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Os arquipélagos da Madeira e Canárias
em face da restauração de 1640

"La guerra de Portugal por recobrar su independwicia


interrumpió no solo h inrnigración lusa a las isias, sino
e1 comercio de t h i cn todo temtorio poituguts" (pcm
V i , 1968)

Foi Pdrez Viddl, depois do pioneiro estudo de Elias Serra Rãfols2, quem
evidenciou a importância da comunidade portuguesa no arquipblago das
Canárias. De acordo com as suas investigaçihs podemos definir dois
momentos dessa presença lusfada : um primeiro, demarcado pdas acgies
polfticas da coroa e do Infante Dom Henrique, que teve o seu epflogo em
1479 com o tratado de Alcáçovas; um segundo, apõs isso, de iniciativa
particular em que os impulsos individuais se sobrepbem ao interesse
iniciativa oficial.
No último momento, que se alarga ate 1640, a comunidade portuguesa
ganhou plena forma, afirmando-se nos vários aspectos da vida do
arquipelago. Mas foi tambem a partir dai que surgiram as primeiras
dificuldades que levaram ao corte quase total deste relacionamento no
perlodo de 1 W a 1665. Esta época foi precedida de outra, entre 158&1W,
dehida por uma acentuada afirmação da interdependgncia destas ilhas
atlbticas. Por isso os principais reflexos remanescentes das represáiias da
Restauração de lá40 e da guerra de fronteiras fizeram-se sentir no corte
abrupto das conexOes humanas e comerciais. Os efeitos nefastos desta
situação foram mais evidentes para o arquip6lago canariano.
Os contactos entre os arquipelagos da Madeira e Canárias foram uma das
dominantes do procaso histórico destas ilhas, a partir da primeira metade do
século XV. Eiitre elas estabeleceu-se uma complementaridade de ordem
econdmica e social, sedimentada com o porvir dos tempos. A Madeira
encontrou nas f i a s de Tenerife, Fuerteventura e Lanzarote um dos mais
importantes celeiros capaz de suprir as necessidades frumentárias da cidade
do Funchal3. Tudo isto acontecerã no decurso da segunda metade do século
dezasseis e primeiras décadas do seguinte, momento em que surgem
dificuldades com o seu suprimento obrigatbrio nas ilhas açorianas4.
A conjuntura cereaiifera das ilhas Canárias no ultimo momento foi
definida por assfduas quebras da produção, o que veio a tornar cada vez mais
difícil a manutençb desta rota de abastecimento do mercado madeirense. Daí
resultou a busca de outras soIuções, com o recurso a novos mercados, como
a Europa, a Berberia e a América do Norte. Deste modo em 1641 as
autoridades canarianas ao estabelecerem, como represália 2 Restauração de
1640, medidas proibitivas do comércio com a Madeira, os seus efeitos quase
não se fizeram sentir no porto do Funchal. O bnico prejudicado foi o
arquipdiago das Canárias que perdeu, ainda que momentaneamente, este
importante mercado e porto de escala para as suas navegações com a
península.

A Madeira e as Canárias atd 1640

Para que se possa avalizar as repercussões da situação emergente da


Restauração de 1640 no relacionamento entre os dois arquip6lagos torna-se
necess4rio definir, ainda que de modo sumário, a dimensão assumida pelas
reja@& entre os dois arquipélagos e a complementaridade que provocaram.
O cereal foi o principal motor deste intenso trafico comercial entre as
-ias e a Madeira, no decurso dos s6culos XVI e XVII. Dos dados
disponiveis para o perfodo de 1510 a 1642 sabe-se que 25 % do cereal
entrado no porto do Funchal era oriundo das Canárias, sendo
maioritariamente das ilhas de Lanzarote (29 %) e Tenerife (13 Por aqui
se constata que estas ilhas assumiam uma importhcia fundamental no
relacionamento externo madeirense. As necessidades fnimentárias da ilha
justificaram por muito tempo esta rota, incentivada com algumas
contrapartidas favorAveis, por parte da Madeira, como vinho, sumagre6 e
escravos7.
Tmio este trAfico estava em poder dos madeirenses que surgem nas
Canárias, tambdm, com uma função relevante na agricultura e transportes.
Eles, ao contrario do que sucede com os flamengos ou italianos, permanecem
na s i m ã o de estantes e muito raramente investem o seu pecúlio em bens
fundiários. Apenas a manutenção destes contactos, as maiores possibilidades
oferecidas, a quando da união das duas coroas, levaram a que muitos
adquirissem o estatuto de vizinhos. Em face disto o surto das actividades
comerciais, nomeadamente na primeira metade do século dezassete, deverá
ser entendida como uma consequência do total empenhamento do madeirense
neste mercado.
O madeirense foi por muito tempo o principal interessado no cereal de
Canárias e tambdrn o principal obreiro deste tráfico, assegurando os meios e
os agentes nmsários a sua concretizaçáo. Para isso conduziu a extrema
carencia dele no Funchai e as dificuldades acrescidas no seu abastecimento
nos Açores, nomeadamente na ilha de S. Miguel .

