Professional Documents
Culture Documents
Uma escola cristã é composta de vários grupos de pessoas voltados para a execução de
um objetivo comum, que deve estar expresso na visão e missão da instituição. A despeito das
particularidades da missão de cada entidade educacional, podemos afirmar que todas admitem
uma pluralidade de ações em meio as suas equipes de trabalho e o relacionamento
escola/pais/comunidade é vital para o bom empreendimento escolar. Entretanto, essas relações de
trabalho e suas inter-relações com os pais e comunidade nem sempre são fáceis e desprovidos de
atritos e desajustes. O objetivo desse ensaio, portanto, é conscientizar os educadores de que a
vida ética pautada nas escrituras é a única possibilidade para a existência e manutenção de uma
escola sadia.
De início já precisamos então definir o que vem a ser uma vida ética, visto que é por meio
dela que o ambiente escolar será transformado em um local onde a vida de Deus possa ser
vista/manifesta.
Todo cristão que deseja viver eticamente reconhece que suas crenças ou premissas (quem
é Deus, quem é o homem e que é o mundo) determinam suas ações. Portanto, o que é um
comportamento adequado a um cristão dentro de um grupo? Diante de infinitas escolhas, qual
deveria ser a mais acertada? Há um parâmetro pelo qual o cristão pode discernir se suas decisões
são acertadas? Ponderaremos sobre essas questões mais à frente.
Etimologia :
Do grego ethica – etheos – o que se relaciona com o caráter
Ethos – costume ou hábito.
É uma subdivisão da filosofia: metafísica, epistemologia e ética. Daí receber o nome de
filosofia moral.
Moral – latino (adjetivo moralis) – que significa costume ou uso.
Quando falamos de ética, então, estamos nos referindo a um conjunto de leis (morais)
pelo qual se pode avaliar a conduta humana.
Moral Costumes
(o que deve ser) ( o que é)
Prescrição Descrição
A lei A vida
O padrão A conduta
Sem nenhum padrão ético (leis morais), os julgamentos (avaliações morais) não seriam
possíveis.
Por que a questão do ser (caráter) precede a questão do fazer (ações e atitudes)? Porque a
ênfase que Jesus deu à atitude do coração sobrepuja a questão do ato em si. De acordo com ele, o
verdadeiro estado de moralidade não é avaliado pela atitude externa das pessoas, mas pela
condição interna do coração (Mt5-7).
Nos versos 14 a 16 de Mateus 5 Jesus diz que o ser luz deveria preceder o ato de fazer
brilhar a luz diante dos homens. Ou seja, primeiramente a Palavra viva que é Cristo deve
iluminar nosso coração e então estaremos aptos a mostrar aos homens as boas obras (ações
éticas) a fim de glorificarmos a Deus.
Mateus 5:14-16
Ser luz ► Boas obras (ações éticas)
A aparência externa nunca pode ser sinônima de piedade como também é bem expresso
nas escrituras (Cl2:20-23)
A maioria das pessoas acredita que ser ético é simplesmente agir de determinada maneira
ou abster-se daquilo que é recriminado pela maioria. Ora, como cristãos, entendemos que Deus e
sua palavra é o que traz direção e iluminação às ações humanas. Portanto, agir pelo que pensa a
maioria ou pelo que deliberam os homens não é necessariamente um viver ético.
Visto que um viver ético não é algo tão fácil de ser alcançado, procuraremos analisar
sucintamente qual a maneira estabelecida por Deus para se conseguir uma vida de integridade.
O Antigo Testamento retrata um Deus em aliança com o homem. Toda a narrativa bíblica
trata da história da aliança (a consciência de um relacionamento único com Deus). A ética do
povo hebreu, portanto, não estava vinculada à certas virtudes ou à busca da felicidade, mas à
obediência a Deus originada de um relacionamento. A própria lei dada no Sinai atesta que a vida
do povo deveria ser pautada pelo amor, num relacionamento com o Senhor Deus e com o
próximo.
Atentemos para o conteúdo de dois salmos que versam sobre a vida ética do povo de
Deus:
Salmos 15
“Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo?
Quem há de morar no teu santo monte?
