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A missão das almas dos povos - Primeira Conferência - 7 de junho de 1910

PRIMEIRA CONFERENCIA – 7 de junho de 1910

Tenho a esperança de que este ciclo de conferências que estou iniciando hoje aqui possa contribuir
para aclarar alguns aspectos conhecidos da chamada imagem global de nossa filosofia universal. Quero
chamar a atenção p'ara a circunstância de que este ciclo apresentará muita coisa pertencente às verdades
mais fundamentais de nossa concepção do mundo, abrangendo assim elementos ainda bastantes alheios
ao pensamento atual dos homens. Por isso, peço aos prezados amigos que tiveram pouca oportunidade de
se ocupar das questões mais profundas da concepção científico-espiritual tomarem em consideração que
não conseguiríamos progredir nada em nosso campo se não déssemos, de tempos em tempos, um largo
pulo e um forte impulso justamente nas partes da cognição espiritual ainda mantidas bastante alheias ao
pensar, ao sentir e ao querer atual das pessoas.

Considerando isso, penso que às vezes minhas exposições vão requerer certa dose de boa vontade
de sua parte; pois se tivéssemos de reunir todos os documentos e comprovantes das exposições destes
poucos dias, precisaríamos de muito mais tempo. Não seguiríamos adiante se não houvesse ressonância
ao nosso apelo por boa vontade, se não encontrássemos compreensão espiritual em relação à minha
exposição. É verdade que o assunto a ser tratado por nós até em nossos tempos modernos está sendo
evitado por ocultistas, místicos e teósofos, precisamente por requerer um grau superior de independência
dos preconceitos a fim de se acolher sem possível resistência as comunicações a serem feitas.

O que quero dizer com isso, meus amigos, talvez se compreenda mais facilmente se lembrarmos
que quem chega a um certo grau de evolução mística ou oculta é chamado pela designação realmente
técnica de "homem' sem pátria". Querendo caracterizar sem rodeios o significado da expressão "homem
sem pátria", podemos dizer que designa a pessoa que. em sua concepção das grandes leis da humanidade,
não se deixa influenciar nada por tudo o que geralmente desponta nos homens em função de sua vivência
em determinada etnia. Também podemos dizer que o homem sem pátria é alguém capaz de acolher a
grande missão da humanidade sem que nele apareçam sentimentos e sensações específicos, determinados
por esta ou aquela terra natal. Por isso, vocês vêem que determinado grau de maturidade na evolução
mística ou oculta abarca uma visão desembaraçada precisamente do que, em outras circunstâncias e com
toda a razão, contemplamos como algo grande, por nós designado como a missão dos diferentes espírito
dos povos, em relação à vida humana individual, vale dizer, o que, a partir do fundo terreno de cada povo
e do espírito dos povos, fornece as muitas contribuições concretas à missão global da humanidade.

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Vamos, pois, descrever a grandeza daquilo de que o homem sem pátria, sob certo aspecto, deve
libertar-se. Acontece que os homens sem pátria, desde os tempos primordiais até nossos dias,sempre
souberam que, se quisessem caracterizar sua condição de sem pátria em todas as suas implicações,
encontrariam bem pouca compreensão. Há um preconceito contra tais pessoas expresso na seguinte
repreensão: "Vocês perderam qualquer ligação de índole étnica com a mãe-pátria; vocês não ligam ao que
é mais precioso aos outros. Mas não é assim. No fundo e de certa maneira, a condição de sem pátria é um
caminho indireto ou pelo menos pode sê-lo -que depois de se ter alcançado o lugar sagrado, a condição de
sem pátria, a traz de volta à substância do povo, reencontrando assim a harmonia com o autóctone na
evolução da humanidade. Tendo chamado a atenção a essa circunstância, achamos existirem razões para,
justamente nesta época, falar-se da maneira mais franca sobre o que denominamos "missão das almas
individuais dos povos" neste mundo. Até agora houve razões para se calar quase que completamente
sobre ta1 missão; mas, pelas mesmas razões, deve-se começar a falar dela em nossa época. É de suma
importância falar dessa missão, porque o que acontecerá à humanidade em futuro próximo contribuirá,
num grau muito maior do que ocorreu até agora, para reunir os homens numa missão humanitária comum.
Porem, os membros de um povo só poderão dar sua contribuição livre e concreta a essa missão comum,
se antes de mais nada tiverem a compreensão de sua índole étnica, do que poderíamos chamar de
"autocognição da etnia". Na antiga Grécia, nos mistérios apolíneos, a expressão "conhece-te a ti mesmo"
teve papel muito importante; assim, num futuro não muito distante, as almas dos povos ouvirão o apelo:
"Conhecei-vos a vós mesmos como almas dos povos." Essa frase terá uma certa importância para a
atuação da humanidade no futuro.

Nossa época encontra extraordinária dificuldade em reconhecer a existência de entidades não


existentes à percepção sensorial externa e ao conhecimento material. Menos difícil seria, talvez,
reconhecer na atualidade a existência no ser humano, tal como aparece no mundo, de certos membro e
partes de sua entidade supra-sensíveis e invisíveis; reconhecer que entidades, como os seres humanos, ao
menos fisicamente visíveis em seu lado externo, também tenham sua parte supra-sensível invisível. No
entanto, representa uma impertinência para as pessoas de nossa época falar-lhes de entidades que, para a
concepção corriqueira, não existem. O que é então que alguns chamam de "alma do povo" e “espírito do
povo"? Quando muito, reconhece-se nisso uma qualidade comum de tantas e tantas centenas ou milhões
de pessoas comprimidas sobre determinado pedaço de terra. Porém difícil é explicar à consciência
moderna que algo que vive independente desses milhões de seres humanos comprimidos num pedaço de
terra seja coisa real e correspondente ao conceito de "espírito do povo". Por exemplo, para falarmos de
algo bem neutro à pergunta: O que o homem atual entende pelo conceito de "espírito do povo suíço"?
-receberíamos a descrição bem abstrata de algumas qualidades das pessoas que habitam as regiões suíças
dos Alpes e do Jura, e o interrogado teria certeza de que a isso não corresponderia algo discernível pelas

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forças cognitivas e externas, ou seja, pelos olhos e outros órgãos de percepção. Para começar, será
necessário conseguir aberta e sinceramente acostumar-se à noção da existência de entidades que não se
apresentam ao poder de percepção material ordinário e não se expressam na esfera sensorial; habituar-se à
noção de que entre as entidades perceptíveis aos sentidos existem outras invisíveis atuando entre os
primeiros, da mesma maneira como a entidade humana atua nas mãos e nos dedos. Assim poder-se-á falar
do espírito do povo suíço como se fala do espírito de uma pessoa, distinguindo-se esse espírito da pessoa
daquilo que se apresenta nos dez dedos: também se deve distinguir o espírito do povo suíço dos milhões
de indivíduos que vivem nas montanhas da Suíça, por ser algo diferente e uma entidade, como o é o
próprio ser humano. Os indivíduos distinguem-se desse espírito pelo fato de apresentarem ao poder de
cognição humana um exterior sensível. O espírito de um povo não oferece algo que pode ser percebido
pelo poder de cognição apenas sensorial. como o é o ser humano que pode ser visto e percebido pelos
órgãos externos; todavia, o espírito do povo é uma entidade real.

De que forma procederemos na ciência espiritual se desejamos formar idéia de uma entidade real?
Temos ante nós um exemplo característico disso, se começarmos a dirigir a atenção à natureza do ser
humano. Descrevendo o homem do ponto de vista da ciência espiritual, distinguimos nele o corpo físico,
o corpo etérico ou vital, o corpo astral, ou de sentimentos, e o que consideramos o membro superior: o
Eu. Sabemos, portanto, que nesses quatro membros temos todo o ser humano como se apresenta hoje.
Sabemos também que a humanidade continuará evoluindo no futuro e" que o eu está trabalhando nos três
membros inferiores da entidade humana, de sorte a espiritualizar e transformar esses membros de sua
forma inferior atual a uma forma superior no futuro. Quando o eu houver transformado o astral, este se
apresentará de forma nova, conhecida pelo nome de personalidade espiritual ou Manas. Assim, um
trabalho mais elevado do eu no corpo etérico ou vi- tal transformá-lo-á no que denominamos espírito vital
ou Budhi. E por fim o trabalho superior do eu, o esforço de trabalho mais alto que se possa imaginar, é a
transformação, metamorfose ou espiritualização do membro mais reticente de sua entidade: o corpo
físico. Este corpo físico tornar-se-á o membro mais alto da entidade humana, hoje sua parte mais tosca e
material e que, transformado pelo eu, será o homem-espírito ou Atma.

Temos assim três membros da natureza humana que se desenvolveram no passado, um outro no
qual nos encontramos atualmente e outros três novos que o eu elaborará no futuro.

Sabemos também que existe algo entre o trabalho realizado no passado e o que será realizado no
futuro, na elaboração dos membros superiores. Sabemos que devemos pensar aí em subdivisão do próprio
eu incorporado que trabalha numa espécie de entidade intermediária. Dizemos, por isso, que entre o corpo
astral como se formara no homem em tempos passados e a personalidade espiritual ou Manas, na qual
esse corpo astral transformar-se-á em futuro remoto, encontram-se três membros preparadores que são: a

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alma da sensação, o membro mais baixo em que trabalhara o eu; a alma racional ou do afeto e a alma da
consciência. Portanto, podemos dizer que do que te- remos de realizar como personalidade espiritual ou
Manas, por enquanto ainda há muito pouco no ser humano ou apenas o começo. Em compensação, o ser
humano preparou-se para o trabalho futuro conseguindo dominar, até certo ponto, seus três membros
inferiores. Preparou-se ao aprender dominar o corpo astral ou dos sentimentos, penetrando nele com seu
eu e elaborando dentro dele a alma dos sentimentos. Assim como a alma da sensação se relaciona ao
corpo dos sentimentos, a alma do intelecto ou do afeto está relacionada de certa forma ao corpo etérico ou
vital; assim ela pode ser considerada um modelo fraco do que um dia será o espírito vital ou Budhi. E o
que temos na alma da consciência de certo modo foi elaborado pelo eu no corpo físico. Por isso, forma
um modelo fraco do que um dia se- rá o homem-espírito ou Alma. E não tomando em conta o que já fora
elaborado do corpo astral como começo da personalidade espiritual ou Manas, vemos atualmente no ser
humano quatro membros:

1. o corpo físico,

2. o corpo etérico,

3. o corpo astral e

4. o eu, que trabalha neste último.

Além disso temos, qual antevisão dos membros superiores: a alma da sensação, a alma do
intelecto e a alma da consciência.

Temos assim o ser humano caracterizado como uma entidade tal qual se nos apresenta hoje, no
momento atual de sua evolução. Quase vemos o eu elaborar os membros superiores, depois de ter
recebido como fase preparatória as almas da sensação, do intelecto ou do afeto e da consciência. Vemo-lo
trabalhar com as forças dessas almas transformando o corpo astral nos primórdios da personalidade
espiritual.

Quem se ocupou, e penso que seja a maioria de vocês, com o que denominamos estudo da Crônica
do Akasha, com a evolução da humanidade desde os tempos primordiais e com as perspectivas do futuro
longínquo sabe que os seres humanos passaram por uma evolução, cada fase durando muito tempo, em
que se desenvolveu primeiro a disposição para o corpo físico, depois a do corpo etérico e por fim a do
corpo astral, membros que depois continuaram desenvolvendo-se. Passaram-se longos espaços de tempo;
e também sabemos que os seres humanos não absorveram as antigas fases de sua evolução; por exemplo a

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disposição para o corpo astral, no mesmo estágio da Terra em que se encontra hoje. O corpo astral foi
desenvolvido num estágio anterior da Terra, ou seja, na fase da Lua. Reconhecemos a vida atual como
conseqüência de vidas anteriores, encarnações anteriores; da mesma forma devemos encarar as
encarnações anteriores da Terra atual. O que chamamos de almas dos sentimentos, do intelecto ou do
afeto e da consciência, estas se formaram só nesta fase da Terra. Como já dissemos, na fase da Lua
formou-se o corpo astral; numa fase anterior, a do Sol, implantou-sé o corpo etérico, e durante a fase de
Saturno lançaram-se as bases do corpo físico. Assim, na retrospectiva, vemos três encarnações da Terra e
em cada uma a predisposição de um dos membros que hoje fazem parte do ser humano e que no decorrer
do tempo passaram por seu desenvolvimento.

