O documento discute a importância do ensino de frações no dia-a-dia e como desenvolver melhor a compreensão dos alunos sobre o tema. Apresenta exemplos de como frações são usadas em situações cotidianas e defende que o ensino deve focar no significado conceitual em vez de apenas regras. Também mostra como cálculos com porcentagem podem ser feitos mentalmente usando raciocínio sobre frações.
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Artigo - Frações no dia-a-dia- FELIPE, ARNALDO JUNIOR
O documento discute a importância do ensino de frações no dia-a-dia e como desenvolver melhor a compreensão dos alunos sobre o tema. Apresenta exemplos de como frações são usadas em situações cotidianas e defende que o ensino deve focar no significado conceitual em vez de apenas regras. Também mostra como cálculos com porcentagem podem ser feitos mentalmente usando raciocínio sobre frações.
O documento discute a importância do ensino de frações no dia-a-dia e como desenvolver melhor a compreensão dos alunos sobre o tema. Apresenta exemplos de como frações são usadas em situações cotidianas e defende que o ensino deve focar no significado conceitual em vez de apenas regras. Também mostra como cálculos com porcentagem podem ser feitos mentalmente usando raciocínio sobre frações.
Abordagem crtica do ensino de fraes no sistema escolar: A
importncia das fraes no dia-a-dia
Arnaldo Felipe Jnior e-mail: arfejr@gmail.com Orientador: Gil Marcos Jess
Resumo: Um conhecimento entre razovel e bom de fraes pode ajudar no dia-a-dia de um indivduo? Neste artigo a inteno mostrar que em algumas atividades pode-se aplicar de forma instintiva o conhecimento sobre fraes, Aquele momento em que clculos passam muito rapidamente por nossa mente e nem nos damos conta de t-los efetuado. Clculo que muitos consideram complicados e confusos. Ser tratado como fraes pode no ser um tema to complicado quanto se pintam por a, e como esse conhecimento fica na memria e como pode ser til entender e compreender tal conceito.
Palavras-Chave: Matemtica no cotidiano, Clculo mental, Ensino de fraes.
1. Aplicao de fraes
Muitos alunos enxergam o ensino de Matemtica como algo montono. Um processo em que o professor tenta transmitir conceitos fundamentais atravs de aulas expositivas, que em boa parte so tediosas e cansativas. Vendo assim nota-se o porqu da dificuldade da aprendizagem e reteno de contedos importantes para o desenvolvimento do aluno como indivduo e cidado. O estudo dos nmeros racionais se torna necessrio, pois eles comeam a aparecer em diversas situaes cientficas e do dia-a-dia que precisam ser compreendidas. Utiliza-se esse sistema numrico quando se fazem medies e sobra uma parte que no corresponde a uma medida inteira, ao comprar meio quilo de algum mantimento, ao dividir a pizza em pedaos iguais etc. So momentos em que os nmeros naturais no do conta de representar a realidade. Na histria da numerao, as fraes surgiram justamente para resolver tais impasses. Conhecer o funcionamento e as regras dessa classe numrica de fundamental importncia. Algumas pessoas sentem dificuldades ao fazerem atividades do cotidiano pela falta de entendimento de fraes, seja no trabalho, em casa ou at mesmo na rua. Fraes no dia-a-dia 2
No trabalho, por exemplo, somos constantemente questionados quanto produtividade. Se uma pessoa tem que passar um relatrio de produo, ou uma lista de atividades, e no consegue fazer a devida proporo do que foi executado e do que ainda tem a executar, apenas sabe dizer: Foram feitas 22 peas hoje e ontem foram feitas 20 peas. Apenas passa o resultado do que foi, ou se deixou de fazer. Veja como fica diferente quando se diz: Hoje se produziu 10% a mais que ontem. Note como fica mais produtivo, no que isso v mudar a quantidade de peas produzidas, mas com certeza o chefe do departamento ficar mais satisfeito. Isso sem contar as diferentes formas de contatos que temos durante o dia quer seja em casa, na rua, no mercado, na padaria, ou em qualquer outro lugar que somos levados, mesmo que de forma disfarada, a pequenos clculos mentais de porcentagens, propores, lucros e perdas, entre outros.
