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TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA:

FORMAÇÃO DA IMAGEM E RADIOPROTEÇÃO


Márcia Terezinha Carlos,
LNMRI, IRD/CNEN

tecidos com pequenas diferenças de densidade (0,5%),


Introdução em especial entre os tecidos moles,
A tomografia computadorizada (TC), introduzida na • a obtenção de uma imagem da seção de corte de
prática clínica em 1972, é uma modalidade da Radiologia interesse sem a superposição das imagens das estruturas
reconhecida pelo alto potencial de diagnóstico. A TC anatômicas não pertencentes à seção em estudo,
possibilitou a investigação por imagem de regiões do corpo
humano até então não reproduzidas pelos métodos • as imagens das estruturas anatômicas conservam as
convencionais. Além disso, substituiu alguns exames que mesmas proporções, isto é, não há distorção geométrica
traziam muito desconforto e determinados procedimentos que e
acarretavam alto risco para o paciente. • a obtenção de imagens digitais para as medições
Em reconhecimento ao extraordinário impacto quantitativas das densidades dos tecidos e dos
clínico proporcionado pela TC, os inventores A.M. Cormack tamanhos das estruturas. As imagens digitalizadas
[19] e G.N. Hounsfield [38] foram agraciados com o Prêmio admitem manipulações pós-reconstrução da imagem, tais
Nobel em Medicina e Fisiologia de 1979. como: ampliação, refinamento, reformatação em outros
planos (2D) e reconstrução da imagem tridimensional
A invenção da TC apoiou-se nos seguinte pontos: (3D).
• um tubo de raios-X gira, emitindo radiação, em torno do Embora existam poucos estudos sistematizados sobre o
paciente, num plano axial. Um conjunto de detectores impacto da TC no diagnóstico e na terapêutica [22], é
posicionados no lado oposto do tubo captam os fótons evidente o grau de credibilidade na informação extraída, a
de raios-X que atravessam o paciente sem interagir e julgar pelo explosivo aumento de investigações. O número de
• um algoritmo de reconstrução, composto de uma tomógrafos computadorizados instalados cresce
seqüência de instruções matemáticas, converte os sinais continuamente, sem um sinal aparente de saturação, no Brasil
medidos pelos detectores em uma imagem. e mesmo em se tratando de países desenvolvidos [98].

A imagem por TC é um Com todos os benefícios indubitáveis da TC à saúde,


mapeamento do coeficiente deve-se atentar para o fato que o método utiliza radiação
linear de atenuação da seção ionizante e que a dose de radiação recebida pelo paciente é
do corpo humano em estudo. considerada alta em comparação aos outros métodos de
A imagem é apresentada diagnóstico radiológico, sendo ultrapassadas apenas pelas
como uma matriz doses envolvidas nos procedimentos radiológicos
bidimensional em que, a cada intervencionistas. As doses em órgãos podem atingir o valor
elemento desta matriz, o de 100 mGy, em estudos com cortes finos e superpostos [88].
pixel, é atribuído um valor numérico, denominado número de Além disso, na TC não existe um controlador “natural”
TC. Este é expresso em unidades Hounsfield (UH) e está de dose de radiação para o paciente, como o filme
relacionado ao coeficiente linear médio de atenuação do radiográfico na radiografia convencional. Se a dose de
elemento de volume, voxel, no interior do corte que o pixel radiação for acima do necessário, o filme fica muito
representa. O grau da qualidade da imagem liga-se à fidelidade enegrecido, prejudicando o contraste da imagem e,
com que o conjunto de números de TC reproduz as pequenas conseqüentemente, o potencial das informações extraíveis
diferenças em atenuação entre os tecidos (resolução de baixo para o diagnóstico correto. Ainda mais, por causa do
contraste ou resolução de sensibilidade) e os pequenos processo matemático de reconstrução, quanto maior a dose
detalhes das estruturas (resolução de alto contraste ou de radiação na TC menor será o ruído da imagem e,
resolução espacial). conseqüentemente, melhor será sua qualidade [88].
Destacam-se os seguintes pontos de superioridade Os levantamentos dosimétricos, realizados em vários
da imagem por TC sobre a imagem radiográfica convencional países, apontam a TC como a prática médica que mais
[31, 63]: contribui para a dose de radiação coletiva, e cujo valor está
• a possibilidade de distinguir as estruturas de órgãos e aumentando ano a ano. Na Inglaterra, no início dos anos 90,
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de 4 a 5% dos exames radiológicos foram investigações por A qualidade da imagem de TC é influenciada pelos
TC e representam cerca de 40% da dose coletiva da prática parâmetros da técnica relacionados à dose de radiação
médica [98]. (parâmetros de varredura), pelos parâmetros relacionados à
reconstrução e à apresentação da imagem, e pelos parâmetros
Comparada à radiografia convencional, a técnica de
clínicos [1, 16, 34, 55]. Estão incluídos nos parâmetros
exame de TC é mais complexa a julgar pelo número de
clínicos o tamanho do paciente, sua cooperação em relação
parâmetros da técnica que devem ser selecionados, os quais
ao movimento e o procedimento de administração de meio de
estão apresentados no Quadro 1. Em cada coluna estão os
contraste [82].
parâmetros que participam das etapas de varredura ou de
exposição ou de aquisição, de reconstrução matemática e da O tomógrafo computadorizado é uma máquina de
apresentação da imagem, que são processos relativamente tecnologia complexa e em constante evolução. Desde o início
independentes. Na primeira linha estão os parâmetros comuns da prática da TC, tem sido dada ênfase ao aperfeiçoamento
à varredura convencional e helicoidal; na segunda e terceira dos tomógrafos, buscando melhorar sua eficiência (obtenção
os parâmetros específicos a cada tipo de varredura. Na última de imagem) e eficácia (diagnóstico) nas investigações
linha, estão mostrados os parâmetros da técnica da médicas, de modo que a evolução da qualidade da prática da
radiografia para a projeção de cortes, que também é TC sempre esteve fortemente vinculada ao desenvolvimento
apresentada como topograma, radiografia digital inicial ou tecnológico dos componentes dos tomógrafos [31]. Isto é: do
“surview”. Nem todos os parâmetros de varredura são sistema elétrico-eletrônico e mecânico do “gantry”, dos tubos
aplicáveis a um determinado tomógrafo. Os parâmetros da de raios-X, dos computadores, dos programas de
técnica, com freqüência, são apresentados aos operadores de computadores e das máquinas reprodutoras de imagens. Os
diferentes modos, quer em razão da falta de termos-padrões, grandes marcos da história da TC, na maioria das vezes,
o que implica na utilização de terminologia própria por cada estiveram relacionados à redução do tempo de aquisição de
fabricante, quer pelo fato de que os valores de alguns dados do exame.
parâmetros são automaticamente selecionados pelo próprio
Os primeiros tomógrafos foram destinados a estudos
programa do tomógrafo[24].
exclusivamente da cabeça. Logo a seguir, os projetos dos
Quadro1 - tomógrafos permitiram investigações de outras regiões do
Fase de Varredura, Fase de Reconstrução Fase de corpo. Até 1989, a aquisição dos dados era realizada
Aquisição ou de Apresentação
Exposição
exclusivamente corte a corte. Este tipo de varredura é hoje
denominada axial, convencional ou seriada. Durante esta
Geral Tensão aplicada ao Campo de visão (FOV) Janela: centro e
(varredura tubo Núcleo de convolução largura fase, as grandes alterações nos projetos recaíram sobre o tipo
seriada e Corrente no tubo ou filtro matemático Filtros pós- de geometria, acoplamento e mecanismos de movimento do
helicoidal) Espessura nominal deFiltros de imagem processa-mento conjunto tubo de raios-X e detectores e o número de
corte (outros) Fator de zoom
Campo de visão de Tamanho da matriz detectores. À medida que os diferentes tipos de varredura
varredura Algoritmo de foram introduzidos no mercado, foram sendo diferenciados
Filtro moldado* endurecimento do feixe pela nomenclatura de “primeira”, “Segunda”, “terceira” e
Filtro plano Algoritmo de correção
adicional* de movimento “quarta geração” [63, 100].
Ponto focal*
Número de amostras* Em 1985, a velocidade de aquisição de dados aumentou
Específico Tempo de varredura significativamente, com a introdução da tecnologia dos anéis
para Ângulo de rotação do deslizantes, que permitiu a rotação contínua dos
varredura tubo*
seriada Incremento da mesa componentes do “gantry”: tubo de raios-X e detectores. O
Inclinação dogantry próximo passo foi acoplar o movimento contínuo de rotação
Específico Passo ou Fator de Algoritmo de do tubo de raios-X e o movimento contínuo do paciente
para passo interpolação através do gantry, produzindo a aquisição de dados
varredura Velocidade da mesa Incremento ou separação
helicoidal Tempo total de entre as imagens volumétricos [20, 56, 58]. Começou a era da varredura
aquisição reconstruídas helicoidal. A TC helicoidal, também conhecida como espiral
Radiog. de Velocidade da mesa* ou volumétrica, é considerada um marco revolucionário na
projeção de Espessura de corte* história da TC, por abrir novas perspectivas de exames e
cortes Corrente do tubo
Tensão aplicada ao
aplicações. Destacam-se as seguintes vantagens da TC
tubo helicoidal:
Comprimento de
varredura • a realização da varredura completa sobre um órgão ou
Altura da mesa região com o paciente prendendo uma única vez a
Projeção
(AP/PA/lateral)
respiração, de modo que todos os dados são coletados
no mesmo estágio de respiração, evitando a perda de
Obs: * parâmetros raramente acessíveis ao operador
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registros anatômicos. Também são reduzidos os radiação [12, 118]. Na varredura inteligente [60] a corrente do
artefatos de movimento devido à respiração, à peristalse tubo de raios-X durante a varredura varia de acordo com o
e à atividade cardiovascular e elimina-se a possibilidade grau de absorção do feixe de raios-X pelas diversas regiões
de repetir um determinado corte quando o paciente não do corpo, reduzindo consideravelmente a dose em até 20%.
consegue cooperar com o exame.
É sabido que o projeto do tomógrafo computadorizado
• a reprodução de imagens de cortes transversais influencia fortemente o potencial da aplicação clínica e as
retrospectivamente em diferentes posições, inclusive de características da imagem. O Grupo “Imaging Performance
cortes superpostos. Com isto, as lesões dúbias podem Assessment of CT Scanners”(ImPACT)
ser reavaliadas sem exposição adicional à radiação. (htpp://www.impactscan.org) , ligado ao “Medical Devices
Também melhorou significantemente a qualidade das Agency” (MDA), na Inglaterra, é reconhecido
reconstruções 3D e 2D. internacionalmente pelos trabalhos de avaliação técnica do
desempenho de imagem e da dose de radiação de tomógrafos
• nos estudos com administração de meio de contraste
e pela disseminação do conhecimento sobre seu
intravascular, é possível estudar um órgão completo, o
funcionamento.
fígado, por exemplo, em diferentes fases de
intensificação do meio de contraste: a fase arterial, a fase No Brasil, embora ainda não se encontre disponível um
portal e a fase tardia. Com isso, é possível obter a levantamento abrangente dos equipamentos e da prática de
informação sobre o tipo de vascularidade de lesões hipo, TC, sabe-se que os tomógrafos em funcionamento pertencem
iso ou hipervascular em relação ao parênquima biliar. [a a diferentes gerações tecnológicas. A tecnologia de ponta
dose de radiação é reduzida se comparada à varredura pode ser encontrada nos grandes centros quase ao mesmo
contígua seriada quando o fator de passo é maior do que tempo do lançamento no mercado internacional. Ao mesmo
1. Isto, no entanto, acarreta uma redução da resolução de tempo, existe um mercado de tomógrafos recondicionados
baixo contraste da imagem [57, 109]. que entram no país por importação ou são comercializados
internamente para as regiões de menor poder aquisitivo.
A principal desvantagem da aquisição de TC helicoidal
é o aumento do efeito de volume parcial na imagem produzido Para assegurar a boa prática de TC, é necessário um
pelo alargamento na espessura da imagem do corte (perfil de ambiente que estimule o uso correto e com baixas doses de
sensibilidade do corte, resolução longitudinal) devido ao tipo radiação. Isto requer a adoção de ações que cubram desde a
algoritmo de interpolação e à velocidade de da mesa [57, 109, solicitação da investigação até a interpretação da imagem e
110]. elaboração do laudo.
O desenvolvimento dos tomógrafos não parou por aí . Um país de grande contraste sócio-econômico e com
Inovações na TC helicoidal têm sido apresentadas enormes diferenças de infra-estrutura de equipamentos e de
continuamente [11]. Em 1992, um único fabricante lançou um pessoal no atendimento à saúde, muitas vezes, não suporta a
tomógrafo helicoidal capaz de fazer varreduras de dois cortes simples transposição de regulamentos e programas
contíguos e simultâneos mediante dois bancos de detectores sistemáticos já aprovados em países desenvolvidos,
[67]. Na Reunião da “Radiological Society of North America” principalmente se a tecnologia de ponta está envolvida.
(RSNA) de 1998, quatro fabricantes aplicaram este mesmo Contudo, nunca foram tão necessárias ações efetivas que
conceito, introduzindo no mercado tomógrafos auxiliem a obtenção do máximo da infra-estrutura já existente
computadorizados de multicortes que podem realizar e que orientem as futuras decisões.
aquisição de dados em até 4 cortes concomitantemente, o que
O Ministério da Saúde (MS), no Regulamento Técnico -
tem reduzido expressivamente o tempo de varredura total do
Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico
exame.
Médico e Odontológico (Portaria no. 453 de 01/06/98
Em 1995, foi apresentada a obtenção de imagens de TC publicada no Diário Oficial da União 2 de Junho 1998 No.103
em tempo real, a fluoroscopia TC. Nesta técnica, as imagens http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/453_98.htm).
são constantemente atualizadas com o movimento contínuo [73], estabeleceu os parâmetros
do tubo de raios X, utilizando baixa corrente e, ao mesmo e regulamentou as ações para o Fase de Varredura
tempo, um algoritmo de reconstrução rápido. Esta técnica controle das exposições em
serve como um guia nos procedimentos de intervenção, tais Radiologia Diagnóstica,
como: biópsia, drenagem de líquido e bloqueamento de incluindo alguns requisitos
nervos da medula (anestésico) [60] . específicos à TC.
Outras tendências da TC direcionam-se sobretudo para Por outro lado, o Colégio
a diminuição da dose de radiação. Com os novos detectores Brasileiro de Radiologia (CBR), Perfil de Atenuação

