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em Alcance Organizacional
Parte 1:
Conceitos e estratégias
HS/658/02E
ISBN : 92-1-131649-9
ISBN SÉRIE : 92-1-131650-2
Por FRED FISHER
com a colaboração de especialistas de:
Partners Romania Foundation for Local Development (FPDL)
UN-Habitat, United Nations Human Settlements Programme
Instituições de treinamento, ONGs, OCs from Sub-Saharan Africa
Instituições de treinamento de CEE/SEE Countries
Prefácio
CAPÍTULO UM
Introdução à capacitação em alcance organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
CAPÍTULO DOIS
Arte e estratégias de comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Desenvolva um plano de comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Com quem você deve se comunicar e como?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Ouvir também é uma opção de comunicação estratégica. . . . . . . . . . . . . . . 16
O que há de tão singular em ouvir ativamente?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Relações públicas vira alcance da organização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
A mídia e o alcance da organização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Networking como uma estratégia de alcance. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Proposições de networking a considerar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Como outros definem networking. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Como se aprende a formar redes?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Espontaneidade e liberdade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
O networking deve fazer parte da sua estratégia de comunicação . . . . . . . . 28
Pontos principais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Notas de fim. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
CAPÍTULO TRÊS
Desenvolvendo alianças estratégicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Vantagens que advêm das alianças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Categorias de alianças. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Oito Is e sete Cs para criar e manter alianças eficazes . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Os oito Is de Kanter que criam “nós” bem-sucedidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Os sete Cs de Austin sobre colaboração estratégica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Pontos principais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Notas de fim. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
CAPÍTULO QUATRO
Arte e estratégias de influência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Poder e influência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Opções de poder. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Uma abordagem sistêmica da influência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Políticas: da visão ao impacto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Fazendo lobby . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Pontos principais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Notas de fim. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
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Introdução à
CAPÍTULO
capacitação em
alcance organizacional
“Aquele que fará grandes coisas, não deve tentar fazê-las sozinho “
Provérbio de Sêneca
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CAPÍTULO UM • INTRODUÇÃO À CAPACITAÇÃO EM ALCANCE ORGANIZACIONAL
individuais podem aumentar sua capacidade de alcance com boas estratégias de co-
municação, influência e ações. E, finalmente, existe a idéia de que, individualmente,
muitas ONGs e OCs simplesmente não dispõem dos recursos e meios para se comu-
nicarem e influenciarem eficientemente muitas questões e preocupações essenciais
para suas missões e metas. Elas devem criar alianças estratégicas se desejarem ter a
influência necessária para provocar as mudanças principais de que precisam nos seus
ambientes de trabalho.
Mapa: Numa tentativa de resolver os grandes problemas relacionados à capacitação,
o Capítulo Um vai se concentrar em:
• como desenvolver um plano e uma estratégia de comunicação da
organização;
• como melhorar a arte de ouvir, reconhecendo que a comunicação é um
processo de duas vias e ouvir melhor os beneficiários pode ser a ferra-
menta de influência mais eficaz que você dispõe;
• como trabalhar de forma mais eficiente com a mídia e melhorar as rela-
ções públicas;
• como se tornar um networker melhor. Tentaremos descobrir o que signifi-
ca esse termo, considerando sua popularidade como estratégia de gestão
e eficiência pessoal.
No Capítulo Dois, será abordado o desenvolvimento de alianças estratégicas,
enfatizando:
• a vantagem das alianças e parcerias;
• tipos de alianças e coalizões; e
• como criar e manter alianças estratégicas.
O Capítulo Três, que encerra a Parte Um, descreverá vários tipos de estratégias
de influência, incluindo:
• as relações entre poder e influência;
• uma abordagem sistêmica das estratégias de influência;
• a selva da política, e o que fazer para atravessá-la; e
• como fazer lobby e influenciar a formulação de políticas.
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2
Arte e
CAPÍTULO
estratégias
de comunicação
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CAPÍTULO DOIS • ARTE E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO
Essas são as perguntas POR QUE que são tão importantes considerar no de-
senvolvimento de um plano de comunicação do alcance. Se não tiver clareza sobre por
que você precisa comunicar a sua mensagem além das fronteiras da sua organização,
você corre o risco de não as comunicar de forma eficiente ou eficaz. As respostas
PORQUE o ajudarão a determinar O que você precisa comunicar em termos de
informações, idéias, valores, metas, etc.
Assim que essas questões tiverem sido meticulosamente estudadas, você preci-
sará de respostas a outras questões básicas:
• Quem essas mensagens devem alcançar?
• Como você fará isso?
• Como saberemos se estamos tendo sucesso?
• Com quem você deve se comunicar e como?