A conjuntura política, definida pela união das duas coroas, sedimentou este
interhbio. Os contactos e a familiaridade entre os vizinhos de ambos os
arquipdlagos eram tão evidentes, que o processo de passagem dos poderes
para a nova coroa filipina deveria ser obrigatoriamente pacífica. Diferente fui
o caso dos Açores, onde a importgncia geo-estratggica do arquipelago fez
com que os açorianos fossem vitimas dos interesses dos franceses, ingleses e
castelbanos. Por isso D. Antbnio Prior do Crato, com o apoio da França e
Inglaterra, teve aí o seu dltimo reduto.
No arquipelago açoriano as hostil idades aos novos soberanos foram
sangrentas e demorou três anos o processo de pacificaçáo8. Na Madeira não
houve esse processo, sendo a expedição do Conde de Lanzarote de prevenção
e apenas justificada pelo temor de uma possível ameaça de ingleses ou
franceses9. Acresce, ainda, que os madeirenses nunca haviam sido adeptos de
Dom Antdnio, uma vez que ele s6 fora aclamado como rei na ilha do Porto
Santolo e no município da Ponta de Sol. Os representantes da coroa filipina
d se tiveram que haver com um grupo restrito de personalidades afatas a
D. António, uma vez que a maioria destes se havia juntado Zis suas hostes na
ilha Terceira 11.
Foi este temor de uma possivel ocupação da ilha por parte da armada
franco-inglesa, surgida a 24 de Julho de 1S82I2, que levou Filipe Ií a
ordenar em 19 de Março de 1582 a D. Agustin de Herrera que fosse defender
a ilha com uma armada de 300 homens. O desembarque no Funchd teve
lugar a 29 de Maio, com a maior quietação para evitar qualquer alvoroço. No
dia imediato, na presença de todas as autoridades e povo, fez-se juramento de
fidelidade ao novo rei.
O Conde permaneceu na ilha com as suas tropas enquanto duraram as
hostilidades na ilha Terceira. Com a batalha decisiva de conquista da ilha a
26 de Julho de 1582, por D. Alvaro Bazán, festejada no Funchal a I de
Setembro, ele recebeu a 2 de Setembro autorização para abandonar a ilha,
ficando em seu lugar, como chefe do presfdio, D.Juan de Aranda, com uma
guarnição de 500 Homens.
As granda dificuldades porque passaram as forças ocupanta da ilha,
mais conhecida por tropa do presfdio, não derivaram tanto do possível
afrontamento da população local, mas sim dos problemas surgidos com o seu
aba~tecimento~~. A cidade debatia-se jB com esta situação, vendo-a agora
agravada com a presença de mais 500 homens. A conjuntura foi deveras
diffcil no período de 1589 e 1637 e gerou alguma instabilidade, mer& da
falta de meios para sustentar esta guarnição, manifesta nos motins (1600,
1602, 1623, 1626, 1627)14. Por isso as primeiras décadas do século XVII
foram pautadas por momentos de aflição e insegurança. Esta situação
. repercutiu-se no relacionamento institucional entre o capitão do presldio e o
municfpio ou provedor da fazenda, principais responsãveis pelo
abastecimento da mpal5.
D. Agustfn de Herrera, conde de ~anzarotel~, ao assumir em 1582 a
posse, ainda que temporariamente, do governo da ilha veio a permitir mais
assíduos contactos entre a Madeira e Lanzarote. Aliás o próprio conde
promocionou esta situação atravb de vínculos familiares com o casamento da
sua filha bastarda, Doiia luana de Herrera, filha de Dona Bernaldina, com
Francisco Acciouli, fdho de Zen6bio Acciouli, um dos mais destacados
mercadora e terratenentes italianos, estabelecidos na ilha desde 151517. O
exemplo foi seguido por muitos dos militares que o ammpanharam18. Por
isso no perbdo de 1580 a 1600 os castelhanos adquiriram uma posição
maioritária na imigram madeireme, como se poderá verificar pelos registos
de casamento da SB do Funchallg.
Com a morte do Marquês, devido h peste que apanhou no Funchd,
sucedeu-lhena casa senhorial a sua mulher Dona Mariana Enrfquez Manrique
de La Vega, exercendo um governo implacãvel, que acabou por molestar os
interesses dos Acciouli em Lanzarote, gerando um diferendo pela divisa do
patrirn6ni0~~.Este surgiu quando a viiiva pretendia ludibriar a enteada com
documentos falsos sobre os réditos do senhorio. Mais tarde, em 1621, o
conflito é retomado pelo próprio Zen6bio Aciauoli, sem qualquer efeito,
arrastando-se at6 1640, altura em que a conjuntura política propiciou o
sequestro dos referidos bens.

