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P e l o t a s

L . M . P . R o d r i g u e s
2 0 0 1
Capa, layout e editoração eletrônica: Ana da Rosa Bandeira
Consultoria de editoração, pesquisa e digitalização de imagens: Nara Rejane da Silva

Impresso no Brasil
 Copyright 2001 – Teresinha dos Santos Brandão

Tiragem: 500 exemplares

Obra publicada por L. M. P. Rodrigues, com o patrocínio de Michigan/Alfa Pré-Vestibular e o


apoio da Universidade Católica de Pelotas.

Pedidos para: R. Cel. Alberto Rosa, 1886 apto. 403 CEP: 96010-770 – Pelotas - RS
ou pelos e-mails: aflag.sul@zaz.com.br e naras.sul@zaz.com.br

B817t Brandão, Teresinha


Texto argumentativo : escrita e
cidadania. / Teresinha Brandão. – Pelotas: L. M. P.
Rodrigues, 2001.
88 p.

1. Português – estudo e ensino.


2. Produção textual. 3. Redação. I. Título.

CDD 469

Ficha Catalográfica: Bibliotec. Cristiane de Freitas Chim CRB 10/1233


Dedico este livro

AOS MEUS SOBRINHOS – a ordem é estritamente alfabética! –,


ALFEU COSTA DA SILVEIRA NETO, BRUNO BRANDÃO DE VARGAS,
GABRIEL FLIEG AMARO DA SILVEIRA (recém vindo ao mundo!), LUCAS DE
MORAES SMITH (apesar da distância...), MARINA DUARTE GUTIERRE,
MARÍLIA BRANDÃO AMARO DA SILVEIRA e PAULA BRANDÃO DE VARGAS,
os quais, mesmo nos momentos em que a tristeza se fez presente em mim,
foram capazes, pelo encanto, carinho e alegria que emanam, de ajudar a
superá-la. Guardarei deles para sempre as lembranças do primeiro sorriso, das
primeiras palavras, dos passinhos ainda inseguros, das fotos, das gracinhas.
Lutarei, junto a eles, contra as preocupações e adversidades de que a vida não
puder poupá-los.

À AMIGA LAÍS MARIA PASSOS RODRIGUES, cujos laços de amizade


ultrapassam a relação meramente profissional, propiciam momentos de grande
riqueza e firmam uma relação baseada no companheirismo e cumplicidade.

AOS MEUS PAIS, ARITA E PORFÍRIO E ÀS MINHAS IRMÃS,


FABIANA E ROSANE, que, com entusiasmo, partilham sempre de meus sonhos
e, incansavelmente, lutam por sua realização.
.
A g r a d e c i m e n t o s

Este livro resultou dos esforços e dedicação de diversas pessoas. Seria


impossível mencioná-las todas. Citarei algumas para expressar meu reconhe-
cimento.
A FLÁVIO RESMINI, SÉRGIO HUMBERTO FACCINI SILVA, JOSÉ VOLNI
DUARTE E GENY DA CUNHA DUARTE, por terem, pacientemente, suportado
meus momentos de ansiedade e dependência e, por meio de muita compreensão,
ajudado a superá-los.
A GIANE DA CUNHA DUARTE, MARTA SÓRIA E REJANE DE MORAES
SMITH, cuja amizade encontra-se feito presente em quase todos os momentos da
minha vida.
À PROFESSORA LAIZI DA SILVA DAS NEVES, que me ensinou a ler e
escrever, abrindo-me as portas para um universo desconhecido mas profun-
damente agradável – o mundo das palavras.
ÀS AMIGAS LÍGIA MARIA DA FONSECA BLANK E RENATA BEIRO, as
quais sempre vibraram com minhas vitórias e me orientaram nos passos iniciais de
minha vida profissional.
A ANA DA ROSA BANDEIRA E À AMIGA NARA REJANE DA SILVA, pelo
paciente trabalho de digitação e dedicada criação do layout.
AO AMIGO E COLEGA LUIZ GUSTAVO RIBEIRO ARAÚJO, com quem
partilhei as primeiras idéias deste livro. Sou grata às suas críticas e sugestões,
assim como à crença que deposita em meu trabalho.
À AMIGA E PROFESSORA ANA ZANDWAIS, pela dedicação e acompa-
nhamento crítico a mim dispensado durante o período em que fui aluna do mes-
trado. Seu exemplo de profissionalismo e seriedade marcaram-me profundamente.
A CLÁUDIO DA CUNHA DUARTE E A GILBERTO GARCIAS, pela
amizade e empenho na publicação deste livro.
A MICHIGAN-ALFA PRÉ-VESTIBULAR, pelo patrocínio, e a UCPel, pelo
apoio, agradeço. Sem a participação dessas instituições talvez não fosse possível a
publicação da obra.
6 Teresinha Brandão

A ANDRÉ MACEDO E INÊS PORTUGAL, da equipe do Diário Popular, de


Pelotas, pelo incentivo e apoio na divulgação desta obra.
... e, como não poderia deixar de mencionar, A TODOS OS MEUS
ALUNOS, que enriquecem a criação deste livro porque dele se tornaram partícipes
e co-autores.
.
A p r e s e n t a ç ã o

A obra Texto argumentativo: escrita e cidadania oportuniza a quem deseja aprimo-


rar a produção textual não apenas uma teoria embasada no que há de mais atual na dou-
trina lingüística, mas, com diversificados exercícios, mostra a riqueza de recursos que a
língua materna nos oferece.
A autora, profissional dedicada, competente e com experiência no ensino médio,
reconhece a importância de desmistificar o ensino de português, especialmente de reda-
ção, no sentido de demonstrar que este não se baseia em regras difíceis e rígidas, em ex-
ceções ou armadilhas, mas sim consiste num tesouro do qual dispomos para expressar
nossas idéias, nossos sentimentos, nosso posicionamento diante do mundo; enfim, para
exercermos a plena cidadania.
De forma bastante didática, a autora, por meio de atividades criativas, cujos temas
vão ao encontro do interesse dos jovens, porque atuais e estimulantes, propicia o desen-
volvimento não apenas do senso crítico, do raciocínio, da capacidade de argumentar, como
ainda estimula a criatividade.
Destacaria, como “ponto alto” desta obra, as práticas textuais concernentes à coe-
são e coerência – tão indispensáveis a um bom texto –, dando ênfase à pertinência do en-
riquecimento do vocabulário, já que os estudantes, sem dúvida, possuem plena capacidade
de raciocínio e discernimento, no entanto, às vezes lhes foge o “como dizer”. Tais exercí-
cios fortalecem o conceito de que utilizar um vocabulário pertinente à situação de interlocu-
ção confere credibilidade às informações dadas, assim como auxilia a criação de uma ima-
gem positiva, de seriedade do produtor; dessa forma, concorre para reforçar o peso argu-
mentativo de um texto e a capacidade de persuasão.
Assim sendo, com Texto argumentativo: escrita e cidadania, Teresinha brinda os
estudantes – razão de ser desse livro –, os professores e aqueles apaixonados pelo idioma
e eternos aprendizes.

Laís Maria Passos Rodrigues


.
P a l a v r a s d a a u t o r a

Gostaria, inicialmente, de ressaltar alguns aspectos relativos ao título desta obra.


Embora acredite que a argumentação seja constitutiva da linguagem, independente
da tipologia textual, concentrei neste livro a atenção em apenas dois tipos de texto: a carta
e a dissertação.
Acredito serem elas importantes por duas razões: a primeira justifica-se pelo fato
de, na atualidade, a maioria dos veículos de comunicação impressos destinar um espaço
privilegiado aos leitores que queiram expressar seus posicionamentos, sejam eles para
ratificar ou contestar as mais diversificadas idéias.
Ademais, lembro que, com a redemocratização do País, após um exaustivo período
de censura, a escrita de textos desse tipo, veiculados na mídia ou via internet, tem se mos-
trado uma das formas mais eficientes de a sociedade civil manifestar-se e, desse modo,
exercer um direito legítimo, que é fruto de sua conquista: o direito à cidadania.
Outra razão – esta de ordem pragmática – diz respeito à minha prática pedagógica.
Exercendo o magistério, durante alguns anos, no ensino médio, sobretudo em classes fi-
nais, de 3º ano, assim como em cursos pré-vertibulares, senti a necessidade de produzir
um material didático voltado às exigências de meus alunos. Como as universidades da re-
gião em que atuo – UFPel e UCPel –, a exemplo da UNICAMP – SP, adotam, em suas pro-
vas de vestibulares, pelo menos uma das duas modalidades citadas, julgo plenamente
justificável nelas ter-me concentrado.
É meu desejo, pois, que a obra atenda a essas duas necessidades. Como todo tra-
balho humano é passível de erros e, de outro modo, sujeito a acertos, as contribuições dos
que vierem a adotar este livro serão bem-vindas.

Um abraço,

A autora
.
S u m á r i o

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Consultoria de editoração, pesquisa e digitalização de imagens: Nara Rejane da
Silva............................................................................................................................. 2
Tiragem: 500 exemplares............................................................................................ 2

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13 Teresinha Brandão

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................................................................................................................................... 78

..........................................................................................................................................92
................................................................................................................................... 92
................................................................................................................................... 97
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................................................................................................................................. 104

........................................................................................................................................109
.
1 C o n s i d e r a ç õ e s i n i c i a i s : c a r a c t

Para bem entendermos o processo de argumentação, assim como as


características e os elementos que compõem um texto argumentativo, tomemos
por base a coletânea a seguir, cuja temática centra-se no amor:
16 Teresinha Brandão

T e x t o 2 :

T e x t o 1 : “ M á r c ia , s e e u g a s ta s s e to d a s a s
c ib e r e s p a ç o , a in d a a s s im n ã o p o
“ O a m o r é fin a lm e n te s a r o q u a n t o c u r t o t e c la r c o m v o c
u m e m b a r a ç o d e p e r n a s , A m o r, R ic k
u m a u n iã o d e b a r r ig a s ,
( d e c la r a ç ã o v ir tu a l)
u m b r e v e tr e m o r d e a r té r ia s ,
u m a c o n fu s ã o d e b o c a s ,
u m a b a t a l h a d e v e i a Ts e, x t o 3 :
u m r e b o liç o d e a n c a s ,
q u e m d i z o u t r a c o i s a “ éD ib z ee sr t qa u. ” e b r e v e m e n t e s e r á s a m
G r e g ó r i o d e M a td o e s m i n h a a l m a . A m e ta d e ? B r e v e
N ã o : já a g o r a é s , n ã o a m e ta d e ,
( I n : B A R B O S A , S . A . , A M AD R o A u L -, t Ee . a a lm a in te ir a , d e ix a s - m e
E s c r e v e r é d e s v e na d a r o m U u mn d ao : p e q u e n a p a r t e p a r a q u e e u
lin g u a g e m c r ia d o r a e o p e n s a m e n to
e x i s t i
ló g ic o . C a m p in a s : P a p ir u s , 1 9 8 6 )
r p o r a l g u m te m p o e a d o r a r
G r a c ilia n o R a m o s
( E mC a r t a s d e A m o r a H e lo ís a )

T e x t o 4 :

(VERISSIMO, Luis Fernando. As cobras em: se Deus existe que eu seja atingido por um raio. Porto Alegre: L&PM, 1997. p.19)
17 Teresinha Brandão

T e x t o 5 : T e x t o 6 :

“ P a r a fa la r tu d o : a v id a n ã o c o m e ç a q u a n d o s e
“ A m o r, e x is tir ia s u b s ta n
n a s c e . C o m e ç a q u a n d o s e a m a . R o m a n tis m o à
m a is a b s tr a to ? A m a r, o
p a r te , s ó a d q u ir im o s c o n s c iê n c ia d e n ó s m e s m o s
v e r b o t e r ia s id o ta n ta s
q u a n d o , s e m p r e d e r e p e n te , s e m a v is o p r é v io ,
z e s c o n ju g a d o ? N in g u é
s e n t im o s q u e a lg u m a c o is a m u d o u n o m u n d o ,
c a p a z d e c a p ta r a s in fin
n a n o it e e n o d ia , n a lu z e n o v e n to , m u d o u t u d o
r e v e r b e r a ç õ e s d e s s a p
d e n tr o d a g e n te : e s t a m o s e n a m o r a d o s .
v r a , e la e s c a p a a t é m e
É a in d a u m a n ú n c io , ‘p r e v ie w ’ d e a lg u m a c o is a
à q u e le q u e v a s c u lh a e
q u e p o d e s e r o te s ã o , o c a s o , o r o lo , o e q u í v o c o .
q ü e n t a t o d a s a s c e la s s
S ã o v a r ia n t e s p a r a o g r a n d e p r o g r a m a q u e é o
m â n t ic a s d o d ic io n á r io .
a m o r, s í n t e s e d e tu d o o q u e fo i fr a g m e n ta r ia m e n -
a m o r s e d e s d o b r a e m m
t e a n u n . cA i am d a o n t e é u m o f í c io . N a m o r a d o ,
s e r e n o v a e m h is tó r ia s
u m a v o c a ç ã o .
té r it a s e fu tu r a s , r e n a s c
H á a m a n te s q u e n ã o s e n a m o r a m . E n a m o r a d o s
c a d a p o e m a ( ...) ”
q u e n ã o s ã o a m a n te s . O a m o r é e s c r a v o d o te m -
p o , n a s c e e p o d e m o r r e r c o m o t e m p o .”
( A u g u s t o A M P a a s i sx i ã. o n a M o r a d a
( C a r lo s H e iAt o er sC t ro e n l ay . d a U r s a M a io r d o P o . e F. m Fo aol h l ha a d de e S Sã ão o P a u l o ,
P a u l o , 1 2 / 0 6 / 9 6 1) 2 / 0 6 / 9 6 )

preferências, pontos de vista


diversos sobre o amor. Ela o concebe
como um sentimento plural,
heterogêneo: amor “carnal” (ou “eróti-
co”), “espiritual”, “virtual”, “racional”,...
Se tomarmos o Texto 1 como
exemplo, veremos que seu autor
sustenta uma tese – proposição ou
teoria considerada verdadeira, que pode
ser defendida com argumentos – a qual
aponta para uma conclusão, a saber: o
“verdadeiro” amor é o carnal, aquele
que merece efetivamente ser
A coletânea evidencia, através de vivenciado.
seus textos, opiniões, julgamentos,
Além disso, nesse contrapõe a uma outra
tipo de texto, per- concepção de amor não
cebemos uma explicitada no texto.
característica peculiar do Alguns pontos, no
pro-cesso de entanto, devem ser
argumentação: ele salientados para que não se
pressupõe o confronto de confundam noções básicas
idéias. Tal aspecto sobre o ato de argumentar.
heterogêneo da
argumentação pode ser Apesar de, nas
comprovado atra-vés do escolas, de um modo geral,
verso “quem diz outra termos aprendido que
coisa é besta”, o qual se existem basicamente três
18 Teresinha Brandão

tipos de texto – descritivo, narrativo e Lembremos, também, que, num


dissertativo –, e apenas o último ser texto argumentativo, a ressalva torna-
sinônimo de “argumentativo”, se um importante elemento de que se
notamos, através da coletânea, que os pode lançar mão, pois ela funciona
elementos os quais compõem um texto como um mecanismo para flexibilizar

Ilustração: Nara Rejane da Silva


argumentativo podem se fazer o ponto de vista. O objetivo da
presentes nos mais variados tipos de ressalva é conciliar com o interlocutor,
texto: num poema, numa charge, em reconhecer parte da verdade
ensaios, em narrações, em textos contida nas palavras deste.
dramatúrgicos, entre outros. Mais Se o assunto em questão for a
ainda: numa conversa de bar; num liberalização das drogas, no caso a
diálogo entre mãe e filho em que este maconha, e, se o autor do texto for
reivindica, faz exigências. desfavorável a tal liberalização, ele
Tais considerações explicam o pode relativizar seu ponto de vista,
fato de que a argumentação é admitindo que “Apesar dos inúmeros
constitutiva da linguagem, malefícios que esta droga pode causar
independente do texto em questão, da ao organismo, é inegável sua
tipologia textual tradicionalmente contribuição no tratamento de alguns
ensinada nas escolas, segundo a qual tipos de cânceres ou no de doentes que
“argumentação” chega até mesmo a desenvolveram a Aids.”
ser sinônimo única e exclusivamente O levantamento de hipóteses
de “dissertação”. igualmente se mostra relevante no
Julgamos necessário texto argumentativo.
questionar, ainda, idéias as quais Tomemos como exemplo um
sustentam que, em determinados fato da atualidade – a violação do
textos argumentativos, como a painel do Senado, no ano 2001,
dissertação escolar, devem prevalecer envolvendo os então senadores ACM e
a “impessoalidade” e a “objetividade”. Arruda –. O aluno poderia tecer sua
Ora, nesse tipo de texto, exigir-se que análise levantando hipóteses: caso eles
o autor “não se inclua” ou que exponha não tivessem renunciado, a cassação
de forma “objetiva”, quase teria amenizado uma possível sensação
“imparcialmente”, dados de uma reali- de impunidade em vigor no País? A
dade, mostra-se um despropósito. Num instauração de uma CPI teria conferido
texto argumentativo, ocorre maior credibilidade ao próprio Senado?
justamente o contrário: o autor Ou não? A julgar pela decisão dos dois
intervém freqüentemente na análise do senadores, quais as perspectivas fu-
tema, por meio de críticas, ressalvas, turas em relação ao cenário político
na escolha do vocabulário, entre brasileiro?
outras formas de expressão,
manifestando seus sentimentos, Trata-se, pois, de hipóteses que
gostos, opiniões. podem enriquecer a análise de um
tema.

2 F i n a l i d a d e s d a a r g u m e n t a ç ã o

A argumentação presta-se a propósitos vários, entre os quais se


destacam:
19 Teresinha Brandão

r e f o r çu a m r a d e t e r m i n a d a
ç ã o e m f a v o r d e u m a t e
o in t e r l o c u t o r j á c r ê o u
c o m p le t a m e n t e n a t e s e
t o r ) ;

p r o d u z i r u m a m u d a n ç a d e m
e n t a -
l i d a d e / c o m p o r t a m e n t o , r o v o -p
c a n d o , d e sa s d a e fs o ã r o m a , a d o

I lu s t r a ç õ e s : N a r a R e ja n e d a S il v a
in t e r l o c u t o r e m f a v o r d e u m a d e -
t e r m i n a d a t e s e ( q u a n d o o i n t e r lo -
c u t o r n ã o c r ê o u c r ê p a r c i a lm e n t e
n a t e s e d o lo c u t o r ) ;

l e v ac ro an h e c e r c o m ,p r e e n d e
z õ e ps e l a s q u a i s a q u e le q u e
s u s t e n t a d e t e r m i n a d a t e s
v a n d o n e c e s s a r ia m e n t e a
d o o in t e r lo c u t o r d e s c o n h
lo c u t o r ) . P o r e x e m p lo , e m
“ P a r t i d o X ” n ã o a p r e s e n t a
v it ó r i a , m a s , a o m e n o s , s e
b r e e s p a ç o ” p a r a t o r n a r p ú
f o r m a p o lí t ic a . U m o u t r o c
r e f u t au rm a d e t e r m ig n a a d d o a , e m u m j u l g a m e n t o ,
p o s i ç ã o , m e d ia n t e t e s ce o én t “r pa -e r d i d a ” ; n o e n t a n
a r g u m e n t o s ( q u a n da ot é o m l o e c s u m - o p a r a “ m a r c a r
t o r n ã o q u e r c r e r en ma r - d s ee t c e o r -n h j eu c r ií d oi c on ;o m e i o
m in a d a t e s e ) .
3 D i f e r e n ç a s f u n d a m e n t a i s e n t r e a

A argumentação é um da racionalidade, da evidência, há o


processo que se dá a partir do apelo à afetividade, à impulsividade,
raciocínio lógico, da organização do ao imediatismo. A persuasão assim
pensamento de forma a sustentar vista é própria da maioria dos
uma tese com argumentos claros, discursos publicitários, dos discursos
convincentes, sem apelar ao imedia- políticos não-sinceros.
tismo e à emocionalidade. Como exemplo de texto em
Já a persuasão (alguns que a persuasão sobrepõe-se à
teóricos tratam-na por persuasão argumentação, analisaremos a
não-válida) ocorre quando, em lugar propaganda a seguir.

A Duloren duas fotos apare-cem de tal forma que o leitor, para


elaborou sua continuar a leitura, deve virar a página.
campanha de
lançamento de
lingeries movendo o
leitor pela
provocação, pelo
de-safio, conforme
perce-bemos não só
pelas fotos como
também pela
estrutura utilizada
“Você não
imagina...”, a qual
desperta uma
intensa curiosidade.
Na revista, esta
curiosi-dade é
aguçada, pois as
Provocação, desafio, curiosidade,
ero-tismo são, pois, palavras-chave neste
texto.
Não é o “raciocínio lógico” que
incita o leitor a virar a página e
compreender o texto, até porque, pela
“lógica”, seria difícil acreditar que um
membro da seita radical Ku Klux Klan,
conhecida pelas suas idéias de racismo
extre-mo, poderia “dobrar-se” aos apelos
de uma mulher – e negra! – e, ao invés
(Revista Nova, nº 265)
de ser seu car-rasco, tornar-se seu servo,
o “dominado”.
A coerção também se o interlocutor a concluir que fumar
diferencia da argumentação: faz mal à saúde, ou, pelo menos, a
enquanto a primeira visa impor uma refletir sobre os prejuízos do
tese, por meio de uma proibição, por tabagismo. Podemos sentir, no último
exemplo, como em “Não fume!”, cuja caso, o caráter “liberal” da
tese é “fumar faz mal à saúde”, a argumentação já que esta permite o
segunda conduz, através de argu- confronto de idéias, promove a
mentos próprios do raciocínio lógico, discussão.
E m s í n a t r e g su em : e n t a r n ã o é s im p
l e s m e n t e im p o r,
d e s ã o d lo e go iu t ti mr o a n d o e s s a im p o s i ç ã
b e m f u n d a m e n t a d a , f a t o q u e n ã o o c o r r e c o m a
d av o n t a d e d o l o c u t o r, m a n i f e s t a a t r a v é s d e p
c u r s o s .
L e m b r e m o s , a d e m a is , q u e , n o t e x t o a r g u m
m e s m o t e m p o e m q u e e x i s t e e s s e e f e i t o d e “ l i v
r e f o r ç a r u m a e tl ae s o e u , ad di s e c r o i r r d a a r d e l a , h á a v o n t a d
in t e r lo c u t o r a a d e r ir à s i d é i a s d a q u e le . A r g u m e
c u t o r a a c e it a r o q u e e s t c á a rs áe tn e d r o c od ei t ro c . i tT i av lo v e z s e
t e ó r i c o C h a r o l l e s a f i r m a r q u e “ so i l h ê on r c i zi oo n t e d e t o d
C H A R O L L E S , M . L e s f o r m e s d i r Pe cr at e t si q eu t e is n d i r e c t s d e
4 U m e x e m p l o d e t e x t o a r g u m e

As universidades UNICAMP e seguinte proposta.


UFPel propõem, em suas provas de No ano de 1996, sugeriu-se
vestibulares, uma modalidade textual aos alunos que redigissem uma carta
muito interessante: a carta argumentativa ao então ministro da
argumentativa. Justiça, Nelson Jobim, com o objetivo
Nesse tipo de texto, o de os vestibulandos manifestarem-se
vestibulando costuma aderir, reforçar sobre a norma, criada pelo Governo
ou contrariar uma tese a partir de Federal, a qual proibia fumar em
uma coletânea de textos que recintos públicos fechados.
constam na prova. Observemos o texto de um
Vejamos um exemplo dessa dos alunos, Fernando Rezende.
modalidade, tomando por base a
P e lo t a s , _ _ _ d e _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ d e _ _ _ _ _ _ .