O que vive com integridade, e pratica a justiça,
e de coração, fala a verdade:
o que não difama com sua língua,
não faz mal ao próximo,
nem lança injúria contra o seu vizinho;
o que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo,
mas honra aos que temem ao Senhor;
o que jura com dano próprio e não se retrata;
o que não empresta o seu dinheiro com usura,
nem aceita suborno contra o inocente.
Quem deste modo procede não será jamais abalado”.
Nesses escritos, há uma ênfase sobre o tipo de pessoa que estaria apta a permanecer no
monte (presença) do Senhor. Aquele cuja vida e ações demonstrassem obediência a Deus.
O povo do Senhor deveria ser obediente pelo fato de serem um povo da aliança,
escolhidos para relacionarem-se com o Deus santo e refletirem essa santidade ao mundo. Essa
era a tônica de uma vida ética vetero testamentária.
Ao longo da história da aliança com Israel, Deus revelou a si mesmo e a seu caráter. Ele
nunca requereu algo que não tivesse mostrado ao povo. Conforme exposto em Mq6:1-8, Deus
declarou ao homem o padrão ético (do bem).
Esse padrão divino foi resumido, por assim dizer, na forma da lei. Entretanto, a lei apenas
mostrava o padrão e as responsabilidades do homem, mas nunca foi capaz de estabelecer uma
vida ética na nação de Israel. Pelo contrário, a lei sempre expôs a natureza do homem e do
pecado. Ela sempre orientou o homem no sentido de mostrar-lhe que a corrupção do gênero
humano é um problema interno – do coração. E esse é o ponto principal levantado por Jesus na
nova aliança, como mostraremos adiante.
Quando Jesus veio ao mundo ele não apenas articulou (ensinou) o padrão divino de vida
para o novo povo de Deus, como também o encarnou. Ele mostrou como é possível viver uma
vida irrepreensível como homem, pelo poder do Espírito Santo.
Jesus sempre enfatizou a questão do coração, ou a motivação por trás das ações. Não era
o desempenho público, farisaico, que importava, mas a pessoa por trás da fachada. Isso sim tinha
importância fundamental. Ele passou a vida mostrando que não é a mera conformidade exterior
com a Lei, mas a obediência interior que caracteriza o verdadeiro temor a Deus. Jesus
preocupava-se primeiramente com o caráter, a motivação e o coração.
Os homens religiosos de sua época estavam mais interessados numa forma ritualística de
obediência, crendo que a vida ética consistiria na observância de normas rígidas. Cristo enfatizou
que a vida ética nasce de um relacionamento íntimo com o Deus todo poderoso. Ela deve surgir
como resposta à demonstração de amor, graça e favor de Deus para conosco. A ação ética surge
quando a verdade (palavra) exerceum impacto no coração do homem.
Temos que reconhecer que Cristo, em sua encarnação, era Deus habitando com os
homens. Por isso, à medida que ele andava na terra, os discípulos puderam provar pessoalmente
o poder do toque divino em suas vidas. Portanto, a partir do momento em que Jesus declara que
o discípulo deve ser como seu mestre, a vida e conduta que caracterizaria esse discipulado não
seria decorrente apenas de uma imitação (baseada na admiração), mas consistiria numa ação
originada na graça e amor pessoal experimentados no próprio relacionamento com o Senhor.
O amor ao Pai fazia Jesus agir na terra. O amor a Jesus (experimentado de modo
particular e pessoal) deveria ocasionar ações específicas (éticas). A conduta fluiria do caráter
transformado, mas o caráter se originaria da devoção a Cristo.
O cerne do novo testamento é esse: Cristo nos amou e por isso morreu por nós, para que
nós que vivamos agora o façamos para ele. Uma vez que fomos alcançados por esse amor,
devemos viver uma vida ética.
Só é possível seguir a Cristo como discípulo e realizar as suas obras (ações éticas) se a
pessoa tiver sido tocada pelo Senhor e tiver recebido a vida divina pelo Espírito. Uma pessoa
sem Cristo, morta em seus pecados e delitos não consegue perseverar na senda da santidade, pois
mais cedo ou mais tarde, suas obras serão manifestas.
