV,
enquanto que o inciso III refere-se ao flagrante impróprio.
Facultativa Qualquer do povo poderá prender em flagrante, porém, não tem esta obrigação.
Seu procedimento está no art. 304 do CPP. No APFD a autoridade policial ouvirá
pela ordem:
1) O condutor;
2) As testemunhas do fato;
3) A vítima se estiver presente;
4) O acusado.
Não há a obrigação do acusado em responder a nenhuma pergunta, sendo-lhe
garantido o direito de se manifestar em juízo – Art. 5º da CF. Enquanto que a testemunha que mentir poderá
incorrer no crime de falso testemunho.
9. Fiança no APFD
O prazo para entrega da Nota de Culpa é de 24 horas após a efetiva prisão. Essa
Nota de Culpa será assinada pelo preso, se recusar, duas testemunhas poderão fazê-lo. É obrigatório a
entrega da Nota de Culpa, sob pena de configurar prisão ilegal.
10.1.Apresentação espontânea
São os seguintes:
11.1.Preparado
Na verdade inexiste o crime. Para Nelson Hungria, trata-se de verdadeira comédia
e o autor do fato delituoso não passa de mero protagonista de uma encenação teatral.
No flagrante preparado o autor do fato age motivado por obra do provocador. Sem
a provocação não haveria a prática daquela conduta.
11.2.Esperado
É reconhecido como plenamente lícito e válido, pois, quando aquele que vai
efetuar a prisão, não participa da cadeia fática que levou ao resultado, simplesmente aguarda o desenrolar
dos acontecimentos para a situação de flagrante, que por ele não foi provocado, para que possa dar voz de
prisão ao agente.
11.3.Forjado
Nesse caso não existe a situação sustentada por quem deu voz de prisão. Trata-
se de uma mentira para prejudicar inocente. O flagrante forjado ocorre quando se inventa uma situação
flagrancial que incorreu. Por exemplo, introduzir droga no veículo de “A” que não cometia qualquer
irregularidade. Na verdade foi fabricado, criado, inventado um crime.
A instrução criminal é composta por diversos atos processuais, nos quais verifica-
se a culpabilidade ou não do acusado. Pode ocorrer que o acusado tente modificar o curso da instrução,
ameaçando testemunhas ou a própria vítima. Nesses casos estará praticando um crime de coação no curso
do processo e deverá ter sua prisão preventiva decretada.
A lei penal ou direito material é aquela que vai ser analisada por ocasião da
sentença (culpado ou inocente). Logo, se o juiz no transcorrer do processo entender que o acusado
pretende fugir para não cumprir a sua pena, deverá decretar-lhe a prisão preventiva para garantir a futura
aplicação da lei penal.
Basta que um dos requisitos da prisão preventiva esteja presente para que o juiz
possa decretá-la. Ao contrário do que já foi afirmado, não há a necessidade de que todos os requisitos
estejam preenchidos ao mesmo tempo. Basta um deles.
A prisão preventiva poderá ser decretada de ofício pelo juiz, mediante
representação do delegado de policia ou do Ministério Público. Para que o juiz decrete uma prisão
preventiva, deve haver uma fumaça de bom direito de caráter acusatório, bem como o perigo na demora em
caso de não decretação.
A prisão preventiva poderá ocorrer nos crimes dolosos punidos com reclusão. Já
nos crimes punidos com detenção, somente será decretada se o indivíduo for vadio ou se recusar a se
identificar.
O juiz não decretará a prisão preventiva se verificar que o agente praticou o fato
nas condições do atual 23 do CP, que cuida das excludentes de antijuricidade ou ilicitude, ou seja, a prática
do delito em legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular
de direito.
O artigo 316 deixa claro que findas as razões da decretação da prisão preventiva,
o juiz deverá revogá-la e se novos motivos surgir, poderá novamente decretá-la.
Tal demora não pode ser atribuída ao preso e o Estado deve ter competência para
julgá-lo dentro do prazo. Logo não se justifica o princípio da razoabilidade, muito embora seja dominante em
nossa sistemática.
De onde tiraram tal raciocínio? 81 dias é o prazo para a instrução esteja o réu
preso em flagrante, ou, então, preventivamente. É errado o raciocínio do juiz que relaxa o flagrante por
excesso de prazo (81 dias) e decreta a preventiva. Trata-se de uma forma de burlar o prazo
jurisprudencialmente fixado para a instrução.
É mais uma espécie de prisão processual. Nos crimes dolosos contra a vida, a
competência para a análise do mérito (culpado ou inocente) é dos jurados. Portanto, verificando o juiz, nos
termos do Art. 408, haver indício de autoria e prova da existência do crime, determinará que o julgamento
ocorra pelo júri.
A essa sentença processual que não analisa o mérito, mas serve tão-somente
para encaminhar o processo ao júri, dá-se o nome de Sentença de Pronúncia. Esta sentença encerra uma
primeira fase em que foi colhida toda a prova e dá início a uma segunda fase, que terminará com o
julgamento popular.
Esta prisão é considerada processual, pois o apelante pode até mesmo ser
absolvido no Tribunal.
a) Homicídio doloso;
b) Seqüestro ou cárcere privado;
c) Roubo;
d) Extorsão;
e) Extorsão mediante seqüestro;
f) Estupro;
g) Atentado violento ao pudor;
h) Rapto violento;
i) Epidemia com o resultado morte;
j) Envenenamento de água potável;
k) Crime de quadrilha ou bando;
l) Genocídio;
m) Tráfico de drogas e
n) Crimes contra o sistema financeiro.
O prazo da prisão temporária é de cinco dias, prorrogável por mais cinco dias,
mediante despacho do juiz, sempre ouvindo o Ministério Público.
O Art. 2º, § 3º, da lei 8.072/90 (Crimes Hediondos), cita que os crimes da lista
acima que forem considerados hediondos, terão prazo de prisão temporária por 30 dias, prorrogável por
igual período.
17.1.Crimes hediondos
a) Homicídio qualificado;
b) Extorsão qualificada por morte;
c) Extorsão mediante seqüestro;
d) Estupro;
e) Atentado violento ao pudor;
f) Epidemia com resultado morte;
g) Genocídio e
h) Tráfico de droga.
Não é necessário que os três incisos do artigo 1º da lei 7.960 estejam presentes
ao mesmo tempo. A interpretação é outra, pois nas hipóteses do inciso 3º, letras “A” a “O”, caberá prisão
temporária no curso do inquérito quando:
Ocorre nos casos em que não é cabível pena privativa de liberdade ao crime.
Exemplo: Crime que cabe pena de multa.
c) Crime inafiançável.
Justamente por não caber fiança, o indiciado ou acusado ficava preso aguardando
o seu julgamento. Porém com a modificação do parágrafo único do artigo 310, verifica-se que quando o juiz
entender ausente os requisitos da Prisão Preventiva, deverá conceder liberdade provisória para que o
indiciado ou réu não fique preso processualmente de forma desnecessária.