Devemos salientar mais um detalhe ao falar dos estágios de Saturno, Sol e Lua. No atual estágio
da Terra, como seres humanos estamos passando pelo estado que podemos designar de estado de
autoconsciência; da mesma forma, outros seres passaram por esse estado durante os estágios anteriores da
evolução terrestre, ou seja, os de Velho Saturno, Velho Sol, e Velha Lua. Usando a terminologia
ocidental, a cristã esotérica, podemos dizer que foram os Angeloi ou Anjos que, durante o estágio da
Velha Lua da Terra, estiveram no estágio em que se encontra hoje o ser humano; são os seres ime-
diretamente acima de nós, porque absorveram seu estado humano numa época antes da nossa, ou seja, na
da Velha Lua. Todavia, não devemos imaginar que esses seres se pareciam externamente com os seres
humanos de hoje: não andavam na Velha Lua como o fazemos hoje na Terra; pois, embora passando por
sua fase de seres humanos, não tinham um corpo físico como nós. Apenas o estágio da evolução
correspondia à atual situação do homem. Outros seres passaram por sua fase de seres humanos durante o
estágio do Velho Sol: são os Archangeloi ou Arcanjos. Encontram-se dois estágios acima do homem,
tendo passado por sua fase humana duas épocas antes do homem. Voltando ainda mais para trás, ao
primeiro estágio da evolução terrestre, o de Saturno, encontramos seres que então passaram por seu
estado humano: são os seres da personalidade ou arqui-iniciadores ou Arqueus. Começando com esses
seres humanos nos tempos passados mais remotos, ou seja, durante o estágio do Velho Saturno, e
acompanhando as "encarnações" da Terra até nossa época, temos os graus de evolução dos seres até nossa
entidade. Para recapitular dizemos: os Arqueus eram seres humanos no Velho Saturno; os Arcanjos eram
seres humanos no Velho Sol; os Anjos o eram na Velha Lua e os seres humanos o são na Terra.

Sabendo que no futuro a evolução continua, que continuamos a desenvolver os membros


inferiores, que são hoje nossos corpos astral, etérico e físico, indagamos se não seria natural que os seres
que passaram por seu estágio de seres humanos em épocas anteriores já agora não se encontrariam no
grau em que transformaram seu corpo astral em personalidade espiritual ou Manas. Terminaremos a
transformação do corpo astral em personalidade espiritual ou Manas durante a próxima "encarnação" da
Terra: no estágio de Júpiter; assim os seres que durante o estágio da Velha Lua eram seres humanos estão

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terminando a transformação de seu corpo astral durante o atual estágio da Terra. Olhando mais para trás,
aos seres que eram seres humanos durante o Velho Sol, podemos dizer: eles já absorveram durante a
Velha Lua o que teremos de realizar no próximo estágio da Terra. Atualmente, estão empenhados no que
só faremos quando o eu transformar o corpo etérico ou vital em espírito vital ou Budhi. Esses Arcanjos
encontram-se, pois, dois degraus acima de nós, e quando levantamos os olhos a eles, reconhecemos
antecipado neles o que também teremos de realizar no futuro, ou seja, o trabalho no corpo etérico ou vital
para transformá-lo em espírito vital ou Budhi. Quando, finalmente, levantamos os olhos aos seres ainda
mais altos, os seres da personalidade ou Arqueus, vemos que estes se encontram num degrau mais alto
que os Arcanjos, um degrau que o ser humano alcançará num futuro ainda mais remoto, quando puder
transformar o corpo físico em homem-espírito ou Atma.

Com a mesma certeza com que vemos os seres humanos da fase atual, devemos reconhecer as
mencionadas entidades nas fases de existência que acabamos de caracterizar, nos respectivos graus acima
de nós. Com essa mesma certeza podemos reconhece-Ias como realidade. Porem, não é que sua realidade
esteja longe da realidade terrena; ao contrário, intervém em nossa realidade e influi em nossa existência.
Surge então a pergunta: como os seres acima dos seres humanos influem sobre nossa existência? Se
quisermos ter idéia dessa atuação, deveremos tomar em consideração que aqueles seres, por assim dizer, '
iam oferecer-nos em seu trabalho um aspecto espiritual completamente diferente do que oferecem os
seres humanos atuais. Existe, pois, uma diferença considerável entre os seres acima de nós e nós mesmos,
que nos encontramos ainda na fase de seres humanos. Por estranho que isso lhes pareça, no decorrer dos
próximos dias será esclarecido isso. A ciência espiritual pode afirmar que o ser humano no seu estado
atual de certo modo encontra-se num estágio intermediário de sua existência. A maneira de o eu trabalhar
hoje nos membros inferiores não permanecerá sempre a mesma. O ser humano é coerente em si,
formando uma entidade aparentemente não dividida por nada. Isso pode mudar no decorrer da evolução
da humanidade e com certeza mudará. Quando um dia o homem tiver chegado ao ponto de trabalhar em
plena consciência no seu corpo astral, e o seu eu tiver transformado o corpo astral em personalidade
espiritual ou Manas, terá chegado em plena consciência a um estágio idêntico ao que possui hoje, no
inconsciente ou subconsciente durante o sono.

Imaginem o estado de sono do ser humano. Nele, o corpo astral e o eu saem do corpo físico e do
corpo etérico que ficam na cama, enquanto o ser humano como que paira acima deles. Imaginem que,
nesse estágio, desperta a consciência ao ponto de poder dizer: "Eu sou um eu", da mesma forma como
acontece no estado de consciência vígil durante o dia. A pessoa teria uma visão bem estranha de si
própria! Em um lugar sentiria:" Aqui estou eu"; e talvez mais embaixo, longe desse lugar: "Lá estão meu
corpo astral e o corpo etérico que me pertencem, embora estejam em lugar diferente de onde me encontro,
pairando com meus outros membros". Quando a consciência despertar no corpo astral, fora dos corpos

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físico e etérico, hoje mesmo o ser humano mais desenvolvido da Terra será capaz apenas de se
movimentar livremente no corpo astral e nele será ativo em outras partes do mundo, independentemente
dos outros membros que ficarão na cama. Num futuro longínquo, todavia, também estes poderão ser
dirigidos do lado de fora, de um lugar para outro. Isto será possível quando o ser humano t ver passado do
estado de evolução atual do planeta Terra para o de Júpiter, que representa o próximo estágio de evolução
da humanidade. Então nos sentiremos nossos próprios dirigentes do lado de fora. Será isso a parte
essencial de nossa evolução, o que, contudo, levará a um desdobramento do que hoje chamamos de
entidade humana.

A consciência materialista dificilmente achará acesso a isso, porque não é capaz de seguir a
evolução do que já na atualidade de certo modo se manifesta de forma real e idêntica à que ocorrerá de
maneira geral no futuro do homem. Todavia, se as pessoas ficassem atentas, poderiam perceber tais
manifestações já hoje. Veriam que existem certos seres que se adiantaram na evolução a um ponto que o
ser humano, tendo aguardado o momento certo, deverá alcançar só no estágio de Júpiter, quando será
capaz de dirigir seus corpos físico e etérico. No reino das aves, temos estes seres desenvolvidos
precocemente, e precisamente os que todo ano executam grandes migrações pela Terra. Trata-se da assim
chamada alma de grupo que está em ligação com o corpo etérico em cada ave individual. Essa alma de
grupo dirige as migrações regulares das aves pela Terra; da mesma forma o ser humano, após ter
desenvolvido a personalidade espiritual ou Manas, será capaz de ordenar a seus corpos físico e etérico
porem-se em movimento. Num sentido ainda mais alto, o ser humano será capaz de movimentá-los do
lado de fora, quando tiver chegado em sua evolução ao ponto de agir transformando seu corpo etérico ou
vital. Hoje já existem entidades que são capazes disso: são os Arcanjos, que conseguem o que se pode
chamar de "dirigir do lado de fora seus corpos etérico e físico" e simultaneamente continuar trabalhando
em seu próprio corpo astral.

Idealizemos o conceito de entidades que vivem ao redor da Terra, na atmosfera espiritual dela, as
quais, a partir do seu eu, já conseguiram transformar completamente seu corpo astral, de modo a
possuírem uma personalidade espiritual ou Manas perfeitamente desenvolvida. Com esse Manas
desenvolvido atuam sobre a Terra e para dentro dos seres humanos, ajudando-os a transformar o corpo
etérico ou vital, enquanto estão empenhados em transformar o próprio corpo etérico ou vital em Budhi ou
espírito vital. Formando uma idéia dessas entidades encontradas no grau de hierarquia espiritual que
chamamos de Arcanjos, temos um conceito do que São os espíritos dos povos dirigentes na Terra. Estes
se encontram, pois, no grau dos Arcanjos. Logo veremos como dirigem seu corpo etérico ou vital para
atuar dentro da humanidade, incluindo-a em sua atividade. Observando os diferentes povos da Terra e
escolhendo o exemplo de um ou outro, teremos nas qualidades peculiares, características desses povos,

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em sua vida e seus hábitos característicos, uma imagem do que podemos entender como a missão dos
espíritos dos povos.

Conhecendo a missão dessas entidades inspiradoras dos povos, sabemos o que é povo. Povo são
pessoas pertencentes a um mesmo grupo e dirigidas por um Arcanjo. Os membros de um povo recebem
do Arcanjo a inspiração para o que são e realizam como membros do povo. Imaginando que esses
espíritos dos povos possuem individualidade peculiar análoga à dos seres humanos na Terra, acharemos
compreensível que os diversos grupos dos povos representam a missão individual desses Arcanjos.
Visualizando espiritualmente na história do mundo como um povo se segue a outro e também como um
povo perdura ao lado de outro, seremos capazes de imaginar, ao menos abstratamente (no decorrer das
conferências, a forma tomar-se-á cada vez mais concreta) como tudo isso que ocorre no plano histórico é
inspirado por essas entidades espirituais. Todavia, ao lado do rastro que deixara a atuação de um povo
após outro na evolução da humanidade, nossas almas facilmente perceberão mais um outro elemento.
Observando a era posterior à grande catástrofe atlântica, que transformou a superfície da Terra fazendo
desaparecer o continente que existia entre a África, a América e a Europa, como as conhecemos hoje,
podemos distinguir as épocas em que atuavam os grandes povos que engendraram as culturas pós-
atlânticas: a velha Índia, a velha Pérsia, a cultura egipto-caldaica, a greco-latina e a nossa contemporânea,
à qual depois de algum tempo se seguirá uma sexta época cultural. Nelas atuaram, um após outro, os
diferentes inspiradores dos povos. Sabemos também que, muito tempo após o início da cultura greco-
latina, ainda continuava atuando a cultura egipto caldaica, tal como a cultura grega continuava atuando
após o advento da cultura romana. Assim podemos contemplar os povos, tanto um ao lado do outro
quanto sucessivamente. Em tudo o que se desenvolve nos povos e com os povos, há um progresso na
evolução humana. Não importa se consideramos um povo colocado mais alto que outro; tais avaliações
pessoais não têm influência sobre o andamento da história. Há uma continuação inexorável no progresso
da humanidade, mesmo que isso seja chamado de decadência. Na comparação das diferentes épocas,
5.000 anos antes de Cristo, 3.000 anos antes de Cristo e 1.000 anos depois de Cristo, temos de reconhecer
um elemento superior aos espíritos dos povos, algo de que participam. Observemos nossa época: o que
faz com que, nesta sala, estejam reunidas tantas pessoas vindas dos mais diferentes povos, as quais se
entendem mutuamente ou procuram entender-se sobre a coisa mais importante que as reuniu aqui? Estas
pessoas, apesar de procederem do âmbito dos mais diversos espíritos dos povos, têm uma coisa em
comum em que se entendem. Analogamente, naqueles tempos, os diferentes povos se entenderam
mutuamente, pois há em todas as épocas algo superior às almas dos povos, algo capaz de uni-Ias e de ser
entendido até certo grau em toda parte. Esse algo superior é designado "espírito do tempo", nome não
muito adequado mas bastante corriqueiro; usa-se também "espírito da época". O espírito da época ou do
tempo é um na era grega, outro em nossa era. As pessoas que sintonizam com o espírito da nossa época
sentem-se atraídas para a Antroposofia. É o efeito do espírito da época que sobrepassa os espíritos dos

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povos. Na época em que Jesus Cristo aparecera na Terra, seu antecessor, João Batista, designava o
espírito daquela época com as palavras: "Mudai a disposição de vossas almas, pois o reino dos Céus está
próximo!"

