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CARTOGRAFIA SOB UMA NOVA PERSPECTIVA: O USO ESCOLAR DE IMAGENS DE

SATÉLITE NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA

Graziella Martinez Souza


UFJF/UFF

Sanderson dos Santos Romualdo


UFJF

RESUMO:

A apreensão do conhecimento cartográfico seja nos níveis fundamental ou médio, é veiculada pela
linguagem cartográfica, que representa a territorialidade dos diferentes fenômenos e constitui-se na
razão de ser da ciência geográfica. Com a introdução e aprofundamento de metodologias e tecnologias
de representação do espaço, a Geografia vem evoluindo e a Cartografia por sua vez, também tem se
inserido na disseminação de novas tecnologias, levando os profissionais de forma geral na adoção de
novas metodologias e técnicas – geoprocessamento, sistemas de informação geográficas, cartografia
automatizada e sensoriamento remoto.
Visto que com a evolução do Sensoriamento Remoto na aplicabilidade a diversas áreas do
conhecimento – Levantamentos de Recursos Ambientais, Análise Ambiental, Estudos Urbanos, entre
outras, nossa proposta aqui é fazer o uso das imagens de satélite (sensoriamento remoto) na sala de
aula, visando um melhor aprendizado tanto teórico como prático, contribuindo para enriquecer o
processo de ensino-aprendizagem. A utilização de imagens de satélite em sala de aula vem de encontro
com a proposta de se romper uma pedagogia voltada para os meio tradicionais de ensino, facilitando a
construção do raciocínio espacial do aluno.
A presente proposta visa trabalhar os recursos da paisagem através das imagens, com uma aplicação
na região que compreende o município de Juiz de Fora - MG. É fundamental fazer com que os alunos
conheçam e reflitam a sua realidade local, pois a maior dificuldade dos livros didáticos adotados é a
abordagem a nível global, que dificulta a compreensão do aluno. Portanto, trazendo para a sala de
aula discussões, por exemplo, sobre os problemas ambientais que assolam a comunidade no entorno da
escola, valorizam a construção do senso crítico e de uma cidadania ambiental.
A presente proposta, também visa erradicar o sério problema da memorização dos conceitos
geográficos, onde o aluno não aprende o conteúdo de forma eficaz e definitiva. Através das imagens,
os alunos se familiarizarão com a realidade, eles poderão ver os conceitos aplicados nas imagens e
assim de forma concreta apreender o conhecimento transmitido. A proposta é levar os alunos a
praticarem uma aula de campo na própria sala de aula.
Acredita-se então, que ao aplicar o uso escolar de imagens de satélite aos alunos, permitirá um
processo de ensino-aprendizagem da Geografia e das modificações que vem ocorrendo no meio
ambiente, através de uma nova perspectiva.

Palavras-chave: Sensoriamento Remoto, Ensino de Geografia, Ensino de Cartografia e Cidadania


Ambiental

INTRODUÇÃO:

A apreensão do conhecimento cartográfico seja nos níveis fundamental ou médio, é


veiculada pela linguagem cartográfica, que representa a territorialidade dos diferentes fenômenos e
constitui-se na razão de ser da ciência geográfica. Com a introdução e aprofundamento de
metodologias e tecnologias de representação do espaço, a Geografia vem evoluindo e a Cartografia por
sua vez, também tem se inserido na disseminação de novas tecnologias, levando os profissionais de
forma geral na adoção de novas metodologias e técnicas – geoprocessamento, sistemas de informação
geográficas, cartografia automatizada e sensoriamento remoto.
Queremos aqui chamar a atenção para o sensoriamento remoto,
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tecnologia que permite obter imagens e outros tipos de dados, da


superfície terrestre, por meio de captação e do registro de energia
refletida ou emitida pela superfície. O termo sensoriamento refere-
se à obtenção dos dados, e remoto [...] é utilizado porque a
obtenção é feita à distância, ou seja, sem contato físico entre o
sensor e a superfície terrestre. (FLORENZANO, 2007, p.11)

nosso foco de estudo. Essa tecnologia tem sua origem ligada ao uso militar e ao surgimento das
fotografias aéreas, datando de 1856 e 1862, respectivamente, quando a primeira fotografia aérea foi
extraída de um balão e durante a guerra civil americana.
O uso dessa ferramenta na sala de aula, para alguns professores defronta com o
tradicionalismo pedagógico e metodológico, visto que muitos não estão acompanhando as inovações
técnico-pedagógicas. Portanto, o uso das imagens de satélites durante as aulas vai de encontro com um
dos grandes questionamentos do ensino de Geografia, a memorização dos conceitos geográficos, onde
o aluno não aprende o conteúdo de forma eficaz e consolidado. A este tipo de educação Paulo Freire
(2005) denominou “educação bancária”, que vai ao encontro do tradicionalismo. E sobre este tipo de
educação ele problematiza as relações educador-educandos em diversos níveis no contexto escolar.
Sendo estas relações o educador como um mero narrador de conteúdos e os educandos como simples
expectadores dos conteúdos narrados.

