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O COMÉRCIO DE CEREAIS DAS CANARIAS PARA A

MADEIEU NOS SÉCULOS XVI- XVII

SEPARATA DEL VI COLOQUIO


DE Hi3TCjKIA CANARIO - AME-
RICANA( 1984). Editado por el
Excmo. Cabildo Insular de Csi
1
.Canoltia,
O comércio de cereais surge no mundo insular como uma
das vertentes mais peculiar da economia do Mediterrâneo
Atlântico. A ele se deve o aparecimiento e manutençgo das ro-
tas comerciais, que aproximan os três arqui$lagos resusltante
da wmplementaridade deste espaco insulado. Aqui estarão em
anãlise os pricipais vectores dessa dindmica no relacionamento
entre a Madeira e as Cansrias nos séculos XVl e XVII. A
união das coroas ibericas (1580- 1640) surgid como elemento
agiutinador dessas sblictaçw, asqociando a1 ilhas de Lanzarote
e Fuerteventura ao celeiro rnidense.
ilhas que compõem os três arquipélagos atiânticos (Canarias,
&ores) apresentam se como um conjunto com característi-
w s semelhantes, de tal modo que Fernand Sraudel as de-
rrâneo Atkântico. Reconhecidas e ocupadas em
de mesma conjuntura, destacar-se -ão na dinã-
ural e estructural da Europa dos séculos XV a XVII
vilegiadas para a concretização das ambições expan-
povos ibdricos. Será assim na consonãncia dos
s da política expansionista europeia com as dife-
resultantes de estrutura do solo, do clima que
o das bases da economia insular. Se por um
actuam como mecanismos virtuais de distribui-
ropeia-mediterrãneas (trigo, vinho e açu-
izadas no produção para as necessidades
ou antes, do mercado internacional, por ou-
complicada de cimcitos inter- insulares ne-
cessários a mantençgo desta tendtincia monocultural, resultantes da
política em causa'. Assim o desenvolvimento da cultura do açúcar
na Madeira impulsiona a do trigo açoriano, tornando-se esta ultima
área o principal celeiro dos madeirenses. O mesmo sucederá nas Ca-
nárias, onde as ilhas de Lanzarote, Fuerteventura e Tenerife estafo
na mesma posição em relação às ilhas.do arquipélago.
Sersi do acordo com esta ambiència dinâmica que encaramos os
circuitos do comtrcio e distribuição do cereal canário e açoriano,
nos séculos XVI e XVII. A Madeira em relação aos dios arqupela-
gos, com mercados productores importantes, surge como uma área
carente que absorve elevados excedentes dessa produçao aos cereali-
fera. E será h custa desse fornecimento obrigatorio ou não que se
manteri na Madeira a dominância do açucar e do vinho. Aos circui-
tos açoriano-madeirense demos já o tratamento devido em estudo
separado; pelo que aqui apenas nos deteremos nos circuitos canario-
madeirensel .
A afirmaçao da cultura da cana sacarina na Madeira conduziu a
um paultino decréscimo da produção cerealifera, de tal modo que,
desde a década de 70 sécuIo XV, a ilha deixou de produzir o trigo
necessário para o norma abastecimiento da sua pepulaçao, quando
em períodos anteriores assegurara o fornecimento das praças africa-
nas e, em parte, o reino. De mercado fornecedor a ilha passa a mer-
cado carente, jogando -se os seus interesses económicas na nova cul-
tura oriunda de Mediterrâneo3. No iiltimo quartel do século XVI.
Gaspar Fmtuoso escrevia:

1 . Nem sempre se manteve esta complementaridade no mercado insular, uma


vez que, a partir do sBculo XVII, com o incremento da cultura da vinha nos trEs arqui-
pélagos altera-se a situação, passando-se a uma concorrencia sem limites do vinho
madeirense, açoriano e canário e canirio no mercado americano. Partes destas questõ-
es foram equacionadas em estudo que fizemos sobre O Vinho da Madeira. séculos
XVIl- XIX em vias de publicaçdo. A historigrafia insulana carece de estudos que con-
templem a globalidade do espaço insular, a tendéncia ainda que saentar é necessaária,
é para a monografm geogrhfica a tematica. Esta situação dificulta a wmpreens80 de al-
guma problemhtica inerente aos tr& arquipélagos. Estas e otras quest6es pensamos po-
der dar tratamento alargado em estudo em preparação sobre O comércio inter- insular
(Canarias. Madeira, Açores) skulos XV e XVI.
2. Veja-se nosso estudo a 0 comércio de ccrais nos Açores para Madeira no sécu-
lo XVIb. Comunicação apresentada ao colóquio internacional, 0 s Açores e o Atldnti-
co, sPcdos X I V a XVII, Angra do Heroismo, 1983, no prelo.
3. Veja-se Joel Serrão, &obre o trigo das ilhas dos skulos XV e XVIH, in Das
Artes e da Historfu da Madeira, no 2, 1950, Vitorino Magalhãm Godinho, Os desco
O comercio de cereais &s Candrim para Madeira ... 329

*fora o que se recolhe na terra, h& mister a ilha da Madeira


cada afio doze mil moios de pão para o seu rnantimento e, se
lhe vão de fora menos mil passa medianamente com onze mil e
... oom dez mil passa mal,ainda que com eles se sustenta4.
rda com os dados fornecidos pela documentação dos
-XVII podemos estimar que esse valor equivalia a I/3
eu consumo. No entanto as nirneros fornecidos pela mes-
entação ficam muito aqukm do uaIor apontado por Fm-
indica entre as 60.000 e 90.000 fanegas. Mas se tivermos
r a ç h que esse registro não 6 exaustivo e apenas contem-
anos em estudo teremos que considerar como certa a
texto frutuosiano, corroborada, alias, por textos ante-