Assim é possível encontrarmos o espírito do tempo para cada época, porque sua atuação influi no
tecer dos espíritos dos povos, os quais havíamos caracterizado como Arcanjos. Para os seres humanos
materialistas de nossa época, o espírito do tempo representa uma abstração sem realidade. Sabemos,
porém, que a palavra "espírito do tempo" designa uma entidade verdadeira que se encontra três estágios
acima do homem. São as entidades que, já no Velho Saturno, na época mais remota da evolução terrestre,
absorveram a fase de seres humanos e, em nossa época, trabalham no âmbito periférico espiritual da
Terra, na transformação dela e, ao mesmo tempo, passam pela última fase, a transformação do corpo
físico, por assim dizer, ao homem-espírito ou Alma. Estamos na presença de entidades tão elevadas que
suas qualidades nos enchem de assombro. Devemos ver nessas entidades os verdadeiros inspiradores ou
usando a terminologia do ocultismo os intuidores dos espíritos dos tempos. Eles se revezam em sua
atuação, como se um desse a mão ao outro. De um para outro passa a tarefa na seqüência das épocas; por
exemplo, o espírito da época grega entregara a tarefa ao da era romana, e assim por diante. Existem, pois,
vários desses espíritos do tempo, também chamados espíritos da personalidade. Encontram-se num grau
mais alto que os espíritos dos povos. Em cada era age um deles e dá o signo global a essa época; confere
suas ordens aos espíritos dos povos, especializando e individualizando assim o espírito global da época,
de acordo com os diferentes espíritos dos povos. Na época seguinte, é substituído por um outro espírito
do tempo ou Espírito da Personalidade, também chamado Arqueu.

Durante a passagem de um certo número de épocas, um espírito do tempo continua seu


desenvolvimento. Podemos imaginar tal desenvolvimento análogo ao nosso; quando morremos, após
termos passado por um certo desenvolvimento aqui na Terra, nossa personalidade entrega o resultado
desse desenvolvimento à próxima vida terrena. O mesmo se dá com os espíritos do tempo; cada um deles
entrega sua tarefa ao sucessor. Depois, continua passando por sua própria evolução, até chegar o
momento em que o giro se completará e, numa época futura, voltará a sua vez de atuar como espírito da
época num plano mais elevado; quando terá intuído na humanidade o que tiver adquirido em seu
desenvolvimento. Levantando os olhos a esses espíritos da personalidade podemos dizer o seguinte: nós,
seres humanos, avançamos de encarnação em encarnação e sabemos que, em cada época, quando
novamente nos encarnamos, um outro espírito do tempo regerá os destinos da Terra e que, no decurso de
nossas encarnações, encontraremos novamente o espírito que rege a época atual. Por essa qualidade dos
espíritos da personalidade de ao mesmo tempo descreverem círculos e voltarem a um ponto de partida,
também são chamados "espíritos das circunvoluções". Ainda teremos de precisar mais tal designação.
Essas circunvoluções são as que o próprio ser humano tem de atravessar, de época em época, voltando de

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certo modo a estados anteriores que recapitula em nível mais elevado. Podemos perceber a recapitulação
das peculiaridades de épocas anteriores, estudando, com a ciência espiritual, a evolução das fases da
humanidade na Terra, quando encontramos diferentes indícios dessa repetição de acontecimentos.
Dizemos que após a catástrofe atlântica seguem-se sete épocas culturais, em que vemos certa repetição. A
fase greco-latina forma o momento de transição em nosso ciclo e não tem repetição. Segue em nossa
época a recapitulação da época egipto-caldaica. A nossa será seguida por uma outra época, repetição da
pérsica, por certo de maneira um pouco modificada; a sétima época será uma recapitulação algo
modificada da era da Velha Índia, da época dos sagrados Rishis. Em cada uma dessas recapitulações
aparecerão elementos predispostos na época recapitulada. A direção de todos esses eventos está a cargo
dos espíritos do tempo.

Para muitas coisas necessitamos dos espíritos dos povos, que fazem parte da hierarquia superior
dos arcanjos: para que na Terra fique vivo, distribuído nos diferentes povos, aquilo que progride de época
em época; para que os diversos tipos de pessoas nasçam deste ou daquele solo, desta ou daquela
comunidade lingüística; para que se criem as diferentes linguagens em formas, arquitetura, artes e
ciências e possam adquirir todas as metamorfoses; e para que se possa acolher tudo o que o espírito da
época tenha a dar à humanidade.

Mas ainda precisamos de um mediador entre a missão superior dos espíritos dos povos e os seres
que devem ser inspirados pelos primeiros aqui na Terra. De forma abstrata, os senhores não terão
dificuldade em reconhecer, na hierarquia dos Anjos esses mediadores entre dois planos espirituais, entre
espírito do povo e ser humano individual. Para que cada indivíduo possa acolher o que o espírito do povo
tem a dar a todo o povo e se torne implemento da missão do povo, necessita-se da mediação do Anjo.

Contemplamos assim os seres que passaram pela fase de seres humanos três estágios antes de a
atual humanidade ter alcançado essa fase, e vimos como tais seres incorporaram a humanidade em sua
consciência e intervêm em nosso desenvolvimento na Terra. Amanhã, teremos de demonstrar como o
trabalho dos Arcanjos, de cima para baixo, a partir do seu eu que já completara o Manas ou personalidade
espiritual e está tecendo agora no corpo etérico ou astral dos seres humanos, manifesta-se principalmente
nas produções, nas qualidades e na natureza de um povo. Os seres humanos estão metidos no trabalho dos
seres superiores que os envolve diretamente enquanto membros de um povo. Embora o ser humano
primeiramente seja uma individualidade e uma expressão do seu eu, é também membro de um povo, algo
que diretamente independe dele. Que culpa tem o indivíduo pelo fato de pertencer a determinado povo e
de falar a Iíngua desse povo? Isso não constitui feito individual, ou o que poderíamos chamar de
progresso individual; é conseqüência da corrente que o recebeu. O progresso individual é algo
completamente diferente. Vendo a vida e o tecer da alma do povo, lembramo-nos em que consiste o

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progresso individual dos seres humanos e do que precisam para acompanhá-lo. Conheceremos elementos
que, por assim dizer, não somente pertencem ao desenvolvimento deles, indivíduos, mas também ao
desenvolvimento de entidades totalmente diversas.

Vemos assim o ser humano encaixado na ordem das hierarquias e recebendo em sua evolução, de
época em época, a colaboração de seres que conhecemos de outro lado. E vemos também como tais seres
têm a possibilidade de se manifestar da maneira individual mais variada e como o que externam influi na
evolução dos indivíduos humanos.

Os espíritos do tempo é que dão as grandes diretrizes das sucessivas épocas. As diferentes
individualidades dos povos possibilitam ao espírito da época estender-se por toda a terra. Enquanto os
espíritos do tempo impulsionam os espíritos dos povos, os Anjos fazem com que estes últimos ajam sobre
indivíduos humanos, capacitando-os a cumprir sua missão. Portanto, pela atuação dos Anjos, seres
situados entre os espíritos dos povos e os seres humanos, os homens tomam-se implementos na missão
dos primeiros.

No decorrer destas palestras teremos a oportunidade de verificar, nessa maravilhosa trama, a ação
das mais diversas individualidades dos povos da Antigüidade e da atualidade. Na próxima conferência,
começaremos a esclarecer concretamente como é tramada essa textura hoje apenas esboçada, o tecido
espiritual que constituirá nossa próxima existência no mundo.

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A missão das almas dos povos - Segunda Conferência - 8 de junho de 1910

SEGUNDA CONFERENCIA – 8 de junho de 1910

Ontem mencionamos que as entidades em que devemos ver os espíritos dos povos na sua
existência atual se encontram num grau em que estão trabalhando em seu corpo etérico ou vital, a partir
do seu eu e da natureza mais íntima de sua alma.

Penso que cada um dos senhores terá de admitir o seguinte: o trabalho daqueles seres em
Seu corpo etérico ou vital não poderá ser percebido diretamente pelos órgãos de percepção externos ou
visto pelos olhos físicos; isso é reservado ã consciência clarividente. Se, porém, a ação desses seres, a
saber, dos espíritos dos povos, influi na vida humana, deve haver algo que de certo modo tome visível, no
mundo exterior, uma espécie de impressão e de reflexo desse trabalho dos espíritos dos povos ou
Arcanjos. Além do mais, tais entidades, por assim dizer, têm de possuir um corpo físico. De alguma
forma, sua corporeidade deve-se expressar. E é provável que encontrem, no mundo em que se acham os
seres humanos, uma maneira de demonstrar essa forma física em que se expressam seu trabalho ou ação;
porque não há dúvida de que o corpo humano tenha alguma relação com o trabalho dessas entidades
espirituais. Comecemos com o corpo etérico ou vital desses seres e com o trabalho que realizam nesse
corpo. Teremos de seguir inicialmente as observações da consciência clarividente. Onde é que essa
pesquisa clarividente encontra algo que se possa designar um corpo etérico dessas entidades-Arcanjo, e de
que maneira devemos encarar esse trabalho? Os senhores sabem que a configuração, a superfície da Terra
se apresenta de forma diferente em diferentes lugares, os quais fornecem, da maneira mais diversa, as
condições para o desdobramento de peculiaridades e qualidades dos povos. A consciência materialista
dirá que clima, vegetação, talvez a água de um determinado país ou de uma localidade da Terra,
combinados com uma série de outras circunstâncias externas, sejam responsáveis pelo que se manifesta
naquelas peculiaridades e qualidades de um povo. Não é de se admirar que a consciência do plano físico e
material fale desse modo; pois essa consciência só conhece o que pode ser visto com os olhos físicos. À
consciência clarividente, todavia, as coisas apresentam-se de forma bem diferente. Quem passar com essa
consciência pelos diferentes lugares da terra e observar com essa consciência o solo nas diversas regiões
sabe que na vegetação física peculiar e na configuração característica das rochas não se exprime tudo o
que se sabe daquele solo, da imagem daquela região da Terra. Por outro lado, é compreensível que a
consciência materialista considere apenas um abstrato o aroma característico ou até a aura de determinado
lugar da Terra. A consciência clarividente de fato percebe sobre cada localidade da Terra a formação
nebulosa espiritual característica, que deve ser chamada à aura etérica daquela região terrestre. A aura
etérica é completamente diferente nas regiões da Suíça do que nas da Itália, e também nas regiões da

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Noruega, Dinamarca ou Alemanha. Da mesma forma que cada indivíduo humano possui seu próprio
corpo etérico, sobre cada região da superfície terrestre eleva-se uma aura etérica.

Essa aura etérica, todavia, distingue-se essencialmente de outras auras etéricas, por
exemplo, das dos seres humanos. Observando uma pessoa em vida encontramos sua aura ligada a ela
enquanto viver, a saber, do nascimento até a morte. Portanto, está ligada ao seu corpo físico e muda
somente à medida que esse indivíduo evolui relativamente sua inteligência, moral e outras qualidades.
Nesses casos, percebemos sempre que a aura etérica transforma-se a partir de dentro, recebe certas
inclusões que reluzem e irradiam do interior. Nas auras etéricas que podem ser observadas sobre as várias
regiões terrestres a situação é diferente. Por tempos prolongados, mantém inalterado certo matiz básico.
Mas também sofrem alterações bruscas; e são justamente elas que as distinguem das auras humanas que
se transformam só lenta e gradativamente, e se ocorrerem então, essas transformações vêm de dentro. As
auras das várias regiões somente se transformam no decorrer do desenvolvimento da humanidade na
Terra, quando um povo abandona seu domicílio, instalando-se numa outra região terrestre. O singular é
que de fato a aura etérica sobre certa região não se relaciona unicamente com o que emana do solo, mas
em grande escala com o povo que fixara seu domicílio naquela região.