Visto por esta perspectiva, reconhecemos que o homem não regenerado não consegue
produzir os frutos de justiça requeridos por Deus, pois não tem a vida nem o poder do Espírito.
Portanto, a primeira questão a considerar é: um código de ética (de leis) é capaz de estabelecer
um comportamento ético em alguma instituição?
Se fizermos uma analogia entre a capacidade que uma equipe de trabalho tem em cumprir
um código de ética e a capacidade do homem natural em cumprir a lei de Deus, chegaremos à
triste conclusão de que isso não é possível.
De acordo com o apóstolo Paulo, a lei cumpre apenas um papel ético específico, a saber,
o de estabelecer limites. Com isso, ela destaca a incapacidade e o pecado do ser humano. E o
único resultado é a condenação (Rm7:5-14). A lei pode informar quais são os limites, mas é
incapaz de impedir que esses limites sejam transgredidos. A lei é limitada, pois ela jamais pode
criar o tipo de relacionamento que Deus deseja manter com o ser humano. Ela apenas mostra os
limites dentro dos quais podem surgir relacionamentos verdadeiramente espirituais.
Não há, portanto, como conceber que um ser humano possa cumprir a ética cristã de
modo natural. De acordo com Paulo, somente pelo Espírito uma pessoa é capaz de viver
dignamente e ser liberta da lei do pecado e da morte. A ética cristã, portanto, implica a vida no
Espírito.
Somente pelo Espírito o homem consegue relacionar-se com Deus, com o seu próximo e
com a criação de modo adequado, conforme Rm8:3,4:
“Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez
Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao
pecado;e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se
cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.”
Entendemos que só é possível agir acertadamente e fazer o bem (levar uma vida ética) se
primeiramente nos tornarmos um com o Senhor e recebermos um novo coração.
E mesmo admitindo que temos um novo coração, também precisamos reconhecer que a
vida cristã é uma constante luta, como bem observa Paulo em suas epístolas. Vivemos uma
guerra contínua travada entre a carne e o espírito. Por mais santificados que estejamos, nossa
visão sempre será incompleta (conhecemos apenas em parte cf 1Co3:12) e nem sempre
poderemos nos assegurar de que nossas ações serão sempre acertadas. Por isso precisamos de
orientação constante, especialmente da Palavra de Deus (2Tm3:14-17).
Identificando princípios
Soberania - Deus necessita ser o Senhor na vida daqueles que fazem parte da instituição
escolar. Somente através do senhorio de Cristo a vida do Espírito é liberada para produzir fruto e
ações éticas genuínas.
A primeira área a ser trabalhada numa escola cristã deveria ser então a premente
necessidade de ver todos os seus atores (direção, funcionários, alunos, família, igreja
mantenedora, comunidade) desfrutando de um relacionamento com Deus, a fim de que ações
verdadeiramente éticas se tornem viáveis de serem praticadas.
Muitas vezes estamos interessados em apenas fazer a obra de Deus, desejando aprimorar
nossa maneira de fazer as coisas. Não que isso não seja importante! Mas é que não assimilamos
o que exatamente é fazer a obra de Deus
Uma vez crendo em Jesus, as pessoas recebem o poder necessário para viver uma vida
que o glorifique, submetendo-se ao seu senhorio. Reconhecer a Deus como soberano em uma
escola é aceitar o fato de que nenhuma pessoa dentro dela é livre para fazer a sua própria
vontade, mas apenas a vontade de Deus.
A vida sob sua soberania implica não apenas uma nova maneira de pensar, mas também
uma conversão radical que leva à obediência voluntária à vontade do Pai, em parte revelada nos
mandamentos de Jesus. (Quem me ama guarda os meus mandamentos)
Governo - Embora a lei não possa produzir a vida ética, ela não deve ser menosprezada.
A vida ética também inclui diligência e autodisciplina.
Embora tenhamos que reconhecer que a lei é boa, os funcionários de qualquer instituição
cristã não deveriam ser governados por leis ou códigos externos mas pela lei de Deus que está
gravada no coração.
