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I – INTRODUÇÃO
Conceito:
CHBL: “ramo da ciência jurídica, constituído por um sistema de princípios , normas e
instituições próprias, que tem por objeto promover a pacificação justa dos conflitos decorrentes
das relações jurídicas tuteladas pelo direito material do trabalho e regular o funcionamento dos
órgãos que compõem a Justiça do Trabalho”.
SPM: “conjunto de princípios, regras e instituições destinado a regular a atividade dos
órgãos jurisdicionais na solução dos dissídios, individuais ou coletivos, entre trabalhadores e
empregadores.
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA
Enquanto as leis processuais disciplinam o exercício da jurisdição, da ação e da exceção pelos
sujeitos do processo, ditando as formas do procedimento e estatuindo sobre o relacionamento
entre esses sujeitos, cabe às de organização judiciária estabelecer normas sobre a constituição
dos órgãos encarregados do exercício da jurisdição; aquelas são normas sobre a atuação da
justiça, estas sobre a administração da justiça. As normas sobre organização judiciária cuidam
de tudo que se refira à administração judiciária, indicando quais e quantos são os órgãos
jurisdicionais, dispondo sobre a superposição de uns a outros e sobre a estrutura de cada um,
fixando requisitos para a investidura e dizendo sobre a carreira judiciária, determinando épocas
para o trabalho forense, dividindo o território nacional em circunscrições para o efeito de
exercício da função jurisdicional.
Foi, contudo, com o advento da Emenda Constitucional n. 24, de 9.12.1999, que extinguiu a
representação classista, que a organização e a composição dos órgãos da Justiça do Trabalho
passaram por considerável transformação.
Segundo a Emenda n. 24, a Justiça do Trabalho passa a ser composta dos seguintes órgãos:
I – Tribunal Superior do Trabalho;
II – Tribunais Regionais do Trabalho;
III – Juízes do Trabalho.
Além disso, a Emenda n. 24, reduziu o número de componentes do Tribunal Superior do
Trabalho, de vinte e sete para dezessete Ministros, eliminou as Juntas de Conciliação e
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
1
Antes da EC n. 45 sua composição era de 17 ministros.
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Cada Estado membro da União, bem como o Distrito Federal, deverá ter pelo menos um Tribunal
Regional do Trabalho (art. 112, CRFB/88). Em São Paulo existem dois TRTs, um na Capital e
outro em Campinas.
Ainda não foram criados TRTs nos Estados de Tocantins, Acre, Roraima e Amapá.
Atualmente existem 24 TRTs (art. 674, CLT), vejamos os principais:
1ª Região – Rio de Janeiro 2ª Região – São Paulo 3ª Região - Minas Gerais 4ª Região – Rio
Grande do Sul 5ª Região – Bahia 9ª Região – Paraná10ª Região – Distrito Federal 15ª Região
– São Paulo (Campinas – interior)
Os TRTs são integrados por juízes nomeados pelo Presidente da República, observada a
proporcionalidade estabelecida no §2º do art. 111 da CRFB/88.
Com a EC n. 24/99 também houve alteração na composição dos TRTs, sendo extinta a
representação classista. Assim, os magistrados dos Tribunais Regionais do Trabalho passam a ser
os juízes do trabalho, escolhidos por promoção, alternadamente, por antiguidade e merecimento;
e os advogados e membros do Ministério Público do Trabalho, obedecido o disposto no art. 94
da CF.
Funcionamento
Os Tribunais Regionais do Trabalho compostos por oito juízes funcionam apenas na plenitude de
sua composição; os compostos por doze ou mais juízes funcionam em sua composição plena ou
divididos em Turma. Cada Turma é composta de cinco juízes.
Os Tribunais compostos de Turmas são subdivididos, internamente, também em Seções. Uma
das Seções terá competência exclusiva para julgar dissídios coletivos, com a composição
determinada no Regimento Interno do Tribunal.
Os Tribunais Regionais, em sua composição plena, somente poderão deliberar se presentes, no
mínimo, a metade mais um de seus membros. Para o funcionamento da Turma devem estar
presentes três juízes. As Seções funcionam se presentes, no mínimo, a metade mais um dos
juízes que as integram.
O presidente do Tribunal Regional só terá voto de desempate. Nas questões administrativa,
porém, votará normalmente, como qualquer outro juiz, e terá, ainda, voto de desempate.
Conforme o art. 2. do RI do TRT DA 1ª. REGIÃO – Compõe-se de 54 Desembargadores
Federais do Trabalho, sendo 1/5 de membros do MPT e advogados.
ART. 60. do RI – São Órgãos do TRT da 1ª. Reg.
I – Tribunal Pleno (TP)
II – Órgão Especial (OE)
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
III – SEDIC
IV – SEDI
V – TURMAS
VI – PRESIDENCIA
VII – CORREGEDORIA REGIONAL
O OE é composto por 16 membros. A SEDIC é constituída pelo Presidente, Vice Presidente e
mais 12 membros, a SEDI é constituída por 18 membros e as turmas (10 turmas), constituídas
por 5 desembargadores, podendo funcionar com a presença de 3 desembargadores.
I
VARAS DO TRABALHO E JUÍZES DE DIREITO
As Varas do Trabalho são órgãos de primeiro grau da Justiça do Trabalho aos quais compete o
conhecimento inicial dos litígios de natureza trabalhista.
Para se criar Vara do Trabalho, é necessário que esta tenha jurisdição sobre mais de 24.000
empregados ou que, nos últimos três anos, tenham sido ajuizadas, em média, duzentas e quarenta
reclamações por ano ou mais. Para criação de outra Vara, onde já existente, é preciso que, no
mesmo período, os processos trabalhistas tenham excedido de 1.500 por ano, em cada Vara do
Trabalho.
A Vara compõe-se de um Juiz do Trabalho titular e um Juiz do Trabalho Substituto.
Compete às Varas do Trabalho, em linhas gerais, conciliar e julgar os dissídios individuais.
Em comarcas onde não exista Vara do Trabalho, a lei pode atribuir a função jurisdicional
trabalhista aos Juízos de Direito (art. 668, CLT).
ÓRGÃOS AUXILIARES
Tanto os Tribunais, Superior e Regionais, como as Varas do Trabalho contam com os serviços
auxiliares de uma Secretaria composta de um quadro de funcionários organizados em estrutura
bastante complexa, no caso dos Tribunais.