Quem pretende acompanhar os destinos da humanidade em sua configuração real na Terra


deve tentar observar esse aspecto da engrenagem das auras etéricas nas várias regiões terrestres. Por
exemplo, na era da migração, houve fortes alterações nas auras etéricas da Europa. Daí os senhores vêem
que a parte variável de uma aura etérica pode sofrer alterações bruscas, podendo essas transformações, de
certo modo, até chegar do lado de fora. Assim, cada uma dessas auras é, de certa forma, uma confluência
do que vem do solo com o que as migrações dos povos trazem.

A observação dessas auras pode-nos convencer de que a seguinte afirmação pronunciada


com tanta facilidade na ciência espiritual, mas no fundo nunca compreendida em toda a sua relevância,
possui a mais ampla realidade: o que a consciência física observa lá fora no mundo é somente Maya ou
ilusão. Tal frase, embora enunciada freqüentemente no âmbito da filosofia antroposófica, na verdade é
pouco levada em consideração na sua relação com a vida real. É tomada mais como verdade abstrata;
todavia, na observação das condições concretas é esquecida, porque só a consciência material é que conta.
Não se vê que a realidade de um pedaço de terra habitado por um povo está na aura etérica daquela
região, enquanto o que os olhos físicos percebem na camada vegetal verde da Terra, na configuração
peculiar do solo e noutros elementos, no fundo, é só Maya ou ilusão exterior, algo como a condensação
do que atua na aura etérica. Contudo, a aura etérica relaciona-se apenas com a parte do físico sobre a qual
ela, como princípio vivo organizador, pode ganhar influência. Por sua vez. Os Arcanjos que regem as leis
espirituais não podem intervir nas leis físicas. Sua influência, pois, não alcança as regiões onde vigoram

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somente leis físicas, como por exemplo, nas configurações montanhosas, na ondulação do solo, onde as
condições físicas determinam as grandes transformações dos povos. Os Arcanjos ainda não chegaram em
seu desenvolvimento a ponto de poder intervir nas condições físicas. Em virtude dessa circunstância, de
sua dependência desses fatos, são obrigados, de tempos em tempos, a migrar sobre a Terra, incorporando-
se no que fez a configuração do solo, como se fosse seu corpo físico que é regido pelas forças físicas. O
corpo etérico do povo ainda não pode entrar nessas formações, ainda não pode estender nelas sua ação
organizadora. Por isso o povo escolhe sua terra que se possa mostrar apropriada; e do casamento do
corpo etérico, que agora está sendo transformado por forças anímico-espirituais, com aquele pedaço físico
de terra, nasce o que se nos apresenta como a fascinação do hábito de uma nacionalidade; é algo que uma
pessoa não-clarividente apenas consegue sentir num país, mas que uma pessoa possuidora da consciência
clarividente percebe no país e no povo.

Qual é a ação do trabalho, por assim dizer, do Arcanjo e do espírito do povo no corpo
etérico que se eleva acima do solo, na parte humana que vive naquele pedaço de solo e que determina o
encanto particular da auréola de um povo? A força desse trabalho exprime-se de três maneiras no ser
humano. É a aura etérica do povo que age dentro dos indivíduos, permeia-os e os impregna, e isso se dá
de modo a surgirem três efeitos diferentes na entidade humana. A interação desses três efeitos produz o
caráter particular de uma pessoa que vive nessa aura etérica de um povo. A aura etérica tem efeito tríplice
no ser humano. Seu campo de ação são os temperamentos consolidados na vida emocional e no corpo
etérico das pessoas; ela age sobre os temperamentos colérico, fleumático e sangüíneo, mas não sobre o
melancólico; geralmente, a força da aura etérica de um povo permeia os três temperamentos. Contudo,
estes podem ser combinados, nas diferentes individualidades humanas, nas mais diversas maneiras e
formas de interação. Conhecemos uma variedade infinita de interação dessas três formas, podendo uma
delas influir sobre as outras e vencê-las. Daí resultam as mais variadas configurações, como as vemos, por
exemplo, na Rússia, na Noruega e na Alemanha. Isso constitui o caráter nacional de uma pessoa. A
diferença que existe entre os indivíduos depende somente do grau de mistura. Portanto, os temperamentos
nacionais, nas suas combinações são determinados pela ação da aura dos povos.

Conhecemos, assim, a ação dos espíritos dos povos por toda a Terra. Mas seguem também
seus próprios caminhos; pois sua influência sobre os temperamentos não constitui o elemento essencial
em seus próprios afazeres. Procedem assim porque as forças no mundo devem estar em ação recíproca e
porque o consideram sua missão voluntária. Mas as exigências do próprio eu também se fazem sentir;
querem progredir em seu desenvolvimento, para poder locomover-se sobre a Terra e incorporar-se nessa
ou naquela região. O trabalho nos temperamentos é, por assim dizer, sua profissão e vocação.
Naturalmente, os seres humanos também são beneficiados pelo trabalho dos espíritos dos povos, e estes o
são pelo trabalho dos primeiros. É uma ação recíproca. Mais tarde verificaremos o significado dos

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indivíduos humanos para os espíritos dos povos. É importante, mas o essencial é que possamos
acompanhar a ação do espírito do povo, a maneira como se incorpora na Terra, depois volta por algum
tempo aos mundos espirituais e novamente se incorpora em outro lugar, e assim por diante. Nessas
alternâncias reconhecemos, unicamente, questões do próprio eu desses seres. Para ganharmos uma idéia
bem concreta, vamos imaginar agora o corpo etérico humano encerrado no corpo etérico do povo,
imaginar a interação desses dois e como o corpo etérico do povo reflete nos temperamentos desse povo,
ra mescla de temperamentos dos indivíduos: aí se revela o segredo da ação de um espírito do povo dentro
do seu povo.

Com isso, no fundo, esgotamos a missão mais importante do Arcanjo ou espírito do povo. Mas
nem de longe teríamos esgotado as peculiaridades de um povo, se quiséssemos considerar somente a
forma característica pela qual cada indivíduo se coloca dentro desse povo.

Contudo, não é difícil observarmos ainda outros sinais característicos de um povo. Porém, muitas
qualidades de um povo não se poderiam desenvolver se o espírito desse povo não tivesse a oportunidade
de encontrar, em sua área, outros seres e colaborar com eles no corpo etérico dos seres humanos. Os
indivíduos tomam-se assim a cena do encontro dos Arcanjos com outras entidades que com eles
colaboram. A consciência clarividente observa, ao estudar os povos, efeitos bem estranhos dessa
colaboração. Observara outros seres misteriosos além dos Arcanjos já caracterizados, seres que de certo
modo são aparentados com os Arcanjos, mas de outra forma completamente diferentes deles; tal diferença
manifesta-se sobre tudo nas suas forças bem superiores às dos Arcanjos. Os espíritos dos povos atuam de
maneira bem sutil e íntima nas almas humanas, ao permearem os diferentes temperamentos. Mas, outros
seres atuam neles ainda de uma maneira bem mais forte e vigorosa. Teremos de recorrer aos nossos
conhecimentos gerais das hierarquias, a fim de termos uma idéia desses outros seres e acharmos o nome
deles. Podemos apresentar assim a hierarquia dos seres:

1. Seres humanos

2. Anjos

3. Arcanjos

4. Arqueus ou Espíritos da Personalidade

5. Potestades ou Espíritos da Forma.

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Seguem-se mais outras entidades que, porém, não nos interessam hoje. Lembrando-se do que
falamos ontem -vocês também o encontrarão explicado nos meus livros A Crônica do Akasha (*) e A
Ciência Oculta vocês sabem, que dentre esses seres são os Arcanjos que passaram pela sua fase humana
durante o Velho Sol. Naquela época, os seres que denominamos Espíritos da Forma encontraram-se em
seu desenvolvimento dois degraus mais acima na sua fase de Arcanjos, análogos aos Espíritos dos Povos
da atualidade.

Na evolução existe uma lei oculta, a lei que faz com que, em cada degrau da evolução, certos seres
fiquem atrás, de maneira que no degrau seguinte não alcançam o desenvolvimento normal, mas
permanecem, por assim dizer, com o caráter que possuíam em fases anteriores. Entre tais seres atrasados
encontram-se também Espíritos da Forma, mas seu atraso manifesta-se de um modo bem peculiar: é
verdade que possuem certas qualidades de Espíritos da Forma, qualidades que os capacitam a participar
das atividades dos Espíritos da Forma, os quais, nesta fase da Terra, têm conferido aos seres humanos o
seu eu. Todavia, não conseguem completar a tarefa, porque não possuem todas as qualidades necessárias
a tal fim. O atraso deles consiste em que não absorveram sua fase de Arcanjos no Velho Sol e que o
fazem agora na Terra. Assim, são entidades que atualmente se encontram no grau de Espíritos dos Povos,
mas possuem qualidades bem diversas destes. A ação dos Espíritos dos Povos na vida humana é bem
sutil, porque se encontram apenas dois graus acima dos seres humanos, quer dizer, ainda se sentem
aparentados com estes; por outro lado, os Espíritos da Forma, que se encontram quatro graus acima,
sentem-se bem superiores. As suas forças vigorosas não se prestariam a agir dentro dos seres humanos de
forma tão sutil. Apesar dessa sua robustez, não teriam nenhum outro campo para atuar a não ser o dos
Espíritos dos Povos, dos Arcanjos normais.

É importante que saibamos distinguir bem nos mundos superiores, pois, uma observação
superficial só nos revelaria Arcanjos. Todavia, devemos saber distinguir entre seres que agora chegaram
ao grau de Arcanjos em seu desenvolvimento normal e os que deveriam ter atravessado essa fase durante
a época do Velho Sol. Vemos atuar no mesmo âmbito, junto com os espíritos dos povos ou Arcanjos
legítimos, outros seres que, embora se encontrem no nível dos Arcanjos, possuem qualidades bem
diversas, mais robustas, características dos Espíritos da Forma, com as quais conseguem intervir
profundamente na natureza humana. Qual foi, pois, o efeito do trabalho desses espíritos no ser humano
durante a atual fase da Terra? Os seres humanos não seriam capazes de se chamar "eu", se esses Espíritos
da Forma não tivessem plasmado o cérebro que possuímos hoje. Vemos assim que tais seres podem atuar
até para dentro da forma física, embora se encontrem somente no grau de Arcanjos, e entram numa certa
concorrência com os espíritos dos povos no próprio terreno destes.

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O primeiro que foi realizado por aquela colaboração desses dois tipos de seres é a língua, algo que
não poderia ter-se desenvolvido sem a estrutura do corpo humano em sua forma terrena. Na forma do
corpo humano temos a atuação dos outros Espíritos dos Povos relacionados com as forças naturais e o ser
humano. Quer dizer, não devemos simplesmente atribuir a língua aos mesmos seres que intimamente
atuam nos temperamentos dos povos, e como são seres situados dois degraus acima dos seres humanos,
conferem a estes sua configuração. Os seres que dão a língua possuem grandes forças, pois no fundo são
Espíritos da Forma; como já dissemos, eles atuam na Terra porque lá ficaram, enquanto seus
companheiros atuavam no eu, a partir do Sol, para dentro do Universo. Antes do aparecimento de Cristo,
os homens veneravam Javé ou Jeová, e depois veneravam a Cristo que atuava a partir do Cosmo. Quanto
aos Espíritos da Língua, o homem prefere gostar do que permaneceu com a Terra. Porém, quanto a isso
não devemos aplicar nossos conceitos terrestres a todo o Universo. Não seria correto se quiséssemos
comparar o fato do atraso dessas entidades no seu desenvolvimento com uma alma que não passou de
ano. O atraso delas é resultado de uma grande sabedoria que reina no Cosmo. Se certas entidades não
tivessem renunciado à sua evolução normal, continuando seu desenvolvimento na Terra em vez de
continuá-lo com o Sol, a língua não poderia ter aparecido na Terra. De certo modo, os seres humanos têm
de amar bem sua língua, pois foi por amor que os seres superiores permaneceram com eles, renunciando a
certas qualidades a fim de que os seres humanos pudessem passar por uma evolução de acordo com a alta
sabedoria. Devemos estar bem conscientes de que tanto o atraso quanto a antecipação nas épocas de
desenvolvimento constituem uma espécie de sacrifício, e que os seres humanos não poderiam ter ganho
certas qualidades sem esses sacrifícios.