O cristão que vive segundo a vontade de Deus, sob sua soberania, trocou a necessidade
externa do cumprimento de regras por obrigações interna de um ideal muito elevado. Suas
motivações é que determinam suas condutas, e por isso é indispensável que seus pensamentos
sejam dominados e sujeitos a Cristo. Isso é autogoverno. Não ser governado de fora para dentro,
mas a partir do coração.
Segundo 1Co9:25-27, o que fazia o apóstolo desejar controlar-se ou regular sua própria
conduta eticamente? O anseio pela participação na gloriosa salvação futura (v.27), mas
principalmente o desejo de agradar a Cristo. Ou seja, as ações de qualquer pessoa ligada à
instituição escolar deveriam ser feitas visando a aprovação de Cristo que nos amou. Esse tipo de
ética é caracterizado pela consagração. Ou seja, nos dedicamos a viver para Deus de modo que
em tudo que fazemos ele possa ser glorificado.
Mordomia - Precisamos estar sempre atentos ao fato de que tudo o que existe pertence a
Deus, de modo que a vida de modo geral deve ser vista sob a ótica da administração. Portanto,
ninguém deveria se permitir enxergar como dono de alguma coisa, mas como administradores.
Isso implica sujeição. Primeiramente a Cristo e em seguida aos homens. Em todos os
relacionamentos escolares, portanto, deveria haver sujeição mútua baseada nas escrituras, que é o
padrão de uma vida moral.
“Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os
roubos, os homicídios, os adultérios...”
Semeie Colha
Pensamento ► Atitude
Atitude ► Ação
Ação ► Conduta
Conduta ► Estilo de vida
Estilo de Vida ► Caráter
Caráter ► Destino
Extraído de Fundamentos inabaláveis.
Aliança – O padrão ético divino (santidade) é requerido de todos os seus filhos. Embora
cada um seja singular na sua maneira de ser e pensar, essa distinção não é autorizada no que diz
respeito ao padrão ético a ser seguido. Deus é amor e portanto, todos os seus filhos recebem a
mesma natureza. A expressão desse amor é que pode variar. Entretanto, o amor derramado no
coração de cada filho de Deus numa instituição escolar deveria capacitá-los a viver segundo a lei
áurea em relação a todos os atores da instituição.
“Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhe façam, pois esta
é a Lei e os Profetas”. Mt7:12
Se houve uma aliança firmada com outras pessoas firmada de modo voluntário, é mister
que todos passem a considerar esses parceiros de relacionamento de aliança como dignos de
receberem aquilo que a própria pessoa gostaria de receber de cada um deles. Dessa maneira,
estabeler-se-ia um modo de agir ético que não traria prejuízo a ninguém e que glorificaria o
Senhor.
Bibliografia
Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Revista e atualizada. SP. Sociedade
Bíblica do Brasil. 1993, 2ª edição.
GEISLER, Norman e BOCCHINO, Peter. Fundamentos inabaláveis.. São Paulo. Editora Vida.
2003.
GRENZ, Stanley. A busca da moral: fundamentos da ética cristã. São Paulo. Editora Vida. 2006.
WHITAKER, Maria do Carmo e ARRUDA, Maria Cecília C. Código de Ética. Disponível em:
http://www.eticaempresarial.com.br/. Acesso em 21 de julho de 2008.
Glossário
Código de Ética
O Código de ética é um instrumento de realização dos princípios, visão e missão da empresa.
Serve para orientar as ações de seus colaboradores e explicitar a postura social da empresa em
face dos diferentes públicos com os quais interage. É da máxima importância que seu conteúdo
seja refletido nas atitudes das pessoas a que se dirige e encontre respaldo na alta administração
da empresa, que tanto quanto o último empregado contratado tem a responsabilidade de
vivencia-lo.
Conselho de Ética
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados é o órgão encarregado do
procedimento disciplinar destinado à aplicação de penalidades, nos casos de descumprimento das
normas relativas ao decoro parlamentar. Cabe ao Conselho, entre outras atribuições, zelar pela
observância dos preceitos éticos, cuidando da preservação da dignidade parlamentar.
Decoro parlamentar
Princípios éticos e normas de conduta que devem orientar o comportamento do parlamentar no
exercício de seu mandato.