A noticia da Restauração da monarquia portuguesa foi conhecida na Madeira


a 26 de Dezembro por intermedio de um navio inglês, proveniente de Sevilha
com destino k Canárias. Todavia as cartas escritas pelo novo monarca 2s
autoridades madeiremes s6 chegaram ao Funchal a 10 de Janeiro,
procedendo-se de imediato a aclamação do novo rei : a 11 de Janeiro no
Funchal, a 13 do mesmo m h em MachicoZ1 e, somente, a 5 de Fevereiro no
Porto Santo.
Mais uma vez na Madeira a passagem do manifesto foi pacifica. O
mesmo não se poder$ dizer nos Açores, onde a presença, na ilha Terceira, de
uma guarnição catelhana sob o comando de D. Alvaro de Viveiros, veio a
gerar difiddades ao reconhecimento da soberania do rei pornigub. O novo
rei foi aclamado a 24 de Março na vila da Praia, mas o reduto filipino do
Castelo do Monte Brasil manter-se4 inexpugnãvel ate 16 de Março do ano
seguintez*.
Facto insólita foi a aclamação de D,João IV no senado funcbalense, a
11 de Janeiroz3. A í compareceram todos os oficiais da câmara, homens-bons,
demais autoridades, povo e o capitão do pres(dio, D.Tomás Velasquez de
Sarmiento. Entre a numerosa multidão foram notadas as presenças de alguns
fiéis seguidores do monarca castelhano : o procurador do concelho, D.
António Rojas e o juiz Luis Fernandes de Oliveira, que fora contador do
referido presfdio.
Neste momento de euforia, pomiguses e castelhanos aclamam em
unissono o novo rei. E, quando tudo parecia continuar na mesma, eis que se
alevanta a 25 de Janeiro24 um alvoroço popular, chefiado por Manoel
Homem da Chara, contra os castelhanos e seus freis seguidores na
administração : destituiram o juis Luis Fernandes Oliveira, o escrivão
Manuel Teixeira Pereira e o provedor da Fazenda, Manuel Vieira Cardoso.
A tropa do presidi0 não moveu qualquer acção de violhcia, pois havia
sido desarmada e posteriormente conduzida para as Canárias. Por documento
de 1651~ sabe-se que a rendição pacifica do presfdio foi conseguida graças h
iniciativa de Cristbvão Ordonhes que, não obstante ser castelhano, mostrou
"zelo de bom português". A coroa castefhana e o cabildo de Tenerife ficaram
sperando o pior, antevendo a possibilidade de um assalto madeirense h
ilha26, o que nunca esteve nas pretensóes dos madeiremes, pois faitavam-
Ihes os meios técnicos e humanos para esse assalto. Os tempos áureos do
socorro praças africanasZ7 ia longe a cavalaria madeirense desabituara-se
das pelejas fora da ilha, ou, então preparava-se para novas façanhas na
reconquista de Pernambuco28 e nas guerras de fronteira no reinoZ9.
Entmtmto a 16 de Fevereiro teve lugar nova reunião nos paços do
concelho, bastante concorrida, para aprovar a saudação ao rei a enviar por
um procurador. Nela foram notadas as ausencias de 1020 Baptista Acciouli e
António Carvalhal Esmeralda. E uma vez que estes, depois, se recusaram,
por vários motivos, a vir h c h a r a assinar a referida saudaçáo, foram
substituidos a 26 de Fevereiro por Antõnio de Aragão de Teive e Baitasar de
A b r a Berenguer, que o governador não quis reconhecer como ta130.
A atitude do rei perante estes factos foi de hesitação : a 2 de Agosto
mandou proceder contra os revoltosos de 25 de Janeiro, mas a 3 de
Setembro31 recomendava que não se procedesse sobre isso enquanto não
enviasse novo corregedor e governador, o que ocorreu passados sete dias,
com a nomeaçã;o de Nuno Pereira Freire para novo Governador, que s6 veio
assumir as funções em 20 de Março do ano seguinte. Ele, na sua vinda para a
ilha, fez-se acompanhar do Dr. Gaspar ~ousinhoBarba, nomeado a 6 de
Março32 para devassar os tumultos. A este iíltimo esperava-o um fim
fatídico. O seu termo de óbito lavrado a 29 de Dezembro de 1642 testemunha
numa nota, B margem, o sucedido :

"Nodito dia, wiu h câmara, a premiu Luis Manuel h m e da Camara.


Lmaniou-se o pow que andava dese@eadu e lhe deram urna
estocada. Ndo se confessou. " 33