Vemos assim, que, no corpo etérico dos seres humanos e no do Espírito do Povo dedicado a eles,
duas entidades diferentes colaboram em seu trabalho: os Arcanjos de evolução normal e os Espíritos da
Forma que ficaram parados em seu desenvolvimento no grau de Arcanjos, renunciando à sua evolução
ulterior a fim de, durante sua existência na Terra, incorporarem ao homem a língua nacional. Só eles
tinham a força para transformar a laringe e todos os órgãos da fala humana, de forma a permitir-lhes
manifestarem-se fisicamente na fala. Portanto, devemos perceber como resultado da colaboração dessas
duas entidades junto aos Espíritos dos Povos, o fato de o sentimento e o temperamento do povo se nos
revelarem na língua. Esses pronunciamentos reveladores da nacionalidade dos seres humanos, por meio
dos quais se documentam como membro de um determinado povo: os Espíritos da Forma aliados aos
Espíritos dos Povos somente conseguiram tal resultado pelo fato de terem permanecido com suas grandes
forças e poderes no nível desses últimos. Além dessa colaboração no terreno dos Espíritos dos Povos,
existe ainda outro concurso em âmbito diferente.

Ontem eu disse que os Arqueus ou Espíritos da Personalidade representam as forças que atuam
como Espíritos da Época no atual estágio da Terra. Sua atuação dá-se a partir do seu eu e de sua

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organização anímica para dentro do corpo físico, pondo em movimento as forças desse corpo físico.
Devemos pressupor que qualquer coisa que acontecer em certa época, como resultado da ação do Espírito
da Época, qualquer progresso da humanidade atribuído a esse espírito corresponde a um trabalho de
forças físicas mobilizadas a partir de nossa existência terrestre. Pensando bem, você compreenderão que
reais condições físicas são necessárias para que algo possa realizar-se no âmbito do Espírito da Época.
Poderiam vocês imaginar que homens como Kepler, Copérnico ou Péricles tivessem vivido e atuado sob
circunstâncias diferentes em outra época? Essas personalidades emergem sob bem determinadas
condições temporais, configuradas e organizadas pelo trabalho físico de entidades superiores. São
realmente as condições físicas que prevalecem nesses casos; aliás, não são condições físicas
materialmente fixas e sim configurações na totalidade física de nossa Terra. Às vezes, essa configuração
sobressai de maneira bem vigorosa; em outras ocasiões, é necessário que se dê uma estruturação física
bem particular, para que o Espírito da Época exerça sua influência de qualquer forma. Como exemplo
podemos lembrar que, após a invenção das lentes graduadas, a brincadeira de uma criança numa oficina
de polimento juntando algumas lentes de forma que fora possível notar nessa combinação o efeito ótico
de "ver à distância", ensejou, pela observância dos princípios óticos assim detectados, a conseqüente
invenção do telescópio.

É um fato histórico. Mas quantos processos físicos foram precisos para tudo isso vir a acontecer!
As lentes tiveram de ser inventadas, esmerilhadas e combinadas na forma correta. É fácil usar aí a palavra
"acaso"; todavia, isso mostra que se renuncia à compreensão da regularidade em tais acontecimentos. São
os Arqueus que reúnem as condições físicas necessárias. O trabalho desses espíritos da época que se
exprime das mais diversas maneiras tem seu reflexo nas condições físicas reunidas na Terra, num certo
ponto e numa certa época. Imaginem vocês quantas coisas físicas de nossa época moderna não poderiam
ter-se realizado sem o trabalho dos Arqueus em nossos corpos físicos!

Se os Arqueus atuam dessa forma, dirigindo o espírito da época, devemo-nos perguntar: como é
que os espíritos da época ativam o progresso da humanidade? O progresso se dá pela intuição que alguém
sente ao ver acontecer algo como que por acaso no âmbito físico. Tais coisas não são meras lendas,
embora isso também possa acontecer. Só quero trazer à lembrança a história do candelabro, cujas
oscilações regulares Galileu Galilei observara na catedral de Pisa, e que o ajudaram a descobrir a lei do
pêndulo, pela qual Kepler e Newton sentiram-se estimulados às suas descobertas. Poderíamos enumerar
centenas de casos em que um acontecimento físico foi apanhado pelo raciocínio humano, e que nos
poderiam mostrar como os Arqueus ativam as idéias que entram no mundo, influindo no desenvolvimento
da humanidade e regulando seu progresso pelas leis então elaboradas. Mas também nesse âmbito, parte
dos seres que, nessa fase da existência da Terra, teriam passado normalmente para o grau de Espíritos da
Personalidade, agem em conjunto com os outros seres que, na fase da Velha Lua, tinham ficado atrás em

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seu desenvolvimento, não alcançando o grau de Espíritos da Forma aqui na Terra, como deveria ter sido,
mas tendo de agir agora como Espíritos da Personalidade.

Assim, os seres que não renunciaram, já a partir do Velho Sol, mas somente a partir da Velha Lua,
são agora Espíritos da Personalidade; não possuindo, no entanto, as qualidades normais desses espíritos,
agem como Espíritos da Forma atrasados. Não estimulam do lado de fora, para que as pessoas cheguem a
observar o que acontece no âmbito físico, mas sim estimulam dentro do cérebro, dando ao pensamento
uma certa direção. Por essa razão, de nas diferentes épocas o pensar estar sendo estimulado de dentro,
cada era possui seu modo de pensar característico. São configurações sutis do pensar, organizações
internas que determinam isso. Os Espíritos da Forma atrasados, que possuem o caráter de Espíritos da
Personalidade, atuam no íntimo dos seres humanos e produzem uma certa mentalidade e uma bem
determinada forma de conceitos. Assim, os seres humanos não são conduzidos somente, de época em
época, pelos Espíritos da Personalidade ativantes que os estimulam por fora a realizar isto ou aquilo, mas
se sentem também impulsionados por forças internas, de forma que o pensar se manifeste no âmbito
físico, analogamente ao que, por outro lado, manifesta-se na fala pela ação dos Espíritos da Forma
atrasados. O modo de pensar das pessoas é, assim, manifestação dos Espíritos da Forma que, em nossa
era, aparecem como Espíritos da Personalidade. Como vimos, não são Espíritos da Personalidade normais
que agem no íntimo das pessoas, deixando-as livres a fazer o que quiserem, mas as apanham de dentro e
impulsionam com autoridade interna. Assim podemos distinguir sempre esses dois tipos nos seres
humanos estimulados pelos espíritos da época: por um lado há os impulsionados pelos Espíritos da Época
normais, por assim dizer, os verdadeiros representantes da época: são seres que tinham de aparecer e agir
de uma maneira que não podia ser diferente; por outro lado, temos os seres humanos nos quais predomina
a atuação dos Espíritos da Forma atrasados e que denominamos de Espíritos Pensadores. O ser humano é,
pois, o cenário em que tudo isto concorre. Essa cooperação exprime-se na ação recíproca da fala e do
pensar; nela não concorrem somente os espíritos que se encontram no mesmo grau, os Arcanjos normais,
mas os dirigentes dos sentimentos e temperamentos dos povos também concorrem com os Espíritos da
Forma estacionados no grau de Arcanjos e com os Espíritos da Personalidade que, em verdade, são
Espíritos da Forma atrasados.

Esse relacionamento oferece um estudo extremamente interessante a quem for capaz de observar
os diferentes povos através de conhecimentos ou clarividência ocultos. Percebe-se então a maneira de agir
dos Espíritos dos Povos normais e, como eles, recebem suas ordens dos Espíritos da Época; percebe-se
também a forma de cooperar desses Espíritos dos Povos, no interior dos seres humanos, com os Espíritos
da Língua e os Espíritos do Pensar. De maneira que, no interior do ser humano não encontramos somente
a ação dos Arcanjos normais, mas também a dos Arcanjos que são Espíritos da Personalidade anormais e
que, do lado de dentro, regulam a atividade pensadora de uma certa época. Já pedi a vocês boa vontade na

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sua compreensão espiritual, pois terei de descrever as condições para as quais nossa vida comum ainda
não oferece expressões adequadas e que, por isso, terão de ser explicadas com palavras corriqueiras,
dando imagens só aos fatos a serem expostos e que são fatos significativos na evolução da humanidade.
Como já disse, é sumamente interessante e importante acompanhar a evolução da humanidade nos tempos
modernos, para sabermos que, outrora, fora realmente concluído um contrato mútuo por um dos líderes
dos Espíritos dos Povos com um dos espíritos que atua como Espírito das Forças Pensadoras no interior, a
saber, um Espírito da Personalidade anormal. O resultado grave e significativo desse contrato revelou-se
numa certa época histórica. A fim de tomar esse contrato bastante efetivo, produziu-se um relacionamento
especialmente harmonioso com o Arcanjo anormal ou Espírito Dirigente da língua naquela época; temos
aí um evento na evolução da humanidade, no qual cooperaram forças de Arcanjos normais e anormais, e
que ainda sofreu o impacto do modo de pensar estimulado de dentro por um espírito da Personalidade
anormal. Esse contrato entre aquelas três entidades reflete-se na natureza de determinado povo. Falo do
povo indiano, o povo que introduzira, na primeira época pós-atlântica, a cultura daquela era. Foi durante a
cultura indiana que se deu a conjunção que permitira a cooperação mais harmoniosa entre os três grupos
de seres superiores. Com isso, iniciou-se o papel histórico do povo indiano. A essência do contrato
concluído naqueles tempos remotos continuava a produzir efeito ainda em épocas já testemunhadas
historicamente. É por isso que a antiga língua sagrada dos indianos teve influência tão poderosa,
produzindo os efeitos culturais monumentais que perduraram fortemente até épocas subseqüentes. Essa
força fora proporcionada pelos Arcanjos anormais que atuavam na língua sânscrita, a qual derivava sua
força do contrato acima descrito. Nele também se funda a peculiar filosofia indiana, que, como modo de
pensar criativo nascido de dentro dos seres humanos, ainda não teve igual em qualquer povo do mundo;
baseia-se nele a coerência interna do pensar indiano. Em todas as outras regiões prevaleceram condições
diferentes; só na cultura indiana podemos observar as condições que acabo de caracterizar. Tudo isso
toma especialmente atrativo o acompanhamento dessa filosofia, que ganha uma configuração peculiar
pelo fato de resultar não de uma predominância do Arcanjo normal sobre o anormal, mas de uma
cooperação harmoniosa, fazendo com que cada pensamento seja absorvido pelo temperamento do povo e
elaborado com amor em todos os seus detalhes. E a língua continuará atuando porque não ocorrera uma
contenda entre o Arcanjo evoluído normalmente e o outro evoluído de forma anormal, luta que teria
acontecido em outras regiões, mas houvera uma cooperação entre o dois; por isso, pode-se dizer que a
língua, deitada pelo temperamento mais puro, é mesmo produto do temperamento. É esse o segredo desse
primeiro povo civilizado da era pós-atlântica.