A esses órgãos incumbe a guarda e a execução das medidas destinadas a dar andamento aos
processos, o fornecimento de informações e de certidões aos interessados, bem como a contagem
das custas processuais, a realização de penhoras e de todas as demais diligências e providências
que lhes sejam determinadas pelos juízes.
Comissões de conciliação prévia
A criação da comissões de conciliação prévia (CCP) foi forma de tentar
desafogar a Justiça do Trabalho.
A Lei n. 9.958/2000 acrescentou os arts. 625-A a 625-H à CLT.
CONSTITUIÇÃO DA CCP – as CCP podem ser:
(a) de empresa, quando constituídas na empresa, valendo para seus empregados;
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(b) de grupo de empresas, na qual a conciliação é feita para todos os empregados pertencente ao
grupo de empresas, mesmo que cada empresa tenha atividade distinta;
(c) sindical, quando estabelecida por acordo coletivo entre o sindicato da categoria profissional e
empresa ou empresas interessadas, valendo apenas no âmbito da empresa ou empresas
acordantes;
(d) intersindical, quando criada pelo sindicato dos trabalhadores e pelo sindicato dos
empregadores mediante convenção coletiva;
(e) núcleos de conciliação intersindical, que podem ser criadas mediante negociação coletiva
entre sindicatos pertencentes a categorias diversas, como metalúrgicos, bancários, vigilantes, etc.
A CCP tem atribuição para tentar conciliar os conflitos individuais de
trabalho. (art. 625-A).
COMPOSIÇÃO (652-B) – a composição será paritária (625-A), isto é, terá
representantes de empregados e empregadores.
Será composta de no mínimo 2 e no máximo 10 membros. (652-B).
Metade dos membros será indicada pelo empregador e a outra metade
eleita pelos empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato da categoria
profissional (forma semelhante à da CIPA).
Os membros do empregador não precisam ser, necessariamente,
empregados.
Haverá tantos suplentes quantos forem os representantes titulares.
Mandato de 1 ano, permitida uma recondução.
Garantia provisória de emprego até 1 ano após o fim do mandato.
NORMAS DE CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO – deverão ser
definidas em CCT ou ACT, quando a CCP for instituída no âmbito do sindicato.
CONDIÇÃO DA AÇÃO – determina o art. 625-D da CLT que qualquer
demanda de natureza trabalhista “será” submetida à CCP, caso esta tenha sido criada. O §2º do
mesmo dispositivo declara que o empregado “deverá” juntar à eventual reclamação trabalhista
cópia da declaração fornecida pela comissão de tentativa de conciliação frustrada.
Com isso vozes ergueram-se afirmando que tais exigências estariam a
macular o princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional, abergado no art. 5º, XXXV da
CRFB/88. Assim, duas correntes digladiam-se acerca do tema:
1º) TST-Sampa, Súmula n. 2 - entende inconstitucional a exigibilidade em
foco por ferir a garantia constitucional de acesso ao Judiciário. A Súmula do TRT-2 (n. 2) fica em
cima do muro, diz que não é condição da ação, nem pressuposto consitucional, não atestando
contudo sua inconstitucionalidade.
2ª co) afirma que a passagem pela CCP desponta como verdadeira
condição para futura ação trabalhista. Assim, o art. 625-D da CLT não afronta a garantia
constitucional de acesso do cidadão ao Judiciário (art. 5º, XXXV, CRFB/88). O exaurimento
prévio da via conciliatória, constitui autêntica condição da ação, como tal entendido o conjunto
de requisitos que a ação deve atender para que o Estado-Juiz nela profira sentença de mérito.
Trata-se, portanto, de uma condição da ação específica. Assim como a negociação coletiva é
pressuposto específico do dissídio coletivo, a tentativa prévia de conciliação, onde instituída
CCP, é requisito particular da ação trabalhista individual ou plúrima. Tal condicionamento é
razoável, não afrontando a garantia da inafastabilidade do Judiciário.
O preceito criado pelo art. 625-D não é inconstitucional, pois as condições
da ação devem ser estabelecidas em lei e não se está privando o empregado de ajuizar ação,
desde que tente a conciliação.
Ada Pelegrine Grinover, alias, menciona não ser inconstitucional a
proposta que estabelecesse a tentativa obrigatória da conciliação prévia, que não iria contrariar o
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
inciso XXXV do art. 5º da CRFB/88, pois o “direito de ação não é absoluto, sujeitando-se a
condições (condições da ação), a serem estabelecidas pelo legislador”. Assim, não haverá
interesse de agir da pessoa, postulando a tutela jurisdicional, se não for observado o caminho
alternativo da conciliação prévia, que seria situação bastante razoável, não ficando mutilada a
garantia constitucional do direito ao processo.
Se o empregado não tentar a conciliação, o juiz irá extinguir o processo
sem análise de mérito (art. 264, VI, CPC), por não atender à condição da ação estabelecida em
lei.
PROCEDIMENTOS – a CCP irá analisar apenas postulação relativa à
relação de emprego.
A demanda será formulada por escrito, ou reduzida a termo, sendo
entregue cópia datada e assinada pelo membro aos interessados (art. 625, §1º).
A pretensão pode ser feita pessoalmente (ius postulandi) ou através de
advogado.
Não prosperando a conciliação, será fornecido ao empregado e ao
empregador declaração de tentativa frustrada de conciliação. (art. 625-D, §2º).
Em caso de motivo relevante que impossibilite a observância do
procedimento, será a circunstância declarada na petição inicial da ação trabalhista (§3º, 625-D).
Caso exista na mesma localidade e para a mesma categoria, comissão de
empresa e comissão sindical, o interessado optará por uma delas. (§4º, 625-D).
A CCP tem prazo de 10 dias para a realização da tentativa de conciliação, a
partir da provocação do interessado (625-F). Esgotado tal lapso sem a realização da sessão, será
fornecida, no último dia do prazo, a declaração de tentativa frustrada .
A juntada da declaração de tentativa frustrada de conciliação será
obrigatória para a propositura de eventual ação trabalhista.
Aceita a conciliação será lavrado termo assinado. Note-se que o
empregado não é obrigado a aceitar a conciliação, podendo daí propor a ação que entender
cabível.
O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia
liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas. (625-E). O termo de
conciliação, assim, poderá ser executado diretamente pela Justiça do Trabalho (art. 876, CLT).