18.1.Vínculo
É o acordo obrigacional por meio do qual o indivíduo ou acusado se compromete
a comparecer pessoalmente a todos os atos processuais, bem como a avisar sobre eventual mudança de
endereço, permitindo, assim, a sua imediata localização.
18.2.Fiança
É um dos institutos mais antigo de nosso direito criminal. Existe no mínimo desde
a época do Império (Ordenações Filipinas – Manoelinas e Alfonsinas). É por meio da fiança que o acusado
da prática de crime afiançável paga determinada quantia arbitrada pela autoridade.
Basta a ausência dos requisitos da prisão preventiva para que o agente seja solto
nas infrações afiançáveis ou não.
Quando não couber fiança será solto sem nada pagar e quando couber fiança,
deverá prestá-la para ver-se solto. Logo, ao crime afiançável que é menos grave aplicou um plus
consistente no parágrafo da fiança.
19.1.Aplicação da Fiança
A palavra fiança vem de fidúcia, que significa confiar. A fiança pode ser arbitrada
nos crimes afiançáveis pela autoridade policial ou pelo juiz de direito. O juiz poderá arbitrar a fiança tanto na
fase de inquérito, como durante o processo, em duas hipóteses:
1) Não é caso de arbitramento pelo delegado;
2) A atribuição é do delegado, mas houve recusa de sua parte.
19.2.Hipóteses de arbitramento da fiança pelo delegado
1) Crimes punidos com reclusão em que a pena mínima cominada seja menor de dois anos;
2) A todas as contravenções aplica-se a fiança, exceto a mendicância e a vadiagem;
3) Aplica-se a fiança aos crimes dolosos punidos com detenção ou reclusão com pena mínima até dois
anos, desde que o réu não tenha sentença condenatória transitada em julgado por outro crime doloso;
4) Na inexistência dentro do processo de prova de que o réu seja vadio;
5) Será concedida a fiança desde que o crime punido com reclusão não provoque clamor público, ou nos
quais não se utilize violência ou grave ameaça;
19.3.1.Reforço
19.3.2.Quebramento
A fiança leva a existência de um vínculo que deve ser respeitado sob pena de seu
quebramento, e isto ocorrerá quando:
a) Artigo 327 – O réu não comparecer a instrução criminal ou a ato de inquérito (indiciado);
b) Mudar de residência sem prévia autorização da autoridade judiciária;
c) Ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência sem comunicar a autoridade, o lugar em que
será encontrado.
O termo de fiança é lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade, bem como
por quem prestá-la. Desse termo será extraída uma certidão que será juntada aos autos.
A matéria vem disciplinada no artigo 330, podendo ser dinheiro, metais preciosos
etc. No caso de imóveis ou metais, se faz necessário uma avaliação por perito nomeado pela autoridade.
19.5.Cálculo da fiança
O cálculo está previsto no artigo 325 do CPP, trata-se de uma verdadeira tabela
que leva em conta a pena máxima cominável ao crime, que pode ser:
a) Até dois anos;
b) Até quatro anos, inclusive;
c) Acima de quatro anos.
O salário mínimo de referência foi substituído pela então BTN. O valor da BTN foi
corrigido ater os dias de hoje, e com base no valor atual equivalente ao então SMR, o juiz ou delegado
arbitrará o valor da fiança, a cada qual as infrações correspondentes aos respectivos campos de atuação.
Dependendo da situação econômica do réu, pode haver redução em até 2/3 do
seu valor, ou aumento de até o décuplo.
A fiança pode ou não ser reavida por quem a prestou. No caso de absolvição
transitada em julgado, poderá o acusado pleitear a sua integral devolução.
20.1.Citação pessoal
Ocorrerá por meio de mandado citatório que será entregue ao acusado pelo oficial
de justiça. A citação pessoal sempre necessitará de um mandado judicial e poderá ser realizada;
a) Pelo próprio oficial de justiça da vara;
Se o acusado residir dentro da comarca em que corre o processo, o próprio oficial
de justiça poderá citá-lo, tendo em mãos o mandado e a contrafé.
A precatória tem caráter itinerante, pois o juiz deprecado pode remetê-la para
outro juiz, do local em que se encontra o acusado.
c) Por carta de ordem;
A carta rogatória é utilizada sempre que o acusado residir fora do país. Pelo fato
de envolver muitos órgãos distintos, é demorado o seu cumprimento. Uma vez expedida e será declarado
suspenso o curso da prescrição.
20.2.Fase citatória
b) O réu não é citado pessoalmente por não ter sido localizado. Neste caso será então citado fictamente
por edital com data de interrogatório marcada. Possivelmente não comparecerá.
Por força do Art. 366 do CPP, o juiz determinará a suspensão do processo, bem como o curso da
prescrição e, se for necessário, a produção antecipada de prova, sem que se possa alegar inversão
tumultuária do processo, por isso é necessário que ele justifique de forma fundamentada a adoção da
medida.
Poderá, ainda, o juiz decretar a prisão preventiva do acusado no caso de entender que alguns dos
requisitos do Art. 312 (garantir a ordem pública/econômica, por conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal).
No caso do acusado se recusar a assinar o mandado citatório, bastará que o oficial de justiça declare a
sua recusa no verso da certidão expedida.
20.3.Mandado de citação
20.5.Procedimento do edital
20.6.Requisitos do edital
Vêm previstos no Art. 365 e são semelhantes aos requisitos do mandado.
Quando o acusado está preso por outro processo ou por inquérito na mesma
unidade da federação e não é localização para citação pessoal. Antes do Art. 366, o acusado não tinha o
processo suspenso e seguia a revelia. Logo o réu era julgado sem saber da acusação.
A citação neste caso é considerada nula e o processo anulado. Com o artigo 366
foi sanado este problema, a não ser que o juiz produza antecipadamente a prova e o acusado alegue ter
sido prejudicado no seu direito de autodefesa.
20.7.Citação circunducta
Num primeiro momento este será citado para comparecer em juízo trazendo a sua
versão acerca dos fatos. Daí por diante o réu não reveu, será intimado dos demais atos processuais.
Todas as pessoas que façam parte de algum ato processual serão intimadas da
designação de audiência. A vítima e as testemunhas têm o dever de depor. A ausência injustificada poderá
acarretar a incursão do faltante no crime de desobediência. Caso faltem sem motivo justificado, poderão ser
conduzidas coercitivamente, ou seja, com o auxílio de força policial.
Não existe intimação por edita. A intimação será sempre pessoal ou por imprensa
oficial e, quando não houver, será por meio de mandado.
21.1.Intimação pessoal
Nas pequenas comarcas onde não houver imprensa oficial, se o escrivão tiver
dificuldade para expedir o mandado via oficial de justiça, poderá expedi-lo por carta com A.R.
No caso de sentença condenatória, nos termos do artigo 392, o réu será intimado
pessoalmente da mesma. Caso estiver solto, via de regra não será intimado pessoalmente, pois bastará a
intimação do seu defensor.