s fornecidos pela documentação madeirense, nomeada-


stros em veração, são os únicos disponíveis a serem tra-
mente, elucidativos da temática em causa. Partindo des-
ocuraremos definir de modo sumario o comercio de cerais
para a Madeira na época referida5.
ira no periodo de 15 10 a 1640 recebeu 19 6087, 5 fane-
trigo perfazendo uma m u a anual de 5298 fanegadas, soma
necessidades de consumo da ilha de cereal importado.
uma porção importante d~ + oriundo das ilhas (Aço-
), isto é 135 777,s fanegzdas, Q equivalente a mais de
Se tuviermaos em conta que o mercado açoriano
xportar entre 45000 a 60000 fanegadãs, nas quais se
+contratodas praças portuguEsas do nore de Africa, e, que
idos referem apenas a entrada anual de 15000 a
de trigo açoriano na Madeira, teremos forçosamen-

economia mundial, 28 ed. vol. 111, Lisboa, 1982. Femando Jasmins Pe-
estudo da hisidria ecorirnica da Madeira. Capitania do
1959 (dissertação da licenciatura policopiada apresen-
coimbra.
ro 11, Ponta Delgada, 1968, p. 1 14.
do registo feito em vereação para o lançamento do pre-
para a Madeira os registos de entrada na Alfãnega. Ve-
documento no 4.
te que admitir que o fornecimento da Madeira não se ficava só pelo
excedente açoriano, mas que a esta área fornecedora jutavam -se as
Canarias, Europa (Lísboa, Fiandres, França, Bretanha Inglaterra,
Irlanda, Dantizig) e Africa (Berberia). Deste modo os Açores funcio-
navam, é certo, como o celeiro abastecedor da Madeira, a reserva
necessária e obligatória para suprir as necessidades correntes da ilha.
A Europa e as Canhias surgem como áreas subsidiárias e como um
trato frequente, ou então como meio de recurso em momentos de
carencia no celeiro oficiai.

Apresentando-se o trigo e mais cereais como a base de alimen-


tação da população insular- europeia, toma- se necesario actuar de
modo a que estas paragens sejam devidamente providas do grão ne-
cessária h dieta diária. Se num primeiro momento, de acordo com a
premmcia dessa solicitação, é dada prioridade ás culturas compo-
nentes desse regime alimentar, num segundo momento processar-se-
ão alterações estruturais na agricultra que conduzirão a afirmação de
uma monocultura de mercado, ameaçando o normal abastecimento
das referidas ilhas. Sendo assim, na primem fase de mupaç50 do solo
a garantia desse abastecimento do mercado fazia-se naturalmente
com os provento de cada região, sem auxílio de qualquer medida re-
gulamentadora. Mas numa segunda fase com a afirmação dessa ten-
dencia monocultural surgirão desajustamentos no normal funciona-
mento do mercado abastecedor. Esta situação surgirá na Madeira a
partir do iiltimo quartel de século XV, evidenciando-se nos séculos
seguientes.
Perante uma conjuntura difícil de abastecimento do mercado
em cereal, evdenciada pela sua careincia e fome, tornava-se necessá-
rio definir normas de conduta (as posturas) conducentes a colmatar
essa situação. O aparecimento dos muncipios na Madeira, Açores e
Canárias veio institucionalizar essa ad@o reglamentadom. As com-
petencias econbmicas eram consideradas como das mais importan-
tes atribuiçoes do concelho, de modo que este actuará no mercado
local, por meio de postura e ordenanças, com a finalidades de garan-
tir o abastecimento & população dos proáutos essenciais da dieta in-
sular. De ua modo geral a sua acçgo alargava-se a todos os aspectos
da vida económica, como o controle da qualidade, dos pregos, medi-
e expmção, & limita@ dos ltxais de venda ao

e/regulamenhç5o/proibiçãO dg comercio e transporte


ercdo interno e externa

das limitativas ou proibitivas,dasua exportaçãlo. A sua


práctica d a v a de cmxdho pam concelho con-

A vila, Villa Franca do -pg, 1927, vol. VI; maria Teresa


soante a prioridade fosse dada a produção ou importação. Assim nos
cocelhos de Ponta Delgada, Vila Franca do Campo, Ribeira Grande,
Angra, São Sebastião, do arquipélago dos Açores e em Santa Cruz de
Tenerife e de La Palma e certamente nos cabildos de Lanzarote e
Fuerteventura, predominam as ordenanças e posturas regulamenta-
doras de produção do referido cereal, assentes na princípio básico de
assegurar as necessidades do consumo Iocai, apenas facultando a sai-
da após iso. No Funchal, Las Palmas de Gran Canaria dominam as
ordenações facultativas de importação do precioso grão, quer por
meio da abertura do mercado a quaiquer dele, quer por meio de me-
didas aliciadoras, como sejeam no Funchal, o pagamento da descar-
ga, dos sacos e loja, quer,ainda, por meio de medidas proibitivas A
sua saida (docs. no 2,4,5 em anexo).
A concretizaçgo da primeira medida da referida politica defina-
se nos Açores pelo trigo dos exames, isto é, o trigo resultante do exa-
me da produção e dos stocks de abastecimento dm graneis conceI-
hios ou particulares, necessários para o fornecimento A população
em momentos de penúria. Segundo o regimento régio de 26 de Jun-
ho de 1507 a vereção tinha a incumbEncia de fazer no início do Ve-
rão, por altura das colheitas, o orçamento do trigo necessário ao con-
sumo e sementeira atk a nova colheitas, armazenando-o em graneis
à sua guarda, de modo a poder distribuir na altura de carencia. A
partir de 156 1 juntar- se - a 1/4 dos vabres exportados. Para dar
cumprimento a estas medidas a vereação ordenará que toda a expor-
tação so deveria ser feita mediante Iicença sus passada apiis vistoria
aos graneis pelo oficial dos examenq.
Nas Canárias e, mais propriamente, em Tenerife encontramos
definida a mesma orientação sob a designaçáo de tazmia ou cala y
cata, isto é o cabildo em momento de penúria, antes de autorizar a
saída do cereal pocedia ao exame dos graneis e do arrolamento da
populaçao, de modo a avaIiar o trigo necessário ao consumo concel-
hio e assegurar a reserva sati~factoria'~.
Esta prktica, documentada a