Esta situação foi resultado da devassa que o mesmo fez contra M d


Homem da Chara, que o levou a uma cilada na casa da cwara, onde
morreu, sob o olhar complacente do governador34. Perante isto o rei
114 ALBERTO V/EIRA

retrocedeu, ordenando em 26 de Janeiro de 164435 ao governador "que para


quietação dos moradores nessa ilha se dê meio, qual convem, e para que se
evite os feitos de suas inimizades e 6dios, ordenareis às justiças que não
procedam contra pessoa alguma por causa que sucedeu no tempo da minha
aclamação". Todavia é ele quem a 28 de Julh036 envia à ilha novo
corregedor, o Dr. Jorge de Castro Os6rio, desembargador da relação do
Porto, para devassar a referida morte, mas o mesmo também acabou morto a
17 de Janeiro de 1645, sem que algo de novo tivesse acontecido.
Esta mudança de poder não arrastou consigo quaisquer represálias contra
os adeptos e servidores da coroa castelhana que aceitaram a nova situação.
D. João IV compensou os seus fiéis seguidores com tenças, mas também
confirmou os privilégios e tenças .concedidos no período de 1580 a 1640.
Acresce ainda que alguns militares do presídio castelhano transitaram para o
joanino, como sucedeu com Crist6vão Ordonhes e Benito Catalam. Este
último foi provido em 1655 37 como tenente da Fortaleza do Pico, pois
"ainda que catalam de nasão he home de notavel procedimento verdade e
lealdade" .
São conhecidos apenas dois casos de represália sobre cidadãos nacionais
que continuaram fiéis aos monarcascastelhanos : Ant6nio de Albuquerque e
Diogo de Teive. O primeiro havia recebido em 1633 uma comenda no Porto
Santo, que lhe foi retirada em 1640 com a sua saída para Castela, depois
restituída em 164938, com o seu regresso. O segundo, por ter acompanhado
os castelhanos na retirada, viu os seus bens fundiários na Ribeira Brava
confiscados para a coroa. As suas propriedades foram arrendadas, primeiro a
Diogo Fernandes Branco e, depois, a Manuel Moreno de Aguiar por
450$000 réis39.

Corte das relações comerciais entre 1641 e 1668

A revolta lisboeta de 1 de Dezembro de 1640 preludia o fim deste demorado


período de relacionamento comercial e humano entre os dois arquipélagos. A
conjuntura político-institucional rompeu com esta tradição. As mudanças
então operadas condicionaram uma política de represálias, documentada para
os anos de 1641-42 e 16.62, que se repercutiu negativamente nos contactos
entre os dois. arquipélagos40.
OS ARQUlPELAGOS DA MADEIRA E CANARlAS 115

A historiografia aponta primeiro o confisco dos bens do filho varão de


Simão Acciouli, que casara com a filha do Conde de Lanzarote41, depois foi
o paulatino desaparecimento dos madeirenses nos portos de Canarias. E,
facto insólito, os poucos que conseguimos rastrear na documentação parece
quererem ignorar ou apagar a sua origem, surgindo apenas com o epiteto de
vizinhos. Pelo menos é o que sucede com Domingos Pires, mercador
madeirense que na carta de fretamento de 13 de Setembro de 164542 apenas
se faz identificar como vizinho, quando em 162943 não hesitava em declarar
a sua origem madeirense.
Na consulta feita aos livros de protocolos notariais para o período de
1619 a 1670 é evidente, a partir de 1645, um hiato prolongado na presença
dos madeirenses. Aí surgem apenas duas referências isoladas em 1653 e
166844. Ainda, noutros duzentos e sessenta actos em que participaram
madeirenses, apenas dez são posteriores a 1640, sendo oito dos primeiros
cinco anos desta última década. Além disso numa relação das embarcações
visitadas pelo tribunal do Santo Ofício de Las Palmas para o século XVII
surgem 22 da Madeira e 18 dos Açores. Aqui é bastante evidente um hiato
nas décadas de quarenta a sessenta, uma vez que o movimento só foi
retomado em 1668 45.
A partir de 1645 a documentação madeirense emudece quanto a esta
realidade. Na vereação funchalense as referências à abertura do preço de
trigo daí proveniente não têm mais lugar a partir de 1641. O cereal de
Lanzarote é agora substituído pelo maior reforço da rota açoriano e pelo
aparecimento de novos mercados, como a ~erberia e América do Norte46.
Note-se que em 1662 Francisco de Andrade, o Provedor da Fazenda, via com
certa aprensão a passagem no Funchal de um navio francês, carregado de
cereal, com destino a Gran Canaria. Em carta dirigida ao rei o mesmo
lamenta-se: "não sey como me hei de aver com esta nasção, que ao prezente
tem pazes com todos; o qual he livre pera poder fazer"47.
O conflito aceso entre Portugal e Castela não se resumiu apenas ao
bloqueio económico e à guerra de fronteiras, pois os seus reflexos também se
fizeram sentir no mar através da guerra de represália. Daqui resultaram
dificuldades acrescidas para as embarcações portuguesas, que tiveram que se
haver com os corsários mouros e, por vezes, castelhanos. Esta situação
gerava uma certa instabilidade nos mares vizinhos do porto do Funchal, pelo
que em 26 de Novembro de 1650, Diogo Fernandes Branco, clamava:
116 ALBERTO V/EIRA

"queira Deos livramos de tantos ynemigos coantos perceguem esse reino e


abrir caminho por bem ao negocio"48.
Sem duvida o efeito mais nefasto desta situação foi para o arquipélago
das Canárias, que perdeu este ancoradouro. Todavia ele não se radica nesta
quebra do relacionamento comercial com a Madeira, mas sim nas
repercussões da represalia portuguesa e do seu fiel aliado britânico, evidentes
no comércio do vinho com o mercado colonial.