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
“Um mundo melhor não está ao alcance de quem não acredita nele”
Ladislav Briestensky
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CAPÍTULO DOIS • ARTE E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
Isso não é o que você tinha em mente quando pensou em capacitação em al-
cance usando estratégias de comunicação. Afinal, você precisa fazer com que a sua
mensagem saia. Precisa ser mais pró-ativo ao se comunicar com seus beneficiários,
com as agências governamentais e os doadores que podem apoiá-lo, bem como com
a mídia que pode ajudar a espalhar a notícia.
Como uma agência de apoio ou de serviço, sua força sustentável está baseada
em ser receptivo, estar atento às necessidades, aos interesses e às preocupações dos
seus membros e compreender mais profundamente o que é importante para eles
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CAPÍTULO DOIS • ARTE E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO
antes de tratar desses assuntos na sua agenda, seja o que for. Isso exige uma base
de dados poderosa e precisa. Ao mesmo tempo em que você pode obter uma parte
disso pesquisando em bibliotecas, sua melhor fonte de percepções, informações e
idéias será o que for criado pela sua capacidade de ouvir ativamente, mediante sentir,
interpretar e verificar o que os seus membros, beneficiários, apoiadores e futuros
parceiros estão dizendo.
Richard Axelrod, em Terms of Engagement, diz o seguinte sobre ouvir como
um pilar para construir relações:
Ouça, ouça, ouça até sentir que não agüenta mais, e continue ainda a ouvir.
Ouvir constrói relações. Ouça com compreensão e empatia. Trabalhe para
entender, não para concordar. Imagine como seria ver o mundo pela visão
deles, com base nas experiências deles.3
Principais beneficiários: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pretendo melhorar minha maneira de ouvi-los mediante:
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Governo local: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pretendo melhorar minha maneira de ouvi-los mediante:
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
Representantes da mídia: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pretendo melhorar minha maneira de ouvi-los mediante:
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“O que me preocupa não é a maneira como as coisas são,
mas como as pessoas pensam que elas são”
Epictetus
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CAPÍTULO DOIS • ARTE E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO
Esses pacotes de relações públicas não precisam ser caros e devem refletir o que
você é, e não um retrato inflacionado sobre o que você espera ser. A arte das relações
públicas é 90% preparação e 10% inspiração no momento certo. É tirar proveito das
oportunidades, quando elas aparecerem, para deixar que os outros saibam quem
você é e o que você está fazendo.
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
REFLEXÃO Com base nessa análise científica da sua situação junto à mídia, o que, se for o caso, você
deveria fazer para melhorá-la? Por exemplo, se a resposta a ambas as perguntas for quatro ou
menor, suspeitamos que você considera como pouco prioritária essa parte da sua estratégia
de comunicação. Por outro lado, se você respondeu à primeira pergunta com uma nota baixa
e à segunda com uma nota alta, talvez precise convocar uma reunião da equipe para discutir
o assunto.
Mas antes de agir, ponha no papel algumas idéias sobre como você vê suas relações com a
mídia e o que você pode pensar em fazer, se for fazer alguma coisa.
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CAPÍTULO DOIS • ARTE E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
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CAPÍTULO DOIS • ARTE E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO
Vários pontos dessa definição são importantes para serem observados. As rela-
ções são voluntárias, envolvendo atividades mútuas, e não afetam a autonomia ou a
independência dos participantes. Starkey, nessa discussão sobre o networking como
uma ferramenta de desenvolvimento, reluta em admitir que descrevamos todas as
trocas de informações e ações colaborativas como networking. Nem malas diretas e
newsletters devem ser considerados como redes. Redes fluem muito mais livremente
e representam mais trocas de informações multidirecionais, idéias e recursos do que
as que associamos com os processos formais de comunicação.
A Barron’s Educational Series inclui um Guia de Sucesso nos Negócios sobre
Networking Bem-Sucedidos, e os autores conseguiram escrever todo o guia sem uma
definição própria concisa de networking. No entanto, descrevem certos atributos do
processo. Dizem, entre outras coisas, que “o networking não é uma ciência precisa
nem uma gama tangível de atividades ou comportamentos. É um processo complexo
e dinâmico, evoluindo a partir de diferentes raízes, freqüentemente estabelecidos em
diferentes ambientes para servir a diferentes propósitos.” 7
Como você pode ver nessas definições, quem escreve sobre esse processo en-
contra dificuldades para dizer o que ele significa. Ainda assim, é uma ferramenta
poderosa de alcance, particularmente com o advento da Internet. Talvez um exemplo
pessoal recente de networking possa ajudar a esclarecer o que significa.
Venho trabalhando com uma profissional, da Eslováquia, que está envolvida
em um programa de desenvolvimento rural em quatro países, financiado pela União
Européia. Um dos países do programa é a Islândia. Quando ela soube que minha
mulher e eu estávamos indo para a Islândia para passar alguns dias de férias, ela
enviou um e-mail a um colega que mora no país para que ele soubesse que nós
estávamos a caminho. Isso fez com que tivéssemos uma noite agradável com novos
amigos que não teríamos a oportunidade de conhecer de outra forma.
