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EPIDEMIOLOGIA GERAL

CONCEITO DE SAÚDE / DOENÇA

Os conceitos existentes de saúde são muito elásticos, e vamos citar alguns:


• “Saúde é a ausência de doença ou incapacidade”;
• “Saúde é um estado de completo bem estar físico, mental e social, e não apenas au-
sência de doença ou enfermidade” OMS,1948;
• “Saúde é um estado de completo bem estar físico, mental, social, e capacidade de le-
var uma vida social e economicamente produtiva, não apenas ausência de doença ou
enfermidade” ; acréscimo (sublinhado) de Mahler,1981;
• “ A saúde não deve ser considerada um estado de bem-estar conseguido através da
completa eliminação da doença, mas como um modus vivendi que permite a homens
imperfeitos ter uma vida compensatória e não demasiado difícil apesar de viver num
mundo imperfeito” Dubos,1968;
Todavia, tanto a saúde física como mental, são ainda medidas principalmente a-
través de seu oposto, a doença e a morte. É mais fácil definir e avaliar a doença, a inca-
pacidade e a morte, do que definir saúde.

EPIDEMIOLOGIA

• DEFINIÇÃO

• O estudo da distribuição e fatores determinantes das doenças e lesões na popu-


lação humana.
• Contribuição, segundo Frost em 1936:
“ A Epidemiologia, num dado momento, é alguma coisa mais do que a soma dos
fatos que se estabeleceram. Ela inclui o seu arranjo ordenado em cadeias de con-
clusões que se prolongam, mais ou menos, para além dos limites de observação
direta. Algumas destas cadeias, estabelecidas com correção e verdade, conduzem
para a investigação para os fatos do futuro; outras, mal construídas, bloqueiam o
processo ”.
• Apesar de se ter definido Epidemiologia em termos de doença, a sua preocu-
pação central é a conservação da saúde através da prevenção da doença.

• OBJETIVOS

O conhecimento sobre saúde emerge em 3 grandes categorias:


1. Ciências básicas (Fisiologia, anatomia, etc.);
2. Ciências clínicas (Neonatologia, Obstetrícia,etc.);
3. Medicina populacional (Medicina comunitária, Medicina preventiva, Medicina
social ou saúde pública).
As 3 classes anteriores são estreitamente relacionadas.
Diferenças principais:
• Nas medicinas clínicas centram-se na assistência médica ao indivíduo;
• E nas Medicinas populacionais a comunidade substitui o doente indivi-
dual como foco de preocupação principal.
• “ A principal função do epidemiologista é descobrir, dentro de uma população,
grupos com taxas elevadas ou baixas de doença, de forma que possam ser de-
terminadas as causas da doença ou da ausência da doença... A maior promessa
deste método consiste em relacionar a doença com as formas de vida dos dife-
rentes grupos e, ao fazer isto, descobrir ‘causas’ de doença acerca das quais
possamos fazer alguma coisa...A grande vantagem desta maneira de abordar a
prevenção, é a de esta poder ser aplicável nas fases iniciais do nosso conheci-
mento das doenças para quebrar o esquema de causalidade, antes de acontecer
a natureza íntima das doenças. Fatos suficientes para isto podem ser estabele-
cidos apenas com métodos epidemiológicos ou combinando-os com outros.
Podem então surgir a oportunidade de lidar com uma ‘causa’ ou várias combi-
nações de causas...”

• METODOLOGIA

Diferença entre Epidemia / Endemia:


• Uma endemia é definida como “ A presença constante de uma doença ou agen-
te infeccioso dentro de uma dada área geográfica... ou a prevalência habitual
de uma dada doença dentro de tal área”;
• Uma epidemia já define-se como “ A ocorrência numa comunidade ou região
de um grupo de afecções ... da mesma natureza, nitidamente em excesso do
que seria normal esperar”. Benenson,1980.
Significado amplo:
• Pode incluir todo tipo de doença ou lesão até não infecciosa;
• Não há regra para o n.º de casos necessários, uma epidemia existe sempre que
o n.º de casos excede o esperado;
• Não há padrão de extensão geográfica; pode ser desde quarteirões até uma dis-
tribuição mundial (pandemia);
• Pode abranger qualquer período de tempo: horas, semanas ou anos.
È óbvio que se uma doença mantém-se epidêmica por vários anos pode ser
considerada endêmica.
Classificação das doenças
Ao estudar-se a doença como um fenômeno populacional, classificam-se
os indivíduos como “sãos” ou “doentes”.
A natureza dos agrupamentos e a determinação das causas de doença de-
pende dos conceitos de saúde e doença das diversas culturas.
É importante não considerar-se cegamente pela especifidade de uma asso-
ciação ao encarar um fator isolado como o agente da doença.
As origens das doenças são complexas e é preciso usar um modelo ecoló-
gico para que possamos desenvolver idéias sobre causalidade e prevenção.
Causalidade múltipla da doença
Quando determinado fator tem de estar presente (condição si ne qua non),
é denominado agente da doença. Exemplos:
• Vírus da gripe;
• Chumbo;
• Asbesto;
• Sílica;
• Radiações ionizantes;
• Privação materna.
Numa visão ecológica, um agente é considerado uma causa necessária mas
não suficiente, para a doença desenvolver-se deve haver condições favoráveis.
Fatores intrínsecos e extrínsecos
Os fatores que podem desenvolver a doença podem ser:
• Fatores do hospedeiro (intrínsecos);
• Fatores do ambiente (extrínsecos), biológicos, sociais e físicos.
Inter-relação de fatores (modelos ecológicos)
Triângulo epidemiológico: Hospedeiro / Ambiente / Agente.
Os conceitos etiológicos e o combate a doença
• O caráter multifatorial da doença tem sua importância na prevenção e comba-
te;
• O reconhecimento da causalidade multifatorial criou a consciência de que os
estudos etiológicos devem abranger múltiplos fatores de risco e suas intera-
ções;
• Isto quer dizer que o estudo epidemiológico da maioria das doenças crônicas é
forçosamente complexo no planejamento, na análise estatística e na interpreta-
ção.
A HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA:
NÍVEIS DE PREVENÇÃO DAS DOENÇAS