Vitória para o vinho madeira

Os diversos pactos de amizade entre as coroas de Portugal e Inglaterra


sedimentaram as relações comerciais entre ambos, favorecendo a oferta do
vinho madeirense e açoriano nas colónias britânicas da América Central e do
Norte, com a lei de Navegação de Carlos 11, aprovada em 164149. Esta
situação de privilégio ao comércio de vinho dos arquipélagos portugueses
repercutiu-se negativamente na economia das Canárias, travando o processo
de desenvolvimento da economia vitivinícola, a partir de finais do
século XV1I50. Steckley, não obstante documentar uma época de
prosperidade no comércio com Inglaterra, reafirma a crise, que se
aproximava:

"As(pues durante dicha centuria algunos de los antiguos mercados


canariosde vino se estancarony las islas portuguesas demonstraron
ser unos competidorescapacesy eficientespara los nuevos mercados
americanos de vino" 51.

Esta ideia e reforçada no estudo de Ant6nio Macfaz e Agustín Millares


Cantero, que definem o período de 1640 a 1670 com "de crisis deI
prolongado esplendor econ6mico", que será resultado de "la oferta
madeirense y de oporto" que "comenz6 a sustituir a Ia Canaria en el mercado
inglés" 52.
O casamento de Carlos 11de Inglaterra com D. Catarina de Bragança foi
o prelúdio disso, sendo definido por Viera y Clavijo como um "golpe tan
feliz para Ia isla de la Maderas como infausto para las Canarias" 53. Aqui,
certamente, o autor estava a referir-se à inevitável perda do mercado
colonial. Acresce ainda que a guerra de Cromwell contra Espanha levou ao
OS ARQUlPELAGOS DA MADEIRA E CANARlAS 117

encerramento do mercado londrino ao vinho de Canárias, no período de 1655


a 1660, bem como ao estabelecimento de medidas preferenciais ao envio de
vinho das ilhas portuguesas para as col6nias britânicas. O texto da ordenança
de 1663, repetido mais tarde na de 1665, era claro:

"Wines of the growth of Maderas, the Western lslands or Azores, may


be carried from thence to any of the lands, islands, plantations, &
colonies, territories or places to this majesty belonging, in Asia, Africa
or America, in English built ships. " 54

Com o fim da guerra de fronteiras, com as pazes assinadas em Madrid a


5 de Janeiro de 1668 e ratificadas a 13 de Fevereiro em Lisboa,
reestabeleceram-se os contactos entre os dois arquipélagos55. O reforço
destas relações poderá ser testemunhado pela presença de Bento de
Figueiredo, como consul castelhano no Funchal56. Mas continuaram as
dificuldades de intervenção das Canárias no mercado colonial. Apenas com
as pazes de Utrecht de 1713 se abriram novas perspectivas ao arquipélago
das Canárias. Mas isto sucede numa altura em que os vinhos madeirense e
açoriano haviam já conquistado uma posição s6lida no mercado colonial
britânico. Deste modo poder-se-á afirmar que o único perdedor desta
conjuntura foi o arquipélago das Canárias, a braços com uma crise
econ6mica, com as dificuldades acrescidas no escoamento do seu vinho 57.

Novos rumos para a economia madeirense

Para a Madeira o celeiro canariano era já uma necessidade remota, pois as


dificuldades constantes na sua manutenção haviam conduzido à procura de
novos mercados nas praças do Norte da Europa, Berberia e América do
Norte. Aqui define-se um circuito comercial com contrapartidas favoráveis
para os intervenientes, ao contrario do que sucedia no relacionamento com os
Açores ou as Canárias, onde a rota de abastecimento de cereais funcionava,
quase sempre, num único sentido.
Por tudo isto o momento posterior à Restauração de 1640 é conhecido
como o da grande afirmação da economia madeirense através do reforço das
relações com os portos africanos, americanos e do norte da Europa. Cada vez
mais o porto do Funchal adquire a função de placa girat6ria para as
118 ALBERTO V/EIRA

operações comerciais britânicas no Atlântico e de eixo importante na ligação


dos portos do Norte da Europa ao açúcar brasileiro, sob o forma de casca e
conserva. Neste contexto a correspondência de Diogo Fernandes Branco58 e
William Bolton59 são os testemunhos mais evidentes desta viragem60.
O funchal afirma-se como uma grande praça comercial virada para o
continente americano: o Brasil do açúcar ou as colônias inglesas das
Antilhas e América do Norte catalizavam tôda a atenção da burguesia
mercantil. Enquanto no primeiro caso dominam os portugueses, no segundo
estamos perante a supremacia evidente dos ingleses.
Tudo isto foi possível porque se fecharam nas Canárias as portas ao
madeirense, mas em contrapartida se lhe abriram outras saídas mais rentáveis
e que acabaram por projectar a ilha para uma posição charneira no traçado
das rotas e mercados atlânticos, tendo o inglês como principal animador.