PRAZO PRESCRICIONAL – o prazo prescricional será suspenso a partir
da provocação da CCP, recomeçando a fluir, pelo que lhe restar, a partir da tentativa frustrada de
conciliação ou do esgotamento do prazo de 10 dias para a realização de tentativa de conciliação
(art. 625-G).
1. COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO
A palavra jurisdição vem do latim iuris dictio, dizer o direito.
Já competência é mera divisão do trabalho jurisdicional, ou seja, é o limite em que cada
órgão jurisdicional pode legitimamente exercer essa função estatal.
Competência é a medida de jurisdição de cada órgão jurisdicional.
Cumpre registrar que o Presidente do STF (Min. Nelson Jobim) concedeu liminar na ADI
n. 3.395, proposta pela AJUFE – Associação dos Juízes Federeis, nos seguintes termos:
“... não há que se entender que a justiça trabalhista, a partir do texto promulgado, possa
analisar questões relativas aos servidores públicos.
Essas demandas vinculadas a questões funcionais a eles pertinentes, regidos que são pela
Lei 8.112/90 e pelo direito administrativo são diversas dos contratos de trabalho regidos pela
CLT.
2.3 Competência em razão da Pessoa: É fixada em virtude da qualidade da parte que figura
na relação jurídica.
- Art. 70. da CF, Sindicatos, INSS quando promove execução das contribuições
previdenciárias, MPT (greve), avulso, eventual, autônomo, empreiteiro, artífece e
operário(art. 455 da CLT), doméstico, temporário, os entes de direito público externo,
servidores de cartório extrajudicial (art. 236 CF), empregado público (regido pela
CLT).
2.4 – Competência Normativa: (PODER NORMATIVO)
A Justiça do Trabalho é o único ramo do Poder Judiciário que possui competência material
para criar normas gerais e abstratas destinadas à categorias profissionais ou econômicas
respeitadas as disposições legais e convencionais mínimas de proteção ao trabalho. (Previsão
– art. 144 parágrafo 20. da CF), que é exercido por meio da sentença normativa proferida nos
dissídios coletivos.
O processamento do dissídio coletivo é regulado nos parágrafos 10. e 20. do art. 144 da
Constituição Federal)
3
Sempre lembrando que a expressão “notificação”, utilizada atecnicamente pela CLT, abrange a citação, a intimação
e a própria notificação. Isto porque, a expressão “notificação” vem da época em que a Justiça do Trabalho pertencia
ao Poder Executivo.
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
não for encontrado ou se recusar a receber a notificação, o servidor ficará obrigado a devolver
em 48 horas a notificação ao Tribunal de origem, sob pena de responsabilidade.
Essa determinação deu origem ao S. 16 do TST, que prevê a presunção (iuris
tantum) de que a parte recebe a notificação em 48 horas, após expedida.
Há que distinguir dois momentos de fruição dos prazos processuais:
INÍCIO DO PRAZO – dies a quo, ocorre no momento em que o interessado toma
ciência do ato processual a ser praticado.
INÍCIO DA CONTAGEM – é um segundo momento. O início da contagem do
prazo ocorre no dia seguinte ao do início do prazo.
Os prazos que se vencerem em Sábado, Domingo e feriado terminarão no
primeiro dia útil seguinte (art. 775, CLT).
Em caso de INTIMAÇÃO DA SEXTA-FEIRA, o prazo judicial começará a correr
na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará a correr no
primeiro dia útil que se seguir (S. 1, TST e S. 310, STF).
NOTIFICAÇÃO OU INTIMAÇÃO NO SÁBADO (S. 262, TST) – o início do
prazo dar-se-á no primeiro dia útil imediato e a contagem no subseqüente. O prazo começa a
correr na terça-feira, portanto.
ALGUNS DETALHES
No processo do trabalho, não há necessidade da parte requerer a citação do ex adverso na
petição inicial, esta é feita automaticamente pela Secretaria da Vara (art. 841, CLT).
Regra geral, no processo do trabalho, as citações e intimações são feitas pelo correio,
onde serão presumidamente recebidas pela parte em 48 horas (S. 16, TST).
A notificação (citação) é considerada realizada com a simples entrega do registro postal
no endereço da parte. Assim, será considerada válida a notificação desde que entregue no
endereço correto do notificado, sem a devolução pelo correio, independentemente da pessoa que
receber.
No processo do trabalho, só se determina a citação por Oficial de Justiça na fase de
execução (art. 880, CLT).
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
- PARTES
1 – CONCEITO DE PARTES
“As partes no processo são, de um lado, a pessoa que postula a prestação jurisdicional do
Estado, e, de outro lado, a pessoa em relação à qual tal providência é pedida” (CHBL).
“Aquele que pleiteia e aquele em face de quem se pleiteia a tutela jurisdicional”
OBS.: no processo do trabalho autor é reclamante e réu é reclamado. Nos dissídios
coletivos temos o suscitante (geralmente o sindicato da categoria profissional) e suscitado
(sindicato patronal ou empresa). No inquérito para apuração de falta grave, o autor (empregador)
é chamado de requerente e o réu (empregado) e o requerido.
CLT). As reclamações serão registradas em livro próprio (art. 784, CLT). O distribuidor
fornecerá ao interessado recibo (art. 785, CLT).
Se a petição inicial for verbal (jus postulandi), deverá ser reduzida a termo pelo órgão
auxiliar onde foi apresentada, contendo duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou chefe de
secretaria, adotando-se, após os procedimentos das reclamações escritas. Distribuída a
reclamação verbal, o reclamado deverá, salvo motivo de força maior, apresentar-se, no prazo de
05 dias, ao cartório ou à secretaria, para reduzi-la a termo, sob pena de não poder ajuizar outra
ação por período de seis meses5 (786, §Ú, CLT). Um detalhe é que a petição verbal deverá ser
distribuída antes de sua redução a termo.
A petição inicial do dissídio coletivo (art. 856, CLT) e do inquérito para apuração de falta
grave deve ser necessariamente escrita (art. 853, CLT). As iniciais das ações especiais cabíveis
no processo do trabalho, como mandado de segurança, ação civil pública, ação civil coletiva,
ação rescisória, também devem ser escritas.
2 – Requisitos da petição incial
Os requisitos da petição inicial trabalhista estão previstos no art. 840 da CLT, razão pela
qual se mostram, em princípio, inaplicáveis as regras subsidiárias do CPC.