E x c e le n t í s s im o S e n h o r N e ls o n J o b im

T e n d o to m a d o c o n h e c im e n to , p o r m e io d a im p r e n
ta b a g is m o e m r e c in to s p ú b lic o s fe c h a d o s d e n o s s a s o c
te c e r a lg u m a s c o n s id e r a ç õ e s , o fe r e c e n d o - lh e , d e s s a f
d e s s e t e m a r e la t iv a m e n t e c o m p le x o e p o lê m ic o .
C o n s id e r o ju s t a a r e s t r iç ã o le g a l a o u s o d o c ig a r r o
d o s , j á q u e e s t a n o r m a v i s a p r o t e ng ãe or af u s ma úa dm e . Nd ao s e p n e t as ns ot
a u s ê n c ia d e m e d id a s c o n c o m it a n t e s a e s t a p r o ib iç ã o , n
p r o ib ir to ta lm e n te a p r o p a g a n d a d e c ig a r r o s f r a g iliz a , n o
É n e c e s s á r io , s e n h o r m in is t r o , a lg u m a a t e n ç ã o d o P o d
r e m a b a n d o n a r o h á b it o , e u m a e s p e c ia l a t e n ç ã o a o s j
d a , ir ã o e n g r o s s a r a s f ile ir a s d a s v ít im a s d e s s e m a le f í c i
G o s t a r i a a i n d a d e l e m b r a r - l h e q u e o f u m o a s n, t e , a o c
e s t á c o n t r ib u in d o c o m a U n iã o , p o r m e io d e u m im p o s t o
la d e s s e im p o s t o d e v e r ia s e r , p o r le i, d e s t in a d a à p e s q
p o r f in a lid a d e a p r e v e n ç ã o c o n tr a o s m a le s d o t a b a g is m
te s d a n ic o t in a .
P o r t a n t o , s o lic ito a V o s s a E x c e lê n c ia q u e c o n s id e r e
d o d e t o r n a r a le i a n t it a b a g is m o m a is c o n s is t e n t e e , p o r

A t e n c io s a m e n te ,
F . R .
Comentários sobre o texto:
Destacam-se, no texto de O aluno levou em conta, ao
Fernando Rezende, alguns elementos escrever a carta a Nelson Jobim, que
relacionados ao contexto, à situação este era um ministro de Estado, da
em que foi escrito, tais como a data, área da Justiça, portanto, alguém que
o local, o interlocutor e o locutor. deveria ser tratado, pois não havia
intimidade entre os dois, com um
Quanto à interlocução, na
certo grau de formalidade. Para
carta, aparece explícita, através do
tanto, usou a norma culta da
vocativo, ou do uso de pronomes.
língua, um vocabulário próprio ao
Consideremos, no processo de
contexto, evitou intimidades ou
interlocução, a importância de o
posturas agressivas, mesmo
locutor/interlocutor terem uma
quando criticou o Poder Público. Além
imagem precisa, clara um do outro
disso, não tratou o ministro como se
para conduzir os argumentos na
este desconhecesse o assunto em
direção exata a que se quer chegar.
questão, pois ambos
Sem o locutor conhecer as
compartilhavam informações,
necessidades, as vontades, as
tinham conhecimento sobre a norma.
limitações do interlocutor, difícil se
Até mesmo as sugestões e
tornará esse processo.
solicitações feitas por ele ao
ministro foram adequadas, reverter o quadro em questão. Os
exeqüíveis ao cargo que este argumentos do aluno mostram-se
ocupava. consistentes já que há uma tripla
preocupação: com os fumantes, os
Por outro lado, Fernando não se
não-fumantes e os que poderão vir a
preocupou somente com a imagem
ser fumantes.
que ele tinha do ministro, mas
também com a imagem que o No 3º parágrafo, o locutor reitera
ministro poderia formar de Fernando, a necessidade de o ministro, como
fato o qual ficou claro na apre- membro representante da União,
sentação que apareceu no início da tomar uma atitude quanto ao
carta, assim como nos próprios assunto, mas essa solicitação ou
argumentos usados, demonstrando, exigência, são feitas com polidez.
com isso, “dominar”, mesmo não
Na conclusão, no 4º parágrafo,
sendo um especialista, noções de
ele confirma a finalidade da carta –
legislação e informações sobre o
contribuir, por meio de seus
tabagismo.
argumentos, para que a norma seja
Notemos que, na introdução da revista (“tornar a lei antitabagismo
carta, o aluno deixa claras algumas (...) eficaz.”).
informações: como tomou
conhecimento do assunto, qual o
assunto em questão e a finalidade
do texto.
No 2º parágrafo, já no
desenvolvimento, ele expressa um
ponto de vista (“Considero
justa...”), seguido de uma ressalva
(“No entanto...”). Esta se faz
acompanhar de uma crítica
(“...fragiliza...”). Ademais, chama a
atenção para a importância de o
ministro, através do Poder Público,
P a l á c io d a, B J ru a s s t ií çl i a . F o t o : D a n i e l M a c e
Agora observemos algumas marcas lingüísticas explícitas no
texto:

E x c e l e n t í s s im o
S e n h o r N e l /s o e n s c J r oe vb ei mr - / lh e r e s o lv i
o fe r e c el h n e d o - e s c
/ É n e c e s ss áe r n i oh , o r r e v e m
r - l i hn eh / a c o n t r ib
m i n i /s tl er o m b r a r - / l sh oe l i c i t oC oa n s i/ d eV r o o s s n a o m e u e n t e /n d e r
E x c e l ê; n c i a r i ad e / s o l i c i t o;

t e m a r e l a t i cv oa mm pe l ne tx e o
e p o lê m ic o / C o n s id e r o ju s ta /e s p e c ia l a te n ç ã o /m u it ís
c o n s i s (t e. . n. ) t me a i s e; f i c a z

d ) u s o d e s u b s t a n t iv o s n a
a r g u m e n t ta ab ça gã i os m: o / m a - o f e r e c e n d d e o s - sl h a e f , o r m a já
le s / m a le fí c io / r e s t r i ç q ã u o ee / s t a v í nt i om r ma s a / / N o e n t a n /t o G o
p r e v e n ç ã o / t r a t a m e n t o ; a i n /d a P o r t a n/ t o p o r c o n s e q ü ê n
O u s o d a c o l e t â n e a e a i m p o r

Um dos aspectos considerados Além de fornecer


na avaliação de redações propostas informações, argumentos, a
pela UFPel e UCPel refere-se ao uso da coletânea desempenha a função de
coletânea. O vestibulando não pode, delimitar o tema, por vezes amplo,
segundo as bancas examinadoras, di-recionando-o, indicando que
apropriar-se dela copiando trechos aspectos devem ou não ser abordados.
como se estes tivessem sido No texto de Fer-nando Rezende, nota-
escritos por ele mesmo. No entanto, se a preocupação em posicionar-se
os argumentos nela sobre a norma em
contidos podem ser questão, e não em tecer
parafraseados, ou seja, uma análise ampla
ele pode utilizá-los, acerca dos malefícios
desenvolvendo-os “com ocasionados pelo
suas próprias palavras”. tabagismo.
No caso de dados Para bem
estatísticos, fatos aproveitarmos a coletâ-
históricos (inclusive nea, o ideal seria
datas), citações, por organizarmos um
exemplo, é permitida a levantamento das
cópia desde que se idéias, ou seja, um
esclareça a fonte. esquema cujas idéias
Além disso, o aluno não precisa poderão auxiliar o aluno na
limitar-se às informações e/ou construção de seu texto, sobretudo
argumentos da coletânea, nem mesmo
seda Silva
Ilustração: Nara Rejane este for baseado em outro texto
utilizar todos os fragmentos dela. Ele
ou em um con-junto de textos. Assim,
pode – e isso é mui-to proveitoso! –
acrescentar idéias prove-nientes de
há determinados “passos”, uma
seu conhecimento de mundo, de sua espécie de roteiro os quais podem ser
experiência cultural. os seguintes:
f a z e r o l e v a n t a m e n t o d o s
d a d o s c o n t i d o s n a c o l e t â -
n e a - i d é i a s - c h a v e r es et i l - e c i o n a r e s t r u t u
r a d a s d o s t e x t o s ; b á s i c a s a s e r e m u t
z a d a s - a r t i c u l a d o
d e c a u s a l i d a d e , c o n
n u i d a d e , o p o s i ç ã
c o m p a r a ç ã o e t c . ;

s e l e c i o n a r u m v o c a -
b u lá r i o c o m p a t í v e lo r g a n i z a r o p l a n o d a s i
c o m o t e m a : v e r b o s ,a r g u m e n t a ç ã o p r ó p r i a
s u b s t a n t i v o s , a d j e - c i d a d o s d a d o s d a c o l e t
t i v o s , a d v é r b i o s ,q u a i s j u l g a r m a i s r e l e v
p r o n o m e s ; f i m d e r e f o r ç a r o p o
v i s t a e e n r i q u e c e r o t e
d a d o s q u e s e r ã o c o n t e
( n o c a s o d a c o n t r a - a r g
t a ç ã o ) .

Antes, portanto, de concentrar- Como exemplo de bom uso da


se na coletânea, analisemos coletânea, leia a proposta abaixo, feita
atentamente a proposta que as no ano 2000, seguida da carta
bancas apresentam pois há nela itens argumentativa, redigida pela aluna Ana
os quais devem ser observados para Barbosa Duarte, assim como o
que não haja fuga do tema ou ina- comentário posterior.
dequação ao tipo de texto.

Proposta de redação:
No decorrer do ano 2000, nós, brasileiros?”
houve inúmeros eventos os quais Para tanto, redija uma carta
visaram a celebrar os 500 anos de argumentativa ao editor do jornal
Descobrimento do Brasil. Folha de São Paulo (FSP), posicionando-
Baseando-se não só na se sobre o tema.
conjuntura atual, mas também Ao elaborar seu texto, utilize
tomando por base o passado histórico alguns argumentos expostos na
de nosso país, reflita sobre a seguinte coletânea abaixo, assim como outras
questão: “A data comemorativa dos informações que julgar relevantes.
500 anos de descobrimento de nossa Atenção: ao assinar sua carta,
terra é motivo de comemoração para use apenas as iniciais de seu nome.
“ H e s ito u m p o u c o e m e n tr a r n e s s a d is c u s s ã o s o b r e
D e s c o b r i m e n t o e s e u s f e s t e j o s , p o r q " Nu eã o é ve o n u t r ac or mn oe m j o o g -
ra r c o m o N a ta l o u A n
g o v e r n o . E s s a h is t ó r ia d e fe s t e ja r a d a t a é in v e n ç ã o e
N o v o , m a s v o u f ic a r m u
d o g o v e r n o e s u a s c e n t e n a s d e m t oi l h f õe el i zs . d O e Br e r aa si si l aé s u
g a s t o s . A p a r t i r d a i n i c i a t i v a d o g o v e p r a n í so ,m e a ar ap v o i l i ha od s o o s , ne ãm o
r e c u r s o s , u m a s é r i e d e o r g a n i s m o sx i ss t ee c m o a n i st a bg oi on ui t o p . eA l o c u
e n ã o t e r m i n a n u n c a e s s e d e s f i l e d t ue r au ef a an ni s a mt u or e: zd a o ds a d n e o
d a s e s c o l a s d e s a m b a à p e n c a d es a l i t ve r r or a s s sã oo b m r eu i t oo r a i cs a s s
d a s c a m p a n h a s p u b l i c iv t ái s r t i aa ss . à s c a p( F a o sl h ad t e e rn e ; F e r n a n d o G o m
N o v a e s , 2 0 , S ã) o P a u lo , S P

O g o v e r n o fe s t e ja a d a t a p o r q u e , s e i lá , n ã o t e m n a
" N ã o e x i s
m a is p r a fe s t e ja r n e s s e p a í s m is e r á v e l e c o m t a n t o s pi t ar
t e m u
c o is a p a r a s e c o m e m
m a s . A s s i m , a o i n v é s d e t e r d e s e rp a r r e. oS c ó u pv ea j ro c vo i om l ê dn ec ica i
c o m p l i c a d a s , c o m o c o n t i n u a r d e i x da en s d e o m mp r ee t g a o d : ea bd aa r r pa o e
ç ã o s e e s v a i r e m s u b n u t r i ç ã o o u u s at á r op e d s i an dh ae i pr oa rp a a or a b c r ua
s u a d ív id a c o m a b a n c a , o p e s s o l ae li r od . e A l Bé mr a sd íi ls i as o d, oe i Dx oe
d r a m a s e d e c i d i u t o r r a r o n e g ó c i o e c mo b fr ei ms te a n s t .o Q s ui g e n r i f i imc o b u u
p o p u la ç ã o u m s e n t i m e n t o d e a m om r o àr t e p dá o t rs i aí n de i o ds e. ” s l u m
m e n to c o m a n a ç ã o , p a r a v q i l uh ee oc o p m( oi d ve o om ; s A el i s sm o n d e M o u r a , 2
n o s s o p a s s a d o e e s q u e ç a o s p r o b l e m a s Sd ão o p P r a e u) sl o e, Sn Pt e . ( . .
( E mF o: l h a d e S ã o P a u lo ,
( G u s ta v o Io s c h p e - C o lu n is t a d) a F o 1 l 3h / a0 3 - / 0F 0 S ) P , 1 7 / 0 4 / 2 0 0 0

F o lh a - P a r a q u e s e r v e m d a t a s c o m o a d o s 5 0 0 a n o s ?
R o m e r o M a Sg aã lo h mã e o s m - e n t o s d e r e f l e x ã o e d e e s t u d o . É e
é p r e c is o c h a m a r a a te n ç ã o , a le r t a r a s p e s s o a s p a r a a e
c o m p o n e n te q u e fu n c io n a a p e n a s c o m o d e s e n c a d e a d o
( C o m is s á r io - g e r a l d a C o m is s ã o N a c io n a l p a r a a s C o m e m o r a ç õ e s
c a te d r á tic o d a F a c u ld a d e d e E c o n o m ia d a U n iv e r s id a d e d e C o im b r a ,
E m : F S P , 1 0 /0 4 /0 0 )

" É m o t iv o d e v e r g o n h a a m a n e ir a c o m o a m í d ia e x
m e n t o . A lé m d e p a r e c e r q u e o p a ís n ã o e x is tia a n te s d o
z e r a m e m a q u i p is a r, o a s s u n to é a b o r d a d o c o m o s e
n o s s o s 'd e s c o b r id o r e s '. O q u e t e m o s a c o m e m o r a r ? O s
( q u e a in d a n ã o a c a b o u ) ? O s 5 0 0 a n o s d u r a n te o s q u a
b r a s il e o o u r o fo r a m , d e c e r t a fo r m a , r o u b a d o s d a q u i?
f e t sa o s 5 0 0 a n o s d u r a n te o s q u a is n o s te m s id o im
c o n d iç õ e s d o p o v o b r a s ile ir o e d o B r a s il? ”
E v ilâ n ia A lfe n a s M o r e ir a ( S a b a r á
( F S P , 1 0 /0 4 /2 0 0 0 )
" C a r a v e l a s n o v a m e n t e a o m a r ; r e "p N r oã do u çs ãe oi fo i d ep do ir g- n
d a c a r t a d e P e r o V a z d e C a m i n h a qa uo ê r e di ed e t aP n o t ro t u pg ea sl ; s r
g io s g lo b a is a c io n a d o s p a r a a c o mn t ia s gm e om c r oe mg r e r se s l ai v ç a ã ;
l a u t o b a n q u e t e p a r a a t ã o e s p e r a d a a co o mn oe sm s oo r a p ç a ã í os . d oD s a
a n o s d o D e s c o b r i m e n t o d o B r a s i l . O d oq su e d ro e úa ll tm i m e on t re e hl a á t óp
c e le b r a r ? ? ? T a lv e z o g e n o c íd io d r e i o t r di b a o s O sN e U l v , a pg oe rn s e
m e i o d a s g u e r r a s j u s t a s . O u m e l h o xr ,e om e p x l ot e, rd m e ím n oi o n ds et r aa mv
ç a d a s c i v i l i z a ç õ e s e a c r u e l d a d e d o t es r c oh na qv ui d i so t a u d m o ar e sm e e
p e u s . E , a s s i m , m a i s u m a v e z , o B rl ah so ir l a a qp ul a a u n d t oe ae o e nn íg v oe
i n o c e n t e v e r s ã o e n s i n a d a n a s e s c od l ea s de ex p q e u c e t a C t i av ba r a ld c
g o u a o B r a s i l p o r a c a s o . O i m p o r t a nb t r e a sé i lme i ar oi s . ” u m a v e z c
fir m a r a in c o m p e t ê n c ia d a A m é r ic a c a tó lic a !! !”
S a m u e l P u c c i , 2 0 ( v i a ( d e e - pm o a i mi l ) e n t o d e a lu n o ;
( F S P , 1 1 / 0 4 / 2 0 0a 0n ) o : 1 9 9 9 )

F S P, 2 2 / 0 4 / 0 0

P e lo ta s , 2 9 d e a b r il d e 2 0 0 0 .

S e n h o r E d it o r

A p ó s a r e fle x ã o s o b r e a lg u m a s m a t é r ia s p u b lic a
jo r n a l F o lh a d e S ã o P a u lo , a s q u a is tr a ta v a m d a d a ta
d e s c o b r im e n t o d o B r a s il, t o m e i a in ic ia t iv a d e e s c r e v e r
e , d e s s a fo r m a , a m p lia r a d is c u s s ã o a c e r c a d o p o lê m ic o
J u lg o , in ic ia lm e n t e , q u e e s s a c o m e m o r a ç ã o t r a t a -
p o r p a r t e d a s a u t o r id a d e s , c o m a c o n i v ê ns c di a o l do a- m í d i a
r o s a s v iv e n c ia d a s n o p a s s a d o e o m ite a e x p lo r a ç ã o d o
a lé m d e in c it a r, p r o p o s it a lm e n te , n a p o p u la ç ã o u m s e n t
D e s s e m o d o , a s o c ie d a d e , v o lt a d a s o m e n te a o p a s s a d o
b le m a s a t u a is [ 1 ] , fa to q u e d e s e n c a d e ia a lie n a ç ã o e c o m
A d e m a is , m a n c h e te s c o m o " B a h ia : o B r a s il c o m e
m e n t o c o m o s e e le fo s s e o m a r c o in ic ia l d e n o s s a c iv ili
q u e a q u i v iv ia m a n t e s d e C a b r a l [ 4 , 7 ] o s q u a is fo r a m
" c iv iliz a ç ã o " e u r o p é ia in te r e s s a d a a p e n a s e m n o s s a s r i
P e ç o - lh e q u e c o n s id e r e , t a m b é m , o s m u it o s m ilh õ
c o m e m o r a t iv a p o is a r é p lic a d a N a u C a b r a lin a e o r e ló g
s i v a d a d a t a s ã o l ao ps e d n o a ds e e s x p e e m r dp í c i o d o d i n h e i r o p ú b l i c o ,
s e r e m p r e g a d a n a c o m p r a d e te r r a s a o s ín d io s , q u e p o
a s s im c o m o e m in v e s t im e n t o s n o s s e t o r e s d a e d u c a ç ã o
N o e n ta n to , p e n s o q u e a d a ta n ã o d e v e s e r e s q u e c
m a r c o d e r e f le x ã o d o p o v o b r a s ile ir o a c e r c a d e s e u s p r o
a m p lia r d is c u s s õ e s [3 ].
C o m b a s e n o s a r g u m e n t o s p o r m im e x p o s to s , s o li
p o s i c i o n a m e n , ta o i .n Gd oa s, st a e r ni a h o r e d i t o r , q u e , s e p o s s í v e l , i n c
e m a lg u m a m a té r ia a s e r p u b lic a d a p o r e s te jo r n a l.

R e s p e ito s a m e n te ,
A . B .D .

Comentários sobre o texto:

Os números destacados nos Por outro lado, Ana Duarte


colchetes, no texto da aluna, indicam acrescentou informações as quais
os fragmentos da coletânea os quais não se faziam presentes na coletânea,
continham as idéias por como a referência feita
ela apresentadas. à man-chete “Bahia: o
Como percebemos, Ana Brasil começa aqui”,
Duarte não copiou li- veiculada
teralmente os trechos freqüentemente em
da coletânea, mas algumas emissoras de
transfor-mou-os, televisão, durante a
“traduzindo”, com época das comemora-
palavras próprias, a ções. Forneceu, ainda,
idéia-base de que sugestões sobre como
queria lançar mão. aplicar a verba
Salientemos, destinada às
tam-bém, que Ana não comemorações.
utilizou todos os Por fim, desta-
fragmentos ao quemos o bom
construir seu texto. As desempenho da aluna
idéias da resposta ao utilizar a coletânea:
“sim”, do fragmento 2, produziu críticas,
assim como o acrescentou res-
depoimento, de 6, por salvas (“No
exemplo, não constam entanto...”). Quanto à
em seu texto. N a u p o r t . u F g o u n e t se a: P I L E T T I , N . ; P proposta
I L E T T I , Cde
. redação,
H i s t ó r i a . &1 3 v ai d. ae d . S ã o P a u l o : Á t i c a , 1 9 9 3 . v 1 , p . 3 9 .
desenvolveu-a de
forma adequada uma vez que não conjuntura nacional presente co-mo à
fugiu do tema e atendeu ao so- passada.
licitado, fazendo referência não só à

S u g e s t õ e s d e c o m o f a z e r ( q u

E S T R U T U R A
I n t r o d u çP ão od : e c o n e t le o r g ui om co eu n us mu r a a ( e
a r g u m e n t a ç ã o ) a u m a r e p o r ta g e m o u a r tig o l
d e le i, p o r e x e m p lo ;
s u a f u n i çn ã d o i c é a r o a s s u n t o , o q u a l n ã o
s o ; p o r t a n to , e la n ã o d e v e s e r " v a g a " . E v ita r
e x p r e s s õ e s d e s g a s ta d a s c o m o " V e n h o p o r m
a f in a lid a d e d a c a r ta .

D e s e n v o l v i Em x ep n o t so i :ç ã o d o s ; a u r sg o u dm e e n t o s , a sr e qs us a
v e m p a r a " f le x ib iliz a r " o p o n to d e v is ta ( n ã
e /o u a le r t a r s o b r e u m c f ra í t oi c ; a r es a l i z a ç ã o d e
n a r o te x to m a is e n r iq u e c e d o r.

C o n c l u sA ã s o s :i m c o m o a in t r o d u ç ã o , n ã o d e v e s e r v a g a
g ir " u m a m a io r c o n s c ie n tiz a ç ã o " o u q u e " m e d
m a d a s " s e m e x p lic it a r d e q u e f o sr mu g a e iss -s o d e v
t õ e, s r e iv in d ic a ç õ e ,s o s c o n s e lh o s d e q u e p o
ç a r m ã o d e v e m s e r b a s t a n te c la r o s , d e t a lh a d o

O b sN . ã: o h á u m a " o r d e m " o u " c o l o c a ç ã o " r i g o r o s a q u a n t o à s s


r e iv in d ic a ç ã o p o d e , p o r e x e m p lo , a p a r e c e r n o d e s e n v o lv im e n
R E L A Ç Ã O L O C U T O R /IN T E R L O C U T O R

Q u a n to a o p o n t o d e v is t a , e m p r e g o d a 1 ª p e s s o a d o
d e s t a c o , c o n s id e r o , a c e n tu o , p e r c e b o , c r e io , o b s e r v o , d i
u s a - s e : s e n h o r / s e n h o r a p a r a tr a ta m e n to r e s p e ito s o e m
t a , jo r n a lis t a ) ;
V o s s a E x c e lê n c ia p a r a a lta s a u to r id a d e s ( p r e s id e n t e , s e
tís s im o S e n h o r...;
V o s s a S e n h o r ia p a r a fu n c io n á r io s g r a d u a d o s .

O b sO . :s p r o n o m e s d e t r a t a m e n t o e x i g e m 3 ª p e s s o a : V o s s a E x c e lê n c
p o r ta g e m / s e u e m p e n h o / s u a a tu a ç ã o .

S U G E S T Õ E S P A R A IN T R O D U Ç Ã O

A c r e d it a n d o s e r m o s to d o s n ó s , b r a s ile ir o s , r e s p o n s á v e
e p a r tí c ip e s n a c o n s tr u ç ã o d e n o s s a p le n a c id a d a n ia , d i
n h o r ia ] a f im d e ( ...)

Ju lg o q u e V o s s a E x c e lê n c ia , c o m o c o n g r e s s is ta e le it o
p o d e r ia in te r v ir e m q u e s t õ e s t ã o r e le v a n t e s c o m o " X " , c
b le m a " X " . D e s e jo , p o is , a t r a v é s d e m in h a m a n ife s ta ç ã
a r g u m e n to s q u e a p r e s e fn u t na dr e a i ms ee r n ã t oa , l ci mr e p i o ,r dt â e n c i a .

A c r e d ita n d o s e r u m c id a d ã o c o m p r o m e t id o c o m u m a p r á
e , te n d o to m a d o c o n s c iê n c ia d e d iv e r s a s m a té r ia s [o u :
t e le v is iv o s ] a c e r c a d o [o u : a r e s p e ito d e ; a p r o p ó s ito d e
q u e s tã o ] " X " , g o s ta r ia d e e x p o r - lh e m in h a p o s iç ã o e , d e
s im ] , c o n tr ib u ir p a r a a s u p e r a ç ã o [o u : a m e n iz a ç ã o ] d e ( ..

C o m o u m a j o v e m e s t u d a n t e i n t e r e s s a d as t no a d ce o nn o s st rs u a ç ã o
s o c ie d a d e , a c r e d ito s e r e m m in h a s o p in iõ e s [ o u : m e u p o
s u p e r a ç ã o d o p r o b le m a " X " ; p o r is s o [ o u : p o r ta n t o ; d e s s e

C o m o in tu ito [o u : f in a lid a d e ; o b je tiv o ; p r o p ó s ito ] d e c o n


p ú b lic a e , a s s im , t e n ta r r e v e r te r o q u a d r o [ o u : c e n á r io ;
n o s s a n a ç ã o , g o s t a r ia d e e x p o r - lh e m in h a p o s iç ã o [ o u : p

T e n d o r e f l e t i d o , a t r a v é s d e i mn f oe rn mt á a r iç o õ s e ] s v e[ p i co u s l iaç dõ ae ss ; n c o o s
v a r ia d o s m e io s d e c o m u n ic a ç ã o [o u : d a m í d ia ], a c e r c a
e s c r e v o - lh e p a r a ( ...)
S U G E S T Õ E S P A R A A C O N C L U S Ã O

C o m b a s e n o s a r g u m e n to s e x p o s t o s , g o s t a r ia d e s o lic it
f im d e q u e V o s s a E x c e lê n c ia p o s s a a m e n iz a r ( ... ) p o r m e

J u lg o , p o r ta n to , d e s u m a im p o r tâ n c ia a p u b lic a ç ã o , n e
s a m p e r m it ir a r e v e r s ã o [o u : tr a n s fo r m a ç ã o ] d e q u a d r o
ta d o .

S u g ir o , p o r f im , q u e in te r v e n h a , a tr a v é s d o c a r g o o c u p
p o lê m ic a q u e s t ã o a f im d e ( ...) . P a r a t a n t o , o id e a l s e r ia ( .

D e s s a f o r m a e , sq ou l ei c ci t o n- l sh i d e r e m i n h a p o s i ç ã o e p o n d e r e
p o r m im e x p o s to s , p u b lic a n d o , n e s t a r e v is ta , r e p o r t a g e n
e s s e o c a m in h o m a is c o e r e n t e e e fic a z p a r a r e s o lv e r
p o s ta , s u g ir o - lh e , a in d a , ( .. .)
A c o n t r a - a r g u m e n t a ç ã o n a c a

Uma das maneiras possíveis na elaboração de textos


de emitir nosso ponto de vista sobre argumentativos.
um tema é demonstrar a falsidade No ano 2000, propôs-se o
da argumentação daqueles que exercício abaixo aos alunos. Leia-o,
pensam diferentemente de nós. Esse assim como as instruções, o
procedimento, chamado de contra- levantamento das idéias – fruto de
argumentação, consiste em refutar discussão em sala de aula –, o tex-to
argumentos alheios. Se utilizado da aluna Daniela Larentis e o
criteriosamente, pode ser muito útil comentário subseqüente.

Proposta de redação:
A autora do texto a seguir argumentos os quais julgar
utiliza o tema “trote”, na verdade, pertinentes. Escreva-lhe uma carta
como pretexto para traçar um perfil contrapondo-se aos pontos de vista
dos adolescentes das classes mais que ela assume em seu texto. Não se
favorecidas do País. Nele, a articulista esqueça: você terá de
aponta críticas mordazes à maneira necessariamente contra-
como reagem diante da realidade. argumentar, refutar as idéias de
Após identificar tais críticas, você Marilene Felinto.
deverá rebatê-las, por meio de

O u t r a s in fo r m a ç õ e s /in s t r u ç õ e s :

E s c o lh a , n o m í n im o , t r ê s d a s s e t e d e c la r a ç õ e s , d
t e x to d a jo r n a lis t a , p a r a r e fu tá - la s , tr a n s c r e v e n d o - a
c u n h o ;
p r o c e d a , e n tã o , a o le v a n t a m e n to d a s id é ia s a fim
r e d ig ir ;
a o a s s in a r s u a c a r ta , u s e a p e n a s a s in ic ia is d e s e u n
T o d o c o m e ç o d e a n o é a m e s m a c e n a : c a lo u r o s d
r a s p a d a s e a s c a r a s p in t a d a s , in c it a d o s o u o b r ig a d o s
d e t r â n s it o p e d in d o d in h e ir o a o s m o t o r is t a s . É u m a d
m a is a r t ific ia l d o s r it o s d e in ic ia ç ã o d a m a is a r tif ic ia l d a s
n e a s : a u n iv e r s id a d e .
O t r o t e n a d a m a is é d o q u e o r e t r a t o d a a lie n a ç ã o
c e n t e s d a s c l a s s eC so fma v t oe r me cp i od a d s e . s o b r a , e l e s n ã o t ê m e m
t a n t a l i b e [ r1 d ] a d e .
O u q u e r e m d iz e r q u e e s s a s s im p le s c a r a s p in t a d a s
m e lh a n te à d a s m á s c a r a s d e d a n ç a d a s tr ib o s p r im itiv a s
P a r a a q u e la s tr ib o s ín d
m á s c a r a s e r a m o a te s ta d o d a o
d o s o b r e n a t u r a l e d a p u ja n ç a
M a s e s s e s a d o le s c e n t e s u r b
t ê m t a n t a c o m p le x id a d e . M o v i
e s h o p p in g c e n t e r s , o e s p ír it o d
n a s t r e [v 2 aA ] s . a u s ê n c i a d e c o n h e
m e n t o e s a b e r lim it a - lh e s o s d
a tit u d e s .
E m t e m p o s m a is a d m ir á v e
e m s o c ie d a d e s m a is id e a is , e s
d e v a g a b u n d o s e s t a r ia a ju d a n
E m L : i t e r a t u r a s B r a s i l e i r a s e P o r t ut ag ur e cs aa s n, a n o s c a m p o s , e n v o lv id
d e S . Y . C a m p e d e l l i e J . B . S o u z ra e f o r m a a g r á r ia , e m p r o g r a m
s is t ê n c ia s o c ia l n a s f a v e la s o u c o m c r ia n ç a s d e r u
s e r t õ e s e a s f lo r e s t a s d o p a ís , c o m o f a z ia m o s e s
R o n d [ o3 n] .
H o je , m a is d o q u e n u n c a , h á u m a te n d ê n c ia c a r a c
e l i t e s d a e c o n o m d i ea ac da up li ta a ç l iãs ot a à a d o l e ss sc i êv no c pi ar o, dl o e n eg x a c - e
m e n t o d a [m4 e ]e ds me ea x c e s s i v a i n d u l g ê n c i a p a r a c o m e s s e
in te n s o s p r o c e s s o s c o n flitu o s o s e p e r s is te n t e s e s fo r ç o s
D e s d e a d o le s c e n te , s e m p r e o lh e i c o m d e s p r e z o e s
d e d a r à a d o le s c ê n c ia ( o u p e lo m e n o s à c e r t a c a m a d a
e s p e c ia l, s e m e lh a n te a o q u e s e d á à s m u lh e r e s g r á v id
e m o v o s d a s o c ie d a d e q u e a c a b a p o r tr a n s fo r m a r a a d o
m a g r a v i d e z d o n a d at e , nf a u s m e a d ae n a g b u s s o t ri aç nã o d o s v a l o r e s s o
g r a ç ã o s o c ia l.
S e o s a d o l e s c e n t e s s e o c u p a s s o e u m p me l ao i sm , es no fo r se r ai a - m
m a d u r e c e r ia m d e v e r d a d e , s o lid á r io s , o c u p a d o s c o
t r o . [ s5 ]
M a s n ã o , f i c a m v a g a b u n d a n d o p c e a l ot a s n s d e o m m á fo o e r od sa sd a
p a r a f e s t a s e o u t r a. [ 6s ] l e E v , i ao n qd u a ed eé s p i o r , s
c o n s e g u id o d e c o r a r u m p u n h a d o d e f ó r m u la s e d a t a
f i z e r a m p a s s a r n o t e s t e p a r a . [ e7 n] t r a r n a u n i v e r s i d a d e
A m im q u e tr a b a lh a v a e e s tu d a v a a o m e s m o te m p
a la r m e o e s p ír ito d e v a g a b u n d a g e m q u e , c u ltu a d o n a
r e a lid a d e a lie n a d a d e u m a u n iv e r s id a d e p ú b lic a .
N a U n iv e r s id a d e d e S ã o P a u lo , o n d e e s t u d e i, o s f
a n o s n a h i b e l r e n s a c ç e ã n o t ea ds uo s t e n t a d a p e l o d i n h e i r o p ú b l i c o .