No caso de sentença condenatória, ainda que o réu esteja solto, deverá ser
intimado pessoalmente, sob pena de futura anulação da certidão em trânsito em julgado. A idéia é garantir o
acesso ao duplo grau de jurisdição.
Sentença é o ato pelo qual o juiz põe fim ao processo, solucionando a lide e
julgando o mérito. No decorrer do processo o juiz realiza uma variedade de atos, como: decisões
interlocutórias simples e mistas (terminativas e não terminativas), decisões definitivas condenatórias
(próprias e impróprias), absolutórias (próprias e impróprias) e definitivas em sentido estrito.
22.1.Interlocutórias simples
Decide questão parcial sem abordar o mérito da ação e sem encerrar o processo,
como, por exemplo, o recebimento da denúncia ou a decretação da prisão preventiva. Normalmente não
comportam recurso.
22.3.Decisões definitivas
Condenatórias próprias
São as que impõem uma pena que deve ser cumprida, nos termos da lei.
Condenatórias impróprias
Absolutórias próprias
São as que rechaçam a pretensão deduzida na inicial em face de: a imputação
não ficou provada; o fato é absolutamente atípico; o réu não foi o seu autor e nem concorreu para a prática
da infração ou não houve prova nesse sentido e se ficar patente uma causa excludente de ilicitude ou de
culpabilidade.
Absolutórias impróprias
Sãos as que, sem embargo de rechaçarem a pretensão deduzida, impõem ao
imputado medida de segurança.
São os atos praticados pelo juiz na condução do processo. Não tem qualquer
força decisória, pois se referem apenas a movimentação material do processo, como a designação de
audiência ou a juntada de documentos.
22.6.Requisitos da sentença
Relatório
Motivação ou fundamentação
Embora o juiz julgue de acordo com o seu livre convencimento, tal não significa,
contudo, seja um déspota no decidir, mas, simplesmente, que tem liberdade na aferição, na valoração das
provas, e a motivação vai demonstrar se houve excessos, erros de apreciação ou falhas nos processos
reflexivos do magistrado.
Dispositivo
Autenticativa
É a última parte, e se constitui da indicação do lugar, dia, mês e ano da prolação
da sentença e da assinatura do juiz.
Obscuridade
Ambigüidade
Contraditória
Omissa
Emendatio libeli
Mutatio libeli
25.1.Processo e procedimento
25.2.Procedimento ordinário
É utilizado em 1ª instância para o processamento de todos os crimes apenados
com reclusão tentados ou consumados (arts. 394-405 e 498-502 do CPP).
Testemunhas de acusação
Testemunhas de defesa
Recebimento da denúncia
Oferecimento da denúncia
Interrogatório judicial
Nos crimes de ação privada, a denúncia é substituída pela queixa, que é uma
peça formal apresentada pelo ofendido ou seu representante, em juízo, através de advogado.
Fase — Interrogatório
O réu comparecerá levando a sua versão, poderá calar-se ou até mesmo faltar
com a verdade, pois não existe crime de perjúrio. Se não tiver advogado, logo após o interrogatório, o juiz
nomeará um. Portanto, significa que no interrogatório não há a figura do contraditório, pois este é ato
privativo do juiz.
Rol de testemunhas
As partes poderão arrolar até oito testemunhas, as quais deverão ser devidamente
qualificadas.
Na análise da prévia, pode o juiz constar que o defensor não ofereceu a defesa
prévia, mas isso não causará a nulidade. Muito embora a falta de apresentação da defesa prévia não cause
nulidade, porém, será nulo o processo em que o juiz não abriu o prazo de defesa prévia para o advogado da
parte.
Cabe correição parcial contra atos do juiz que tumultuem o processo, em prejuízo
da parte, quando não houver, no caso, um recurso específico, como na paralisação injustificada do
processo, ou no indeferimento de pedido do Ministério Público para o retorno do inquérito à delegacia para
diligências.
Uma vez juntada aos autos as alegações finais, elas serão conclusas ao juiz, que
terá o prazo de 5 dias para ordenar qualquer diligência na busca da verdade e sentenciará no prazo de 10
dias, nos termos do artigo 800, I (prazos do juiz).
Procedimento comum
São os que constituem regra geral, aplicáveis sempre que não houver disposição
em contrário. São comuns o procedimento ordinário e o procedimento sumário.
Procedimento sumário
Cuida do procedimento em 1ª instância para crimes punidos com detenção.
Procedimento sumaríssimo
Nem sempre os crimes punidos com detenção são processados pelo rito sumário.
Ex.: art. 129 – lesão corporal leve. Pena de 3 (três) meses a 1 (um) ano de detenção. Num primeiro
momento parece ser o rito sumário, por tratar-se de crime punido com detenção, mas em uma análise mais
apurada, verifica-se que a pena máxima não ultrapassa a 1 (um) ano e não há procedimento especial
previsto em lei.
O rito para o julgamento da lesão corporal leve será o sumaríssimo, pois o rito
sumário será cabível para crimes punidos com detenção cuja pena máxima ultrapasse 1 (um) ano. Aplica-se
nos crimes de detenção e nas contravenções (art 539).
Procedimento do júri
A segunda fase vai do libelo até o julgamento em plenário. Nesta fase dá-se o
exame do mérito (judicium causae).
1ª “Sumário de culpa”
(judicium
Fases Fase da denúncia à
accusationis)
do pronúncia
Procedimento
do 2ª A)Período do libelo
Júri Fase (judicium causae)
B) Sessão plenária
Impronúncia O juiz impronunciará o réu se não houver prova do fato típico e indícios de que
o réu seja o autor
Desclassificação Haverá desclassificação quando se concluir que o crime não é doloso contra a
vida, mas de espécie diversa, de competência do juiz singular.
A pronúncia não é propriamente sentença, mas decisão interlocutória, vez que não
põe termo ao processo e com a pronúncia o nome do réu não é lançado no rol dos culpados.
Citação do acusado
Após a pronúncia o processo não prossegue enquanto o réu não for intimado,
sendo:
a) Se citado e não comparece o processo seguirá sem a presença do acusado, porém ele não será
remetido a Júri enquanto revel no caso de crime inafiançável (interpretação contrária do § 1º do art.
458);
b) O acusado não é citado pessoalmente, pois não foi encontrado, então será citado por edital e nos
termos do artigo 366 (suspensão do processo e da prescrição);
Interrogatório
Se o acusado não tiver advogado o juiz nomeará um defensor público e este tem
direito a intimação pessoal (art. 370, § 4º).
Defesa prévia
Data da audiência
Testemunha de
Sessão Plenária
1º Ministério Público
Debates
(2h)
2º Defesa
Defesa (0h30)
Tréplica
Testemunhas de Acusação
Testemunhas de Defesa
Desclassificaç
ão
Conselho de
Decisão
sentença
Absolvição
Sumária
No âmbito da justiça federal, os juizados especiais cíveis e criminais foram instituídos pela Lei
10.259/01, com sistemática própria, abrangendo crimes com pena máxima não superior a dois anos, ao
invés de um como descrito na Lei 9.099/95.