Um pouco antes de sair do hotel em Reykjavik para voltar para casa, conheci
um jovem imigrante polonês cuja mulher importa móveis da Europa Oriental. Quan-
do perguntei se ela importava armários de cozinha prontos, ele respondeu: “Não,
mas existe um novo mercado que está se abrindo para esses produtos.” Como meu
filho está nesse negócio, a mulher desse rapaz e meu filho fizeram contato e têm
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
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CAPÍTULO DOIS • ARTE E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO
Networking é um assunto que muitos acham frustrante. Parece vago. Ainda Dica de
assim, milhões se mobilizam em processos interpessoais que agora chamamos viagem!
networking. As pessoas se envolveram nesse jeito “conheço alguém que tem um
amigo” de se ligar durante gerações – milênios! A maior mudança no processo
é o crescimento igualitário e democrático do networking estimulado pela nova
tecnologia de comunicação. Não há dúvida de que o networking é uma parte fun-
damental da capacidatação em alcance organizacional, portanto, tenha um pouco
de paciência enquanto descrevemos as duas qualidades essenciais do processo e o
que você pode esperar como retorno quando se envolve no networking.
Espontaneidade e liberdade
Duas qualidades, sobretudo, caracterizam o processo de networking no que
diz respeito às organizações de serviços sociais, muitas das quais são ONGs e OCs:
espontaneidade e liberdade. Espontaneidade é a vontade que os indivíduos têm de, a
qualquer momento, sair, em quase todas as circunstâncias, e ajudar os que precisam.
Liberdade, por outro lado, é tanto o valor individual quanto institucional que deve
estar presente para que haja o networking de necessidades e recursos. Inclui: liber-
dade para agir; liberdade para redefinir os limites institucionais e do programa para
apresentar uma resposta melhor na hora da necessidade; e dividir poder, influência e
acesso aos recursos de forma colaborativa e não ameaçadora. É através da esponta-
neidade individual e da liberdade de ação que a arte estabelecer o networking entre
as necessidades humanas e os recursos encontra seu melhor exemplo.
Essas duas qualidades, espontaneidade e liberdade, conduzem o processo de
networking, tornando-o dinâmico e atuante. São qualidades que estão ausentes em
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
muitas agências com equipes formais, burocráticas e profissionais que detêm a res-
ponsabilidade de executar diversos serviços sociais no mundo inteiro. Isso propicia às
ONGs e OCs oportunidades e desafios únicos para otimizarem o uso de técnicas de
networking para servir às comunidades e seus membros de formas novas e ousadas.
Uma grande estratégia que pode ser uma extensão natural do networking é a
formação de alianças e parcerias estratégicas. O desafio é formar essas coalizões
sem desperdiçar as verdadeiras qualidades que as uniu através de um processo de
networking. Vamos falar sobre a construção de alianças estratégicas no próximo ca-
pítulo, portanto, fique ligado.
“Se todos na sua rede são iguais a você, não é uma rede.
É um formigueiro”
Harvey Mackey
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CAPÍTULO DOIS • ARTE E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO
O networking é, por natureza, uma qualidade, um talento, um valor e até mesmo uma REFLEXÃO
forma definidora da vida para alguns. Por causa disso, é difícil concretizar o que networking
significa e como se torna operacional. No entanto, é uma importante estratégia de enco-
rajamento e apoio na vida das ONGs e OCs. É uma forma de ampliar os recursos próprios
e mobilizar aqueles que estão além do seu controle como gerente. Dadas essas barreiras
e oportunidades para compreender o processo de networking, faça uma pausa e escre-
va brevemente alguns exemplos de sua experiência, se você ou seus colegas usaram o
networking para beneficiar sua organização e seus membros.
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Quais são as ações de networking que você poderia decidir fazer para melhorar seu poten-
cial de alcance organizacional?
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Pontos principais
Três estratégias dominam a discussão sobre Capacitação em Alcance Organi-
zacional: comunicação, alianças e influência.
• Estratégias e habilidades de comunicação variam desde ouvir ativamente
até o networking, incluindo algumas outras características importantes
no meio.
• Um plano eficiente de comunicação responde às perguntas POR QUE,
O QUE, QUEM, QUANDO e COMO sua organização precisa comuni-
car-se com seus interessados mais importantes.
• No cerne de todas as estratégias de alcance eficiente, está ouvir ativamen-
te. Ouvindo seus beneficiários e membros, ONGs e OCs tornam-se
mais eficientes quando se comunicam com seus outros interessados.
• As relações com a mídia são importantes, mas é preciso avaliar o
custo versus benefício de qualquer esforço conjunto para atrair a
atenção da mídia.
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
Notas de fim
1. Alessandra, Tony and Phil Hunsaker, Communicating at Work. New
York, Simon and Schuster, 1993. p. 54.
2. Weaver, Richard and John Farrell, Managers as Facilitators. San Francis-
co, Berrett-Koehler Publishers, 1997. p. 137.