E - m a il: m fe lin to @ u o l. c o m .b r
M A R IL E N E F E L IN T O
d a E q u ip e d e A r t ic u li s t a s
F o lh a d e S ã o P a u lo , 2 5 /0 2 / 9 7
Levantamento das idéias realizado pelas turmas do ano
2000

Resumo da opinião de Marilene Felinto sobre os adolescentes de classes


mais favorecidas:

v a g a b u n d o s
s u p e r f ic ia is
a lie n a d o s
“ m im a d o s ” ( ” a d u la ç ã o ” )
lim ita d o s

Avaliação acerca do texto de Marilene Felinto:

g e n e r a liz a ç ã o e x c e s s iv a
c o m p a r a ç õ e s i n a d e q u a d a s
( s e m le v a r e m c o n ta o c o n te x -
t o c u lt u r a l e h is tó r ic o )
C o n t r a - a r g u m e n t o s :

O f a t o d e t a is a d o le s c e n t
M T V n ã o s ig n i f ic a q u e s e
a is " . E s t a e m i s s o r a v e i c u l
g r a m a ç ã o , a lé m d e q u a d r o
m e n t o , p r o g r a m a s c u lt u r a
O s a d o l e s c e n t e s d e dc l i ar es cs ie o mn a é d - o s a o s in t e r e s s
d ia / a l t a , a o c o n t r á r C i o o n d s o t a qn ut e e m e n t e h á p r o p a
s e im a g i n a , n ã o t ê m v et e n m ç ãp o o cd o e n t r a o u s o d e d
s o b r a . G r a n d e p a r t e s ed x e u l e a s l m a eb n- t e t r a n s m is s í v e
d ic a d e m o m e n t o s d Ae i dl a s z . e A r pe am - i s s o r a t r a n s m it e
r a e s t u d a r . A l g u n s o c f aa z i ne tm e r dn ua -c i o n a l c o m o t a m
r a n t e a m a n h ã e , à c to a n r td r ei b , u r i en - d o p a r a a v a lo r
f o r ç a m o s e s t u d o s , c p u r l et u p r a a r a g n e - n su i i l ne ai r ma . e nQ t ue a nb tr oa
d o - s e p a r a o v e s t i ba uo l af ar ;t o f rd e e - o s a d o le s c e n t e
q ü e n t a m c u r s o s d e e l mí n g d u e a m s a e s , i a o s s h o p p in g c
e m m u it o s c a s o s , ps oa r lt ei c m i p b a r ma r q u e o f a z e m ,
d e a u l a s d e g i n á s t i c na o o s u g p r ra a n t di - e s c e n t r o s u r b a
c a m e s p o r t e s a t é m de es m m o a p i oa rr a s e g u r a n ç a , j á q
a l i v i a r o e s t r e s s e c a r p a ac rt qe ur í es ts i , c po r a ç a s o u o u t r o s
d e s t a e t a p a d a v i d a . d e r ia m t e r a c e s s o , h á o p
a s s a lt a d o s , in c o m o d a d o s ,
O s t e m p o s m u d a r a m e , c o m e l e s , a
m e n t a lid a d e , a s a s p ir a ç õ e s , a p o s t u r a
d o s j o v e n s d i a n t e d a r e a l i d a d e . A g e r a -
ç ã o d o s a n o s 6 0 / 7 0 a c r e d iC t ao v n a t r s a e r r i ap mo s e - n t e a o
s í v e l " m u d a r o m r a d
u n d o " a t r a v é s d e b a n -o , t a i s a d o l e s c e n
d e i r a s , p a s s e a t a s e c o n f l i t mo s a ci s o me x ai g u i dt o o - s p o r s e
r id a d e s . A l
a t u a l g e r a ç ã o t a m b é m i a r e s d oa c r e -q u e h á d e
d i t a q u e d e v e c o n t r i b u i r p pa or ar em x ee l mh o p r l ao r. T o m a n d
a q u a l id a d e d e v id a d a s c pi ê e n s c s i oa a d s a, se ó x c e s s i v a
q u e d e o u t r a f o r m a : v o l td a e d aa qp ua er a o sa s f i l h o s t i n
p e q u e n a s a ç õ e s c o t i d i a n a s , p o m r u m i t eo i s o p a i s p a s
r e i t o ,
d o e x e r c íc i o d a p r ó p r i a p ir mo f p i s o s r ã - ol h . e S s ã l oi m i t e s q u
t e m p o s d if e r e n t e s s u a s
e , p o r t a n t o , p o s t u - v o n t a d e s , a e x ig
r a s t a m be né mt e s d . i f e r r e s p o n s a b ili d a d e , t a l
p r e s e n t a r u m b o m
m e n t o n a e s c o la e
r a ç ã o p a r a o v e s t ib u l
d e e s t i p u la r h o r á r i
s a í d a s n o t u r n a s .

T a is j o v e n s n ã o s ã o
" e g o ís t a s " , c o n f o r m e
s ã o c h a m a d o s . M u it o s
d e l e s d e m o n s t r a m O - s s ea d o l e s c e n t e s q u e f o r a m
s e n s í v e is a o s p r o v b e l es t- i b u l a r, a p ó s o e s f o r ç o
m a s q u e o s c e r c t aê mm , o d i r e i t o a c o m e m o r a
s o l i d a r i z a n d o - s e q au oe s a a p r o v a ç ã o é m o t i v o
m a i s n e c e s s i t a d o gs r i a e e a lí v io .
e x c l u í d o s , a t r a v é s d o
e n g a j a m e n t o e m g r u -
p o s d e i g r e j a s , p a r t i c i -
p a ç ã o e m O N G s , p r o -
m o ç ã o e m c a m p a n h a s
b e n e f ic e n t e s o u M u di t e a s u n i v e r s i d a d e s , e n t e n
c o n s c i e n t i z a ç ã o , es in d t a r ed e d e r e c ic l a r o m é t o d o
o u t r a s a t i v i d a d e s .s i s t e m a e d u c a c i o n a l , p r o p u
ç a s n a s p r o v a s d e v e s t i b u
d o s c a n d i d a t o s n ã o a m e r
m a s a r e f l e x ã o e p o s t u r a c r ít

Agora leia a carta argumentativa elaborada pela aluna Daniela Larentis:


P e lo ta s , 0 1 d e s e te m b r o d e 2 0 0 0 .
S e n h o r a J o r n a lis ta
N ã o m e c o n s id e r o u m a jo v e m " s u pp oe rr f ii sc is a o l " , t a m p o u c
m in u c io s a m e n t e s e u a r t ig o p u b lic a d o n a F o lh a , d e 2 5 / 0 2
p r e s ns aã ro s ó m i n h a p r o f u n d a i n d i g n ac ço ãm o o t a m b é m
ç ã o m a n ife s ta p e la s e n h o r a a o s e d ir ig ir a o s jo v e n s d a s c la
I n i c i a l m , ge on st et a r i a d e c o n t e s t a r s u a a f i r m a ç ã o i n j u s t a q
v e n s d e s fr u ta r e m d e m u i t o t e m p o z l ái v - rAl eo t. ue a n l ãm o e sn at eb , e dr e mv i d c oo
à sg r a n d e s e x i g ê n c i a s d o m e r c a d o d e t r a b a l h o , t a i s a d o l e s c
d a v e z m a i s , a t r a v é s d e c u r s o s , e s t á a g l iéo ms , de es t u d o s d e o u t r a
p r e p a r o p a r a oA dv e sm t i ab i us l a cr .o m o i n t u i t, o d e e v i
e t a p a d a v id a , m u it o s p a r tic ip a m d e a u l a Ts a dm e b g é i nm á s t i c a o u
c o r d o d e q u s e h oa p i pd i an g a c e n t e r s p o s s a A so e r v i s t a c
c o n t r , á er is o s e s e s p a ç o s c o n s t i t u e m - s e e m r a r o s lu g a r e s o n
v e r s i d a d e c u l t u d r ea l f op ro mr ma s e di o e l a z e r t a i s c o m o c i n e m a s , e x p o
r i a es n; t r e t a n t o , o fa t o r m a is a t r a t iv o e e s s e n c ia l, s e m d ú v
v is to q u e o s jo v e n s , n e s s e s a m b ie n te s , e n c o n tr a m - s e m a is
t r o s p e r ig o s m a is g r a v e s .
I g u a l m , ej u n l tg e o i m p r o c e d e n t e a r e f e r ê n c i a f e i t a p o r V o s s a
e x a c e r b a d a a d u la ç ã o à ju v e n tu d e . O s a d o le s c e n te s e s tã
s e u s fa m ilia r e s , o s q u a is lh e s im p õ e m r í g i md op s l i f l i ic m a imt e s , c o
c la r a m e n te t a is a t it u d e s o b o m d e s e m p e n h o n a e s c o la , a p
b r e t u d o , o a u m e n t o d a r e s p o n s a b ilid a d e c a r a c t e r í s t ic a
d e p a r t e d o s j o v e n s d C e o om u t rr ea ls a çd ãé oc a a d o a s .
t a n t o l i m p i ot a i sd a , a s p r o v a s d e v e s tib u la r e s , e m m u ita s
d o s a l u n o s u m a pe o n s ã t uo r sa o c mr í te i cn a t e, a s i m p l e Ls o
n o s c u jo e s fo r ç o e d e d ic a ç ã o r e s u lt a r a m n a a pe r o v a ç ã o d
v i t o r i o sp o o s r te a , n t o , c o m e m o r a r.
A c r e s c e n to - lh e q u e e s s e s jo v e n s n ã o s e m o s tr a m p
fr e n t e à p r e o c u p a n te c o n ju n tu r a a t u a l. M u ito s c o la b o r a m , e
m u n id a d e s , e n g a ja n d o - s e e m g r u a p l éo ms d e i g r e j a s o u e m O
d ep r o m o v e r e m c a m p a n h a s c o n s c i e n t i z a d o r a s o u b e n e f i c e
t a n ,t o p o n h o - m e à g r a v í s s i m a a c u s a ç ã o d a f a l t a d e s o l i d a r i e
ju v e n tu d e a t u a l. E s ta n ã o a lm e ja s o lu ç õ e s im e d ia ta s e in d i
m a cs o n s c i e n t e s , d u r a d o u r a s e s o l i d á r i a s , t a l c o m o o c o r r e u
c i p a ç ã o d o s c a r a s - p i n t a sd o a sdi m ed pu er aa nc th e m o e pn rt o c e sd o
e x - p r e s id e n te C o llo r, n a d é c a d a d e 9 0 , o c a s iã o e m q u e
d o s j o v e n s m o s t r o u - s e e s s ce on nc it ar al . r Ei a l em s e p n r te e t e n d e m ,
a t i t u d e d a q u e l e s d on sã oa ns oó s 6 0 e 7 0 , r e a liz a r p a s s e
v e z e s a t é m e s m c o o mv i oo l e t na tma sb é m, a s p ir a r a
m a i s p r o f u c n o d m a s c e r, t e z a , a u x ilia r ã o , a t r a v é s d o e
p r o f i s - s ã o , p o r e x e m p l o , e m p r o l d o s m I sa t oi , s É2 c6 a a rg e o n. 1t e9 9s 2 . , p . 4 4 .
D e s s e m, e o s dp oe r o t e r c o n t r i b u í d o p a r a aq us e n h o r a p
t e m p o s , d a m e n t a l i d p a r di ne c d i po as l pm o e v no t s e e , , d a
s i d e r a a n s d s o i ,m a f r, es nu ta e p à o s s n t uo rv a s g e r a ç õ e s .
A te n c io s a m e n te ,
D . Z . L .
Comentários sobre o texto:
Daniela utilizou praticamente atual, que os jovens aproveitam bem
todas as idéias sublinhadas no texto o tempo de que dispõem.
de Marilene Felinto para contestá-la, Os argumentos expressos em
fato que não era obrigatório, ou seja, 4, 7 e 6 fizeram referência à
as instruções não indi-cavam tal responsabilidade desses jovens. O
obrigatoriedade, mas também não trecho “característica marcante
impediam que a aluna o fizesse. Pelo desconhecida por grande parte dos
fato de assim tê-las usado, seu texto jovens de outras décadas”, implicita-
tornou-se um pouco extenso se mente, alude às atitudes da geração
comparado aos que costumam ser da própria Marilene quando jovem,
produzidos em provas de assim como, no
vestibulares, mas parágrafo
nem por isso de posterior, em
qualidade ruim: “contrariamente
ocorre à atitude
justamente o daqueles dos
contrário; ela anos 60 e 70”, a
fundamentou aluna reafirmou
muito bem suas tal alusão.
idéias, foi crítica,
usou apro- O 4º
priadamente a parágrafo
coletânea. Além apresentou argu-
disso, selecionou mentação
um vocabulário construí-da por
rico e coesivos meio de exem-
adequados. plos da atuali-
dade.
A aluna
não perdeu de A escolha
vista, no 1º do vocabulário é
parágrafo, as IstoÉ, 02/09/1992, capa
considerada
idéias da própria à contra-
jornalista: ao se apresentar, argumentação: indignação/ contestar/
selecionou os adjetivos “superficial” e injusta/ discordo/ improcedente/ um
“alienada” para retomar as críticas de tanto limitada/ oponho-me/
Marilene expressas nas linhas 14 e 15 gravíssima acu-sação/ perceba/ re-
(“Mas esses adolescen-tes urbanos considerando. Tam-bém o uso de coe-
não têm tanta complexidade”) e 6 sivos, assinalados no texto, permite a
(“retrato da alienação”). Remeteu, transição adequada entre as idéias.
en-tão, ao sentido global do texto e A aluna marcou
apontou nova crítica – generalização explicitamente a retomada do dizer
em demasia. alheio, através de expressões como:
No parágrafo seguinte, refutou não me considero/ gostaria de
as idéias contidas em 1 e 2, contestar/ também discordo de/ julgo
sublinhadas no texto-fonte, improcedente/ com relação ao trote,
comprovando, através de uma breve considero/ portanto, oponho-me à,
análise da conjuntura socioeconômica típicas da réplica.
Tais estratégias fazem da estruturado de acordo com o
redação de Daniela um bom exemplo processo de contra-argu-mentação.
de texto ar-gumentativo, neste caso,
S u g e s t õ e s d e c o m o f a z e r ( q u

E S T R U T U R A
I n t r o d u çD ã e ov :e h a v r ee r f eu r mê na c i a a o t e x t o c u j a s i d é i a s s e r
T a m b d é em l i m i t a r o a s s u n t o , n e s te tr e c h o
e x p l i c i t a r -c s e e n us mu ra a / r e p r o v a ç ã o / i n d i g n a ç ã o

D e s e n v o l v i Rm e e t no tm o a: d a d o d ,i z d e e r sd u o a os u d t er oc l a r a ç õ e s / p o s
c o m o in t u ito d e r e f u t á - l a s . É p rf eu cn i -s o , n e s t
d a m e , n a t ta r ra v é s d e fa to s , e x e m p lo s o u o u t r o
o s c o n tr a - a r g u m e n t o s r. eP s o s d a e l -v s a e f a z e r u m a
x ib iliz a r o p o n t o d e v is ta e , d e s s a fo r m a , c o
s á r io " .
C o n c l u sR ã e o t o: m a d a d o p o c no t mo da e f i vn ia s l ti da a d e d e r e s s a l t a
s i s t ê n c i a d o s a r g u m e n t oa sp oa nl h t ea i ro ss u. Pg oe ds et õm e -s s e
r a ta is a r g u m e n to s s e r e m r e c o n s id e r a d o s .

E X E M P L O S D E T R E C H O S P A R A R E T O M A R O S F A
C o n tr a p o n h o - m e à a c u s a ç ã o / a o fa to d e ( ...)
C o m r e la ç ã o a " x " , ju lg o p o s s ív e l r e v id a r t a l fa to ( . . .)
C o n s id e r o im p r o c e d e n te / im p r ó p r io / in ju s t o / u tó p ic a ( .. .)
M a n ife s to , p r im e ir a m e n te , m in h a d is c o r d â n c ia q u a n t o a / a
C o n tr a r ia m e n t e a o q u e fo i e x p o s to e m ( ... )
J u lg o , a in d a , p r e c ip ita d a s u a d e c la r a ç ã o r e fe r e n te a / a o ( .
N ã o p o s s o d e ix a r d e m e s u r p r e e n d e r q u a n to a / a o ( ...)
G o s ta r ia , ig u a lm e n te , d e c o n t e s t a r / q u e s t io n a r s u a a f ir m a
N o m e u e n te n d e r, n ã o s e tr a t a , p o is , d e ( . .. ) , m a s ( .. .)
O s e n h o r a c u s a - m e d e ( ...) ; n o e n ta n to , ( ...)
N ã o p e r c e b o m o t iv o s p a r a ta is in q u ie ta ç õ e s , p o is ( .. .)
E q u iv o c a d a m e n t e , V o s s a S e n h o r ia d e c la r o u ( .. .)
J u lg o d if í c il a c r e d it a r ( . . . )
T a l fa to e v id e n c ia q u e o s e n h o r d e s c o n h e c e a lg u n s d
m o tiv o s / à s v e r d a d e ir a s r a z õ e s ( . .. )
Q u a n t o a o a r g u m e n t o s e g u n d o o q u a l ( ... ) , a c r e d it o ( .. .)
C r e io q u e a id é ia " x " a c a b a p o r r e fo r ç a r a im a g e m p r e c o n
( ...)
V O C A B U L Á R IO P A R A S E U S A R E M C O N T R A - A

V e r b : od si s c o r d a r , c o n t r a r i a r , c o n t r a p o r - s e , r e v i d a r , c o n t e s t a
S u b s t a n ot i pv o ss i : ç ã o , d i s c o r d â n c i a , c o n t e s t a ç ã o , o b j e ç ã o , r
t r a r ie d a d e , d iv e r g ê n c ia , e m p e c ilh o , …
A d j e t :i ve oq su i v o c a d o , i m p r o c e d e n t e , i n f u n d a d o , i n a d m i s s í v e
c a z , a r b itr á r io , d e s u m a n o , in c o r r e t o , u n ila t e r a l, d e p
in c r é d u lo , s u r p r e s o , c o n s t r a n g id o , …
O u t r: oJ us l g o n e c e s s á r i o r e a v a l i /a r r e v e/ r r e c o n s id e r a/r r e
A c r e d i t o s e r e x q t ru e e m s at i mo ne án vt ee l o fa to d e ( ..
P e n se or i sm p r e s uc mi n da í rv e e f l l e x ã o p r o fu n d a a c e r c a

S U G E S T Õ E S P A R A A IN T R O D U Ç Ã O

A p ó s le it u r a r e fe r e n t e a o a r t ig o / à r e p o r t a g e m “ x ” a c e r c a
t â n c ia , d e c id i e s c r e v e r - lh e e m a n ife s ta r m in h a o p in iã o ,

E m r a z ã o d a s c r í tic a s e x p o s t a s e m s e u t e x t o “ x ” , r e fe r e n
e x p r e s s a r m in h a r e p r o v a ç ã o e m fa c e d e s u a a tit u d e (
c io n a r - lh e , p o r m e io d e m e u s a r g u m e n to s , u m a r e fle x ã o
p o n to d e v is t a .

S U G E S T Õ E S P A R A A C O N C L U S Ã O

J u lg o , p o is , p e r tin e n t e q u e V o s s a S e n h o r ia / V o s s a E x c e
a fim d e e v ita r p r e ju íz o s a in d a m a io r e s a ( .. .) .

S u g ir o q u e ( . ..) s e ja e fe tiv a d o / a e , d e s s e m o d o , a a tu a l s i

P o r ta n t o , s o lic ito - lh e q u e r e c o n s id e r e s e u p o s ic io n a m e n
c r í tic a s e m u m a p o s tu r a m a is o t im is ta f r e n t e a ( . .. )
U m o u t r o e x e m p l o d e t e x t o a

Uma outra modalidade textual Essas são convenções as


proposta por exames de vestibulares quais devemos respeitar a fim de que
de diversas universidades do País a redação seja adequada ao tipo de
trata-se da dissertação. Tal qual texto proposto.
ocorre com a carta argumentativa, a Quanto ao uso da coletânea,
dissertação é um tipo de texto em recurso normalmente exigido aos
que emitimos julgamentos, fazemos vestibulandos que prestam vestibular
críticas e/ou ressalvas, expres- na UFPel, UCPel e UNICAMP, devemos
samos pontos de vista e levar em conta as mesmas
defendemos idéias as quais são observações já mencionadas ao
sustentadas por meio de estudarmos a carta argumentativa.
argumentos.
No ano 2000, pediu-se aos
No entanto, se há aspectos alunos que redigissem uma
comuns entre os dois tipos de textos, dissertação, baseando-se numa
também os há diferentes. Na coletânea composta por charges a
dissertação, ao contrário da carta, qual abordava a relação entre
não escrevemos dirigindo-nos a ética/política em nosso país e
um interlocutor específico, questionando-os acerca da
determinado. O interlocutor, neste viabilidade ou não da prática política
caso, pode ser considerado qualquer nacional em conformidade com os
pessoa que vá ler o texto; portanto, a princípios éticos.
interlocução não deve ser
explicitada. Leia a coletânea, o
levantamento com o resumo das
Outra diferença a ser idéias das charges, assim como a
salientada refere-se ao uso da 1a redação, de autoria da aluna Daniela
pessoa do singular, que, na carta, Larentis. Após, reflita sobre os co-
deve aparecer com freqüência e, na mentários que seguem.
dissertação, evitada.
TEXTO 1
OS PESCOÇUDOS – Caco Galhardo

(Folha de São Paulo, 10/7/99)

TEXTO 2
OS PESCOÇUDOS – Caco Galhardo

(Folha de São Paulo, 21/02/00)

TEXTO 3
OS PESCOÇUDOS – Caco Galhardo

(Folha de São Paulo, 17/07/00)


TEXTO 4
OS PESCOÇUDOS – Caco Galhardo

(Folha de São Paulo, 18/07/00)

TEXTO 5
OS PESCOÇUDOS – Caco Galhardo

(Folha de São Paulo, 20/7/00)

TEXTO 6
OS PESCOÇUDOS – Caco Galhardo

(Folha de São Paulo, 21/7/00)


TEXTO 7
OS PESCOÇUDOS – Caco Galhardo

(Folha de São Paulo, 22/7/00)

TEXTO 8

(Folha de São Paulo, 03/01/98)

Levantamento das idéias das turmas do ano 2000


e s t e r e ó t ip o ( d e v id o à p r ó p r ia t r a d iç ã o ) d o " m a u "
e x c e s s o d e p r iv ilé g io s : o p o lít ic o p o d e a p r o v e it a r
la n ç a r m ã o d e p r iv ilé g i o s a s i p r ó p r io o u a u m p e q
p e r ío d o C o llo r : o p e r a ç õ e s f r a u d u le n t a s , e s q u e
t e s c o s ) .
d e s v io d e v e r b a s ( e x . : n a a t u a lid a d e : c o n s t r u ç ã o
d a J u s t iç a d o E s t a d o : N ic o la u d o s S a n t o s N e t t o ) .
c o m p r a e v e n d a d e v o t o s ( " c lie n t e lis m o " , o u s e j a
d o c a r ga od o o cp u a pr a " p r e s t a r f a v o r e s " ; p e r s o n a lis m o
le v a n t e n ã o é a id e o lo g ia n e m o p a r t id o d o c a n
p e s s o a is d o p o lít ic o ) .
f a lt a d e t r a n s p a r ê n c ia ( f in a lid a d e : e v it a r e s c â n d a
t e n t a t iv a d e s u b o r n o ( a lt o g r a u d e s o f is t ic a ç ã o e m
im p u n id a d e ( o s e s c â n d a lo s , e n v o lv e n d o c o r r u p ç
c id o s " ) .
f is i o lo g is m o : le g is la r e m c a u s a p r ó p r ia ; u s o d a
c o m p r a e v e n d a d e v o t o s ; c a ma pe ax en ch u a ç eã l oe i t o r a l r e
d o p r ó p r io m a n d a t o ; " c lie n t e lis m o " .
B r a s i l C o lô n ia : d e p e n d ê n c ia t o t a l d a m e t r ó p o l e .
B r a s i l I m p é r i o : v o t o p e r m i t id o s o m e n t e a o s la t i -
f u n d iá r io s .
R e p ú b l ic a v e l h a : c o r o n e l is m o : v o t o a c a b r e s t o .
E r a V a r g a s : a m u l h e r a d q u ir e d ir e it o a o v o t o .
D i t a d u r a d e 6 4 a 8 2 : f o r t e r e p r e s s ã o m i li t a r.