9. Esta questAo foi tratada em estudo que elaboramos sobre «A questão cerelifera
nos Açores (elementm para o sue estudo) skculos XVI-XVII*, a publicar na Archipk-
lago. Veja-se, Urbano de Mmdoça Dias, A vida de ms $os aves, vol 111, pp. 32-8,
489,62-63.
10. Conhece-seuma iaunia de 1 552, publicada por F.Moreno Fuenteç, «Tazmia de
Ia isIa de Tenerife em 1552>~,in Anuario de Estudios Atlulanticos, no25, pp. 41 1 -92.
.@ com4rcio de cereais das Canflriaspara Madeira... 333

tado das primeiras medidas, de 15 12,


rcio de exportação do cereal na ilha
6, 19 10 o r d e m - se a proibição de
cereal de Tenerife, em 15 12, perante as reclama-
res, a coroa autoriza-a exportação dos excedentes,
produção de cada vizinho (1 1). De modo a contro-
nto desta ordenação regulamentara-se a obrigato-
do cereal a exportar e a .solicitação da respectiva
o que se estabeleciam guardas e
I, quer em Tenerife os produ-

s fazia-se sentir a sua falta13,


consumidor carente tada a política ceralifera inci-
iro procurando o normal es-
go, por meio de incentivos a sua introdução; de-
a t o de mercado local, evi-
u de biscoito. Ao nível da
iro, com o tstableci-
ara meterem anual-
-
o provimenw &ia, pagando se a descarga,
s com a abertura tatd da mercado a sua introdu-
. Caso estas medidas
ão a vereação punha em prática o seu pla-

14, pp. 65-6; E. Gonzalez Yanes, ob. cii., p. 85; Leopoldo de La Rosa,
no de emergencia, que consistia na actuação da veração junto dos
mercados e mestres de navios obrigando-os a descarregar o trigo que
conduziam ao reino ou is Canárias, ou então forçando-os a irem bus-
car trigo aos Açores ou outras partes15.a esta orientação aliavam-se as
ordenações régias de 1508 e 152 1, que tornavam obigatdria a rota do
fornecimento de trigo açoriano ao mercado madeirenseI6.
Assegurados os circuitos de abastecimento do marcado funcha-
lense tornava- se necessfio controlar e regularmentar os circuitos in-
ternos de distribuição e venda, de modo a evitar-se o açambarca-
mento e a especulação. Neste caso a vereação actuava com medidas
drásticas, quer por meio do exame das lojas pelos almotacés, quer
lançando pesadas multas aos infractoresI7.Ao mesmo tempo, desde
1496, proibira-se a saída deste cereal, atb mesmo para o fomecimen-
to das naus que escalavam a ilha pois, segundo se dizia, estas deve-
riam vir devidamente providas de Lisboa 18.
IdEntica situação encontra-se definida no arquipélago canário
nas ilhas de Gran Canaria, La Gomerrt onde encontramos regula-
mentada a probição de saída e medidas de apoio aos circuitos e rotas
abastecedoras com origem em Lanzarote, Tenerife ou Fuerteventu-
raI9.A ilha de Gran Canaria tinha em Tenerife o celeiro de abasteci-
mento anual, mas ta1 como sucede na Madeira em relação aos Aço-

de 4 de Março de 1481; idem ibidem, fls. 23-23v", vereção de 8 de Junho de I48 1 ;


idem, ibidem, fls. 27-27v", vereçsio de 4 de Agosto de 1481 ; idem,ibidem, fls. 49 v",
v-O de 2 1 de Janeiro de 1486; idem, ibidem, fl. 62, vereação de 1 1 de Feverwim
de 1486; idem, &idem, fls. 49 v", veraqão de 21 de Janeiro de 1486; idem,ibidem,8.
62 verea@o de I I de Fevreiro de 1486;idem, ibidem, fl. 78 veração de 20 de Março
de 1486; idem, ibidem, d. 130, vereaeo de 14 de Maio de 1486; idem,ibidern, 8.
138-41,vem@ de 5 &Julho de 1486;idem, i b i k m , no 1031, fl. 48 P, veração de I0
de Agosto de f 496. A referida d- era assepmda por 2/3 da remda da imposifio
do vinho, fl. 14 1. carta de 5 de Dezembre de 1581.
15. A.R.M., C.M.F., no 1302, fl. 23, vem& de 3 1 de Agosto de 1496; idem, ibi-
dem, fl. 27, vereçáo de 2 1 de fevreiro de 1497.
16. Veja-se nosso estudo, dcarnecio de cereais /...i*,já citado.
17. A.R.M.,C.M.F.,no 1298, fl38 v", c e r e e o de 17 de Octubro de 1495; idem,
ibicdem, no 1301, fl. 48 v", -v de 17 de Octubro de I495 ;idem ibidem, no 1308,
fl. 8,ve* de ? de Janeiro de 1547; idem, ibidem, na 1309, fls. 26 v-27,vereação
de 13 de abril em 1550.
18. Idem ibidem, no 1302, ffs. 4ó-46 p da 26 de Setembro de 1496; idem,ibe-
dem, no 1313, fls. 47 v"-48, de 8 de Octobm de 1597.
19. Eduardo Aznar Vdlejo, ob. cii, pp. f5 1,25 1 -2,3 13.
O conaércio de cereais das Canllrias para Madeira ...