3. Axelrod, Richard. Terms of Engagement. San Francisco: Berrett-Koehler,
2000. P. 91.
4. Fisher, Fred. “Resource Exchange Networking: Metaphorical Inventions
in Response to Differentiated Human Needs in a Collective-Oriented
Society”, Volume 12, No. 1 of Journal of Voluntary Action Research,
January-March 1983
5. Seymour Sarason and others. Human Resources and Resource Networks.
San Francisco: Jossey-Bass Publishers,1977. P. 152.
6. Starkey, Paul. Networking for Development. London: International Forum
for Rural Transport and Development, 1997. P.14.
7. Michelli, Deni and Alison Straw. Successful Networking, Hong Kong:
Barron’s Educational Series, 1997. pp. 1-8.
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Desenvolvendo
CAPÍTULO
alianças estratégicas
“Unir-se é um começo,
manter-se unido é um progresso
e trabalhar junto é um sucesso”
Provérbio árabe
CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
As comunidades são criadas para “fazer junto o que é impossível fazer sozi-
nho”. Fazer o impossível junto geralmente se traduz em parcerias, alianças, coalizões
e colaboração entre as partes interessadas dentro da comunidade.
Frances Hesselbein, presidente do conselho diretor da Peter F. Drucker Foun-
dation for Non-profit Management, diz:
O dia da parceria está chegando para todos. Líderes que aprendem a tra-
balhar com outras corporações, agências governamentais e organizações do
setor social descobrirão novas energias, novos impactos e novo significado
no trabalho da sua organização.2
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CAPÍTULO TRÊS • DESENVOLVENDO ALIANÇAS ESTRATÉGICAS
Ela enfatiza que essas parcerias, entre uma ONG ou OC e o governo local, uma
empresa privada e uma ONG ou todas as três juntas, exigem que os vários parceiros
tenham uma participação claramente definida na responsabilidade, com resultados
palpáveis. Mas ela lembra que seus líderes devem ter bastante cuidado ao ousarem
assumir a liderança.
Antes de entrarmos na parte como da nossa discussão sobre a construção de
alianças, eis outra declaração consistente sobre a formação de parcerias através das
fronteiras das instituições que tradicionalmente trabalhavam isoladas umas das outras.
O século 21 será a era das alianças. Nela, a colaboração entre organizações sem
fins lucrativos (ONGs/OCs) e corporações crescerão em freqüência e importância
estratégica. As relações colaborativas irão cada vez mais migrar da aliança tradi-
cionalmente filantrópica, caracterizada pela presença de um doador benevolente e
recebedores gratos, para uma aliança estratégica e profunda. Essas mudanças já
estão em andamento e a paisagem é rica em variedade, com empresas e organiza-
ções não lucrativas descobrindo seus caminhos para trabalhar juntas, atingir metas
e contribuir para a sociedade.3
Para muitas ONGs e OCs, esses tipos de aliança oferecem vantagens e riscos.
Também evocam diferentes tipos de relações entre negócios e corporações e ONGs
e OCs. Como garante James Austin: “Essas alianças não exigem planos estratégicos
grandiosos; geralmente, paciência e perseverança são suficientes para transformar
pequenas alianças em alianças estratégicas e significativas.”
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
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CAPÍTULO TRÊS • DESENVOLVENDO ALIANÇAS ESTRATÉGICAS
Categorias de alianças
Existem diversas formas de alianças. Vamos examinar algumas descrições para
dividi-las em categorias.
Robert Hargrove, autor de Mastering the Art of Creative Collaboration, diz
que muitas colaborações caem em uma das seguintes categorias.
• Colaborações forçadas: Alguém, por alguma razão disse: “Você irá
colaborar.” A despeito dos bons exemplos, tais alianças forçadas podem
pecar pela falta de entusiasmo pelo envolvimento que surge como parte
da decisão de colaborar.
• Colaborações auto-iniciadas: Essas geralmente surgem a partir de proble-
mas ou oportunidades quando uma ou mais partes desejam buscar ajuda
ou compartilhar as boas notícias.
• Colaboração em torno de uma preocupação comum: Pode ser tão simples
quanto proteger as árvores ao longo da rua principal ou tão complexo e
perturbador como uma epidemia de AIDS.
• Colaborações inesperadas: São as alianças que aparecem em reuniões
fortuitas, onde as pessoas percebem que elas representam a oportunidade
para as duas partes se unirem e fazerem as coisas acontecerem. 5
Rosabeth Moss Kanter tem uma abordagem diferente para classificar diversos
tipos de iniciativas colaborativas, colocando-as em um continuum desde as mais
fracas e distantes em uma ponta até as mais fortes e próximas na outra. No extremo
fraco-distante, estão aquelas alianças que crescem a partir de necessidades mútuas de
serviços. São as organizações similares operando praticamente os mesmos negócios
ou serviços que podem reunir seus recursos para atingir metas ou intenções comuns.