Importante relembrar, que o processo do trabalho é regido pelo princípio da simplicidade,
razão pela qual o próprio texto consolidado não exige alguns requisitos previstos no CPC, tais
como: os fundamentos jurídicos do pedido, as especificações do pedido, o valor da causa, as
provas e o requerimento de citação do réu. Não obstante, a doutrina e a jurisprudência trabalhista
vêm exigindo, em alguns casos, alguns dos requisitos típicos da petição inicial do processo civil.
2.1 – Designação da autoridade judiciária a quem for dirigida
Ex.: “Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz do Trabalho da ..... Vara do Trabalho do
Rio de Janeiro – Capital”.
Deixa-se o espaço em branco em virtude da distribuição, pois somente após esta é
que se saberá a Vara competente.
1.1 – Qualificação das partes
A petição inicial deve conter o nome completo do autor e do réu (pessoa física),
sua nacionalidade, estado civil, profissão e endereço completo (de preferência com CEP para
agilizar a notificação). Recomenda-se a indicação do CPF e da CTPS.
Quanto às pessoas jurídicas, deve-se colocar o nome ou razão social, a
personalidade jurídica de direito público ou privado, o CNPJ e o endereço completo. Não é
necessário indicar o nome dos sócios.
1.2 – Breve exposição dos fatos
O §1º do art. 840 da CLT fala em “breve exposição dos fatos”, o que significa que
na petição inicial trabalhista deveria haver apenas a narração dos fatos, ou seja, não se exige a
indicação do fundamento jurídico do pedido, bastando que se narre os fatos para que o juiz faça
o enquadramento jurídicos dos mesmos.
Antes de mais nada, é de bom tom relembrar que fundamentos de fato
correspondem à causa de pedir próxima ou imediata, vale dizer, são os fatos que dão origem à
ameaça ou lesão ao direito material da parte. Geralmente, a causa de pedir próxima diz respeito
ao descumprimento das normas contratuais e legais que guarnecem o contrato de trabalho.
Assim, o autor deve apontar as datas de admissão e dispensa, a função que exercia, o salário, a
jornada de trabalho, etc.
Já os fundamentos jurídicos do pedido são os que compõem a causa de pedir
remota ou mediata. O autor deve indicar o porquê do seu pedido. Assim, o autor que pede aviso
prévio, deverá indicar na petição inicial que a dispensa se deu sem justa causa. Se pede horas
5
Essa é uma das espécies de perempção trabalhista já analisada anteriormente.
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
extras, deverá indicar, como causa de pedir, que cumpria jornada além do limite máximo
permitido.
Há controvérsia doutrinária e jurisprudencial a cerca do requisito da petição inicial
em tela.
Para uns, não há necessidade de indicação dos fundamentos jurídicos do pedido,
mesmo porque o processo laboral admite o jus postulandi pelas próprias partes. Outros entendem
que o requisito em tela corresponde ao fundamento jurídico do pedido.
CHBL entende que ainda que não exijam os rigorismos do CPC, é preciso ao
menos que haja alguns elementos que tornem possível o exercício das garantias constitucionais
do devido processo legal e da ampla defesa.
SPM afirma que em certos casos não basta apenas a narração dos fatos, mas a
causa de pedir e a fundamentação jurídica do pedido, especialmente quando a matéria é de
direito.
Wagner Giglio atesta que a orientação geral, de ordem prática é reduzir os fatos
narrados na petição inicial àqueles essenciais à constituição dos direitos pleiteados.
2ª co) Outros dizem que é desnecessária a indicação do valor da causa, uma vez que o
juiz pode, de ofício, fixá-lo, quando omissa a peça vestibular. O que me parece ser uma
contradição na posição defendida por SPM é que ele ainda diz “o juiz pode – e tem a
obrigação – de retificar de ofício o valor da causa, quando verificar que não foram
observados os incisos do art. 259 do CPC”.
CHBL, diz que de acordo com a lei, o valor da causa é obrigatório apenas para as causas
sujeitas ao procedimento sumaríssimo (art. 852-A e 852-B), nos outros procedimentos, se
não indicado o valor da causa o juiz deve, de ofício, fixá-lo (p. ex.: art. 2º, Lei 5584/70).
Obs.: em mandado de segurança a jurisprudência do TST tem sido rigorosa em exigir o
valor da causa.
III - AUDIÊNCIA
1 – Generalidades
Audiência é o lugar e o momento em que os juízes ouvem as partes.
No processo do trabalho, as audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho são públicas e
realizadas na sede do juízo ou Tribunal, em dias úteis, entre 8 e 18 horas, não podendo
ultrapassar 5 horas seguidas, salvo matéria urgente. Em casos excepcionais poderá ser designado
outro local para as audiências, desde que se faça tal comunicado com antecedência de 24 horas.
A CRFB/88 garante a publicidade de todos os atos processuais (art. 93, IX), ressalvados
os casos excepcionais legalmente previstos.
Ao juiz é tolerado o atraso de 15 minutos ao comparecimento da audiência (art. 815,
parágrafo único). Note-se que a tolerância é para o juiz, não para as partes.
A direção da audiência é tarefa exclusiva do juiz (art. 765, CLT), devendo ele manter a
ordem nas mesmas (816, CLT). Trata-se do exercício do poder de polícia pelo juiz, também
chamado de poder de polícia processual. Ver ainda, arts. 445 e 446 do CPC.
As audiências serão registradas em livro próprio (art. 817 da CLT).
O art. 849 da CLT prescreve que a audiência de julgamento deverá ser contínua,
admitindo, no entanto que, por motivo de força maior, poderá o juiz determinar a sua
continuação para a primeira desimpedida, independente de notificação.
O costume processual acabou fracionando, na praxe, a audiência de julgamento em três:
“audiência de conciliação” ou “audiência inaugural”, “audiência de instrução” e “audiência de
julgamento”.
A “audiência de conciliação” é destinada apenas à tentativa de conciliação (art. 846, §§1º
e 2º da CLT).
O termo que for lavrado na conciliação valerá como decisão irrecorrível, somente
atacável pela via da ação rescisória (E. 259, TST), salvo para a Previdência Social quanto às
contribuições que lhe forem devidas (art. 831, CLT).
Não havendo acordo, o reclamado terá 20 minutos para apresentar sua defesa, quando
esta não for dispensada pelas partes (art. 847, CLT. Na prática, é entregue cópia da peça de
defesa ao juiz e ao reclamante.