Ora, devemos observar também em todos os outros povos a cooperação peculiar neles havida
entre essas três forças: o Arcanjo ou Espírito do Povo normal e o Arcanjo anormal, por um lado, e por
outro lado, entre o que atua internamente no espírito anormal da época que não age como Espírito do
Tempo, mas a partir de dentro, e o que o verdadeiro Espírito do Tempo confere ao povo. O verdadeiro

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conhecimento de um povo consegue-se observando essas forças no seu interior e ponderando a
participação de cada fator na constituição do povo. Por isso, tomou-se difícil a quem não toma em
consideração as forças ocultas da evolução humana definir a palavra "povo". Examinem vocês quantos
livros existem em que se tentou uma definição do conceito de povo, e verão quanto variam entre si. É
lógico que divirjam, pois uma pessoa sente mais a influência do Arcanjo normal, outra a do Arcanjo
anormal e uma terceira o que provém das diferentes personalidades do povo. Cada um sente algo
diferente e o utiliza em sua definição. A Ciência Espiritual nos ensinou que essas definições não são
necessariamente errôneas; mas sempre são inspiradas por Maya ou pela ilusão. Do que uma pessoa diz
podemos deduzir se está contemplando somente a Maya, deixando fora de consideração as diferentes
forças atuantes. Do ponto de vista da Ciência Espiritual, é natural que se ganhe uma noção
completamente diferente, se observa um povo como o suíço, que, vivendo no mesmo solo, fala três
línguas, e outros povos falando línguas uniformes.

Ainda teremos de esclarecer por que os povos, preferencialmente, vivem a partir do Espírito da
Personalidade, quer dizer, moldam seu convívio sobre o concurso das diferentes personalidades.
Encontramos na Terra também povos cuja existência é moldada 'mais pelos Espíritos da Personalidade
anormais. Esses espíritos não se preocupam com o progresso e o desenvolvimento. Basta observarmos o
caráter do povo norte-americano para conhecermos um povo que primordialmente se baseia nesse
princípio. Veremos que a História Universal, enquanto história dos povos, pode ser compreendida
somente quando aprendermos a acompanhar Arcanjos normais e anormais e Espíritos da Personalidade
normais e anormais, na sua respectiva hierarquia e cooperação, pela sucessão dos povos, no decorrer da
História Universal.

A missão das almas dos povos - Terceira Conferência - 9 de junho de 1910

TERCEIRA CONFERÊNCIA – 9 de junho de 1910

No ciclo destas conferências, vamo-nos dedicar a considerações sobre as quais penso que ninguém
sentirá dúvidas em sua alma, porque todos terão a oportunidade de interessar-se por elas de forma
intensiva e direta. Nem por isso, a bem de uma compreensão global e para sermos completos, teremos de
tecer também algumas observações que serão algo mais difíceis de compreender do que o teor principal
das conferências. Hoje, por exemplo, será preciso lançar um olhar ao interior dos seres de que falamos
nas duas palestras anteriores, a saber, dos Espíritos dos Povos.

Já tivemos a oportunidade de descrever a característica de tais seres, ou seja, que se encontram


dois graus acima dos seres humanos e que estão trabalhando na transformação de seu corpo etérico, no

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que chamávamos de espírito vital ou Budhi. Os seres humanos estão envolvidos nesse trabalho; o
envolvimento dos seres humanos no progresso da evolução dessas entidades manifesta-se no reflexo dos
Espíritos dos Povos, nas próprias individualidades humanas, como o caráter étnico de cada indivíduo.

Vamos agora lançar um olhar no interior de uma alma do povo. Para nos formarmos uma idéia do
interior do ser humano, devemos imaginá-lo trimembrado, quer dizer, composto de três membros:

1. alma da sensação, ou seja, o membro inferior da natureza humana; 2. alma do intelecto, o


membro intermediário e

3. alma da consciência, o membro superior do interior humano, no qual o eu humano realmente


chega à consciência.

Na alma da consciência praticamente começa a revelar-se o que denominamos autoconsciência


humana. Não obstante isso, o eu humano está ativo nas três partes da vida interna.

A atividade do eu na alma dos sentimentos é tal que o indivíduo apenas começa a pressenti-lo.
Nessa alma, ele se acha entregue a todos os impulsos e paixões. Nela, o eu está como que abafado; a
partir daí esforça-se a emergir na alma do raciocínio ou ânimo, e somente na alma da consciência sai à luz
do dia. Se quisermos estudar em separado estes três membros do interior humano, teremos de considerá-
los como três modificações do corpo astral. Devemo-nos lembrar também de que essas três modificações
ou manifestações do corpo astral estão empenhadas na preparação das transformações do próprio corpo
astral, como também dos corpos entérico e físico. Porém, nessas transformações não devemos ver qual é o
verdadeiro interior da entidade humana ou a atividade anímica. Como já dissemos, o anímico ou o íntimo
da individualidade humana revela-se em três modificações do corpo astral que precisam de certos
instrumentos. Isso se exprime no fato de o corpo astral ser uma espécie de instrumento da alma dos
sentimentos, o corpo etérico da alma do raciocínio ou ânimo e o corpo físico da alma da consciência.
Dessa forma, será possível diferenciar o interior do ser humano da natureza envoltória.

Assim, o interior do ser humano, aquilo em que o eu trabalha e se exprime, manifesta-se nessas
três modificações do corpo astral; de forma análoga, o interior dos seres espirituais superiores
denominado Espírito dos Povos, ou melhor, o que pode ser comparado com o interior humano, revela-se
em três modificações do seu corpo entérico. No ser humano distinguimos as almas do sentimento, do
raciocínio ou ânimo e da consciência; do mesmo modo, nos Arcanjos ou Espíritos dos Povos normais
devemos distinguir três modificações no seu corpo etérico. Estando no corpo etérico, essas modificações
são bem diferentes das três modificações da vida anedota do ser humano. Por isso, naturalmente, devemos

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imaginar como completamente diferente da nossa, a forma de consciência e a vida anímica desses seres.
Partindo de uma caracterização externa dos Espíritos dos Povos, penetramos agora no interior de sua
alma. Não será fácil, porém devemo-nos esforçar em atravessar esse rabecão. Para facilitar, vamos partir
de um conceito que lhes seja familiar, que possa fornecer uma analogia à vida íntima dos Espíritos dos
Povos. Na vida normal dos seres humanos não existem muitos exemplos para isto, pois possuímos em
nossa consciência muito pouco do que se tece na consciência de tais seres. Todavia, acompanhando
pacientemente a seguinte demonstração, vocês poderão formar uma idéia da coisa.

No colégio, todo mundo aprende que os três ângulos de um triângulo perfazem 180°; sabemos
também que não é possível aprender esse fato por meio de qualquer experiência externa. Imaginemos
agora triângulos feitos de madeira ou de ferro. Medindo com um angulário os três ângulos deles, esta
experiência externa nunca nos poderá ensinar que o total dos três ângulos seja 180°. Porém, indiferente a
que vocês desenhem os três ângulos ou somente os guardem na cabeça, imediatamente terão certeza disto
se, pela força de sua própria alma, a partir do seu íntimo, ganharem essa experiência. Basta vocês
executarem a seguinte operação mental. O desenho que estou fazendo serve apenas para demonstração do
raciocínio.

Nesta figura, vocês têm a prova rigorosa de que o total dos ângulos do triângulo perfaz 180°.
Gravando bem na alma essa figura, ela lhes trará a certeza desse fato por toda a vida. Podem representá-la
na mente, sem desenha-la no papel. Ao fazê-lo, vocês estão executando uma operação mental pura,
através da força do próprio íntimo, isto é, sem qualquer atividade externa. Podemos imaginar por um
instante que o chamado mundo dos sentimentos e as impressões que entram nas pessoas pelos sentidos
não existem. O mundo exterior não existe e construímos o espaço mentalmente: nesse espaço, todos os
triângulos somariam 180° nos seus ângulos. Para chegarmos ao conhecimento geométrico-matemático,
não será necessário percebermos um objeto externo; basta nossa vivência interior, o que ocorre em nossa
própria consciência.

Escolhi esse exemplo simples e prático que todos conhecem. Poderia ter escolhido o exemplo da
Lógica de Regel, que também lhes teria dado uma quantidade de conceitos internos; porém, talvez seriam
confrontados com muitos detalhes desconhecidos, uma vez que a Lógica de Regel é pouco conhecida. Em
todo caso, vocês percebem como o ser humano é capaz de chegar à cognição unicamente a partir de seu
interior, sem ser estimulado por alguma vivência externa.

Imaginando quanta coisa no mundo pode ser apreendida somente de maneira matematicamente
construtiva, vocês compreenderão uma parte do funcionamento da consciência dos Arcanjos. Pois eles
não percebem o mundo igual ao que o ser humano exterior enfrenta, um mundo de cores e sons externos.

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Um ser desses nunca tem tais sensações; por exemplo, não possui a possibilidade de receber impressões
táteis que lhe possam fornecer percepções. Mas se quisermos expressar em palavras as vivências que tais
seres têm, podemos dizer: de um mundo que enche sua consciência vem ao encontro dele algo que o
inspira.

Ora, os Arcanjos não são seres que s6 podem formar representações matemáticas; antes, o ser
humano é que é tão imperfeito.Que só é capaz de imaginar a atividade dos Arcanjos em abstrações, como
são as verdades matemáticas. Os Espíritos dos Povos parecem normais tanto para os seres humanos
quanto para eles mesmos. Daí vocês podem deduzir que o mundo exterior percebido pelo ser humano por
meio dos sentidos não afeta os Acajus; esse mundo em seu estado físico manifestado ao ser humano pelos
sentidos não existe para os Arcanjos. Excluam, pois, de sua visão do mundo tudo o que representa apenas
sensação física, que é apreendido por percepção externa, e vocês excluem o que de fato não interessa aos
Arcanjos. Vocês então perguntarão: ora, que parte da consciência humana ainda resta para os Arcanjos,
para os Espíritos dos Povos? Tudo o que a alma dos sentimentos experimenta, toda a alegria e o
sofrimento provocados pelo mundo.

Nesta figura, vocês têm a prova rigorosa de que o total dos ângulos do triângulo perfaz 180°.
Gravando bem na alma essa figura, ela lhes trará a certeza desse fato por toda a vida. Podem representá-la
na mente, sem desenha-la no papel. Ao fazê-lo, vocês estão executando uma operação mental pura,
através da força do próprio íntimo, isto é, sem qualquer atividade externa. Podemos imaginar por um
instante que o chamado mundo dos sentimentos e as impressões que entram nas pessoas pelos sentidos
não existem. O mundo exterior não existe e construímos o espaço mentalmente: nesse espaço, todos os
triângulos somariam 180° nos seus ângulos. Para chegarmos ao conhecimento geométrico-matemático,
não será necessário percebermos um objeto externo; basta. Nossa vivência interior, o que ocorre em nossa
própria consciência.

Escolhi esse exemplo simples e prático que todos conhecem. Poderia ter escolhido o exemplo da
Lógica de Regel, que também lhes teria dado uma quantidade de conceitos internos; porém, talvez seriam
confrontados com muitos detalhes desconhecidos, uma vez que a Lógica de Regel é pouco conhecida. Em
todo caso, vocês percebem como o ser humano é capaz de chegar à cognição unicamente a partir de seu
interior, sem ser estimulá-lo por alguma vivência externa.

Imaginando quanta coisa no mundo pode ser apreendida somente de maneira matematicamente
construtiva, vocês compreenderão uma parte do funcionamento da consciência dos Arcanjos. Pois eles
não percebem o mundo igual ao que o ser humano exterior enfrenta, um mundo de cores e sons externos.
Um ser desses nunca tem tais sensações; por exemplo, não possui a possibilidade de receber impressões

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táteis que lhe possam fornecer percepções. Mas se quisermos expressar em palavras as vivências que tais
seres têm. Podemos dizer: de um mundo que enche sua consciência vem ao encontro dele algo que o
inspira.