ONGs, governos e organizações de ajuda internacional que operam em sistemas
de distribuição de alimentos a populações necessitadas podem ser um exemplo de
consórcio de serviços mútuos.
No meio, estão as organizações que precisam da capacidade e dos recursos
de cada uma para serem bem-sucedidas, circunstâncias que levam a joint ventures.
Por exemplo, o conselho municipal decide que precisa criar abrigos para o número
crescente de população de rua da cidade. A prefeitura dispõe de alguns prédios
subutilizados que eles acreditam que pode funcionar, mas não tem equipe nem conhe-
cimento para reformá-los ou administrá-los depois de renovados. Uma empreiteira
local tem a reputação de comprar prédios para classes de baixa renda no extremo de
um bairro decadente e forçar as pessoas a irem morar na rua. Ela quer mudar sua re-
putação e concordou em reformar os prédios da prefeitura como uma demonstração
de boa vontade. Uma grande ONG da cidade que já administra um abrigo modesto
para a população de rua quer expandir seus serviços, mas tem poucos recursos e não
tem lugar. As três partes reconhecem que podem realizar seus objetivos se colabora-
rem umas com as outras, formando uma aliança para atender à crescente população
de rua da cidade. Elas decidiram fazer uma joint venture para colocar o seu plano
em prática.
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
Kanter diz que as iniciativas mais fortes e próximas são as parcerias de cadeia
de valor, como as relações fornecedor-cliente. Por exemplo, uma organização que
fornece produtos pode precisar se articular com uma organização diferente para
garantir que a instalação e a manutenção do produto que eles vendem chegue até
o cliente. Essas duas organizações se unem para agregar valor para o usuário final,
daí a referência à cadeia de valor. A força desses tipos de coalizões ou alianças está
no engajamento dos parceiros com a relação, a superposição das suas operações e o
potencial para uma linha de oportunidades que fluem das relações à medida que se
apóiam uns aos outros.6
A relação que eu tenho com o CNUAH (Habitat) e o Partners Romania
Foundation for Local Development (FPDL), e as relações da Fundação com a rede
de instituições de treinamento na Europa Central e Oriental representam um cenário
de cadeia de valor de parcerias. Eu escrevo o texto inicial (produção) com verbas da
ONU (Habitat) que, muito mais freqüentemente do que se imagina, será usado pela
FPDL como base do treinamento regional dos instrutores, oferecendo aos clientes da
Fundação o treinamento em uma nova área de serviços e produtos que eles podem
usar no trabalho com seus membros. A cadeia de valor envolve um empreendedor
particular, uma agência internacional, uma ONG regional e prestadores de serviço
locais.
Interessante, você pode dizer, mas como as ONGs e OCs se beneficiam desse
conceito e estratégia? Já que cada leitor representa um conjunto diferente de cir-
cunstâncias e oportunidades em termos de desenvolvimento de alianças estratégicas,
essa é uma pergunta que só você pode responder. Para ajudá-lo a lidar com o que
acreditamos ser um cenário fascinante para ONGs e OCs, vamos dar uma olhada em
como a iniciativa privada toma essas decisões.
Vamos dizer que a sua pequena empresa acabou de desenvolver uma nova cura
para a AIDS. Você quer trazer esse produto para o mercado, mas sua empresa faz
pesquisa científica. Você conclui que seria caro, desgastante e provavelmente arrisca-
do integrar toda a cadeia de valor desde a descoberta e desenvolvimento do seu novo
produto até a comercialização dentro da sua própria organização. Com base nessas
hipóteses, você examina cada um dos passos e processos da cadeia de valor e faz o
que os especialistas chamam de análise fazer/comprar de cada um.
A partir dessas análises, você decide que é mais econômico, menos arriscado
e mais rápido comprar do que desenvolver dentro da sua própria organização toda a
fabricação, armazenagem, distribuição e vendas necessárias para o seu novo produto.
É disso que trata a análise fazer/comprar.
Seguindo a análise fazer/comprar, você determina as competências essenciais
daquelas organizações com as quais você planeja se aliar, as etapas do processo em
que elas são melhores do que as demais e onde colocá-las na sua cadeia de valor desde
o laboratório até o consumidor. Dessa forma, é possível para a sua pequena empresa
de pesquisa administrar todo o processo sem empregar uma grande quantidade de
profissionais diretamente ou construir as instalações necessárias para acomodar os
diversos processos. Liberta a sua organização e a sua equipe para continuar fazendo
o que você faz melhor, que é desenvolver novos produtos. Isso é o que se chama criar
uma empresa virtual, que usa o conhecimento, o talento e a experiência de parceiros
externos ao invés dos seus.7
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CAPÍTULO TRÊS • DESENVOLVENDO ALIANÇAS ESTRATÉGICAS
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
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CAPÍTULO TRÊS • DESENVOLVENDO ALIANÇAS ESTRATÉGICAS
Como Kanter nos lembra, “as melhores relações interorganizacionais são freqüentemente Dica de
confusas e emocionais, envolvendo sentimentos como química e confiança. E não se deve viagem!
entrar nelas superficialmente. Apenas as relações que tenham um envolvimento profundo
de todos os lados perduram tempo suficiente para criar valor para os parceiros”.9
Pontos principais
• A arte de desenvolver alianças estratégicas de ONGs e OCs é a combina-
ção de processos eficientes de comunicação e expansão da sua influência
além das fronteiras organizacionais.