Terminada a defesa, inicia-se a instrução do processo, podendo o juiz, de ofício,
interrogar as partes. Na prática, o juiz designa nova “audiência de instrução”, também chamada
de “audiência de prosseguimento”, que é destinada à produção das provas.
Finda a “audiência de instrução”, as partes poderão apresentar razões finais orais por 10
minutos cada uma. Em seguida o juiz deve renovar a proposta de conciliação e, frustrada esta,
proferir a sentença. Na prática o juiz não profere a sentença nesta audiência, designando-se nova
audiência – “audiência de julgamento” – cujo objetivo é a publicação da sentença.
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
PROVAS
1 – A instrução do processo
A instrução é a fase do processo de conhecimento em que são colhidas as provas que
esclarecerão o juiz para que possa proferir decisão.
Prova é o meio lícito para demonstrar a veracidade ou não de determinado fato
com a finalidade de convencer o juiz acerca da sua existência ou inexistência.
2 – Objeto da prova
O que provar?
Regra geral, apenas os fatos devem ser provados, pois a parte não é obrigada a provar o
direito, havendo uma presunção legal de que o juiz conhece o direito (jura novit curia). É de se
notar que esta é uma presunção em relação ao direito federal, logo este não precisa ser provado.
O direito estrangeiro, municipal, estadual, distrital ou consuetudinário devem ser provados (art.
337, CPC).
A parte deve provar também a vigência e o teor de acordos coletivos, convenções
coletivas, regulamentos de empresa, sentenças normativas ou direito comparado.
Fatos que não precisam ser provados (334, CPC):
- notórios (fato inerente à cultura mediana de determinado meio social no momento do
julgamento da causa. Ex.: desnecessário provar que na época do natal há aumento das vendas);
- afirmados por uma parte e confessados pela outra (são os fatos confessos e
incontroversos
- em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade (ex.: E. 12, TST)
3 – Ônus da prova
O ônus probatório diz respeito a quem deve provar? Em linha de princípio, as partes têm
o ônus de provar os fatos narrados na petição inicial ou na peça de resistência, bem como os que
se sucederem no decorrer da relação processual (818, CLT c/c 333, CPC).
Fatos impeditivos, extintivos e modificativos (Heloisa Pinto Marques):
“Quando o réu admite o fato alegado pelo autor, mas lhe opõe outro que lhe impeça os
efeitos, estamos diante de fato impeditivo. Na hipótese do trabalho aos domingos, por exemplo, a
reclamada, admitindo o trabalho aos domingos, alega que era compensado nas segundas-feiras.
Neste caso cabe à reclamada demonstrar que havia folga naquele dia. Os fatos extintivos são
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
aqueles opostos ao direito alegado, com condições de torná-lo inexigível. Acontece, por
exemplo, quando a reclamada admite que o reclamante trabalhava aos domingos, sem
compensação, mas aduz Ter pago os valores devidos a este título. Competirá, pois, à reclamada
demonstrar o pagamento. Por fim, os fatos modificativos são aqueles que, sem negar os fatos
alegados pelo autor, inserem modificação capaz de obstar os efeitos desejados. É o caso, por
exemplo, da reclamada alegar que o reclamante trabalhava aos domingos no estabelecimento
empresário, mas que nesses dias o trabalho era voluntário, com fins de benemerênci, já que a
empresa cedia os equipamentos e material para produzir alimentos para serem distribuídos para a
comunidade e que não havia obrigatoriedade de comparecimento. Compete à reclamada sua
demonstração”
OBS.: inversão do ônus da prova: a jurisprudência trabalhista vem mitigando a rigidez
das normas acima citadas, passando a admitir a inversão do ônus da prova. Como por exemplo:
- E. 338, TST
- prova do término da relação de emprego – E. 212, TST – compete ao empregador –
princípio da continuidade da relação de emprego
- ônus da prova atinente à equiparação salarial – E. 68, TST – é do empregador o ônus da
prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo da equiparação salarial.
Obs.: vale-transporte – SDI-1, 215 – é do empdo prova que satisfaz os requisitos à
obtenção do vale-transporte
Obs.: ônus de provar horas extras – é do empregado, excepcionada a hipótese do E. 338,
TST6, pois o normal se presume, o excepcional deve ser provado.
4 – Meios de prova
O problema dos meios de prova resumem-se na pergunta: como provar?
Art. 5º, LVI, CRFB/88 e art. 332, CPC.
OBS.: inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
4.1 – Depoimento pessoal e interrogatório
Art. 848 c/c 820 CLT – se o juiz não interrogar as partes, qualquer delas pode requerer,
por seu intermédio, o interrogatório recíproco.
O requerimento de interrogatório pode ser invalidado, desde que fundamentado.
Em audiência, pode o Magistrado, de ofício ou a requerimento das partes
promover o interrogatório dos litigantes, antes mesmo de ouvir as testemunhas, após a proposta
infrutífera de conciliação e a apresentação da defesa.
O depoimento pessoal se inicia pelo reclamante, e enquanto estiver sendo
interrogado, a parte adversa não poderá assistir seu depoimento (art. 344, parágrafo único do
CPC).
4.2 – Testemunhal
Quem pode ser testemunha? Toda pessoa natural que esteja no pleno exercício da
sua capacidade e que, não sendo impedida ou suspeita, tenha conhecimento dos fatos relativos ao
conflito de interesses constante do processo no qual irá depor.
A prova testemunhal é o meio mais inseguro de prova. Não obstante, é o meio
mais utilizado no processo do trabalho.
Não podem ser testemunhas: pessoas incapazes, impedidas ou suspeitas
Obs.: testemunhas impedidas ou suspeitas podem ser ouvidas se estritamente
necessário (art. 405, §4º, CPC).
Depoimento de parente, amigo, inimigo, etc, valerá como simples informação >
829, CLT
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omissão injustificada do registro de horário
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
O valor total dos honorários periciais é devido, ao final do processo, pela parte
que sucumbiu no pedido relativo ao objeto da perícia (Art. 790-B, CLT ).
Honorários do assistente técnico – E. 341, TST – deve ser pago pela parte que
indicou o assistente ainda que esta seja vencedora no objeto da perícia.
As partes devem manifestar-se sobre o laudo.
Juiz pode ouvir o perito em audiência (827, CLT)
Juiz pode determinar nova perícia, de ofício o mediante requerimento. A segunda
perícia não substitui a primeira.