Raio
de cerâmica, espera-se uma redução de 30% na dose de com objetivo auxiliar os seus
Intensidade

Raio Soma
Medições de Transmissão
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Detector

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associados a garantir a qualidade de seus serviços prestados parte” do feixe de raios-X formado pelos fótons que saem do
à comunidade, criou uma Comissão de Normatização e ponto focal e intercepta um único elemento detector. O raio,
implementou Programa de Qualificação ). A Comissão de ao atravessar o corpo, é atenuado, e a leitura do sinal do
Normatização, criada na Diretoria 1997/1999, procura detector é proporcional ao grau de atenuação ou ao grau de
estabelecer um padrão mínimo para os diversos penetração do raio. Portanto, a intensidade do sinal do
procedimentos radiológicos. Foram organizadas câmaras de detector é uma medida da atenuação. Uma projeção é
estudo em diferentes áreas da imagem composta por um conjunto de medidas da atenuação de raios,
(http://www.cbr.org.br/normatizacao/abertura.htm) . A denominado “perfil de atenuação”. Para produzir a imagem é
estrutura proposta para os futuros documentos são bem necessário um conjunto de perfis de atenuação obtidos em
semelhantes aos dos padrões estabelecidos pelo American diferentes ângulos de projeção. Estes são obtidos pela
College of Radiologists (http://www.acr.org/f-products.html) rotação do tubo de raios-X em torno da seção do corpo.
Durante a rotação, as leituras dos detectores são registradas
As Ações de Radioproteção das Comunidades
em intervalos fixos de tempo
Européias têm organizados grupos de trabalhos em diferentes
áreas específicas do radiodiagnósticos norteados com o O ângulo mínimo de varredura necessário para obter
novo conceito de Critérios de Qualidade. Esse conceito a imagem através do mapeamento dos coeficientes lineares de
combina três aspectos: as exigências de diagnósticos, a atenuação da seção é 180o. Os dados são duplicados se a
recomendação de um exemplo provado de uma boa técnica e rotação é completa, 360o, típica das varredura convencionais.
associado a estes dois , o valor de dose que é aplicada ao Varreduras com ângulos menores são realizadas com o
paciente para um dado procedimento radiológico. Em objetivo de diminuir o tempo de varredura e com ângulos
dezembro de1999, foi publicado o documento EUR 16262EN maiores para diminuir os artefatos de movimento, em estudos
– As Orientações Européias para os Critérios da Qualidade das regiões do tronco. O número de projeções e de raios e o
para a Tomografia Computadorizada@ [28] divulgaram os Projeção B espaçamento

critérios da qualidade aplicáveis à TC. Este documento está Tudo de R-X entre os
disponível na internet no endereço: http:// detectores são
Detectores
www.drs.dk/guidelines/ct/quality/ fatores
Paciente
Paciente importantes
O presente curso tem como objetivo a atualização dos
Detectores para
conceitos de física da imagem e radioproteção e, tomografia
Tudo de R-X
características
computadorizada, tendo como base a Portaria 453 do MS e
18O° da imagem.
aplicando as estratégias do documento EUR 16262 da CE
Projeção A Entretanto, a
PROJEÇÃO O° = PROJEÇÃO 18O° sua seleção é
muitas vezes automática, sendo efetuada pelo programa de
Formação da Imagem computador.

O método de formação dos tomogramas computadorizados é O número total de medições de atenuação durante a
bem mais complexo do que a imagem radiográfica varredura de corte é dada pelo produto do número de
convencional. O processo pode ser dividido em três fases: projeções e o número de raios por projeção. Cada imagem
aquisição de dados, reconstrução matemática da imagem e requer cerca de 100.000 a 1.000.000 medições [63],
formatação e apresentação da imagem. Para simplificar, será dependendo do modelo do tomógrafo e da técnica
apresentada a formação da imagem de cortes axiais a partir de selecionada.
varredura axial ou convencional. Os sinais dos detectores codificados que alimentam
os programas de reconstrução da imagem são denominados
a) Fase de Aquisição de Dados dados brutos.
A fase de aquisição de dados é também conhecida como fase
de varredura ou de exploração. Inicia-se com a exposição de
uma seção da região do corpo a um feixe colimado de raios-X, b) Fase de Reconstrução da Imagem
na forma de um leque fino, envolvendo as suas extremidades. A reconstrução de imagem de TC é um processo realizado por
Na Figura ao lado é mostrado um esquema de todo o sistema computador. Algoritmos matemáticos transformam os dados
de exposição em TC. Os fótons de radiação que atravessam brutos em imagem numérica ou digital. A imagem digital é uma
a seção do corpo sem interagir atingem um conjunto de matriz bidimensional, em que cada elemento de matriz,
elementos detectores, no lado oposto, tendo o paciente ao denominado de
rte