Ora, os Arcanjos não são seres que s6 podem formar representações matemáticas; antes, o ser
humano é que é tão imperfeito.Que só é capaz de imaginar a atividade dos Arcanjos em abstrações, como
são as verdades matemáticas. Os Espíritos dos Povos parecem normais tanto para os seres humanos
quanto para eles mesmos. Daí vocês podem deduzir que o mundo exterior percebido pelo ser humano por
meio dos sentidos não afeta os Arcanjos; esse mundo em seu estado físico manifestado ao ser humano
pelos sentidos não existe para os Arcanjos. Excluam, pois, de sua visão do mundo tudo o que reprenta
apenas sensação física, que. É apreendido por percepção externa, e vocês excluem o que de fato não
interessa aos Arcanjos. Vocês então perguntarão: ora, que parte da consciência humana ainda resta para
os Arcanjos, para os Espíritos dos Povos? Tudo o que a alma dos sentimentos experimenta, toda a alegria
e o sofrimento provocados pelo mundo exterior, todas as percepções sensoriais, como cores e sons e
outras, todo o conteúdo anímico de sentimentos humanos, o que ela proporciona aos seres humanos, não
possui significado para os' Arcanjos e não os afeta. Até uma parte da alma do raciocínio, enquanto
estimulada pelas sensações exteriores, nada significa para eles. Os Arcanjos tampouco são afetados por
tudo o que vem de fora, o que o ser humano elabora pelo raciocínio e vivencia em seu ânimo. Nem por
isso, a alma do raciocínio humano experimenta certas impressões situadas no mesmo nível das
experimentadas pelos Arcanjos. Podemo-nos convencer disso quando observamos, por exemplo, como
em nossa vida se nos apresenta o que denominamos nossos ideais morais. Não existiriam ideais morais, se
dependêssemos somente das sensações, da alegria, do sofrimento e dos pensamentos provocados por
percepções sensoriais do mundo exterior. I? Verdade que seríamos capazes de sentir alegria ao ver as
flores no campo ou uma linda paisagem, mas mesmo assim não nos apaixonaríamos por um ideal, porque
este não nos poderia chegar de fora para o gravarmos em nossa alma e nos entusiasmarmos por ele. Por
outro lado, não devemos só nos entusiasmar e sentir em nossa alma dos sentimentos, mas também
devemos meditar sobre esses sentimentos. O ser humano que só sente mas não pensa pode ser um
visionário, mas nunca uma pessoa prática. Os ideais não devem vir de fora para serem aceitos em nossa
alma dos sentimentos, mas temos de recebê-los dos mundos espirituais e elaborá-los na alma do
raciocínio ou no ânimo. Os ideais da Arte, da Arquitetura e outros têm seu lugar na alma do raciocínio e
na alma da consciência. Estão relacionados com algo que não podemos perceber externamente, mas que
permeia e entusiasma nossa natureza por dentro, constituindo uma parte de nossa vida.

Observem a evolução da vida dos povos, de época em época, quando sempre emergiram
concepções e mistérios universais novos. De onde os gregos teriam recebido suas idéias de Zeus e Atena,
se tivessem de se restringir às percepções externas? Suas almas foram imbuídas J.: dentro com o que se

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exprime nas sabedorias, mitologias, religiões e ciências dos povos. Podemos ver daí, que metade da nossa
natureza interna, metade de nossa alma racional ou do ânimo, como também de nossa alma da
consciência, é permeada de dentro; e isso até o ponto de o ser humano se compenetrar internamente com
o que acabamos de caracterizar. Até aí os Arcanjos podem penetrar no interior humano e até aí também
estende-se a própria vida dos Arcanjos. Assim, devemos excluir da vida interna o que, de fora, está sendo
recebido pela alma dos sentimentos e elaborado pela alma racional ou ânimo.

Mas ainda devemos contemplar o que denominamos nosso eu. Consideramos o eu o membro
supremo de nossa natureza. O que introduzimos na consciência moral são ideais, pensamentos morais,
estéticos e de idéias elevadas. O ser humano encontra-se com a visão para dentro barrada, mas para o
mundo exterior aberta por meio dos sentidos. Por isso pode dizer: "Percebo cores, sons, frio e calor; e
também tenho consciência da essência atrás dessas percepções." São as entidades dos reinos animal,
vegetal e mineral. Assim o ser humano é capaz de imaginar o mundo que percebe, prolongando-o mais
além, onde a vista lhe é barrada. Não fosse assim, não teríamos o materialismo. Se o ser humano tivesse a
vista livre para o campo que se estende das almas do raciocínio e da consciência para cima, não teria
como duvidar do mundo espiritual, como hoje não duvida da existência dos mundos animal, vegetal e
Mineral. .

O membro supremo da entidade humana, o eu, encerra em si as almas dos sentimentos, do


raciocínio e da consciência. A vida anímica dos Arcanjos, em câmbio, começa com a vivência da alma do
raciocínio ou ânimo, sobe para o eu e de lá se estende a um mundo de reinos superiores, um reino de
elementos espirituais, no qual vivem, como o ser humano vive nos reinos dos animais, vegetais e
minerais. Os Arcanjos, na sua vida anímica possuem algo análogo ao nosso eu, mas devemos reconhecer
que o eu dos Arcanjos não é do mesmo tipo do eu humano. Porque o eu dos Arcanjos encontra-se dois
graus acima do nosso, fazendo com que morem num mundo diferente. O ser humano, por meio dos
sentidos, vê cores, ouve sons; analogamente, o Arcanjo contempla o mundo que encerra o eu qual verdade
objetiva, sendo que em volta desse eu encontra-se algo da parte do astral que conhecemos em nosso
interior como a alma do raciocínio ou ânimo. Imaginem esses seres contemplando um mundo que não é
permeado pelo animal, vegetal ou mineral. O olhar espiritual deles é dirigido a uma visão do mundo
centralizada nos eus humanos, em volta dos quais percebem algo como uma aura. Isso nos dá uma
imagem do que os Arcanjos contemplam nas personalidades étnicas e nos povos relacionados a cada um
deles. O mundo deles consiste num campo de percepção astral centralizado nos eus dos seres humanos.
Como para nós o mundo das percepções sensoriais representa nosso mundo importante, para os Arcanjos
nós mesmos é que constituímos seu campo de percepção; assim como saímos para o mundo externo,
elaborando-o e transformando-o em instrumento, somos nós os objetos do campo de trabalho do Arcanjo
ou Espírito do Povo a quem pertencemos.

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Mesmo que pareça estranho, podemos dizer que aí contemplamos a teoria de cognição superior
dos Arcanjos. Podemos imaginá-la bastante diferente da teoria da cognição humana, Para os seres
humanos, a realidade consiste no que se acha estendido no espaço, o que nos é comunicado pelos
sentidos: nas cores, nos sons, no frio e no calor, na dureza e na brandura, Em contrapartida, a realidade
para os Arcanjos consiste no que aparece no interior dó campo da consciência humana. Isso representa
para eles uma série de centros em redor dos quais se tecem as vivências internas dos seres humano,
enquanto se passam na alma do raciocínio ou ânimo; contudo, a atividade deles nesse campo é superior.

De que forma se esboça a visão do mundo dos Arcanjos ou Espíritos dos Povos? Para o ser
humano, a visão do mundo ganha contorno pelo fato de sentir como quente ou frio qualquer objeto que
pega na mão. O Arcanjo experimenta algo parecido ao encontrar as individualidades humanas. Defronta-
se com indivíduos animados mais pela atividade interna, possuidores de um conteúdo anírnico mais rico,
que o impressionam de um modo mais intensivo. Há outros indivíduos que acha indiferentes, letárgicos,
de conteúdo anímico pobre - os dois tipos representam, para os Arcanjos, algo análogo às impressões de
calor e frio na visão humana do mundo. Isso determina a visão do mundo dos Arcanjos, segundo a qual
podem utilizar-se dos homens e trabalhar para eles, tecendo, a partir de sua índole, o que deve servir de
guia para todo o povo.

Mas a vida de determinado Arcanjo está ligada, também de outra forma, à vida do povo que
dirige. No decorrer da vida, os seres humanos experimentam períodos ascendentes e descendentes: a
juventude ascendente e o tempo descendente da velhice; também o Arcanjo experimenta períodos
culturais ascendentes e descendentes em seu povo, como se fora sua juventude e velhice.

Voltemos a contemplar a vida interna de um Arcanjo. DQ que descrevi deu para entender-se que o
que o ser humano recebe de fora o Arcanjo experimenta no seu interior; todavia, quando as
individualidades étnicas preencherem o seu cerne, o Arcanjo ganha a impressão de que sua experiência,
embora nascendo de dentro de sua consciência, apresenta-se como algo estranho e análogo às idéias em
nossa consciência. O Arcanjo experimenta inversamente a maneira como o ser humano experimenta
juventude e velhice. Na juventude, o ser humano sente-se forte em seus membros, sente a ascendência e a
evolução deles; na velhice, esses membros tornam-se fracos e começam a recusar serviço. É algo que as
pessoas sentem como vindo do seu interior. É verdade que o Arcanjo sente tudo como que partindo do
interior; porém, o desenvolvimento ascendente e descendente de um povo causa-lhe uma experiência
estranha, como de algo que lhe parece independente e não lhe pertence, mas que, não obstante, faz com
que em certo momento se sinta impelido a incorporar-se em algum povo. Quando aparece tal
possibilidade, quando encontra um povo em período crescente e.fia plenitude ascendente de sua vida, tal

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como o ser humano, o Arcanjo desce, depois de ter absorvido a vida entre a morte e um novo nascimento.
Por assim dizer, o Arcanjo nasce num povo ao incorporar-se nele, e sente também sua morte na
necessidade de separar-se novamente desse povo, no momento em que as diferentes percepções e os
centros que ele percebe começam a ficar menos produtivos, menos ativos e a diminuir em seu conteúdo. É
essa a hora de abandonar essa comunidade étnica e entrar no seu Devachan, na sua vida entre morte e
novo nascimento, para então, no momento propício, unir-se a uma outra comunidade étnica. Assim, a
vida juvenil ascendente de um povo é idêntica à juventude do espírito correspondente do povo; ele a
experimenta como elemento de frescor corrente no qual vive. O período descendente na vida do povo ele
o experimenta como um ressecar dos centros que se encontram em sua esfera de percepção. Assim,
ganhamos uma idéia do íntimo da alma do povo.

Com isso na mente, podemos dizer que de certa forma, a alma do povo sempre será bastante
estranha à vida dos diferentes indivíduos, pois, em última análise, o que cada ser humano guarda na alma
dos sentidos e na parte inferior da alma do raciocínio representa uma esfera na qual o Espírito do Povo ou
Arcanjo não penetra. Não obstante, para o ser humano representa algo bem real porque sente claramente
relacionado com o mais interno o mais íntimo de sua própria vida. Sob certo aspecto, a natureza do
Arcanjo e a natureza étnica dirigente pairam sobre os diferentes indivíduos. Porém, os assuntos pessoais
que cada pessoa experimenta nas percepções sensoriais permanecem estranhos ao Arcanjo que guia
aquele povo. Mas, existem intercessores e é importante que saibamos da existência deles. São seres
denominados Anjos, localizados entre os Arcanjos e os seres humanos. Relembremo-nos pois: Espíritos
dos Povos são Arcanjos que terminaram a transformação do corpo astral em Manas, e estão agora
transformando o seu corpo vital em Buddhi. Entre eles e os seres humanos encontram-se os Anjos. São
seres ocupados com a transformação do corpo astral em Manas, mas ainda não a terminaram. O ser
humano apenas começou essa tarefa na era atual. Por isso, as esferas desses seres possuem uma afinidade
muito mais íntima com aquelas em que vivem os seres humanos. Podemos dizer que os seres angélicos,
em toda a sua índole anímica, simpatizam com o que. Chamamos de corpo astral. Por isso, compreendem
bem tudo o que a personalidade humana pode experimentar em dor e alegria. Por outro lado, erguem-se
bem acima do eu humano, possuindo um eu bem superior no qual apreendem urna parte dos mundos
superiores; por isso, sua esfera de consciência penetra nos terrenos que abrangem a esfera de consciência
dos Arcanjos. Assim eles são bastante capacitados a serem os mediadores entre os Arcanjos e as
diferentes individualidades humanas. Por seu turno, recebem as ordens dos Espíritos dos Povos e as
levam para dentro das almas humanas, e é essa intercessão que provoca o que cada indivíduo pode
realizar, não apenas para o bem do próprio progresso e desenvolvimento, mas também para todo o seu
povo.