1 – Razões finais
Também chamada de alegações finais, trata-se de uma faculdade das partes. Assim,
encerrada a instrução processual, as partes poderão aduzir razões finais orais, em prazo não
excedente a 10 minutos para cada parte (art. 850, CLT).
Todavia, as razões finais podem ser apresentadas por escrito em forma de memoriais, que
melhor analisa toda a situação processual de seu interesse, neste caso é constumeiramente
deferido pelo juiz (apesar de não existir no processo do trabalho esta figura jurídica escrita) o
prazo de 10 dias para sua apresentação.
OBS.: no procedimento sumário as razões finais servem como mais um meio para
impugnar o valor da causa (art. 2º, §4º, l. 5584/70)
OBS.: no procedimento sumaríssimo também é uma faculdade.
2 – Conciliação pré-decisória
Após as razões finais, o juiz renova a proposta conciliatória na busca de que possa a lide
ser encerrada por conciliação.
As propostas conciliatórias são obrigatórias por lei (arts. 846 e 850, CLT). Todavia,
entendem os doutrinadores que a ausência da primeira proposta conciliatória não nulifica o
processo, mas, se o juiz, antes de proferir a sentença, não apresentar a segunda proposta de
conciliação, a sentença estará contaminada de vício insanável.
3 – Acordo (termo de conciliação)
O temo de conciliação lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência
Social, quanto às contribuições que lhe forem devidas.
O acordo homologado judicialmente só pode ser impugnado via ação rescisória (E. 259,
TST).
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Esse acordo só não produzirá efeito em relação ao INSS, que não fez parte da relação
processual (114, §3º, CR) e poderá interpor recurso ordinário contra a decisão homologatória do
acordo. Cabe dizer que o recurso fica adstrito às contribuições previdenciárias que o INSS
entende devido.
4 - Sentença
O art. 162 do CPC, dispõe que são atos do juiz as sentenças, as decisões interlocutórias e
os despachos
A CLT emprega o temo decisão em sentido amplo, que pode ser tanto sentença quanto
decisão interlocutória – cuidado!! Como, por exemplo, o art. 799, §2º da CLT, que refere-se a
uma decisão interlocutória (onde o juiz resolve uma questão incidente sem extinguir o processo).
Obs.: sentença sem relatório > nula de pleno direito (832, CLT c/c 458, I,
CPC).
5.3.2 – Fundamentação
São as razões de decidir do juiz, constitui a base intelectual da sentença.
Nela, o juiz revela todo o raciocínio desenvolvido acerca da apreciação das questões processuais,
das provas produzidas e das alegações das partes, que são os dados que formarão o alicerce da
decisão.
Art. 93, IX, CRFB/88
5.3.3 – Dispositivo
O dispostivo é a conclusão. É a parte final da sentença, onde se registra a
solução das questões (pontos controversos) submetidas ao órgão judicante, com o que o juiz
acolherá ou rejeitará a pretensão. Assim, após a fundamentação dos motivos que ensejou a
decisão, passa-se a registrar o resumo do direito aplicado ao caso concreto.
Como espelho da decisão, não pode faltar no dispositivo todo e qualquer
comando especial, como isenção de custas ou remessa de ofício à Segunda instância nos
processos em que são partes a administração pública, a expedição de ofícios às autoridades
competentes.
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Deve ser observado o valor do salário-mínimo da data do ajuizamento da ação.
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Pedido certo é aquele que vem expresso, claro, não deixando dúvida do que se
pretende. Ex. pagamento de horas extras.
Pedido determinado é aquele que tem limites estabelecidos, que está perfeitamente
caracterizado. Ex.: pedido de 2 horas extras por dia, de Segunda a Quinta, de setembro a
novembro.
A inobservância desse requisito importará no arquivamento da reclamação
(extinção do processo sem julgamento do mérito) – art. 852-B, §1º, CLT. Todavia, há quem
entenda que deve ser concedido prazo (10 dias) para que o autor emende a inicial.
OBS.: o pedido genérico é excepcionalmente possível quando o mesmo não puder
ser determinado desde logo. Ex.: pedido de equiparação
1.2 - Citação
O Reclamante deve indicar corretamente o nome e o endereço do reclamado.
Não haverá citação por edital.
Diante da inobservância desse requisito, os juízes têm determinado a conversão
para o rito ordinário e promovendo a citação por edital.
1.3 - Procedimento
A citação será pelo correio ou oficial de justiça, não cabendo a citação por edital
(art. 852-B, II, CLT).
As mudanças de endereço das partes devem ser imediatamente comunicadas ao
juiz, pena de considerar válidas as intimações feitas (art. 852-B, §2º, CLT).
A apreciação da reclamação deve ser efetivada em até 15 dias (art. 852-B, III,
CLT), podendo inclusive constar de pauta especial. É o que de fato ocorre, só que o prazo de 15
dias normalmente não é observado, devido ao enorme movimento das varas.
1.4 - Audiência
Deve ser una (art. 852-C), podendo ser presidida pelo juiz titular ou substituto.
A conciliação não é obrigatória nos mesmos moldes do procedimento ordinário. O
art. 852-E dispõe que o juiz esclarecerá as partes sobre as vantagens da conciliação tentando
persuadi-las para alcançá-la.
A ata de audiência será resumida (art. 852-F).
Os incidentes (ex.: litispendência, coisa julgada, conexão, etc) e exceções serão
decididas de plano pelo juiz (art. 852-G). As demais questões serão decididas na sentença.
1.5 – Sistema probatório
O juiz tem liberdade para dirigir o processo.
O ônus probatório será distribuído pelo juiz de acordo com a experiência comum
ou técnica (art. 852-D). O que já era assegurado pelo art. 765, CLT.
Todas as provas serão produzidas em audiência, ainda que não previamente
requeridas (art. 852-H).
Haverá no máximo 2 testemunhas (art. 852-H, §2º), que comparecerão
independentemente de intimação. A condução coercitiva da testemunha será possível quando,
intimada, não comparece (art. 852-H, §3º)
É possível a prova pericial quando a prova do fato exigir (ex.: insalubridade e
periculosidade). Não há indicação de assistente técnico.
1.6 – Sentença
O juiz deve resumir os fatos relevantes, sendo dispensado o relatório.
O juiz adotará a decisão mais justa e eqüânime.
A intimação da sentença será na própria audiência.
1.7 – Sistema recursal
Tem que fazer o depósito recursal e deve obedecer aos pressupostos extrínsecos e
intrínsecos dos recursos.
