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REVISÃO REVIEW
Estudos de utilização de medicamentos:
uma síntese de artigos publicados no Brasil e América Latina

Drug utilization studies: a synthesis of articles published


in Brazil and Latin America

Silvana Nair Leite 1


Mônica Vieira 2
Ana Paula Veber 2

Abstract With the advancements in pharmaco- Resumo O medicamento tem se convertido em


therapy, medicaments turned into important ele- elemento importante na recuperação e garantia
ments and powerful tools in the recovery and main- da qualidade de vida; no entanto, há riscos evitá-
tenance of health and quality of life. However, there veis associados a seu uso. Neste contexto, o objeti-
are risks associated with their use that can be min- vo deste trabalho foi analisar as publicações de
imized by investing in drug utilization studies. estudos de utilização de medicamentos quanto aos
The objective of this study is to analyze publica- tipos de resultados obtidos e suas contribuições
tions in the field of drug utilization with regard to para as intervenções terapêuticas. Foram anali-
the kinds of results obtained and their contribu- sados 27 artigos sobre estudos de utilização de me-
tion to therapeutic interventions. Twenty seven dicamentos selecionados nas bases de dados Scielo
studies on drug utilization selected from the Scielo e Lilacs em relação a objetivos, tipo de estudo,
and Lilacs bases were analyzed as refers to their população e amostra selecionada, métodos de es-
objectives, kind of study, selected population and tudo e resultados mais relevantes. Os resultados
sample, methods used and most relevant results. dos artigos analisados foram discutidos a partir
The results of the analyzed papers were discussed das categorias analíticas, criadas através da sele-
according to their analytic categories, prevalence ção dos temas emergentes da análise, prevalência
of medicine consumption, factors related to the do consumo de medicamentos, fatores relaciona-
use of medicines, self-medication, the organiza- dos ao uso de medicamentos, automedicação, or-
tion of the health services, perception of the medi- ganização dos serviços de saúde, percepção do
cament and adherence to therapy. In most cases, medicamento e adesão à terapia. De forma geral,
the suggestions of the authors were limited to the as sugestões dos autores restringiram-se à neces-
need of informing the patient. It is concluded that sidade de prestar informação ao paciente. Con-
the information constructed by the drug utiliza- clui-se que as informações construídas pelos estu-
1
Mestrado em Saúde e tion studies could be the beginning of the desired dos de utilização de medicamentos podem ser o
Gestão do Trabalho, Curso change in the professional practices. caminho inicial para a mudança tão almejada
de Farmácia, UNIVALI. Rua
Uruguai 458, Caixa Postal
Key words Drug utilization studies, Pharmacoep- nas práticas profissionais.
360, Bloco 27, Centro. idemiology, Rational use of drugs Palavras-chave Estudos de utilização de medi-
88316-300 Itajaí SC. camentos, Farmacoepidemiologia, Uso racional
snleite@univali.br
2
Centro de Informações
de medicamentos
sobre Medicamentos de
Santa Catarina, UNIVALI.
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Leite, S. N. et al.

