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Neste trabalho procuro demonstrar algumas características das personagens Aurélia de “Senhora”
e Rita Baiana de “O Cortiço” a partir se suas semelhanças e diferenças
Aurélia - “Esqueces que desses dezenove anos, dezoito os vivi na extrema pobreza e um no seio
da riqueza pra onde fui transportada de repente. Tenho as duas grandes lições do mundo: a da
miséria e a da opulência. Conheci outrora o dinheiro como um tirano; hoje o conheço como um
cativo submisso. Por conseguinte devo ser mais velha d que o senhor que nunca foi nem tão
pobre, como eu fui, nem tão rico, como eu sou.”
Rita Baiana - “Casar?Protestou a Rita. Nessa não cai a filha de meu pai!Casar? Livra! Pra quê?
Para arranjar cativeiro? Um marido é pior que o diabo; pensa logo que a gente é escrava! Nada!
Qual! Deus te livre!Não há como viver cada um senhor e dono do que é seu!”
Aurélia
Percebe-se nela uma mistura de Bela e Fera, Anjo e Demônio, boa e má – é essa
dualidade comportamental que a faz fugir do maniqueísmo romântico e lhe dá densidade
humana, uma certa profundidade psicológica, ou seja, traços comportamentais de
personagens realistas.
"Opôs-se formalmente Aurélia; e declarou que era sua intenção viver em casa própria, na
companhia e D. Firmina Mascarenhas.”
Rita baiana
Contrária ao retrato da mulher idealizada romântica, Rita é a mulher independente e rebelde. Rita
Baiana critica até mesmo a instituição casamento vai contra toda uma ordem estabelecida.
Ainda é possível observar que, o desenho da mulata tornou-se um dos símbolos da brasilidade
mal disfarçado, por trás do estereótipo de beleza e alegria, uma imagem feminina sexualizada e
racializada, essa figura torna-se ainda mais estereotipada quando ela é também baiana , por si só
símbolo sexual.
Pode-se ver que Rita Baiana é mulata, ela é mulata, a mulata, ela é caracterizada como bela,
sensual perfeita e perfumada .A sensualidade, como uma característica ligada a uma identidade, é
uma propriedade e uma marca da mulata de O cortiço, pois a sexualização costuma ser uma
figura de controle ou dominação, pois a caracterizando como mulata ela se distancia um pouco da
condição de negra, escrava e inferior.
Precisa-se falar ainda da forma como Rita Baiana é representada fisicamente, essa mulata na
obra de Aloísio Azevedo, é marcada por muitos adjetivos, utilizando a sinestesia como figura de
linguagem para descrever as sensações provocadas pelos gostos, cheiros e imagens emanados
pela mulata.
Imagina experiências que remetem a conclusões a que não se chegaria apenas pela observação:
“O chorado arrastava-os a todos, despoticamente, desesperando aos que não sabiam dançar.
Mas , ninguém com Rita ; só ela, só aquele demônio , tinha o mágico segredo daqueles
movimentos...”