2. Calcular fraes: Regras versus Raciocnio
Segundo Gmez-Granell (1998) boa parte dos erros cometidos pelos alunos decorrente de um ensino baseado na aplicao de regras e no no significado do que o contedo realmente expressa. No final das aulas, ou no dia da prova, que os alunos conseguem manipular fraes, sem necessariamente perceberem o sentido do que fazem. Apenas aplicam o que lhes foi ensinado, entretanto quando um problema envolvendo uma situao do dia-a-dia lhe apresentado simplesmente no fazem a menor idia de como resolv-lo. Segundo Nunes & Bryant, muitas vezes os alunos passam pela escola sem enfrentar os desafios que as fraes podem proporcionar. Isso de certa forma mascara a transmisso de conhecimento, pois o professor, ao notar que os alunos esto resolvendo os exerccios propostos, acredita que o conhecimento foi passado e aprendido. Muitas vezes os alunos podem at apresentar algumas habilidades em manipular os nmeros racionais (conjunto numrico que cujos elementos podem ser representados na forma de fraes), mas isso no prova que estes detm uma compreenso clara do conceito. Nunes & Bryant (1997, p.191) argumentam que:
Com as fraes as aparncias enganam. s vezes as crianas parecem ter uma compreenso completa das fraes e ainda no a tm. Elas usam os termos fracionrios certos; Fraes no dia-a-dia 3
falam sobre fraes coerentemente, resolvem alguns problemas fracionais; mas diversos aspectos cruciais das fraes ainda lhes escapam. De fato, as aparncias podem ser to enganosas que possvel que alguns alunos passem pela escola sem dominar as dificuldades das fraes, e sem que ningum perceba.
Segundo pesquisa realizada por uma Aluna do Curso de Matemtica da Universidade Anhembi-Morumbi SP, em uma turma de 4 serie de uma escola estadual da cidade do Embu Gua - So Paulo, os alunos apresentaram dificuldades ao resolver alguns exerccios envolvendo fraes, especialmente na resoluo de problemas, pois apresentam deficincias quanto interpretao do texto. Esse resultado muito comum de se detectar em alunos do ensino fundamental e do ensino mdio. Se no houver figuras ilustrando os problemas propostos, os alunos se demonstram incapazes de resolv-lo, alegando que no entenderam o que foi pedido. O que podemos notar que a forma com que se transmite esse contedo na escola, quando no se d a devida ateno ao tema, pode atrapalhar no aprendizado. Entendamos aprendizado aqui como contedo entendido e que possa ser aplicado a situaes diversas, no como uma reteno de contedo a ser aprendido para a prova, cheio de regras que devem ser decoradas. O professor s vezes pode ser o vilo da histria, nem sempre o , mas muitas vezes nem ele sabe os fundamentos do que esta explicando. Segue um manual de passagem de contedos, o livro, e muitas vezes o segue to rigorosamente que no percebe que no esta atingindo seu alvo principal: os alunos. No estudo das fraes deve-se dar importncia a passagem de todo o aspecto terico. A aula pode se tornar montona se no houver interatividade dos alunos com o professor e com o contedo, por isso necessrio que se prepare temas do cotidiano que, de preferncia, possam ser comum a todos. Nem sempre ser possvel, mas deve-se tentar relacionar com algo que eles conheam e possam testar depois. No se deve tentar complicar o problema com nmeros absurdos, sem visar o desenvolvimento do raciocnio. Temos aqui um ponto importante, pois algumas pessoas conseguem desenvolver uma habilidade para clculos mentais se for devidamente nutrido esse desenvolvimento lgico, e conseguem realizar alguns clculos mais rpido do que o tempo que se gasta digitando na calculadora. Fraes no dia-a-dia 4
As resolues de problemas relacionados com fraes podem vir a ser facilitadas se o aluno tiver adquirido a capacidade de pensar matematicamente acerca dos elementos envolvidos, tornando-se capaz de interpretar adequadamente as informaes e formular procedimentos capaz de lev-lo a resoluo. Vamos ver como pode ser fcil calcular porcentagem mentalmente, porcentagem tambm pode ser entendida como uma frao, pois estamos falando de um numero que esta sendo dividido por cem. Peguemos um exemplo, vamos calcular quanto de desconto terei em minha folha de pagamento esse ms. Suponhamos que meu salrio seja de R$940,00 bruto, sem descontos, e eu sei