Falar da realidade como algo parado, estáticos, compartimentado e


bem-comportado, quando não falar ou dissertar sobre algo
completamente alheio à experiência existencial dos educandos
vem sendo, realmente, a suprema inquietação desta educação. A
sua irreferada ânsia. Nela, o educador aparece como seu
indiscutível agente, como o seu real sujeito, cuja tarefa
indeclinável é “encher” os educandos de conteúdos de sua
narração. Conteúdos que são retalhos da realidade desconectados
da totalidade em que se engendram e em cuja visão ganhariam
significação. (FREIRE, 2005, p.65-66)

Neste sentido o uso das imagens de satélite na escola permitirá/possibilitará um processo


ensino-aprendizagem do espaço e das modificações que vem ocorrendo no meio ambiente, através de
uma nova perspectiva. Por intermédio das imagens os alunos se familiarizarão com a realidade,
compreendendo os conceitos aplicados no uso dessas, que por sua vez desencadeará a apreensão do
conhecimento a ser construído na relação educador-educandos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) estabelecem como diretrizes gerais,

que os alunos sejam capazes de perceber-se integrante, dependente


e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos
e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria
do meio ambiente; e saber utilizar diferentes fontes de informações
e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos.
(Brasil, 1998 - PCN MEC/SEF).

Com o uso das imagens de satélites, obtidas por meio de sensores remotos, na sala de aula,
levará os alunos a praticarem uma aula de campo dentro da própria sala. Elencando o conceito e os
recursos da paisagem – visto que esta pode ser entendida como “o conjunto de formas que, num dado
momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre o homem e
a natureza” e que ainda a paisagem, transtemporal unindo presente/passado, se diferencia do espaço,
sistema de valores, que se transforma permanentemente (SANTOS apud SUERTEGARAY, 2001) –
com uma aplicação na região que compreende o município de Juiz de Fora - MG. É fundamental fazer
com que os alunos conheçam e reflitam a sua realidade local, pois a maior dificuldade dos livros
didáticos adotados é a abordagem a nível global, que dificulta a compreensão do aluno. Portanto,
trazendo para a sala de aula discussões, por exemplo, sobre os problemas ambientais que assolam a
comunidade no entorno da escola, valorizam a construção do senso crítico e de uma cidadania
ambiental.
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Segundo TAYLOR (1985),

os avanços tecnológicos e sócio-econômicos, denominado como


revolução da informação, são tão extensos que se a Cartografia
desejar fazer parte integral dessa reformulação será necessário
mais que um desenvolvimento, requer alterações fundamentais em
todos os níveis de educação, inclusive no que se refere ao
treinamento dos profissionais de ensino.

DISCUTINDO O ENSINO DA CARTOGRAFIA ESCOLAR E AS INOVAÇÕES


TECNOLÓGICAS

As transformações que vem ocorrendo no campo dos conhecimentos geográficos


representam desafios para a formação não apenas do Bacharel em Geografia, como também do
Licenciado, aos quais precisam se adaptar às novas geotecnologias, que oferecem inúmeros benefícios
no processo de ensino-aprendizagem. Para Florenzano (2002),

As imagens geradas pelos satélites de sensoriamento remoto são


um recurso didático poderoso em sala de aula, pois permitem uma
visão sinótica e temporal da área de estudo. A partir dessas
imagens podemos obter informações sobre a superfície terrestre e
as ações antrópicas por ela sofrida, as quais são importantes no
estudo do espaço geográfico e do meio-ambiente.

