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Amar
Descubra o verbo que define melhor o seu relacionamento
BEL1SÁRIO MARQUES
O GOSTAR
Sobre o gostar, sabe-se que ele pode ser formado sem a pessoa ter consciência do que está
acontecendo. É um sentimento incontrolável no seu aparecimento. Torna-se admi-nistrável
apenas depois que aparece. Ele pode ser mais forte quando não se está prestando atenção do que
quando se está atento. É, portanto, um processo automático, independente da consciência. Está
muito mais sujeito aos mecanismos dos sentidos. Daí as preferências, devido à impressão dos
sentidos ou ao condicionamento.
Mesmo sendo automático, há várias condições que contribuem para o gostar. O psicólogo
norte-americano Sidney Jourard as resume em dois fatores: necessidades e valores. Realmente, a
pessoa gosta de quem satisfaz as suas necessidades. Percebemos ou pensamos no objeto gostado,
quando a necessidade se manifesta. É por isso que gostamos mais de certos tipos de pessoas
que de outros. Já em relação aos valores, a pessoa gosta mais das coisas que correspondem a seus
ideais, crenças e alvos. O que se encaixa, conforma ou está de acordo com os valores é apreciado; o
que se desvia é depreciado.
Assim, no gostar, há um prazer subjetivo e uma reação afetiva mediada por regiões
específicas do cérebro, sensíveis a estímulos específicos. Quando estes estímulos se fazem
presentes, o organismo reage com algum tipo de afeto ou sentimento. Se o estímulo for
agradável, "gostável", o indivíduo vai buscá-lo, vai se aproximar dele. Se for desagradável,
"desgostável", o indivíduo vai evitá-lo, se afastar dele. Temos, então, dois estados: um desejado e
outro indesejado. O sentimento brota quando os resultados desejados são alcançados ou evitados
e quando as incertezas e dificuldades são vencidas.
Gostar, portanto, é um componente afetivo a uma expectativa de reviver uma experiência
passada. O objeto presente ou algum aspecto dele produziu satisfação no passado ou estava
associado a outro que a produziu.
EQUILÍBRIO
Juntando satisfação, necessidade, valores, crenças e alvos, podemos compreender que a
relação ínti-
ma nada mais é do que uma troca equilibrada de benefícios. O esposo que beneficia a esposa
contribui para ela gostar dele. Em contraponto, leva-a a retornar o benefício. Assim, a
relação de gostar é alimentada. Há prazer de estar junto, perto um do outro.
Em contraponto, o benefício precisa partir de uma pessoa altruísta, generosa e liberal, que
o pratica com espontaneidade. Daí, então, o benefício vai ser acreditado, aceito e
agradecido. Sem estes componentes, o benefício não é reconhecido. Quando flui
naturalmente, ele motiva a retribuição, formando uma cadeia positiva de interações agra-
dáveis. Ele alimenta a troca entre os parceiros e mantém o equilíbrio da relação. Há
correspondência de aceitação mútua, apoio, admiração e veneração um pelo outro, com-
panheirismo e incentivo nas horas difíceis, cortesia e tato no trato.
Uma situação assim torna aprazível o viver, porque é mais agradável, há sintonia de
sentimentos, harmonia de pensamentos, tolerância pelas atitudes, respeito pelas
inclinações. Porém, sobretudo, há correspondência nas manifestações positivas.
Dessa forma, em uma relação sadia, reina o gostar e o amar. Reina o querer perto e o
querer bem. Reina o sentimento e a razão. Um corrige o outro. Por isso exige coragem para
correr o risco de ser ferido e determinação para a aventura da felicidade.
Lembre-se de que querer ser gostado e amado por todos é uma ilusão que leva à
frustração. Achar que pode gostar e amar a todos é um belo superficialismo, uma tremenda
hipocrisia. Tentar qualquer esforço nessa direção é certeza plena de fracasso, tifr