Introdução cêutica, culturalmente mais apropriadas. Pode-


mos considerar um marco, neste contexto, a re-
Os progressos da terapêutica medicamentosa cente publicação do novo guia de investigação de
têm sido notáveis, desde o aparecimento dos pri- uso de medicamentos da Organização Mundial
meiros antiinfecciosos na década de 1930 e 1940, da Saúde, que recomenda a utilização de méto-
tendo a terapêutica farmacológica influenciado dos de pesquisa qualitativos, além da já estabele-
fortemente a redução de morbidade e mortali- cida farmacoepidemiologia5.
dade ao longo do século XX. Neste período tam- Neste contexto, o objetivo deste trabalho é
bém, o medicamento deixou de ser somente um analisar as publicações de estudos de utilização
instrumento de intervenção terapêutica para con- de medicamentos publicados no Brasil e na Amé-
verter-se em um elemento complexo – técnico e rica Lática quanto aos tipos de metodologia uti-
simbólico – na sociedade ocidental1. lizados, os objetivos a que se destinam, os resul-
Os medicamentos têm-se convertido em ele- tados obtidos e suas possíveis contribuições para
mentos de primeira ordem que constituem em a prática profissional.
ferramentas poderosas para mitigar o sofrimento
humano. Produzem curas, prolongam a vida e
retardam o surgimento de complicações associ- Metodologia
adas a doenças, facilitando o convívio entre o
indivíduo e sua enfermidade. Além disso, é pos- Foram selecionados todos os artigos publicados
sível considerar o uso apropriado e inteligente nas bases de dados Scielo e Lilacs até dia 17 de
dos medicamentos como tecnologia altamente novembro de 2004, indexados pelos seguintes
custo-efetiva, uma vez que pode influenciar, de descritores: na base Scielo, o descritor utilizado
modo substantivo, a utilização do restante do foi “uso de medicamentos”, encontrando-se 53
cuidado médico. Por outro lado, podem aumen- artigos; na base Lilacs, utilizou-se o descritor “far-
tar os custos da atenção à saúde se utilizados macoepidemiologia”, localizando-se 47 artigos.
inadequadamente e ou levar à ocorrência de rea- Foram excluídos, por não se enquadrarem nos
ções adversas a medicamentos2. De acordo com critérios do estudo proposto, os artigos de revi-
dados da OMS, os hospitais gastam de 15% a são/debate, interação medicamentosa, sistema de
20% de seus orçamentos para lidar com as com- informação de medicamentos e avaliação de te-
plicações causadas pelo mau uso de medicamen- ses. Assim, foram obtidos 35 artigos diferentes;
tos3. Os riscos associados à terapêutica podem após a seleção foi realizada uma análise mais de-
ser minimizados pelo investimento na qualidade talhada dos mesmos, na qual alguns artigos não
da prescrição e dispensação de medicamentos; já foram considerados para o estudo, pois não tra-
que esta simboliza importante dimensão do pro- ziam informações primárias sobre Estudos de
cesso terapêutico, a integração entre prescritores Utilização de Medicamentos, somando um total
e dispensadores permite, através da combinação de 27 artigos.
de conhecimentos especializados e complemen- Dos artigos, foram extraídas informações em
tares, o alcance de resultados eficientes, benefician- relação a: tipo de estudo, população e amostra,
do o paciente2. métodos de estudo empregados, resumo dos re-
Pesquisadores brasileiros vêm dedicando-se sultados, relação com a prática de profissional
cada vez mais a estudos de utilização de medica- de saúde, relação com a prática farmacêutica e
mentos (EUM), incorporando aos mesmos as- ações sugeridas pelo autor para intervenção. Es-
pectos relevantes no contexto da saúde pública; tas informações foram organizadas em quadros
isto é, os estudos nascem de preocupações sani- e analisadas em categorias analíticas. Esta nova
tárias que procuram gerar informações que pos- categorização dos estudos baseou-se nos resul-
sam ser usadas para transformar positivamente tados mais relevantes dos estudos e sua discus-
a realidade observada4. Na área farmacêutica, é são para a compreensão de temas importantes
dada mais ênfase aos estudos farmacoepidemio- na utilização de medicamentos, independente-
lógicos que utilizam métodos quantitativos, po- mente dos objetivos iniciais descritos no estudo.
rém reconhecendo que a utilização de medica- Tais categorias direcionaram a discussão do cor-
mentos é um fenômeno complexo, resultado de po de conhecimentos já produzidos sobre utili-
abordagem qualitativa que pode colaborar na zação de medicamentos e publicados no Brasil e
compreensão do fenômeno “utilização de medi- América Latina e a relação deste conhecimento
camentos”, possibilitando a geração de práticas com a prática profissional da saúde, especialmen-
profissionais, como prescrição e atenção farma- te nas ações relacionadas à terapêutica.
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Resultados e discussão as duas abordagens. O início da aplicação de
abordagens qualitativas ao estudo da utilização
A utilização de medicamentos é resultado de um de medicamentos, ainda que tímido, revela a pre-
processo em que diversos atores e atividades es- ocupação do setor saúde com o uso irracional de
tão envolvidos, o que justifica a necessidade de medicamentos e suas motivações. Estes são ob-
estudos de diferentes tipos e objetivos para que jetos de pesquisa adequados a metodologias
possa ser compreendido. Através da metodolo- compreensivas, que privilegiam a perspectiva dos
gia utilizada para esta revisão, pode-se observar atores sociais – suas ansiedades, expectativas,
que há variedade de tipos de estudos desenvolvi- crenças, relação com a saúde e o tratamento –
dos no Brasil e indexados nas bases pesquisadas, informações vitais para o desenvolvimento de
sobre o tema. O Quadro 1 descreve, de forma políticas e práticas de saúde eficientes5,6.
sucinta, os estudos encontrados: A maior parte dos estudos focaliza a utiliza-
Seguindo a metodologia preconizada para os ção de medicamentos em um estrato específico
estudos de utilização de medicamentos, inseri- da população, como gestantes, crianças, idosos
dos no contexto das preocupações da farmacoe- ou usuários de um serviço de saúde especifica-
pidemiologia, a maioria dos estudos tem abor- mente. O perfil da utilização de medicamentos
dagem quantitativa. Apenas dois estudos empre- ou seu padrão é o objetivo mais comum entre os
gam somente metodologias de abordagem qua- estudos analisados.
litativa, como etnografia e entrevistas semi-es- O estudo mais detalhado dos resultados e
truturadas, e outros quatro estudos apresentam discussões dos estudos permitiu a construção de