Notas

1 "Aportación portuguesa a Ia población de Canarias", in : Anuario de Estudios Atlanticos, 14


(1968), republicado em Los portugueses en Canarias. Portuguesismos (Las Palmas 1991).
2 Los portugueses en Canarias (La Laguna 1941) (Discurso da sessão de abertura do ano
escolar de 1941-42).
3 Esta questão mereceu já o devido tratamento em estudos por nós realizados, veja-se "O
comércio de Cereais dos Açores para a Madeira no século XVII", Boletim do Instituto
Histórico da Ilha Terceira, XLI (1983) 651-677; "O comércio de cereais das Canárias para a
Madeira nos séculos XVI-XVII", in: V/ Colóquio de História Canario-Americana (Las Palmas
1984); "A questão cerealífera nos Açores nos séculos XV-XVII (elementos para o seu
estudo)", Arquipélago. Série História e Filosofia, 11VII (1985) 123-201.
4 Confronte-se os estudos citados na nota 2.
5 Confronte-se "O comércio de cereais das Canárias para a Madeira nos séculos XVI-XVII",
já citado.
6 Confronte-se Manuel Lobo Cabrera, "Canarias, Madeira y el zumaque", Islenha, 1
(1987) 13-18.
7 O comércio' de escravos a troco de cereais fazia-se com as ilhas de Lanzarote e
Fuerteventura. Confronte-se Elisa Torres Santana, "Las relaciones comerciales entre Madeira
y Ias Canarias orientales en el primer cuarto dei siglo XVII. Una aproximación a su realidad
historica", in : Actas do I Colóquio Internacional de História da Madeira. 1986, vol. 2
(Funchal 1990) 824-826; Alberto Vieira, "Madeira e Lanzarote. Comércio de escravos e
cereais no século XVII", in : IV Jornadas de História de Lanzarote e Fuerteventura (Arrecife
de Lanzarote 1989).
8 Avelino de Freitas Menezes, Os Açores e o domínio Filipino, I : A resistêcia terceirense e
as implicações na conquista espanhola (Angra do Heroismo 1987).
OS ARQUlPELAGOS DA MADEIRA E CANARlAS 119

9 Ideia defendida já por L. Simens Hernandez, "Laexpedición a Ia Madera dei Conde de


Lanzarote desde Ia perspectiva de Ias fuentes madeirenses", in : Anuario de Estudios
Atlánticos, 25 (1979) 289-305. O texto de Gaspar Frutuoso (Livro Segundo das Saudades da
Terra (Ponta Delgada 1979) 406-407) é muito sugestivo sobre isso: "... depois que foi
julgado Portugal ser do católico rei Filipe, senhor nosso, e teve posse dele, mandou a ilha da
Madeira por capitão-mor e governador dela o desembargador João Leitão, ... depois que
chegou à ilha, de mandado do mesmo rei Filipe, por capitão-mor dela e da do Porto Santo,
dom Augustinho Herrera, Conde de Lançarote e Senhor de Forteventura; no qual tempo, na
era de mil e quinhentos e oitenta e dois anos, foi, da banda do Norte, António do Carvalhal à
cidade do Funchal, com trezentos homens, que manteve à sua custa cinco meses, do de Maio
até Setembro, em serviço do Católico rei Filipe, para ajudar a defender a desembarcação dos
franceses da armada de Dom António, que em aquele tempo na ilha se esperava".
10 A atitude deste municipio foi imputada ao capitao Diogo Perestrelo, que foi em 1586 alvo
de múltiples acusações do município, sendo devassado em 1606, com a perda da capitania;
veja-se Anais do Municipio do Porto Santo (Porto Santo 1989) 16, nota 10; Alberto Artur
Sarmento, Ensaios Históricos da Minha Terra. Ilha de Madeira, vol. 1 (FunchaI1946) 173.
11 Confronte-se A. Rumeu de Armas, "EI Conde de Lanzarote, capitán general de Ia isla de
la Madera (1582-1583)", in : Anuario de Estudios Atlánticos, 30 (1984) 404-406.
12 Rumeu de Armas, "EI Conde de Lanzarote" , 436, 455-459.
13 Não obstante assinala-se nos primeiros anos da presença desta força alguma animosidade
com a população, que deu lugar a algumas alterações, como sucedeu a 6 de Março de 1583;
veja-se Rumeu de Armas, "EI Conde de Lanzarote", 468-473.
14 Sarmento, Ensaios Históricos, I, 188 e segs.
15 Alberto Vieira e outros, "O municipio do Funchal (1550-1650)", in : Actas do I colóquio
Internacional de História da Madeira 1986, vol. 11(FunchaI1990) 1006-1009, 1013-1014.
16 S. Bonnet, "La expedición dei marqués de Lanzarote a Ia isla de la Madera", EI Museo
Canario, X (1949) 59-68; Idem, "Sobre Ia expedición dei Conde-Marqués de Lanzarote a Ia
isla de la Madera", Revista de História de la Universidad de La Laguna, 115-116 (1956) 33-
44; Simens Hernandez, "La expedición"; Rumeu de Armas, "EI conde de Lanzarote", 393-
492; Joao de Sousa, "Os espanhóis na Madeira 1582-1583", Diário de Notícias, 1 de
Dezembro de 1984.
17 Sarmento, Ensaios Históricos, I, 27; Nobiliario de Canarias, I, 50-63.
18 Arquivo Regional da Madeira, Misericórdia do Funchal, nO. 684, fis. 710-711; Luis de
Sousa e Meio, "A imigração na Madeira. Paróquia da Sé. 1571-1600", História e Sociedade,
3 (1979) 52-53 (republicado em Islenha, 3 (1988) 20-34).
19 Luis de Sousa e MeIo, "A imigração na Madeira".
20 Joseph Viera y Clavijo, Historia de Canarias, vol. I (S.C. Tenerife 1982) 275-753; Elisa
Torres Santana, "La casa condal de Lanzarote. 1600-1625 (una aproximación ai estudio
histórico de Ia isla)" in : II Jornadas de Estudo de Lanzarote e Fuerteventura, vol. I (Arrecife
1990) 301-330.
21 Arquivo Regional da Madeira, Câmara Municipal de Machico, nO. 85, fis. 40-44; Idem,
Ibidem, nO. 103, fis. 28-28vo. Num auto lavrado a 16 de Janeiro (lbidem, fi. 29) decidiram
agradecer a "merce que Deos nosso Senhor nos fes em nos dar por nosso rei Dom João o
quarto (...)".
22 Padre Leonardo Saa Soto Mayor, Alegrias de Portugal ou lágrimas dos castelhanos na
feliz aclamação de EI-Rei D. João o quarto (Angra do Heroismo 1957); Miguel C. Araujo, "A
120 ALBERTO V/EIRA

