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RESUMO:
A apreensão do conhecimento cartográfico seja nos níveis fundamental ou médio, é veiculada pela
linguagem cartográfica, que representa a territorialidade dos diferentes fenômenos e constitui-se na
razão de ser da ciência geográfica. Com a introdução e aprofundamento de metodologias e tecnologias
de representação do espaço, a Geografia vem evoluindo e a Cartografia por sua vez, também tem se
inserido na disseminação de novas tecnologias, levando os profissionais de forma geral na adoção de
novas metodologias e técnicas – geoprocessamento, sistemas de informação geográficas, cartografia
automatizada e sensoriamento remoto.
Visto que com a evolução do Sensoriamento Remoto na aplicabilidade a diversas áreas do
conhecimento – Levantamentos de Recursos Ambientais, Análise Ambiental, Estudos Urbanos, entre
outras, nossa proposta aqui é fazer o uso das imagens de satélite (sensoriamento remoto) na sala de
aula, visando um melhor aprendizado tanto teórico como prático, contribuindo para enriquecer o
processo de ensino-aprendizagem. A utilização de imagens de satélite em sala de aula vem de encontro
com a proposta de se romper uma pedagogia voltada para os meio tradicionais de ensino, facilitando a
construção do raciocínio espacial do aluno.
A presente proposta visa trabalhar os recursos da paisagem através das imagens, com uma aplicação
na região que compreende o município de Juiz de Fora - MG. É fundamental fazer com que os alunos
conheçam e reflitam a sua realidade local, pois a maior dificuldade dos livros didáticos adotados é a
abordagem a nível global, que dificulta a compreensão do aluno. Portanto, trazendo para a sala de
aula discussões, por exemplo, sobre os problemas ambientais que assolam a comunidade no entorno da
escola, valorizam a construção do senso crítico e de uma cidadania ambiental.
A presente proposta, também visa erradicar o sério problema da memorização dos conceitos
geográficos, onde o aluno não aprende o conteúdo de forma eficaz e definitiva. Através das imagens,
os alunos se familiarizarão com a realidade, eles poderão ver os conceitos aplicados nas imagens e
assim de forma concreta apreender o conhecimento transmitido. A proposta é levar os alunos a
praticarem uma aula de campo na própria sala de aula.
Acredita-se então, que ao aplicar o uso escolar de imagens de satélite aos alunos, permitirá um
processo de ensino-aprendizagem da Geografia e das modificações que vem ocorrendo no meio
ambiente, através de uma nova perspectiva.
INTRODUÇÃO:
nosso foco de estudo. Essa tecnologia tem sua origem ligada ao uso militar e ao surgimento das
fotografias aéreas, datando de 1856 e 1862, respectivamente, quando a primeira fotografia aérea foi
extraída de um balão e durante a guerra civil americana.
O uso dessa ferramenta na sala de aula, para alguns professores defronta com o
tradicionalismo pedagógico e metodológico, visto que muitos não estão acompanhando as inovações
técnico-pedagógicas. Portanto, o uso das imagens de satélites durante as aulas vai de encontro com um
dos grandes questionamentos do ensino de Geografia, a memorização dos conceitos geográficos, onde
o aluno não aprende o conteúdo de forma eficaz e consolidado. A este tipo de educação Paulo Freire
(2005) denominou “educação bancária”, que vai ao encontro do tradicionalismo. E sobre este tipo de
educação ele problematiza as relações educador-educandos em diversos níveis no contexto escolar.
Sendo estas relações o educador como um mero narrador de conteúdos e os educandos como simples
expectadores dos conteúdos narrados.
Com o uso das imagens de satélites, obtidas por meio de sensores remotos, na sala de aula,
levará os alunos a praticarem uma aula de campo dentro da própria sala. Elencando o conceito e os
recursos da paisagem – visto que esta pode ser entendida como “o conjunto de formas que, num dado
momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre o homem e
a natureza” e que ainda a paisagem, transtemporal unindo presente/passado, se diferencia do espaço,
sistema de valores, que se transforma permanentemente (SANTOS apud SUERTEGARAY, 2001) –
com uma aplicação na região que compreende o município de Juiz de Fora - MG. É fundamental fazer
com que os alunos conheçam e reflitam a sua realidade local, pois a maior dificuldade dos livros
didáticos adotados é a abordagem a nível global, que dificulta a compreensão do aluno. Portanto,
trazendo para a sala de aula discussões, por exemplo, sobre os problemas ambientais que assolam a
comunidade no entorno da escola, valorizam a construção do senso crítico e de uma cidadania
ambiental.
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Diante dessas colocações pode se questionar porque os geógrafos – bacharéis e licenciados – não estão
acompanhando essas transformações dos conhecimentos e a deficiência na estrutura curricular –
introdução e habilitação dos professores nessa nova tecnologia da informação. Carneiro e Silva (2007),
destacam
Segundo PASSINI (1998) “Os mapas geralmente são utilizados apenas como forma de
ilustração e localização de fenômenos”. Sabemos da dificuldade da disponibilidade de mapas nas
escolas públicas, muita delas possui mapas arcaicos que precisam ser revistos. O trabalho de
compreensão e leitura de mapas demanda um processo que inclui diferentes fatores, dentre eles,
principalmente, a maneira que o aluno será alfabetizado na leitura cartográfica. O trabalho com mapas
não se restringe a observação e descrição de lugares. Serve também como meio de retirar,
problematizar, reunir e criar uma série de informações para as aulas de Geografia, servindo como mais
um instrumento mediador/gerador na classe para o processo de ensino-aprendizagem. Levando o aluno
a compreender na prática e construir conceitos para toda a vida, deixando simplesmente de memorizar.