Quadro 1. Descrição das características gerais dos estudos analisados.

Características Descrição Número


dos estudos analisados (porcentagem)
- Perspectiva do usuário sobre a utilização de medicamentos 04 (14,8)
Objetivo principal - Prevalência de consumo 06 (22,2)
do estudo - Adesão à terapia medicamentosa 01 (3,7)
- Perfil/padrão de utilização de medicamentos 13 (48,1)
- Automedicação 01 (3,7)
- Caracterização da prescrição/indicação 02 (7,4)
- Gestantes 04 (14,8)
- Crianças/adolescentes 04 (14,8)
População estudada - Usuários de serviços de saúde/hospitais 05 (18,5)
- Mulheres 03 (11,1)
- Profissionais de saúde 02 (7,4)
- População geral 06 (22,2)
- Idosos 03 (11,1)
- Qualitativa 02 (7,4)
Metodologia empregada - Qualitativa/quantitativa 03 (11,1)
- Quantitativa (entrevistas e análise de documentos) 22 (81,4)

Fonte: As autoras.
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Leite, S. N. et al.

categorias analíticas para otimização da apreen- ram que 49,5% consumiam medicamentos re-
são do conjunto dos resultados proporcionados gularmente. Já para a população idosa, a preva-
por estes estudos. Estas categorias são apresen- lência variou muito de acordo com a metodolo-
tadas a seguir. gia utilizada, ficando entre 21,3 e 90,0%8,9,25. Nes-
ta faixa etária, chama a atenção o consumo de
O consumo de medicamentos benzodiazepínicos e a polimedicação.
em prevalências Grande parte dos medicamentos utilizados
com grande freqüência entre gestantes, crianças e
Todos os estudos que se propuseram a quan- idosos não possui estudos de toxicidade para es-
tificar a utilização de medicamentos de alguma tas faixas etárias e condição fisiológica. Ao mes-
forma encontraram prevalências consideradas al- mo tempo, estas são condições em que há maior
tas, em todos os estratos populacionais e para probabilidade de desenvolvimento de efeitos ad-
diversas classes de medicamentos. Bertoldi et al.7 versos e reações de toxicidade importantes, de-
encontraram que 65,9% da população adulta estu- vendo a prescrição e administração de medica-
dada consumiram medicamentos nos últimos mentos ser ainda mais criteriosa e cética quanto à
quinze dias e Mosegui et al.8 encontraram uma real necessidade do uso de grande número e vari-
média de quatro medicamentos consumidos por edade e dos tipos de medicamentos oferecidos.
mulher, entre eles uma série de produtos inade- No entanto, a maior parte destes dados referem-
quados para uso. Os benzodiazepínicos tiveram se também ao consumo sem prescrição, o que
uma prevalência de uso de 21,3% entre mulheres não exime os profissionais de saúde de sua res-
na pesquisa de Huf et al.9, sendo que o estudo de ponsabilidade, como discutiremos adiante.
Rozemberg10 descreve que em 88% dos casos de Considerando dados apresentados pelo Sis-
“problemas de nervos” houve o consumo de pelo tema Nacional de Informações Tóxico-Farma-
menos um medicamento de ação no Sistema Ner- cológicas, de que os medicamentos ocupam o
voso Central. Os antimicrobianos foram utiliza- primeiro lugar entre os agentes causadores de in-
dos por 6,3% da amostra populacional estudada toxicações em seres humanos e o segundo lugar
por Berquó et al.11 para tratamento de problemas nos registros de mortes por intoxicação3, justifi-
respiratórios, sendo a mesma classe utilizada, para ca-se a importância para os profissionais de saú-
qualquer indicação, por 8% das pessoas12. de do acesso à informação sobre o panorama do
Já entre as prescrições de unidades de saúde consumo de medicamentos na população, infor-
pesquisadas por Santos & Nitrini13, os antibióti- mação disponibilizada pelos estudos aqui cita-