• Desenvolver alianças com outras ONGs/OCs e organizações de outros
setores da sociedade pode resultar em economia, economias de escala,
sinergia dos esforços e até potencial para aumento de receita.
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
Notas de fim
1. Some, Malidoma Patrice. Ritual: Power, Healing, and Community. Por-
tland: Swan-Rave Publishing, 1993.
2. Hesselbein, Frances. “The Circular Organisation”. In Frances Hesselbein
and others (eds.), The Organisation of the Future. San Francisco: Jossey-
Bass, 1997. p. 83.
3. Austin, James E. The Collaboration Challenge. San Francisco: Jossey-
Bass, 2000. p.1.
4. Ibid. pp. 8-14.
5. Hargrove, Robert. Mastering the Art of Creative Collaboration. New
York: Business Week Books, 1998, p.129.
6. Kanter, Rosabeth Moss. Frontiers of Management. Cambridge: Harvard
Business Review, 1997. P. 226.
7. Este processo está explicado de forma clara e inequívoca no livro de
Daniel Tobin, Transformational learning: Renewing Your Company
Through Knowledge and Skills. New York: John Wiley and Sons, 1996.
8. Kanter, p.246.
9. Kanter, p. 245.
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4
Arte e
CAPÍTULO
estratégias
de influência
Poder e influência
Poder geralmente está associado a autoridade, um processo forçado ou legisla-
do para realizar coisas. Como diz um autor: “A autoridade dá a alguém o poder de
comandar o comportamento. Os gerentes exercem o poder para fazer as pessoas agir.
Sem autoridade, os gerentes sentem-se impotentes e frustrados. A influência, por sua
vez, envolve os meios indiretos ou menos tangíveis para fazer surgir pensamentos e
opiniões, assim como comportamentos. Os líderes aplicam mais influência do que
autoridade para fazer as pessoas agir. Um é impositivo e direto, a outra é mais sutil e
indireta.”(1) O vínculo entre autoridade e poder pode ser uma das razões pelas quais
os líderes das ONGS e OCs de Nakuru evitaram o uso da palavra poder durante suas
deliberações. Muitas ONGs e OCs e seus líderes têm muito pouca autoridade formal
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CAPÍTULO QUATRO • ARTE E ESTRATÉGIAS DE INFLUÊNCIA
além das fronteiras das próprias organizações. Têm, contudo, outros tipos de poder
que potencialmente lhes dá tremendas oportunidades para influenciar. Antes de
discutirmos as várias opções de poder como meios de influência, pense na seguinte
fábula:
Uma galinha ficou cega e, como estava acostumada a escavar o chão para
procurar alimento, continuou a escavar diligentemente, mesmo depois de
cega. Qual a utilidade disso para ela, uma tola diligente?
Outra galinha, com ótima visão e que poupou os pés doloridos, nunca saiu
do seu lado e, sem fazer nada, ganhou os frutos do trabalho da outra.
Todas as vezes que a galinha cega pegava um grão de cevada, sua compa-
nheira atenta devorava o alimento.
Fábulas, Gotthold Lessing, 1729-1781
Opções de poder
Para apreciar o potencial que ONGs e OCs têm para a capacitação em alcance
através da influência, precisamos entender a diversidade de opções que levam ao
aumento de poder, tanto do indivíduo quanto da instituição. A seguir, apresentamos
a forma geralmente aceita de ver as diferenças entre as várias fontes de poder. (Não
perca a oportunidade de verificar quais as notas que você deu ao conceito de poder,
analisando a Ferramenta nº 8 na Parte Dois.)
• Poder de recompensa: Como gerente de uma ONG ou OC, você pode
recompensar seus empregados ou membros com promoções, favores,
reconhecimento ou acesso a bens ou oportunidades.
• Poder coercitivo: Na mesma posição, você tem a capacidade de punir, isto
é, infligir dor, rebaixar empregados, até mesmo demiti-los, e, no caso dos
seus membros, de cortar privilégios ou acesso a bens e serviços.
• Poder legitimado: Este é baseado na sua posição como líder de uma
organização que confere o direito de exercer o poder sobre os outros,
empregados ou membros.
Essas três bases de poder são as únicas que geralmente associamos com
autoridade forçada de uma forma ou de outra. Elas representam a capacidade de
influenciar o comportamento dos outros a despeito da potencial resistência daqueles
que são afetados pelo seu uso.