E x e r c í c i o d a c i d a d a n i a d e f o r m
E s c l a r e c i m e n t o s o b r e a s f u n
E x e c u t iv o , L e g is la t iv o e J u d i c

F is io lo g is m o , c o r r u p ç ã o , e s c â n d a lo s , p r iv ilé g io s , im p u n
g u m a s c a r a c te r ís tic a s id e n tific a d a s , c o m fr e q ü ê n c ia , n a a t iv
il í c it o e x p o s t o à s o c ie d a d e , a u m e n t a o s e n t im e n t o d e v e r g o n
c o s o q u a l, a lia d o à in s e g u r a n ç a , d e s p e r t a d ú v id a s a r e s p e i
e s s e s c id a d ã o s . C o n t u d o , t a l c o n ju n tu r a p o d e r ia s e r r e v e r t id
v i d a p o l í t i c a d op aP ra t íi cs i ep ad se s l ae d e f o r m a r e s p o n s á v e l e c o n s c i e n t
I n ic ia lm e n t e , s a lie n t a - s e a fa lt a d e in t e r e s s e d a im e n s a p
p o lí t ic a n a c io n a l. A s c a u s a s d e s s e d e s in t e r e s s e s ã o in ú m e r
s a e m - s e e e x p lic a m c o m c la r e z a o in í c io d e u m a h e r a n ç a : a
D e s c o b r im e n to a té a I n d e p e n d ê n c ia , fo i g o v e r n a d o p o r P o
s e u s i n t e r e s s e s e c o n ô m i c o s e p o l í t i c o s , a c o l ô ne i as ,u ibn - i c i a n d o
m is s ã o b r a s ile ir o . J á n a é p o c a im p e r ia l, o v o t o e r a p r iv ilé g io s
R e p ú b lic a V e lh a , e s t a b e le c e u - s e a p o lí t ic a d o c o r o n e lis m o ,
to r a is e n o v o t o a c a b r e s t o , a b e r t o , o u s e ja , o b r ig a v a - s e o e m
q u e n ã o s ó s e m a n tiv e s s e n o e m p r e g o c o m o ta m b é m p r e s e
e s s e t ip o d e v o t o n a d a m a is s im b o liz a v a d o q u e o s in te r e s s e s
c r i m i n a d l am se o n c t ei a o b te v e d ir e ito a v o to e m 1 9 3 4 , n a E r a V a rg
t o r ia l, d e 6 4 a 8 2 , c o m o g o lp e d e E s t a d o o u , p o s t e r io r m e n -
te , c o m e le iç õ e s in d ir e t a s , s o b fo r t e r e p r e s s ã o , e v id e n c io u -
s e u m a v e z m a is o to t a l a fa s ta m e n t o d a s o c ie d a d e n a p a r ti-
c ip a ç ã o p o lític a d o P a ís . L o g o , o s m o m e n to s " c o n c e d id o s "
p a r a a p r á t ic a d a c id a d a n ia , n o B r a s il, fo r a m m a r c a d o s p e la
im p o s iç ã o o u a u s ê n c ia d o v o t o , g a r a n t in d o o p o d e r s e m p r e
n a s m ã o s d e u m a m in o r ia .
A s itu a ç ã o p o d e r ia s e r r e v e r tid a ; p o r é m , a c o n ju n -
tu r a p o lít ic a a tu a l m o s tr a - s e ig u a lm e n te c a ó t ic a e p r e o c u -
p a n te . O b s e r v a m - s e c o n s t a n te m e n te c a s o s e s c a n d a lo s o s
e n v o lv e n d o p o lític o s . M u ito s a p r o v e ita m - s e d e s e u s c a r g o s
p a r a o b t e r i n ú m e r o s p r i v i l é g i o s c o m o I , s pt o, o É7 r / 4e / x1 e9 9m 3 p. Él o o, af i ms ?o pC ea p- a
r a ç õ e s fr a u d u le n t a s d u r a n te o p e r í o d o C o llo r. A d e m a is , h á o
v e r b a s a s q u a is d e v e r ia m s e r r e p a s s a d a s à s á r e a s d a s a ú d
m o p a ra s e r e m e le ito s , a lg u n s p o lít ic o s " c o m p r a m " v o to s , p r
v o r e c id a s , a t r a v é s d a o fe r t a d e c o m id a e a lg u m a s v a n t a g e n
d e v id o à s s u a s " q u a lid a d e s " , e n ã o à s u a p e r fo r m a n c e o u a
n ã o b a s ta s s e m e s s e s po r, e e j us ít za o d s e àp a p r oa p- su el a cç oã m a im p u n id a d e
s e n t e m - s e in a b a lá v e is e in d e s t r u t í v e is p e r a n t e q u a lq u e r f o r
m is s iv id a d e , c a r a c t e r í s tic a d e s s e m u n d o p o lít ic o . E v id e n c ia
d e q u a n t o à r e a lid a d e p o lí t ic a e s o c ia l, o q u a l d e s e n c a d e ia f
d o P a ís .
A s s im , h á a n e c e s s id a d e d e u m a r e v e r s ã o d e t a l q u a d r o
c í c i o c o n s t a n t e d a c i d a d a n i a n ã o s ó n o o p p e r ré í o e d po ó e s l -e e i tl oe ir t ao l r, a c l o m
d e v e - s e c o n h e c e r o p r o g r a m a d o c a n d id a t o e d o p a r tid o d u r a
p o p u la ç ã o s o b r e a s f u n ç õ e s d o E x e c u tiv o , L e g is la t iv o e J
a ç õ e s d o s p o lí t ic o s , e x ig in d o d a m í d ia a d iv u lg a ç ã o s o b r e o
fo r m a , h a v e r á a b u s c a c o n s ta n te p e lo v o to c o n s c ie n te e a n e
p r o l d o s d o P a ís p a r a q u e e s te s e d e s e n v o lv a , o p o r tu n iz a n d
c e n d oa up mo l í t i c a i n c e n t i v a d o r a e v e r d a d e i r a e m q u e a é t i c a m o s

Comentários sobre o texto:

Observemos, primeiramente, o texto 7, também foi mencionada neste


uso que Daniela Larentis faz da trecho.
coletânea. A aluna utilizou, na Para fundamentar seu texto,
introdução (1º parágrafo), as idéias- sustentou sua argumentação mediante
base de todas as charges, resumidas e um resumo histórico no qual ressaltou
expressas através de substantivos. a exclusão política e social da maioria
No desenvolvimento, no 2º dos cidadãos brasileiros e os interesses
parágrafo, ela lançou mão de econômicos e políticos de uma minoria
conhecimentos de História os quais não privilegiada.
estavam explicitados nas charges, mas Ao analisar a conjuntura
haviam sido discutidos pela turma; nacional, citou alguns “vícios” de
acrescentou, portanto, informações à determinados políticos – obtenção de
coletânea, enriquecendo a privilégios, compra e ven-da de votos,
argumentação. impunidade –, salientando a ne-
No 3º parágrafo, ainda no cessidade de a população reverter tal
desenvolvimento, usou as idéias quadro.
implícitas nas charges 2 e 7 ao A fim de que tal reversão
ressaltar os privilégios e escândalos ocorresse, obedecendo a princípios
referentes a alguns políticos, exemplifi- éticos, Daniela, na conclusão, expôs
cando. Os desvios de verbas, expressos uma série de sugestões, todas visando
na charge 3, constaram à não-conivência e à
ainda neste parágrafo, participação da
assim como a compra e comunidade, de forma
venda de votos, responsável, na
manifestas na charge 4. atividade política
A impunidade, à qual se nacional.
refere o chargista no Eis um bom
exemplo de texto argu-
mentativo: crítico, bem fundamentado, ção. Ademais, a aluna fez bom uso dos
com bom aproveitamento da coletânea, elementos coesivos, “costurando” suas
com a escolha de um vocabulário rico e idéias com elegância.
nível de linguagem adequado à situa-

1 0 S u g e s t õ e s d e c o m o f a z e r ( q u

C o n v é m s a lie n t a r ( . .. )
D e v e m s e r e n fo c a d o s o s a s p e c to s ( ...)
R e s s a lta - s e q u e ( ... )
É p r e c is o , p o is , q u e s t io n a r m o s ( .. . )
C o n v é m le m b r a r ( .. .)
T o r n a - s e fu n d a m e n ta l ( ...)
É n e c e s s á r io f r is a r ( . .. )
C u m p r e d e s ta c a r ( ...)
P o d e - s e a fir m a r q u e ( .. .)
C o n fo r m e a le g a m ( ...)
A le g a - s e , c o m f r e q ü ê n c ia ( .. . )
P o d e m - s e t r a ç a r, a in d a , o u tr a s d ife r e n ç a s / c a u s a s / c o n s
S U G E S T Õ E S P A R A A IN T R O D U Ç Ã O
O u s o d e v á r i o s s u b s t a n t i v o s o u d ( ed ee vx ep mr e sp se õr t ee sn ce eq r u ai vo a ml e en
c a m p o s e m â n tic o ) :
Q u e i m ,a d a s d e s m a t a m e n, t o s p o l u i, ç ã o c o n t a m in a ç ã
á g u . aE s s s a s e x p r e s s õ e s s u g e r e m a m u i t o s q u e n ã o h á m o t iv
q u e r p a r a s e c o m e m o r a r o D ia M u n d ia l d o M e io A m b
e n t a n to , a o s m a is e s p e r a n ç o s o s e p e r s e v e r a n te s , c o m o o s
p o lí tic o s e o s e c o lo g is ta s , s ã o e x a ta m e n t e e la s a ra z ã o p a r
z a r u m tr a b a lh o d e c o n s c ie n tiz a ç ã o , e n v o lv e n d o q u e s tõ e s
ta is q u e a m e a ç a m o P la n e ta . ( a s s u n to : q u e s tõ e s a m b i
a tu a lid a d e ; p r o p o s t a n o D ia M u n d ia l d o M e io A m b ie n t e ; a n o
"C r i a t i v i d a d e , e s p í r i t o e m p r e e n d e d o r p, r e p a r o p a r a d e s
n h a r f u n ç õ e s. E v sa sr ai a s d sa ãs o a l g u m a s c a r a c t e r í s t ic a s e x ig i-
d a s p ea r ia n gs r e s s a r n o m e r c a d o d e t r a b a l h o I s dt o, e É2 s 3 t / e5 / 2f i 0m 0 1 d e s é
S e m d ú v id a , c o m o a v a n ç o t e c n o ló g ic o , o tr a b a lh a d o r d e v e
c ia r a a n tig o s c o n c e ito s , ta is c o m o a h a b ilid a d e p a r a a tu a
m a ç ã o a c a d ê m ic a lim ita d a a u m a á r e a ." ( a s s u n t o : o p e r fil
a n o : 2 0 0 0 ; tr e c h o d e r e d a ç ã o d e a lu n a : A n a B a r b o s a D u a r te
"B a s e s n i t r o g e n a d a s , g e n e s , c r o m o s s o m o s D, N A . F in
d e c if r a r c e r c a d e 9 8 % d o c ó d ig o g e n é tic o h u m a n o . E s s a r e
p l a m e e nc ot m e m o ra d a ; e n tr e ta n to , c e r ta s p r e c a u ç õ e s d e v e m
G e n o m a , tr a d u z id o , s e ja u tiliz a d o d e m a n e ir a r e s p o n s á v e l
to : P r o je to G e n o m a ; a n o : 2 0 0 0 ; tr e c h o d e r e d a ç ã o d e a lu n a

O u s o d e u m a o u m: a is p e r g u n t a s
F is i o lo g is m o , c o r r u p ç ã o , e s c â n d a lo s , p r iv ilé g io s , im p u n id
tr u a s . E is a lg u m a s c a r a c t e r í s t ic a s id e n tific a d a s , c o m fr e q
a tiv id a d e p o lít ic a n a c u i om n aq l u. Ne so t i eo nn t aa mn t eo n, t o fa z - s e
n e c e s s á r io : é v iá v e l o e x e r c íc io d e s s a a t iv id a d e , e m n o s
s e m in c o r r e r e m ( at a s i ss u vn ít co i: o r s e ? l a ç ã o é ti c a /p o lític a n o
B r a s il; a n o : 2 0 0 0 ) . I s t o 1É 0, / 1 / 2 0 0 1
O u s o d e u m a s ig la /u m n ú m e r o s e g u id o d e c o m e n t á r io :
"7 . 7 1 6 . E s s e n ú m e r o d e v e r ia e x p r e s s a r a lg u m s e n t id o p a r
s ile ir a ; n o e n t a n t o , m u it o s c id a d ã o s , p o r d e s c o n h e c ê - lo , o
g u n d o a C o n s ti t u iç ã o , a le i 7 . 7 1 6 d e s ig n a o r a c is m o c o m o
d is s o , c o t id ia n a m e n te , p r e s e n c ia m - s e c e n a s e x p líc ita s d e
s o b r e tu d o e m r e la ç ã o à r a ç a n e g r a . T a l e x c lu s ã o p o d e c
c o n s e q ü ê n c ia s , p r in c ip a lm e n t e a o fu tu r o d o P a ís , c u ja p
c o m p o s ta , e m g r a n d e n ú m e r o , p o s r . "i n ( da isv sí du un ot o s : n e g r o s o u m
d is c r im in a ç ã o r a c ia l; a n o : 2 0 0 0 ; t r e c h o d e r e d a ç ã o d
L a r e n tis ) .
"W . W . W . E s s a s e c o n s titu i n u m a d a s s ig la s m a is u t iliz a d a
a tr a v é s d e la , h á o a c e s s o a q u a lq u e r p á g in a d a In te r n e t. V e
d o c o n te m p o r â n e o , a e x tr e m a im p o r tâ n c ia d e c o m u n ic a ç õ
z e s ; a In te r n e t q u a lif ic a - s e , p e r fe it a m e n t e , p a r a e s s e fim ."
a n o : 2 0 0 0 ; tr e c h o d e r e d a ç ã o d e a lu n a : D a n ie la L a r e n tis ) .

U s o d e u m a ( n c ã i t o a çe ãs oq u e c e r d e c ita r a fo n t e ) :
" 'P r i s ã o n ã o s e r v e p a r a r e s s o c ia liz a r.' E s s a f r a s e , m e n c i
J u s t , i çd ae m o n s t r o u h a v e r u m a c o n s c ie n tiz a ç ã o g e r a l d a s o c i
s õ e s e m r e g im e fe c h a d o , n o B r a s il, n ã o s e r v ir e m c o m o m
m in a lid a d e o u d e r e s s o c ia liz a ç ã o d o in fr a to r. A fim d e a m
p e n a s a lte r n a tiv a s , c u ja a p li c a ç ã o te m m o s tr a d o e fic iê n c
p r in c ip a lm e n te n o s c a s o s r e la tiv o s a o s u s u á r io s d e d r o g a
a lte r n a tiv a s a o s u s u á r io s d e d r eo dg aa çs ã; oa n d o e : 2a 0l u 0 n 0 a ; : t rA e n c a h oB ad re
D u a r te ) .
"S e g u n d o o e x - m i n i s t r o R ic u p e r o , o q u e é b o m d e v e s e r m
d i d . oT a l f r a s e s i m p l i f i c a , d e fo r m a c la r a e f ie l, a m a n ip u la ç ã o
fo r m e s e u s in te r e s s e s , a im a g e m d o h o m e m p e ra n te a s o c
p e s s o a s e , a té m e s m o , à a c e it a ç ã o , a m íd ia a u m e n ta , g r a d
ta n d o - s e d e le e d e s e n c a d e a n d o u m g r a v e c í r c u lo v ic io s o , c
v id a , a d e s v a lo r iz a ç ã o d o h o m e m e m d e tr im e n to d o c u lto
ç ã o d o h o m r ve am l o/ sr iuz pa eç ã o d a im a g e m ; a n o : 2 0 0 0 ; tr e c h o d e re
L a r e n tis ) .

O b sÉ . : i n t e r e s s a n t e ,
e m i n t r o d u ç õ e s c o a m r g o u em s es na ts o, l da en ç a a u r tmo ro i s-
d a d, er e c u r s o q u e c o n s i s t e n a c i t a ç ã o d e a u t o r i d a d e s c o n h e c i
d a d e s , d o c u m e n t o s im p o r ta n te s , d e c o n h e c im e n to e m n ív e l
v is ta .
58 Teresinha Brandão

U m a b r e v e r e tr o s p e c t iv a h is tó r ic a :
" A p o lític a d e s e n v o lv im e n t is t a , d e s e n c a d e a d a a p a r t ir d
R e v o lu ç ã o In d u s tr ia l, c r io u u m c u r io s o p a r a d o x o n a s o c
c a a tu a l te n h a a d q u ir id o u m c a r á te r a lt a m e n te te c n o ló g i
d ia n o , r e p r e s e n ta d o n a s a t iv id a d e s d o s p r in c ip a is c e n t
m a n o m a n té m - s e e s c r a v o d o t e m p o , is t o é , o m u n d o 'h ig
d e d e v id a d a (s a o s c s i eu dn at o d : e r . e " l a ç õ e s t r a b a l h o / l a z e r ; a n o : 2 0
ç ã o d e a lu n a : I s a b e l H r u s c h k a R o d r ig u e s ) .
" A c i v i l i z a ç ã o h u m a n a , n r ae sc uo an ve i vv oe l uu çc ão om , so e s m a pl u c in ó g e n o
d o O r ie n t a l, o ó p io fo i o e s t o p im d e u m a g u e r r a ; n a s A
m e n t e r e u n ia m - s e p a r a fu m a r c a c h im b o s à b a s e d e e r v a
r e v e la d ife r e n te d o fu tu r o : a in d a a q u e s t ã o d a lib e r a ç ã o
s ã o e n t r e a s d i v e r s a s c( au sl t su u r an st o e : dc ir se c n r çi ma si n . "a ç ã o d a s d r o g a
t r e c h o d e r e d a ç ã o d e a lu n a : Is a b e l H r u s c h k a R o d r ig u e s

S U G E S T Õ E S P A R A A C O N C L U S Ã O
U s o d e s u g( p e o s s t sõ í ev se i s s o lu ç õ e s p a r a o s p r o b le m a s e m fo

" E n q u a n to o s r e s p o n s á v e is p o r to d o s e s s e s a c o n te c im
n ã o r e a v a lia r e m o s m é t o d o s d e p r o d u ç ã o , in v e s tin d o e m
fo n te s tr a d ic io n a is e / o u a lt e r n a t iv a s , o B r a s il i r á 'f ic a r n o
e , a o c o n t r á r io d o q u e o c o r r e u d u r a n te o I lu m in is m o , n o
d a s L u z e s , s e r e m o s c o n h e c i d o (s a c s o- m o o ' P a í s d o A p a g ã
s u n t o : c r is e e n e r g é tic a ; a n o : 2 0 0 1 ; t r e c h o d e r e d a ç ã o d e
L ú c i a R o t a B * or e r lg a et i vs o) .s à c r i s e d e e n e r g i a
" O in d is p e n s á v e l, p o r ta n to , n ã o é r e p r im ir o u s u á r io , m a s
lo a a b a n d o n a r o v íc io , a tr a v é s d a a p lic a ç ã o d e p e n a s a
t iv a s , t a is c o m o o b r ig a to r ie d a d e a fr e q ü e n ta r c u r s o s a
g a se , a r l i z a ç ã o d e p r o g r a m a s c o m p s ic ó lo g o s e m e s c o la
c lu s ã o d o te m a e m d is c ip lin a s d o c u r r íc u lo e p a r t ic ip a ç
fa m í lia s d o s d e p e n d e n t e s e m p a le s tr a s , c o m o r ie n ta ç ã o
m i l i a r e s e a o s c o n s u m ( ia d s o s r ue ns t do e: l ed gr oa gl i az as I.çs " tã o, oÉ3 0 / 5 / 2 0 0 1
o u n ã o d a m a c o n h a ; a n o : 2 0 0 1 ; t r e c h o d e r e d a ç ã o d e a lu
" P o r ta n to , a lg u m a s m e d id a s d e v e m s e r to m a d a s p a r a a
ç ã o e m q u e s e e n c o n t r a a p o p u la ç ã o in fa n til b r a s ile ir a e
t e n s if ic a r a p r o m o ç ã o d e c a m p a n h a s in fo r m a t iv a s s o b r
d e fo r m a r i g o r o s qa u oe s o c s i d v ai od( laãa sor ess um n . t" o : v io la ç ã o d o s d ir e it o
a n ç a s ; a n o : 2 0 0 1 ; tr e c h o d e r e d a ç ã o d e a lu n a : V ív ia n S e
" D e a c o r d o c o m o s a s p e c to s a b o r d a d o s , to r n a - s e in a
p o is a e x p lo r a ç ã o in fa n t il e s tá a c e n tu a n d o - s e . S e n d o a s
c o n tr o n a S u é c ia * n o q u a l s e a b o r d o u e s s e s é r io p r o b le
lo n g o p r a z o , a t r a v é s d a a ju d a d e p e s s o a s c o n s c ie n te s , t
( a s s u n to : v io la ç ã o d o s d ir e it o s d a s c r ia n ç a s ; a n o : 2 0 0 1 ;
b e r ta S c h w o n k e M a r tin s ) .
* e n c o n tr o n a S u é c ia , p r o m o v id o p o r u m a o r g a n iz a ç ã o n ã
1 1 A c o n t r a - a r g u m e n t a ç ã o n o t e

Existem pelo menos três 3º) levantar hipóteses para se


formas muito freqüentemente confirmar uma tese.
empregadas para se argumentar e/ou Para examinarmos essas três
contra-argumentar: formas, tomaremos por base a
1º) buscar as causas a fim de proposta reali-zada pela UNICAMP,
sus-tentar um ponto de vista; explicitada a seguir (Atenção! Em lugar
de escrever uma carta argumentativa,
2º) fazer concessões para que
sugerimos que você escreva um texto
se possam marcar ressalvas ou tentar
dissertativo-argumentativo. Além
conci-liar com o interlocutor,
disso, selecionamos apenas um dos
reconhecendo, desse modo, parte da
textos para ser refutado e servir para
verdade que este defende;
ilustrar o es-quema sugerido).

( U N IC A M N P o/ Ss Pú)l t im o s te m p o s , v ê m o c o r r e n d o in te n s a s d
m e io s d e c o m b a te r a v io lê n c ia p r a tic a d a p o r m e n o r e s , n a s
d iv e r g ê n c ia d e o p in iõ e s e n tr e N ilt o n C e r q u e ir a ( S e c r e tá r
d o R io d e J a n e ir o ) e B e n e d ito D o m in g o s M a r ia n o ( O u v id o
lo ) , v e ic u la d a pI s e t ol a É R e v is t a , d e 0 4 /0 9 /9 6 .

L e ia a s e g u ir t r e c h o d e s s a p o lê m ic a :
O E s t a t u to d o A d o le s c e n t e , c o m o e s t á h o je , é u m
to r e s . Q u e m r o u b a o s tê n is d a s c r ia n ç a s q u e v ã o a o
a n ç a s n o s ô n ib u s ? S ã o o s m e n o r e s in fr a t o r e s . A le i a
m a io r ia , q u e s ã o a s v í tim a s . O s in fr a t o r e s f ic a m e m l
s ib ilid a d e d e u m a a t u a ç ã o s e r e n a e e n é r g ic a d o s p o
m e n t o s d e a lt a p e r ic u lo s id a d e t ê m c a m p o a b e r to p a r
b a m a c o n t e c ei a n s d c o o t mr a o g aé d d a C a n d e l á r i a o u a d a s m ã e s
h o je n ã o a c h a r a m s e u s filh o s . T e m o s q u e c o r ta r e s s a
s e s m e n o r e s d a s r u a s . ( . .. ) A o c o n tr á r io d o q u e o c o r
d e v e r ia m e s t a r p r e s o s , s u je it o s a o C ó d ig o P e n a l.
G e n e r a l N ilt o n C e r q u e ir a

Imaginemos que alguém opte por escrever defendendo as idéias do


general Nil-ton Cerqueira, a relação A é causa de B poderia ser assim
esquematizada:

é c a u s a d e
N ã o h á p u n i ç ã o p e n a l a o sE x i s t e u m a l t o í n d i c e
m e n o r e s i n f r a t o r e s . n a l id a d e d e s s e s i n f r a
60 Teresinha Brandão

Agora, vejamos duas maneiras de se refutar as idéias do general:

m e s m Ao c o m c o n t i n u a r i a Ba c o n t e c e n d

Ou seja: Mesmo havendo punição penal aos menores infratores, os


crimes conti-nuariam acontecendo.
Idéia que pode ser expressa da seguinte forma:

1 )R e t o m a d a d a t e s eE x i s t e u m a
f o r t e t e n d ê n c i a / M
d o " a d v e r s á r io ” t a m , q qu ue a n d o o a s s u n t o é v i o lê
p u n iç ã o p e n a l a m e n o r e s d e 1
í n d i c e d e a ç õ e s c r im in a i s d o s i

2 )R e f u t a ç ã o , a t r a v é Es md e v e r d a d e / N o e n t a n t o / N
c o n c e s s ã o , l e v a n t Aa m e n t o
p e s a r , d o i ss s c o r i m e s c o n t in u a r ia
d e h i p ó t e s e , c a u s ac e, na s pd e oo n - t a i s in f r a t o r e s c u m
t a n d o p a r a r e s u l t ap dr eo ss í d i o p oc oi s m u m , n e s s e
c o n t r á r i o s n ã o s e r e s s o c ei a , l si z i m
a o in d i v í d u o
q u e e le s e t o r n e m a is v i o le n t o .

3 )C o n c l u s ã o D e s s a f o r m a / D e s, s a e e m x po ld i c o a / - A s
ç ã o s e g u n d o a q u a l a f a l t a d e
a c a u s a d o a l t o í n d ic e d e c r
n ã o p r o c e d e / n ã o p o d e , p o i s
t a d. a

Ou, então, através de uma comprovação:

n ã o é c a u s a d e

m e s m Ao c o m n ã o hB o u v e

Ou seja: Mesmo havendo punição penal aos menores infratores, os


crimes conti-nuaram a acontecer.
Idéia a qual pode ser assim expressa:

1 )R e t o m a d a d a t e s eD e a c o r d o c o m o si m d p e u f et an b s io - r e
d o " a d v e r s á r io ” l id a d e p e n a l , q u a n d o o a s s u n t
p e n s a r - s e q u e a p u n iç ã o p e n
a n o s d i m i n u i r ia o ín d i c e d a s
i n f r a t o r e s .
2 )R e f u t a ç ã o , a t r a v é Os r d a e/ A b e m , d e a s vs e sr d ma de en o r e s j
c o m p r o v a ç ã o , a p o r an mt a n s du ob m e t id o s a u m t i p o d e
p a r a r e s u l t a d o s m e lh a n t e a o c u m p r i m e n t o d
c o n t r á r i o s c o m u m , c o m o n o c a s o d a s F E
s e n ã o t e r h a v i md o a s r , e as os o c c o i an l -i z a
t r á ,r i r o e i n c i d ê n c i a a o c r i m e .
3 )C o n c l u s ã o , s e g u i d N a ã o s e p o d e, , c po on rs t i da ne tr oa r e s s a m
d e s u g e s t ã o d a c o m o c a u s a d a d i m i n u i ç ã o
n a l i d Oa d a e d . e q u a d o s e r i a i n s i s t i
c a ç ã o d e m e d id a s s ó c i o - e d u c
s e a q u e l e s q u e , n a m a io r ia d a
p r o t e ç ã o o s m e n o r e s d e r u a

Imaginemos, agora, um outro tolerância por parte da sociedade e


te-ma – a possibilidade de legalização maior flexibilidade por parte do
da ma-conha em nosso país. Judiciário. A questão, longe de ser
pacífica, é alvo de muita polêmica.
Contexto: Como exercício de contra-
Embora no Brasil, de acordo argumen-tação, sugerimos que você
com o Código Penal, o consumo de discuta com seus colegas os
drogas ilícitas, entre elas a maconha, argumentos favoráveis e os des-
seja considerado cri-me, favoráveis, descritos abaixo,
percebemos um aumento do analise o es-quema com os
consumo da Cannabis sativa e quadros (A é causa de B; A não
uma concomitante diminuição de é causa de B) e elabore um
condena-ções dos usuários. Em outro esquema, como os
razão disso, a possível anterio-res, em que aparecem a
legalização dessa droga vem refutação seguida de
sendo questionada já que as evi- comprovação, justificati-va,
dências apontam haver maior hipótese etc.