Por conta disso, há tendência de se aplicar o limite de dois anos também aos casos de
competência da justiça estadual, haja vista o princípio da isonomia.
26.2.Alteração
A lei acima alterou a lei 9.099/95 em aspectos importantes, pois para esta última, crime de
pequeno potencial ofensivo é aquele cuja pena máxima não ultrapassa a um ano, enquanto que para a lei
10.259/01, tal conceito abrange crimes com pena máxima até dois anos.
Para alguns doutrinadores, houve revogação da lei 9.099/95 e esses princípios devem ser
aplicados tanto na esfera federal quanto na estadual, sob pena da quebra do princípio da isonomia.
26.3.Princípio da isonomia
Seria absurdo imaginar que um mesmo fato praticado por duas pessoas primárias e de bons
antecedentes tenham tratamento distinto, tão somente em função da competência jurisdicional. Exemplo:
Subtração de objeto de pequeno valor (Crime de peculato descrito no art. 312 do CP) praticado por
funcionários públicos, um do foro federal e outro que trabalha na justiça estadual, um será julgado e
processado pela justiça federal e o outro pela justiça estadual.
Nessas circunstâncias, o primeiro (foro) terá praticado um crime de pequeno potencial ofensivo,
já para o segundo este conceito não se aplica e não terá ele direito a transação ou a suspensão do
processo.
O fato analisado é exatamente o mesmo nos dois casos, porém, as conseqüências são
extremamentes desproporcionais em função da não aplicabilidade da lei 10.259/01 à justiça estadual.
Pelo exposto, alguns juízes têm aceitado a aplicabilidade desta lei na justiça estadual,
garantido o tratamento isonômico a seus jurisdicionados. Outros juízes denegam tal aplicação.
26.4.Jurisprudência
O procedimento é considerado especial e vem previsto nos arts. 513 a 518 do CPP.
27.1.Queixa ou denúncia
O art. 513 determina que a peça inicial deve vir acompanhada de documentos comprobatórios
da existência do crime, pois se a denúncia não estiver acompanhada de peças investigatórias, faltará à
prova da fumaça de bom direito.
27.2.Enquadramento
Nos arts. 513 e seguintes está descrito o rito para a apuração dos crimes funcionais. O art. 514
traz a defesa preliminar e uma vez oferecida a acusação, o juiz não poderá recebê-la ou rejeitá-la, antes da
manifestação do interessado.
O acusado será notificado para responder por escrito aos termos da queixa ou denúncia num
prazo de 15 dias. A partir daí o juiz receberá ou rejeitará a acusação, sempre depois de analisar a defesa
preliminar. A decisão judicial será sempre motivada.
O art. 518 deixa claro e evidente que o rito cabível durante a instrução criminal será sempre o
ordinário.
27.4.Considerações
Não se justifica tal benefício tão somente aos funcionários públicos, uma vez que o MP,
algumas vezes, realiza denominado abuso no poder de denunciar. Assim, o correto seria que os
recebimentos de denúncia fossem motivados e que sempre houvesse a possibilidade de contraditório, a fim
de que o acusado pudesse rebater aos termos da denúncia.
27.5.Nulidades
Não constitui nulidade o fato do funcionário público, por ocasião da defesa preliminar restar
silente, porém, é causa de nulidade a não concessão do prazo para a defesa preliminar por parte do juiz.
Esta nulidade é relativa a preclusão, devendo a parte interessada argüi-la no primeiro instante
que falar nos autos, sob pena de preclusão consumativa.
28.1.Pedido de explicação
É uma providência que deve ser tomada pela vítima antes do oferecimento da queixa, por meio
de interpelação judicial, sempre que a alusão ou afirmativa tiver duplo sentido, obscuridade etc.
O art. 520 prevê tal ato ainda antes do recebimento da queixa. O juiz proporá a conciliação
ouvindo as partes separadamente sem a presença de seus advogados. Esta oitiva é informal e não reduzida
a termo.
Propriedade imaterial é toda aquela não palpável, não perceptível. Denominam-se crimes
contra a propriedade imaterial os crimes referentes ao direito do autor e ao direito da propriedade industrial
(marcas, patentes, concorrência desleal etc.).
29.1.Legislação
O art. 184 do CP define os crimes contra os direitos autorais, enquanto que a lei 9.279/96,
regula os crimes contra a propriedade industrial.
Nesses casos havendo violação a esses direitos, o procedimento está previsto nos arts. 524 a
530 do CPP.
29.2.Particularidades
Sempre que a infração deixar vestígios, a inicial deve ser instruída com o exame de corpo de
delito do material apreendido.
Na fase do inquérito policial não de se falar em nulidade, pois o ato no inquérito pode ser
irregular, mas a nulidade ocorre somente na ação penal.
a) Absolutas
A nulidade absoluta não preclui, ou seja, pode ser argüida a qualquer tempo.
b) Relativas
A nulidade relativa deve ser questionada dentro dos prazos do art. 571, do CPP, e poderá ser
sanada se por outro meio o ato atingiu a sua finalidade.
30.3.Sistemas de nulidades
a) Formalista
Forma é a maneira de exteriorização de um ato. Para este sistema a forma é essencial para o
ato. Se o ato processual praticado desobedece parcialmente a forma prescrita em lei, deverá ser anulado.
A forma do ato tem característica meramente instrumental, isto é, serve como um roteiro para a
realização do ato. Se o ato processual atinge a sua finalidade, ainda que com parcial desrespeito a forma
prescrita, será plenamente válido e eficaz, mesmo porque, a forma não é essencial ao ato.
c) Princípio do prejuízo
Somente os atos processuais que acarretar algum prejuízo para as partes poderá ser anulado.
Esse prejuízo pode ser presumido, ou necessitar ser provado algum.
No Brasil o princípio do prejuízo vem explicitado no art. 563, do CPP, sendo adotado por nós.
Por outro lado, ele é complementado pelo princípio da instrumentalidade das formas, desde que ausente o
prejuízo.
Vem descrito nos §§ 1º e 2º, do art. 573. Sempre que houver atos dependentes do anulado,
ou que dele sejam conseqüência, também deverão ser declarados nulos.
Exemplo: nulidade de citação. Neste caso os atos posteriores serão anulados.
30.4.Nulidades em espécie
Conforme prescreve o art. 564, do CPP, a nulidade ocorrerá por incompetência, suspeição ou
suborno do juiz.
a) Incompetência do juiz
A incompetência local ou territorial induz à nulidade relativa e não pode ser reconhecida se não
for argüida no primeiro momento em que couber a parte se manifestar no processo, por via da competente
exceção, será considerada convalidada “prorrogatio fori”.
Uma vez comprovados dão ensejo a prejuízo presumível, portanto, induz à nulidade absoluta.
