Um só coração, uma só mente

Faça morrer o Ananias ou a Safira que há em sua vida ...

Atos 4:32-5
Pr. Alcenir
6 de dezembro de 2009

Introdução
Com o coração e com a mente foi que a igreja de Nosso Senhor
e Salvador Jesus Cristo começou. Era só um o coração e a mente.
Alguém poderia argumentar como pode uma comunidade ter apenas
uma mente e um coração.
Eu diria que a comunidade que tem uma só mente é a
comunidade em que os planos buscam o crescimento e o bem estar
da comunidade; é uma comunidade em que o trabalho é
racionalmente distribuído e aceito por todos como algo que significa
uma terapia ocupacional, uma dinâmica da economia do grupo, uma
riqueza comum, uma busca de provisão que trará benefícios não
apenas individuais mas também comunitários; é uma comunidade
em que as decisões mesmo quando relacionadas com questões
individuais são tratadas de acordo com o que a comunidade acha que
é correto, segue uma lógica aceita pelo grupo, reflete o
posicionamento ético, moral e comportamental da comunidade.
 Eu diria também que a comunidade que tem um só coração é
uma comunidade onde o amor é um patrimônio comum e do mais
alto valor; é uma comunidade onde a dor de um é a dor de todos;
mas é também uma comunidade onde a alegria de um é alegria de
todos; nesta comunidade a fome não é um inimigo que maltrata as
pessoas, porque se um tem um pão e outro não, esse pão será divido
por dois; se alguém está enfermo, a comunidade chora, ora e entra
em ação para prover restabelecimento da saúde.
A comunidade que tem um só coração e mente terá um corpo
saudável, porque todos são considerados membros do corpo, e
quando um membro sofre todo o corpo reage; quando um membro se
alegra, todos se alegram; quando um é atacado todos sentem a dor.
Nós vemos aqui o embrião de uma comunidade que era o
oposto daquela a que se transformou a comunidade da antiga aliança,
onde a lei do amor tinha se tornado uma lei burocrática que era
cumprida por obrigação. Essa atitude foi a gota d'água que faltava
para fazer a paciência de Deus esgotar e permitir que o seu povo
fosse levado cativo para a Assíria e para a Babilônia.
Agora estava germinando uma comunidade que viria a ser
segundo o coração de Deus, segundo os sonhos de Deus, segundo o
que fora idealizado por Deus na criação mas que não perseverou em
Adão.
Mente e Coração - Entre a razão e a emocão
Em inteligência emocional, o autor do livro ensina que nós
temos duas partes do cérebro que processam as informações de
acordo com a razão e a emoção.
As informações são recebidas e analizadas à luz de nossa
memória ou experiência, e encaminhadas para a parte do cerebro que
vai desencadear as reações emocionais. Muitas vezes quando temos
memórias exacerbadas de perígo ou de excesso de alegria, o cerébro
tende a associar a memória de perígo, prazer ou alegria à essa
situação em uma rapidez enorme. E assim, encaminha para o
desencadeamento de reações emocionais sem uma análise racional
da situação.
Aqui nós poderiamos dizer que de um lado temos o coração, ou
a nossa percepção sentimental e emocional do mundo; do outro nós
temos a razão que avalia de maneira crítica a situação, ou seja, o que
realmente é, que tipo de iniciativa a situação exige que eu tenha.
Para ser mais claro, o primeiro contato é de emoção ou primeira
reação (coração). Isso vai envolver hostilidade ou ódio, amizade, ou
amor.
Na hostilidade ou ódio, a reação imediata é de ataque, defesa,
abandono ou rejeição; e na de amizade ou amor será de ajuda,
socorro, companheirismo, comunhão, alegria mútua ou sofrimento
mútuo.
Assim era a igreja em Atos 4. Todos usavam a razão, a lógica,
as habilidades, conhecimento, talentos e sabedoria, ou seja, a mente
em favor de todos como se fosse para si mesmo; da mesma forma,
suas reações de emoções eram idênticas e de mesma intensidade se o
sofrimento ou alegria era da pessoa em si, ou de outro membro ou da
comunidade como um todo.
Há uma expressão dos militares e guerreiros que diz “todos por
um e um por todos”, que é comparável com a expressão “um só
coração e uma só mente”.
Em outras palavras nós nos amamos como se fossemos uma só
pessoa; nós usamos nossa mente e nossas habilidades em favor de
um e todos.

Situação Caótica – A reação à represália

A comunidade crescia, os apóstolos faziam muitos milagres e
sinais. Pedro e João são presos após a cura do coxo (cap 3). A defesa
de Pedro não lhes deixa base para condenar.
Nesse momento inicial em que a repressão começa a
intensificar, transparece aqui a reação da igreja ao perigo iminente. A
igreja demonstra uma certa angústia, ansiedade e depressão que são
reações normais do ser humano diante do perigo.
É nesse momento que Pedro e João, voltando da prisão se reúne
com eles e oram a Deus expressando uma certa inconformidade e
desagrado com a reação de autoridades e o povo à ação de Deus,
principalmente depois de ungir o Messias. Aqui os Apóstolos
demonstram empatia com a dor dos crentes temerosos diante do
perigo. Então Deus faz o Espírito Santo mover-se no meio deles
novamente.
Apesar da situação que enfrentavam:
• eles tinham convicção do Poder de Deus. Para nós crentes,
aqueles que estão conosco são muito mais que aqueles que
estão contra.
• eles tinham convicção da futilidade da rebelião humana. As
pessoas se rebelam contra Deus, mas no final eles terão que se
curvar à vontade Deus.
• Eles agiam sob a memória dos sofrimentos do Mestre. Para
eles, sofrer pelo Mestre era motivo de alegria, era um
privilégio.
• Eles oravam para Deus dar a eles coragem. Isso mostra quão
frágil nós somos, que dependemos da graça de Deus a todo
instante, que não temos força e coragem humanas suficientes
 para enfrentar tais situações se não pela capacitação do Espírito
Santo.
• O resultado foi um reforço com o dom do Espírito. A promessa
foi cumprida e receberam coragem e força para testemunhar. O
Espírito Santo começou a agir novamente, e ficaram cheios do
Espírito.