centro. Os detectores não "vêem" uma imagem completa da


Co

Imagem do
pixel, recebe um
do

voxel
a
ur
ss

seção do corpo, apenas a projeção de uma imagem latente


pe

valor numérico
Es

Número de TC 1000 ( µ - µ )
=  µ
t w

µ w No TC
nesse ângulo de visão. Um “raio”, em TC, é uma “pequena
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Densidade Energia
do Tecido do fóton
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denominado de número de TC. O número de TC está prolongamento dos perfis que caem fora da imagem do
relacionado ao coeficiente linear médio de atenuação do detalhe analisado. Para evitar o borrão as projeções são pré-
elemento do objeto, o voxel, que ele representa. processadas e submetidas a uma convolução com uma
função filtro, antes da retroprojeção (b). O filtro matemático
A definição do número de TC em unidades Hounsfiel (UH) é
também é conhecido por “kernel’’, isto é núcleo. A
dada na figura acima, onde, µt é o coeficiente linear de
convolução produz sinais que contêm componentes positivas
atenuação médio do material que compõe o voxel e µw é o
e negativas, que se cancelam na retroprojeção. Há diferentes
coeficiente linear de atenuação da água.
filtros matemáticos disponíveis que são selecionadas de
Por definição, o número de TC da água é igual a
zero.
A seção do objeto deve ser imaginada como se
fosse dividida em voxels, e cada voxel é representado por um
pixel.
FOVrecon.(mm)
O tamanho do voxel é
fundamental na qualidade da
orte
oC

imagem, sendo selecionado de


ra d
essu
Esp

acordo com o requisito clínico da


imagem. Sua altura é igual à
Tamanhodamatriz d
(256,512,1025)
d= FOV recon
espessura do corte e a base é
  acordo com a pergunta clínica.
Tamanhodamatriz estabelecida pela razão entre o
Tamanho doVoxelque o Pixel representa campo de visão e o tamanho da
matriz. O campo de visão (FOV) é o diâmetro máximo da
imagem reconstruída, selecionado pelo operador. A matriz de c) Fase de Apresentação da Imagem
reconstrução é, em geral, de 512 512 ou 1024 1024 pixels. A fase final é a conversão da imagem digital em uma imagem
A energia média dos fótons de raios-X está na faixa de vídeo, para que possa ser diretamente observada em um
de 50keV à 70keV [29]. Nesta faixa de energia, a interação monitor de TV e, posteriormente documentada em filme. Esta
predominante entre fótons e tecido mole é o espalhamento fase é efetuada por componentes eletrônicos que funcionam
Compton, onde o coeficiente linear de atenuação tem forte como um conversor (vídeo) digital-analógico. A relação entre
dependência com a densidade do tecido. Desta forma, pelo os valores do número de TC do pixel da matriz de
menos para os tecidos moles, os números de TC estão reconstrução para os tons de cinza, ou de brilho, da matriz de
intimamente relacionados à densidade do tecido. Para tecidos apresentação é estabelecida pela seleção da janela. Os limites
menos densos do que a água, o valor de número de TC é superior e inferior da janela são determinados pelo centro e a
negativo. Um número de TC positivo indica que a densidade largura da janela, o N TC (UH)
3.000

do tecido é maior do que a da água. que definem a faixa IMAGEM DIGITAL

dos números de TC
Um determinado tecido pode produzir valores que é convertida
diferentes de números de TC se investigado em diferentes em tons de cinza da
tomógrafos, visto que os espectros de raios X (tensão e imagem. Os pixels
filtros físicos) e os procedimentos de calibração do sistema que possuem -1.000
não são semelhantes. Além disso, em um mesmo tomógrafo, números de TC
o número de TC de um certo tecido pode variar em função da acima do limite superior da janela são mostrados na cor
localização do tecido dentro da área examinada [50, 51]. branca e aqueles cujos números de TC estão abaixo do limite
Embora haja vários métodos matemáticos para a inferior apresentam-se em preto.
reconstrução de imagens de TC, o método da retroprojeção
Características da Imagem em TC
filtrada é quase que exclusivamente usado. O método de
retroprojeção consiste em superpor os sinais projetados do
perfil de atenuação para trás, ao longo da direção em que os
As diferenças mais marcantes entre a imagem
dados de projeção foram coletados. Na Figura abaixo, é
médica por radiografia convencional e TC são geradas por
ilustrada a imagem formada a partir de três das muitas
três fontes. A primeira fonte é o algoritmo de reconstrução da
projeções realizadas na varredura real. É possível observar
imagem, que envolve as medidas físicas da atenuação dos
uma silhueta borrada do objeto. Com um número muito maior
raios-X. O processo de cálculo anula o caráter local do erros
de projeções, o borrão permanece devido à contribuição dos
e incertezas das medições, que são inevitáveis em qualquer
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ato de medir, e os distribui sobre toda a imagem. Assim, o fótons que atinge o detector. Este último é determinado pela
ponto em que a distorção na imagem é mostrada não tensão aplicada ao tubo, pela corrente no tubo, pelo filtro
necessariamente coincide com o ponto do corpo que causou físico, a espessura do corte, a espessura e composição da
a distorção. A segunda diferença encontra-se na região do corpo em estudo e pelo algoritmo de reconstrução,
discretização, isto é, o coeficiente de atenuação do tecido é principalmente do núcleo de convolução [2].
determinado a partir de um número finito de dados. Deste
modo, certas regras devem ser obedecidas, caso contrário
serão produzidas distorções na imagem sem correspondente c) Resolução Espacial
na radiografia clássica [63]. A terceira é a imagem digital.
Resolução espacial é a capacidade do sistema de
Os principais parâmetros que descrevem fisicamente mostrar detalhes finos de alto contraste, acima de 10% [100].
a imagem de TC são a resolução espacial de alto contraste A resolução espacial pode ser descrita como a menor
(nitidez de detalhe), a resolução de baixo contraste distância entre dois objetos pequenos que podem ser
(sensibilidade de contraste) e os artefatos de imagem. Além visibilizados na imagem. Na TC encontra-se na faixa de 0,7 mm
disso, dois fatores chave interferem na qualidade da imagem a 2,0 mm. Muitos fatores contribuem para a perda de nitidez
médica e na segurança: o tempo de aquisição de dados e a e redução da visibilidade de detalhe em TC, alguns
dose de irradiação por imagem. Comparada à radiografia controláveis pelo operador e outros característicos do projeto
convencional, as imagens por TC apresentam melhor do tomógrafo. O fator mais significativo que leva à perda de
sensibilidade de contraste (resolução de baixo contraste) , nitidez é a espessura do raio da amostra ou a abertura da
maior perda de nitidez de detalhe, além de mais ruído e amostragem, visto que os detalhes anatômicos que se
artefatos. Quanto ao tempo de aquisição de dados, embora encontram dentro da espessura do raio não são distinguíveis
reduções significativas tenham ocorrido ao longo dos trinta durante o processo de medir. A espessura dos raios é
anos alcançando 0,5 s por revolução do tubo, é maior do que determinada pela janela do detector, tamanho do ponto focal,
o tempo de exposição nas radiografias convencionais. As deslocamento do ponto focal durante a medição de um perfil
doses de radiação por exame são ainda sensivelmente e o espaçamento entre raios. Outro fator que influi na
maiores. resolução espacial é o tamanho do voxel, que depende do
campo de visão, tamanho da matriz e espessura de corte. Os
filtros de reconstrução também contribuem para a resolução
a) Sensibilidade de contraste espacial [100].
O grande avanço da qualidade da imagem de TC Deve-se estar ciente de que o menor detalhe que
sobre a radiografia convencional encontra-se na sensibilidade possa ser detectado em uma imagem de TC não corresponde
de contraste ou resolução de baixo que determina o tamanho necessariamente ao menor detalhe que possa ser visibilizado.
de detalhe que pode ser visivelmente reproduzido ainda que Por exemplo: um detalhe de alto contraste em relação à sua
haja apenas uma pequena diferença na densidade relativa à vizinhança e tamanho menor do que um voxel pode
área vizinha. Os fatores que contribuem para o alto grau de influenciar no número de TC do pixel (valor médio do
sensibilidade de contraste são: a imagem em planos sem a coeficiente linear de atenuação). Ele vai aparecer na imagem
superposição de outras estruturas fora do plano, a seleção da com um contraste relativamente visível em relação aos pixels
janela que controla o contraste e o feixe de raios-X adjacentes.
relativamente estreito que reduz a radiação espalhada.
O principal fator de degradação da sensibilidade de
d) Artefatos
contraste na imagem de TC é o ruído de natureza estatística.
Artefato de imagem é qualquer estrutura ou padrão
na imagem que não tem correspondente no objeto em estudo.
b) Ruído Qualquer sistema de imagem apresenta artefatos. Em virtude
do processo de formação da imagem , os artefatos em TC são
O ruído é aquele aspecto granulado observado na
bem distintos de outras modalidades de imagem, sendo
imagem de TC. É resultado da natureza quântica do fótons de
identificados pela sua aparência. A familiaridade com tais
raios-X, que gera uma flutuação estatística local nos números
artefatos permite ao profissional experiente descontar
de TC dos pixels da imagem de uma região homogênea do
subjetivamente a sua presença. Como fontes de artefatos têm-
corpo. A magnitude do ruído é determinada pelo desvio
se [111]:
padrão dos números de TC sobre a região de interesse (ROI)
em um material homogêneo. A fonte predominante de ruído • movimento do paciente (listras)
é a flutuação do número de fótons de raios X detectados, • objetos de alta atenuação (listras)
portanto depende da eficiência dos detectores e do fluxo de • "aliasing" (listras)
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• endurecimento do feixe (forma de cálice) qualidade da imagem no tocante aos artefatos devido ao
• desbalanceamento dos detectores (anéis) movimento do paciente, quer voluntário , quer involuntário.
• centralização Tempos mais longos requerem maior cooperação do paciente.
• efeito de volume parcial Outra vantagem da aplicação de tempos mais curtos é a
possibilidade de estudos dinâmicos e o acompanhamento
O ruído estritamente falando não deixa de ser um artefato.
cinético do meio de contraste.