Diante dessas colocações pode se questionar porque os geógrafos – bacharéis e licenciados – não estão
acompanhando essas transformações dos conhecimentos e a deficiência na estrutura curricular –
introdução e habilitação dos professores nessa nova tecnologia da informação. Carneiro e Silva (2007),
destacam

as habilidades e competências do professor de Geografia citadas


nas Diretrizes curriculares para o curso de Geografia [...]: Ler,
analisar e interpretar produtos de sensoriamento remoto e de
sistemas de informação geográfica e outros documentos gráficos,
matemático-estatísticos; tratar a Informação Geográfica, utilizando
procedimentos gráficos, matemáticos e estatísticos; e organizar o
processo espacial, adequando-o ao processo de ensino-
aprendizagem em Geografia.

Segundo PASSINI (1998) “Os mapas geralmente são utilizados apenas como forma de
ilustração e localização de fenômenos”. Sabemos da dificuldade da disponibilidade de mapas nas
escolas públicas, muita delas possui mapas arcaicos que precisam ser revistos. O trabalho de
compreensão e leitura de mapas demanda um processo que inclui diferentes fatores, dentre eles,
principalmente, a maneira que o aluno será alfabetizado na leitura cartográfica. O trabalho com mapas
não se restringe a observação e descrição de lugares. Serve também como meio de retirar,
problematizar, reunir e criar uma série de informações para as aulas de Geografia, servindo como mais
um instrumento mediador/gerador na classe para o processo de ensino-aprendizagem. Levando o aluno
a compreender na prática e construir conceitos para toda a vida, deixando simplesmente de memorizar.
Trabalhar com mapa, portanto, leva o educando, conforme já destacado, correlacionar
informações, mostrando que um fato está ligado ao outro, e que o conhecimento que antes era visto de
forma fragmentária, hoje tem que ser visto como fatores que se interligam no tempo e no espaço.
As atuais/recentes inovações tecnológicas proporcionam o homem ao entendimento de
vários aspectos da vida, essencialmente nesse processo da globalização. Para Carneiro e Silva (2007),

A cartografia, por sua vez, tem sido alvo da disseminação dessas


inovações tecnológicas e com isso tem mudado a sua concepção,
principalmente na adoção de novas metodologias e técnicas.
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Assim, a utilização da informática, do sensoriamento remoto, das


fotos aéreas, possibilitaram um produto cartográfico ou de
visualização gráfica de qualidade que, no âmbito educacional,
poderá alcançar objetivos variados nas diversas áreas do
conhecimento.

Nos Parâmetros curriculares Nacionais de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental (PCNs),


evidencia a importância da utilização de diferentes meios de informação e recursos tecnológicos no
processo de construção do conhecimento.
Esse destaque dos PCNs as tecnologias de informação, que vem desde os anos 90, em muitas
escolas não vem adequando e modificando à introdução de novas tecnologias. Em especial nas escolas
públicas, que passam por problemas estruturais e pedagógicos. Como por exemplo, o uso de máquinas
precárias que não suportam uma configuração mínima e muitos profissionais não tem equipamento em
suas casas. Na rede privada, diferentemente, a introdução de novas tecnologias é usada como
marketing e atrativo pedagógico para pais e alunos. Já para o professor isto torna uma exigência e
qualidade profissional.
O PCN especifico de Geografia para o 2º ciclo do Ensino Fundamental, ainda destaca a
importância das inovações tecnológicas e traz como um dos objetivos, “reconhecer o papel das
tecnologias da informação, da comunicação e dos transportes na configuração das paisagens urbanas e
rurais e na estruturação da vida em sociedade” (Brasil, 1998 - PCN MEC/SEF). Para Carneiro e Silva
(2007),

A evolução tecnológica na cartografia tem sido muito rápida. A


cada dia surgem novos produtos cartográficos, e essa rapidez
amplia cada vez mais a distância entre a formação e atualização,
daí a grande problemática enfrentada por nossos professores que
tem como conseqüência a seguinte afirmação: O professor torna-
se um mero observador e não participante no processo
tecnológico de ensino.

METODOLOGIA PROPOSTA: JUIZ DE FORA-MG

Nossa metodologia se baseia na utilização de imagens de satélites, que reflitam a realidade


local do município de Juiz de Fora, fazendo com que os alunos conheçam as problemáticas pertinentes
à sua realidade. Podendo assim introduzir conceitos geográficos referentes à paisagem e meio
ambiente, abrindo um espaço rico de discussões além de possibilitar a prática de Educação Ambiental
com esses alunos.
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Figura ‘A’

(Fonte: http://earth.google.com/intl/pt/)

Figura ‘B’

(Fonte: http://earth.google.com/intl/pt/)
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Figura ‘C’

(Fonte: http://earth.google.com/intl/pt/)

Figura ‘D’