A capacidade das ONGs e OCs de influenciarem os outros através de fontes de poder do Dica de
tipo autoritário é evidentemente limitada. Mesmo se essas opções de poder, isto é, recom- viagem!
pensa, coerção e legitimação, estiverem disponíveis, seu uso seria suspeito dada a relação
simbiótica que muitas ONGs e OCs têm com seus empregados e membros.
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
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CAPÍTULO QUATRO • ARTE E ESTRATÉGIAS DE INFLUÊNCIA
Reserve alguns momentos e reveja os vários tipos de fontes de poder que acabamos de REFLEXÃO
listar que podem aumentar sua capacidade de ter influência na comunidade e além dela.
Para cada fonte que você listou, descreva uma ou mais maneiras de aumentá-la.
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
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CAPÍTULO QUATRO • ARTE E ESTRATÉGIAS DE INFLUÊNCIA
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
Ainda que essa aventura pela selva das políticas possa parecer frívola, é
importante entender que “políticas” sobram e podem ser encontradas nos lugares
mais estranhos. Se sua ONG ou OC vier a ter influência para fazer com que novas
políticas sejam adotadas ou as antigas mudadas ou abandonadas, você vai precisar
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CAPÍTULO QUATRO • ARTE E ESTRATÉGIAS DE INFLUÊNCIA
Como você pode ver, formular e implementar políticas são processos que ge-
ralmente refletem realidades diferentes daquelas que poderíamos esperar, com base
em uma noção idealizada da formulação de políticas como sendo de única respon-
sabilidade de representantes oficiais eleitos. Muitas vezes, as políticas públicas são
declarações de intenção dos legisladores nunca traduzidas em ações. Em outras oca-
siões, as políticas são declarações de fatos baseadas em ações nunca autorizadas por
legisladores oficiais autorizados. Para complicar ainda mais a discussão, as políticas
são feitas por default. Em geral, organizações e administradores públicos formulam
políticas ignorando as políticas resultantes de deliberação do corpo eletivo e tomadas
de decisão ou definindo regras básicas próprias que com o tempo acabam aceitas
como “política pública”.
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
O que fazer?
Com base nesse quadro bastante confuso do continuum da formulação e im-
plementação de políticas e na sua interrupção ocasional, o que ONGs e OCs fazem
para usar sua influência para afetar as políticas e sua implementação? Depende do
que você quer conseguir. Se você quer uma nova política formulada e implementada,
são necessárias certas ações. Se você quer implementar uma política que tenha sido
adotada por uma comissão municipal, mas nunca ativada de acordo com as intenções
da comissão, pode ser necessário um conjunto diferente de ações. Se você quer im-
plementar uma política atual modificada ou pretende adotar uma política, pode ser
necessário adotar outra estratégia.
Uma vez que as oportunidades de ter influência na arena da política pública
podem ser diferentes de um país para outro, é difícil prescrever ações que sejam
eficientes ou corretas em todos os cenários. Partindo deste pressuposto, encontram-
se a seguir algumas diretrizes que poderiam se adaptar a muitas situações.
• Entenda o processo de políticas públicas na sua comunidade. Como as
políticas são normalmente introduzidas no processo político? Quem é
o responsável pela condução das pesquisas para os formuladores das
políticas antes de sua adoção? Quais são os tipos de deliberação pública e
processos de divulgação para garantir que as políticas propostas cheguem
ao público? Quem é a melhor pessoa ou agência a serem contatados a fim
de se obterem informações sobre questões relacionadas a políticas? Quem
será responsável pela preparação da minuta das diretrizes de implementa-
ção e pela administração concreta do processo de implementação? Como
os formuladores de políticas monitoram sua implementação e o que isso
quer dizer em termos de monitoramento das futuras ações legislativas?
Estas e muitas outras perguntas sobre o funcionamento do processo de
políticas públicas na sua comunidade precisam ser respondidas se você
quiser ter influência nas decisões políticas.
• Forme alianças com instituições similares. Reconheça que a capacidade
de influenciar políticas públicas e seu processo de formulação é significa-
tivamente incrementada se mais pessoas forem chamadas para o processo.
Não parta do princípio de que a sua organização e as pessoas que você
representa são as únicas preocupadas em influenciar certos problemas.
Pense criativamente sobre de onde poderão advir apoio e influência
adicionais pela inclusão de organizações e indivíduos que representam
diferentes setores da comunidade. Por exemplo, uma empresa social-
mente consciente pode ter um interesse específico em apoiar uma nova
legislação ambiental mesmo que tenha que fazer investimentos adicionais
para atender a novos padrões. (Veja o último capítulo para diretrizes de
formação de alianças estratégicas.)
• Seja pró-ativo sobre políticas públicas importantes para você e integran-
tes da sua organização. Você tem uma pessoa ou um comitê que monitore
os problemas ligados a políticas públicas que preocupam sua organização?