cos constavam em 21,3% delas e, em um hospi- dos. Consciente das tendências de consumo de
tal universitário, o consumo destes aumentou de medicamentos entre os estratos populacionais, o
83,8 para 124,5 DDD por 100 leitos-dia entre 1990 profissional pode, com maior facilidade, reconhe-
e 199614. Em outro estudo, demonstrou-se alta cer situações que precisam de intervenção e pre-
prevalência de utilização de antimicrobianos nas parar-se para intervir adequadamente.
cirurgias, superando o uso de anestésicos15. A
polimedicação também foi demonstrada por Automedicação
Cunha et al.16: entre as receitas de uma rede mu-
nicipal de saúde, a média foi de 2,5 medicamen- Arrais et al.26 referem-se à automedicação
tos/receita. como um procedimento caracterizado pela inici-
Entre as gestantes, os estudos apontam que ativa de um doente, ou de seu responsável, em
83,8% a 97,6% utilizaram pelo menos um medi- obter ou produzir e utilizar um produto que,
camento durante a gravidez e o período de inter- acredita, lhe trará benefícios no tratamento de
nação para o parto17-21. Tais prevalências podem doenças ou alívio de sintomas. No entanto, a
estar, em parte, relacionadas à prescrição muito automedicação inadequada pode ter como con-
difundida de ferro e ácido fólico neste período, seqüências efeitos adversos, enfermidades iatro-
mas outros medicamentos, muitos dos quais sem gênicas e mascaramento de doenças evolutivas,
a comprovação necessária de segurança de uso representando, portanto, problema a ser preve-
neste estado, também foram muito citados. nido. Os autores dos artigos analisados destaca-
Para a população infantil, os estudos anali- ram diferentes situações envolvidas com a auto-
sados descrevem prevalência entre 65 e 80% dela medicação, sendo a indicação por pessoas leigas
consumindo medicamentos, sendo que 37% das (amigos, parentes, vizinhos, veículos de comuni-
crianças utilizavam mais de um medicamento22,23. cação e balconistas de farmácias) as mais conhe-
Entre adolescentes, Silva & Giugliani24 encontra- cidas8,10,11,13,22,25,27. Porém, uma das formas mais
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relatadas pelos usuários de “indicação” do medi- luntária31. É o que descrevem os estudos de Acur-
camento para sua utilização é uma prescrição cio & Guimarães32, Teixeira & Lefevre33, Gonçal-
médica para um episódio anterior, correspon- vez et al.34 e Rozemberg10.
dendo a 47% dos receituários atendidos em far- Entre pacientes HIV positivos, o adiamento
mácias na Argentina28 e também a motivação para o início do uso ou recusa do cumprimento
mais encontrada para a automedicação no estu- da prescrição inicial de anti-retrovirais deve ser
do de Simões & Farache29 em Araraquara (SP). analisado à luz do processo de aceitação pelo indi-
Analisando este quadro, fica evidente que os víduo de sua doença e a percepção de si como
riscos relativos à automedicação estão direta- sujeito doente, condição que se estabelece, segun-
mente relacionados com a má qualidade da ofer- do Herzog, apud Acurcio & Guimarães32, na medi-
ta dos medicamentos e dos serviços de saúde, da em que o indivíduo é socializado nos padrões
incluindo o serviço prestado nas farmácias, o não de normalidade impostos pelo saber médico.
cumprimento da obrigatoriedade da apresenta- A dificuldade de acesso aos medicamentos é
ção da receita médica e a carência de informações citada por Acurcio & Guimarães32 e Teixeira &
e instruções para o uso adequado de medica- Lefevre33 como condicionante para o não cum-