(Fonte: http://earth.google.com/intl/pt/)
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Nas quatro figuras – imagens de satélites, obtidas por um software free (livre), o Google Earth. Este
Software está disponível gratuitamente para o uso – supra da área central de Juiz de Fora, o educando
poderá visualizar por meio dessas paisagens diferentes aspectos da organização espacial da cidade. Ele
poderá perceber a importância do rio principal que corta a cidade, o Rio Paraibuna (figuras, A, B e C);
a margem esquerda do Rio ele poderá visualizar a área de proteção ambiental Mata do Krambeck
(remanescente de Mata Atlântica, figura C); ver in locu um grande impacto ambiental, o Morro do
Alemão (figura D). E assim correlacionar diferentes aspectos presentes no município de Juiz de Fora

GOOGLE EARTH: PRODUTO A APLICAPILIDADE DO SENSORIAMENTO REMOTO

O Google Earth, anteriormente chamado de Earth Viewer é um programa desenvolvido por


uma empresa pioneira em softwares (Keyhole, Inc) de formação geoespacial. E mais tarde a Google,
Inc. (empresa de serviços online), assume o comando desse programa. Mais tarde, no ano de 2002, s
empresa DigitalGlobe (Quickbird) passou a fazer parcerias na construção de banco de dados de
imagens de satélites da Terra. Portanto, este programa gerará imagens de satélites de Juiz de Fora,
conforme mostrado acima, ajudando a mediar grande parte do processo ensino-aprendizagem
discutido tanto durante o trabalho.

SENSORIAMENTO REMOTO: FERRAMENTA EFICAZ NO ENSINO

Antes de tudo, é importante colocarmos que a abordagem e exploração do Sensoriamento


Remoto no ensino escolar são bastante insignificantes. Essa ferramenta é tratada como “curiosidades”
nos livros didáticos, tratando a como algo estanque e fragmentado do ensino. Haja vista que o uso do
Sensoriamento Remoto vai além de uma “curiosidade” cartográfica.
Cabe destacar, que não basta os livros didáticos ilustrarem e exemplificarem diversos
conteúdos curriculares com as imagens de satélite é necessário que o professor esteja familiarizado
com estas técnicas, poucos educadores exploram este recurso didático por falta de informação sobre
essa tecnologia, em constante processo de inovação. O seu conhecimento por parte dos educadores
pode influir positivamente na qualidade do aprendizado.
A imagens de satélites no uso escolar pode mediar a construção das temáticas discutidas em
sala de aula no trabalho de compreensão da forma da superfície terrestre, a visualização/análise da
evolução/organização espaço-temporal, identificação geográfica, elaboração de mapas, estudo da
paisagem, antropização, entre outros
No ensino da geografia, a utilização das imagens de satélites, por exemplo, permite
identificar e relacionar elementos naturais e sócio econômicos presentes na paisagem tais como serras,
planícies, rios, bacias hidrográficas, matas, áreas agricultáveis, industriais, cidades.., bem como
acompanhar resultados da dinâmica do seu uso, servindo, portanto, como um importante subsídio à
compreensão das relações entre os homens e de suas conseqüências no uso e ocupação dos espaços e
nas implicações com a natureza. “O homem está no mundo e com o mundo [...] preenchendo com a
cultura os espaços geográficos e os tempos históricos [...] As relações do homem com seu espaço são
relações temporais, transcendentes e criativas” (COUTO, 2006)
A Geografia, ciência que é capaz de dialogar com outras ciências – Física, Matemática,
História, Biologia etc. – consegue “contracenar” com o mundo fragmentado e globalizado. Ela nos
proporciona o entendimento das diferentes complexidades que envolvem o espaço fragmentado – seja
ele uma reserva indígena, um espaço rural, um lugar urbano, entre outros. Nesse espaço a Geografia
mostra que existem diferentes relações sócio-econômicas que caracterizam cada realidade,
problematizando suas particularidades.
Em contrapartida, em um mundo globalizado, onde que sua composição se faz por diversos
fragmentos – o rural e o urbano, por exemplo – mais uma vez a leitura Geográfica nos proporciona um
entendimento global das relações sócio-econômicas existentes no globo. Isto é visível quando se fala
em ricos e pobres, negros e índios etc.
E conflitando mais ainda, a Geografia é capaz de confrontar essas duas realidades, a
fragmentada e globalizada, discursando sobre as conexões do mundo, mostrando fenômenos que
ocorrem globalmente, mais que sua ação é local e particularizada.
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Dentro dessa discussão acerca da leitura de mundo e que remete a generalização, Vygotsky
(1989:71-2) apud Couto (2006, p. 79-96) sobre o processo de estabelecimento de significados –
generalização – às coisas do mundo que passam por diferentes estágios:

Em qualquer idade, um conceito expresso por uma palavra


representa um ato de generalização. Mas os significados das
palavras evoluem... O desenvolvimento dos conceitos, ou dos
significados das palavras, pressupõe o desenvolvimento de muitas
funções intelectuais: atenção deliberada, memória lógica,
abstração, capacidade para comparar.