Definição: Por “História Natural” entenda-se a evolução, ao longo do tempo,


de uma doença não afetada pelo tratamento.
Tal como as “sete idades” do homem, uma doença crônica pode ser considerada
como estendendo-se no tempo através de uma seqüência de fases.
Como cada doença tem sua história natural própria, qualquer formulação geral é
forçosamente arbitrária.
Os estados das doenças:
•Estado de suscetibilidade: A doença ainda não desenvolveu-se, mas o “terreno”
está propício pela presença de fatores que favorecem sua ocorrência. Fatores de risco:
•Fatores de risco são aqueles cuja presença está associada a uma maior
chance da doença desenvolver-se (não quer dizer que todos os indivíduos com a
presença deles vão desenvolver a doença, nem que a ausência deles garanta que a
ausência não se desenvolverá).
•Estado de doença pré-sintomática: Não há doença manifesta, mas com a intera-
ção de fatores patogênicos, há alterações abaixo do “horizonte clínico”.
•Estado de doença clínica: Neste estado já se verificaram suficientes alterações
orgânicas para produzir sinais ou sintomas evidentes de doença. É importante,
sempre que necessário, subdividir este estado, para melhor tratamento de doen-
tes e para efeito de estudo epidemiológico. Há várias bases de classificação con-
forme a doença, podendo ter como base subdivisão de ordem morfológica, ou
considerações de ordem funcional ou terapêutica.
•Estado de incapacidade: Ainda que a incapacidade possa ser definida de vários
modos, nos inquéritos comunitários ela significa habitualmente qualquer limita-
ção da atividade de uma pessoa. O n.º de incapacidades prolongadas associadas
a doenças crônicas é mais importante para a sociedade do que as por afecções
agudas.

NÍVEIS DE PREVENÇÃO:
O objetivo é antecipar o nível de detecção e intervenção sobre os precursores e
fatores de risco da doença. Colocando a medicina preventiva em destaque contra a cu-
rativa.
Conceitos de prevenção: Significa inibir o desenvolvimento de uma doença antes
que ela ocorra.
O significado foi alargado para incluir medidas que interrompam ou atrasem o
progresso da doença.
Tipos de prevenção:
1. Prevenção primária: (Aplicável no estado de suscetibilidade) é a prevenção da
doença através da alteração da susceptibilidade ou da redução da exposição
dos indivíduos susceptíveis;
2. Prevenção secundária: (Aplicada no início da doença, isto é, nos estados pré-
clínico e clínico) é a detecção e tratamento precoce da doença;
3. Prevenção terciária: (Indicada para o estado de doença avançada ou incapaci-
dade) é a diminuição da incapacidade resultante da doença e as tentativas para
restabelecer uma função eficaz.
TEORIAS DE POPULAÇÃO:
ASPECTOS HISTÓRICOS E IDEOLÓGICOS

FATORES DA DINÂMICA POPULACIONAL: O conhecimento da complexa


interdependência existente entre as características demográficas duma população e o
seu estado de saúde e necessidades é essencial para aqueles que tem a responsabilidade
de organizar os serviços de saúde.
Uma população se mede através de um censo.
A população de qualquer região é determinada por 3 variáveis:
• Nascimentos (Fertilidade);
• Mortes (Mortalidade);
• Migração (Emigração, Imigração, Migração Interna).
O balanço dos 3 fatores acima determina se uma população diminui, aumenta ou
estaciona.
• Crescimento natural: É a relação entre os nascimentos e as mortes.
• Crescimento total: Quando se junta ao crescimento natural o saldo lí-
quido da migração.
1. Fertilidade: Uma fertilidade descontrolada repercute-se desfavoravelmente sobre a
saúde econômica, física e psicológica das populações e unidades familiares, princi-
palmente classes pobres. Medida de fertilidade é a taxa de fecundidade geral:

Taxa geral de N.º de natos vivos numa área durante o ano X 1000
fecundidade População a meio do ano de mulheres com 14-
= 44 (ou 14-49) anos na mesma área e mesmo
ano

Taxa de fecundidade específica por idade:

Taxa de fecundi- N.º de natos-vivos em mulheres com 15-19 X 1000


dade anual das anos, numa região durante o ano
mulheres com 15- População a meio do ano de mulheres com
19 anos = 15-19 anos na mesma região e no mesmo
ano

Estas taxas são chamadas de medidas periódicas de fertilidade.


Outra maneira de encarar a fertilidade é descrever a fertilidade de uma coorte de
mulheres até uma certa idade ou durante a vida reprodutora.

Taxa de fertilidade total (TFT):

TFT = 5 X f(15-19) + f(20-24) ... + f(45-49)


1000

A relação entre medidas de fertilidade periódicas e de coorte é complexa (Guerras, cri-


ses econômicas, podem afetar)
2. Migração
É definida como uma mudança de residência com travessia de qualquer divisa ou
fronteira oficial.
O problema de uma contagem correta de pessoas é devido os tipos de movimen-
tos populacionais dentro e fora do país:
• Trabalhadores migratórios (agricultura, caça, pesca, extrativismo, garimpo,
construção civil, etc...);
• Famílias de militares;
• Famílias de policiais;
• Famílias de funcionários públicos estaduais e federais;
• Estudantes secundaristas, universitários, etc.;
• Vagabundos não tem residência;
• Comunidades silvícolas pouco conhecidas ou desconhecidas.
3. Estimativas da população
São gráficos hipotéticos lançados sobre hipóteses de alterações ou não dos índi-
ces de Mortalidade, Fertilidade e Migração.

4. Pirâmides populacionais: Composição das populações por sexo e idade

O efeito dos 3 fatores (índices de Mortalidade, Fertilidade e Migração), pode ser


representado pictorialmente como uma pirâmide populacional.
Razão de dependência : descreve a relação entre as populações potencialmente
auto-suficientes e as frações dependentes nos 2 extremos da faixa etária.
Razão de de- população < 20 anos + população > 65 anos X 100
pendência = população com 20 a 64 anos

5. População Mundial
Thomas Malthus considerou que “a produção de comida apenas pode crescer a-
ritmeticamente enquanto que a população crescia geometricamente”.
A sua visão básica do desfasamento entre recursos e população está correta.
O fator mais importante para o recente aumento da população mundial tem sido o
declínio de taxas de mortalidade, especialmente na infância.

6. Transição demográfica
É a expressão usada para descrever as principais evoluções demográficas nos úl-
timos 2 séculos. Caracteriza-se por diminuição dos índices de natalidade e mortalidade.

7. Momentum populacional
O período no qual as tendências verificadas no passado repercutirão no futuro
apresentando grande importância.

8. Conseqüências de estado demográfico


• Idade da pestilência e da fome;
• Idade do recuo das epidemias;
• Era das doenças degenerativas e auto provocadas.
INTERPPRETAÇÃO DOS INDICADORES DE SAÚDE MAIS
UTILIZADOS

1. Medição de Morbilidade e Mortalidade:


Em Epidemiologia, as taxas são mais importantes para medir doenças, mas usam-
se também razões e proporções.
• Uma razão exprime a relação entre dois números como a / b ou a x K.
b
• Uma proporção é um tipo específico de razão, na qual o numerador está incluído no
denominador e o resultado é expresso em percentagem. P. ex.:
Nascimentos masculinos = X X/Y=Z%
Nascimentos masculinos + Nascimentos femininos =Y

• Uma taxa é uma forma especial de proporção que inclui a especifidade no tempo; é a
medida básica de ocorrência da doença, porque é a medida que mais claramente ex-
prime a probabilidade ou risco de doença numa população determinada e num espaço
de tempo definido; são assim determinadas:
N.º de acontecimentos num dado espaço de tempo X K
População em risco durante este espaço de tempo

2. Taxas de incidência e prevalência

• As taxas de incidência medem a probabilidade de que as pessoas saudáveis adquiram


determinada doença num período de tempo especificado.
Taxa de incidência N.º de casos novos duma doença X Certo período
=
população em risco de tempo
*Taxa de ataque: Quando o período de estudo abarca completamente uma epidemia, a
taxa de incidência chama-se Taxa de ataque. P. Ex.:
Ao analisar um surto de intoxicação alimentar, A taxa de ataque dos que igeriram um
certo alimento é comparada com as que não o ingeriram.