mentos. O mercado farmacêutico oferece mui- primento das prescrições. Apesar da implanta-
tos medicamentos de eficácia e segurança duvi- ção de políticas que visam facilitar o acesso aos
dosa e as constantes campanhas publicitárias medicamentos no Brasil, como os genéricos e as
destinadas ao público geral também podem in- listas de medicamentos essenciais, diversas pres-
fluenciar o padrão de consumo da população26. crições contêm medicamentos não acessíveis à
Analisando os dados sobre prevalência de grande parte da população, impedindo o cum-
consumo e de automedicação, pode-se inferir que primento dos tratamentos prescritos. Uma es-
o medicamento foi incorporado na dinâmica da tratégia que tem sido utilizada por usuários do
sociedade capitalista e, portanto, está sujeito às SUS é tentar garantir o direito constitucional de
mesmas tensões, interesses e dura competição de acesso aos bens e serviços de saúde, impetrando
qualquer setor do mercado, afastando-se da pu- processos judiciais contra o Estado para a aqui-
reza de sua finalidade fundamental de preven- sição dos medicamentos prescritos 35. Outra
ção, diagnóstico e tratamento das enfermidades. motivação citada por alguns autores é a percep-
Os dados também corroboram o conceito de ção, por parte dos usuários, dos efeitos colate-
mercadoria simbólica para o medicamento, pro- rais e reações adversas intensas o suficiente para
posto por Lefévre30. Para este autor, na sociedade levar o usuário a parar o tratamento32-34.
capitalista vive, hegemonicamente, a idéia de que Pound et al.36, em recente revisão de estudos
a única possibilidade de ter saúde é consumir que empregaram metodologias qualitativas so-
saúde. Isto implica em consumir medicamentos, bre a utilização de medicamentos, concluíram que
o principal símbolo de saúde nesta sociedade. há uma série de questões subjetivas que interfe-
A substituição de uma solução definitiva de rem na forma como as pessoas se relacionam
problemas cotidianos por um medicamento foi com os medicamentos. Elas testam dosagens,
referida por alguns estudos. O excesso de traba- suspendem tratamentos, complementam-no
lho e múltiplos papéis desempenhados pelas mu- com outros recursos. Em outras situações, agar-
lheres, por exemplo, culminam com uma varie- ram-se ao medicamento como a solução de seus
dade de sintomas que levam ao consumo de me- problemas, ressignificando o papel dos medica-
dicamentos desde idades muito jovens19,20,24, subs- mentos no seu tratamento e construindo formas
tituição de soluções que pode ocorrer em outros particulares de lidar com sua condição de saúde
estratos sociais9,10. A referência aos “remédios de e as recomendações profissionais que recebem.
nervos” sobrepõe ou substitui a descrição do pro- Tais achados corroboram os resultados dos ar-
blema pelos pacientes, refletindo a introjeção do tigos aqui pesquisados10,32,33,34,37. Segundo Leite
discurso e práticas médicas pela população10, no & Vasconcellos31, cabe ao profissional de saúde
modelo medicalizado da sociedade. identificar entre os pacientes as barreiras que
podem levá-los ao não cumprimento do trata-
Adesão à terapia medicamentosa mento e oferecer as informações e condições ne-
cessárias para que eles compreendam a raciona-
Simultaneamente ao consumo excessivo de lidade terapêutica da prescrição apresentada e a
medicamentos, em diversas situações, as pesso- forma mais adequada de utilizar os medicamen-
as não utilizam os medicamentos prescritos ade- tos recomendados.
quadamente, seja de forma voluntária ou invo-
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Leite, S. N. et al.