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
RECURSOS – GENERALIDADES
Após os estudos sobre a petição inicial, a defesa, a audiência e os pontos de observação
da sentença, chegou a hora de estudarmos a fase recursal, de suma importância para que se
mantenha o princípio constitucional do duplo grau de jurisdição.
1 – Conceito de recurso
Direito assegurado por lei para que a(s) parte(s), o terceiro juridicamente interessado ou o
MP possam provocar o reexame da decisão proferida na mesma relação jurídica processual,
retardando, assim, a formação da coisa julgada.
2 – Pressupostos recursais
A admissibilidade dos recursos está condicionada à satisfação, pelo recorrente, de
pressupostos previstos em lei para que o recurso interposto possa ser conhecido. A ausência de
qualquer dos pressupostos de admissibilidade impede o exame do mérito do recurso pelo órgão
competente para sua apreciação.
A doutrina classifica os pressupostos em subjetivos (ou intrínsecos) e objetivos (ou
extrínsecos).
2.1 – Pressupostos subjetivos
a) Legitimidade - Art. 499, CPC – habilitação outorgada por lei. Quem pode
recorrer.
A parte pode recorrer.
O terceiro prejudicado ou interessado (sucessor ou herdeiro; empresa solidária;
subempreiteiro, o empreiteiro principal, o dono da obra; sócios de fato; litisconsortes ou
assistentes; substituto processual)
MPT (83, VI, LC 75/93)
O interveniente e o assistente
b) Interesse – só se recorre contra a parte dispositiva da decisão, porque apenas
esta fração faz coisa julgada. O interesse, portanto, se afere em relação à conclusão da sentença,
porque só aí ele se mostra de caráter prático na provocação do novo julgamento pelo Tribunal ad
quem (superior).
O interesse recursal repousa no binômio utilidade + necessidade. Ou seja,
utilidade da providência judicial pleiteada e necessidade da via que se escolhe para obter essa
providência.
a) Recorribilidade do ato - Há atos judiciais que não são passíveis de recurso (art.
2º, §4º,l5584/70).
b) Adequação - Existe um recurso adequado para atacar o ato judicial passível de
impugnação. Assim, não basta que o ato judicial atacado seja recorrível. É imprescindível que o
recurso utilizado estaja em conformidade com a decisão por ele impugnada.
A má adequação entretanto, não pode prejudicar o recorrente - princípio da
fungibilidade.
c) Tempestividade - Os prazos para interposição dos recursos são peremptórios.
Em regra, no processo do trabalho, os prazos recursais são de 8 dias.
Como exceção ao prazo de 8 dias, temos: (i) revisão do valor da causa – 48 horas;
(ii) embargos de declaração – 5 dias; (iii) recurso extraordinário para o STF – 15 dias; (iv)
agravo inominado para o Pleno do TST – 5 dias.
Obs.: se os litisconsortes tem diferentes procuradores o prazo é em dobro (191,
CPC).
Obs.: pessoas jurídicas de direito público > prazo em dobro.
d) Regularidade da representação - O processo do trabalho admite o jus
postulandi, todavia, se representado por advogado, representação deve ser regular.
Admissível, porém, o mandato tácito (E. 164, TST) e a procuração apud acta8.
1 – Recurso ordinário
O RO corresponde à apelação do CPC. Ordinário é o recurso clássico para impugnar as
decisões finais desfavoráveis no âmbito da processualística laboral.
1.1 - Cabimento
O prazo de interposição do RO é de 8 dias, cabendo das decisões definitivas ou das
terminativas do feito pelas Varas do Trabalho e dos TRTs, em processos de sua competência
originária (inclusive dissídios coletivos).
Obs.: algumas decisões interlocutórias, por serem “terminativas do feito”
no âmbito da jurisdição trabalhista, desafiam a interposição de RO (v. E. 214, TST)
Decisões finais das VT passíveis de RO:
- juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor (269, I, CPC)
- réu reconhecer a procedência do pedido (269, II, CPC)
- juiz acolher a decadência ou a prescrição (269, IV, CPC)
- autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação (269, V, CPC)9
Outras decisões atacáveis por RO:
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Não foi inserido o inciso III do 269, do CPC, uma vez que a transação homologada pelo juiz no processo
trabalhista (termo de conciliação), possui força de decisão irrecorrível (831, §Ú, CLT), atacável somente via ação
rescisória
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
1.2 - Devolutibilidade
Art. 515, CPC
O RO devolve ao juízo ad quem toda a matéria efetivamente impugnada pelo
recorrente.
O RO possui apenas efeito devolutivo (899) permitindo a execução provisória do
julgado.
1.3 - Tramitação
Procedimento Ordinário:
Prazo – 8 dias10
Petição dirigida ao juiz que proferiu a sentença
Admitido o RO > contra-razões > prazo 8 dias11
Juiz de piso pode reconsiderar ou não a admissibilidade o RO (518, CPC),
mantida a decisão de admissibilidade, da qual não caberá recurso, o processo sobe; se o juiz não
admitir o RO, o recorrente poderá interpor AI, prazo 8 dias. Para o objetivo (único) de destrancar
o RO.
O juízo ad quem pode reexaminar a admissibilidade do RO
MPT tem 8 dias para exarar parecer (art. 5º, L.5584/70)
Se o relator indeferir o processamento do RO cabe agravo regimental, se houver
tal previsão
Deferido o processamento será o RO colocado em pauta para julgamento
Procedimento Sumaríssimo:
Art. 895, §1º, CLT
RO será imediatamente distribuído, ou seja, esses recursos não aguardarão o dia
normal para distribuição de recursos, sendo distribuídos a medida que forem sendo recebidos.
Relator deverá liberá-lo no prazo máximo de 10 dias
Secretaria deve colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento
Parecer do MPT é facultativo e pode ser feito oralmente
Acórdão deve indicar parte suficiente do processo e parte dispositiva e as razões
do voto prevalente
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MPT e pessoas jurídicas de direito público terão prazo em dobro
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inclusive para o MPT e pessoas jurídicas de direito público
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
2 – Recurso de revista
2.1 – Natureza jurídica
Tem o RR natureza extraordinária, pois não se presta à observância do duplo grau
de jurisdição, nem a corrigir injustiças dos acórdãos. Seu objetivo consiste apenas em impugnar
acórdão regional que contenha determinados vícios.