rw esse provimento despoletou vários litigios entre as duas ilhas no


pdodu de 153 1 - 1603, devido a negação da segunda esse forneci-
matoz0. No que concerne a La Gomera, o trato foi assegurado por
' c a l a d e 152l2I.
Se é certo que as medidas atrás enunciadas atestam o interesse
& mncelho em assegurar o normal funcionamento dos circuitos de
&&cimento de modo a evitar-se qualquer situação de penúria ou
tk fome, tarnbkm é certo que as mesmas documentam, de modo evi-
W b ,a preméncia da conjutura de crise, resultante do solo e, acima
tudo, do aumento da população insular. Assim, ao nível das areas
pwdutoras as medidas regulamentadoras do comercio do referido ce-
$d surgem com maior acuidades, apodando para uma nítida afir-
o das medidas proibitivas. Tal sucede nos Açores, a partir de
de 30 do século XVII e em Tenerife, a partir de 1564 -65 evi-
bticiando-se aqui a partir de princípios do dculo XVII. Assim, se
a crises de 1502, 1506, 152 1 (doc. no 1, em anexo) e 1546 surgem
@mo fenómenos isolados, articulando-se de acordo com as más col-
heitas, ocasionadas por factores sazonais, o mesmo já não se poderá
dizer em 1574, 1604, 16 16, 1625, em qe se denota uma marca evi-
&nte da crise estrutural, cujo bajo agravamento da situação se acen-
tua em ciclos d e c e n a i ~ Esta
~ ~ . ambiencia da economia ceralífera nas
Canarárias repercutir-se-á de modo evidente no mercado madeiren-
M que tinha nesse arquipélago un mercado importante de abasteci-
mento em 1589, 1616, 162523.

W í O DO CEREAL

i o do cereal das Canárias para a Madeira imbrica-se


o no sistema de trocas entre os dois arquipélago, sen-
!i o como o principal motor desse trato. Esse movimento

Ia Rosa, ob. c&, Revisla de Histbrk, no113-4, p. 251 (no 121,


,no115-6 (1958) p. Iii (no 108), 132 (oD7).
no 101-4,p. 246 (no5)
estudo, «O comkrcio de cereais...»; P. Chaunu, ob. cit. pp.
:, C.M.P., no 1301, fl. 142 v, vereação de 20 de Fevereiro de 1496
131 1, fls. 16-17 v+, vereação de 4 de Fevereiro de 1589 idem, ibidem,
Agosto de 16 16; idem, ibhiem, vereação de 18 de Junho de 1625.
comercial e contactos assíduos resultam da actuação de vários facto-
res, entre os quais é de realçar a vizinhança dos dois arquipélagos e
atracção exercida pela terra canaria tardiamente conquistada e ocu-
pada 14.
Os contactos permanentes entre os dois arquipélagos, evidencia-
dos pela constante corrente emigratoria bidirecional, marcam uma
constante da História deste dois arquipélagos e salientam as afinida-
des existentes, consequentes de um identico, senão parecido, posicio-
namento na politica expansionista dos monarcas ibéricos. A juntar-
se a tudo isto a Madeira surge-nos entre o século XVI e XVII como
porto importante de escola para a navegação atlãntica entre a Euro-
pa e as Canárias e viceversa. Assim nos referidos séculos temos con-
hecimento da passagem pelo porto do Funchai de navios dessa rota.
No século XVI das 14 embarcações saídas das Canárias e que escala-
ram o Funchal surgem 4 com destino i Europa (Cadiz, Lisboa,
Bayona, Vigo) e Africa (Safim)15.No mesmo período há noticia da
passagem pelo porto funchalense de uma ernbarção com trigo de
Castela para o referido archipélago, de que deixaram 500 fanegas
para o fornecimento da cidade, vista a sus falta na ilha26.Para o
século seguinte abundam referencias a passagem de embarções de e
com destino as C a n á ~ i a sDeste.modo
~~. o porto do Funchal surge nos
séculos XVI e XVII como um porto importante de escala para os na-
vios que faziam as rotas que ligavam as Canárias a Europa e desta ao
arquipélago, nomeadamente da Inglaterra.
Se é certo que a maioria dos contactos entre os dois arquipéla-
gos advém da posição privilegiada da Madeira em relação As CanL
rias, também é certo que o trato comercial entre estas áreas, baseado
em certos productos da produção local e na exportaçgo, apresenta-se

24. Josi Perez Vidd, uapwtación portuguesa a la población de Canarias, Datos


para su estudiop, in Anuario de Esrudios Atlaniicos, no 14 (1968) pp. 4 1 - 106; Eduardo
Aznar Vallejo, ob. cit., p. 340; Margarita I. Martin Socas e Manuel Lobo Cabrera,
~Ernigraciony comercio entre Madeira y Canarias en e1 siglo XVI», comunicação
apresentada no Colóquio internacional Os Açores e o Atlancico, nos sPculos XIV a
XVIZ, Angra do Heroismo, 1983 no prelo.
25. Margarita Martin Socas, op. cit.
26. A.R.M.C.MF., 1 3 1 0 , ~ s . 2 8 - 3 0 ~ v e r e a ~ o d e 5 e 8 d e M a i 1574.
ode
27. Idem, ibidem, fl. 49 V de 7 de Dmmbro de 1613; idem, ibidem, fl. 13 vO,
vereçso de 12 de Fevereriro de 1620. A correspondência de William Bolton
(1696- 1700) atesta essa situafio, veja-se Antonio Aragão. A Madeira vista por esrrac-
geiros, Funchal, 198 1 , pp. 325,357,360,362,370,380-8 1.,386,313.
O corn6rcio de cereais das Canhrias para Madeira ... 337

ntivo à manutenção e rendimensionamento dos referi-


ira receberá trigo, queijo, car-
de soca, pães de açúcar, mel, remel,
ada, sumagre e productos de
ardinhas, tecidos ingleses e arcoszs.
será sem dúvila a móbil de todo este trato, actuando
tema de trocas entre os dois arquipé-
A contrapartida madeirense surgirá
ia da troca deste precioso groducto. Desde 1504 há
a Madeira, proveniente de Palma, a
a ilha de Tenerife em 150619.A partir destas datas a re-
que a Madeira passará a contar com
m o açoriano e europeu e, isto de tal
1527 esta área fornecedora é isto de tal modo, que em
fornecedora é considerada ao mesmo nível do reino

o a abertura desta nova


ado local, de tal modo que o
não receber a sua parte do siezmo,
do -se a ordenar em 1 532 o
ra tal o conflito entre as coroas de
ão comprova, aliás, a importãncia
com a Madeira, evidenciada no
saida de 2070 fanegadas, no primeiro terço do século
Irnente a partir de meados do re-

rciais será abordado oportunamente em estudo


referidos fazem mrte do registo de saída de
Tombo, Proveduh e Junta da Real Fazenda

,dlgunas consideracionassobre Tenerife /.../ j4 citado, p. 380.