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Nas vivências do ser humano, as duas correntes, encontram-se lado a lado. Uma delas o conduz de
encarnação em encarnação, diz respeito a seus próprios assuntos, dos quais ele deve cuidar antes de tudo,
para poder cumprir a obrigação que, no fundo, é a mais rigorosa, pois representa a mais íntima obrigação
consigo mesmo. Não pode ficar parado, porque senão os germes que se dispôs a desenvolver ficariam
improdutivos. Todavia, é com aquela disposição que pode progredir de encarnação em encarnação.
Comparativamente, sua contribuição à comunidade étnica, fazendo parte dos assuntos dessa mesma
comunidade, é forneci da pela inspiração de seu Anjo que lhe traz as ordens do Arcanjo. Não será então
difícil imaginar numa região da Terra um povo qualquer sobre o qual se acha estendida a aura desse povo,
a aura etérica, e nela se entretecendo as forças do Espírito do Povo, as quais modificam, de acordo com as
três espécies de forças, o corpo etérico humano. É o Arcanjo que entretece nessa aura étnica. Como já
dissemos, ele é uma entidade que, em sua evolução, encontra-se dois graus acima do ser humano; tal
entidade paira sobre o povo todo e dá as disposições a respeito do que o povo deve realizar. O Arcanjo
sabe o que tem de ser feito durante o período ascendente, durante o frescor juvenil do povo; sabem quais
são as tarefas do povo no período de transição da juventude para a velhice, para que seus impulsos não
esmoreçam e mantenham o ímpeto.

Esses grandes espaços de evolução são dirigidos pelo Arcanjo. Aqui no plano físico, todavia, os
seres humanos têm de trabalhar, têm de se preocupar com a realização dessas grandes metas. Para isso,
entre os Arcanjos e os indivíduos humanos, os Anjos estão como mediadores, que empurram o indivíduo
ao lugar que deve ocupar aqui na Terra, a fim e que, na estrutura do povo, possam realizar-se as grandes
disposições do Arcanjo. Para ganharmos uma idéia certa dessas condições devemos fazer o possível de
imaginá-los como realidade e de modo nenhum como alegoria.

Ora, toda essa textura que o Arcanjo tece é permeada pela atividade dos seres que chamávamos de
Arcanjos anormais, os Espíritos da Língua, no sentido como foi descrito ontem. Ao mesmo tempo, foi
caracterizada a maneira de os Espíritos anormais da Personalidade, ou Arqueus, atuarem nessa esfera.
Observemos, então, a esfera em que o Arcanjo externa suas ordens, onde distribui as missões transmitidas
pelos Anjos aos diferentes seres humanos. Mas nessa esfera, podem atuar também os Espíritos anormais
da Personalidade e, pelo motivo de terem objetivos diversos, sua interferência de certa forma pode
contrariar as disposições do Arcanjo. Quando isso ocorre, podemos perceber, no âmbito de um povo, a
formação de grupos que pretendem objetivos especiais. Na formação desses grupos com objetivos
específicos, podemos reconhecer a expressão externa da atividade dos Espíritos anormais da
Personalidade, que se pode alastrar por vários séculos. Por exemplo, na região onde agora desenvolvemos
particularmente nossa atividade científico.espiritual, isto é, na Alemanha, temos visto, através de séculos,
o embate do Arcanjo dos alemães ao encontrar a ação dos Espíritos da Personalidade às vezes

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conflitantes. O conflito entre os Espíritos anormais da Personalidade e o Arcanjo manifestam-se na
prolongada desunião de toda a nação alemã, formando todos esses pequenos países pseudo-étnicos.

Tais povos possuem pouco senso comunitário centralizador; preferem olhar para a formação das
individualidades. Sob certo aspecto isso é bom porque possibilita a emergência de uma grande
diversidade de matizes da etnia.

Contudo, também pode acontecer o caso de o Espírito normal da Personalidade atuar durante um
determinado período no Espírito da Época, e não o Espírito anormal da Personalidade, e se tornar mais
importante do que é no decurso normal da evolução.

Portanto, observando um povo, percebemos sua autoridade principal, o Arcanjo. Nele atua o
Espírito da Época, dando-lhe suas ordens, e o Arcanjo as transmite aos Anjos, os quais as comunicam a
cada ser humano. Já que comumente só percebemos o que está mais próximo de nós, vemos, em toda essa
complexa atuação, como a parte mais importante a ação dos Arcanjos. Todavia, pode acontecer que o
Espírito da Época tenha de emitir ordens mais importantes, mais transcendentais, para cujo fim, por assim
dizer, tenha de separar uma parte do povo, a fim de que possa ser cumprido o que representa a missão da
época, ou melhor, do Espírito da Época. Num caso desses, vemos dividirem-se as comunidades étnicas. É
evidente que, nesses casos, o Espírito da Época se sobrepõe à atuação do Arcanjo. Tivemos um exemplo
disso quando o povo holandês se separara da base comum do povo alemão. Esses dois povos,
originalmente, tiveram um Arcanjo comum; a separação deu-se porque, em determinado momento, o
Espírito da Época parara uma parte e confiara a esta o que se tornaram então os acontecimentos
importantes da época moderna. Tudo o que podemos ler na história holandesa - embora História seja
apenas uma expressão externa ou uma Maya dos processos interiores - é, pois, apenas um reflexo desse
processo interior. Nesse caso vemos externamente a separação do povo holandês da etnia comum alemã.
O motivo interno, todavia, é que o Espírito da Época precisava de um implemento, para executar o que
levara a sua missão ultramarina. Toda a missão do povo holandês fora uma missão do Espírito da Época,
para cujo fim este teve de separá-Io num determinado momento. O que os historiadores descrevem é
somente Maya e oculta os fatos verdadeiros mais do que os revela.

Também num outro lugar da Europa ocorreu de forma saliente um processo semelhante, a saber: a
separação forçada de uma parte de um povo da base étnica comum, com o que surgiu o povo português.
Em vão, vocês procurarão outros motivos para esse caso, a não ser tão-somente uma vitória do Espírito da
Época sobre o Arcanjo. Perscrutando os diferentes eventos, acharão, que, nesse caso, fora aproveitada a
oportunidade de formar uma etnia separada -já que não havia muitas oportunidades. Originalmente, o
povo ibérico, inclusive o povo português, formava o povo-mãe. Os únicos motivos externos para essa

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separação talvez possam ser vistos no fato de os rios serem navegáveis somente até a fronteira
portuguesa. Em contrapartida, existe o motivo interior por que tiveram de ser realizadas as tarefas
específicas do povo português, que eram diferentes das tarefas do povo ibérico comum. Podemos ver que
então o Espírito da Época desenvolvia uma atividade mais intensa do que normalmente o fazia. Notamos
a harmonia vigente até ser suplantada por uma outra. Em vez de o Espírito da Época transmitir suas
ordens ao Arcanjo, vemo-lo intervir diretamente na história do povo. Os outros espíritos aproveitam a
oportunidade para se encarnarem. No primeiro entusiasmo que permeia os seres humanos num povo
cindido dessa forma, o Espírito da Época desempenha por algum tempo tão intensivamente as funções do
Arcanjo, que a separação não se manifesta senão num empurrar e impulsionar dentro do povo. Note-se a
vivacidade e os impulsos que nascem da missão do Espírito da Época. Mas, paulatinamente volta a
possibilidade de um Arcanjo normal e um anormal se incorporarem nesse povo cindido. Observamos
assim os povos holandês e português se constituírem, evoluindo, e, no decorrer desse processo, receberem
seus próprios Arcanjos normais e anormais. Na diversidade dos temperamentos desses povos que se
manifesta nas diferentes personalidades, percebemos a ação dessas entidades espirituais de maneira bem
estranha; depreendemos, ao mesmo tempo, a História se desenrolando no mundo externo como resultado
dessa ação.

Pouco a pouco, a afirmação de que o mundo exterior seria Maya ou ilusão ganha significado cada
vez mais concreto. Os acontecimentos da história exterior são apenas o reflexo externo das essências
espirituais suprasensíveis, da mesma forma como o ser humano visível é somente o reflexo externo de sua
natureza interior. Por isso, devo frisar cada vez de novo: a expresso "O Mundo é Maya" reveste-se de
suma importância. Todavia, não é suficiente salientá-lo de maneira abstrata; antes deve-se estar em
condições de entende-lo em todos os detalhes.

Vemos também outros seres e hierarquias serem ativos no que chamamos de Mundo. Falamos dos
Arcanjos normais e anormais. Os anormais se revelaram como os próprios Espíritos da Forma, que têm
renunciado a certa parte de sua evolução. Podemos perguntar agora: o que aconteceu então com os
Espíritos da Forma anormais? Vemo-los em posição quatro graus acima dos seres humanos. Na próxima
conferência falaremos mais em detalhe sobre eles. No entanto, o que pode ser dito sobre as hierarquias
não se esgota com os Espíritos da Forma mencionados como seres mais altos. Acima deles encontram-se
os Espíritos do Movimento, ou seja, os Dynameis ou Potestades; mais alto ainda, os Kyriotetes ou
Dominações, também chamados de Espíritos da Sabedoria. Vocês poderão encontrar uma descrição
dessas diferentes essências em meus livros A Ciência Oculta e A Crônica do Akasha.

Devemos entender agora que a lei da renúncia ou do atraso seja válida também para os seres
supremos, de maneira que também os Espíritos do Movimento que se encontram a cinco graus acima dos

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seres humanos possam ficar atrás em certas qualidades, encontrando-se agora num grau de
desenvolvimento como se fossem Espíritos da Forma. De sorte que, quanto a certas propriedades, são
Espíritos do Movimento e quanto a outras, relativos quais têm renunciado, apenas Espíritos da Forma. Por
conseguinte, existe uma esfera em que os Espíritos da Forma normais, que se encontram quatro graus
acima de nós, e outros seres que, embora sendo Espíritos do Movimento, atuam juntos nessa mesma
esfera, da mesma forma como falávamos de uma esfera onde cooperam Arcanjos normais e anormais. A
cooperação dos Espíritos da Forma normais e anormais com os Espíritos do Movimento atrasados
provoca algo importante para a humanidade: é o que designamos como raças humanas, as quais devemos
distinguir dos povos.

Encarando dessa forma tais relações, ganhamos um conceito bem dinâmico e caro que nos evita
misturar as coisas. Um povo não é uma raça. O conceito de etnia não tem nada a ver com o conceito de
raça. Uma raça pode estar dividida nos mais diversos povos, formando comunidades bem diferentes das
comunidades raciais. Falamos de povo alemão, holandês, norueguês e outros; mas falamos de uma raça
germânica. O que é que atua nesse conceito de raça? É, pois, como já dissemos, a cooperação entre os
Espíritos da Forma normais e os seres que chamamos de Espíritos da Forma anormais e que em realidade
são Espíritos do Movimento encarregados da missão de Espíritos da Forma. Isso resulta na divisão da
humanidade em raças. Os Espíritos da Forma normais fazem com que em toda a Terra os seres humanos
sejam iguais, que, independentemente da raça a que pertencem, sejam seres humanos, membros de toda a
humanidade. Em contraposição, os Espíritos da Forma anormais fazem com que toda a humanidade seja
dividida nas diferentes raças, porque esse espíritos têm renunciado a favor do fato de não haver uma
humanidade homogênea na Terra, mas uma variedade de seres humanos.

Essa consideração nos fornece a base, por assim dizer, para a compreensão do significado das
diferentes individualidades étnicas. Ganhamos uma visão global de todo o planeta terrestre, pela qual
vemos o planeta terrestre destinado, pela ação dos Espíritos da Forma normais, a suportar uma
humanidade; ao mesmo tempo, percebemos os Espíritos do Movimento entrando nessa mesma esfera e,
como Espíritos da Forma anormais, dividir, em toda a Terra, a humanidade nas diferentes raças.
Contemplando assim os objetivos e metas desses Espíritos da Forma normais e anormais
compreenderemos suas intenções ao criarem as raças humanas: criar uma base para o que deve sobressair
nelas. E se, finalmente, contemplarmos os povos, conseguiremos compreender assim a essência do que é
um povo.

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