restauração na ilha Terceira (1641-1642). Cerco e tomada do castelo de São Filipe do Monte
Brasil dos terceirenses", Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, 18 (1960) 38-116.
23 Arquivo Regional da Madeira, Câmara Municipal do Funchal, nO. 1329, fls.7-9;
A.A. Sannento, História Militar da Madeira (FunchaI1912) 6.
24 Arquivo Regional da Madeira, Câmara Municipal do Funchal, nO. 1329, tIs.IOv°-13;
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Provedoria e Junta da Real Fazenda do Funchal,
registo geral, tomo IV, tI. 202.
25 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Provedoria e Junta da Real Fazenda do Funchal,
nO. 980, tIs. 411-411vo, 24 de Janeiro.
26 Confronte-se Santiago de Luxan Melendez, "Los soldados dei presidio de la Madera que
fueron desechados a Lanzarote en 1641: contribución ai estudio de la coyuntura
restauracionista portuguesa en Canarias", in : N Jornadas de Estudios de Lanzarote y
Fuerteventura (Arrecife 1989).
27 A.A. Sannento, A Madeira e as praças de Africa. Dum caderno de apontamentos (Funchal
1932).
28 José António Gonçalves de MeIo, João Fernandes Vieira. Mestre-de-Campo do terço da
Infantaria de Pernambuco, 2 vols (Recife 1956).
29 João Cabral do Nascimento, "Gente das ilhas nas guerras da Restauração", Anais da
Academia Portuguesa de História, Ia série, VII (1942) 427-458; Ernesto Gonçalves, "Os
madeirenses na Restauração de Portugal", Das Artes e da História da Madeira, VIII 37
(1967).
30 Arquivo Regional da Madeira, Câmara Municipal do Funchal, nO. 1329, tIs. 24vo-26.
31 Arquivo Regional da Madeira, Câmara Municipal do Funchal, nO. 1217, tomo VI, tI. 53,
registada a 15 de Fevereiro de 1642.
32 Arquivo Regional da Madeira, Câmara Municipal do Funchal, registro geral, tomo VI,
nO. 1217, tI. 55vo; Idem, Camara Municipal de Machico, nO. 85, tIs. 92-93vo.
33 Arquivo Regional da Madeira, Obitos-Sé, nO. 73, tI. 163.
34 Arquivo Regional da Madeira, Câmara Municipal do Funchal, nO. 1217, tIs. 49-51, auto
da querela entre Manuel Homem da Câmara e o governador Luis de Miranda Henriques,
15 de Abril de 1641; Arquivo Histórico Ultramarino, Madeira e Porto Santo, nO. 4846,
p. 307; Sannento, História Militar da Madeira, 7.
35 Arquivo Regional da Madeira, Câmara Municipal do Funchal, nO. 1217, tomo VI,
tI. 61vo; publicado por A. A. Sannento, Documentos & notas sobre a época de D. João N na
Madeira. 1640-1656 (FunchaI1940) XXXIV-XXXV.
36 Arquivo Regional da Madeira, Câmara Municipal do Funchal, nO. 1217, registo geral,
t. VI, tI. 65. Apresentou-se em câmara a 1 de Dezembro de 1644.
37 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Provedoria e Junta da Real Fazenda do Funchal,
nO. 965A, tIs. 183vo-184°, 4 de Setembro.
38 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Provedoria e Junta da Real Fazenda do Funchal,
n° 965A, tIs. 231vo-233, 20 de Julho de 1657.
39 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Provedoria e Junta da Real Fazenda do Funchal,
nO. 966, tIs. 38-48vo.
40 Sannento, Ensaios históricos, 11,5-6.
41 Sannento, Fasquias e ripas da Madeira (Funchal 1951) 40-48. Esta situação deverá ser
enquadrada no diferendo que se arrastava desde a morte do Marqués e teria mais a ver com a
legitimidade ou não desta sucessão. Sobre isto veja-se Elisa Torres Santana, "Las relaciones
OS ARQUlPELAGOS DA MADEIRA E CANARIA.S 121