b) Espessura de Corte
A espessura nominal do corte, entre 1 a 10 mm, é
selecionada de acordo com o tamanho da estrutura ou da
lesão que se deseja estudar. Contudo, deve-se estar atento às
implicações da espessura de corte na qualidade de imagem e
Parâmetros que Afetam a Qualidade na dose de radiação para o paciente. Quanto mais larga é a
da Imagem em TC espessura de corte, menor será o ruído e melhor a resolução
de baixo contraste. Entretanto, a imagem estará mais sujeita à
A qualidade da imagem de TC é uma matéria presença de artefatos de volume parcial. Por outro lado, as
complexa influenciada por parâmetros relacionados à dose, imagens de cortes mais finos apresentam melhor resolução
por parâmetros relacionados ao processamento da imagem e espacial. Se a espessura do corte é muito fina , entre 1 e 2 mm,
por parâmetros clínicos. as imagens podem ser afetadas de modo significativo pelo
ruído. Para a TC helicoidal, a espessura nominal representa a
espessura efetiva do feixe de radiação no eixo de rotação e a
A - Parâmetros Relacionados à Dose de Radiação espessura da imagem do corte vai depender do algoritmo de
interpolação selecionado para a reconstrução da imagem.

a) Fatores de Exposição
c) Incremento de Mesa
Os fatores de exposição relacionados à dose de
Na TC seriada, a separação entre cortes, irradiado e
radiação para o paciente são os seguintes: tensão aplicada ao
de imagem, é definida como o incremento da mesa menos a
tubo de raios-X (kV), corrente no tubo de raios-X (mA) e
espessura nominal do corte, que são os parâmetros
tempo de exposição (s), os quais afetam tanto a qualidade de
selecionáveis. Nos estudos clínicos, a separação entre cortes
imagem como a dose de radiação para o paciente. Em geral,
encontra-se na faixa de 0 a 10 mm se os cortes não são
podem ser selecionados de um a três valores de tensão
superpostos. Valores negativos significam que os cortes são
aplicados ao tubo na faixa entre 100 a 140 kV. O valor
superpostos. O espaçamento entre cortes não influencia as
selecionado da tensão deve contemplar a composição e a
características da imagem de um único corte. Deve-se ter o
espessura da região a ser analisada e o contraste desejado.
cuidado de não deixar de visibilizar as lesões que caem no
Uma vez fixadas a tensão do tubo e a espessura de corte, a
intervalo entre os cortes. O intervalo entre cortes não deve
qualidade da imagem vai depender da exposição radiográfica,
exceder a metade do diâmetro das lesões suspeitas. Cortes
produto da corrente no tubo de raios-X e tempo de exposição,
bem separados são utilizados nos estudos dos sinais de
expresso em mAs. O valor absoluto do mAs necessário para
doenças distribuídos em todo o tecido. Os cortes seriados
uma certa imagem dependerá do filtro físico, dos detectores
superpostos são utéis nas reconstruções multiplanares ou
e da distância foco-detectores. Para um determinado modelo,
tridimensionais, diminuindo a aparência de degrau.
aumentando-se a exposição melhora-se a resolução de baixo
contraste devido à redução do ruído, porém, por outro lado, Para um dado volume de investigação, quanto
aumenta-se a dose do paciente. menor é a separação entre cortes maior será a dose local e a
dose integral para o paciente. O aumento na dose local é em
A qualidade de imagem consistente com as
razão da superposição dos perfis de dose de cortes
indicações clínicas deve ser atingida com a menor dose
adjacentes. Já o que causa o aumento na dose integral é o
possível para o paciente. Nos casos em que o baixo ruído da
aumento do volume de tecido diretamente irradiado, como
imagem é crucial na obteção da informação, são aceitáveis
indicado pelo fator de empacotamento.
doses mais altas para o paciente.
Apenas os tomógrafos mais modernos permitem a
seleção de tempo de revolução do tubo de raios-X. O tempo d) Passo ou Fator de Passo
de exposição, durante a aquisição de dados, influencia a

Curso: “ Tomografia Computadorizada: Formação da Imagem e Radioproteção” IRD- 2002 7
Na TC helicoidal a separação entre cortes, durante fixos, quanto maior o volume de investigação maior será a
a fase de exposição, é dada pelo passo. O passo é definido dose para o paciente.
como a razão entre o deslocamento da mesa durante uma
rotação completa do tubo e a espessura nominal de corte.
Alguns fabricantes empregam o termo fator de passo, que é B - Parâmetros de Reconstrução e Apresentação da
o vocábulo que melhor o define, visto que o passo de uma Imagem
hélice se refere à distância entre dois pontos, cujos ângulos
polares é 22π. Na prática médica, seleciona-se o fator de
passo com os valores entre 1 e 2. Valores menores do que 1 a) Campo de Visão (FOV)
significam que os cortes irradiados são sobrepostos. Em
termos de dose e imagem, a maioria dos parâmetros da O campo de visão (FOV) é definido como o diâmetro
imagem são equivalentes se a região é investigada pela TC máximo na imagem reconstruída e abrange a faixa de 12 a 50
seriada contígua ou a TC helicoidal com passo = 1[57]. Para cm. Escolher um FOV pequeno significa reduzir o tamanho do
passo maior do que 1, a dose de radiação é reduzida se “voxel”, uma vez que se utiliza toda a matriz de reconstrução
comparada com a varredura contígua em série, assim como a para uma região menor do que no caso de um FOV mais
resolução de baixo contraste da imagem. O similar na extenso. Isto traz a vantagem de melhorar a resolução espacial
varredura helicoidal seriam cortes não contíguos. Neste caso, da imagem. Ao se selecionar o FOV deve ser ponderado se
na varredura helicoidal não há perda de registro das todas as regiões com possíveis sinais de doença foram
estruturas, o que ocorre no intervalo de separação entre os incluídas. O FOV muito pequeno pode excluir sinais
cortes na TC convencional. Se as imagens dos cortes são relevantes da doença.
reconstruídas em intervalos iguais à espessura nominal de b) Algoritmo Matemático
corte e o fator de passo na aquisição é maior do que 1,5,
haverá perda significativa na resolução de baixo contraste da O algoritmo de reconstrução é composto de instruções
imagem final [109]. matemáticas para o cálculo da imagem e as etapas principais
são a convolução dos perfis de atenuação e, posteriormente,
a retroprojeção. O aspecto e as características da imagem de
TC são fortemente dependentes do algoritmo selecionado,
Varredura convencional Varreduras helicoidais
especificado pelo núcleo ou filtro de convolução. O algoritmo
Passo = 1 Passo = 1,5 Passo = 2 de reconstrução é selecionado conforme a indicação clínica
d= T d= 1,5 T d= 2 T
e a área em estudo. Os algoritmos padrões ou de tecidos
moles são os apropriados para a maioria dos exames. Existem
outros tipos de algoritmos: alguns intensificam as bordas
melhorando a resolução espacial, apropriados para exibir a
imagem detalhada do tecido ósseo e do parênquima
T T
d d pulmonar; outros suavizam a imagem, diminuindo o ruído,
Distância percorrida pela mesa durante uma rotação do tubo de 360 ° (d) levando, entretanto, a perda de nitidez.
Passo = —————————————————————————————————
Espessura nominal do corte (T)
e) Inclinação do “Gantry”
c) Algoritmo de Interpolação
A inclinação do “gantry” é definida como o ângulo
entre o plano vertical e o plano formado pelo tubo de raios-X, Para a reconstrução de imagens a partir da aquisição
o feixe de raios-X e o conjunto de elementos de detecção. O de dados em helicoidal, há dois tipos de interpolações
gantry, normalmente, permite inclinação de –25o a +25o Um básicas. Elas usam perfis de atenuação tomadas a meia
ângulo diferente de zero pode ser apropriado para reduzir ou rotação (180o) ou em uma rotação completa (360 o) do tubo
eliminar artefatos ou reduzir a dose de radiação em órgãos ou nos dois lados do plano que se deseja a imagem. São
tecidos radiosensíveis. indicados por termos claros como: >interpolação linear 180 =
(IL 180 ), ou >interpolação linear 360 o = (IL 360) por alguns
fabricantes. Outros fabricantes empregam uma terminologia
f) Volume de Investigação própria como >slim= ou >wide=, ou >interpolação 1= e
>interpolação 2=. Além desses dois tipos básicos de
O volume de investigação é o volume de imagem
interpolação linear, vários sistemas possuem outros tipos de
definido pelo início e pelo fim da região estudada. Deve-se
interpolações. Algumas vezes elas são utilizadas como
cobrir todas as regiões que tenham possibilidade de
padrão [24]. A interpolação linear 360 o que não é o padrão
apresentar sinais de doenças para a indicação do exame.
mais freqüente, dá origem a uma imagem do corte
Considerando que todos os outros parâmetros permaneçam
significantemente mais larga do que a correspondente