A R G U M E N T O S F A V O R Á V E I S À L E G A L I Z A Ç Ã O
o u s u á r i o n e c e s s i t a d e a j u d a , e n ã o d e r e p r e s s
o u s u á r io n ã o é c r i m i n o s o ; p o r t a n t o n ã o d e v e s e r
o u t r a s d r o g a s s ã o m a is p e r i g o s a s a o o r g a n is m o ,
b é m , c a u s a d o r d e i n ú m e r o s a c i d e n t e s d e t r â n s i t
tr a t a - s e d e u m c a s o d e s a ú d e p ú b li c a c u j o o b j e t i v
62 Teresinha Brandão

A R G U M E N T O S D E S F A V O R Á V E I S À L E G A L I Z
c o n s e q ü ê n c ia s m a l é f i c a s a o o r g a n is m o e a o p
v a ; f a lt a d e m o t iv a ç ã o p a r a r e a li z a r p r o j e t o s d
c i o n a m e n t o d e ó r g ã o s c o m o o p u l m ã o ; p r o b l e
c o n s e q ü ê n c ia s n o â m b i t o s o c ia l : a u m e n t o d o
m a s p e l o t r á f i c o ) ; p o d e s e r v ir d e " p a s s a g e m "
c o m o c o c a í n a , h e r o ín a , e n t r e o u t r a s ; d e s e s t r

C O N C L ( U * Sd Ãe vO e s e r p c r e e n v t e r an dç ãa o n , a t a
a l e g a l iz a ç ã o )

r e p r im i r a p e n a s n ã o b a s t a : é n e c e s s á r i o a j u d
s u g e s t õ e s p a r a a p r e v e n ç ã o :
a p l ic a ç ã o d e p e n a s a l t e r n a t i v a s ( d e s d e a o b
a t é a o b r ig a t o r ie d a d e a o t r a t a m e n t o ) ;
n a s e s c o l a s : p r o g r a m a s d e p r e v e n ç ã o c o m e s
g o g o s ; r e f o r m u l a ç ã o c u r r ic u l a r ( in t r o d u ç ã o d
c u l o * p r o p o s t a a t u a l d o M E C ) ;
n o s p o s t o s d e s a ú d e , h o s p i t a is , c l ín i c a s : p r o g
li a r e s d o s d e p e n d e n t e s , e m p a le s t r a s ; a t e n d i m
a o d e p e nr a d v e é n s t ed ,e a e t s p e c i a l i s t a s d a á r e a m é d ic a

Se alguém for desfavorável à legalização da maconha, a relação A é


causa de B poderia ser assim esquematizada:

N ã o h á p u n i ç ã o r í g i d a e m E r x e i -s t e u m a u m e n t o
l a ç ã o a o s c o n s u m i d o r e s s ud ma o d e m a c o n h a .
m a c o n h a .

Pensemos que você opte por escrever contra-argumentando as idéias


daqueles que são desfavoráveis à legalização da maconha, poderia refutar
tal idéia seguindo o raciocínio (A não é causa de B):

M e s m o h a v e n d o p r o i b i ç ã o o c o n s u m o a u m e n

o u :

M e s m o h a v e n d o p r o i b i ç ã o o c o n s u m o n ã o c e s
Vejamos outra situação:
Se alguém for favorável à legalização da maconha, a relação A é causa
de B po-deria ser assim esquematizada:

A p r o i b i ç ã o le g a l d a m a c o nO h c a o n s u m o d a m a c o n
n ã o d i m in u i o c o n s u m o . s e r l e g a li z a d o .

Agora, levantemos a hipótese de que você opte por escrever contra-


argumen-tando as idéias daqueles que são favoráveis à legalização da
maconha, poderia refu-tar tal idéia seguindo o raciocínio (A não é causa de
B):

M e s m o q u e o c o n s u m o a d l ae g a l i z a ç ã o n ã o d i
m a c o n h a v e n h a a s e r l e t g a al -c o n s u m o
l i z a d o
o u :

O c o n s u m o d a m a c o n h a a f l oe i g a l i z a ç ã o n ã o d im
l e g a l iz a d o c o n s u m o

U m e x e m p l o d e c o n t r a - a r g u m e n
1 2 e m t e x t o d i s s e r t a t i v o - a r g u m e n t

Exemplo interessante de texto dissertativo-argumentativo em que a


contra-argu-mentação prevalece é a redação abaixo, de autoria de Roberto R.
Von Laer. A temática centra-se na relação violência/segurança pública. Observe:
64 Teresinha Brandão

D e a c o r d o c o m r e c e n te s p e s q u is a s , e n tr e e la s a D a ta fo
p a ç õ e s d o s b r a s ile ir o s é a v io lê n c ia . A s itu a ç ã o to r n o u - s e tã o
a o s c r im e s le m b r a m o c e n á r io d e u m a g u e r r a c iv il. A lé m d o a u
b r u t a lid a d e d e s t e s c a u s a p e r p le x id a d e p r o f u n d a à s o c ie d a d e .
É m u ito c o m u m ju lg a r [ 1 ] a p o b r e z a c o m o c a u s a p r in c ip a
te m p a í s e s a i n d a m a i s p o b r e s q u e o B r a s i l n o s qb ua ai - i s o s n í v e
x o s , c o m o s e c o n s t a t a n a Í n d ia ; o u t r o s o n d e o n í v e l d e d e s e n v
í n d ic e d e c r im in a lid a d e t a m b é m o é , fa to e x is te n te , p o r e x e m
c a s o b r a a s vi l ei oi r l oê , n c i a n ã o é o c a s i o n a d a s o b r e t u d o p e l a p o b r e z
c a r a c t e r í s t ic a s n a c io n a is : a d e s ig u a ld a d e s o c ia l e a im p u n id a
s o c ia l d o s m a is r ic o s e a d o s m a is p o b r e s é t a n t a q u e m u it o s
d a d e s , o p t a m p e l o c r i m e c o m o f o r m a d e e a r st ec ze an sd ãa o i ms op cu i na il d. Sa -o m
d e , c a u s a d a p o r u m a p o líc ia s u c a te a d a e c o r r u p ta e u m a J u s tiç
D ia n t e d e t a l s it u a ç ã o , a p o p u la ç ã o s e n t e - s e c a d a v e z m
n a r - s e v ítim a , e , s e m p o d e r c o n ta r c o m a p o líc ia , o c id a d ã o n
a b r e m ã o d o s e u d ir e it o d e ir e v ir. A p o p u la ç ã o , d e v id o à in e f ic i
p r o t e g e r - s e ; a q u e le s q u e p o d e m , c o n tr a ta m s e g u r a n ç a s p a r ti
u m c o n t i n g e n t e m a i o p r o ql í cu ie a a p e r nó qp ur ia n t o o s d e m a i s c o n s t r o e
p r o t e g e r s e u p a t r im ô n io .
A s itu a ç ã o , s e m d ú v id a , é e m e r g e n c ia l. P a r a r e v e r t ê - la ,
a s p r in c ip a is c a u s a s d o p r o b le m a : p u n ir o s c r im in o s o s e a m e
fim d e r e p r im ir a c r im in a lid a d e , a p o líc ia d e v e s o f r e r u m p r o c e
d u r a m e n te c o m o s b a n d id o s , e n ã o p u n ir o s c id a d ã o s n ã o - c r im
e m e d u c a ç ã o , c h a v e p a r a a m c iea l ihs o d r ai a p d o a p s u cl ao çn ã d o i ç. õ e s s o

Comentários sobre o texto:

Roberto escolheu uma tese um breza é causa principal de


tanto difícil de ser refutada, a que tamanha violência. Para retomar tal
associa necessariamente pobreza tese, usa a estrutura “É muito comum
à criminalidade. O aluno não nega julgar” [1]. Após a indicação de que,
haver uma relação entre as duas, mas apesar de comum, essa idéia não é
tentou comprovar que essa relação totalmente verdadeira, ele a refutou,
não é obrigatória (ver expressão em usando a expressão “Porém” [2] e
negrito). Esse, aliás, foi o objetivo de comprovando justamente o
seu texto. Vejamos como ele procede. contrário, ou seja, lembrando, através
Na introdução, delimitou o tema – de exemplos, casos em que a relação
o quadro assustador de violência em pobreza/violência não apresenta a
nosso país –, acrescido de uma ampla primeira como causa da segunda.
conseqüência, a perplexidade dos
Para indicar as
cidadãos.
causas principais
No 2º parágrafo,
contrárias a essa – a
percebemos a
pobreza –, empregou a
preocupação em
estrutura “não é
questionar a tese fre-
ocasionada sobretudo
qüentemente aceita em
pela (...) mas é fruto de”
relação ao tema: a po-
C a b o A ir e s C o s t a , d o D F , e n t r e [3]. Aprofundou, então,
e n c a p u z a d o s e G a n d r a ( à d ir e it a ) , d a C o n fe d e r a ç ã o d o s
P o l i c i a i s C i vI si st o. ÉF o n t e : , 1 / 8 /2 0 0 1
a argumentação, baseando-se nas Assinalemos, pois, que o aluno
duas causas apontadas: a empregou as marcas lingüísticas
desigualdade social e a impunidade. citadas acima – 1, 2 e 3 – muito bem
Na conclusão, ratificou a idéia de pois elas indicam haver posições
que é necessário erradicar as causas divergentes acerca do tema,
apontadas por ele para conter o alto reforçando e enriquecendo o processo
índice de criminalidade e ofereceu su- da contra-argumentação.
gestões de como fazê-lo.

1 3 S u g e s t õ e s d e c o m o f a z e r ( q u

E S T R U T U R A
I n t r o d u çD ã e o l i : m i t a aç ãs so u d n o t o r e t o m ea d a d a t e s e

D e s e n v o l v i Rm e e f nu tt ao ç: ã o , a t r a v é sc do on ce em s ps rõ e e g s o d e
d eh i p ó t e s e s , s e g u i d o d j eu s t i f i c a t i v a s
s u l t a d o s c o. n t r á r i o s

C o n c l u sR ã e o t o: m a d a d o p ,o an ct or e ds ec i dv ai s td a e . s
O b sÉ . : b o m l e m b r a r q u e n ã o h á u m a " o r d e m " o u " c o l o c a ç ã o " r í g i
a c im a . A r e to m a d a d a te s e p o d e s e r fe ita , p o r e x e m p lo , n o d e s e

T a l id é ia n ã o é s e n ã o u m a fo r m a r íg id a / in c o n s e q ü e n t e
Q u e s t io n a - s e m u ito ( . .. ) . A n te s , p o r é m , é p r e c is o le m b r
N ã o s e tr a ta d e " X " , m a s d e " Y " .
É c e r t o q u e ( . .. ) m a s s e r ia lí c ito ta m b é m le m b r a r ( ... )
S e é v e r d a d e q u e ( ...) n ã o m e n o s e x a to é ( ...)
D e fa to , ( ...) ; n o e n ta n to , ( ...)
É p o s s ív e l q u e e s s a m e d id a v e n h a a s e r to m a d a , m a s o i
É in e g á v e l a e x is t ê n c ia d e ( . . .) . A p e s a r d is s o , é v á lid o fr is
r e n te a /a o ( ...)
N ã o s e i pg on do er a r q u e ( . . . )
A in d a q u e m u ito s a le g u e m " X " , c o n v é m s a lie n t a r ( ...)
66 Teresinha Brandão

S U G E S T Õ E S P A R A A IN T R O D U Ç Ã O

A le g a - s e , c o m f r e q ü ê n c ia , q u e a p r o b le m á t ic a " X " n ã o
m e io d e ( .. .) . P e la p o lê m ic a q u e e n c e r r a , t a l a s s u n to m e r
H á q u e m c o n s id e r e " X " a s o lu ç ã o id e a l p a r a a m e n iz a r / r
t r e t a n t o , t a l m e d id a t o r n a - s e in c o n s is t e n t e / in e f ic a z d e v i
L o n g e d e s e r c o n s id e r a d a u m a q u e s tã o p a c íf ic a , " X " d i
p ú b lic a : p o r u m la d o , s a lie n ta - s e ( . . .) ; p o r o u tr o , ( . .. )
A o s u s t e n t a r ma ui d i té o i as e( . s. . q) ,u e c e m ( ...)

S U G E S T Õ E S P A R A A C O N C L U S Ã O

D e s s e m o d o , a id é ia ( . .. ) t o r n a - s e in s u s t e n tá v e l n o a t u
m e d id a s t a is c o m o ( . .. ) p a r a s e g a r a n tir a r e v e r s ã o d e t a l
É a b s o lu ta m e n te in d is p e n s á v e l, p o r t a n to , r e c o n s id e r a r
p o is , c o n fo r m e o e x p o s t o , e le r e fo r ç a u m a im a g e m / p r e c
p a s s a d a d e ( . .. ) . O id e a l s e r ia ( .. .) p a r a q u e a s itu a ç ã o p u
L o g o , p o r m a is e f ic a z e s q u e p a r e ç a m , ta is m e d id a s a c a b
b é m . ) (, . f. a t o s q u e , a o in v é s d e a m e n iz a r o p r o b le m a , p o d e
m o , p o r e x e m p lo , ( ...) s e r ia m c a p a z e s , is to s im , d e a lte r
n a n d o u m a m e lh o r q u a lid a d e d e v id a a o s c id a d ã o s .
1 4 O u s o d o s a d v é r b i o s e a d j e t i v

Bréal, um grande teórico da vista, emitir julgamentos acerca de


linguagem, ao estudá-la, comparou determinados assuntos.
seu uso com a criação de uma peça Em textos argumentativos, o
teatral, explicando que o produtor uso dessas categorias gramaticais
intervém freqüentemente na ação desempenha função importante já
para nela misturar suas reflexões e que funciona para marcar ou
seu sentimento pessoal, assim reforçar a posição do autor diante
como o homem quando usa a lin- de um fato.
guagem. Este, ao falar, encontra-se Destacam-se, entre elas, os
longe de considerar o mundo como advérbios ou locuções adverbiais.
mero espectador, como um Observemos os exemplos
observador desinteressado. abaixo, levando em conta o seguinte
Prova disso são as inúmeras contexto: há uma greve e os
palavras que usa para expressar suas envolvidos no acontecimento são o
vontades, críticas, seus pontos de governo por um lado e, por outro, os
metalúrgicos.
BRÉAL, M. Ensaio de Semântica. São Paulo: EDUC, 1992.

SITUAÇÃO 1: favorável ao governo

O g o v e r ne of i c a i ge in u t e m ec no tm e r e l a ç ã o à g r e v e d o s
c o m r e t i d ã o
c o m s e r i e d a d e
m o d e r a d a m e n t e *
c o m é t i c a

* Lembremo-nos que uma mesma categoria lingüística pode expressar


pontos de vista diferentes. Assim, a expressão “moderadamente” pode ser
usada para elogiar as atitu-des do governo em se tratando de um locutor “de
direita” mas, quando empregada por um locutor “de esquerda”, serve para
criticar negativamente essas atitudes. É preciso, portan-to, levar em conta a
intenção e o contexto em cada enunciado.

SITUAÇÃO 2: desfavorável ao governo


O g o v e r na ou t a o g r i ut a r i a mc o e m n t re e l a ç ã o à g r e v e d o s
c o m o d a m e n t e
p r e c i p i t a t a m e n t e
s e m p u d o r

Veja agora outros exemplos:

SITUAÇÃO 3: favorável aos metalúrgicos

O s m e t a lú r g ci co o m s ma g a i tr ua mr i d da ud re a n t e a g r e v e .
c o m r e s p o n s a b i l i d a d e
p a c i f i c a m e n t e
o r d e i r a m e n t e

SITUAÇÃO 4: desfavorável aos metalúrgicos

O s m e t a lú r g i i mc o p s r oa pg ri ri aa m d e un r ta e n t e a g r e v e .
e r r o n e a m e n t e
i r r a c i o n a l m e n t e
i r r e f l e t i d a m e n t e
t e n d e n c i o s a m e n t e

Há casos de dupla adverbialização. Observe:

SITUAÇÃO 5: desfavorável ao governo

O g o v e r an uo t oa rg i it u á r i a e i m d au t r ua rn a t me ea n g t er e v e d o s m
“ c e g a ” e i m p u l s i v a m e n t e

SITUAÇÃO 6: favorável ao governo

O g o v e r cn a o u at eg l i ou s a e e d t ui c r aa mn t e e n at e g r e v e d o s m e
s é r i a e e f i c i e n t e m e n t e

Obs.: Os exemplos citados foram extraídos da obra publicada também por


esta autora:
RODRIGUES, L. M. P., BARBOSA, M. E. O., BRANDÃO, T. S. Maneiras do
dizer: língua portuguesa no ensino médio. Pelotas: Escola de Ensino Médio
Mário Quintana, 1998, p.141.

Além dos advérbios, também demonstrar o senso crítico, enfatizar


os adjetivos colaboram para
argumentos e tornar o texto mais Devemos levar em conta,
expressivo, mais convincente. portanto, nas listas abaixo, as quais
O uso da adjetivação tem a sugerem o uso de determinados
ver com o contexto, a situação em adjetivos, as questões relativas ao
que é empregada, assim como com o contexto.
locutor, ou seja, com a pessoa que a
emprega.

Obs.: A lista a seguir foi elaborada e cedida gentilmente pela professora Lígia Maria da
Fonseca Blank.
a d e q u a d o , a u t ê n t ic o , a lt r u í s t a , a p t o , b e m -
s u c e d id o , b e m - fe ito , b e n e f ic e n te , c a p a z ,
c o n s c i e n t e , c o n f i á v e l , c a b í av le a l r, mc oa mn t pe e, t a e s n s t eu ,s t a d o r , a n g u s
c o n v i n c e n t e , c o n s i s t e n t e a, nd ae cs re ô an n vn i oct i old v , ei d m o o, c r á t i c o ,
d e c i s i v o , d i n â m i c o , e q u â nc oi m n ed ,e en ná év er g l , i c c o r ,í t i c o , c r i t i c á v e l ,
e s s e n c i a l , e x c e l e n t e , e q üc i ot am t i bv oa ,l i de ox ,í m c oi o n , t e s t á v e l , c a ó t i c
f e c u n d o , f i d e d i g n o , f i e l , c f au l na dm a i mt o es no ,t a c l o, n s t r a n g e d o r ,
f o r t í s s i m o , h o n r a d o , í n t e c g o r no ,d ie m s pc ea nr c d i ae ln , t e , c o r r u p t o , c o
i n d i s p e n s á v e l , i m p r e s c i n d dí va e n l o, si m o ,p de er d s í pv óe tl ,i c o , d i t a t o r i a l ,
i n i g u a l á v e l , i m p o r t a n t í s s i m do e, mi n ac go om g p o a , r dá ev se ml , e d i d o , d r a m
i n t r a n s f e r í v e l , i n s u b s t i t u í v ee l s, ci ra r es sn ou , n ec xi ác ve e s l s, i v o , e s t é r i l ,
i n v i o l á v e l , i r r e p r e e , n s í v ee sl , c i am n pd a a r l co i sa ol , e s t a r r e c e d o r , e x
p e r t i n e n t e , p r ó s p e r o , p r o m i es sq ou ri ,v op cr oa cd eo d, ef a n l ts e o , , f a l a c i o s o , f
p r o f í c u o , o p o r t u n o , p r o f i c i e f nr at e u , d p u r l oe bn ot o, , s gé rr ai o v , e , g r a v í s s i m o
s e r í s s i m o , ú t i l , u t i l í s s i m o , v ha el i od si oo n, dz oe , l o h s i po ó, c… r i t a , i n d i g n o , i
ir r is ó r io , in s u p o r tá v e l, in a c e itá
in t o le r á v e l, ir r e c u p e r á v e l,
a m p l o , e v i d e n t e , c r e s c e n i nt e c , o i csn ot see nr ct ei t , i v i no ,e x e q ü í v e l , i m p e r
c o n t í n u o , e v i d e n t e , e n o r m e i r, r ce os np to r no vs eá rv t ei d l , o i , n t r a n s i g e n t e ,
d r á s t i c o , i n ó c u o , i n s t a n t â n l ae mo , e i nn dt á i gv ne al , d l ao s, t i m á v e l , l e v i a n
i m e d i a t o , i r r e v e r s í v e l , i n e v i t ná ev eg l l ,i g i ne on ft ee n, sp i av lo i a, t i v o , p r e o c u p
i m p e r c e p t í v e l , g e r a l , p l e p n e o r , n pi c e i oc us ol i a, rp , r e j u d i c i a l , o m i s s o
p o l ê m i c o , p e r p l e x o , p o l í ot i pc oo ,r t pu úrn ebi stl ri t cóa og, , r a d o , s e c tá
t é c n i c o , s e v e r o , v u tl te o n s do e, n… c i o s o , x e n ó f o b o , . . .

A r g u m e n t o s lú c id o s e c o n v in c e n te s , a m p la e u r g e n te m o
t e r io s a s e t r a n s p a r e n te s , a p u r a ç ã o is e n t a e m e tic u lo s a ,
r ito p a r t ic ip a tiv o e c o m u n it á r io , c o n s u m id o r v ig ila n t e e m
p r o p o s ta s s é r ia s e c o e r e n t e s , m a n ife s t a ç ã o c o n c r e t a e e
c o n s c ie n te e p a r t ic ip a n te , s o lu ç õ e s le g í tim a s e d u r a d o u r
p r o v i d ê n c i a s r á p i d a s e a d e q u e a sd ua fs i c, i re e n c t ue rs s , o o s b i sm e er vd ai aç tã o o s c o
e a te n ta , p o lític o ín te g r o e c o m p e te n te , …
S o lu ç õ e s p a r c ia is e e q u iv o c a d a s , s it u a ç ã o c a ó t ic a e d e s
p r e c o n c e it u o s a , s e t o r p ú b lic o in c h a d o e in o p e r a n te , a t it u
p r e s a s e s t a t a is in e fic ie n te s e o n e r o s a s , a t itu d e s tã o r a d i
e n fa t iz a n d o ) , p r in c íp io s fe c h a d o s e a u t o r it á r io s , a r g u m e n
le is b r a n d a s e in e fic a z e s , p a i s c o n d e só cd ei o n dl a e mn te e n s t á e v ie r rl e e s p
u ltr a ja n te , lu g a r e s a fa s ta d o s e in ó s p it o s , s a lá r io s in ju s t o s

A b s o l pu r t i ao r i d a d e , m e t a p r io r i t á , r ai a s p e c t o p r im o r d i, a l
p r in c imp ao lt i v o , a el t s o c a l ã o , d e s t a c a da at u a ç ã o , v e r d a d
d e f in ,i t i v o r e l e v a n ct eo sn t r i b u i ç õ e s , e v i d e n dt ee s r e s p e it o ,
g r a v í s s i ni mf r aa ç ã o , e x c e l e a n t tu e a ç ã o , e x p r e s s i v r oe ss u l t a
1 5 O u s o d o s e l e m e n t o s c o e s i v o

A conexão entre os efetivamente, através do


segmentos de um texto é feita por funcionamento desses textos, bem
palavras ou expressões responsáveis como do contexto pragmático no
pela concatenação, pela criação de qual estão inseridas, que a utilização
relações entre os segmentos de um desse esquema pode ser proveitosa;
texto, estabelecendo entre eles uma do contrário, ela poderá produzir
certa relação semântica, a qual paradoxos semânticos, ou, então,
possui uma dada função produzir efeitos de sentido contrários
argumentativa. aos desejados. Eis alguns dos
O esquema que segue serve conectores que servem:
apenas de guia para redigir textos. É,

1) Para iniciar a análise, introduzir os argumentos:

Exemplos:
É preciso, inicialmente, observar que toda arte pressupõe criação,
produção hu-mana.

Ou:
Deve-se analisar primeiramente (...)
Iniciemos a análise observando (...)
Analisemos, em primeiro lugar, (...)
Para prosseguir a análise:
Num segundo plano/nível/momento, observamos (...)
Em segundo lugar, destacam-se os elementos (...)
Deve-se acrescentar, nesta segunda etapa, que (...)

Para encerrar a análise:


Finalmente/Enfim, destacamos (...)
Por último, gostaríamos de salientar (...)

2) Para afirmar algo com veemência:

Exemplos:
É verdade que o tema acerca da chamada ‘arte engajada’ tem
suscitado polê-micas.
Ou:
É certo que (...) Indubitavelmente (...)
De fato (...) Sem dúvida (...)
Efetivamente (...) Irrefutavelmente (...)
Certamente (...) É irrefutável (...)
É inegável (...) Inquestionavelmente (...)
É inquestionável (...)

“De fato, a literatura e a arte européias parecem chegar a um ponto


crítico com o Simbolismo.” (GULLAR, F. Vanguarda e subdesenvolvimento: ensaios
sobre arte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p.47)

3) Para expressar hipóteses, dúvidas, probabilidades:

Exemplos:
É provável que muitos teóricos se oponham às palavras de ordem dos
parnasia-nos, quais sejam: ‘arte pela arte’.

Ou:
Provavelmente (...)
Possivelmente (...)/ É possível (...)

4) Para insistir no problema:

Exemplos:
Não podemos esquecer que todo processo de renovação estética é
atravessado por um processo de renovação social.

Ou:
É preciso insistir no fato de que (...)
É necessário frisar que (...)
É imprescindível insistir na hipótese de (...)
Tanto isso é verdade que (...)
Vale lembrar o argumento (...)

5) Para estabelecer relações paralelas:

Exemplos:
Paralelamente às tendências vanguardistas mais exacerbadas da
Europa, desen-volviam-se, no Brasil, experiências artísticas muito criativas.

Ou:
Ao mesmo tempo (...)
Concomitantemente (...)

6) Para fazer referência a autores, episódios:

Exemplos:
No que se refere à obra de Chico Buarque (...)
Quanto ao episódio ocorrido na Semana da Arte
Moderna (...)
No que diz respeito à distinção entre (...)
De acordo com Ferreira Gullar (...)
Conforme lemos em Érico Veríssimo (1982) (...)
Retomando Graciliano Ramos (...)
Nas palavras de Mário Quintana (...)
Com a palavra, o autor: “A arte...” (...)

Emoção e
Inteligência,
n.3, p.57, fev. 2000.

7) Para estabelecer gradação entre os elementos de uma certa


escala:

a) no topo da escala, para indicar o argumento mais forte: até/


até mes-mo/ inclusive etc.

Exemplo:
Até mesmo os mais ingênuos desconfiam do lema ‘arte pela arte’.

b) num plano mais baixo, para introduzir um argumento,


deixando suben-tendida a existência de uma escala com outros
argumentos mais fortes: ao menos/ pelo menos/ no mínimo/ no
máximo/ quando muito etc.

Exemplo:
Acreditar no lema ‘arte pela arte’ é, no mínimo, ingenuidade.

8) Para acrescentar argumentos aos demais:

Exemplo:
Um conceito de ‘vanguarda’ estética no Brasil merece uma consideração
profunda: é preciso, em primeiro lugar, recusarmos a idéia de que esse
conceito é universal. Além disso, é necessário frisarmos que, ao contrário
do que muitos pregam, esse con-ceito não possui um caráter alienante.
Ou:
além do mais/ ainda/ também/ soma-se a isso/ acresça-se a esses
fa-tos/ além de tudo/ ademais etc.