• As taxas de prevalência medem o n.º de certa população que, num determinado mo-
mento, tem uma certa doença.
Taxa de prevalência N.º casos de doenças existentes X Em momento
=
população total determinado

• A Incidência diz-nos a que taxa ocorrem novas doenças num grupo de indivíduos
sãos.
• A Prevalência mede a probabilidade de haver pessoas a sofrer da doença num dado
momento (Designada por Prevalência pontual). Depende de 2 fatores:
• O n.º de pessoas que adoeceram anteriormente (isto é, a incidência anterior);
• A duração das respectivas enfermidades.
• Relação entre Prevalência (P) e Incidência (I) versus doença (D):
P~I x D

Se a Incidência e a duração forem ambas estáveis durante um longo período de tempo


então a fórmula anterior torna-se:

P=IxD

2.1 Incidências: Algumas Considerações

• Conhecimento do estado de saúde da população estudada;


• Data do início;
• Especificação do numerador : n.º de pessoas ou n.º de condições;
• Especificação do denominador ( tem de representar uma população concreta) , em
taxas anuais considera-se o meio do ano;
• Períodos de observação: As taxas de incidência devem ser sempre definidas em ter-
mos de um período de tempo determinado (é habitualmente um ano, mas pode vari-
ar); Em grandes populações é comum calcular-se a taxa anual média da seguinte
forma:
N.º novos casos duma doença num período X 1
População risco ponto médio do período N.º de anos desse período
* O Denominador pessoas tempo pode ser utilizado quando ocorrerem períodos de ob-
servação desiguais.

2.2 Prevalência: de momento ou de período

Há 2 tipos de taxas de prevalência, de momento (ou pontual) e de período.

De momento N.º casos duma doença existente num determinado


=
População total momento
* Alguns epidemiologistas consideram a taxa acima uma razão

De período = N.º casos duma doença existente num período ou


População média intervalo de tempo
* É a preferível

2.3 Utilização da Incidência e da Prevalência


• Prevalência:
• Útil sobretudo nas doenças crônicas, para calcular o trabalho necessário, pois
ela é um instrumento útil para o planejamento das necessidades em instalações
e mão-de-obra;
• No combate à doença é necessário informações sobre os fatores que provocam
a cronicidade ou recaída, uma vez instalada a doença;
• Na falta de dados necessários para o cálculo da incidência, as taxas de preva-
lência podem ser usadas para calcular a importância da doença numa popula-
ção;
• A determinação periódica da prevalência de momento é útil para seguir a pista
de modificações no padrão da doença ao longo do tempo.
• Incidência:
• São o instrumento fundamental dos estudos etiológicos, por serem indicadores
diretos do risco de doença, seja nas:
• Doenças agudas;
• Doenças crônicas.
• Dão uma medida direta da velocidade com que os indivíduos de uma determi-
nada população desenvolvem a doença;
• E portanto fornecem uma base para conclusões sobre a probabilidade ou risco
de doença.

3. Taxas Brutas (ou Gerais), Específicas e Ajustadas


Qualquer taxa pode ser expressa:
• Em relação a uma população total (Taxas Brutas ou Ajustadas);
• Ou a uma fração duma população (Taxas específicas).

3.1 Taxas Brutas (ou Gerais) :

São taxas sintéticas, baseadas no n.º de acontecimentos existentes numa popula-


ção total durante um dado período de tempo. Duas Taxas brutas são largamente utiliza-
das, a taxa de natalidade geral e a taxa de mortalidade geral:

Taxa de natalidade geral = N.º de nascimentos vivos entre os X 1000


residentes de uma área durante um
ano civil
População média desta área nesse
ano (1º de julho)

Taxa de mortalidade geral N.º de mortes entre os residentes X 1000


= de uma área durante um ano civil
População média desta área nesse
ano (1º de julho)

3.2 Taxas específicas


Para compreender os aspectos epidemiológicos das doenças e a dinâmica das po-
pulações, são necessárias taxas específicas detalhadas para a idade e outros componen-
tes demográficos, como sexo e raça. Exemplo:
N.º de mortes entre os residen-
tes de 25-34 anos numa área
Taxa de mortalidade durante um ano civil X 1000
específica etária(25-34)= População média de 25-34 a- (ou 100.000)
nos, desta área, nesse ano (1º de
julho)
3.3 Taxas Ajustadas
A taxa ajustada ou padronizada é uma taxa sintética que não tem as limitações
das taxas brutas.
A idade é a variável que mais freqüentemente necessita de ajustamento, por cau-
sa do seu marcado efeito sobre a morbilidade e mortalidade.
Há basicamente dois métodos para remover os efeitos de composição duma po-
pulação:
• Método direto, As taxas específicas etárias observadas em duas ou mais populações
são aplicadas a uma população escolhida cuja estrutura etária é conhecida e designa-
se por “população padrão”;
• Método indireto, usado para comparar duas populações cujas taxas específicas não
são conhecidas, ou se o forem, são excessivamente variáveis por referirem-se a gru-
pos pequenos; aí as taxas mais estáveis da população maior são aplicadas ao grupo
mais pequeno. Exemplos:

Índice comparativo de mortalidade Mortes observadas


=
Mortes esperadas

Índice comparativo de morbilidade Doenças observadas


=
Doenças esperadas

Vantagens e desvantagens das taxas brutas, específicas e ajustadas

Vantagens Desvantagens
Taxas Brutas Taxas sintéticas atuais. As diferenças das taxas
Cálculo fácil para compa- brutas são difíceis de in-
rações internacionais (lar- terpretar devido as varia-
gamente usadas apesar das ções de composição popu-
limitações) lacional (idade,raça,etc.)
Taxas Específi- Subgrupos homogêneos. Trabalhosas se quer se
cas Taxas detalhadas, úteis comparar muitos subgru-
para fins epidemiológicos pos de duas ou mais popu-
e de saúde pública lações.
Taxas Ajustadas Afirmações condensadas. Taxas fictícias. O valor
As diferenças nos grupos absoluto depende da po-
são “removidas”, o que pulação padrão escolhida.
permite comparações sem Mascaram as tendências
desvios. opostas existentes nos
grupos.