C.M.F., no 1305, fl. 43, vereação de 28 de Junho de 1527, em anexo

in Socas, ob. cii. Ai refere-se que esse valor poderia cifrar-se


m o s em conta o número de ernbarqões fretadas e respectiva
Alberto Vieira

ferida século, afirmando-se em pleno no período da ligação das duas


coroas 1580- 16403'.
A Madeira terá recbido no século XVI 8788 fanegas de trigo
das Canárias, sendo 2542 (28,9 %) de Lanzarote, 1 170 (1 3,3 %) de
Tenerife e apenas 6 fanegas (0,l %) de Fuerteventura. Enquanto
Tenerife surge isolada até meados do secuIo em causa, afirmando -
se como o principal mercado fornecedordo trigo caniirio, a ilha
de Lanzarote surgirá apenas em 1523, mas acabará por assumir a
posição cimeira a partir das ultimas centúrias do século. Esta úl-
tima situção manter-se-a até 1640, período em que esta área se
afirma como a pricipal fornecedora de trigo deste arquipélago a
Madeira34.
No.século XVII apenas temos notícia de entrada deste cereal
entre 1605-40, momento em que a ilha recubeu 278 17 fanegas de
trigo sendo 14749 1/2 (77,5 %) de Lanzarote, 2680 (14,l %) de Fue-
teventura. O mercado tenerifenho que se havia afirmado, na primei-
ra metade do stculo XVI deixará de ter qualquer representação a
partir de então, a dominãncia será dada a ilha de Lanzarote que sur-
ge assim como o principal celeiro de trigo canario para a Madeira35.
Tenerife terá sido assim um mercado fugaz no fornecimento de cera1
cuja impomncia foi muito reduzida ao nível do comércio de cereal
deste arquipélago com a Madeira, lugar de destaque terâo assim as il-
has de Lanzarote e Fuerteventura.
A Madeira recebeu nos séculos XVI e XVII mais de 194 917,5
fanegas de trigo, oriundo dos Açores, Europa e Canárias. As ilhas do
arquiptlago açoriano dominaram esse trato, surgindo com i08 000
fanegas (55,4 %) logo seguidas da Europa com 54967,5 fanegas e das
Canárias com 27777 (13,7 %). No entanto se considerarmos os dados

33. Veja-se Gaspar Frutuoso,Saudades da Terra, lD11, Ponta Delgada, 1968,


pp. 202,204; e quadros em anexo.
34. Salienta-se que enquanto em 1583 Thmas Nichols referia que a Madeira re-
cebia trigo de Canarias (A. Cioranescu, Thomas M L F , mercador de azllcar hispa-
nista y hereje, h Laguna, 1963,~.126), Torriani em 1590 refere que o trigo de Lanza-
rote é exportado para a Madeim (Descripcione historia delreino de Ias idas Canarias,
ia Laguna, pp. 45-6). Aliás Gaspar Fmctuw, já citado refere apenas os navios com
trigo de Lanzarote.
35. A razão de valorizaFgo do mercado de Tenerife na I' metade do skulo XVI
deve-se ipolitica emnomim de Adelantado don Alonso de Lugo. Veja-se Manuela
Marrero ~Algunasconsideracionessobre Tenerife /...h, já citado, pp. 373 -4.
r o d r c i o de cereais d n s Condrimpaiaro Madeira...

mdo, de acordo com as áreas & proveniencia


rcado canário em segundo lugar, com uma siti
Iação a Lisboa, França, Inglaterra e Flandres.
i-se que as Canasias conjuntamente com os
ngo dos séculos referidos como os princi-
do mercado funchalense. E, como tal, o
na area insular para o fornecimento do grão
tinente europeu pemamcerd como a área de
ntos de peniíria, ou então como forma lucrativa e
ocas com essas áreas. Evitava-se o lastro dos navios
andres, Londres, Lisboa a buscar açúcar e seus de-
arções que conduziam o afamado rubinkctar aos
uropa, por meio do o g a m e n t o de alguns moios
u centeio de Flandres Londres. Lisboa. Escócia.

E
9 trigo surgir com muita assiduida no mercado madei-
to tal movimento mão implicava o delinear de uma
mento do cereal, mas sin o aproveitamento das rotas
jd existentes. A rota do trigo s6 funcionar& segun-
os Açores e as C d r i ã s e, mais propriamente das
uel, Tenerife, Lanzarote e Fuerteventura. Se 4 certo
:nta como unidi&csnd e sob proteqão conczl-
ria surge liberta desses mraves sd assim Padljta-