Quando se quer dar ênfase:


não é apenas/ não é senão/ nada mais é do que/ não só... mas
(como) também etc.
Exemplo:
“Não se pode, por outro lado, ignorar o fato de que a realidade nacional
não ape-nas participa e constitui – com as outras particularidades
nacionais – a realidade inter-nacional, como também é constituída por
ela.” (idem, p.96)

9) Para indicar uma relação de disjunção argumentativa, pelo uso de


expres-sões introdutórias de argumentos que levam a conclusões
opostas, que têm uma orientação argumentativa diferente: caso
contrário/ do contrário/ ou então etc.

Exemplos:
Não pretendemos adotar um conceito universal de ‘vanguarda’; pelo
contrário, tentaremos mostrar como se constrói esse termo no contexto da
realidade brasileira.
“A arte religiosa da Idade Média, por exemplo, era realizada com
finalidade defini-da. Era uma arte ‘popular’ imposta, tendo assim alguns
pontos de contato com a arte de massa de nossos dias. Ao contrário do
que acontece hoje, quando a arte de mas-sa, na maioria dos casos, vai ao
encontro do consumidor (...)” (idem, p.137)

Ou:
por um lado/ por outro lado/ de um lado/ de outro lado etc.

“Se, por um lado, essa preponderância do processo socioeconômico


sobre o cul-tural dificulta a solidificação da superestrutura cultural, por
outro lado atua como cor-retor e selecionador, impedindo assim que uma
superestrutura falsa – não surtida das necessidades reais da sociedade – se
mantenha por muito tempo sobre ela.” (idem, p.40)

10) Para comparar: tal como/ assim como/ da mesma forma que/ da
mesma maneira que/ igualmente/ do mesmo modo que/ tanto
quanto/ mais... menos (do) que etc.

Exemplos:
“Tais considerações são válidas igualmente para o teatro, o cinema e
as demais formas de arte.” (idem, p.99)
“A obra de arte aberta (‘vanguarda’) é a expressão, no plano da arte, do
processo dinâmico e aberto da sociedade burguesa e de sua crise
ideológica e, ao mesmo tempo, o salto para exprimir o caráter dialético
da realidade.” (idem, p.77)
“Fenômeno semelhante ocorre no campo das artes plásticas.” (idem,
p.129)

11) Para indicar a relação causa/ conseqüência: por causa de/


graças a/ em virtude de/ em vista de/ devido a/ por motivo de/
na medida em que/ porque/ uma vez que/ já que/ visto que/
conseqüentemente/ em con-seqüência de/ em decorrência de/
como resultado de/ em conclusão de/ razão/ motivo/ resultado/
conseqüência etc.

Exemplos:
“Essa é a razão por que o discurso não carrega em seu cerne uma
experiência concreta a comunicar, nada revela, não é poesia, e, a rigor, é
um falso discurso.” (idem, p.97)
“A pintura brasileira, conseqüentemente, não sofreu essa evolução,
cujos resul-tados (...) seriam adotados pelas gerações do pós-guerra.”
(idem, p.43)

12) Para indicar conclusões: portanto/ logo/ assim/ pois/ dessa


maneira/ dessa forma/ desse modo/ em suma/ em síntese etc.

Exemplos:
“O específico da obra de arte é o particular e, portanto, a experiência
determina-da, concreta do mundo.” (idem, p.77)
“Do que foi exposto, parece-nos justo deduzir que (...)” (idem, p.41)
“O que define a arte de massa é, pois, o seu raio de ação, o vasto
número de pes-soas, de todas as classes e regiões, que ela pode atingir a
curto prazo.” (idem, p.127)

13) Para indicar finalidade, objetivo: para que/ a fim de que/ com o
propó-sito de/ com a intenção de/ com o intuito de/ na tentativa
de/ visar/ ter por objetivo/ pretender/ ter em vista/ ter em mira/
propor-se a/ pro-jeto/ objetivo/ plano/ pretensão/ aspiração/
finalidade/ meta/ alvo/ intuito etc.

Exemplos:
Com o intuito de verificar algumas concepções correntes acerca do
termo ‘van-guarda’ estética, decidimos, em primeiro lugar (...)
Este trabalho visa, primeiramente, a analisar algumas concepções
correntes relati-vas ao termo ‘vanguarda’ estética.
Este trabalho tem por objetivo examinar algumas concepções
correntes acerca do termo ‘vanguarda’ estética.

14) Para indicar precisão: exatamente/ justamente/ precisamente


etc.

Exemplo:
É justamente essa noção que faltava destacar: toda arte é política no
sentido de que determina uma opção diante dos problemas concretos,
afirmando ou negando determinados valores.

15) Para explicar detalhadamente: elas podem exercer funções, tais


como as de retificar, ratificar etc.: ou melhor/ ou seja/ quer dizer/
isto é/ por exem-plo/ em outras palavras/ em outros termos/
dito de outra forma/ vale dizer etc.

Exemplo:
“Mas, por outro lado, nada impedirá que, mesmo obras voltadas para
temáticas individuais, se situem no plano da realidade política, ou seja, no
plano da atualidade.” (idem, p.142)

16) Para marcar uma relação de contrajunção, ou seja, para contrapor


enuncia-dos de orientação argumentativa contrária: mas/ porém/
todavia/ contudo/ entretanto/ no entanto/ não obstante/
embora/ ainda que/ apesar de/ apesar de que/ mesmo que etc.

Exemplos:
“O caráter esquemático da arte de massa é, no entanto, no geral,
alienante, uma vez que induz a uma visão falsa da realidade concreta.”
(idem, p.119)
“A arte de massa é, em essência, mercadoria, e nisso também ela se
define como legítimo produto da sociedade capitalista, na qual tudo se
transforma em mercado-rias. Mas é preciso atentar para o fato de que
essa transformação da arte em merca-doria não é um fenômeno restrito às
artes de massas e que ela não significa o fim da arte.” (idem, p.136)
“A posição esteticista rejeita a arte de massa como atividade não-
cultural, ou mes-mo anticultural. Não obstante, essa posição não está
infensa à existência da arte de massa e é, até certo ponto, condicionada
por ela (...).” (idem, p.138)

Obs.: A lista contendo os elementos coesivos pode ser encontrada na obra


publicada também por esta autora:
RODRIGUES, L. M. P.; BARBOSA, M. E. O.; BRANDÃO, T. S. Maneiras do dizer:
língua portuguesa no ensino médio. Pelotas: Escola de Ensino Médio Mário
Quintana, 1998. p.53-57.
.

A n á l i s e d e p r o b l e m a s d e r e d a ç

1 Em situações um pouco
tensas, como no caso de se conceder
se for uma figura pública, conhecida
na mídia, a impropriedade
uma entrevista a um meio de vocabular pode ser motivo de ironia,
comunicação, é comum o usuário da contribuindo para desqualificar sua
língua cometer deslizes, imagem. É o que observamos no
descuidando-se, muitas vezes, do exemplo abaixo:
vocabulário que emprega. Sobretudo

“A faixa etária é essa”, de Paulo Zulu. de um vocabulário


(Justificativa sobre os 5000 reais que impróprio ao
cobra só para marcar presença em contexto. Depois de
eventos de moda. Em: Revista Elle, lê-los atentamente,
ano 13, n.5, p.30, maio 2000). siga as instruções:

O uso da expressão “faixa etária” em lugar da


expressão “em média”, acerca de quanto cobrava para
se fazer presente, em eventos de moda, causou
reações polêmicas aos leitores da revista os quais se
manifestaram, através de cartas e/ou e-mails,
ironizando a declaração do modelo e ator.
Nos trechos abaixo, extraídos de redações de
alunos, percebe-se o mesmo tipo de problema – o uso
Texto argumentativo: escrita e cidadania 7
9

E l ,l e a n o 1 3 , n .5 , p .3 0 , m a io 2 0 0 0 .

a )T r a n s c r e v a a p a l a v r a / e x p r e s s ã o u s a d a i m
b )E x p li c it e o q u e o a u t o r q u is d iz e r a o u s a r
c )E x p li q u e o q u e e le r e a l m e n t e a f ir m o u .
d )R e e s c r e v a o t r e c h o p r o b l e m á t ic o , s u b s t i t
e x p r e s s ã o e a d e q u a n d o - a à in t e n ç ã o d o
a d a p t a ç õ e s in d i s p e n s á v e i s .

1) “Natureza, cultura, riqueza, liberdade, deuses, coletivismo, paz são alguns


dos muitos prejuízos sofridos pelos índios.” (assunto: questão indígena no
Brasil; ano: 2000).

2) “(...) água, este simples utensílio essencial a nossa sobrevivência, (...)”


(assunto: quan-tidade e qualidade dos recursos hídricos; ano: 2000).

3) “Penso, inicialmente, que o indivíduo, aos 16 anos, não possui condições


psicológicas para lidar com tamanha responsabilidade, já que, em tal fase, a
instabilidade emocio-nal, a impulsividade e até mesmo o desejo de
afirmação são fatores decisivos ao volan-te.” (assunto: possibilidade legal de
se dirigir aos 16 anos; carta dirigida ao editor do jornal Zero Hora – RS; ano:
1999).

4) “48, 44, 39 horas semanais. Enganam-se aqueles que ainda pensam na


redução da jor-nada de trabalho em detrimento do lazer.” (assunto: redução
da jornada de trabalho e aumento de tempo destinado ao lazer; ano: 2000).
5) “Considero injusta a forma com que os veteranos recebem os calouros;
interpreto como uma atitude infantil, indelinqüente, anacrônica e uma
verdadeira barbárie (...)” (assun-to: a prática dos trotes aos calouros nas
universidades brasileiras; carta argumentativa dirigida ao editor da FSP; ano:
1999).

6) “Dessa forma, torna-se indispensável que os universitários – tidos até então


como a mi-noria intelectualizada – dêem exemplos tão grotescos como os
dos trotes violentos.” (idem ao anterior).

7) “O vestibular, embora seja muito estressante, é um mal necessário;


portanto, convém preservá-lo e, aos poucos, ir fazendo modificações que
visem a torná-lo mais demagó-gico e menos elitista.” (assunto: Vestibular:
um mal necessário?; ano: 1999).

2 Muitas tentativas de Antes, porém, observe um


desenvolvimento do raciocínio lógico- exemplo de trecho o qual apresenta
expositivo não são bem sucedidas, defeito de argumentação, a
desencadeando defeitos de comparação inadequada (ou falsa
argumentação. Nos trechos abaixo, analogia), ou seja, um problema
escritos por vestibulandos, notam-se decorrente do fato de os elementos
problemas desse tipo. Depois de lê- de uma comparação diferenciarem-se
los, identifique-os. em algum ponto essencial da ana-
logia. Observe:
Texto argumentativo: escrita e cidadania 8
1

“ Q u e p e r t u r b a d o r le r n o M a is ! , d e 1 2 /0 3 , u m a r t ig o s o
g ia q u e a f ir m a q u e o e s t u p r o é 'n a t u r a l'! P io r a i n d a é q u e a
p é c ie h u m a n a p e lo e s t u d o d o c o m p o r ta m e n to d a s m o s c a
la r e m 'e s tu p r o ' e n t r e m o s c a s ?
A a n tr o p o lo g ia s o c ia l e c u lt u r a l já m u it o r e b a te u a id é i
t o s h u m a n o s s e r ia m d a o r d e m d a n a tu r e z a . É d e e s p e c ia l
a t u a i n c l u s i v e n o s c v o i sm t op so rc t oa mm oe nm t oa si s p r ó x i m o s d a n a t u r e z a
x u a is , d e c a s a m e n t o , n a s r e g r a s d e p a r e n te s c o , té c n ic a s
t a m e n to s v ê m a p e n a s d a n a tu r e z a , c o m o fa z e m m u it o s e s
t a n to s im p lis t a e c e g o a to d a a c u ltu r a c o n te m p o r â n e a , a o
e à r e a lid a d e s o c ia l e c u ltu r a l q u e v iv e m o s h o je . P o r
e s s e m o t iv o , d iz e r q u e o e s t u p r o é 'n a t u r a l' ( c o m o
r is c o p o lí t ic o d e ig u a la r o s e n t id o d o t e r m o 'n a t u r a l' à
p a l a v r a a ' ln ' ) o ér m i m e n s a b o b a g e m , j á q u e o c o m -
p o r ta m e n t o h u m a n o n ã o é r e g id o a p e n a s p e la s r e -
g r a s d a n a t u r e z a .”

H e lo ís a B u a r q u e d e A lm e id a , p r o fe s s o r a e d o u t o r a n d a e m
a n t r o p o lo g ia n a U N IC A M P ( C a m p in a s , S P ) .
F o n te : w w w . g e o c it ie s . c o m /m _
(F o l h a d e S ã o P a u lo , 2 9 /3 /2 0 0 0 )

1) “Resta-nos reciclar a mentalidade de boa parte da população


neste sentido, a fim de que esta supere esse complexo de
inferioridade típico de países como o Brasil, científica e
tecnologicamente atrasados.” (assunto: transgênicos; ano:
1999).

2) “Embora o avanço da tecnologia tenha grande validade para o


Brasil, isso vem causando um aumento na taxa de desemprego,
conseqüência direta do aumento da legião dos sem-terra.”
(assunto: estratégias do MST; ano: 2000).

3) “Portanto é necessário que o governo tome medidas urgentes a


fim de solucionar este momento caótico pelo qual estamos
passando.” (assunto: estratégias do MST; conclusão de uma
dissertação; ano: 2000).
IstoÉ,
30/6/2001
4) “Com essa possível mudança da emancipação da Metade Sul do Estado, a
região extremo sul será beneficiada uma vez que está praticamente
isolada.” (assunto: emancipação da Metade Sul do estado do RS; ano: 2000).
5) “Gostaria de lembrar-lhe que um estudante será um profissional no futuro;
um aluno que ‘cola’ para passar de ano não sabe a matéria e se tornará
relapso em sua profissão.” (assunto: o uso da ‘cola’ nos estabelecimentos de
ensino; carta dirigida ao senhor Groppa Aquino; ano: 2000).

6) “Não se trata de questionar dogmas religiosos, mas sim de resolver um


gravíssimo pro-blema, principalmente com a população de menor poder
aquisitivo que constitui a 4ª causa de mortalidade materna.” (assunto:
planejamento familiar; ano: 2000).

7) “A raça negra não é mais escrava, merecendo direitos iguais, inclusive o de


igualdade social.” (assunto: racismo; ano: 2000).

8) “Salienta-se ainda que os usuários de drogas não precisariam ir aos postos


de saúde à procura de kits descartáveis, em virtude de serem vítimas da
discriminação e estigma-tismo.” (assunto: Projeto de Redução de Danos, da
Secretaria Municipal da Saúde de POA – troca de seringas usadas pelos
dependentes por novas para evitar doenças; ano: 1998).

9) “Por tudo isso, é imprescindível uma reflexão sobre o assunto dos jovens,
que são o fu-turo do país.” (assunto: avaliação sobre os 10 anos de criação
do ECA; ano: 2000).

10) “Na certeza de que Vossa Excelência considerará meu apelo, e lembrando-
lhe serem as crianças o amanhã da Nação, despeço-me.” (idem ao anterior;
carta argumentativa diri-gida ao ministro da Justiça).

11) “Por outro lado, fico ‘pasma’ ao ver crianças que deveriam estar na flor da
inocência (...)” (idem ao anterior).

12) “Inicialmente, cabe ressaltar que a discriminação social,


aliada à falta do auxílio da família são fatores
determinantes a tal problemática. Ademais, falta de
escola também contribui para o agravamento da
situação.
Importa enfatizar, ainda, que tais fatores
acarretam não só a cometer estupros, como também
atos sádicos, demonstrando a revolta pela situação em
que vivem.” (assunto: violência urbana; ano: 2001).
Zezé Mota: "Há preconceito até nas relações afetivas. Já desisti de
casar com rapaz branco por causa da pressão da família dele."
(IstoÉ, 17/6/96)

3 Há determinados critérios tais


co-mo a escolha adequada dos
termos em um texto, a ordem em que
eles estão dispos-tos, a estrutura
Texto argumentativo: escrita e cidadania 8
3

gramatical nele utilizada, entre No trecho abaixo, cujo autor é


outros, os quais necessitam ser se- Ale-xandre Garcia, o jornalista usou a
guidos para se garantir a coerência expres-são “sic” para evidenciar uma
tex-tual, além, é claro, da incoerência devida à impropriedade
compatibilidade en-tre o “mundo do vocabular. Dessa forma, ele se
texto” e o “mundo real” (relação isentou da responsabilidade do uso
intra/extratextual). inadequado de um termo, no caso,
o verbo penalizar. Observe:

I s t o É , 2 3 / 5 / 2 0 0 1 . D e s e n h o d e A r o e ir a .
" A g o r a , p o r fa lta d e p la n e ja m e n to d o G o v e r n o , o s c
b u in te s v ã o p a g a r. É e c o n o m iz a r e p a g a r o u a p a g a r. O G
a le g a q u e o p la n o é ju s to , p o r q u e a liv ia o s m a is p o b r e s e p
( s ic ) o s m a is r ic o s . S e r á ? "

D e p o is , o jo r n a lis t a c o n tin u a :

" S e é p a r a o p la n o s e r ju s to , e n tã o q u e s e p u n a ( o u p e
c o m o o G o v e r n o u s a , s e m c o n h e c e r b e m a lín g u a p o r tu g
r e s p o n s á v e l p e la fa lt a d e e n e r g ia : o q u e n ã o p la n e jo u ( . ..)
c o r te a e n e r g ia d o G o v e r n o ."

( D iá r io P o p u la r, 2 2 /0 5 /0 1 )

A troca do verbo penalizar, Leia os trechos abaixo,


que significa causar pena ou extraídos de redações de alunos, e
desgosto; afligir, desgostar, pelo explique o porquê da incoerência.
verbo punir ocasionou, neste caso, a Quando possível, proponha
incoerência. mudanças.

1) “Hoje em dia a maior preocupação de todos os governos é o desemprego


que, no Bra-sil, é o maior problema na atualidade, pois ele é o centro de
tudo.” (assunto: desem-prego; ano: 1999).

2) “(...) consiste na falta de informações dos cidadãos, uma vez que não
existem campa-nhas as quais visem ao esclarecimento da população sobre o
possível contágio de doen-ças sexualmente transmissíveis, inclusive sobre a,
muitas vezes, impiedosa gravidez.” (assunto: iniciação sexual precoce entre
os brasileiros; ano: 2000).

3) “Na verdade, as formas femininas, atualmente, têm-se distanciado de sua


real função: virtude de gerar uma criança.” (assunto: topless: direito ou
desonra da mulher?; ano: 2000).

4) “(...) porém espero que as pesquisas avancem e, num futuro próximo,


consigamos grandes resultados, tanto na área da Saúde quanto na
alimentícia.” (assunto: transgêni-cos; ano: 1999).
5) “Também nas instituições de ensino devem-se mostrar os riscos de
contaminação de várias doenças, além de gravidez precoce.” (assunto:
iniciação sexual precoce; ano: 2000).

6) “Na minha opinião, acredito, (...)” (assunto: o uso da ‘cola’ nos


estabelecimentos de en-sino; carta dirigida ao senhor Groppa Aquino; ano:
2000).

7) “Considero, no meu entender, (...)” (idem ao anterior).

8) “Ao ler sua relevante declaração sobre o comportamento de consumidores de


baixo po-der aquisitivo, resolvi escrever-lhe por considerar sua análise
superficial e preconcei-tuosa.” (proposta da UFPel/98; assunto: hábito de
consumo das classes menos abasta-das; comentário: “Pobre gosta de sofrer aos
poucos”).

9) “Logo, tanto a privacidade e os valores individuais quanto as vantagens do


conheci-mento do genoma devem ser inseridos em uma mesma conjuntura,
como intuito de de-senvolvimento não só do indivíduo como da população (...)”
(assunto: genoma; ano: 2000).

10) “De acordo com pesquisas realizadas pelo IBGE, uma elevada porcentagem da
popu-lação brasileira acredita em um conceito inovador de ‘família’; para tais
entrevistados, esta não precisa ser necessariamente composta por pai, mãe e
filhos, vivendo sob o mesmo teto; uma pessoa que vive só, com um animal de
estimação, pode considerar-se vivendo em uma instituição familiar.” (assunto:
perfil da família no novo milênio; ano: 2000).

11) “É inegável que não existam conflitos, violência, em um país no qual as


diferenças soci-ais são alarmantes (...)” (assunto: violência urbana; ano: 2000).

12) “As escolas deveriam conversar mais com os alunos até com os que estão
terminando o 2º grau.” (assunto: a prática dos trotes aos calouros nas
universidades brasileiras; ano: 1999).

13) “O problema da saúde, no Brasil, é, portanto, gerado pela péssima


administração do orçamento.” (assunto: saúde pública no Brasil; ano: 1998).

14) “Durante seu desenvolvimento, a criança recebe influências racistas de vários


locais tais como as inocentes histórias infantis, onde a princesa, o herói, o
príncipe sempre são de cor branca.” (assunto: racismo; ano: 1999).

15) “Embora se estabeleçam juros altos, há a maciça escolha em adquirir bens a


prazo, pois muitos consumidores vêem-se absolutamente coagidos a fazê-lo à
vista, uma vez que seus salários não condizem com a realidade de consumismo
exorbitante.” (assunto: Pobre gosta de sofrer aos poucos – sobre o fato de se
comprar em prestações; ano: 1998/UFPel).
Texto argumentativo: escrita e cidadania 8
5

16) “Além disso, acaba ocorrendo também uma redução do número de


trabalhadores, sem-do que poucos conseguem manter seus empregos.”
(proposta da UFPel/98; assunto: hábito de consumo das classes menos
privilegiadas; comentário: “Pobre gosta de sofrer aos poucos.”).

17) “Assim, vemos que não somente a


irresponsabilidade no trânsito é causadora fatal
de vidas, mas também o desejo de querer bem a
si mesmo.” (assunto: alcoolismo; ano: 1998).

18) “Será ainda relevante que os pais demonstrem


vontade e esclarecimento sobre a droga, pois
poderá levar vários filhos ao consumo bem como
à dependência.” (assunto: alcoolismo; ano:
1998).
I s t o, É1 8 / 7 / 2 0 0 1
19) “Em virtude dos aspectos mencionados, somos levados a crer que o álcool
deve ser tra-tado com seriedade e urgência pelas autoridades
governamentais.” (assunto: alcoolis-mo; ano: 1998).

20) “O problema de Saúde” (título de redação; assunto: Saúde Pública no Brasil;


ano: 1998).

21) “As universidades têm liberdade para escolher seu tipo de avaliação.
Entretanto, há um fator que vem desmascarando certas ‘instituições-
fachada’, assim como descobrindo universitários dedicados e competentes –
o Provão.” (assunto: provão nas universida-des; ano: 2000).

4 Ao articularmos as idéias em
um texto, a fim de que este seja
importante para garantir a coe-
rência textual.
coerente, é necessário verificarmos Nos trechos abaixo, de
se elas têm a ver umas com as redações de alunos, um problema de
outras e observarmos o tipo de coesão acabou por interferir na sua
relação a qual se estabelece entre coerência.
elas. Também mostra-se importante, Após a leitura do exemplo que
ao retomarmos idéias nesse texto, evidencia tal problema, reformule os
cuidarmos se a retomada foi feita de trechos de forma a tornar a relação
forma correta ou não. Em ambos os coesão/ coerência adequada.
casos, o uso dos coesivos é
" C o n s id e r o q u e , p o r o u tr o la d o , a s o c ie d a d e , e m g e r a
g o s ta d e a s s is tir e s te tip o d e c e n a o n d e a c o n te c e m 'b a
r i a s ', f a z e n d o a s s im p e n se al er es m* q u e n ã o s ã o s ó q u e p
s a m p o r s itu a ç õ e s p a r e c id a s ." ( a s s u n t o : g u e r r a p e la a u d
c ia e a q u a lid a d e d o s p r o g r a m a s n a T V b r a s ile ir a ; a n o : 1 9 9

*O te r m o d e s ta c a d o n ã o p o s s u i
I s t o, É1 /1 0 / 9 7
r e fe r e n te c la r o n o tr e c h o .

1) “Ao ler uma matéria na revista Veja, que mostra seu posicionamento sobre
o futuro da sociedade, resolvi escrever-lhe por motivo de contrapor-me às
mesmas.” (assunto: re-dução da jornada de trabalho e aumento do tempo
destinado ao lazer; ano: 2000).

2) “Todo menor deve ter direito à educação, à saúde e à vida digna, segundo a
Decla-ração Universal dos Direitos da Criança. No entanto, as imagens
observadas na mídia e os dados expostos no encontro, na Suécia, revelam
uma realidade assustadora na qual se notam a exploração da mão-de-obra
infantil e o uso desses indivíduos em guerras.” (assunto: violação dos
direitos das crianças; ano: 2001).

3) “As universidades federais são propriedade do povo, pois eles pagam


impostos ao go-verno para que este administre os bens sociais.” (assunto:
privatização das universida-des públicas brasileiras; ano: 1999).

4) “A iniciação sexual precoce, sem a devida maturidade para prevenir-se de


forma ade-quada, pode acarretar uma gravidez precoce. Esta, portanto, leva
ao abandono dos es-tudos, comprometendo a futura qualificação
profissional, especialmente das meninas.” (assunto: iniciação sexual
precoce; ano: 2000).

5) “Um país que enfrenta tantos problemas na Saúde, ainda tem que ‘lutar’
contra os re-médios, denominados como crime hediondo.” (assunto:
falsificação dos remédios; ano: 1998).

6) “Alguns carcerários são injustamente colocados em um mesmo nível


criminal. Porém, acabam cometendo os piores crimes com seus colegas de
cela.” (assunto: reforma car-cerária; ano: 1999).

7) “Este fato marca a culpa governamental, já que este raramente investe em


campanhas de prevenção.” (assunto: maternidade precoce; ano: 2000).

8) “Vossa Senhoria há de convir que, se forem penalizados pelo ECA, os pais


desses jo-vens serão responsabilizados, embora caiba àqueles a punição por
Texto argumentativo: escrita e cidadania 8
7

um crime praticado por estes.” (carta argumentativa dirigida ao editor da


Folha de São Paulo; assunto: ma-ioridade/menoridade penal; ano: 1999).

9) “Para a globalização se efetivar, é preciso que


os donos do capital diminuam o lucro, invistam
na especialização para ingressá-la no mercado
tecnológico.” (assunto: globalização; ano:
1999).

“Os Estados Unidos, os países da União Européia e a Rússia lançaram na


atmosfera 382 bilhões de toneladas de dióxido de carbono nos últimos cinqüenta
anos, quantidade superior às emissões de todos os demais países.” (Veja, 1/8/2001,
Imagem: IstoÉ, 1/8/2001.