Principais fontes de erros na medição das doenças

• Devido ao acaso (aleatórios); P. Ex. Flutuação a volta de um valor verdadeiro devido


a variabilidade das amostras.
• Sistemáticos (desvios); P. Ex. aparelhos desajustados, etc.:
• Uso de amostras não randomizadas da população a estudar;
• Não participação de membros do grupo objeto;
• Variação do observador;
• Diferentes padrões de resposta;
• Variação na percepção da doença (Comportamento perante a doença);
• Variação na acessibilidade dos recursos terapêuticos.
LEVANTAMENTO DE DADOS, CENSO E ESTIMATIVAS
DE POPULAÇÃO

Existem numerosas fontes de dados sobre a morbilidade e a mortalidade numa


comunidade, cada uma com vantagens e limitações.
Indicaremos as mais importantes fontes de dados e os indicadores de saúde que
delas derivam.

1. O CENSO
Definição: Deriva da palavra latina “para calcular e fixar” .
Planejamento & programação em saúde dependem:
• Do tamanho e composição de uma população;
• Das forças que determinam estas variáveis;
• E das modificações previstas para o futuro.
Os dados do censo são indispensáveis para uma descrição rigorosa do estado de
saúde de uma população, pois eles constituem a principal origem dos denominadores
das taxas de morbilidade e mortalidade.
Há dois métodos de censo:
• De fato: Localização no momento do censo;
• De jure: Local de residência habitual (Usado nos EUA).

2. ESTATÍSTICAS VITAIS
São os dados obtidos por todos os “acontecimentos vitais”:
• Nascimentos; • Mortes fetais; • Separações judi-
• Adoções; • Casamentos; ciais;
• Mortes; • Divórcios; • Anulações.

Serão discutidos registros que os médicos estão mais relacionados:


• Certidões de óbito;
• Certidões de nascimento;
• Certidões de morte fetal.
Os estudos epidemiológicos baseiam-se freqüentemente em dados de
mortalidade.
Certidões de óbito: É tão importante para estudos epidemiológicos
que merece algumas considerações particulares. Fornecem:
• N.º de óbitos;
• Características dos falecidos:
• Idade;
• Sexo;
• Raça;
• Ocupação Habitual;
• Situações que levaram a morte.
Atualmente, só 15% de falecimentos é seguido de autópsia nos
EUA.
Exames médico-legais: Se a morte for devida a:
• Acidente;
• Suspeitas de suicídio ou homicídio;
• ou se não houve assistência médica.
Nos 3 casos acima, um médico particular não pode passar a certidão
de óbito (No Brasil isto é feito por cartório baseado no atestado de óbito)
sem passar por um médico-legista.
Declaração da causa de morte: A mais importante informação do médico
é a declaração da causa de morte no atestado de óbito, em CID 10 e por ex-
tenso, podendo colocar mais causas ou condições significativas (iniciou-se
isto em 1949).
Certidão de nascimento: No Brasil é feita em cartório com simples decla-
ração hospitalar, nos EUA deve passar pelo crivo de um médico que anexa
dados como:
• Raça;
• Educação dos pais;
• Gravidezes anteriores da mãe;
• Mês gestacional que iniciaram-se os cuidados pré-natais;
• N.º total de consultas pré-natais;
• Data do último parto com nato-vivo;
• Data da última gravidez com morte fetal;
• Peso e tamanho ao nascer;
• Complicações da gravidez e parto;
• Anomalias congênitas.
Certidão de óbito fetal: No Brasil é feita em cartório, após confecção do
atestado de óbito.

DADOS DE MORBILIDADE
CDC (Atlanta-EUA)

DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA


Variam de ano para ano, conforme determinação da OMS, Ministé-
rio da Saúde e Secretarias de Saúde estaduais.
Infelizmente, mesmo em países desenvolvidos, é freqüentemente ne-
gligenciada.

OUTRAS ESTATÍSTICAS DE MORBILIDADE


Além das doenças de notificação compulsória, pode-se lançar mão
de:
• Arquivos Hospitalares;
• Sistemas de Seguro-Saúde;
• Médicos particulares;
• Registros de doenças;
• Inquéritos de morbilidade;
• Inquéritos ligados a estatísticas vitais;
• Arquivos de dados associados.

INDICADORES IMPORTANTES DE SAÚDE

Taxas cujos denominadores são a população em geral

Natalidade geral N.º de nascidos vivos durante o ano X 1000


=
População média a meio do ano Habitan-
tes

Mortalidade geral = N.º de mortes durante o ano X 1000


População média a meio do ano Habitantes

N.º de mortes entre pessoas de um


Mortalidade específica dado grupo etário durante um ano X 1000
por idade = População média a meio do ano no Habitantes
mesmo grupo etário

N.º de mortes por determinada causa


Mortalidade específica durante um ano X 1000
por causa = População média a meio do ano Habitantes

Taxas e razões cujos denominadores são natos-vivos

N.º de mortes, durante 1 ano, de cri-


Mortalidade infantil = anças com menos de 1 ano de idade X 1000
N.º de natos-vivos no mesmo ano Nato-vivos
N.º de mortes, durante 1 ano, de cri-
Mortalidade neonatal anças com menos de 28 dias de ida- X 1000
= de
N.º de natos-vivos no mesmo ano Nato-vivos

Razão de Mortalidade N.º de mortes fetais durante 1 ano X 1000


Fetal = N.º de natos-vivos no mesmo ano Nato-vivos
N.º de mortes por causas puerperais X 1000
Mortalidade Materna durante 1 ano
Puerperal = N.º de natos-vivos no mesmo ano Nato-vivos

Taxas cujos denominadores são natos-vivos e mortes fetais

Mortalidade Fetal = N.º de mortes fetais durante 1 ano X 1000


N.º de natos-vivos e mortes fetais Nato-vivos e
no mesmo ano mortes fetais

N.º de mortes fetais de 28 semanas X 1000


ou mais e natos-vivos com menos
Mortalidade de 7 dias de idade num 1 ano
Peri-natal = N.º de natos-vivos e mortes fetais Nato-vivos e
com 28 semanas ou mais no mes- mortes fetais
mo ano

INDICES ESPECÍFICOS POR CAUSA


A Taxa de mortalidade específica por causa, é o índice epidemioló-
gico mais importante que dispomos.