I. Ilegitimidades de partes;
II. Falta de denúncia ou queixa;
III. Falta de exame de corpo delito direto ou indireto, nos crimes materiais, Istoé, àqueles que deixam
vestígios da materialidade;
O art. 158, do CPP, deixa claro que a ausência do corpo delito, direto ou indireto, (testemunhas),
não pode ser suprida nem pela confissão do acusado.
IV. Nomeação de defensor ao réu, presente ou ausente, que não tiver;
V. Nomeação de curador ao menor de 21 anos.
O novo código civil reduziu a idade para a capacidade de 21 para 18 anos. O objetivo do CPP ao
determinar a nomeação de curador ao menor de 21 anos, é de proteger o relativamente incapaz
maior de 18 anos.
Há quem sustente que numa interpretação sistemática o novo código civil teria revogado a
necessidade do curado para o menor de 21 anos. Por outro lado, o CPP não cita incapacidade
relativa do antigo código civil, simplesmente se refere à idade de 21 anos.
Assim, por precaução, os juízes continuam nomeando curador para o menor de 21 anos e a
questão deverá ser resolvida pelo STF ou STJ.
VI. Prazos concedidos à defesa ou acusado;
VII. Falta de pronúncia, libelo e a entrega da sua cópia ao acusado, nos processos do júri.
Quando a lei não permitir julgamento a revelia a nulidade é relativa quando sanável pelo
comparecimento espontâneo do acusado, ainda que não intimado, porém, sendo realizado o julgamento nas
hipóteses em que a lei não permitir plenário a revelia, a nulidade é absoluta e o prejuízo presumível.
Deve-se verificar se a comunicação teve relação com a causa. Se restar provado que não
houve qualquer ligação com o julgamento, faltará prejuízo, entretanto. a posição doutrinária não é pacífica,
pois, parte dela defende que houve a quebra da incomunicabilidade.
As partes devem estar presentes sob pena de nulidade absoluta. A falta do acusador não pode
ser confundida com o pedido de condenação, pois é possível que o Ministério Público peça a absolvição.
g) Falta de sentença
No Tribunal do Júri o juiz deverá redigir a sentença em seguida ao veredicto. O prazo para o
juiz vem previsto no art. 800 e ainda que o juiz não tenha sentenciado dentro do prazo, deverá fazê-lo
intempestivamente.
O veredicto será transcrito na sentença e o juiz fixará a pena em caso de condenação. Será
causa de nulidade absoluta a ausência de sentença, pois a mera manifestação dos jurados sem a
formalização em sentença de nada vale, pois o réu terá sido julgado mas não sentenciado.
31. Recursos
Recurso é o meio pelo qual se provoca o reexame de decisão proferida e, em regra, por um
juízo superior. Uma decisão não deve estar sujeita ao exame de uma só pessoa, pois o erro é próprio do
indivíduo, e os recursos existem justamente para que as decisões sejam reapreciadas.
É aquele que não depende da provocação das partes. Ao sentenciar o juiz determina a subida
dos autos ao Tribunal para o reexame obrigatório e se ele deixar de proceder à remessa, sua decisão não
transitará em julgado. O CPP em seu artigo 574 traz três hipóteses de recursos de ofício, sendo:
I. Sentença que concede habeas corpus;
II. Absolvição sumária;
III. Quando houver arquivamento de inquérito policial ou decisão absolutória. Ambos nas hipóteses da lei
de economia popular.
São pressupostos recursais objetivos a previsão ou autorização legal, a forma estipulada em lei
e a tempestividade.
31.4.Legitimidade
Tem legitimidade para recorrer o Ministério Público, o querelante, o querelado, o réu, seu
procurador ou defensor. Além desses, admite-se o recurso o curador do réu, do ofendido, seu representante
ou sucessores.
Existem casos especiais em que qualquer do povo e aquele que prestou fiança em favor do réu
poderão recorrer.
31.5.Interesse
Não se admite o recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da
decisão. Quem recorrer deve ter experimentado alguma espécie de prejuízo, ou seja, deve ter sido vencido
pelo menos em parte. Assim, o pressuposto lógico e fundamental dos recursos é a sucumbência, o
gravame.
31.6.Tipos de sucumbência
c) PARALELA Quando houver o mesmo interesse, como no caso de dois réus condenados;
d) RECÍPROCA Quando atinge interesses opostos, como no caso de acusação e defesa serem
vencidas em parte.
31.7.Juízo de admissibilidade
Após a interposição do recurso, o juiz a quo fará uma análise para verificar se estão presentes
os pressupostos objetivos e subjetivos, operação que será repetida no juízo ad quem.
Se todos os pressupostos não estiverem presentes, o recurso não será recebido. Neste caso, o
recorrente sofre nova sucumbência e poderá interpor outro recurso contra o não recebimento do primeiro,
pois cabe recurso em sentido estrito da decisão que denegar a apelação.
31.8.Previsão legal
Para a interposição do pedido de reexame e reforma há que existir previsão em norma legal e o
recurso previsto deve ser adequado à decisão impugnada. Normalmente a lei prevê apenas um recurso
para cada caso (princípio da unicorribilidade), mas existem situações onde é admitida a interposição
simultânea de dois recursos, por exemplo: protesto por novo júri quando a pena por um único crime for igual
ou superior a 20 anos, ao mesmo tempo em que é permitida a apelação por crime conexo.
31.9.Forma legal
O recurso deve ser interposto por petição ou por termo nos autos, assinado pelo recorrente ou
por seu representante. Admite-se também o recurso por cota nos autos, por declaração oral ou por outra
manifestação inequívoca do desejo de recorrer, em respeito ao princípio constitucional de ampla defesa.
31.10.Tempestividade
Para cada recurso, a norma legal prevê um prazo para a interposição, sob pena de não
conhecimento por intempestividade. No processo penal todos os prazos são contínuos e peremptórios e não
se interrompem por férias, domingos ou feriados.
31.11.Prazos recursais
Há corrente jurisprudencial no sentido de que, em qualquer caso (art. 392), o defensor dativo
ou constituído deve ser intimado da sentença após a intimação do réu. E, havendo dupla intimação, os
prazos são individuais e contados isoladamente.
A renúncia ao direito de recorrer, declarada pelo próprio réu e reduzida a termo nos autos, não
impede a apelação do defensor, pois à vontade deste prevalece sobre a daquele, a fim de se resguardar a
garantia constitucional de ampla defesa.
g) Extraordinário Quando forem exigidos requisitos especiais, como no protesto por novo júri,
onde exige que a pena seja igual ou superior a 20 anos.
Faz parte do nosso sistema processual a existência do duplo grau de jurisdição. O fundamento
para a existência dos recursos está ligado à sucumbência das partes e a fabilidade humana, isto porque o
juiz pode errar.
Além disso, o próprio inconformismo da parte sucumbente é motivo mais do que suficiente para
a necessidade de um reexame. Recurso vem de “recorrere” que significa reexame.