Organização dos serviços de saúde contradas, mas não se preocupam em indicar


possíveis formas de atuação para reverter tais
Na análise dos artigos, foram levantadas di- práticas, limitando-se a fazer pequenas indica-
versas questões relacionadas à organização dos ções de ações necessárias. Dentre tais indicações,
serviços de saúde: sua otimização pode resultar a maioria deles o faz para profissionais de saúde
em melhorias das condições de trabalho e me- de forma geral e alguns sugerem ações para mé-
lhor atenção à população – condições para o uso dicos e farmacêuticos, compiladas no Quadro 2.
mais adequado dos medicamentos. O tipo de ação mais sugerido pelos autores é
Santos & Nitrini13, pesquisando a utilização o da disponibilização de informações ou orien-
de medicamentos em serviços públicos de saúde, tação direta aos usuários de medicamentos. Não
constataram que a maioria das prescrições utili- há dúvidas de que os riscos associados à tera-
za nomes comerciais para os medicamentos. Este pêutica podem ser minimizados se houver cons-
indicador avalia a isenção dos prescritores quan- ciência de todos os profissionais da saúde no sen-
to à influência do marketing da indústria farma- tido de melhorar a qualidade das informações
cêutica. Cunha et al.16 ressaltam que o uso do ou discutir alternativas de tratamento para re-
nome genérico oferece dois benefícios fundamen- solver de forma definitiva a queixa do paciente,
tais: possibilita a todos os envolvidos, tanto pro- evitando transtornos tanto para o paciente quan-
fissionais quanto usuários, o acesso a informa- to ao sistema de saúde. A maioria dos estudos
ções isentas sobre os medicamentos, não se limi- cita que o consumo de medicamentos por auto-
tando ao material de propaganda; e possibilita medicação é excessivo e muitas vezes para casos
ao usuário a identificação dos produtos dispo- autolimitados que poderiam ser resolvidos sem
níveis no mercado, favorecendo a concorrência e farmacoterapia. Portanto, os profissionais de
a redução dos preços dos produtos. No estudo saúde precisam informar os pacientes não só
de Santos & Nitrini13, o tempo médio de consulta quanto aos fatores relacionados ao seu uso como
observado foi de 9,2 minutos e de dispensação também planejar intervenções educativas, seja em
dos medicamentos, de 18,4 segundos. A OMS farmácias, postos de saúde, hospitais ou clínicas,
preconiza que são necessários quinze minutos que visem a evitar o uso excessivo de medica-
para que todas as etapas da consulta médica se- mentos – tarefa bastante árdua e contra-hege-
jam minimamente cumpridas. Para a orientação mônica, já que a propaganda de medicamentos
farmacêutica no processo de dispensação, a Or- atua fortemente no Brasil e influencia os hábitos
ganização sugere um mínimo de três minutos, de prescrição e as expectativas populares. Neste
possibilitando que nesse momento possam ocor- complexo segmento dos medicamentos, portan-
rer informações importantes, como a ênfase ao to, é necessário questionar: informar o usuário
cumprimento da prescrição, as interações com significa fazê-lo mudar de atitude e efetivamente
alimentos e medicamentos que necessitam de diminuir o uso irracional de medicamentos? É
atenção e o reconhecimento de possíveis reações preciso questionar a crença generalizada de que
adversas13. Além do tempo insuficiente, Copello ações pontuais de educação em saúde, baseadas
et al.28 também destacam que as instruções são em informações epidemiológicas específicas para
feitas apenas verbalmente, ou nem ocorrem em fatores de risco de doenças – abordagem usual
muitos casos. da farmacoepidemiologia – possam dar conta
Castro et al.14 e Olguín et al.15 também consi- desta tarefa. Chor38 chama a atenção para esta
deram que o uso inadequado de antimicrobia- questão ao lembrar que a “dimensão coletiva não
nos em hospitais está diretamente relacionado esgota a questão, já que, embora os hábitos rela-
com a má organização do serviço de farmácia cionados à saúde sejam culturalmente mediados,
hospitalar. Avaliação das rotinas de prescrição tomam também formas bastante pessoais”, acar-
dos antimicrobianos e da possível resistência de- retando comportamentos muitas vezes incoeren-
senvolvida são ações imprescindíveis para o uso tes se comparados com as informações disponí-
adequado e seguro destes produtos, especialmente veis: informar nem sempre significa mudar as
em ambientes hospitalares. atitudes. Questões mais imbricadas ao nível local
– culturais, organizacionais, de hábito – preci-
Sugestões para as práticas profissionais sam ser consideradas e, para isto, reconhecidas
pelos profissionais que ali atuam, questões usual-
Muitos dos estudos que avaliam a utilização mente estudadas pela antropologia da saúde.
de medicamentos estão focalizados na apresen- Outra sugestão se relaciona a um maior nú-
tação de resultados que refletem as práticas en- mero e aprofundamento dos Estudos de Utiliza-
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Quadro 2. Ações sugeridas pelos autores para contribuir com a prática profissional, com base nos resultados
obtidos.