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varredura axial padrão usando o mesmo colimador de posição da janela é definida como o valor do centro da janela
espessura de corte. usada para exibir o tom de cinza médio, de modo que o
observador seleciona-a de acordo com as características de
atenuação da estrutura de interesse.
d) Algoritmos de Endurecimento de Feixe de
Correção de Movimento
A reconstrução das imagens pode ainda incorporar L N o TC
L
outras funções tais como: algoritmos de endurecimento de W
L

feixe para as investigações da cabeça, ombro ou pelve e W


A B
W
C
algoritmo de correção de movimento para as varreduras de
tronco. Elas são incorporadas como características padrão,
ou são fornecidas como opções de acordo com a preferência
do usuário. Largura da Janela Constante
O ajuste correto da janela é também fundamental na
análise das formas das estruturas. Por causa dos artefatos de
e) Tamanho da Matriz de Reconstrução volume parcial, o número de TC da borda entre duas
A matriz de reconstrução é o arranjo de linhas e estruturas contíguas é igual a um valor intermediário entre o
colunas de pixels da imagem reconstruída, tipicamente 512 x valor do número de TC de cada estrutura. Isso dá uma
512 e 1024 x 1024. Os tomógrafos mais antigos apresentam impressão ótica de uma sombra acizentada no limite das
matriz de reconstrução de menor tamanho. superfícies. A resolução espacial da forma das estruturas
pode ser aperfeiçoada ajustando-se a janela de modo que as
estruturas fiquem melhor visibilizadas. Janelas muito estreitas
Observação: Se os dados brutos de aquisição são minimizam o efeito de penumbra e melhoram oticamente a
armazenados e o processo de reconstrução estrutura em estudo [111].
posteriormente executado, diferentes características da Pelo que foi mostrado acima, o centro e a largura da
imagem podem ser obtidas sem a irradiação adicional do janela determinam o contraste da imagem e o tamanho das
paciente. Por exemplo: se se deseja analisar os tecidos estruturas na imagem.
moles e os detalhes das estruturas ósseas, os dados
brutos são chamados à memória do computador, realizada
a reconstrução com o algoritmo matemático padrão e, g) Filtros pós-Processamento
depois, imagens são reconstruídas com o algoritmo de
intensificaçao de bordas. Esta prática de armazenar todos Em adição aos principais algoritmos de reconstrução
os dados brutos para depois realizar os processamentos que são aplicados aos dados iniciais de atenuação (dados
matemáticos não faz parte da rotina, visto que eles brutos), muitos tomógrafos oferecem filtros pós-
ocupam muito espaço em disco ou memória. processamento que podem ser aplicados para suavizar ou
intensificar a imagem final na tela do monitor. Há uma larga
variedade de tipos desses filtros.
f) Ajuste da Janela de Apresentação

h) Fator de “zoom”
W

A
No TC A imagem digital permite o uso do recurso de
W
B “zoom” para magnificar a imagem de um setor do campo
W
C
investigado. Os valores dos pixels relativos àquele setor são
redistribuídos, por interpolação, por toda matriz de
apresentação. O “zoom” auxilia a análise de detalhes da
A B Constante
Centro da Janela C imagem, acarretando, porém, a perda de nitidez.
Uma janela é caracterizada pela sua largura e o seu centro da
janela, expressos em UH. A largura de janela é definida como
a faixa de números de TC que é convertida em tons de cinza. C - Pârametros Clínicos
De modo geral, para reproduzir uma faixa ampla de tecidos é O tamanho e a composição do paciente afetam os
apropriada uma janela mais larga. Janelas mais estreitas são
mais convenientes para mostrar tecidos específicos. A


Curso: “ Tomografia Computadorizada: Formação da Imagem e Radioproteção” IRD- 2002 9
aspectos característicos da imagem tomográfica. Para uma Grandezas Dosimétricas Usadas Em TC
dada exposição, as imagens de um paciente de grande porte
apresentam mais ruído do que as imagens de pacientes de
menor porte. Então, espera-se que aumentando a dose de Na TC a fonte de irradiação em movimento rotacional
radiação poder-se-á ter uma imagem melhor. Ocorre que a produz, no interior da seção do corpo no
grande quantidade de tecido adiposo em pacientes obesos paciente,distribuição de dose absorvida mais uniforme que a
produz melhor delineação das estruturas do que ocorre com dos outros procedimentos da Radiologia Convencional onde
pacientes não obesos. Assim, a qualidade da imagem para o a irradiação é unidirecional [39, 63]. Os parâmetros de
diagnóstico pode ser adequada, embora com mais ruído. exposição influenciam o valor da dose. Já a distribuição
Portanto, aumentar a dose de radiação para pacientes obesos espacial relativa da dose absorvida depende dos parâmetros
não é regra geral. Por outro lado, pode não ser adequada a geométricos da unidade, tais como o ângulo de abertura,
redução de dose em pacientes caquéticos, em razão da falta distância foco-centro de rotação e, fundamentalmente, da
inerente de contraste do corpo [54]. As etapas de preparo do forma e composição do filtro moldado [17, 50, 51].
exame também concorrem para o sucesso da investigação. O
paciente deve ser orientado a cooperar o máximo possível Por outro lado, o feixe de radiação em TC sendo
durante o procedimento. Em geral, o paciente deve muito fino, e a fonte de raios-X estando em movimento
permanecer em supino. Um posicionamento especial pode ser durante a exposição não permitem o uso dos instrumentos
útil para reduzir os artefatos ou minimizar a exposição em para medir radiação do mesmo modo que na Radiografia
órgãos ou tecido mais radiosensíveis. Convencional. Existe um grande número de grandezas
propostas para a descrição do campo de radiação e a dose no
O paciente deve permanecer o mais imobilizado paciente em TC [7,8, 17, 23, 24, 65, 70, 72, 88, 91, 93 ].
possível. As fontes principais de artefatos de movimentos
involuntários do paciente são: respiração, atividade Em 1981, dois descritores de dose foram
cardiovascular, peristalse e engasgo. Os artefatos ficam introduzidos pelo FDA [93]: o índice de dose em tomografia
reduzidos diminuindo-se o tempo de aquisição de dados. computadorizada (CTDI) e a dose média em múltiplos cortes
(MSAD). Eles deram origem às formas mais difundidas de
Em exames de TC na região pelvi-abdominal, deve descrição da dose. Vale ressaltar que, no começo dos anos
ser prescrita a administração de meio de contrate oral em 80, o único modo de varredura existente era a varredura
intervalos de tempo e em dosagem apropriada à indicação seriada, ou seja, corte a corte.
para opacificar as cavidades. A administração de meio de
contraste via retal pode ser necessária em alguns exames da O CTDI é definido como a razão entre a integral do
pelve. Em alguns exames ginecológicos, utiliza-se o tampão perfil de dose em um único corte (D1(z)) ao longo de uma
vaginal. linha infinita perpendicular ao plano tomográfico e o produto
da espessura nominal de corte (T) pelo número de cortes
A administração de meio de contraste intravenoso irradiados por varredura (n), ou seja:
é necessária em alguns estudos e deve ser aplicada de forma
apropriada à indicação clínica, levando-se em consideração os
fatores de risco [82]. Se for administrado meio de contraste A largura do perfil de dose absorvida, mesmo no ar,
intravenoso, o paciente deve fazer o exame em jejum, exceto é maior do que a espessura nominal de corte. Esta
de líquidos. discrepância é mais acentuada quando se trata de varredura
Os órgãos radiosensíveis devem ser protegidos de cortes finos [24, 32, 47, 75, 88]. O valor estimado de CTDI
sempre que possível, isto quando estiverem fora do campo de representa o valor da dose em um elemento de volume
imagem, de 10 a 15 cm do volume de investigação. O protetor devido à exposição de um único corte como se toda a dose
de gônadas masculino tem se mostrado eficaz. O mesmo não absorvida do perfil fosse homogeneamente concentrada em
ocorre com os protetores das gônadas femininas [10, 86]. um elemento de volume de tamanho igual a um elemento de
seção de área e espessura igual à espessura nominal de corte.
Uma radiografia de projeção de cortes é necessária O CTDI pode ser estimado no ar (CTDIar , com pouca
para definir o volume de varredura. contribuição de radiação espalhada), e no simulador (com a


1
CTDI =
nT ∫ D1 ( z ) dz
−∞
contribuição de radiação espalhada).


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A MSAD é um descritor de dose local, definida para prático para fazer medidas para estimar CTDI é utilizar uma
múltiplos cortes, de espessura nominal T e com separação (I) câmara de ionização do tipo lápis, de comprimento sensível
constante, como a dose média na seção efetiva do corte de 100 mm, projetada especialmente para TC [104]. Medida
central ao longo de uma distância entre dois cortes deste modo e com o intervalo de integração de 100 mm, a
consecutivos (I), ou seja

1
T −∫∞
I
1 2 D( z )dz = CTDIideal
MSAD =
I ∫ D N , I ( z ) dz -∞ z ∞

−I
2
1 5 cm
T − 5∫cm
Se o número de cortes é suficientemente grande, por D( z )dz = CTDI 10 cm
exemplo 14 cortes [77], a contribuição da irradiação dos cortes 10 cm

mais longínquo no corte central é desprezível , portanto:


7T
1
T −∫7T
D( z )dz = CTDIFDA
14 T
T 
MSAD = CTDI .  Descritores de Dose - CTDI
I grandeza é denominada de CTDI100 .
Nos casos dos cortes serem contíguos, tem-se:
De modo a simplificar os procedimentos de medir
MSAD = CTDI CTDIFDA e, ao mesmo tempo, permitir uma comparação entre
os resultados de medições de dose nas diferentes versões de
CTDI, foram determinados fatores de conversão entre
Da própria definição, a MSAD só é possível ser CTDI100,PMMA (intervalo de integração de 100mm , medido e
estimada em um simulador padrão. O FDA também definiu expresso no PPMA) e CTDIFDA para as diferentes espessuras
que os simuladores padrão seriam de cabeça e de tronco [30]. de corte, simuladores (cabeça ou tronco) e posições dentro
A MSAD é a grandeza recomendada pela American do simulado [24, 62].
Association of Physicists in Medicine (AAPM) para os O CTDIar é uma grandeza relacionada com o
testes de aceitação [2]. Foi também a grandeza básica em dois rendimento do tubo de raios-X do tomógrafo e é adequada
levantamentos de dose em exames de TC de crânio nos para os testes de constância. Foi a grandeza básica de medida
Estados Unidos. No primeiro, as estimativas foram realizadas da radiação nos levantamentos da prática de TC nos países
na periferia do simulador [71], a 1 cm da borda e no segundo da Europa [16, 33, 49, 83, 95, 97]. Por si só, o CTDIar não é um
levantamento com as medidas no centro do simulador [18]. Os bom indicador para fazer comparações entre os níveis de
protocolos de medir, nos dois casos, estabeleciam a radiação devido a técnicas de exames entre diferentes
estimativa de CTDI, isto é, medições de dose durante a modelos ou serviços. Do mesmo modo, não serve como
exposição de varredura de um único corte e a estimativa de indicador do risco de radiação. A relação entre CTDIar e a
MSAD usando as mesmas suposições que as utilizadas para dose efetiva, a grandeza de radioproteção relacionada ao
o estabelecimento das equações B.3 ou B.4. risco devido à radiação, varia de um fator de até 3 entre os
O FDA adotou uma definição particular para o diferentes modelos de tomógrafos [17, 97]. Estas diferenças
CTDI, o CTDIFDA [30], para os testes de conformidade nos são causadas pelos projetos dos tomógrafos que empregam
tomógrafos comercializados nos Estados Unidos. O CTDIFDA diferentes desenhos e materiais de filtro moldado. Contudo,
envolve a integração de D1(z) sobre um intervalo equivalente o CTDIar é a grandeza operacional fundamental na dosimetria
a 14 vezes a espessura nominal do corte, em um simulador do paciente. A dose efetiva para um determinado protocolo
padrão (cabeça ou tronco). Ele é expresso em termos da dose de técnica radiográfica pode ser calculada a partir da medida
absorvida no PMMA. O intervalo escolhido se deu, de CTDIar e a utilização dos coeficientes de conversão para as
provavelmente, pelo fato já aceito pelos especialistas de que doses em órgãos. Estes coeficientes são determinados para
14 cortes seriam suficientes para estabelecer uma relação cada modelo de tomógrafos, usando a técnica de Monte Carlo
direta entre CTDI e MSAD. Como todos os fabricantes que e um simulador matemático antropomórfico [52, 115].
comercializam tomógrafos nos Estados Unidos foram Quando as medidas de radiação são realizadas ao ar
obrigados a reportarem os valores de CTDIFDA para todos os livre, CTDI100,ar, o comprimento da câmara de ionização é
modos de operação, no centro do simulador e na periferia a suficiente para abranger todo o perfil de dose para as
1 cm das bordas, foi gerada uma base de dados de dosimetria espessuras de corte típicas das empregadas na clínica.
de TC. Esta grandeza, CTDIFDA, no entanto, não é prática de Porém, se as medições são realizadas em simuladores
se medir porque o intervalo de integração varia com a dosimétricos, a radiação espalhada no seu interior modifica
espessura nominal de corte. Na realidade, o modo mais o formato da função perfil de dose, alargando-o de muitas

Curso: “ Tomografia Computadorizada: Formação da Imagem e Radioproteção” IRD- 2002 11
vezes o valor da espessura nominal do corte. Neste caso, o uma indicação clínica válida.
intervalo de 100 mm passa a ser insuficiente para cobrir todo
Como qualquer método que envolve radiação
o perfil axial de dose dentro do simulador para cortes mais
ionizante, ao ser solicitado um exame de TC é necessário
espessos.
ponderar se o resultado desejado pode ser conseguido por
A razão entre os valores de CTDIFDA e de CTDI 100 outros métodos acessíveis e com um menor risco associado.
estimados no centro e a 1 cm da borda dos simuladores varia Em muitos casos, as imagens por ultra-som (US) e
de até 4 vezes [17], entre os vários modelos de tomógrafos, ressonância magnética (RM) apresentam-se como métodos
devido à influência dos filtros moldados na distribuição de alternativos à TC [22].
dose no interior dos simuladores [17, 51]. Portanto, medir a
O valor alto da dose de radiação em TC exige
radiação em apenas um ponto não caracteriza as diferenças na
cuidado especial na solicitação do exame em mulheres
distribiuição de dose entre os diferentes modelos de
grávidas e crianças. Do mesmo modo, cuidados especiais
tomógráfos.
devem ser tomados quando órgãos ou tecidos mais
Leitz e colaboradores [65] propuseram uma grandeza radiosensíveis são expostos. Os critérios de autorização de
prática como indicadora de dose média em um único corte, o uma solicitação de exame, nestes casos, devem ser mais
Índice Ponderado de Dose em Tomografia Computadorizada, restringentes.
CTDIw. Presumindo que a dose no simulador diminui
A seleção da técnica de imagem mais adequada à
linearmente na direção radial, no sentido da superfície ao
questão clínica é, muitas vezes, tarefa não trivial frente à
centro, eles definiram CTDIw como:
rápida evolução dos métodos de imagem. A Organização
CTDIw = 1/3 CTDI100,C + 2/3 CTDI100, P Mundial de Saúde (OMS) [113, 114] e o Royal College of
Radiology [90] têm publicado guias de orientação para
onde, CTDI100,c representa a medida realizada no centro e
médicos solicitantes. Com isso, procuram evitar custos
CTDI100,p representa a média das medidas em quatro pontos
supérfluos para a saúde, irradiações desnecessárias aos
diferentes em torno da periferia do simulador.
pacientes e desgaste emocional dos pacientes e seus
familiares.
Os regulamentos técnicos, por exemplo o da
Inglaterra, exigem que um profissional qualificado, o médico
PRINCÍPIOS DE RADIOPROTEÇÃO E radiologista, aprove a necessidade do exame de TC, em razão
CRITÉRIOS DE QUALIDADE EM TC das altas doses de radiação envolvidas. Com isto, ele assume
toda a responsabilidade clínica do exame [89]. Nesta
estrutura, o médico radiologista e o médico solicitante devem
1 Princípios Básicos de Radioproteção para Aplicações trabalhar em estreito contato a fim de estabelecer o
Médicas procedimento mais apropriado para o paciente. No Brasil, a
responsabilidade das vantagens, limitações ou proibições da
Os dois princípios básicos de Radioproteção
prática radiológica e dos riscos de radiação associados ao
recomendados pela Comissão Internacional de Proteção
procedimento recaem sobre o médico que prescreve ou
Radiológica (ICRP) para as exposições médicas, são: a
solicita o exame [73] e sobre o médico radiologista que realiza
justificação da prática e a otimização da radioproteção,
ou orienta o exame.
incluindo as considerações de níveis de dose de referência
para Radiodiagnóstico [41, 42, 43]. A ênfase é manter a dose
para o paciente o mais baixa quanto razoavelmente exeqüível
1.2 Otimização da Radioproteção
(princípio ALARA), compatível com os padrões aceitáveis de
qualidade de imagem. Esses princípios foram adotados no Justificada a solicitação do exame, o próximo passo
Regulamento Técnico do Ministério da Saúde “Diretrizes de da radioproteção é otimizar o processo da imagem, isto é,
Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e obter a informação clínica com a menor dose possível.
Odontológico” [73].
Em relação à dose de radiação, a ICRP tem
estimulado a aplicação de níveis de referência para exames de
Radiodiagnóstico como subsídio à otimização da
1.1 Justificação da Prática
radioproteção nas exposições. Os níveis de referência para o
O primeiro passo para a radioproteção é a Radiodiagnóstico servem como o limiar para desencadear uma
justificação da prática, que na Radiologia está intimamente investigação quando a dose de radiação estiver acima da
ligada ao grau de informação que pode ser extraído do situação ótima e forem urgentes as ações de redução de dose.
estudo. A investigação radiológica só é justificável se houver Permitem, também, comparar as técnicas de exames realizados

Curso: “ Tomografia Computadorizada: Formação da Imagem e Radioproteção” IRD- 2002 12
em diferentes serviços e em diferentes modelos de
equipamentos. Os níveis de referência para Radiodiagnóstico
2 Critérios da Qualidade
auxiliam apenas a identificação da prática inadequada, não
sendo bons indicadores do desempenho satisfatório da Em 1984, na CE, teve início a formação de grupos de
imagem. Eles podem ser estabelecidos com base em trabalhos para estabelecer diretrizes para a implantação de
levantamentos de dose em larga escala, levando em conta a critérios da qualidade em várias aplicações da Radiologia [92].
variação de desempenho entre os diferentes serviços e O primeiro documento publicado foi na área de radiografia
clínicas [40]. Esta abordagem foi aplicada com sucesso, na convencional para adultos [26]. Logo após foram
Inglaterra, para os exames mais freqüentes de radiografia apresentados critérios da qualidade para a radiografia
convencional. Para cada tipo de exame, o valor do nível de convencional pediátrica [27] e mais recentemente para TC em
referência foi estabelecido pragmaticamente como o valor do pacientes adultos [28]. Estão em andamento os grupos de
terceiro quartil da distribuição das doses médias de amostras estudos para TC pediátrica e para os procedimentos
representativas de pacientes de cada serviço [89, 99]. Os radiológicos intervencionistas. Têm sido realizados
serviços com doses acima do terceiro quartil foram levantamentos cobrindo toda a Europa para verificar se os
encorajados a investigar as causas e se ajustarem à boa critérios propostos são adequados, compreensíveis e
prática. exeqüíveis. Ao mesmo tempo, tais levantamentos fornecem
informações sobre o grau de desempenho das imagens
A informação clínica abrange duas fases: qualidade
médicas no continente. Os resultados também têm sido úteis
da imagem e qualidade da interpretação clínica. Mesmo após
para a revisão dos critérios da qualidade. Até o momento já
um século da utilização de procedimentos radiológicos, é
foram realizados dois levantamentos sobre a técnica de
quase impossível definir de modo claro e sem equívocos a
radiografia convencional em adultos [68, 69] e um sobre TC
qualidade da imagem radiológica.
[48, 53]. O Brasil participou de um desses levantamentos de
Como o desempenho dos equipamentos é radiografia convencional realizado em 1991 [68]. Os critérios
componente importante na cadeia da formação da imagem e da qualidade para o exame mamográfico foram incorporados
a metodologia dos testes para verificação e constância dos à metodologia do Programa de Certificação do CBR em
aspectos técnicos e físicos já estão estabelecidos, muitas Mamografia [61].
vezes as estratégias de otimização restringem-se ao programa
de controle de qualidade do equipamento [21 ,106].
2.1 O Documento EUR 16262 - Critérios da Qualidade em
Stender e Stieve [102], em 1984, propuseram
Tomografia Computadorizada
abordagem abrangente para avaliação da boa prática de
imagem diagnóstica. Eles sistematizaram uma base para O Documento EUR 16262 [28] apresenta as diretrizes da CE
estabelecer critérios de qualidade para exames radiográficos, para os critérios da qualidade em TC. O objetivo do
com os requisitos físicos, técnicos e clínicos e apresentaram documento é direcionar a prática da TC no sentido de se
os primeiros critérios da qualidade para alguns exames obter imagens de qualidade aceitável em todos os países da
radiográficos [102,103]. Europa com dose de radiação, por exame, razoavelmente
baixa. Ele se destina aos profissionais técnicos e médicos
O conceito de critérios da qualidade interligando os
envolvidos na realização do exame, aos que projetam
aspectos da qualidade diagnóstica da imagem, dose de
tomógrafos computadorizados e acessórios, aos que fazem
radiação ao paciente e técnica de boa prática foi reconhecido
manutenção dos equipamentos, aos que especificam e
pelo Grupo de Radioproteção da CE que os adotou como
compram equipamentos e às autoridades sanitárias.
base para uma infra-estrutura operacional de proteção
radiológica [92]. As orientações referentes aos critérios da O Documento apresenta os critérios da qualidade para seis
qualidade fornecem um apoio para a interpretação correta da grupos de exames de TC: crânio, face e pescoço, coluna,
imagem. tórax, abdome e pelve, ossos e juntas. Cada grupo de exames
é subdividido nos exames mais freqüentes de órgãos
Um processo coerente para o estabelecimento dos
específicos ou de partes do corpo:
valores dos níveis de referência para Radiodiagnóstico foi
apresentado por Moores [74]. A seqüência proposta é: a Grupo Exames
partir do consenso dos requisitos mínimos da imagem clínica, Crânio: geral do cérebro e base do crânio
procuram-se os parâmetros da técnica que produzam essas Face e pescoço: face e seios da face, osso petroso, órbitas, sela
imagens, seleciona-se a que é adequada à rotina, túrcica e hipófise, glândulas salivares (parótida e
submandibular), faringe e laringe.
considerando as alterações decorrentes das diferenças de
Coluna: estruturas vertebrais e para vertebrais, segmento
tamanho entre pacientes e o nível de dose. O valor do nível
lombar da coluna (herniação discal) e medula
de dose de referência é então estabelecido. óssea.