5 A clareza é uma qualidade produção de um texto que


textual que consiste em expressar as comprometem o seu entendimento.
idéias de forma a torná-las facilmente Eis alguns deles: obscuridade,
compreensíveis ao leitor. Muitas ambigüidade e falta de
vezes, a falta de clareza pode ser um paralelismo (gramatical ou
recurso intencional; no entanto, semântico).
existem alguns “desvios” na

" M e u p r o fe s s o r d e F ís ic a é d o tip o b o n itã o . N o a n o p


q u e s e m p r e s o n h a v a c o m i g o . A q u i l o m ee l be a l a n ç o u , m a s
S ó qeul e c o m e ç o u a m e p r e s s io n a r, p e d ia p a r a e u ir a t é
n h a m ã o t o d a v e z q u e t in h a u m a c h a n c e . N o c o m e ç o , g o
c o la m o r r e n d o p o r c a u s a d o p r o fe s s o r e e le c o r r e n d o a t r á
d o e s tá v a m o s s o z in h o s n u m a s a la , e le t e n t o u am e b e ija r
u m m o t e l. E s t a v a m e io a p a ix o n a d a , m a s c o m e c e i a fic a
b o a , c o m e c e i a ir m a l n a s a u la s , f iq u e i d e r e c u p e r a ç ã
c o n s e g u ia p r e s t a r a t e n ç ã o n a a u la d e le d e je ito n e n h u m
c a s a . M e u p a i fic o u f u r io s o ! Q u e r ia ir à p o líc ia , fa la r c o m
e s c â n d a lo . E u im p lo r e i p a r a e le n ã o fa z e r n a d a . D e p o is
e s t u d a r e p a s s a r d e a n o .”

( R e v is ta C a r in h o )

No texto acima, o ao uso do termo “ele”, sublinhado no


entendimento é prejudicado devido
texto, pois ora tal termo re-mete ao e explique por que as idéias
namorado, ora ao professor de Física. dificultam a compreen-são ao leitor.
Analise os trechos abaixo,
frag-mentos de redações de alunos,

1) “Como exemplo temos a morfina, usada para combater a dor que, aos
poucos, está sendo substituída pelo samário – 153.” (assunto: uso da energia
nuclear [área médica]; ano: 2000).

2) “Além disso, a energia nuclear provoca a destruição das células e


queimaduras (...)” (assunto: uso da energia nuclear; ano: 2000).

3) “Não podemos também deixar de falar nas emissoras de tevê, pois a


influência delas sobre os adolescentes, que apresentam programas
altamente erotizados em horários inadequados, incentivando, assim, a
relação sexual precoce.” (assunto: iniciação sexual precoce; ano: 2000).

4) “Torna-se necessário, portanto, que o governo, a sociedade e a imprensa se


unam em torno de objetivos comuns, evitando o desperdício de alimentos, o
alcance de uma dis-tribuição de renda mais justa, geração de mais empregos
(...).” (assunto: Dar ou não esmolas? ano: 2000).

5) “Na minha opinião é um absurdo permitir que se repitam os ‘espetáculos’ de


violência e humilhações que vêm ocorrendo todos os anos cada vez que
grupos de estudantes ingressam na universidade. Além disso, é preciso
pensar nos traumas psicológicos das vítimas, isso quando estas não estão
mortas, o que de fato já ocorreu mais de uma vez.” (assunto: a prática dos
trotes aos calouros nas universidades brasileiras; carta ar-gumentativa
dirigida ao editor da FSP; ano: 1999).

6) “Em se tratando de fome, temos como grande culpado os milhares de grãos


que estra-gam nos armazéns governamentais e particulares os quais, em
decorrência disso, são jogados fora.” (assunto: desperdício do dinheiro
público; ano: 1999).

6
Um problema bastante gerúndio ou do infinitivo, en-tre
comum en-contrado em redações de outras formas gramaticais utilizadas
alunos diz res-peito à incompletude para se estruturar as frases.
da frase, ou seja, a idéia pretendida O trecho abaixo, parte de uma
pelo autor é abandona-da e a carta de leitor, extraído do jornal
inteligibilidade torna-se comprome- Diário Popular, de 30/11/97,
tida. Muitas vezes, tal problema é apresenta algumas frases
decor-rente da pontuação fragmentadas, ocasionando difi-
inadequada, do uso impróprio do culdades de entendimento ao leitor.
Texto argumentativo: escrita e cidadania 8
9

Observe:

" E m r e s p o s ta a o c o m e n tá r io d a c o
d o s P a g o s d e D o m in g o ( 2 3 / 1 1 /9 7 ) , q u e
E m : H is t ó r i a s e L e n d a s d o B r a s il

P ix u r u m a o m u x ir ã o .
A n a lis a n d o a a tu a l s itu a ç ã o f in
I l u s tr a ç ã o : J . L a n z e lo t t i.

E s t â n c i a T h o m a z i a n a , n ã o f o i
p a tr o n a g e m a n t e r io r , e s im p e la a tu a l.
P o is , c o m o s a b e m o s , a p a tr o n a g
a d q u ir iu im ó v e is n o v a lo r s u p e r io r a 5
p a g o s .”

Agora, leia os trechos abaixo, extraídos de redações, e reescreva-os,


atribuindo-lhes coerência.

1) “Tendo acompanhado, através da imprensa, divulgações importantes sobre


a violência nas escolas, fato que decorre, em parte, de uma política adotada
que mascara o contin-gente juvenil, uma vez que a maioria dos jovens não
possui perspectivas de um futuro digno e promissor.” (assunto: violência
juvenil; ano: 2000).

2) “Resolvi, por essa razão, manifestar-lhe meu posicionamento. Distinguindo,


com clare-za, situações de violência em que o meio se torna propício (...)”
(idem ao anterior).

3) “Saliento-lhe que, em certos casos, compreende-se a revolta e a violência


desses jo-vens. Já que a desigualdade social acirra a falta de oportunidades
de ascensão social.” (idem ao anterior).

4) “Por sua vez, essa sociedade que omite informações aos jovens, assiste
filmes eróticos, novelas em que o sexo está sempre presente.” (assunto:
influência da mídia X mater-nidade precoce; ano: 2000).

5) “O jovem brasileiro tem passado por alguns problemas. Entre eles, destaca-
se o alcoo-lismo que, lamentavelmente, afeta 20% destes. Tornando-se,
assim, para vários, um ví-cio preocupante.” (assunto: o alto índice de
alcoolismo entre os jovens; ano: 1999).

6) “Ao tomar conhecimento do projeto de lei de autoria de Vossa Excelência, o


qual trata da relevante questão do direito à realização do aborto legal, pelo
SUS, por duas razões: em caso de estupro e em caso de risco de vida da
mãe.” (carta argumentativa dirigida a um congressista; assunto: aborto; ano:
1999).

7) “A justiça; é feita até para os corruptos.” (assunto: impunidade; ano: 2000).

7 Se compararmos a relação
fala/ escrita, nas mais diversas
numa de escrita. Igualmente, na
escrita, numa situação for-mal,
situações do cotidiano, perceberemos devem-se evitar construções da mo-
que não se fala como se escreve, não dalidade da fala.
se escreve como se fala, assim como Nas frases abaixo, extraídas
não se fala nem se escreve da de redações de alunos, notam-se
mesma maneira em todas as oca- estruturas e escolha do vocabulário
siões. próprias da linguagem falada
Logo, o que é perfeitamente informal, modalidade não acei-ta em
acei-tável numa situação de fala, em provas de redações de vestibulares.
situação informal, pode não o ser Observe:

" I s s o n ã o l e v a a n a d a .”
" I s s o n ã o a j u d a a s d i f ic u ld a d e s .”
" N o s e u t e x t o , a s e n h o r a d iz q u e ( . . . ) ”
" E c o m o is s o p o d e s e r a c e i t o n o m e i o
f o r a d e le p o d e d a r a t é c a d e i a ? ”
" O s p o l í t ic o s n ã o f a z e m n a d a p a r a l e v a

Agora, leia os trechos abaixo e proponha mudanças para melhorá-los,


adaptando-os à modalidade escrita culta.

1) “Foram meses sem ninguém descobrir nada. Quando foi descoberto o


escândalo, a mídia foi atrás, o povo também, mas, apesar de tudo, os dois
senadores renunciaram.” (assunto: renúncia dos ex-senadores ACM e
Arruda; ano: 2001).

2) “Em conseqüência desse ato, houve muita especulação sobre uma possível
manipulação política e o incentivo à compra e venda de votos, mas desta vez
não passou em branco este fato irresponsável.” (idem ao anterior).

3) “Primeiramente, gostaria de dizer que estou indignado (...)” (assunto: trote


nas univer-sidades; ano: 2000).
Texto argumentativo: escrita e cidadania 9
1

4) “Não vejo mal nenhum em pintarem os alunos, fazerem eles correr e coisas
deste tipo.” (idem ao anterior).

5) “É lamentável que os telespectadores tenham que assistir programas sem


conteúdo in-formativo e cheio de baixarias, como é o caso do Gugu.”
(assunto: guerra pela audiên-cia e a qualidade dos programas televisivos;
ano: 1999).

6) “De todo modo, o único jeito de diminuir (...)” (idem ao anterior).

7) “Essas ONGs estão fazendo um grande bem social.” (assunto: influência do


terceiro se-tor em nossa sociedade; ano: 2001).

8) “É preciso tornar mais fácil a solução dos problemas (...)” (idem ao anterior).

9) “Isso sem falar na falta de ética e vergonha na cara de nossos políticos, que
só pensam neles.” (assunto: ética e política; ano:
2000).

10) “Quando se fala em drogas (...)” (assunto: alcoolismo


entre os jovens; ano: 2000).

11) “Há muitos jovens que começam a beber na noite,


exageram na bebida, sem pensar que isso pode virar I s t o, É8 / 8 / 2 0 0 1
uma grande tragédia.” (idem ao anterior).

12) “Se isso que foi citado for feito, a saúde já irá dar uma boa melhorada.”
(assunto: saú-de pública no Brasil; ano: 1999).

13) “(...) porque, se continuar como está, muitos, com alto potencial, poderão
ficar de fora da sociedade.” (assunto: desemprego; ano: 2000).

14) “O ECA deveria trabalhar em cima do dever escolar para menores de rua
(...)” (assunto: 10 anos de criação do ECA; ano: 2000).

15) “O problema é que o estatuto muitas vezes inexiste na prática, a maioria dos
artigos do texto legal não saem do papel.” (idem ao anterior).
P r o p o s t a n º 1
O jornal Folha de São Paulo publi- especialistas nas áreas educacional e
cou, em 18/10/99, uma reportagem jurídica.
contendo o relato de um leitor, 14 Após a leitura da coletânea, es-
anos, Paulo (nome fictício; ver creva uma carta argumentativa
“observação”), segundo o qual está dirigida ao aluno Paulo ou ao diretor da
sendo expulso da escola onde estuda escola, manifestando-se acerca da
em razão do preconceito de que tem acusação de preconceito alegada
sido alvo. pelo aluno e da postura adotada
Além do depoimento do leitor, a pela direção do estabelecimento.
Folha publicou uma entrevista com o Além das informações contidas na
diretor da escola envolvida, coletânea, você poderá utilizar outras
depoimentos de alunos da própria que julgar pertinentes.
instituição, assim como de Ao assinar sua carta, use apenas
as iniciais de seu nome.
Texto argumentativo: escrita e cidadania 93

( E mF o: l h a t e e n , s u p le m e n to d o j o r n Fa ol l h a d e S ã o P a u lo )

O b s P . :o r q u e o s n o m e s d o s p e r s o n a g e n s d a e s c o la fo r a m o m
d a R e d a ç ã o
E x c e p c i o n a l m e n t e , n eF s o t lah ar e p o r t a g e m , a to m o u a
v á r io s d o s e n tr e v is ta d o s , o q u e n ã o é p r á tic a d o jo r n a l. M u ito
ç õ e s p u b lic a d a s s ã o s e m p r e id e n t if ic a d o s , s a lv o o s c h a m a d o s
p e d e o a n o n im a to e h á r e le v â n c ia jo r n a lís tic a p a r a q u e e s s e p r
N e s t a r e p o r t a g e m , c u jo a s s u n t o é d e lic a d o e p o lê m ic o ,
p e r s o n a g e n s c e n t r a i s d d i ro e ct oa r s do o c oa l éu gn io o e n ã o fo ra m r e v e la d o
e xc l u s i v o d e p r e s e r v a r a i m a g e m d o e s t u d a n t e , q u e t e m m e n o s
R e v e la r o n o m e d o c o lé g io o u d o d ir e t o r p o d e r ia le v a r
p o s s ív e is s itu a ç õ e s d e c o n s tr a n g im e n to p a r a o e s t u d a n te e p
fo r a m a s p r e o c u p a ç õ e s d o jo r n a l a o o p t a r p o r m a n te r n o a n o n i
Silvia Ruiz
da Reportagem Local

No início do ano, Paulo, 14, da apesar de ser um bom aluno, Paulo


oitava série de um colégio particular criou um problema para Marcelo.
da zona leste de SP, declarou sua Em sua defesa, Paulo diz que
paixão por Marcelo (nomes fictícios), pode até ter causado um problema,
16, aluno do ensino médio da mesma mas afirma que não conseguiu agir de
escola. A partir daí, a vida dos dois vi- outra forma. “Eu vi Marcelo há dois
rou um inferno. anos e fiquei apaixonado. Este ano
A história correu o colégio, e resolvi me abrir.” Ele vê exagero e
Marcelo passou a ser alvo de gozação precipitação na possível decisão da
por parte de seus amigos. Para Paulo, escola de expulsá-lo. “Por que a dire-
a situação ficou ainda pior. Segundo ção não expulsa os garotos que estão
ele, alguns alunos passaram a ame- fazendo a gozação?”
açá-lo, e a direção convocou seus Especialistas em Educação e
pais para pedir que o tirassem da es- advogados ouvidos pela reportagem
cola. questionam a atitude do colégio. Se-
O estudante acha que tudo não gundo eles, esse tipo de expulsão vai
passa de preconceito contra ele. “O contra as tendências modernas de
que eu fiz, mostrar o meu amor, me Educação.
apaixonar, é algo que qualquer me- “Esse caso mostra, principal-
nina ou menino da minha idade está mente, a incompetência educativa
cansado de fazer. Mas, como eu sou dessa escola”, diz Rosely Sayão, psi-
diferente, tenho de guardar isso em cóloga e colunista da Folha. Segundo
segredo ou me torno um problema”, ela, o papel dos educadores hoje é
diz o estudante. ensinar os alunos a conviver com a di-
versidade. “O que essa escola está
Para a direção do colégio, não
se trata de preconceito. Para o diretor,
fazendo para tornar seus alunos cida- “Esse é um caso muito delicado, e,
dãos?” para avaliá-lo, seria preciso que
houvesse um processo. É difícil
O advogado Luiz Alberto David
delinear até onde vai o interesse indi-
Araujo, professor de Direito Constitu-
vidual de uma pessoa e o da
cional, da PUC-SP (Pontíficia Univer-
coletividade. É preciso ver se essa
sidade Católica) e do ITE (Instituto
atitude do garoto está prejudicando o
Toledo de Ensino), concorda com Ro-
direito dos outros de estudar. Apenas
sely. “A escola passa um atestado de
o fato de ter declarado seu afeto e ser
incompetência em relação a um tema
homossexual não é motivo de
presente na sociedade. Em princípio,
expulsão.”
ela tem de manter a disciplina, mas
eliminar o problema, em vez de lidar Segundo ele, as escolas parti-
com ele, não resolve nada. Essa não culares têm o direito de expulsar um
é uma questão de direito, mas sim de aluno quando julgam que ele atrapa-
pedagogia.” (...) lha a coletividade. “Há regras que são
subjetivas. Mas, se os pais ou o aluno
O promotor da Infância e
consideram que há abuso por parte da
Juventude, Giovane Serra Azul, diz
escola, podem buscar o apoio da Jus-
que nunca viu um caso como esse.
tiça.”
" Is s o tu d o é r id í c u lo . Q u e r
d iz e r
q u e o o u tr o g a r o to n ã o
s a b e s e d e f e n d e r s o z in h o ? S
e le n ã o q u e r n a d a c o m o
"T o d o m u n d o n a e s c o la P a u lo , e le d e v ia s e e n te n d e r
s a b e q u e e s s e m o le q u e é c o m e le ."
b ic h a e f ic a a s s e d ia n d o o M a r in a ( n o m e fic tíc io ), 1 4
o u tr o . S e fo s s e c o m ig o , já
tin h a d a d o u m a p o r r a d a
n a c a r a d e le . "
C lá u d io ( n o m e fic tíc io ), 1 5
" T o d o m u n d o c o m e n t a
e s s a h is t ó r ia n a e s c o la ,
m a s n ã o d e v e r ia le v a r à
" E s s e m e n in o n ã o te m o
e x p u ls ã o . G o s ta r d e
m e n o r d ir e ito d e fic a r e x p o n d o
a lg u é m n ã o é m o tiv o p a r a
o s o u tr o s . S e e le g o s ta d e
m a n d a r e m b o r a ."
a lg u é m q u e n ã o é h o m o s s e -
x u a l, d e v e r ia fic a r n a d e l e A. " d r i a n a ( n o m e f i c t í c i o ) , 1 5
P a u la (n o m e f ic t íc io ) , 1 4

Folha – O que o levou a escrever para o Folhateen?


Texto argumentativo: escrita e cidadania 95

Paulo – A minha escola disse que eu não vou poder estudar lá no ano que
vem. Acho que estou sendo alvo de preconceito porque sou homossexual.
Folha – Por que a direção da escola quer que você saia?
Paulo – Eles falaram comigo e com os meus pais e disseram que eu deveria
sair porque estava incomodando o garoto por quem eu sou apaixonado. A escola
acha que eu sou um problema. Eles são preconceituosos e moralistas.
Folha – Você acha que de fato incomodou o garoto?
Paulo – No início do ano, mandei uma carta para ele e me declarei. Também
disse para as minhas amigas que gostava dele. Aí, todos na escola ficaram saben-
do, ficou uma pressão sobre ele. Acho que isso poderia até incomodar.
Folha – E qual foi a atitude da escola?
Paulo – A minha orientadora pediu para que eu parasse de procurá-lo.
Também disse que eu deveria passar a entrar na escola pela secretaria, subir para a
classe depois que os outros alunos já tivessem subido e que não poderia ir à
cantina. Ela chegou a dizer que os pais dos meninos mais novos poderiam ficar com
medo que eu fosse abusar deles no banheiro da escola. Ela também chamou os
meus pais e contou tudo a eles e recomendou que eu fizesse terapia. Ela me
considera um problema, e a escola não quer problemas.
Folha – E o que você fez?
Paulo – Fui fazer terapia. Acho que é bom até para eu me conhecer melhor e
aprender a lidar com toda essa situação. Mas acho que, mesmo que quisesse, não
conseguiria deixar de gostar dele. Algumas vezes, liguei para a casa dele e disse
que gostava dele, mas ele nunca disse claramente que não gostava de mim. Eu
acho que tenho o direito de expressar o meu amor por ele. Acho que isso é algo que
a gente deve resolver entre a gente, sem a interferência da escola. Quanto aos
outros alunos, disse que eu não sou um maníaco, não vou atacar nenhuma criança.
Folha – O que você acha que a escola deveria fazer nesse caso?
Paulo – Acho que eles deveriam conversar comigo, mas não tirar nossa liber-
dade. A posição da escola deve ser de orientar, não de expulsar. E, se eu fosse uma
menina, a mãe dele (do outro garoto) estaria feliz, a escola iria proteger a situação.
A escola, como educadora, deveria fazer com que os dois fossem respeitados e
prote-gidos. Eles deveriam agir em cima de quem goza com a cara dos outros, não
de mim e do garoto que eu amo.
Folha – O que você pretende fazer para resolver o problema?
Paulo – Meus pais não querem levar isso muito longe, não querem se expor.
Meu pai acha que a gente teria de ter dinheiro para fazer alguma coisa.
Folha – Você se sente discriminado pelos colegas?
Paulo – Há vários alunos que dizem: “Você vai morrer”. Há preconceito da
parte de alguns, a maioria não me aceita, mas muitos me respeitam.
Folha – Você gostaria de permanecer na escola, mesmo achando que há
preconceito contra você por parte da direção?
Paulo – Acontece que eu gosto da minha escola, dos meus amigos e sou um
bom aluno. Se eu for para outro lugar, vou ter de me adaptar. Não é que eu tenha
medo, mas sempre penso: “Como os alunos de uma nova escola iriam me olhar?”.
Eu quero continuar, apesar de tudo o que está acontecendo. Quero fazer algo para
mudar a mentalidade da escola, que não gosta de tocar nesse assunto, assim como
em outros, como drogas e sexualidade. Tudo o que provoque o senso crítico dos
alunos é sempre evitado.

Folha – Quando um aluno dessa escola pode ser expulso?


Diretor – Quando ele não se adapta às normas da escola, os pais são avisados,
depois pode haver um conselho de classe. Tentamos evitar o máximo possível a expul-
são porque é uma marca que o aluno leva para o resto da vida.
Folha – O Folhateen recebeu a carta de um aluno, Paulo, que diz que vai ser
expulso dessa escola porque é homossexual.
Diretor – Ele é bonzinho, inclusive é assumido. O problema é que o outro aluno
está sendo gozado. Esse aluno não cria problema nenhum, apenas há o constrangi-
mento do outro.
Folha – Ele causa algum tumulto na escola?
Diretor – Ele me parece que tem boas notas, mas cria um pouco de gozação por
parte dos colegas.
Folha – Por que ele seria expulso, então?
Diretor – No ano que vem ele iria para o mesmo prédio (do outro garoto), eles se
encontrariam no recreio, e haveria aquela gozação dos outros colegas. O problema é
por aí. Se ele fosse assumido, mas ficasse no seu cantinho, não haveria problema. O
problema é a gozação com a vítima, que se sente muito mal. Não é propriamente pelo
fato de ser homossexual. Mas isso (a expulsão) vai ser decidido no conselho de classe
no final do ano.
Folha – Segundo ele, as orientadoras da escola disseram que alguns pais
teriam medo de que ele assediasse crianças.
Diretor – Disso eu não tenho conhecimento.
Folha – Há alguma forma de essa decisão mudar?
Diretor – Não está decidido. Geralmente, se os orientadores apresentam todos
esses fatos, os professores (do conselho de classe) seguem mais ou menos a orien-
tação dos orientadores.
Folha – A escola pode estar sendo preconceituosa?
Diretor – Não sei, aqui não tem muito disso. O nível é alto, os alunos vêm mais
para estudar, não são alunos que vêm criar problemas.
Folha – Mas, se fosse uma menina, aconteceria o mesmo?
Texto argumentativo: escrita e cidadania 97

Diretor – Meninos e meninas apaixonados há centenas. Isso é o pão nosso de


cada dia. O nosso lema é, dentro da escola, amizade, muita amizade, e apenas ami-
zade.
Folha – Esses garotos que estão fazendo gozações estão sendo amigos?
Diretor – A gente não é dono da cabeça de cada aluno. Entre alunos dessa ida-
de, gozação, essas coisas, são normais. Não sei até que ponto (a gozação) é muito
acentuada. Apenas o que ouvi falar, via orientadoras, é que seria um pouco perigoso ele
ir para o colegial junto com o outro.
Folha – Ele está sendo ameaçado de ser mandado embora da escola pelo
fato de ter declarado que gosta de outro menino?
Diretor – Sim, claro. Para não ter de ser expulso, o que seria ruim para ele, o ide-
al seria que os pais decidissem retirá-lo da escola, para evitar o constrangimento de o
conselho de classe decidir.
Folha – Então a solução não seria mandar o outro menino embora da esco-
la?
Diretor – O outro é a vítima, um menino perfeitamente normal.
Folha – O senhor acha que o Paulo não é normal?
Diretor – A homossexualidade é considerada uma anormalidade que precisa ser
respeitada, isso, sim. Ele não tem culpa nenhuma. Ele nem gostaria de ser assim. Que
culpa ele tem? Mas normal, normal... Como diz a Bíblia, Deus criou o homem e a
mulher, não criou um intermédio entre eles.
Folha – O senhor não acha que a expulsão seria traumática para ele?
Diretor – Acho que sim, mas nós temos também que ver o conjunto do colégio.
Folha – Não haveria outro jeito de solucionar o caso?
Diretor – Não sei. O conselho de classe é que vai decidir.

P r o p o s t a n º 2

O terceiro setor da economia mais diversos setores – educação,


reúne ações de entidades diversas – saúde, meio ambiente etc.
ONGs, instituições filantrópicas, Após a leitura da coletânea,
fundações, entre outras –, assim posicione-se em um texto
como o trabalho individual ou em dissertativo-argumentativo,
grupo, sem fins lucrativos, realizado, acerca do assunto, avaliando a
em muitos casos, através de volun- eficiência/não-eficiência do
tários. terceiro setor nos aspectos
Tais atividades vêm econômicos, sociais e políticos
despertando o interesse do Poder de nossa sociedade.
Público e da comunidade em geral Além das informações
pelo efeito do trabalho realizado nos contidas na coletânea, você poderá
utilizar outras que julgar adequadas ao tema.

Terceiro setor: nova utopia social?

O terceiro setor congrega organizações sem fins


lucrativos, cujas receitas podem ser geradas em suas atividades
operacionais (auto-sustentação), mas, em sua grande maioria,
se originam de doações, feitas por particulares, pelo setor
privado e pelo Governo.
Por essas características, os estudiosos do setor estão
substituindo a terminologia “organizações não-lucrativas” por
uma designação mais ampla. Elas hoje são categorizadas como
organizações da sociedade civil (OSCs).

Longe de ser uma utopia, o terceiro de criação de


setor é uma surpreendente e vibrante rea- novos postos
lidade nas economias modernas. Um es- de trabalho.
tudo comparativo entre sete países (Esta- A conclusão a que se chega é que,
dos Unidos, Japão, França, Alemanha, no desenho da sociedade moderna, o ter-
Reino Unido, Itália e Hungria), realizado ceiro setor aparece como que criando um
pela Johns Hopkins University, revelou que tripé sobre o qual os sistemas econômicos
a dimensão do terceiro setor nessas eco- se apoiarão.
nomias desenvolvidas é bastante significa- Nesse redesenho da sociedade,
tiva, atingindo em média 3,5% do PIB. esse tripé, formado por Governo, setor pri-
Mas é na geração de empregos que vado e terceiro setor (ou setor social), ofe-
ele ganha importância, tendo em vista a rece os meios para trabalharmos pela di-
catástrofe que a terceira revolução indus- minuição das desigualdades sociais e
trial tem causado no nível de emprego em econômicas, a fim de construir uma socie-
todos os países. Enquanto os outros dois dade mais justa. (Folha de São Paulo)
setores, Governo e privado, vêm prati-
Luiz Carlos Merege
cando um processo de exclusão sem pre- Professor titular da Fundação Getúlio Vargas (SP) e
cedentes de trabalhadores, o terceiro setor coordenador do Centro de Estudos do Terceiro Setor
vem apresentando taxas surpreendentes (CETS).

Terceiro Setor

O que é?

Pode ser definido como o conjunto de atividades das organizações da sociedade


civil, portanto, das organizações criadas por iniciativas privadas de cidadãos, com o ob-
jetivo de prestação de serviços ao público (saúde, educação, cultura, habitação, direitos
civis, desenvolvimento do ser humano, proteção do meio ambiente). Costuma-se dizer
que não têm fins lucrativos, muito embora seja melhor defini-las como organizações em
que o possível lucro é reaplicado na manutenção de suas atividades ou distribuído entre
seus colaboradores, jamais sendo apropriado por um dono ou proprietário. Alardeado
Texto argumentativo: escrita e cidadania 99

como um novo setor da economia na mais franca expansão, pode ser o equilíbrio bus-
cado entre as atividades capitalistas – por gerar empregos – e as de assistência social –
por não ter o lucro como meta principal, mas o bem-estar da sociedade, neste proble-
mático final de milênio para as economias tradicionais.