I. Devolutivo
O efeito devolutivo ocorre em todos os recursos, salvo no recurso em sentido estrito, no qual o
efeito devolutivo é denominado “diferido”, ou seja, ocorrerá futuramente se for o caso.
Portanto, pelo efeito devolutivo o mérito da causa é devolvido ao poder judiciário para o
reexame, agora pela 2ª instância, isto é, pelo órgão colegiado do tribunal “juízo ad quem”.
II. Extensivo
O efeito extensivo está previsto no art. 580 do CPP. Este efeito estende o conteúdo da decisão
aos demais co-réus que não recorreram, desde que as condições de mérito não sejam de caráter
estritamente pessoal. Isto quer dizer que as circunstâncias do fato devem ser as mesmas.
III. Regressivo
Também denominado por devolutivo diferido e juízo de retratação – Art. 581. Pelo efeito
regressivo há uma possibilidade de retratação por parte do juiz, o qual pode modificar a sua decisão anterior
(espécie de pedido de reconsideração).
Se o juiz de 1º grau mantiver a sua decisão, somente então os autos serão encaminhados ao
tribunal. É chamado efeito regressivo pelo fato do juiz regredir, reexaminando o mérito de decisão já
proferida.
O único recurso dotado de efeito regressivo é o em sentido estrito (RESE), os demais recursos
não permitem a análise do mérito pelo juiz de 1º grau, pois este já exerceu a jurisdição na decisão
recorrível. Ex.: Apelação – Art. 593.
Desse modo, o juiz ao condenar o réu e este ingressar com a apelação, o processamento do
recurso ocorre ainda em 1º grau, mas o seu julgamento será no tribunal de 2º grau. Portanto, o juiz de 1º
grau ao receber e processar o recurso, somente analisará os pressupostos recursais, que são:
Feita esta análise o juiz mandará processar o recurso, abrindo vista dos autos para que a parte
contrária se manifeste. Uma vez cumprindo o contraditório, os autos seguem para o tribunal, oportunidade
em que haverá o reexame do mérito. No tribunal, antes de apreciar o mérito, ocorrerá um segundo exame
dos pressupostos recursais.
IV. Suspensivo
Toda decisão gera efeitos no mundo jurídico. A parte prejudicada (réu) pretende recorrer da
decisão. Se ao recurso for concedido efeito suspensivo, isto quer dizer que os efeitos da decisão recorrida
ficarão suspensos aguardando o julgamento do recurso. Ex.: Apelação.
O art. 594 do CPP introduziu o efeito suspensivo para a apelação de sentença condenatória,
desde que o recorrente seja primário e de bons antecedentes. O efeito suspensivo é concedido pelo juiz de
1º grau na própria sentença condenatória.
Se o juiz negar o direito de apelar em liberdade, o réu deverá recolher-se à prisão para poder
apelar. Nesses casos o advogado poderá impetrar habeas corpus com pedido liminar requerendo ao relator
do HC o efeito suspensivo para o recurso.
Pelo princípio, o juiz deverá receber o recurso erroneamente interposto, como se correto fosse,
desde que presentes todos os pressupostos recursais, incluindo a tempestividade.
A proibição da reformatio in pejus, cuja expressão significa reformar para pior, aplica-se quando
se tratar de recurso exercido exclusivamente pela defesa. Neste caso, o tribunal não poderá piorar a
situação do recorrente.
Na pior das hipóteses será negado provimento do recurso e a situação do réu ficará inalterada.
Trata-se de conseqüência do efeito devolutivo, pois o MP não recorreu e, portanto, as teses de acusação
não foram devolvidas ao tribunal, fazendo com que seja proibida a reforma para pior.
34.1.Recurso exclusivo
No recurso exclusivo ambas as partes podem recorrer, porém se apenas uma interpôs recurso,
ele passa a ser exclusivo.
34.2.Recurso privativo
No recurso privativo tem-se que somente uma das partes pode exercê-lo.
As hipóteses cabíveis de RESE (REcurso em Sentido Estrito) estão descritas no art. 581. A
Doutrina e a jurisprudência são pacíficas no sentido de que o rol citado pelo artigo é “numerus clausus”, isto
é, taxativo, exauriente, portanto, não se admitindo a ampliação de analogia. Assim, se a hipótese não estiver
elencada no rol do artigo em questão, não caberá o RESE.
O RESE foi previsto no CPP também para a fase de execução da pena, mas a lei 7210/84
(LEP) criou o agravo em execução, como sendo único recurso cabível contra decisão do juiz das
execuções. Desse modo, todas as hipóteses de RESE ligadas à fase de execução foram revogadas pela
LEP.
35.1.Hipóteses de RESE
Não se deve confundir a hipótese acima com a do art. 28 do CPP que trata do princípio da
devolução, segundo o qual, no caso do promotor pedir arquivamento do IP (Inquérito Policial) e o juiz não
concordar, os autos irão ao Procurador Geral de Justiça, que poderá denunciar, designar outro promotor
para que o faça, ou insistir no arquivamento.
O princípio da devolução do art. 28 não pode ser confundido com o efeito devolutivo dos
recursos.
O RESE será usado como recurso voluntário contra a absolvição, mas, existe também, a
hipótese do recurso de ofício, quando o MP não interpuser o RESE.
Haverá o recurso de ofício na ausência do voluntário, que não será RESE, mas apenas uma
mera remessa dos autos ao tribunal.
Quando o juiz extinguir a punibilidade por meio de decisão que não seja definitiva de mérito, aí
caberá o RESE. Exemplo: Juiz decreta a extinção da punibilidade por morte do agente, ou, por entender
que houve perempção ou decadência, extinguindo o feito sem a análise da culpabilidade do acusado.
IX. Decisão que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da
punibilidade;
X. Decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
Se o juiz conceder o HC, o MP poderá interpor RESE, mas se o juiz não conceder HC, a
defesa poderá interpor RESE.
É o caso da decisão do juiz de 1º grau que anula oprocesso por ele presidido.
Esta é uma hipótese existente de recurso que será julgada monocraticamente, uma vez se
tratar de matéria administrativa, não tendo qualquer ligação com o processo.
O prazo será de 20 dias da data da publicação da lista (§ único do art. 586 do CPP).
Se quando da análise dos pressupostos recursais o juiz não conhecer da apelação ou julgá-la
deserta pelo fato do réu estar foragido, caberá RESE desta decisão.
Questão prejudicial é àquela que diz respeito diretamente ao mérito da ação principal.
Exemplo: crime de bigamia – Art. 235 do CP. Se houver na área cívil uma ação anulatória do 1º casamento,
a bigamia desaparecerá e o juiz criminal deve suspender a ação penal até o julgamento da ação anulatória.
Não existe previsão legal no art. 581 do CPP, porém o RESE é cabível com base no inciso II,
que genericamente trata da decisão que conclui pela incompetência.
O art. 197 da 7210/84 (LEP) instituiu o Recurso de Agravo, portanto, das decisões a seguir, não
cabe mais o RESE, mas somente o recurso de agravo em execução.