E nesse entendimento do local, SANTOS (1999), nos alerta quanto essas práticas pedagógicas, que ele
as trata como iniciativas pedagógicas transformadoras, enfatizando:

Considerar a realidade social em que o educando existe e na qual a


tecnologia espacial, em especial o sensoriamento remoto, tem uma
presença relevante; lidar com o meio ambiente do educando, sua
realidade imediata, circundante, e a compreensão que o aluno tem
dela, como ponto de partida; alcançar como ponto de chegada do
processo de ensino e aprendizagem a reelaboração da compreensão
inicial que o aluno tem do meio ambiente; e recorrer como
caminho, como método, à utilização do sensoriamento remoto; à
observação da realidade focalizada; ao diálogo entre diferentes
tipos de saber, para a construção do conhecimento mais elaborado
e mais crítico do educando.

O uso escolar de imagens de satélite auxilia não apenas na compreensão da realidade local,
mas também do global. Como exemplo, a Figura 01, abaixo, é utilizada como um recurso importante
na contribuição para os estudos ambientais na escola, revelando a dinâmica do processo de construção
do espaço geográfico e o seu processo de discussão/construção e generalização de conceitos
geocientíficos pelos alunos.
Figura 01

(Fonte: http://www.satmidia.com.br/biblioteca/images/dia-noite.htm)

Oceano Atlântico e adjacências - contraste entre dia e noite. O


pôr-do-sol na Europa e África, num dia sem nuvens. As luzes já se
acenderam na Holanda, Paris e até Barcelona e ainda é dia em
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Londres, Lisboa e Madri. No meio do Oceano, os Açores, mais


abaixo a Madeira, logo depois as Canárias e finalmente, ao fundo,
as ilhas de Cabo Verde. O mais interessante ainda, é a visão
perfeita que se tem da plataforma continental envolvendo as ilhas
Britânicas e outra, vinda do Canadá, envolvendo a Islândia. A
mancha branca no canto superior esquerdo é parte do Canadá. À
direita, Europa e África. Os dois continentes quase inteiros às
escuras, exceto a Islândia (que na perspectiva da imagem parece
mais perto do Canadá que da Europa), a Grã-Bretanha, parte da
França, quase toda a Península Ibérica e a parte ocidental da
África.(http://www.dsr.inpe.br/vcsr/html/Proj_2004/Marianina_Ar
tigoINPE.pdf)

Figura 02

(Fonte: http://earth.google.com/intl/pt/)

Figura 03

(Fonte: http://earth.google.com/intl/pt/)
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Nestas imagens de satélite, figuras 02 e 03, podemos observar o encontro dos rios Negro e Solimões,
importantes bacias hidrográficas do Brasil.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: CARTOGRAFIA SOB UMA NOVA PERSPECTIVA

Percebe-se que o ensino de Cartografia, veiculado através da ciência geográfica, é de


extrema importância para o educando. Ele influi diretamente em sua formação quanto ser presente
com/no mundo. E que essa formação pode ser precária se nós educadores não tivermos a consciência
de que estamos contribuindo na construção de um cidadão crítico e consciente.
E neste sentido o uso escolar do sensoriamento remoto como recurso didático-pedagógico no
processo ensino aprendizagem da um novo panorama nas abordagens cartográficas, o que nós
chamamos aqui de uma nova perspectiva da cartografia escolar.
Essa proposta metodológica

embora cada vez mais freqüentes nos meios de comunicação


visual, em livros, atlas e em eventos relacionados à educação e ao
meio ambiente, e apesar do seu grande potencial como recurso
didático, as imagens de satélites são ainda pouco exploradas para
essa finalidade, tanto nos ensinos fundamental e médio, como no
ensino superior. (FLORENZANO, 2007, p.95)