Razão de Mortalidade proporcional (RMP) : Freqüentemente con-


fundida com a taxa de mortalidade específica por causa.
Esta RMP diz-nos qual a importância relativa de determinada causa
de morte em relação à totalidade das mortes num grupo populacional

N.º de mortes por determinada causa num período


RMP= de tempo específico por 100 (%)
N.º total de mortes no mesmo período

*A RMP é definida de forma diferente nos estudos de epidemiologia ocu-


pacional.
*RMP não é uma taxa pois o denominador é constituído de mortes e não
população em risco.
*Do ponto de vista de saúde pública a RMP é útil porque permite calcular
a proporção de vidas que se podem salvar pela erradicação ou redução de
uma dada causa de morte.
MORTALIDADE FETAL E PERI-NATAL
Nato-vivo: Um parto com nato vivo é a expulsão ou extração de um
produto de concepção, independente da duração da gravidez, que após a
separação apresenta qualquer sinal de vida.
Morte fetal: è a morte antes da completa expulsão ou extração da
mãe, independente da duração da gravidez.

MORTALIDADE MATERNA
É uma medida que reflete não só os cuidados obstétricos mas o ní-
vel sócio-econômico. È de cerca de 1% da taxa de mortalidade infantil.

ESPERANÇA DE VIDA
É o n.º médio de anos que um indivíduo pode esperar viver, é uma
importante medida sintética para a comparação de taxas de mortalidade
dentro de um país ou entre países ao longo do tempo.
Tem aplicação prática para efeitos de seguro de vida.

MEDIÇÃO DA INCAPACIDADE
• Para efeitos de seguros, incapacidade pode ser normalmente defi-
nida como a impossibilidade de obter um emprego remunerado;
• Uma redução temporária ou prolongada da atividade de uma pes-
soa, em resultado de uma afecção aguda ou crônica. Define-se en-
tão 3 medidas da incapacidade:
• Dia de atividade restrita: Aquele em que uma pessoa reduz
a sua atividade habitual por força de uma doença ou trau-
matismo.
• Dias de perda de trabalho: Aquele em que uma pes-
soa perdeu um dia completo de trabalho por força de
uma doença ou traumatismo.
• Dia de incapacidade no leito: Aquele em que uma
pessoa permanece na cama toda ou maior parte do
dia. Os dias de Hospital são classificados como dia
de incapacidade no leito mesmo se a pessoa estiver
acamada.
EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA:
PESSOAS, LUGAR E TEMPO

Os Estudos epidemiológicos dividem-se em duas grandes categorias:


1. Epidemiologia descritiva: É o estudo da quantidade e distribuição das
doenças numa comunidade, segundo as pessoas, o lugar e o tempo.
2. Epidemiologia analítica: É o estudo mais concreto dos determinantes da
doença ou razões que explicam sua freqüência, relativamente elevada ou
baixa, em grupos específicos.

Para descrever (Epidemiologia descritiva) completamente a ocorrên-


cia de uma doença, torna-se necessário responder as seguintes perguntas:
• Quem é atingido? (Pessoas);
• Onde apareceram os casos? (Lugar);
• Quando apareceram os casos? (Tempo).

PESSOAS
Nos estudos epidemiológicos é quase rotina especificar 3 caracterís-
ticas de qualquer pessoa:
• Idade: É a determinante mais importante entre as variáveis pessoais; As
taxas de mortalidade e morbilidade dependem desta variável.
• Sexo: As taxas de mortalidade são mais altas nos homens, e as de morbi-
lidade nas mulheres (visitam mais o médico, 5,2 versus 4,0 por pessoa
ao ano);
• Grupo Étnico & Raça: Câncer de colo uterino mais comum em negras e
de mama em brancas, P. Ex.
• Classe Social: Por razões de ordem prática, nos estudos epidemiológicos
é freqüente utilizar a ocupação como medida do estado sócio-
econômico.P. Ex. há uma forte concentração de esquizofrenias nas clas-
ses mais baixas das comunidades urbanas.
• Ocupação: As experiências relacionadas com ocupação possam exercer
profundo efeito sobre a saúde e modificar taxas de mortalidade e morbi-
lidade. Variedades de exposições: Condições físicas desfavoráveis (ca-
lor, frio, variações de pressão atmosférica), substâncias químicas, baru-
lho, stress ocupacional.
• Exemplos :
• Úlcera péptica, hipertensão e diabetes maiores controlado-
res aéreos que em grupos testemunha.
• Doença coronária mais baixa em cobradores do que moto-
ristas devido maior atividade física dos primeiros.
• Estado civil: P. Ex. Menor risco de câncer de mama quando 1ª gravidez
é precoce.
• Variáveis familiares:
• Dimensão da família;
• Ordem de nascimento;
• Idade da mãe;
• Privação de progenitores.
• Outras variáveis pessoais:
• Grupos Sangüíneos:
• Grupo Sangüíneo “A” maior risco de câncer de estômago;
• Grupo Sangüíneo “O” maior risco de úlcera duodenal.
• Exposição ao ambiente
• Personalidade: A X B.

LUGAR
A frequencia das doenças pode ser relacionada com o local de ocor-
rência em termos de áreas definidas, ou por barreiras naturais, como cadei-
as de montanhas, rios ou desertos, ou por fronteiras políticas.
• Limites naturais: Doenças geográficas, P. Ex.:
• Linfoma de Burkitt;
• Esclerose múltipla.
• Subdivisões políticas.
• Mapas de fatores ambientais.
• Diferenças urbano rurais.
• Comparações internacionais.
• Estudo de emigrantes.

TEMPO
O estudo da ocorrência das doenças ao longo do tempo é um aspecto
básico da análise epidemiológica; os anos decenais são particularmente ú-
teis para o cálculo de taxas por contagem do censo e não uma estimativa da
população.
• Tendências seculares: Aplica-se nas variações ocorridas durante longos
períodos como anos ou décadas.
• Variações cíclicas: São alterações nas freqüências das doenças; podem
ser anuais (estacionais), ocorrer de 2 em2, 3 em 3, 6 em 6 anos, etc.
• Aglomerações no tempo e no espaço.
EPIDEMIOLOGIA ANALÍTICA: ASPECTOS GERAIS
CICLO DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

Na epidemiologia descritiva trata-se de 3 variáveis: Pessoas, Lugar e


Tempo. Mas daí surge uma pergunta lógica:
Qual o objetivo final destes esforços de descrição?
É juntamente com:
• O seu valor no planejamento;
• E programação nos serviços de saúde.
1. Que os dados descritivos são um 1º passo para esclarecimento de
causas de doenças, através de identificação de grupos com taxas
altas ou baixas de uma doença específica.
2. Feita esta identificação, é determinado o porquê dessa taxa ser al-
ta ou baixa num grupo particular.
3. Observação de diferenças no surgimento de doenças em diferentes
populações, leva a formulação de hipóteses;
4. Isto é, proposições suscetíveis de verificação;
5. Que serão aceitas ou rejeitadas após novos estudos epidemioló-
gicos.
Esta seqüência de etapas pode ser esquematizada sob forma de um sistema
de retorno ou ciclo de estudos epidemiológicos:
1.Estudos descritivos:
colheita e análise de dados

4. Análise dos resultados


com sugestões de novos
estudos descritivos e hipóteses
2.Construção de
modelos e
formulação de
hipóteses
3. Estudos analíticos para
Verificação das hipóteses.

