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Sociais
• must-expectations (obrigatórias),
• shall-expectations (que devem cumprir-se) e
• can-expectations (que podem cumprir-se).
As must-expectations, que constituem a base do papel, estão em regra
codificadas. No caso dos exemplos que temos vindo a usar, a lei define
os deveres do chefe de família ou do professor, deveres com que, em
caso de desrespeito persistente, pode ser obrigado a conformar-se, quer
por via legal, quer pela censura da opinião colectiva. As shall-
expectations estão próximo das expectativas obrigatórias e a sua
observância integra o comportamento necessário para ser tido por
elemento efectivamente respeitável do grupo. Quanto às can-
expectations, integram os comportamentos que podem ou não seguir-se,
mas que na verdade não podem desrespeitar-se sistematicamente sob
pena de marginalização. O que as não respeita é o que «não coopera»,
«não liga», «não se interessa», enquanto aquele que as respeita é
considerado como tendo boa vontade, o que «faz mais do que a sua
parte», e que por isso é geralmente estimado.
A constelação de papéis sociais indicam muito sobre o indivíduo e
circunscrevem de facto, pela definição consensual que lhes corresponde,
a área em que pode afirmar-se a sua individualidade, que, como
veremos, é ela própria substancialmente vazada pela educação em
moldes definidos colectivamente.
Assim a sociedade espera do pai que dedique algum do seu tempo livre
aos filhos. Mas a forma de ocupar esse tempo pode ser resolvida por
diversos modos: conversa, jogos, passeios, etc. Mas a verdade é que as
diversas formas que podem ser seguidas são realmente definidas por
aquilo que «é costume os pais fazerem com os filhos» nas horas livres,
coisa que tem um conteúdo cultural substancialmente bem delimitado.
Dahrendorf identifica, aliás, três componentes do elemento de liberdade
deixado pela constelação de papéis sociais a que o indivíduo tem de
corresponder:
a) a liberdade que resulta de o papel não estar definido com rigor na
sua totalidade;
b) a liberdade que decorre do facto de as exigências do papel serem
definidas sobretudo por exclusão, como coisas a não fazer;
c) a possibilidade que o indivíduo tem de influenciar o meio social em
que vive e por aí de modificar o conteúdo do papel.
Os papéis sociais resultam das posições sociais e estas são, para
Dahrendorf, basicamente de dois tipos:
• as ascribed positions, ou posições atribuídas – Quase todas as que
resultam de características físicas ou acidentes de nascimento. É-se
de um sexo, de sucessivas classes etárias, de certa família, de uma
dada classe social, cidadão de certo país e assim por diante, e
• as achieved positions, ou posições alcançadas – Decorrem do
trabalho, dos estudos, do mérito de cada um. De facto, a distinção
nem sempre é clara e a mesma posição pode ser nuns casos
atribuída e noutros alcançada. Assim a posição de Chefe de Estado
pode ser atribuída, como acontece nas monarquias hereditárias, ou
pode ser alcançada por reconhecimento de méritos próprios,
segundo uma das diversas fórmulas concretas estudadas pelo Direito
Constitucional.
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o agente não tem consciência perfeita dos valores que determinam a sua
acção. Por esse caminho é possível formular um tipo ideal, porque
construído teoricamente, de acção racional relativa a um valor, o qual
serve como termo de comparação aferidor das acções reais na medida
em que com ele se conformam ou dele se desviam. Construir um tipo
ideal é já identificar o caminho que deve seguir a acção no quadro do
esquema de valores relevante para o grupo que se estuda. Apurar em
que medida as acções reais se conformam com o tipo ideal é abrir
caminho para o entendimento dos diversos factores que actuam sobre o
comportamento efectivo, para além dos valores a que se presta
homenagem. Um exemplo disto mesmo é a análise económica toda
construída sobre um tipo ideal de comportamento racional orientado para
a maior satisfação face à raridade dos bens.
3. OS FACTORES DE EXPLICAÇÃO DO
SOCIAL
Toda a tentativa de explicação empírica dos factos sociais pode reconduzir-se aos
quatro factores seguintes:
a) hereditariedade;
b) meio físico;
c) cultura;
d) relações sociais.
São mais frequentes as explicações que fazem apelo aos quatro factores
conjuntamente embora tenha variado o grau de importância que finalmente se atribui
a cada um deles.