que sero descontados 8% do INSS e 6% do vale-transporte. E a comea a tortura de muita gente, pois quanto 8% de 940, e 6% de 940? Pense no seguinte, se dividirmos o salrio por cem o que teremos? Lgico: 1% do salrio. Neste caso teria R$9,40, mas queremos 8% e no 1%. Multiplicamos ento o valor de 1% por 8, e teremos como resposta o valor de 8%, que R$75,20. Mas pode ter sido complicado multiplicar 8 por 9,4, ento faa por partes essa conta. Primeiro multiplique 8 por 9, guarde o resultado na memria, e agora multiplique 8 por 0,4 e some o resultado com o valor salvo em sua memria. Numericamente: 8 1uu = 8% c 94u = solrio cnto tcmos 8 1uu .94u = 8.94u 1uu = 7S2u 1uu = 7S,2u ou sc]o 7S,2u o :olor Jc 8% Jc INSS quc scr JcscontoJo Jo mcu solrio. Bom, j sei que terei R$75,20 de desconto do INSS, mas ainda tem os 6% de desconto do vale-transporte, mas agora esta mais fcil, pois j temos o valor de 1% calculado, mas lembrando que se fosse mentalmente esse calculo provavelmente teramos de refazer esse calculo tambm, que agora j bem mais fcil de fazer, nosso 1% equivale a R$9,40, e agora buscamos 6% ento temos que multiplicar o R$9,40 por 6. O processo o mesmo do calculo anterior: Teremos como resposta o valor de 6%, que R$56,40. Mas pode ter sido complicado multiplicar 6 por 9,4, ento faa por partes essa conta tambm. Primeiro multiplique 6 por 9 (54), guarde o resultado na memria, e agora multiplique 6 por 0,4 (2,4) e some o resultado com o valor salvo em sua memria (54 + 2,4 = 56,4). Numericamente: 6 1uu = 6% c 94u = solrio Fraes no dia-a-dia 5
cnto tcmos 6 1uu .94u = 6.94u 1uu = S64u 1uu = S6,4u ou sc]o S6,4u o :olor Jc 6% quc tamhem scr JcscontoJo Jo mcu solorio. J notamos que, alm de ganhar pouco, ser descontado R$75,20 de INSS mais R$56,40 do vale-transporte. Ou seja, sero descontados R$131,60 do meu salrio de R$940,00, no fim terei apenas R$808,40, isso se no houver outros descontos, e isso varia de empresa para empresa. Esse mtodo utilizado simples e vlido, mas no nico, ento tente encontrar outro mtodo e notar que existem muitas formas de calcular a mesma coisa. E ser que importante saber realizar esses clculos? O exemplo acima mostra uma situao que pode ser til esse conhecimento, pois ningum esta livre de errar. Digamos que na hora de digitarem o seu holerite houve um erro de digitao, e em vez de descontarem os R$131,60 foi descontado R$311,60. Ento voc verifica pelo seu mtodo que a conta no bateu com a sua, ento essa hora de pegar uma calculadora e tirar a prova se est correto ou no sua conta, e encontrando o erro voc ter argumentos e provas para reaver seu dinheiro de volta. Afinal so R$180,00 (311,60 131,60 = 180,00) que talvez faa falta no fim do ms. Abordando o tema por esta tica notamos que fica mais fcil quando relacionamos os clculos com um assunto que esteja relacionado com o dia-a-dia, segundo DAmbrsio (1996):
No ensino da matemtica destacam-se aspectos bsicos como relacionar observaes do mundo real com representaes (esquemas, tabelas), por isso a aprendizagem em matemtica est ligada compreenso.
Ou seja, entender o real significado do que se esta calculando deve ser um alvo a ser atingido pelo aluno. Para tanto o professor pode fazer uso das conexes entre a disciplina e o cotidiano nos seus diferentes temas. A escola necessita formar cidados com raciocnio matemtico. Neste ponto a educao muitas vezes falha, temos cada vez mais pessoas sem interesse em aprender e professores cada vez menos qualificados para o exerccio docente. Campos e Coll (Apud Nunes, 1997, p. 191) afirmam que:
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O mtodo de ensino (...) simplesmente encoraja os alunos a empregar um tipo de procedimento de contagem dupla ou seja, contar o nmero total de partes e ento as partes pintadas sem entender o significado desse novo tipo de nmero.
No a toa que fraes um assunto problemtico em todas as etapas da vida acadmica do aluno, pois falta-lhe incentivo ao contedo, nada lhe dito que este conhecimento pode ajud-lo mais tarde na sua vida profissional, ou mesmo na sua vida pessoal. Estamos acostumados a ver fraes na escola dividindo pizzas, ou repartindo bolo. Falta ao aluno uma viso mais ampla do tema, e ao professor falta conhecimento para o uso de novas metodologias.