Sujeito envolvido Categoria da sugestão Número


de estudos
Nenhuma sugestão 6
Todos os Ações educativas voltadas à comunidade 10
profissionais
Ações educativas para profissionais 11
da saúde
Realização de estudos de utilização de medicamentos 6
Fiscalização/Legislação/vigilância 4
Acesso e organização dos serviços de saúde 4
Nenhuma sugestão 21
Médicos
Seleção para prescrição de medicamentos 4
Informação / orientações aos usuários 2
Nenhuma sugestão 19
Ações educativas individuais e/ou coletivas, informações, 3
Farmacêuticos orientações aos usuários
Envolvimento em programas para uso racional de medicamentos 2
Atuação ativa na dispensação 2
Fonte: As autoras.

ção de Medicamentos, pois esses estudos são ca- problemas mais comuns e preocupantes quanto
pazes de fornecer quantidade e variedade de in- à utilização racional de medicamentos. Todo o
formações sobre medicamentos, qualidade das enfoque colocado pelos estudos aqui avaliados
informações transmitidas, qualidade dos medi- no aconselhamento ao usuário (e, algumas ve-
camentos mais usados, entre outros. Diversos zes, aos profissionais), por mais que não pos-
estudos têm evidenciado o uso não racional de sam resumir todas as ações que cabem à equipe
medicamentos. A própria Organização Mundial de saúde na promoção do uso racional de medi-
de Saúde considera que os estudos sobre farma- camento e não explorem com profundidade as
coepidemiologia devem ser uma prioridade na intervenções exigidas pelos resultados que apre-
área da pesquisa; porém, em países em desen- sentam, constitui-se em um importante passo
volvimento, os estudos sobre essa importante na direção de uma nova abordagem para esta
temática praticamente inexistem. Esses fatores temática nos serviços.
podem levar à inadequação na utilização de fár-
macos devido à escassez de informações sobre o
consumo e prescrição de medicamentos no país. Conclusões
Comentam alguns estudiosos que, se o Brasil não
despertar para a necessidade de um conjunto de Considerando que muitos profissionais de saú-
ações urgentes, estaremos cada vez mais afas- de, mesmo estando motivados para desenvolver
tando o uso racional dos medicamentos29. sua prática com a devida atenção ao uso racional
Os próprios resultados dos estudos publica- de medicamentos, não se sentem suficientemente
dos podem ser considerados como importantes habilitados para desenvolver uma prática profis-
fontes de orientação para as práticas, direcio- sional mais aproximativa do usuário, os resulta-
nando os profissionais para o enfrentamento dos dos disponibilizados pelos estudos de utilização
800
Leite, S. N. et al.

de medicamentos podem contribuir para a ins- De forma geral, foram poucas as sugestões dos
trumentalização do profissional para o reconhe- autores dos estudos avaliados para ações mais con-
cimento da realidade cotidiana que envolve o uso cretas dos profissionais de saúde na promoção do
de medicamentos. Neste sentido, os estudos qua- uso racional de medicamentos, restringindo-se
litativos, que começam a ser empreendidos nesta mais à necessidade de prestar informação ao paci-
área, colaboram na compreensão da perspectiva ente. Conclui-se que as informações construídas
do usuário de medicamentos, suas dificuldades, pelos estudos de utilização de medicamentos no
expectativas, relação com a saúde e com o medi- reconhecimento de fatores que estão envolvidos
camento, informações vitais para que o profissi- no uso de medicamentos, na adesão à terapia e na
onal possa atingir o paciente de forma eficiente automedicação, a implicação da organização dos
nas suas orientações, forma de abordagem e nas serviços e toda a simbologia relacionada ao medi-
ações educativas tão esperadas. Tais informações camento, questões encontradas nos estudos aqui
complementam aquelas geradas pelos estudos citados, podem contribuir de forma expressiva para
epidemiológicos no reconhecimento da abrangên- embasar as ações de assistência farmacêutica e pro-
cia da utilização de medicamentos. ver terapia de qualidade para a população.

Colaboradores

SN Leite trabalhou na concepção teórica, elabo-


ração e redação final do texto; M Vieira foi res-
ponsável pela coleta e análise preliminar dos da-
dos e AP Veber participou das discussões dos
resultados e formatação final do artigo.
801

Ciência & Saúde Coletiva, 13(Sup):793-802, 2008


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Artigo apresentado em 15/02/2006


Aprovado em 15/12/2006
Versão final apresentada em 04/06/2007

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