qf:
ME

IO gr&@
b r o negócio
-

DE TRIGO
rendoso ao menos ao nível & sua im-

de mercadores de grande e pequeno trato ligados ao co-


Imércio ça do Funchal, dedicando-se, quer ao comércio de
portação de açúcar e vinho e, mesmo, A importa$o
e rnanufaqas, apresentava-se muito heterogeneo na sua origem
:oWca e ptividade de trato. Não se pode falar de um mercador
toda a sua actividade ao comércio deste cereal,
trato mercE das medidas proteccionistas não se
o mais lucrativo. Além disso os mercadores aue se
nesse comercio não o faziam apenas numa área
:finida.A sua actuação alargava-x a todas as re-
iões produtdiks, no intuito de encontrar grão em condiçiões venta-
comerciava com o trigo dos Acores. das Canhias e
da Europa36.O trato e venda ao público do referido trigo na Rua Di-
reita não justificava por si a acção do mercador de pequeno trato e,
muito menos, de grande trato. A vigilancia e reguIamentação assidua
do comercio por parte de vereação punha em causa esta actividade.
Com preços protegidos e lojas constantemente vigiadas, o mercador
não podia actuar livremente no mercado, procurando a melhor for-
ma de aumentar os seus lucros. Deste modo o comércio do cereal
não justificara a sua acção nem os motivará muito, dai que vereação
sentisse a necessidade de coagir os mercadores do Funchal a irem
buscar trigo aos Aqores, Canárias e Europa.
De acordo com a quantidade de fanegas registadas destacam-se
16 mercadores como os mais importantes no trato do cereal3'. Se es-
tabelecermos uma comparação com os referenciados para o comér-
cio do cereal açoriano e que actuam no trato do grão em causa temos
que salientar a acção de J o b Feria (1624- 1620), Ignacio Fernandes
Pinto (1647 - 1658). Este último é referenciado como smercador,pes-
soa reica e abonada» com Loja na Rua Direita, onde vendia António
Lopes de Sá38.
A escassez de dados identificadores dos referidos mercadores di-
fuclta qualquer tentativa de atribuição da origem geográfica e cons-
quente valoração nessa actividade. No entanto de acordo com acon-
clusão aludida no estudo sobre o cereal açoriano podemos afirmar a
dominância do mercador madeirense, a que se seguia o estrangeiro
nomeadamente ingleses e flamengos que tinham uma forte implanta-
zão no mercado insular. Destes últimos podemos referenciar 19 mer-
cadores e de entre estes omercado oriundo das Canarias deveria sur-
gir em posição destacada, a considerarmos corno originários daí Pero

36. Estão nestas condipões Fmcisoo Carrea, Francisco Gonples Dousin, João
Faria, Pero Ferreira, Gonplo Fernandes, Gonçalo Fernandes Gondim, Cust6djo Gon?
plves, Manuel Gonçalves, Pero Gonçales, S i m a Nunm Machado, Luis Femandes
Pinto, Antiinio Roiz, João Rois Tavora.
37. Pero Gonçaies, Antonio Roiz T o d h o , Diego Fernandes Branco, Diogo Ca-
brera, Gonçalo Femandes, Tom6 Fernandes, Agostinho Goncçlves, Ant6nio Gonçal-
ves, Gaspar Gonçlaves, Antonio Gonqlvesa, Custodio Gonçalves, Gaspar Gonçlaves,
Simão Nunes Machado, Andre de Monte, Pero Nunes,Fernà Perasa, Thomas Quevel,
João Roiz Teixeira.
38. A.R.M. c M . E , nn 1328, ! i.vereação de 6 de Fevereiro de 1637; idem,
it,
ibidem, no 1331, fl. 16 v" vereação de 27 de Maio de 1647; idemm ibidem na 1333, fl.
27, vereção de 17 de Novembreo de 1657.
: O mrnéxio de cereais dm CnnBnaspnrn M&m..

*R
L &I Madeira que, desde o iiltirno quartel do século XVJse
o uma área carente de'cerealprucufoa o seu abasteci-
!$&&vizinhas (Candrias, Açores), usufruindo de condiço-
$& criadas pela coroa, primeiro nos Açores e, depois, nas
os p m e n m problemas do mercado d e b , aa
mmto de mais que a ilha pouco produzia.
*pélago madeirme devido a peguenez da ma superficie
W-aa um nível inferior do a~o&noe m & i o , pois, en-
#&s riltimas dispunham de u m vata b m onde poderiam
&!L culturas, a Madeira detem apenas uma parca granja in-
pos mviassis e vinhedos, e muito mmm, para os ce-
i% modo o madeirense deveria bnscar e asegumr fora de
de abastecimento de u m população em constante
r%e, sua escolha preferencial hicidiu, primeiro em S. Miguel
I-defiois Tenerife, snbtitnída, em-m d m de século XVX,
Me,
@Mado trigo qoriana se mantinha o início regulamentada
b c i a directa do concelho, o que ibpedia a livre a-o do
oderá conside&dstl liberta desses
:ndo a sua rnmutenqk resultante
, os ,dois arauidhos e do rJemani

. peste, piratas ou m s ~ o es invern;aS, Esta


atrair a classe memntii para estas :rotaa, mas
& posto pelo mercado fornixx&r,com as'constantes medi-
&mntadorase proibitivas das autmi&des locais desvanece-

i a m o s refemciar #mo Maquel. Pear de


que, Antonio Alvemes, Wmão % Qil
Fmncisco Fernandes Dousim, Gaspar Femi
de hcas, Martiai da Lugo, J á o Minhol, Ee
d m , Antóniu Seuar.
ram essa espectativa. Mesmo assim a Madeira não abdicou dos seus
direitos preferenciais ao trigo produzido nestes dois mercados. Essa
mudança 36 se processará a partir de meados do século XVII quando
as dificuldades aumentam nos celeiros preferenciais e surgem outros
que apresentam o produto em condições favoráveis -America-,
pois que facultava a sua aquisição a troco do afamado rubinéctar.

EXTRACTOS
DAS VEREAÇ~ESDO m C W

NoI
152 I, Novembro, 23
A.R.M., C.M.F.. n01304,h,82 vO-84

Item lougo tamto que se forom juntos per alIgfis mercadores de


triguo que esta em esta cidade ho seu trigo nom poderè vemder sem
reparrição e su reparido per o polvo elles //(83) se agrevavam que di-
zemdo que porquento se temia nã viir ailgii trigo elles nõ venderE ho
seu o quall per ficar d'atirar e1 les per fazere veeren ho povo posam
ho seu trigo sendo muito bõ ha noventa reasi ho alquiere o quall t i -
go ellles jaa ora t e m vendido se lho deixara vender e porque suas-
merces lhes tinhà posta pena que ho nõ dest sem reaprigam pode-
riam viir allgfis navios de trigo e ho seu trigo se podera emti vemdcr
ha menos preço dos LR reais algii do que ho tinham posto que eIes
venhã aIli requerer a usas merces qie iho deixarem vender ho dicto
prego e nõ leh q u e 6 de Ileixar vender somente per repartiçam como
tinham suas merces vito lho seguras ho dito preço de LR reais alI-
queire logo per elles senhor proucradrir e oficiasis foi dito que lees
avih per serviço de deus e bem do povo que ho dicto trigo se reaprti-
d e dese por repertiçarn ho povo segundo tinhã visto e lhe segimvg
todo ho dicto seu trigo ho preço dos ditos noventa reais a queall to-
dos os mercadores somente ho de joham vaaz per nó ser tãboo como
o outro e nó valler a LR reais o queall joham vaaz // (83vv0 ) ho pe-
dera por em seu proeço he nio o que justamente vailer e entã lho po-
derã segurar queando quer que se pos certo ho progo he niso e por
merce diso asinarã aqui todos afonso fines ho screpvy.
Item loguo na dita vereaçam pareceo Farnãdo de Cabrera cmklha-
no que hora trouxera cartas dos regadores de grâ canarea aos regedores
desta cidade pera que Ihe desem hú navio de trigo per a grande
komkrcio de cereais d a Cadrias para Madeira...