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Concluso
Fica evidente que o raciocnio deve ser priorizado, tentando ao mximo evitar o ensino mecanizado, evitando regras sem explicaes. Ao raciocinar sobre fraes se aprende muito mais do que decorando regras para a prova. A preocupao em alcanar a nota suficiente para ficar na mdia, ou acima dela, atrapalha o aluno em sua tentativa de raciocinar sobre qualquer assunto relacionado matemtica. A maioria dos alunos enxerga a matemtica como um bicho de sete cabeas, e as fraes pode ser comparada a uma dessas cabeas, talvez uma das maiores. Est nas mos, e competncia, do professor quebrar esta imagem to difundida no meio acadmico. Quando se adquire a capacidade de pensar matematicamente, a resoluo de problemas com fraes pode ser bastante simples, clculos considerados difceis podem ser facilitados. Quando o professor fornece ao aluno a oportunidade de desenvolver seu raciocnio, instruindo-o, dando liberdade para que descubra outras maneiras de resolver o mesmo problema e ajudando-o a aperfeioar seu raciocnio ele est contribuindo para alavancar o processo de aprimoramento do pensamento matemtico deste aluno. O assunto fraes que estudamos ao longo dos anos de formao bsica, pode ser de grande utilidade ao futuro cidado no exerccio dos seus direitos, em sua vida profissional, e por que no at mesmo na pessoal. Pois at mesmo na hora de seguir uma receita de bolo exige-se conhecimento do assunto, talvez algum j tenha presenciado uma pessoa com dificuldades em descobrir quanto 3/4 de uma xcara de leite, por exemplo. Por esses e tantos outros motivos o tema fraes deve ser trabalhado e desenvolvido at que o professor esteja convicto que o aluno o entendeu, ou tem capacidade de seguir o caminho sozinho, e quando algum problema surgir ter condies de resolv-lo. A complexidade do assunto somado ao momento em que se inicia o processo de ensino das fraes aos alunos deve ser levada em considerao, visto que a capacidade mental em cada indivduo se desenvolve de forma distinta. Deve-se respeitar a idade e condio do aluno em aprender. O uso do contexto social nas questes propostas pelo professor pode ser de grande valia, visto que pode permitir aos alunos recorrer a conhecimentos extra-escolares como apoio para analisar os resultados, ao mesmo tempo em que ser fonte de outros problemas e o incio da sistematizao de novas relaes. Mas ser necessrio promover Fraes no dia-a-dia 8
um salto desse uso intuitivo e informal, aprofundando sempre a anlise de tais conceitos. medida que novos conceitos so passados cabe ao professor relembrar conceitos anteriores que serviram de base para este novo contedo, seguindo uma forma de ensino em espiral. Desta forma, revendo contedos, o professor pode vir a sentir a necessidade de reforo em algum desses contedos, e caso seja necessrio no ser to trabalhoso rever tal contedo. Pode ser difcil imaginar um mundo perfeito, em que o aluno esteja disposto a aprender tudo o que lhe transmitido, e que o professor tem todas as ferramentas para ajud-lo. Mas esse ideal deve ser buscado sempre, deve-se acreditar que o aluno est realmente interessado em aprender, e que nunca o professor detm todo o conhecimento, devendo este buscar condies de ser o guia do aluno ao longo de sua formao, atuando como algum capaz de mediar um processo de ensino-aprendizagem que seja capaz de permitir que o aluno passe a pensar matematicamente e que este conhecimento possa alcanar um nvel significativo a ponto de ajudar na formao intelectual e no carter do futuro cidado.
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Bibliografia:
1. DAMBROSIO, Nicolau e Ubiratan. Matemtica Comercial e Financeira. Ed. Atlas, 1998. 2. NUNES, T.; BRYANT, P. Crianas fazendo matemtica, Porto Alegre, 1997. 3. JESS, L. C., Fraes em um livro didtico na 5 e 6 sries: Uma aproximao atravs da histria da Matemtica. Dissertao de Mestrado em Educao Matemtica da Universidade Federal do Paran, 2004. 4. Santos, V. F. dos, Fraes: Histria e Contexto Escolar. Pesquisa resultante do Trabalho Interdisciplinar: Fraes: Histria e Contexto Escolar. Universidade Anhembi Morumbi 5. vila, G. UFG: Fazendo contas sem calculadora. Revista do professor de Matemtica 29, 1995.
Site consultado:
1. www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/48-2.pdf. Acessado em 28/07/2011. 2. http://www.sbempaulista.org.br/epem/anais/Comunicacoes_Orais/co0017.doc. Acessado em 28/02/2011. 3. http://revistaescola.abril.com.br/matematica/fundamentos/fracoes-428503.shtml. Acessado em 28/10/2011.