Seu uso multidisciplinar corrobora nas análises e interpretação dos “conceitos cartográficos
de lugar, localização, interação homem/meio, região e movimento (dinâmica)” (FLORENZANO,
2007, p.95). Pode se correlacionar os conhecimentos de Química, Biologia e Física, com dados de
sensores remotos, as problemáticas ambientais envolvendo a contaminação das águas e a saúde
pública. Assunto que a própria Geografia e História podem e devem contracenar com essas outras
citadas, e assim problematizando sua evolução no tempo e espaço.
Além de seu uso multidisciplinar, o sensoriamento remoto pode ser entendido como
tecnologia interdisciplinar, a partir de um fio condutor, como por exemplo, o estudo de urbanização
nas cidades, permitindo então um potencial maior de leitura de imagens de forma integrada.

Assim, em um projeto de Educação Ambiental no qual o tema


central é a água [...] podem ser usadas fotografias de campo que
mostrem a qualidade da água local de um rio; um mapa de uso da
terra, gerado a partir da interpretação d fotografias aéreas, pode
mostrar que o problema não é pontual, mas relaciona-se ao
processo de uso e ocupação dessa área; e imagens de satélites
permitem obter uma visão regional do problema e avaliar a sua
extensão. (FLORENZANO, 2007, p.97)

Segundo SANTOS (1999)

A abrangência espacial e o caráter temporal das imagens de


satélite, que possibilitam uma visão de conjunto da paisagem em
tempos diferentes, seqüenciais e simultâneos, podem auxiliar nos
estudos do meio ambiente, mostrando, por exemplo, as relações
entre o crescimento desordenado das cidades e a presença de
rios/córregos poluídos, favorecendo na localização de possíveis
fontes poluidoras, tais como indústrias ou loteamentos irregulares,
bem como subsidiar na análise dos processos de uso e ocupação
dos espaços, enriquecendo estudos históricos e geográficos.

Contudo, pra efetivação dessa nova perspectiva, é preciso haver um esforço conjunto de
educadores, escola e educandos. O sucesso se dará pela harmonia entre esses três atores. Educadores e
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escola como atores que disponibilizaram a inovação tecnológica e o arcabouço teórico-metodológico.


E os educandos como atores que ajudaram na construção e desenvolvimento do conhecimento por
meio da dinâmica dos educadores e escola, acrescentando sua experiência de mundo.

REFERÊNCIAS:
ARCHELA, Rosely Sampaio; GOMES, Marquiana de Freitas Vilas Boas. Geografia para o Ensino
Médio: Manual de Aulas Práticas. Londrina: Ed. UEL, 1999. 146p.

BRASIL, MEC. Parâmetros curriculares nacionais: Geografia. Brasília: Secretaria de Educação


Fundamental, 1998.

CARNEIRO, Andrea Flávia Tenório e SILVA, Paulo Roberto Florêncio. de Abreu e. A educação
cartográfica na formação dos professores de Geografia: a situação em Pernambuco, 2007. In: XXI
Congresso Brasileiro de Cartografia, disponível em http://www.cartografia.org.br/xxi_cbc/039-
E04.pdf, acesso em 18/02/09.

COUTO, Marcos Antônio Campos. Pensar por conceitos geográficos. In: CASTELLAR (org.).
Educação geográfica: teorias e práticas. 2ª Ed. São Paulo: Contexto, 2006, p. 79-96.

FLORENZANO, Teresa Galloti. Iniciação em sensoriamento remoto. São Paulo: Oficina de Textos,
2007.

______. Imagens de satélite para estudos ambientais. São Paulo: Oficinas de textos, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

MACAGMAN, Ivo Renato. Introduzindo Geoprocessamento/SIG na Escola. Boletim de Geografia, nº


2, p.89-96, 2001.

PASSINI, Elza Yasuko. A Importância das representações gráficas no ensino da Geografia. Boletim
de Geografia nº 02. 2001.

ROCHA, Cézar Henrique Barra. Sensoriamento Remoto. In: ____. Geoprocessamento: tecnologia
transdisciplinar. Juiz de Fora: Editora do Autor e Atual, 2007, p. 115-148.

Santos, V. M. N. Escola, cidadania e novas tecnologias: investigação sobre experiências de ensino


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Educação da Universidade de São Paulo, 1999.

TAYLOR, F. (1985) Disponível em: http://www2.prudente.unesp.br/dcartog/arlete/hp_arlete/portfolio


/adelsom/uma%20base%20conceitual%20para%20a%20cartografia.htm>. Acesso em: 18 de julho de
2008.

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