Pode ocorrer que o juiz da execução conceda ou não a suspenção da pena, já em fase de
execução. Desta decisão caberia o RESE, porém a lei em epígrafe prevê o agravo em execução.
35.3.Processamento do RESE
O prazo para interpor o RESE é de 5 dias, salvo a hipótese do inciso IV, quando o prazo é de
20 dias (Art. 439, § único). Se o juiz receber o RESE verificando que estão presentes os pressupostos
recursais, determinará o seu processamento.
A parte recorrente na petição de interposição terá declarado quais as peças do processo serão
transladadas (copiadas).
A partir do instante que o escrivão providenciar as cópias, será aberta vista ao recorrente para
o oferecimento de suas razões em dois dias. Em seguida, será aberta vista ao recorrido para contra-
arrazoar em igual prazo.
Com ou sem as contra-razões, os autos serão conclusos ao juiz, que, em 2 dias, reformará ou
suspenderá sua decisão.
Se o juiz reformar a decisão, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova
decisão, não sendo mais permitido ao juiz modificá-la.
Caso o juiz mantenha a sua decisão, determinará imediata subida dos autos ao tribunal
competente, porém, modificando a sua decisão, no juízo de retratação, os autos não subirão ao tribunal.
A regra geral é que o RESE não tenha efeito suspensivo, porém, o art. 584 traz as hipóteses
em que será concedido efeito suspensivo ao RESE, que são:
36. Apelação
Apelação é o recurso cabível contra a decisão definitiva ou com força de definitiva. Tem força
de definitiva aquela que põe fim a uma etapa do procedimento sem extinguir o processo. Exemplo: Decisão
que julga o pedido de restituição de coisas apreendidas ou pedido de reabilitação.
Na apelação não existe o efeito regressivo característico do RESE. Logo o mérito do recurso
não poderá ser reanalisado pelo juiz de primeiro grau. Este somente fará um juízo de admissibilidade do
recurso, para verificar se os pressupostos recursais estão presentes.
Se o juiz receber o recurso determinará o seu processamento, abrindo vista para que as partes
ofereçam razões e contra-razões, cada qual no prazo de 8 dias.
Mas se o juiz não receber a apelação, dessa decisão denegatória caberá o RESE.
Em primeiro grau os autos serão remetidos ao tribunal competente, que por sua vez poderá
reformar a decisão do juiz ou modificá-la.
36.2.Apelação no júri
No caso do júri a apelação vem descrita no art. 593, III, letras “a” a “d”. Nas apelações das
causas decididas pelo tribunal do júri, o tribunal de justiça não poderá reformar a decisão dos jurados, pois
não tem os desembargadores competência para tal, uma vez que o art. 5º, XXXVIII da CF, deixa claro que a
competência é privativa do júri para julgar e processar os crimes dolosos contra a vida.
Nesse caso a apelação servirá, se reconhecido o direito do réu, tão somente para mandá-lo a
novo júri.
Da decisão do juiz singular o tribunal pode reformá-lo quanto ao mérito, por ser órgão de
jurisdição superior.
36.3.Deserção
A deserção está explicitada no art. 595. Se o réu fugir logo após haver recorrido, a apelação
será declarada deserta. Há entendimento no sentido que a deserção afronta a ampla defesa constitucional,
pois o réu recorreu.
O fato dele ter fugido não significa que o tribunal pudesse absolvê-lo quanto ao mérito. Este
pensamento é defendido por uma corrente minoritária, pois a deserção tem sido normalmente aplicada.
36.4.Recurso do assistente
O prazo começa a partir do dia que terminar o do MP. Será de 15 dias segundo o parágrafo
único do art. 598, porém pelo princípio da igualdade das partes, se o assistente já estiver habilitado no
processo, terá o mesmo prazo, ou seja, 5 dias para recorrer.
Caso não esteja habilitado até este momento (dia em que se encerra o prazo para o MP) o
assistente então terá os 15 dias para se habilitar e interpor o recurso de apelação.
No CPP militar os embargos podem ser opostos também pela acusação, já pelo CPP comum
isto não é possível.
Se a defesa pedir além da divergência, os embargos não serão conhecidos no que diz respeito
à parte excedente do pedido.
No reexame será sorteado um novo relator, sendo proibido que o relator da apelação ou do
RESE seja o mesmo do embargo. Exemplo: Numa apelação os juízes “a” e “b” condenam e o juiz “c”
absolve. A divergência é plena podendo a defesa pedir a absolvição pela oposição de embargos
infringentes, com base no voto vencido. Noutro exemplo, numa apelação os juízes “a”, “b” e “c” condenaram
o recorrente, “a” e “b” por furto qualificado e “c” pela tentativa de furto simples.
O advogado, neste último caso, poderá opor embargos infringentes para pleitear o
afastamento da qualificadora e o reconhecimento da tentativa, mas não poderá requerer a absolvição, pois
não faz parte da divergência.
Caso faça os três pedidos, os embargos serão parcialmente conhecidos e quando dos
provimentos dos embargos, serão analisados somente as duas teses objeto da divergência.
O tribunal do júri é o órgão competente para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida,
bem como dos crimes conexos.
O protesto por novo júri é um recurso privativo da defesa e, assim como a apelação, é admitido
uma única vez. O protesto é cabível sempre que a condenação do júri for igual ou superior a 20 anos de
reclusão, por crime doloso contra a vida. Concedido o protesto, não participarão do novo júri os mesmos
jurados.
Neste sentido, quando a soma das condenações (principal + conexo) ultrapasse 20 anos, o
agente não terá direito ao protesto por novo júri. Exemplo: Condenado a 19 anos pelo crime de homicídio e
mais 2 anos por furto conexo.
No crime continuado1 e no concurso formal impróprio2, todas as condutas integrantes do
concurso de crime serão unificadas e também o resultado das penas. Logo, ainda que cada crime
isoladamente não atinja os 20 anos necessários para o protesto, mas se a pena imposta resultante do
concurso formal, ou do crime continuado for igual ou superior a 20 anos, caberá o protesto, mesmo porque
nesses dois casos, a lei considera ficticiamente uma unidade.
Não será cabível o protesto por novo júri se a pena for igual ou superior a 20 anos, se obtida
em grau de apelação, como por exemplo, ‘A’ é condenado a 15 anos pelo júri e, inconformado, apela (não
cabe protesto em vista da pena ser inferior a 20 anos) alegando que os jurados julgarem contrariamente a
lei. Simultaneamente, o MP também apela entendo que a pena foi mal fixada e que deveria ser 25 anos de
reclusão. O tribunal julga improcedente a apelação do réu e procedente a do MP, elevando a pena para 21
anos. Mesmo agora com pena superior a 20 anos, conforme preconiza o parágrafo 1º do art. 607 do CPP,
não caberá recurso de protesto por novo júri, pois esta última foi fixada em instância de apelação em nível
de 2º grau.