Em determinações da etiologia, a progressão habitual inicia-se:


1. Pela identificação dos grupos com taxas anormais de doença através de
estudos descritivos;
2. Prossegue com o estudo da associação entre um fator de risco suspeito
e a doença numa população e;
3. Finaliza com o estudo dessa associação em indivíduos com característi-
cas específicas.
Em suma, observações clínicas e análises descritivas conduzem a
formulação de hipóteses. Estas hipóteses são então verificadas, sucessiva-
mente, por:
• Estudos retrospectivos (casos-testemunhas) e, se estes forem positivos,
• Estudos prospectivos (coortes).
São assim:
• identificados os fatores de risco e pode-se
• planejar um inquérito para
• confirmar se a modificação desses fatores é
• seguida por uma redução na importância da doença.

ESTUDOS POR OBSERVAÇÃO E ESTUDOS EXPERIMENTAIS


Há duas maneiras de verificar hipóteses de ordem etiológica:
• Experimental, mais familiar, fornece modelos básicos de investigação
nas outras ciências. O investigador estuda o resultado da variação de al-
guns fatores por ele controlados.
• Observacional, quando as diferenças entre grupos são observadas e a-
nalisadas mas não estabelecidas experimentalmente, isto é, o investiga-
dor não controla os fatores.

ESTUDOS ANALÍTICOS OBSERVACIONAIS:


ESTUDOS RETROSPECTIVOS E PROSPECTIVOS.
A finalidade destes dois tipos de estudos é produzir uma estimativa
válida de uma hipotética relação causa-efeito entre um fator de risco sus-
peito e uma doença. Definições:
• Estudo Retrospectivo: ou estudo “casos-testemunhas” , as pessoas di-
agnosticadas como tendo a doença (casos) são comparadas com as pes-
soas que não tem a doença (testemunhas). O objetivo é determinar se
os dois grupos diferem, na proporção, de pessoas que tivessem expostas
a um ou vários fatores específicos. Chama-se retrospectivo porque
compara os casos e as testemunhas em função de certo elemento no seu
passado.
• Estudo Prospectivo : ou “estudo de grupo de pessoas (coorte)”, ini-
cia-se com um grupo de pessoas todas consideradas livres de uma do-
ença, mas que diferem na sua exposição a um determinado fator. A Co-
orte é seguida ao longo do tempo, procurando determinar diferenças nas
taxas de desenvolvimento dessa doença em relação com a exposição ao
fator.
Diagrama esquemático do fator tempo nos estudos epidemiológicos
Passado retros- Presente pros- Futuro
pectivo pectivo
Procurar uma Selecionar
exposição ante- casos e tes-
rior ao fator de temunhas
risco nos casos retros-
e nas testemu- pectivo
nhas
Selecionar a coorte e Acompanhar para
classificar segundo ex- determinar a fre-
posição ao fator qüência com que a
pros- doença se desen-
pectivo volve
Comparação dos 3 tipos de estudos:
• Retrospectivo;
• Prospectivo;
• Prospectivo histórico.

Passado Presente Futuro


Procurar uma Retrospe- Selecionar casos
exposição ante- pectivo e testemunhas
rior ao fator a
estudar Selecionar a co-
Acompanhar pa-
orte a classificar Prospec-
ra ver se a doen-
segundo a expo- tivo
ça se desenvolve
sição ao fator a
estudar

Identificar uma
A partir de re- coorte definida
gistros exis- no passado
tentes classifi-
car os mem- Prospectivo Determinar se a
bros da coorte Histórico doença se desen-
segundo a ex- volve
posição ao fa- ?
tor a estudar
Estudos retrospectivos
• Casos: São preferíveis casos novos (incidentes) aos prevalentes;
• Testemunhas: A randomização costuma ser a regra na seleção de teste-
munhas específicas;
• O problema das variáveis de confusão:
• Planejar o estudo por emparelhamento; (variáveis mais usadas :
sexo, idade e raça semelhantes)
• Técnicas estatísticas como estratificação ou regressão.

Estudos prospectivos
• Seleção do grupo a estudar ou Coorte: Coorte são pessoas saudáveis
que compartilham uma experiência em comum durante um período de
tempo limitado. Uma coorte ocupacional incluiria P. Ex. todas as pes-
soas empregadas num estaleiro naval num dado período de tempo e por
um mínimo especificado de tempo.
* Os estudos analíticos objetivam determinar se existe associação entre fa-
tor ou exposição e uma doença, e caso positivo, a intensidade desta asso-
ciação.
*Uma importante medida de associação que relaciona as taxas de incidên-
cia da doença em estudo entre os que tem e os que não tem o fator ou ex-
posição, chama-se risco relativo.
Definição: Risco relativo é a relação entre a taxa de incidência nas pessoas
expostas a um fator e a taxa de incidência nas pessoas não expostas:
Risco Relativo Taxa de incidência entre os expostos
=
Taxa de incidência entre os não expostos

Estudos retrospectivos e prospectivos: resumo de vantagens/desvantagens:


Vantagens Desvantagens
Retrospectivos • Relativamente baratos • Informação incompleta
• Menor n.º de indivíduos • Informação com desvios
• Resultados mais rápidos • Problema na seleção de
• Ideal para doenças raras testemunhas e empare-
lhamento de variáveis
• Só fornecem o risco rela-
tivo
Prospectivos • Ausência de desvios no • Possível desvio na atri-
fator buição da doença
• Fornecem taxas de inci- • Necessário um grande n.º
dência e risco relativo de indivíduos
• Podem revelar, secundá- • Longo período de obser-
riamente, associações vação
com doenças adicionais • Problemas de erosão
• Eficientes para estudar • Critérios e métodos alte-
exposições raras ráveis com o tempo
• Muito dispendiosos.

* Num estudo retrospectivo, as taxas de incidência não podem ser deduzi-


das diretamente, porque não há denominadores apropriados (população
em risco).

*O risco relativo pode ser estimado a partir de um estudo retrospectivo se:


• As testemunhas são representativas da população em geral;
• Os casos considerados são representativos de todos os casos;
• A frequência da doença na população é baixa.

A população total pode ser dividida em proporções do seguinte modo:


Doença
Presente Ausente Total
Expostos ao fa- P1 P2 P1 + P2
tor
Não expostos P3 P4 P3 + P4
Total P1 + P3 P2 + P4

a razão das taxas de incidência (risco relativo) será:

__P1__ __P1__
P1 + P2 P1 + P2

A Razão P1 / P3 , ou P1 x P4 , passa a ser razão de probabilidades.