Se não, pense em delegar responsabilidades. É uma boa maneira de usar
voluntários, particularmente os que conhecem o processo de formulação
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CAPÍTULO QUATRO • ARTE E ESTRATÉGIAS DE INFLUÊNCIA
de políticas e sabem quem contatar sobre certas questões. Não espere até
que a política seja adotada antes de engajar-se. Geralmente já seria muito
tarde para ter qualquer influência. Avalie com antecedência suas necessi-
dades e faça a pesquisa que for necessária para se qualificar e apresentar
um caso bem fundamentado às pessoas certas. Contate outras agências
que se beneficiarão com a política que você está defendendo e consiga o
seu apoio. Use sua rede de contatos para saber o que as outras regiões ou
países estão fazendo em relação às mesmas preocupações ou problemas.
• Esteja preparado para atender às necessidades dos formuladores de
políticas de forma adequada e dentro da sua capacidade. As entidades
responsáveis pelas políticas públicas também precisam de ajuda quando
estão considerando novas legislações ou sendo confrontadas com as
ineficiências características da implementação das políticas existentes.
Você e a sua organização podem agir em uma comissão, prestar consulto-
ria especializada sobre a necessidade e as exigências de implementação da
legislação pendente ou fazer circular petições entre os seus membros para
demonstrar apoio de base para as mudanças das políticas. Se ainda não
tiver feito isso, informe aos responsáveis pela condução do processo de
políticas públicas sobre a sua vontade e disponibilidade para engajar-se.
• Não deixe de se envolver após a adoção de novas políticas. Normalmente,
as diretrizes administrativas são desenvolvidas após os legisladores terem
cumprido o seu dever tomando decisões sobre as políticas. Saber como as
novas políticas são implementadas é tão importante quanto a elaboração
e a criação da política em questão. Se possível, envolva-se na elaboração
das diretrizes de implementação se a política vier a afetar a sua operação
ou seus integrantes.
• Monitore, se possível, a implementação das políticas que afetam dire-
tamente a sua organização e seus integrantes. As políticas estão sendo
implementadas? Se não estão, por quê? A implementação está sendo
conduzida de maneira justa e eqüitativa? Quais são as conseqüências
sociais, econômicas e ambientais das políticas atuais para a comunidade?
Fazendo lobby
“Você não pode pendurar tudo em um único prego “
Provérbio russo
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
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CAPÍTULO QUATRO • ARTE E ESTRATÉGIAS DE INFLUÊNCIA
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
Judith Meredith, que escreveu um livro sobre fazer lobby com pouco dinheiro,
diz que só existem duas regras que são os pilares de uma iniciativa de lobby de uma
rede de cidadãos.
Regra nº 1: Representantes eleitos e indicados tomam decisões diferentes
quando observados pelas pessoas afetadas.
Regra nº 2: Fazer lobby é simplesmente levar as informações certas para as
pessoas certas no momento certo. 5
Dica de Fazer lobby é importante para capacitação em alcance organizacional. É também uma
viagem! função importante e necessária dentro do processo democrático, mas não funciona se os
legisladores desconhecerem o que as ONGs e OCs esperam deles. Eles foram eleitos para
representá-lo, não ler sua mente. Fazer lobby é a influência em ação. Faça lobby.
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CAPÍTULO QUATRO • ARTE E ESTRATÉGIAS DE INFLUÊNCIA
Pontos principais
• Influenciar é a terceira estratégia e habilidade de importância para alcan-
çar a capacitação de ONGs e OCs e funcionar melhor quando combinada
com as outras duas.
• No cerne da influência está o poder; e o poder assume diversas formas, e
não somente o uso da força bruta, para dominar o opositor.
• As fontes mais importantes de poder para ONGs e OCs são os poderes
referente, especializado, da informação, de conexão e catalítico.
• Pense na sua influência como incorporada em um sistema de componen-
tes entrelaçados. Eles incluem suas competências individuais; as compe-
tências da sua organização, da equipe e seus componentes; e as alianças
que você formou além das fronteiras da sua ONG ou OC.
• Para ONGs e OCs, influenciar significa, em última instância, envolver os
formuladores de políticas que criam estruturas legislativas que apóiam ou
limitam os seus esforços.
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CAPACITAÇÃO DE ONGs / OCs EM ALCANCE ORGANIZACIONAL • PARTE 1: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
Notas de fim
1. Hickman, Craig. Mind of the Manager, Soul of a Leader. New York: John
Wiley and Sons, 1992. p. 99.
2. Bradford, David and Allan Cohen. Power Up: Transforming Organi-
sations Through Shared Leadership, Nova York: John Wiley and Sons,
1998. p. xvi.
3. Ibid, p. 184.
4. Muitas dessas idéias foram colhidas da sabedoria e visão de futuro de
Judith Meredith, a quem agradeço, onde quer que ela esteja.
5. Meredith, Judith. Lobbying on a Shoestring. Boston: Massachusetts Con-
tinuing Legal Education, 1989. pp. 2-4.
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