No caso de caber protesto por novo júri e haver também crime conexo, ao qual o acusado foi
condenado, por exemplo: 21 anos pelo homicídio e 4 anos pelo roubo conexo, o réu poderá usar o PNJ para
o homicídio e apelar quanto ao roubo. Neste caso a apelação ficará suspensa até a realização do novo
julgamento popular.
A revisão criminal é um recurso privativo da defesa, somente cabendo “pro reo” e nunca “pro
societatis”.
Cabe revisão também das sentenças absolutórias impróprias, que absolvem mas aplicam
medida de segurança.
A revisão criminal é irmã gêmea da ação rescisória do Processo Civil. Atinge a coisa julgada
podendo analisar tanto questões de fato como de direito.
a) Questões de fato
Questões de fato são aquelas relacionadas as provas do processo, como, por exemplo, provar
que o documento é falso, que a testemunha mentiu, que houve coação na confissão etc.
b) Questões de direito
Questões de direito referem-se tão somente a aplicação da lei, como, por exemplo, não
concessão de protesto por novo júri, tendo a decisão que rejeitar o protesto transitado em julgado.
38.1.Status dignitatis
Na revisão criminal ainda que o agente já tenha falecido, será possível o pedido de revisão,
igualmente se ele já cumpriu pena, pois o que se discute é o status dignitatis do condenado.
1
Crime continuado: Pode ser real ou fictício. O real se caracteriza por duas ou mais ações seguidas, com a intenção
de se obter no fim um resultado previamente planejado (elo subjetivo-objetivo entre as ações). Exemplo: Operário
querendo furtar uma cadeira, leva uma peça por vez da mesma. O furto é um só, o da cadeira, e não vários furtos das
peças. O fictício é uma figura imaginária criada pela lei para evitar pena excessiva no caso de dois ou mais crimes
seguidos, que servirá para amenizar a situação do acusado que praticou dois ou mais crimes da mesma espécie, dentro
de circunstâncias semelhantes de tempo, lugar e modo de execução, finge-se uma ligação entre os vários crimes, para
permitir a aplicação de uma pena só (elo puramente objetivo entre as ações).
2
Concurso formal impróprio: Há dolo direto nos dois crimes (art. 70), segunda parte). Exemplo: Agente coloca várias
vítimas em fila, para abatê-las todas com um só tiro. Aplica-se a regra do concurso material, com a simples soma das
penas.
3
Embora a revisão criminal esteja incluída entre os recursos no CPP, a doutrina dominante entende que se trata de
ação, vez que a relação jurídica inicial está finda e se trata, agora, de desconstituir coisa julgada.
A revisão pode ser requerida pelo réu, por intermédio de advogado, ou no caso de morte do
réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
O Habeas Corpus também pode rescindir a coisa julgada, porém o HC somente se admite a
análise de questões de direito, portanto, questões relacionadas a prova não podem ser objeto de HC.
Na Revisão Criminal quando houver prova nova de caráter testemunhal, utiliza-se, por
analogia, o pedido cautelar de justificação, requerendo que a testemunha, até então não ouvida, preste
depoimento no juízo da condenação de 1º grau. Essas declarações, agora jurisdicionadas, serão juntadas
ao pedido revisional.
O órgão competente para conhecer a ação é o tribunal que proferiu o acórdão revisando, em
razão de recurso ou de ação penal originária, ou aquele que teria competência para julgar o recurso contra
a sentença que se pretende desconstituir.
A carta testemunhável é cabível sempre que não houver outro recurso previsto. A doutrina
aponta duas hipóteses:
A carta é interposta ao escrivão do cartório, com as indicações das peças do processo que
deverão compor o instrumento que subirá com a carta.
Se o escrivão não der recibo ou não entregar a carta no prazo, caberá representação ao juiz e
o funcionário será suspenso por 30 dias. Se mesmo assim o testemunhante não for atendido, poderá
reclamar ao presidente do tribunal ad quem, que avocará os autos para si.
O habeas corpus é remédio constitucional que garante o direito individual de locomoção contra
ameaça, efetiva violência ou coação exercida de forma ilegal ou com abuso de poder.
A CF prevê o HC no art. 5º, LXVIII e é o remédio jurídico para reprimir a prisão arbitrária
abusiva que tenha ocorrido ou que esteja por ocorrer. Admite-se, também, a impetração de HC para trancar
a ação penal e, até mesmo, o inquérito policial, quando houver abusos.
a) Preventivo
O preventivo é impetrado quando a ilegalidade está para acontecer, com a expedição de salvo-
conduto. Exemplo: prostituta impetra HC preventivo para não mais ser presa em razão da prostituição, que
é fato atípico (prostituição não é crime).
b) Liberatório
Em casos graves, e desde que haja pedido neste sentido, admite-se a liminar, provados o
“periculum in mora e o fumus boni iuris”, para que a ilegalidade cesse antes mesmo do exame do mérito.
40.3.Hipóteses de cabimento do HC
O recurso extraordinário para o STF, é o que pode ser interposto nas causas decididas em
única ou última instância, quando a decisão recorrida contiver ofensa à CF – art. 102, III. Seu efeito é
meramente devolutivo e é regulado pelos arts 541 e seguintes do CPC.
42. Recurso especial
O recurso especial para o STJ, é o que pode ser interposto nas causas decididas em única ou
última instância da justiça comum, em certas matérias infraconstitucionais ou não constitucionais.
Nos termos do art. 105, III da CF, cabe recurso especial quando a decisão recorrida contrariar
tratado ou lei federal, ou negar-lhe a vigência, julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face
da lei federal ou der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. É regulado
pelos arts 541 e seguintes do CPC.
O disciplinamento desses recursos vem previsto nos arts. 26 a 32 da lei 8038/90 e são
interpostos no prazo comum de 15 dias, perante o presidente do tribunal recorrido, em petições distintas,
sendo recebidos apenas no efeito devolutivo – arts. 508, 541, 542, § 2º do CPC.
O pré-questionamento deve existir, sob pena dos recursos não serem recebidos. Se impossível
o pré-questionamento ou a parte deixa de fazê-lo, deverá opor de declaração, para que o judiciário declare
a relevância da questão constitucional ou federal.
A parte contrária será intimada para o oferecimento de contra-razões, após o que o recurso
será encaminhado do tribunal local (a quo) para o STF ou STJ (ad quem).
O presidente do tribunal local poderá receber ou não os recursos. Se recebê-los abrirá vista à
parte contrária para o oferecimento de contra-razões, e uma vez processado o recurso, determinará a sua
remessa ao STF ou STJ.
Recurso ordinário constitucional é o que cabe para o STF e para o STJ quando houver decisão
denegatória de tribunal em habeas corpus e nas outras matérias apontadas nos arts. 102, II (STF) e 105, II
(STJ) da CF.
45. Processamento
O processamento está previsto nos arts. 30 e 32 da lei 8038/90. Aplica-se o disposto no CPP com
relação ao HC.
Pode haver pedido de liminar no ROC nos casos de comprovação de “periculum in mora” e
“fumus bonis iuris”.