P2 P4 P2 x P3

*Esta análise do risco relativo é aplicada aos estudos prospectivos;


Para os retrospectivos, usa-se P1 x P4
P2 x P3
Estudos retrospectivos
Caso exposto Testemunha exposta (A)
Caso exposto Testemunha não exposta (B)
Caso Não exposto Testemunha exposta ( C )
Caso Não exposto Testemunha não exposta (D)
Estudos prospectivos
Exposto - adoece Não exposto - Adoece (A)
Exposto - adoece Não exposto - Não adoece (B)
Exposto - não adoece Não exposto - Adoece ( C )
Exposto - não adoece Não exposto Não adoece (D)

* Num estudo emparelhado, a unidade de análise é o par de parceiros.


* O risco relativo ou razão de probabilidades nos emparelhamentos é dado
por b
c
*A proporção da doença ocorrendo numa população total atribuível a ex-
posição (risco atribuível populacional ou RAP), é assim:
(incidência na população total) - (incidência no grupo não exposto)
(Incidência na população total)

ESTUDOS PROSPECTIVOS HISTÓRICOS


• Combina vantagens do retrospectivo e prospectivo;
• Idêntico ao prospectivo pois acompanha coortes de indivíduos expostos
e não expostos quanto ao desenvolvimento da doença;
• Porém as coortes são constituídas retrospectivamente com auxílio de
registros existentes que permitem classificar o estado de exposição dos
indivíduos;
• Os indivíduos em estudo são seguidos até o presente, e por vezes no fu-
turo.

Itens necessários para estudos prospectivos históricos

• Ser possível identificar nos arquivos os membros de grupos anterior-


mente existentes;
• Os fatores de interesse tenham sido registrados convenientemente;
• Ser possível obter as informações necessárias acerca dos resultados;

Um estudo prospectivo histórico é essencialmente um estudo longitudinal;


Está mais próximo de um prospectivo do que de um retrospectivo.
ESCOLHA DO MÉTODO DE ESTUDO

Quando se possui poucas informações sobre fatores etiológicos:


1. Estudo retrospectivo para buscar associações;
2. Surgidas evidências, partir para inquérito prospectivo para confirmar li-
gação etiológica.
No conjunto, os estudos prospectivos tem tendência a confirmar as
associações descobertas nos retrospectivos.
Incidência de doença é crucial para escolha do método:
• Doença rara: Retrospectivo;
• Doença comum: Prospectivo.
*Quanto mais curto o intervalo de tempo entre exposição e doença,
melhor é o prospectivo.

ESTUDOS TRANSVERSAIS

Definição: È uma forma adicional de estudo observacional


,denominado estudo transversal (ou inquérito). Neste tipo tanto os fatores
de risco como a doença são interpretados ao mesmo tempo.
Assim, os estudos transversais, se bem que fáceis e de execução rá-
pida, não estabelecem a seqüência temporal dos acontecimentos necessária
para elaborar deduções de causalidade.

PROBLEMAS NA INVESTIGAÇÃO ETIOLÓGICA DAS DOENÇAS

1. Ausência de um agente conhecido: Dificulta o diagnóstico.


2. Natureza multifatorial da etiologia
3. Período de latência longo.
4. Início indefinido.
5. Variação dos efeitos do fator sobre a incidência e o curso da doença.

O CONCEITO DE CAUSALIDADE E FASES DE


ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES CAUSAIS

Suponha-se que demonstrou-se associação estatística entre um fator


e uma doença em grupos semelhantes, ou cujas diferenças foram anuladas
por ajustamento.
Tal associação pode ser de 3 tipos:
• Artificial (ou espúria);
• Indireta (não causal);
• Causal; critérios adicionais:
• Força da associação;
• Relação dose-efeito;
• Constância da associação;
• Associação temporal correta;
• Especificidade da associação;
• Coerência com as informações existentes (Plausibilidade biológi-
ca).

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

É a detecção ativa da doença em indivíduos assintomáticos, aparen-


temente saudáveis.
Situação atual
Auto apresenta- Tratamento das
ção doenças crônicas
DIAGNÓSTICO
Vigilância
Cura

Situação desejável
Auto apresentação Tratamento das
doenças crônicas
DIAGNÓSTICO
Vigilância
Cura

A vigilância de doenças infecciosas define-se como a colheita, orga-


nização e análise regulares de dados referentes aos novos casos diagnosti-
cados de qualquer doença infecciosa, com o objetivo de identificar grupos
de alto risco na população de aprender os mecanismos ou agentes causado-
res da doença e eliminar ou reduzir os riscos de transmissão. Portanto:
• Cada caso deve ser comunicado com prontidão;
• Os dados sobre o doente devem incluir :
• O diagnóstico;
• data de aparecimento dos sintomas;
• Variáveis críticas como:
• Nome;
• Idade;
• Sexo;
• Residência;
• Qual profissional de saúde encaminhou.
A análise regular de tais dados para um grupo de doenças pode permitir:
• A identificação de variações sazonais ao longo do tempo;
• Áreas geográficas de transmissão elevada ou diminuta;
• Grupos de alto risco caracterizados por:
• Idade;
• Sexo;
• Raça;
• Religião;
• Categoria sócio-econômica;
• Doenças profissionais.
As vigilâncias podem ser:
• Vigilância passiva: Remete-se para dados obtidos sem solicitação, inter-
venção ou contato pela unidade de saúde pública responsável pela vigi-
lância.
• Vigilância ativa: É a recolha de dados, durante um período de tempo li-
mitado, por sondagens regulares por parte do pessoal do departamento
de saúde respectivo.

Vigilância em Hospitais: Epidemiologistas hospitalares.

Erradicação de doenças: Raiva, peste e outras zoonoses , possibilidades


muito remotas.
ROTEIRO PARA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DO
NÍVEL DE SAÚDE DE UMA COMUNIDADE