comerciales entre Madeira y Ias Canarias orientales en el primer cuarto dei siglo XIII", pp.
306-307.
'42 Archivo Histórico Provincial de Las Palmas, Protocolos, nO. 2748, fls. 421-422.
43 Archivo Histórico Provincial de Las Palmas, Protocolos, nO. 2725, fls. 77-77vo.
44 Archivo Histórico Provincial de Las Palmas, Protocolos, nO. 2729, fls. 7vo-8, nO. 2761,
fls. 93-94.
45 Luis Alberto Anaya Hernández e Francisco Fajardo Spínola, "Relaciones de los
archipiélagos de Azores y de Ia Madera, segun Ias fuentes inquisitoriales (siglos XVI e
XVII)", in Actas do 11Colóquio Internacional de História da Madeira (Funchal 1990) 874-
875.
46 Alberto Vieira, "O comércio de cereais das Canárias para a Madeira nos séculos XV-
XVII", in : VI Colóquio de História Canario-Americana (Las Palmas 1984); Idem, "O
comércio de cereais dos Açores para a Madeira no século XVII", in : Os Açores e o Atlântico
(séculos XIV-XVII) (Angra do Heroismo 1978) 663-665.
47 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Provedoria e Junta da Real Fazenda do Funchal,
nO. 396, fl. 31, 18 de Maio de 1662.
48 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Convento de Santa Clara, nO. 19, ssem folio.
49 Rupert Croft-Cooke, Madeira (Londres 1961) 26-28; André L. Simon, "Introduction" e
"Notes on Portugal Madeira and the Wines of Madeira", in : The Bol1onLellers. Lellers of an
English merchant in Madeira 1695-1714, vol. I (Londres 1928); confronte-se, ainda, Agustín
Guimerá Ravina, Burgues(a extrangera y comercio atkintico. La empresa comercial irlandesa
en Canarias (1703-1771) (S.C. de Tenerife 1985) 320.
50 A. Bethencourt Massieu, "Canarias e Inglaterra. EI comercio de vinos (1650-1800)", in :
Anuario de Estudios Atkinticos, 2 (1956) 195-308 : Idem, "Canarias y el comercio de vinos
(siglo XVII)", in : Historia General de las islas Canarias, vol. III (Las Palmas 1977) 266-273.
51 E. Steckley, "La economía vinícola de Tenerife en el siglo XVII : relación anglo-espanola
en un comercio de lujo", Aguayro, 138 (1981) 29.
52 A. Millares Cantero, "Canarias en Ia edad Moderna (circa 1500-1850)", in : Historia de
Los Pueblos de Espana. Tierrasfronterjzas, I : Andalucia Canarias (Madrid 1984) 319, 321.
53 Citado por A. Lorenzo-Cáceres, Malvasia y Flastaff. Los vinos de Canarias (La Laguna
1941) 19.
54 André L. Simon, "Notes on Portugal", 11(FunchaI1960) 3-7.
55 A coroa insistiu nesta nova situação, recomendando às autoridades madeirenses que
publicitassem o que foi feito por meio de um bando a 8 de Maio. Veja-se Arquivo Regional da
Madeira, Câmara Municipal do Funchal, nO. 1215, fls. 37vO-38.
56 Arquivo Regional da Madeira, Câmara Municipal do Funchal, nO. 1215, fls. 58-58vo,
17 de Dezembro de 1672.
57 Steckley, "La economía vinícola", 25-32; Agustín Guimerá Ravina, Burgues(a extranjera.
58 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Convento de Santa Clara, nO. 19.
59 Simon, "Notes on Portugal" (Tradução publ. in António Aragão, A Madeira vista por
estrangeiros. 1455-1700 (FunchaI1981). O vol. 11saiu em 1960 numa edição policopiada da
responsabilidade de Graham Blandy.
60 Alberto Vieira, "A Madeira e o Novo Mundo Atlântico sécs. XV-XVII", in : Actas do
Colóquio Internacional de História Atlântica (sécs. XV-XVI), Ponta Delgada, 4-9 de
Novembro de 1991.

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