que havia na dita ilha avendo raspeito elles doys


om foi acordado que lhe dest que podese llevar
e Ibgo lhes foi ordenado que ouv& outros vyn-
:z dos que era embargados ver elie senhor e ofi-
~Carreae outros dez dos que e& embargados sê diso
e posa SE vistos pera eles lhe darem hi dito feito
vynte moios e que lhe screpvesE que mis lhe nõ
e iso meso a terra estava em necesidade de trigo

.
screpvy e que somente fose treladada em ese livro.
João C o m , Joam Roiz, Joham Coelho, Gil1 Fer-
bg),gyman daria, Pero de Magalhães.
L:
b
m, I1
. i 304, ns. ioe -V
%rJoham Correa verador doi dito que elle fereza per pre-
^, mestres com os mercadores que haqui trouxese trigo
i& a descarrega dos bateis e esto visto como avia peste na
.e os mercadores nõ queria viir a ella e per lhes pareçia
;odos //(I06vO)foi dito que hera bem que fosè pagos da
b s bateis e mãdarã que wase visto Der a Francisco Gon-
i do dinheriro da imposisk dos vinhos. Afonso
João Correa, Andre daguiar, Joham Coelho, Jo-
.m Devora, Pero Gllz, Francisco Gllz.

28
3,
H.F., no 1305, fl43
iadita vereacam foi acordado que toda a pessoa que me-
111 ou-de Canerea atee janeiro primeiro &e vtm
. logea
L toda descarrega e asv - e saauos o aue lehe
dinheiro da impoiçã dos vinhos. ~ f o n s oÃnnes o
@ apregoado e asy o que vem de Castella. Manuel Corei-
da, Jorge de Vasconcelos, João Lopes. João Gomes.Pero
.@eusRois, gonçalo Piris.

ua e compasso, pedeiro da Sé do Funchal.


N."4
1546, Setembro, 15
A.R.M., C.M.F., Ver 1546, fl:92 v."
Pregã acerqa dos mestres que se vem com trigo

Na dita vereaqã acordarã que nhii navio dos ilhas ou de qual-


quer parte que a este porto da cidade vier com trigo e partes dele sem
vir primeiro a camara fazer certo como descarregou todo o trigo e o
que o n6 fezer certo em todo tempo que o demnadarern poriso e se
nõ achar que veo a carnara e que diso se fezç asemto o qual ele asy-
nara que page vimte curzados //(92V) por o nõ hir asy fazar a saber
posto que dscaregase e chandose quese fogeo como triguo pagara
cimquoenta cruzados e o dono dO trigo o perdera a est posto quho
levE ao reino e indo a outra parte avera mais a penas de ordnação lo-
guo se mamdou apregoar aquel asemto se fez por se ter por em em-
formaçao que muitos navios se foge con trigo e se vão esy por os
mestres flogarem de levar pera onde são moradores como outros que
se fogem de mamdad~de mercadores e pesoas quento prejizo desta
terra os fazem ir asy por segirem o preço do trigo que aquitem como
por o hirem vemder a outra parte omde preservem que terra mor va-
lia en maneira que todos que asy fazem he em muito prejuizo da tee-
ra e per outramaneira nõ se pode saber o que descaregã na cidade ou
ilha e qui viera muitas vezes a chegar a que descargã na ciudade ou
ilha ao trazer aqui e soo por saberem que deitar amcora e lhe vire
descaregar quatro mais gareco que descargava de todo e se lh pasara
certidã porque seja a solto da fihaça nas ilhas e o mais leva110 pera as
Canarias ou a reino estranho onde o nientes e se comprimir com o
que ha mais serviço de Sua Alteza e bem de seu povo e posto que no
vehnã em vereaçã abastara em quealquer dos outros dias em que o
fizer a saber ao escriptivão da amara que fara asemto e nele se de-
clara quanto trigo descaregou e donde o trouxe e que são os merca-
dores pero as c e r t i d h que se pasarã per as ilhas ser em forma e ver-
dadeiras e na çidad se saber quem são os que tem o trigo pena he a
terça parte quem acusar e os dous terços pera o concelho e cativos.
Rafael Afonso o screpvi.
Manuel Delgado, João Malheiro, Mem de Brito, Anrique Mu-
niz.
0 curnkrcio de cereais das Candnas puna Mudeira...

b se praticou sobre as licenças // (8 \P) que se da-


da cidade queera muito prejudicial1
ra da camara e pera atlhar ao imconveniente que nis-
que nenhYa lincap tenha vigor nem força seja nhüa
respeita a camara e veraça tenha vigor nem força seja
e nom respetia a camara e veraçã e scripota por mym
ada per o vereador do meo e hii dos juizes a qual1 li-
mão de Manuel Gonçallvez procurador dos mesteres
trigo posto que aja licemça sem Iho fazer a saber e sem-
n6 se ache em casou por fora da cidade h e h a saber a
conforme a licença que for pasa-
mça serã espritas em hü cahenho uqe se trara sempre
trigo se trirt e o que cada hü
es asy como se for tirando otrigo
aa tirou pera se nõ tirar mais daquilo pera que lhe
todooutro mantimento e so-
se soe lever conforme a postu-
er este asemto e o que ouverã por asinado
rçã. Rafael Afonso o screpvy.
Vellosa, Anrique Muniz, An-
lhes, Fernã Figueriredo, Ma-
Albei-io Vieira