Trabalhar com mapa, portanto, leva o educando, conforme já destacado, correlacionar
informações, mostrando que um fato está ligado ao outro, e que o conhecimento que antes era visto de
forma fragmentária, hoje tem que ser visto como fatores que se interligam no tempo e no espaço.
As atuais/recentes inovações tecnológicas proporcionam o homem ao entendimento de
vários aspectos da vida, essencialmente nesse processo da globalização. Para Carneiro e Silva (2007),
Figura ‘A’
(Fonte: http://earth.google.com/intl/pt/)
Figura ‘B’
(Fonte: http://earth.google.com/intl/pt/)
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Figura ‘C’
(Fonte: http://earth.google.com/intl/pt/)
Figura ‘D’
(Fonte: http://earth.google.com/intl/pt/)
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Nas quatro figuras – imagens de satélites, obtidas por um software free (livre), o Google Earth. Este
Software está disponível gratuitamente para o uso – supra da área central de Juiz de Fora, o educando
poderá visualizar por meio dessas paisagens diferentes aspectos da organização espacial da cidade. Ele
poderá perceber a importância do rio principal que corta a cidade, o Rio Paraibuna (figuras, A, B e C);
a margem esquerda do Rio ele poderá visualizar a área de proteção ambiental Mata do Krambeck
(remanescente de Mata Atlântica, figura C); ver in locu um grande impacto ambiental, o Morro do
Alemão (figura D). E assim correlacionar diferentes aspectos presentes no município de Juiz de Fora
Dentro dessa discussão acerca da leitura de mundo e que remete a generalização, Vygotsky
(1989:71-2) apud Couto (2006, p. 79-96) sobre o processo de estabelecimento de significados –
generalização – às coisas do mundo que passam por diferentes estágios:
E nesse entendimento do local, SANTOS (1999), nos alerta quanto essas práticas pedagógicas, que ele
as trata como iniciativas pedagógicas transformadoras, enfatizando:
O uso escolar de imagens de satélite auxilia não apenas na compreensão da realidade local,
mas também do global. Como exemplo, a Figura 01, abaixo, é utilizada como um recurso importante
na contribuição para os estudos ambientais na escola, revelando a dinâmica do processo de construção
do espaço geográfico e o seu processo de discussão/construção e generalização de conceitos
geocientíficos pelos alunos.
Figura 01
(Fonte: http://www.satmidia.com.br/biblioteca/images/dia-noite.htm)
Figura 02
(Fonte: http://earth.google.com/intl/pt/)
Figura 03
(Fonte: http://earth.google.com/intl/pt/)
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Nestas imagens de satélite, figuras 02 e 03, podemos observar o encontro dos rios Negro e Solimões,
importantes bacias hidrográficas do Brasil.
Seu uso multidisciplinar corrobora nas análises e interpretação dos “conceitos cartográficos
de lugar, localização, interação homem/meio, região e movimento (dinâmica)” (FLORENZANO,
2007, p.95). Pode se correlacionar os conhecimentos de Química, Biologia e Física, com dados de
sensores remotos, as problemáticas ambientais envolvendo a contaminação das águas e a saúde
pública. Assunto que a própria Geografia e História podem e devem contracenar com essas outras
citadas, e assim problematizando sua evolução no tempo e espaço.
Além de seu uso multidisciplinar, o sensoriamento remoto pode ser entendido como
tecnologia interdisciplinar, a partir de um fio condutor, como por exemplo, o estudo de urbanização
nas cidades, permitindo então um potencial maior de leitura de imagens de forma integrada.
Contudo, pra efetivação dessa nova perspectiva, é preciso haver um esforço conjunto de
educadores, escola e educandos. O sucesso se dará pela harmonia entre esses três atores. Educadores e
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REFERÊNCIAS:
ARCHELA, Rosely Sampaio; GOMES, Marquiana de Freitas Vilas Boas. Geografia para o Ensino
Médio: Manual de Aulas Práticas. Londrina: Ed. UEL, 1999. 146p.
CARNEIRO, Andrea Flávia Tenório e SILVA, Paulo Roberto Florêncio. de Abreu e. A educação
cartográfica na formação dos professores de Geografia: a situação em Pernambuco, 2007. In: XXI
Congresso Brasileiro de Cartografia, disponível em http://www.cartografia.org.br/xxi_cbc/039-
E04.pdf, acesso em 18/02/09.
COUTO, Marcos Antônio Campos. Pensar por conceitos geográficos. In: CASTELLAR (org.).
Educação geográfica: teorias e práticas. 2ª Ed. São Paulo: Contexto, 2006, p. 79-96.
FLORENZANO, Teresa Galloti. Iniciação em sensoriamento remoto. São Paulo: Oficina de Textos,
2007.
______. Imagens de satélite para estudos ambientais. São Paulo: Oficinas de textos, 2002.
PASSINI, Elza Yasuko. A Importância das representações gráficas no ensino da Geografia. Boletim
de Geografia nº 02. 2001.
ROCHA, Cézar Henrique Barra. Sensoriamento Remoto. In: ____. Geoprocessamento: tecnologia
transdisciplinar. Juiz de Fora: Editora do Autor e Atual, 2007, p. 115-148.