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Curso: “ Tomografia Computadorizada: Formação da Imagem e Radioproteção” IRD- 2002 13
Grupo Exames terminologia:
Tórax: tórax geral, tórax vasos do mediastino e tórax alta A- Visualização: Órgãos e estruturas são detectáveis no volume
resolução investigado.
Abdome e pelve: abdome geral, fígado e baço, rins, pâncreas, B- Reprodução crítica: Os detalhes das estruturas para a indicação
glândulas adrenais, e pelve geral. específica são discriminados em um grau
Ossos e juntas: ossos da pelve e ossos do ombro essencial para o diagnóstico. Estão incluídos
os termos:
B.1 - Reprodução: Detalhes de estruturas anatômicas são visíveis,
embora não estejam necessariamente bem
Os critérios da qualidade são aplicáveis a pacientes
definidos; detalhes emergentes; indícios
adultos de aproximadamente 70 kg e 1,70 m de altura, com
B.2 - Reprodução Os detalhes anatômicos estão claramente
indicações comuns à técnica de TC. visualmente precisa: definidos; detalhes evidentes.

O Documento EUR 16262 deixa bem claro que esses Os parâmetros físicos da imagem são mensuráveis
critérios não são aplicáveis a todos os casos. Para certas por meio de simuladores e incluem ruído, resolução de baixo
indicações clínicas, imagens de qualidade inferior são contraste, resolução espacial, linearidade, homogeneidade e
aceitáveis. Neste caso, a dose de radiação para o paciente estabilidade dos números de TC e perfil de sensibilidade de
deveria ser mais baixa. corte. Os testes de rotina para avaliar a constância do
desempenho são especificados para os critérios físicos da
As recomendações para cada exame são
imagem, fazendo parte, portanto do programa de controle de
organizadas em: etapas preparatórias do exame, requisitos
qualidade do tomógrafo que os serviços devem implementar
para o diagnóstico especificando os critérios anatômicos,
[16, 73] a fim de garantir seu desempenho com qualidade
critérios de dose de radiação para o paciente, exemplos de
satisfatória.
técnica para uma boa imagem, e condições clínicas que
afetam a qualidade da imagem. c) Critérios de Dose de Radiação para o Paciente
Quanto aos Critérios de Dose de Radiação para o
Paciente, as diretrizes propõem dois descritores de dose: o
a) Etapas Preparatórias do Exame
índice ponderado de dose de TC (CTDIw) e o produto dose-
As etapas preparatórias visam garantir a justificativa e o comprimento (DLP):
controle do exame, compreendendo: indicação do exame
CTDIw é aproximadamente a dose média sobre um único
acompanhado dos exames anteriores, preparo do paciente e
corte, medido em um simulador padrão dosimétrico de cabeça
radiografia de planejamento dos cortes.
(h) ou simulador padrão de tronco (b), expressos em termos
b) Requisitos para o Diagnóstico de dose absorvida no ar (mGy). Os simuladores padrões
dosimétricos são adotados pela International Electrotechnical
A qualidade da imagem de TC é fundamental para o
Comission (IEC) [45].
diagnóstico correto. Para garantí-la, é necessário um controle
físico da qualidade e um método para avaliar a qualidade da O CTDIw é definido como:
imagem para o diagnóstico. Assim, os requisitos para o
CTDIw = 1/3 CTDI100,C + 2/3 CTDI100, P
diagnóstico são apresentados como os critérios anatômicos
da imagem e os critérios físicos da imagem onde CTDI100,c representa o índice de dose em tomografia
computadorizada medido no centro do simulador com uma
Os critérios anatômicos da imagem são os requisitos
câmara de ionização de 100 mm de comprimento ativo e
que devem ser atendidos quando são propostas questões
CTDI100,p representa a média das medições nas mesmas
clínicas específicas a fim de auxiliar o diagnóstico. Eles levam
condições, porém realizadas em quatro pontos diferentes em
em conta a visibilidade de estruturas anatômicas importantes
torno da periferia do simulador.
que devem estar presentes na área em estudo e o contraste
entre os diferentes tecidos de interesse em função da sua A estimativa de CTDIw fornece um controle da
relação com a manifestação radiográfica de uma doença, técnica de exposição, em especial do ajuste do mAs.
disfunção ou trauma. Se essas marcas anatômicas e o
DLP: também avaliado em simulador padrão dosimétrico de
contraste entre os tecidos são bem visíveis em uma imagem
cabeça ou de tronco, é expresso em termos de dose absorvida
tomográfica, então a imagem será capaz de apresentar os
no ar - comprimento (mGy cm). A monitoração do DLP
sinais da doença, quando presentes.
fornece o controle do volume de irradiação e a dose total de
Os requisitos para o diagnóstico distinguem três um exame.
graus de visibilidade. Como até o momento não existem
O produto dose-comprimento para um exame
definições internacionalmente aceitas quanto aos termos que
completo:
descrevam tais graus de visibilidade, adotou-se a
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Curso: “ Tomografia Computadorizada: Formação da Imagem e Radioproteção” IRD- 2002 14
DLP = Σi nCTDIw x C x N x T (mGy cm) TC helicoidal, o campo de visão (FOV), a inclinação do
gantry, a tensão aplicada ao tubo de raio X (kV), a exposição
onde i representa uma seqüência de corte do exame que
radiográfica (mAs), o algoritmo de reconstrução, a seleção da
compõe parte do exame e N é o número de cortes, cada um de
janela para a exibição da imagem de interesse e os meios
espessura T (cm), nCTDIw é CTDIw normalizado pela exposição
adicionais de proteção.
radiográfica (mAs) e C exposição radiográfica em mAs
utilizada na seqüência.
No caso de varredura helicoidal, o produto dose- e) Condições Clínicas com Impacto no Bom
comprimento é: Desempenho da Imagem
DLP = Σi nCTDIw x Tx A x t (mGy cm) Descrevem as condições do paciente e as particularidades
técnicas que exigem a atenção e a intervenção do operador.
onde i é cada seqüência helicoidal que compõe um exame, T
São categorizadas em: movimento do paciente, administração
é a espessura nominal do corte irradiado (cm), A é a corrente
de meio de contraste intravenoso, problemas e armadilhas da
do tubo (mA) e t é o tempo total de aquisição (s) para a
imagem e modificação relevante da técnica.
seqüência. O valor do nCTDIw é determinado para um único
corte como em uma varredura serial.
A monitoração de DLP fornece o controle do 2.2 Critérios da Qualidade para os Exames Crânio Rotina
volume de irradiação e a exposição total de um exame. e Abdome Rotina
O CTDIw e o DLP formam a base das grandezas que A seguir serão transcritos os critérios da qualidade
expressariam os níveis de dose de referência para a TC . No para os exames de crânio rotina e abdome rotina propostos
Brasil, o descritor dose média em múltiplos cortes (MSAD) foi pelo Documento EUR 16262 [28].
adotado para expressar o nível de referência em TC [73] [108],
seguindo as recomendações do Basic Safety Standard (BSS)
da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) [40]. As
definições e detalhes desses descritores de dose estão
descritos no Apêndice B. O presente trabalho considera as
grandezas CTDIw e o DLP como as que expressam os critérios
de dose para uma boa prática.
Os níveis de dose dependem da técnica
radiográfica, dos equipamentos e das características clínicas
e físicas do paciente [79]. Os valores para os critérios de
dose da CE foram obtidos a partir de dois levantamentos
abrangentes de dose. O primeiro foi no início dos anos 90 na
Inglaterra para os exames de rotina [95, 97] e o segundo foi
um estudo piloto dos critérios de imagem para alguns exames
(seios da face, segmento lombar da coluna, tórax alta
resolução, fígado e baço, e ossos da pelve) [48].