O b s O. : s d o i s p r i m e i r o s f r a g m e n t o s f o r a m e xA t pr ar eí d n o d s i z d de o D I M
f u t u : rc o i d a d a n i a h o j e e a m a n h ã . S ã o P a u l o : Á t i c a , 1 9 9 8 . p . 8 2 e

As organizações não- direitos humanos, trabalham na construção


governamentais brasileiras dos direitos de cidadania, atuam no desen-
volvimento de práticas de intervenção so-
e o Fórum Social Mundial cial.
2001 Pela natureza do seu trabalho, tais
organizações não se pretendem como
substitutas da ação do Poder Público. As
As organizações não-governamen- ONGs não são universais nos seus servi-
tais – ONGs vêm ganhando visibilidade e ços, não têm representatividade pública,
reconhecimento públicos em todo o mundo. não têm institucionalidade nem recursos
No Brasil, desde a Conferência Mundial do suficientes para tal fim. Sua missão é identi-
Meio Ambiente, de 1992, o trabalho das ficar e analisar as causas dos problemas
ONGs passou a ser mais conhecido e dis- sociais, apontar soluções construindo mo-
cutido pela população e a mídia. delos de intervenção, ajudar a envolver a
Fenômeno recente, essas organi- população na luta cidadã. Ao mesmo tempo,
zações sem fins lucrativos vêm se constitu- não são intermediárias ou substitutas de
indo desde a década de 1970 com objetivos, movimentos sociais, sindicais ou qualquer
tamanhos e modelos diversos. São muitas outra forma de ação coletiva da sociedade
as ONGs, difíceis de serem contadas. Além civil. Ao contrário, são suportes, apoios, es-
do mais, por ser um conceito amplo, pouco tímulos destes movimentos. Não substituem
preciso, ONG abarca um conjunto de insti- os partidos políticos. Ajudam de forma com-
tuições muito diferentes nas suas finalida- plementar, na medida em que buscam, com
des e origem. seu trabalho, sensibilizar a população para
Um segmento importante dessas que reconheça e lute por seus direitos.
organizações, associadas à Associação As associadas da ABONG se sen-
Brasileira de Organizações Não-Governa- tem felizes em estar com outras ONGs no
mentais – ABONG, é identificado por sua Fórum Social Mundial. Junto com movi-
postura crítica frente aos fenômenos sociais. mentos sociais e sindicais, intelectuais,
Atuam com o objetivo de superar as diver- parlamentares, empresários e cidadãos do
sas formas de desigualdades, pelo reconhe- mundo vamos discutir e propor alternativas,
cimento e respeito às diferenças individuais a partir das nossas experiências, que
e culturais, ou, ainda, por defender um des- apontem para um desenvolvimento sem ex-
envolvimento sustentável que não condene clusões e com justiça social. Vimos mostrar
a existência e a diversidade da vida e dos que acreditamos que um outro mundo é
recursos ambientais para as futuras gera- possível e que temos um papel importante
ções. As ONGs denunciam violações dos na sua construção.
Associação Brasileira de Organizações Não- social agindo coletivamente. Nestes 10 anos de
Governamentais trabalho, o grupo inicial ganhou muitas adesões
www.abong.org.br – telefone: (11) 3237-2122 e hoje são cerca de 270 associadas.
Rua General Jardim, 660 – 7º - Vila Buarque –
01223-010 – são Paulo – SP (material distribuído aos participantes do Fórum
Social Mundial, realizado em POA, em janeiro de
A ABONG foi fundada em 1991 por um grupo 2001)
de ONGs que decidiu buscar a intervenção

A f ila n t r o p ia n o B r a
s il
já m o v im e n t a 1 2 b il
h õ e s " ( ...) Q u e m n ã o te m r e c u r s o s
d e r e a is p o r a n o e g
a n h a t e m p o . C e r c a d e 1 6 % d a s p e s s o a s
a a d e s ã o d e r ic o s , f
a m o s o s 1 8 a n o s s ã o v o l u n t á r i a s d e p r o je to
e e m p r e s a s to d o o p a í s . O u s e ja , u m a m a s s a d e
b r a s ile ir o s t r a b a lh a d e g r a ç a p a r a a
m o . 'T e m m a is jo v e n s q u e r e n d o s e
É m i t o q u e n o B r a s i l s e d o e p o u pc or o j e t o s d e a ju d a d o q u e a s O N G s
e m c o m p a r a ç ã o c o m o u t r o s p ad í e- r e c r u t a r ', a f ir m a o c o n s u lt o r S t e
s e s . A b a ix o , o p e r c e n tu a l d e d o a -
ç ã o d e in d iv íd u o s e e m p r e s a s n o
u m d o s m a io r e s e s p e c ia lis t a s e m p
to ta l a r r e c a d a d o p o r o r g a n iz a - s e t o r . A s o l i d a r i e d a d e d o p o v o b r a s il
ç õ e s s e m fin s lu c r a tiv o s . d a n a p e s q u i s a d a J o o I
h s n e s r . H O o tp r a
k i- n s e
1 1 % b a lh o , q u e s e r á p u b lic a d o n o m ê s q u
1 0 %
a n á lis e c o m p a r a tiv a d e 2 2 p a ís e s ,
m a is r ic o s , s o b r e o p a p e l e o d e s e m
1 0 %
g a n iz a ç õ e s s e m fin s lu c r a tiv o s . O B
1 9 % fe io : a q u i s e d o a m a is q u e a m é d i
F o n Pt e e : s q u i s a C o m p a r a t i v a J o h n s H o p k i n s - I s e r
p e s q u is a d o s ( ... )
( ... ) O q u e fic a p a te n te é q u e o B
m u d a n d o p a r a m e lh o r n e s s e c a m p
n ã o te m s id o c a p a z d e d a r c o n ta d e
m a n d a s s o c ia is e x is t e n t e s . A s p e s
" N u m m u n d o c a d a v ed za d m a as i cs o m a p o b r e z a e s t ã o e s p e r a n
c o n t u r b a d o , c r u e l e d g e o s v i eog ru ne a l a, r r e g a ç a n d o a s m a n g a s . É
a r e s p o n s a b i l i d a d e s vo e c mi a l f a é z e n d o c r e s c e r e n o r m e m e n t e
u m a q u e s t ã o d e s o b or e r gv ia v n ê i nz ac çi a õ e s s e m f i n s l u c r a t i v o s . ' O
p a r a a s p e s s o a s e o re g s a t án i nz aa - m o d a ' , a f i r m a M i l u V i l e l a , u m
ç õ e s ." d o B a n c o I ta ú e m a n te n e d o r a d e
F r a n c is c o d e A s s is A z e v e d o a s s i s t e n c i a i s . E s p e r a - s e q u e a m o d
T im ó te o , M G f i c a r .”

(Veja, 27 de outubro, 1999)


Texto argumentativo: escrita e cidadania 10

P r o p o s t a n º 3

Esperava-se que a alta textos, apresentando argumentos


tecnologia, com suas novas formas para convencê-lo de que está
de mecanização e informatização, equivocado. Neste exercício de
proporcionassem, no início do novo argumentação, você deverá
milênio, um largo espaço de tempo discordar, portanto, das opiniões
destinado ao lazer. No entanto, o que desses autores.
se percebe são posições polêmicas Ao assinar a carta, use
quanto às relações de trabalho, na apenas as iniciais de seu nome.
atualidade e no futuro, e à busca por Uma outra possibilidade é a
maior tempo livre aos trabalhadores. criação de um texto dissertativo-
Baseando-se nas informações argumentativo no qual a contra-
abaixo, bem como no seu argumentação seja o processo
conhecimento de mundo, redija uma básico da redação.
carta argumentativa destinada a Você poderá utilizar outras
um dos autores dos dois primeiros informações que julgar pertinentes.

O s tr ê s p ila r e s d o t e m p o liv r e s e r ã o a s e n s u a lid a d e , a


O s lu x o s c a d a v e z m a is r a r o s c o n s is t ir ã o n o s ilê n c io , n

No início do século 20, Freud publicou "A Interpretação dos sonhos", Taylor

FSP, 22/04/01
inventou o "Scientific Management", Einstein anunciou a teoria da relatividade,
Picasso expôs "Les Demoiselles d'Avignon", Stravinski compôs "A Sagração da
Primavera".

Cada área sofreu uma profunda revo- recem muitas atribuições cansativas e te-
lução da qual desabrocharia a sociedade diosas, que somos capazes de produzir
pós-industrial na qual temos agora a sorte sempre mais bens e mais serviços com
de viver. Agora as descobertas surgem cada vez menos contribuição específica de
como cascata, e não passa ano em que trabalho humano.
não se realizem grandes progressos. Se Acima de tudo resulta numa dificul-
pensarmos que a potência dos micropro- dade maior em discernir trabalho, diversão
cessadores, que são a base de cada tec- e aprendizado; caem as barreiras entre
nologia, dobra a cada 18 meses... cansaço e tempo livre; de qualquer ma-
O trabalho é investido por cinco gran- neira o trabalho ocupa apenas um décimo
des ondas de transformação: o progresso do nosso tempo de vida.
tecnológico, o desenvolvimento organiza- Isso significa que, enquanto até agora
cional, a globalização, a escolarização e os a família e a escola se preocuparam em
meios de comunicação. preparar os jovens para o trabalho, no fu-
Disso se deduz que todas as nossas turo, deverão se preocupar em prepará-los
atividades se intelectualizam, que desapa- para o tempo livre. O lazer é uma profissão
e uma arte não menos importante que o beleza: todos pressupostos imprescindí-
trabalho, e a qualidade da nossa vida veis para satisfazer as necessidades de
depende sobretudo da qualidade do nosso introspecção, amizade, amor, lazer e con-
lazer. vivência: isto é, as necessidades emer-
Porém os países anglo-saxões e o gentes.
Japão, sendo hiperindustrializados Em um conto belíssimo, intitulado "A
economicamente e psicologicamente, Rosa de Paracelso", Borges sustenta que
aprenderam a organizar e viver o trabalho, o paraíso existe: é a vida aqui na Terra.
mas desaprenderam a organizar e viver o Borges acrescentou que existe também o
tempo livre. Por outro lado, os países lati- inferno: e consiste em não percebermos
nos (entre eles o Brasil), não tendo nunca que vivemos em um paraíso. Tudo está em
assimilado profundamente o modelo in- compreender a condição feliz à qual fomos
dustrial, conservam uma grande vitalidade destinados, nascendo e tomando consci-
extra-trabalho: sensualidade, comunicabili- ência de que a felicidade consiste em pro-
dade, hospitalidade, convivência. Estão, curá-la.
portanto, mais preparados para viver com
alegria a sociedade do tempo livre que nos
aguarda. Domenico de Masi, sociólogo italiano e autor do livro
Desenvolvimento sem Trabalho (Ed. Esfera), entre
Os três pilares do tempo livre serão a outros, assina esta coluna toda segunda semana do
sensualidade, a criatividade e a estética. mês.
Os luxos cada vez mais raros e preciosos
consistirão no silêncio, no espaço, na pri- Folha de São Paulo, São Paulo, 11 de maio de 2000.
vacidade, na segurança, na alegria, na Folhaequilíbrio.
Texto argumentativo: escrita e cidadania 10

( . ..) P e s q u is a r e a liz a d a e m 3 0 p a ís e s r e v
O p r o b l e m a d o m u n d ot e nr ã m o a é i s e dc i on - h e i r o e m a i s t e m p o l i v r e , a s
n ô m i c o , é d e e s t i l o d e v i d a r. e P m r e ac i sr ea nm d oa s. Oe n B - r a s i l , c o m 5 9 % o p ta n d
c o n tr a r u m j e i t o d e c o n v e n co ec ru po sa po o 8 v ºo ls u gd oa rs n a l i s t a . O p r im e ir o p o
p a í s e s d e s e n v o l v i d o s a r e l a( 7x 1a %r , a) , cs ue rg t ui r i da a v di - a F r a n ç a ( 6 3 % ) . O s n o
d a . P o d e r í a m o s , p o r e x e m p h l eo ,r d m e ai r no ds a e r s f pa i zr ie t ur a i s d o " t e m p o é d i n h e
u n s a d e s iv o s p a r a o s c a p r or o s si ç ã d o e . l Ne so o c u o t mr o e x t r e m o , o d o s q u e e s
f r a s e s c o m o " T a k e i t e a s y "l i, v "r Ce , u er t sa t ã a o v ai d aÍ n " d, i a e a s F i l i p i n a s ( 6 6 %
" C a r p e d i e m " , e n f i m , " R e l aV x i e" . t n P ã o (v 5 o 9 s % c ) o. m o
o s a m e r ic a n o s e o s j a p o n e N s ãe os p p a r re e c c i se a hm a v e r m u i t a r e l a ç ã o e n t
a p r e n d e r a t r a b a l h a r m e n o d s e ,v iad ac up i rd o a p r o mr c ai o i sn a d a p e l o p a í s e a p r e
d e s u a s f a m í l i a s e a t i r a r m ap ios p f ué rl ai a ç sã , o d . eO p C r ea - n a d á , p r i m e i r o c o l o c a d
fe r ê n c ia e m p r a ia s b r a s i l e d i er a sD . e Ts ee mn v og l ev in m t e e n t o H u m a n o ) , é o 5 º
q u e a c h a o m á x i m o t u d o o qq uu ee vo ep mt a md o ps e E l as - r e n d a . A q u i p a r e c e m
t a d o s U n i d o s , e s p e c i a l m e n çt eõ en sa f ái l ro e s a ó fd i ca a a s d e - c u l t u r a i s . A Í n d i a , c a m
m i n i s t r a ç ã o e d e n e g ó c i o s . v E r eu , a é c ho o 1 o3 8m º á I xD i H- , m a s o h i n d u í s m o , r
m o q u e o b r a s i l e i r o p o n h a n a a fn a t me , í l vi aa l eo mr i z ap r mi - a i s o t e m p o d o q u e
m e i r o l u g a r . Q u e o B r a s i l t mi r e e nf é o r i qa us e e, me m d ge r- a u s v a r i a d o s , o c o r r e e
z e m b r o e s ó r e t o m e o r i t m ro e dg ei ã p o o oi s n dd eo a C oa p r -ç ã o p e l o l a z e r é m a i s f o
n a v a l . Q u e o p a í s i n t e i r o p a r e ( . d. . )u r a n t e a C o -
p a d o m u n d o . Q u e to d a c r i a A n pç ra ó pb r r i aa s b i l ue si r ca a ed ce n mo l eó l gh i oc ra i as s t i nt h a c o -
s a i b a d a n ç a r e b a t u c a r . E s mt a o m f io m s pm r ei l c v í ep zu eo s p o u p a r o h o m e m d o t r a
m a i s b e m p r e p a r a d o s p a r a o a c oe rr ra e du o n ro o mb ô e di o o d o c a m i n h o e o t r a b a l h
q u e o s a n g l o - s a x õ e s e o s o ri si e , ni n t av ai s d . e a s o u t r a s e s f e r a s d a v i d a d a s
d a m e n t e , a h u m a n id a d e p a s s o u p o r u m
( S t e p h e n V K e a j a n i t z p, r o f u n ) d a n e s t e s ú l t i m o s s é c u l o s .
* O e d it o r ia l a lu d e à p e s q u is a d o in s t itu to n o r
S t a r c h W o r l d - W i l d , c o o r d e n a d a p F o o r l Th oa m, M i l l e r e
e m 0 7 /0 6 /0 0 . F o l h a d e S ã o P a u( l o
" ( ...) C o m o é q u e u m s é c u lo c h e g a à m e t a d e c e le b r a n d
d ic a t o s n o m u n d o in te ir o p a r a r e d u z ir jo r n a d a s fa tig a n te s e te
t r a b a lh a n d o c a d a v e z m a is ?
O m o t o r é o d e As ee mx p pl i rc ea gç ão o - d o s e s p e c i a l i s t a s , v e j a m s
c r e s c e n te d o e m p r e g o c o n fo r tá v e l d o p a s s a d o , a q u e le q u e
p o u c o d o f u n c io n á r io . N u m a s im p lif ic a ç ã o d e u m p r o c e s s o in
ú l t i m a d é c a d a , p r i n c i p a l m e n m t e p , r pe ôs sa sc ol on t ta r ad aa s p da er e m d ãe o e - d e - o b r a
a o p a d r ã o o it o - à s - c in c o . L a n ç a d a s n u m a c o m p e tiç ã o fe r o z ,
t a d o a o m e n o r c u s t o p o s s í v e l. I n s t a u r a r a m - s e o d o w n s iz in
p r o c e s s o s q u e le v a m à r e d u ç ã o d e p e s s o a l. Q u e m f ic o u te
p a s s o u a t r a b a lh a r m u it o m a is , n ã o s ó p a r a d a r c o n t a d o
ta m b é m , a v a g a . Q u e m s a iu p r o c u r o u a lte r n a tiv a s m e n o s
o c o r r e B u r na os i l n a b u s c a d e b r e c h a s n o m e r c a d o i n f o r m a l . ( . . . )
O u tr o s e to r q u e m a n té m lo n g a s jo r n a d a s , s e m q u e is s o
in fo r m a l. 'O t a x is t a , o e n c a n a d o r, a q u e le s u je it o q u e t r a b a lh a
t a r d e d ic a n d o o d o b r o d e t e m p o a o b a t e n t e ', a n a lis a J o s é P a
p r o f e s s o r d a U S P . ‘E le s p r e c is a m f ic a r m u it o m a is h o r a s d is p o
m a n t e r o n í v e l d e r e n d a d e a n t i g a m e n t e . S a e , eh lo e u s v pe os ds e r gi a e mn t e
t e r u m h o r á r io f ix o , t e r a m e s m a r e n d a e s ó t r a b a lh a r ia m m a is
N e s s a n o v a c u lt u r a d e tr a b a lh a r m u ito , g a n h a r m u ito e s
c o n s u m o é o u tr o fa to r p r e p o n d e ra n te . A s p e s s o a s e s tã o t ra b
c o m p r a r m a is . E m 1 9 9 1 , a e c o n o m is ta J u lie t S c h o r, d e H a r v a
u m a e s p é c ie d e b íb lia d o a s s u n to .
( . . . ) N e l e , S c h o r c u l p a a t e l e v i s ã o , p r i n c i p a l m es n t e , p o r i m
d e s ta tu s q u e in flu e n c ia m o a m e r ic a n o a s e r u m p o v o q u e g o
d e f in iç ã o q u e c a b e , s e m tir a r n e m p ô r, n a s fr o n t e ir a s d o
c o m p r a s . ( ...) ”
(R e v i s t a V e ja , 0 5 /0 4 /2 0 0

P r o p o s t a n º 4

O jornal Folha de São Paulo, Abaixo, você encontrará tre-


em sua edição de 22/04/01, publicou chos/textos desse suplemento.
um suplemento especial intitulado Depois de lê-los, selecione as idéias
10 mandamentos para a carreira, que julgar adequadas e acrescente
contendo dez artigos escritos por outras, se for necessário, e produza
especialistas os quais abordam um texto dissertativo-
temas como as necessidades do argumentativo em que seja
mercado de trabalho atual, a abordado o tema “O perfil do
formação dos novos profissionais, os profissional no novo milênio:
pré-requisitos para se obter sucesso atualidade e perspectivas
e realização na carreira. futuras”.
Texto argumentativo: escrita e cidadania 10

Trabalhador-empresa-comunidade

D
esesperados atrás submetidos a uma insu- estímulo a atividades físi-
de mão-de-obra portável pressão. Errado – cas: busca-se fazer do lu-
qualificada, e esse erro é um dos fatos gar de trabalho quase uma
executivos dos setores de notáveis do capitalismo extensão do lar. Tratar bem
tecnologia da informação e contemporâneo. a mão-de-obra virou tam-
telecomunicações, no bém questão de market-
Por puro pragma-
Brasil, vêem-se forçados a ing, mais especificamente
tismo, as empresas são
oferecer salários altos e de marketing social.
obrigadas a ser mais ge-
benefícios indiretos, mas, nerosas para atrair e O Brasil assiste
mesmo assim, encontram agora à onda da respon-
manter seu mais impor-
dificuldades de preencher tante patrimônio: o capital sabilidade social nas em-
as vagas. presas, cobradas sobre
humano. Passa a ser deci-
Nos setores de alta siva a valorização da como cuidam de seus em-
tecnologia, há uma discre- transmissão do conheci- pregados e como tentam
pância entre a formação mento, numa aposta nos melhorar sua comunidade,
educacional dos trabalha- intelectos. A disseminação com ações de cultura,
dores e as vagas ofereci- das universidades corpo- educação, saúde ou ambi-
das, reflexo de um ciclo rativas, dragando milhões ente.
econômico ancorado no de reais para treinamento A confluência de to-
que se convencionou de pessoal, mostra que, na das essas tendências –
chamar de “era da infor- prática, o ambiente de tra- valorizar a mão-de-obra e
mação”. balho se confunde com o mostrar um rosto solidário
ambiente escolar. para a comunidade – é o
Em poucas palavras,
Aprende-se fazendo, faz- estímulo, bancado pelas
nunca se produziram
se aprendendo. empresas, para que os
tantos dados em tão pouco
tempo e, mais importante Ao se abrirem para funcionários exerçam ati-
ainda, nunca foram trans- uma visão mais complexa vidades voluntárias.
mitidos com tanta rapidez: de quem trabalha (ser que Quem preferir ficar
o novo ritmo vai definindo pensa, tem idéia, inter- fora dessa nova relação
quem vive, sobrevive ou age), as empresas são trabalhador - empresa - co-
simplesmente morre nos obrigadas a absorver tam- munidade está tão habili-
negócios. Cada vez mais, bém a complexidade dos tado a sobreviver como
o tempo é menor e, cada seres humanos, aceitando- aqueles que, avessos à
vez mais, ele vale mais os como pais, maridos, modernidade, não queriam
dinheiro. filhos. trocar as máquinas de es-
Diante de tanta com- Cresce o número de crever pelo computador.
petitividade, seria normal empresas que oferecem
supor que o trabalho só períodos sabáticos, tele-
iria piorar as condições de trabalho, horário flexível,
vida dos trabalhadores, programas psicológicos,
Gilberto Dimentein – Colunista, da Folha e presidente da ONG
membro do Conselho Editorial Cidade Escola Aprendiz

É preciso assumir duas novas responsabilidades

(...) suem, porque, sem meias aprender nada. Todas as


palavras, estão mal direcio- habilidades tipográficas ne-
O foco é a informa-
nados. Estão desorientados cessárias já haviam sido
ção. Pelo fato de que a
com os dados que seus desenvolvidas em 1510,
maior transformação é a
computadores produzem, nos primeiros 50 anos após
transformação na informa-
não com a informação de o primeiro livro impresso.
ção. A mudança não está
que necessitam. O compu- Novas habilidades só foram
nos instrumentos: a mu-
tador é como a lista tele- surgir no século 21.
dança é o fato de a infor-
fônica: é preciso saber o
mação estar acessível a No que diz respeito ao
que se procura.
todos. E todos esperam por conhecimento, nem preciso
isso. (...) dizer. As coisas mudam a
Portanto, é importante cada seis semanas, a cada
Nossa atitude perante
fazer a si mesmo a seguinte três meses, a cada ano.
a informação mudou mais
pergunta: “De quais infor-
do que a tecnologia em si, A educação contínua
mações eu preciso para
talvez pelo aparecimento será o setor de crescimento
realizar o meu trabalho?”
dos “knowledge workers” mais importante que tere-
(...)
como força de trabalho crí- mos nos próximos, diga-
tica. Em uma sociedade e mos, 30 anos. Isso está re-
uma economia em que o almente começando. Não
Se nós aprendemos conhecimento é o recurso espere que as universida-
algo na escola, é como ob- fundamental e mais caro, a des organizem isso. Você
ter informação. E aprende- educação contínua é do que tem de aprender a olhar
mos a depender da infor- nós mais precisamos. para si e para seu trabalho
mação. É irrelevante se o
Em um mundo de ha- e perguntar: “Será que pre-
instrumento para obtê-la é
bilidades como foi o nosso ciso voltar a aprender para
um livro ou um site. Esses
durante milhares de anos, usufruir os benefícios de
são meios para obter infor-
as competências mudavam meus pontos fortes e mi-
mação, não fins.
muito lentamente. Sempre nhas competências?” e “O
Não fico impressio- digo que meu nome, que é que eu preciso aprender
nado com as informações holandês, significa “impres- agora que essas coisas
que meus amigos executi- sor”. Meus ancestrais foram mudaram?”
vos obtêm. Pelo contrário, tipógrafos em Amsterdã du- De que modo a edu-
fico deprimido. Quanto mais rante 250 anos, do início do cação contínua e boa parte
computadores têm, quanto século 16 a meados do sé- dela são algo que temos de
mais dados obtêm, menos culo 18. Durante todo esse incorporar em nossa vida e
informação de fato pos- tempo, não tiveram de em nosso trabalho?
Texto argumentativo: escrita e cidadania 10

Uma última coisa a


ressaltar é que você tem de
assumir duas novas res-
ponsabilidades. Uma é a
responsabilidade pela in-
formação. Tanto para si
como para a empresa. E a
outra é a responsabilidade
pelo seu próprio aprendi-
zado contínuo. Não espere
que alguém lhe diga do que
precisa. É sua obrigação.

Peter Drucker – Consultor e


professor americano, conside-
rado o “pai da administração
moderna”.
Especial para a Folha (trecho
de videoconferência realizada
em agosto/2000, cedido pela
HSM, promotora de evento -
www.hsm.com.br).
Mudanças e escolhas

(...) sas qualidades, não pa- dades necessárias para


rece que elas descrevem o trabalhar em equipe); 6.
A liderança centrada funcionário ideal? respeito próprio; 7. “afiar o
em princípios é a chave serrote”, que é a soma dos
Uma forma de anali-
para desencadear o po- outros seis itens (é preciso
sar as habilidades e as
tencial humano individual. que o funcionário aperfei-
competências necessárias
Cada pessoa da força de çoe todos os hábitos, con-
para a força de trabalho de
trabalho precisa empreen- servando-se aberto a no-
hoje é usar a lista dos sete
der uma viagem para se vas oportunidades e à
hábitos delineados em
tornar líder por opção – possibilidade de ser ensi-
meu livro, “The Seven
uma pessoa que assume a nado).
Habits of Highly Effective
responsabilidade por sua People” (“Os Sete Hábitos (...)
vida, suas escolhas e seu das Pessoas Muitos Efica-
Qualquer pessoa que
desempenho. zes”).
participa da força de tra-
Quando você conse- São eles: 1. liderança balho hoje deve optar por
gue fazê-lo, desenvolve a própria (ser consciente de ser líder; logo, saiba es-
integridade e o caráter ne- que você é responsável colher o caminho que quer
cessários para se adaptar sobre você mesmo); 2. seguir.
e reagir às transforma- possuir senso claro de
ções, para pensar de ma- objetivo, significado e
neira criativa e encontrar Stephen Covey – Autor de Os
rumo; 3. adaptabilidade
Sete Hábitos das Pessoas
as melhores soluções, (trabalhar com outras pes- Muito Eficazes, um dos maio-
para se comunicar com soas para buscar situa- res bestsellers da área de car-
eficácia, para ser alguém ções em que sempre ha- reiras nos EUA
que pode ser ensinado, verá ganho comum); 4.
Especial para a Folha.
para construir confiança e comunicação eficaz; 5. si- Tradução de Clara Allain
ser confiável. Olhando es- nergia (possuir as habili-
R e f e r ê n c i a s b i b l i o g r á

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