O RR se presta a corrigir a decisão que violar a literalidade da lei e a uniformizar
a jurisprudência nacional concernente à aplicação dos princípios e normas de direito material e
processual do trabalho. Ou seja, sua finalidade é de uniformizar a jurisprudência quanto à
matéria de direito.
Ou seja, visa à proteção do direito objetivo de não do direito subjetivo
2.2 – Cabimento
Art. 896, CLT.
2.2.1 – Divergência jurisprudencial na interpretação de lei federal
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diferentemente do RR que visa a superação de divergências entre os tribunais
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
5 – Embargos de declaração
Finalidade principal: esclarecimento ou complementação, salvo quando puderem ocasionar
efeito modificativo como dito supra.
5.1 – Cabimento
a) Omissão de ponto, questão ou matéria sobre os quais devia o juiz ou tribunal ter se
pronunciado. Pode ser usado como forma de prequestionamento..
b) obscuridade.
c) Contradição
Só é possível os embargos declaratórios contra sentença ou acórdão e não contra decisão
interlocutória.
5.2 – Efeitos
Não devolvem, a rigor, a matéria impugnada ao juiz prolator.
Têm efeito interruptivo – os declaratórios interrompem o prazo para interposição
de outros recursos. Começa a contar do zero
Se intempestivos, os embargos declaratórios não interrompem o prazo para
recurso.
Quando tiver efeito modificativo o STF vem admitindo o contraditório nos
declaratórios.(278, STF).
5.3 – Procedimento
Prazo > 5 dias
Petição dirigida ao juiz ou ao relator
Indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso
Não está sujeito a preparo
Pressupostos recursais > tempestividade e a regularidade de representação
Não há previsão para contra-razões (salvo na hipótese do 142, SDI-1), nem para
sustentação oral.
Embargos interpostos por PJ de direito público > SDI-1, 192 > prazo em dobro
6 – Recurso extraordinário
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
1 – Conceito
Alexandre Câmara: “É o instituto processual destinado a tornar adequada a tutela
jurisdicional executiva, mediante outorga do predicado de liquidez, que a sentença condenatória
genérica não é capaz de outorgar”.
de prova. Não há requerimento de citação (embora esta seja recomendável), vez que a citação
será feita de ofício pelo juiz.
OBS.: O QUE É O FATO NOVO – JARP “ fato novo é aquele cuja
existência já é reconhecida pela sentença (logo não é novo), mas incompletamente investigado,
de modo a faltar algo, ainda, de sua exata dimensão. A investigação que se faz é apenas
complementar da intensidade com que o fato contribui para a quantificação da crédito a ser
exigido”.
Ex.: No processo civil podemos pensar numa demanda em que se tenha
pedido a condenação do réu ao pagamento de indenização, capaz de ressarcir as despesas tidas
pelo demandante em razão de acidente de trânsito. Impossível fixar, no momento da propositura
da demanda, a extensão do dano sofrido, formulou-se pedido gernérico, tendo a sentença julgado
o pedido procedente para o fim de condenar o demandado a indenizar o damandante por todas
aquelas despesas. No processo condenatório, pois, terão sido provados os fatos constitutivos do
direito do demandante, assim considerados o acidente que causou os danos e a culpa do
demandado pelo evento. Na liquidação de sentença, pretende o demandante alegar e provar que
se submetera a três cirurgias em razão do acidente ao logo da demanda. Todos esses fatos,
pertinentes ao quantum debeatur, e novos como objeto de análise do juízo, serão trazidos à
cognição judicial através da liquidação por artigos.
Conceito
“É a atividade jurisdicional que tem por fim a satisfação concreta de um direito de
crédito, através da invasão do patrimônio do executado” (Alexandre Câmara).
- Legitimação Ativa
A) QUALQUER INTERESSADO
B) MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
C) O JUIZ – 878, CLT.
– Legitimação passiva
A) EMPREGADOR – é a regra no processo laboral brasileiro.
B) EMPREGADO – é possível que o empregado seja executado nas
seguintes hipóteses:
- Quando for devedor de custas ou outras despesas processuais
- Quando for condenado em ações onde tenha causado prejuízo (art. 462, §1º, CLT).
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
- Quando tenha que entregar algo ao empregador, como no caso do empregado ficar
indevidamente com os instrumentos de trabalho de propriedade do empregador.
C) ESPÓLIO, HERDEIRO SUCESSOR – art. 4º da Lei n. 6830/80 (Lei de Execução
Fiscal) que praticamente repete o 586 do CPC, de aplicação permitida pelo 889 da CLT.
– Título executivo
Trata-se de requisito indispensável a qualquer execução.
Sua função é tornar adequada a via executiva como instrumento de atuação da
vontade concreta do ordenamento jurídico.
Assim, é carecedor da de ação (por falta de interesse de agir) quem propõe ação
de execução sem dispor de título executivo, ou, ainda, quem dispondo de título executivo
propuser ação de conhecimento.
Assim, abre-se espaço para a aplicação subsidiária do art. 741 do CPC, segundo o
qual, na execução fundada em título judicial, os embargos só poderão versar sobre:
APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
É de se notar que todas as matérias previstas no art. 741 do CPC traduzem questões de
ordem pública e de relevante interesse social. Logo, as matérias argüíveis pela via dos embargos
podem ser tanto as previstas no §1º do art. 884 da CLT, como as do art. 741 do CPC.
1.1 – Prazo e procedimento
De acordo com o art. 884 da CLT, os embargos do devedor devem ser
opostos no prazo de 5 dias, com idêntico prazo para o embargado oferecer resposta.
Garantida a execução (pela penhora ou pelo depósito), os embargos
poderão ser apresentados pelo executado no prazo de 05 dias, a contar da data em que foi
intimado da penhora ou de quando efetuou o depósito, cabendo ao exeqüente contrariá-los, em
idêntico prazo.
É condição necessária para a admissibilidade dos embargos do devedor a
garantia do juízo (art. 884 da CLT).
OBS.: a MP 2180-34, dispõe em seu art. 4º que fica acrescentado à Lei n.
9494/97 o art. 1º-B, que diz que o prazo para a Fazenda opor embargos do devedor é de 30 dias.
Esse dispositivo, apesar de manifesta inconstitucionalidade, vem sendo aplicado.
O juiz poderá rejeitar liminarmente os embargos nas hipótese do art. 739
do CPC. Os embargos serão sempre recebidos com efeito suspensivo, suspendendo a execução.
Quando os embargos forem parciais, a execução prosseguirá quanto à parte não embargada.