d) Exemplos de Técnica de Boa Imagem


Os Exemplos de Técnica de Boa Imagem fornecem
os parâmetros de técnica de TC que facilitariam o
cumprimento dos requisitos de diagnóstico e de dose de
radiação para o paciente. Se estes requisitos não forem
cumpridos, então os exemplos de técnica de boa imagem
podem ser usados como um guia para alcançá-los.
Os parâmetros que contribuem para o cumprimento
dos Requisitos para o Diagnóstico e os Critérios de Dose de
Radiação para o Paciente são: a posição do paciente, o
volume de investigação, a espessura nominal de corte, a
separação entre cortes para TC seriada ou o fator de passo na

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Curso: “ Tomografia Computadorizada: Formação da Imagem e Radioproteção” IRD- 2002 15
CRÂNIO, GERAL

Etapas preparatórias:
- Indicações: lesões traumáticas, e doença estrutural suspeita ou conhecida, focalizada ou difusa, do cérebro,
quando RM é contraindicada ou não disponível.
- Investigações preliminares convenientes: exame clínico neurológico; RM é freqüentemente um exame alternativo
sem dose de radiação ionizante
- Preparação do paciente: informação a respeito do procedimento; restrição de comida. mas não de líquido, se for
administrado meio de contraste intravenoso
- Radiografia para o planejamento de cortes: lateral - da base do crânio ao vértex; em pacientes com múltiplos
ferimentos da coluna cervical ao vértex

1. REQUISITOS PARA O DIAGNÓSTICO

Critérios da Imagem:

1.1 Visualização de:


1.1.1 Todo o cérebro
1.1.2 Todo o cerebelo
1.1.3 Toda calota craniana
1.1.4 Ossos da base
1.1.5 Vasos após meio de contraste intravenoso

1.2 Reprodução crítica


1.2.1 Reprodução visualmente precisa da borda entre a substância branca e substância cinzenta
1.2.2 Reprodução visualmente precisa do gânglio basilar
1.2.3 Reprodução visualmente precisa do sistema ventricular
1.2.4 Reprodução visualmente precisa do espaço do liquor cerebroespinal em torno do mesencéfalo
1.2.5 Reprodução visualmente precisa do espaço do liquor cerebroespinal sobre o cérebro
1.2.6 Reprodução visualmente precisa dos grandes vasos e do plexo coróide após meio de contraste intravenoso

2. CRITÉRIOS DE DOSE DE RADIAÇÃO PARA O PACIENTE

2.1 CTDIw crânio rotina : 60 mGy

2.2 DLP crânio rotina : 1050 mGy cm

3. EXEMPLOS DE TÉCNICA DE BOA IMAGEM

3.0 Posição do paciente : Supina

3.1 Volume de investigação : do forâmen magno ao vértex do crânio

3.2 Espessura nominal de corte : 2-5 mm na fossa posterior; 5-10 mm nos hemisférios

3.3 Separação entre cortes/passo : Contíguos ou passo = 1

3.4 FOV : Tamanho da cabeça (cerca de 24 cm)

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Curso: “ Tomografia Computadorizada: Formação da Imagem e Radioproteção” IRD- 2002 16
3.5 Inclinação do gantry : +10-12 acima da linha da orbito-meato(OM) para reduzir
a exposição no cristalino dos olhos

3.6 Tensão no tubo de raios-X (kV) : Padrão

3.7 Produto corrente no tubo e tempo de : Deve ser o mais baixo consistente com a qualidade da
exposição (mAs) imagem requerida

3.8 Algoritmo de reconstrução : Tecido mole

3.9 Largura da janela : 0 - 90 UH (cérebro supratentorial)


140 - 160 UH (cérebro na fossa posterior)
2.000 - 3.000 UH (ossos)

3.10 Posição da janela : 40 - 45 UH (cérebro supratentorial)


30 - 40 UH (cérebro na fossa posterior)
200 - 400 UH (ossos)

4. CONDIÇÕES CLÍNICAS COM IMPACTO NO DESEMPENHO DA BOA IMAGEM

4.1 Movimento - artefato de movimento deteriora a qualidade da imagem (evita-


se imobilizando a cabeça ou sedando os pacientes não
cooperativos)

4.2 Meio de contraste intravenoso - ajuda a identificar as estruturas vasculares, realça as lesões e
as alterações da barreira sangue-cérebro
- deve-se preferir uma dose dupla com varredura de retardo para
melhor delinear metástase ou lesões da SIDA

4.3 Problemas e armadilhas - Calcificações versus realce por contraste


- Artefatos de endurecimento do osso interpetroso

4.4 Modificação da técnca - Anormalia sutil pode ser checada com cortes na área da
doença suspeita, antes de contemplar a administração de
contraste.

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Curso: “ Tomografia Computadorizada: Formação da Imagem e Radioproteção” IRD- 2002 2
ABDOME, GERAL

Etapas preparatórias:
- Indicações: lesões inflamatórias, formação de abcesso, alteração estrutural ou lesões que ocupam espaços do
abdome e retroperitônio, suspeita ou conhecida, alterações de vasos principais tais como aneurisma e lesões
traumáticas, e como guia de biópsia
- Investigações preliminares convenientes: ultra-sonografia e/ou radiografia do abdome. A RM podeser um exame
alternativo em relação ao espaço retroperitonial
- Preparação do paciente: informação a respeito do procedimento; eliminar resíduos de meio de contraste de alta
densidade investigações prévias; aplicação oral de meio de contraste para contrastar o intestino; restrição de
comida. mas não de líquido, se for administrado meio de contraste intravenoso
- Radiografia para o planejamento de cortes: frontal do tórax inferior à pelve

1. REQUISITOS PARA O DIAGNÓSTICO

Critérios de Imagem:

1.1 Visualização de:


1.1.1 Diafragma
1.1.2 Todo fígado e baço
1.1.3 Outros órgãos parenquimatosos retroperitonial (pâncreas, rins)
1.1.4 Aorta abdominal e a parte proximal das artérias ilíacas comum
1.1.5 Parede abdominal incluindo todas as herniações
1.1.6 Vasos após meio de contraste intravenoso

1.2 Reprodução crítica


1.2.1 Reprodução visualmente precisa do parênquima hepático e vasos intra-hepáticos
1.2.2 Reprodução visualmente precisa do parênquima esplênico
1.2.3 Reprodução visualmente precisa do intestino
1.2.4 Reprodução visualmente precisa do espaço retroperitoneal perivascular
1.2.5 Reprodução visualmente precisa dos contornos do pâncreas
1.2.6 Reprodução visualmente precisa do duodeno
1.2.7 Reprodução visualmente precisa dos rins e ureteres proximais
1.2.8 Reprodução visualmente precisa da aorta
1.2.9 Reprodução visualmente precisa da bifurcação da aórtica e arterias ilíacas comum
1.2.10 Reprodução dos linfonodos menor do que 15mm
1.2.11 Reprodução dos ramos da aorta abdominal
1.2.12 Reprodução visualmente precisa da veia cava
1.2.13 Reprodução dos tributários da veia cava em particular a veia renal

2. CRITÉRIOS PARA DOSE DE RADIAÇÃO AO PACIENTE

2.1 CTDIw : Abdome rotina: 35 mGy

2.2 PDC : Abdome rotina: 800 mGy cm

3. EXEMPLOS DE TÉCNICA DE BOA IMAGEM

3.0 Posição do paciente : Supina, com os braços no tórax ou na altura da cabeça

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Curso: “ Tomografia Computadorizada: Formação da Imagem e Radioproteção” IRD- 2002 3
3.1 Volume de investigação : Da parte superior do fígado à bifurcação aórtica

3.2 Espessura nominal de corte : 7-10 mm; 4-5- mm somente para indicações restritas
(suspeita de pequenas lesões ), seriada ou de
preferência helicoidal

3.3 Separação entre cortes / passo : Contíguos ou passo = 1; em investigações rastreadas,


por ex. nas lesões traumáticas 10 mm ou um passo de
1,2 - 2,0

3.4 FOV : Ajustado ao maior diâmetro abdominal

3.5 Inclinação do gantry : Nenhuma

3.6 Tensão no tubo de raios-X (kV) : Padrão

3.7 Produto corrente no tubo e tempo de : Deve ser o mais baixo consistente com a qualidade de
exposição (mAs) imagem requerida

3.8 Algoritmo de reconstrução : Padrão ou tecido mole

3.9 Largura da janela : 150-600 UH (tecido mole)


2.000-3.000 UH (osso, se necessário)

3.10 Posição da janela : 30-60 UH (exame intensificado)


0-30 UH (exame não intensificado)
400-600 UH (osso, se solicitado)

3.11 Meios Proteção : “Bolsa” plumbífera para as gonadas masculina se a


borda do volume de investigação se dista a menos de 10-
15 cm
4. CONDIÇÕES CLÍNICAS COM IMPACTO NO DESEMPENHO DA BOA IMAGEM

4.1 Movimento - Artefato de movimento deteriora a qualidade da imagem.


Evita-se pela técnica padrão de apnéia; se não for possível
o modo alternativo é fazer a varredura durante a respiração
lenta

4.2 Meio de contraste intravenoso - Utilizado para diferenciar vasos e tecidos de órgãos das
estruturas adjacentes e para detectar lesões
parenquimatosas em órgãos sólidos

4.3 Problemas e armadilhas - partes não contrastadas do intestino pode simular tumores
a delineação de órgãos e estruturas pode ser fraca em
- pacientes caquéticos com gordura intra e retroperitonial
reduzida

4.4 Modificação da técnca - TC helicoidal que ajuda a eliminar os artefatos de


- movimento pode ser usado mostra as doenças vasculares
( TC angiografia)
pode ser combinada cpm exames da pelve

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Curso: “ Tomografia Computadorizada: Formação da Imagem e Radioproteção” IRD- 2002 4
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