QUADRO I - REGISTO DE TRIGO DAS CANÁRIAS (em fanegas)

ANOS CANARIAS LANZAROTK FUERTEVENTURA TENERIFE

1505 40
1511 200
1523 130
1524 800
1527
1596 1.950
I597 502,5
1599 90
1605 1.950
1616 300
1617 827,5
1618 4.067,5
1619 75 800
1620 60
1623 3.430 1.930
1624 825
1625 795
1629 575 599
1631 677
1634
1637 LJV

1638 845 60
1640 105

AROS 6.630 17.291 2.686 1.170

FONTE: Vereapbes da Câmara Municipal do Funchal, 1474-1699 e Margarita Mar-


tim Socas, 0 p . cir.
rrio
1511
1 1523
1524

1546
1547
, 1584
: 1%
,1597
1599
?11. 1602
:I
1603
5 1605
1606
P 1601
1609
i 1611
3, 16th
i 1517
4618
:I619
i d a
323
iw
e
5
w
QUADRO I11 - REGISTO DE TRIGO DAS CANÁRIAS NO SÉCULO XV-I
MERCADOR DATA FANEW PREÇO PROVENIENCIA

Francisco Accioli Canárias


Francisco d'Afonseca Lanzarote
Mateus Alvares Lanzarote
Gaspar Amado CanLrias
Lanzarote
Semana Betenwurt Lanzarote
Pero Borges Fuerteventura
Agostinho da Costa Lanzarote
Gaspar Fernandes Lanzarote
Sebastlo Fernandes Lanzarote
Viente Fernandeç Lanzarote
Castilho Gomes Canárias
Gaspar Gomes Canárias
António Gonçalves Lanzmte
Francisco Gonçalves Canárias
Gonçalo Gonçalva Canárias
Pero Gonçalve~ Canhrias
Lanzarote
Belchior Lopeç Lanzarote
Franc". R. Magalhães hnzarote
Alvaro Martirn Canárias
Cosmo Manoel Lanzarote
Pem de Meza Lanzarote
Antonio Mmíz 260 Fuerteventura
Aní?. R. Tomilho Canirias
Lanzarote
Lrtnzarote
Bento Roiz Canárias
Gaspar Roiz 280 hnzarote
Luis de Semana Lanzarote
Manuel Tristão Lanzarote

FONTE: Vereações da C.M.E. 1474 - 1599. Y


cio de c u para Madeira ...

DAS

DATA

1638 Fuerteventum
1624 Lanzarote
1605 Iamarok
1606 Canaria
1618 Laazarate
1631 Lammte
1615 Can-
1618 Lanzarote
1617 Larumte
1623 Lanzarote
1637 Lanzarote
1623 -te
1631 Lsnzarole R. Ma.
1629 Canarias
1616 Fuerteventura
1623 Fuerteventum
1617 Lanzalwte
1618 LmZarote
1619 ianzarote
1638 Lanzarote R.Dta.
1623 Lanzarotc
1625 Lanzmte
1629 Cansrias
1617 Lanzarote
1616 Lanzarote
1618 ianzarote
1617 Lanzarote
1617 Fuerteventura
1617 Lammte
193 1 Lanxamte
1623 iaazarote R. Sabão
1629 Mzarote
1631 Lanzarote
1638 Lanzarote
1640 Canms
1637 Lanzarote
1619 C a n b
1634 Lanzarote
1623 Larizmte
1616 Lanzarote
1618 Lanearote
I623 Laaearote
Lanzarote
MEBCADOR DATA FANECAS P U X O PROVENIÊWOA LOCAL VENDA

Lanzarote
Lanzarote
Marcos Femira Mzarote
Frc". G. Figueiredo hnzarote
Roque Figuekdo Lanzarote
Roque Figueida Lanzarote
Jorge Freire Fuerteventura
Antonío Garcia Lanzarote
Bartolomeu Garcia Lanzarok
Agostinho Gonpives Lanzarote
Fuerteventm
Fuerteventum
hnzmte
António Gonçalves Fuerteventura
Lanzarote
Fuerteventura
Fuerteventura
Lanzarote
Lanzarote
Custódio Gonçalves Lanzarote
Estevfio Gonplves Lanzarote
Franco.Gonçalves Lanzarote
Lanzarote
Fuerteventura
Lanzarote
Fuerteventura
Jogo Gonçalves Lanzarote
Manual Gonçalves Fuerteventura
Martim Gonçalves Lanzarote
Pero Gonçalves Lanzarote
Gaspar F. Goudim Lanzarote
Jaques Guilherme Lanzarote
Fuerteventura
Franco.R. Jardim Lanzarote
FernHo Lemos Lanzarote
Gonçalves Lopes imzarote
João hw Lanzarote
Sim80 b p e s Lanzarote
Pallo de Lucas Lanzarote
Martial de Lugo Lanzarote
Si& N. Machado Cansrias
André Manso Lanzarote
Mgnuel Manso Lanzarote
An&k M. Maios Lanzarote
Jalzarote
cereais dm, Canririaspara M d e i m . .

DATA

225 Lanzarote
1o0 Lamte
75 Lanzarote
45 Callálias
40 Lanzarote
30 Lamarote
I pipa Lanzmte
300 hnzarote
450 Fuerteventura
450 Lanzarote
60 Lanzarote
30 hzarote
180 Lanzarote
300 h m t e
780 Lanzarute
50 Lanzarote
50 Lanzarote
90 Lanzarote
40 Canariris
75 Lanmrote
12 Lanzarote
45 Lanzarute
108 Lanzarote
80 Lanzmte
180 Lanzarote
375 Fuerteventura
105 Lanzarote
180 Lsuizaroe
45 Lanzmte
60 Lanzarote
60 Canárias

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