Na literatura de outras épocas atribuía-se à raça ou ao sangue a causa do destino
brilhante ou obscuro de certos indivíduos ou de certas famílias ou de certas
categorias de pessoas ou de certos povos. Com maior esforço de exposição
sistemática a mesma ideia desenvolveu-se no século passado e no presente século
segundo quatro correntes de pensamento, que podem talvez em síntese designar-se
pela forma seguinte:
a) a teoria racial da história;
b) a teoria das selecções sociais;
c) a teoria eugénica de base biométrica;
d) a teoria da formação selectiva de fundos raciais superiores.
Idade mental
QI= x 100
Idade cronológica
3.3. A cultura
3.3.1. Natureza e cultura
Na definição famosa de Melville J. Herkovits, «a cultura é a parte do
ambiente feita pelo homem». Cultura é a palavra que no sentido técnico
se usa para cobrir o que noutros tempos se designava genericamente
por civilização. Importada no século XVIII do francês para o alemão com
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3.3.3. Subculturas
Pode acontecer que certas fracções de uma mesma sociedade tenham
em comum uma visão específica do mundo suficientemente distinta para
que se possa falar de subcultura. A ideia tem sido avançada por alguns
antropólogos até para descreverem o ambiente social que caracteriza os
bairros pobres de algumas grandes cidades, sobretudo quando a
pobreza coincide com a marginalidade étnica.
• Estatísticas
• Outros documentos
– documentação técnica;
– documentação iconográfica e fotográfica;
– documentação fonética.
Documentos escritos
Arquivos públicos e documentos oficiais – entre os documentos
escritos, os arquivos públicos e os documentos oficiais são
naturalmente as mais importantes fontes de informação sobre
muitos assuntos. Os corpos legislativos publicam igualmente o
registo dos seus debates e volumosas colecções dos documentos
que lhes foram presentes.
Imprensa – a imprensa periódica é um fenómeno da mais alta
importância na vida social dos nossos dias e pode decerto ser
abordada não apenas como fonte de informação sobre outros
grupos, mas como objecto directo de estudo, tendo em vista a
análise das suas tomadas de posição, maneira como são
apresentados os acontecimentos, grupos em que se apoia e
grupos a que principalmente se dirige.
Arquivos particulares – os arquivos particulares de organizações ou
indivíduos, sobretudo tratando-se de entidades com posição
privilegiada em relação ao acontecimento a estudar, são
igualmente fontes de informação valiosa, embora aqui o segredo
seja também um obstáculo de relevo.
Documentação indirecta – na verdade todos os tipos de
documentos escritos, quaisquer que tenham sido os fins para que
foram originalmente elaborados, podem ser úteis ao estudioso que
os saiba explorar de forma apropriada.
4.2.2.2. Questionário
1. A elaboração de questionário. A colheita de informações
segundo a técnica de observação extensiva assenta normalmente
num questionário, que é apresentado a todos os componentes da
amostra seleccionada pelas diversas maneiras atrás descritas. A
boa elaboração do questionário, por forma a que este traduza
fielmente as opiniões das pessoas interrogadas e a que as
perguntas postas dêem às pessoas a oportunidade de exprimirem
as atitudes e opiniões que são realmente relevantes na explicação
dos seus comportamentos efectivos, é aqui preocupação
dominante. Na verdade,
a fidelidade – que exprime a capacidade do questionário para
suscitar a expressão correcta das opiniões dos interrogados e que
se manifesta na constância das respostas dadas pelas mesmas
pessoas às mesmas perguntas em momentos diferentes, desde
que não tenha entretanto havido mudança nas opiniões, e
a validade – que traduz a capacidade das perguntas para
suscitarem respostas efectivamente relevantes para o
entendimento dos comportamentos, são, a par da
representatividade da amostra, as condições decisivas do valor das
informações colhidas por observação extensiva.
No plano da elaboração do questionário são fundamentalmente
relevantes:
a) o tipo de perguntas a incluir;
b) a ordem de apresentação das perguntas e o seu número;
c) a redacção dada às perguntas.
As séries de respostas têm, por vezes, sido organizadas por forma
a representarem variações na intensidade de uma opinião ou
atitude, pedindo-se ao interrogado que escolha a resposta que
corresponde ao seu estado de espírito (exemplo: em relação a
certa afirmação, qual é a sua posição pessoal: a) aprovo
completamente; b) aprovo com reservas; c) é-me indiferente; d)
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FIM