Esta avaliação é feita através de indicadores que medem indiretamente o


nível de saúde, isto é, medem os desvios do estado de saúde e não a saúde
propriamente dita. Esses indicadores referem-se a:
1. Indicadores do nível de saúde da população;
• Baseados na mortalidade:
• Taxa de mortalidade geral;
• Taxas específicas, levando-se em consideração a idade e o
sexo;
• Taxa de mortalidade infantil, fazendo-se a diferenciação en-
tre mortalidade infantil precoce e tardia;
• Razão de mortalidade proporcional, de Swaroop e Uemura.
• Curva de mortalidade proporcional;
• Taxa de mortalidade por doenças transmissíveis e outras
que sejam de registro obrigatório;
• Taxa de mortalidade por doenças degenerativas;
• Taxa de mortalidade por acidentes
• Vida média;
• Principais causas de óbito.
As taxas devem ser multiplicadas por 100 a 100.000
2. Indicadores de condições sanitárias do ambiente;
• Percentagem de população urbana e rural abastecida com água po-
tável;
• Quantidade de água (litros/habitantes/ano) e qualidade química e
microbiana da água de beber;
• Percentagem de população urbana que usa serviços públicos de
rede de esgoto;
• Consumo de leite e produtos básicos;
• Densidade de habitantes por residência, e se possível, por dormi-
tório.
3. Indicadores de recursos e atividades de saúde;
• Gastos em favor da saúde por habitante ao ano;
• N.º de camas de hospital para cada 1000 habitantes;
• N.º de médicos para cada 1000 habitantes;
• Percentagem da população (por idades) imunizadas contra as do-
enças prevalentes, no local, e para as quais dispõe-se de agentes
imunizadores;
• N.º de casos de tuberculose controlados, em relação ao n.º de óbi-
tos por tuberculose;
• Percentagem de óbitos com atenção médica;
• Percentagem de nascimento em hospitais;
• Percentagem de partos atendidos por médico ou parteira;
• N.º de consultas pré-natais e de lactentes em relação aos nascidos
vivos.
4. Indicadores econômico-sociais.
• Renda nacional por habitante, ao ano, e sua distribuição na popu-
lação;
• Relação entre salários e índice do custo de vida;
• Indicadores do alfabetismo e escolaridade nos distintos níveis de
educação;
• Percentagem de população ativa;
• Consumo total de calorias por habitante ao dia.
Indicadores de saúde com a fase do ciclo evolutivo

Fase do ciclo Indicadores de Saúde comunitária


Evolutivo
Da concepção ao • Taxa de infertilidade;
nascimento • Taxa de perdas fetais;
• Taxa de perdas peri-natais;
• Proporção de mães sem ou com inadequados cui-
dados pré-natais.
Do nascer à meni- • Mortalidade peri-natal;
nice • Mortalidade infantil;
• Taxa de malformações congênitas;
• Taxa de baixo peso ao nascer;
• Taxa de ilegitimidade;
• Estado de imunização e agressões.
Da meninice à a- • Imunização e agressões;
dolescência • Crescimento e desenvolvimento;
• Dificuldades na aprendizagem;
• Nutrição;
• Uso do Tabaco / Álcool / Drogas;
• Taxa de criminalidade e delinqüência juvenil;
• Atividade sexual e doenças sexualmente transmiti-
das.
Adultos • Taxas de casamento e divórcio;
• Taxa de desemprego;
• Crime por adultos;
• Uso da droga e álcool;
• Hábitos de fumar;
• Utilização de apoios psiquiátricos;
• Proporção da população em habitações deficientes;
• Proporção da população vivendo abaixo do nível
de pobreza.
Adultos Idosos • Situação econômica;
• Atividades diárias (nível funcional);
• Proporção vivendo só;
• Proporção vivendo em instituições.
Sistema de registro das estatísticas vitais dos EUA:
Pessoa ou a- Certidão de nascimento Certidão de óbito Relatório de morte fetal (Na-
gência respon- timorto)
sável
Autoridade 1.Preenche toda a certidão Quando a morte ocorre no 1. Preencher todo o relatório
Hospitalar consultando os pais Hospital pode iniciar o preen- consultando os pais;
2.Registra a certidão na repar- chimento, completo, nome, 2. Obter do médico a causa da
tição local ou estadual data da morte e informação morte;
sobre o local de falecimento; 3. Obter a autorização para
Obtém do médico o certifica- enterrar o feto;
do de causa da morte; dá a 4. Registrar o relatório na
certidão ao diretor do funeral. repartição local ou estadual.
Diretor do fu- 1. Obtém os dados pessoais do Se o feto for enterrado, o dire-
neral falecido e completa a certidão; tor do funeral é responsável
2.Obtém o certificado de cau- pela obtenção da autorização;
sa da morte com o médico
assistente, médico legista ou
coroner.
3.Obtém autorização para o
funeral, de acordo com a lei
estadual;
4.Registra a certidão na repar-
tição local ou estadual segun-
do a lei estadual.
Médico ou Verifica a exatidão da infor- Completa o certificado de Fornece a causa sobre a morte
outro profissio- mação médica e assina o car- causas de morte e assina a do feto
nal assistente tão certidão
Serviço local* 1.Verifica se a certidão está 1.Verifica se a certidão está Se a legislação local exigir o
(pode ser o correta e completa e averigua correta e completa e averigua envio do relatório através de
departamento as informações incompletas ou as informações incompletas ou repartição local, esta desem-
de saúde da duvidosas; duvidosas; penhará as funções indicadas
cidade) 2.Quando autorizado, faz có- 2.Quando autorizado, faz có- para a certidão de óbito.
pia ou referência para uso pia ou referência para uso
local. local.
3.Envia a certidão para regis- 3.Quando autorizado pela lei
tro estadual estadual dá autorização para o
funeral depois de receber a
certidão completa.
Os departamentos de saúde de cidade utilizam os dados destas certidões para distribuir aos seviços médicos e de
enfermagem, acompanhar a evolução de doenças infecciosas, planejar programas, avaliar a eficácia dos serviços e
efetuar a investigação
Registro esta- 1.Averigua as informações incompletas ou duvidosas.
dual, repartição 2.Mantém arquivos permanentes para referência e fonte de cópias oficiais.
de estatísticas 3.Elabora estatísticas vitais para uso no planejamento, avaliação e administração das atividades de
vitais saúde estaduais e locais e em trabalhos de investigação.
4.Compila as estatísticas de saúde do estado e suas divisões civis, para serem utilizadas pelo de-
partamento de saúde e outras agências e grupos com interesses nos campos da medicina e saúde
pública, demografia e segurança social.
5.Envia cópia dos boletins ou dados deles derivados para o centro nacional de estatísticas do esta-
do.
Serviço de Sa- 1. Organiza e publica estatísticas nacionais de nascimentos, mortes e mortes fetais e constrói as
úde pública tabelas de vida oficiais dos EUA e as tabelas atuantes com elas relacionadas.
Centro Nacio- 2.Realiza investigações sobre saúde e temas sociais baseados nas estatísticas vitais e em inquéritos
nal de Estatísti- por amostragem ligados aos registros.
cas de Saúde 3.Faz a investigação e estudos metodológicos sobre métodos estatísticos incluindo os aspectos
técnicos, administrativos e legais do arquivo e administração dos registros.
4.Mantém um programa de assistência técnica permanente para melhorar a qualidade e utilidade
das estatísticas vitais.
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA NO BRASIL

1. Febre amarela
2. Peste
3. Cólera
4. Varíola
5. Hanseníase
6. Tuberculose
7. Poliomielite
8. Tétano
9. Doenças meningocócicas
10.Outras meningites
11.Raiva humana
12.Febre tifóide
13.Sarampo (só casos internados em hospital)
14.Leishmaniose visceral
15.Leishmaniose cutâneo-mucosa
16.AIDS (SIDA).

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