Recursos Compartilhados – Sob a Graça e o Amor de Deus há

um Clima de Reino de Deus
Aqui nós vemos o ambiente interno da casa do Pai do filho
pródigo – tudo o que temos é de todos, para ser compartilhado. E
quando chega um que não tem nada, passa a compartilhar a fartura
da casa.
Aqui há uma lição de Reino muito importante para nós. Uma
lição de corpo, onde todos temos funções diferentes. Assim, a orelha
não pode dizer que é mais importante do que o nariz e nem tentar
fazer a função de nariz, porque não vai fazer bem. Em outras
palavras, ninguém é mais importante do que o outro, porque deu
oferta ou dízimo maior, porque deu a maior contribuição para as
missões, porque evangelizou mais do que os outros, porque leva os
irmãos ao aeroporto para ajudar a carregar as malas muito mais
vezes do que os outros, porque participa do sopão dos “homeless”
todas as noites.
Há interpretações diversas do que aconteceu com Ananias e
Safira. A maioria dos pregadores insistem que eles roubaram, pois
vender e trazer tudo era prática comum e obrigatória. Entretanto, o
texto não é claro com relação a isto. Assim, o pecado do casal diz o
pregador foi a mentira, pois o texto sugere que prometeram dar o que
fora arrecadado. Não houve coação, a doação era de livre vontade.
Mas eles pecaram pela avareza dizendo uma coisa e fazendo outra
para ter proveito financeiro.
Jesus Cristo ao observar o movimento em torno do gasofilácio,
observou alguns religiosos trazendo grandes ofertas e faziam questão
de serem vistos. As suas ofertas os engradenciam ao invés de
engradecer a Deus. Mas o que eles tranziam revestiam-se muito mais
de interesses pessoais do que de sua verdadeira adoração a Deus.
Suas aparências são de pessoas que são abastadas e suas ofertas não
terão o mínimo efeito no financiamento de seu conforto, de sua vida
de luxo e sua estabilidade na sociedade.
Entretanto, vem uma viúva e dá tudo que tem. O que ela deu
não tem o menor volor para o financiamento das atividades do
templo, da administração e pagamento dos sacerdotes e levitas. O
seu valor estava no se passava no coração, o desejo de adorar
verdeiramente a Deus. Ao contrário dos demais, a oferta da viúva
engradecia a Deus e trazia alegria ao seu coração de poder ofertar ao
seu Deus.
Mas Ananias e Safira pecaram também pela hipocrisia, reflexo
da cultura farizáica. Os farizeus eram ministros que se dedicavam a
um ministério cujo propósito era muito mais engradecer a si próprios
naquilo que faziam, do que engradecer a Deus com seus dons e
talentos.
Irmãos será que às vezes não corremos riscos de estarmos
colocando o nosso eu, nossa individualidade, nosso valor próprio,
nossas habilidades adiante de tudo, sendo exaltadas e trazendo
glórias a nós memos?
Isso é hipocrisia. Por fora somos grande ministros de Cristo,
mas por dentro somos cheios de más intenções e desejos pessoais de
engrandecimento.
Ananias e Safira pecaram também pela mentira. Propuseram
uma coisa e praticaram outra. A sinceridade, a retidão, a justiça e a
verdade são características imútaveis do cidadão do Reino do Céus.
Uma coisa é errarmos e dizermos que erramos; entretanto, reveste-se
de um significado vil, maléfico quando erramos e dizemos que não
erramos ou fazemos as pessoas entenderem o contrário. Esse é um
tipo de mentira chamado “dissimulação”, ou seja, consigo
convencer alguém de que é verdade algo que não.
 Um outro pecado que não está manifesto no texto mas que pode
ter tido efeito em Ananias e Safira está relacionado com Atos 4:36.
Lembram-se daquele ministro, a quem chegam a atribuir a qualidade
de Apóstolo mas que ele nunca clamou para si o título? Seu nome é
Barnabé … Ele vendeu uma fazendo e trouxe para a comunidade do
“Caminho”. O episódio de Ananias e Safira vem logo após. O efeito
da doação de Barnabé parece ter sido grande, e isto pode por inveja
ter influenciado a Ananias e Safira.
O pecado da inveja é um veneno mortífero. Isto significa que
estamos achando que outro irmão ou irmã é mais abençoado do que
nós e não nos conformamos.
Irmãos, nossa vida é uma completa mentira por causa do
pecado antes de aceitarmos a Jesus Cristo. Assim, o primeiro passo,
o passaporte para passar para o lado de dentro da porta do Reino é
confessar o pecado, ou seja, admitir o pecado e expressá-lo para
Jesus Cristo, ser perdoado e receber então Identidade do Reino, o
Green Card do Céu, a “Driver License” do DMV do Céu.
Enquanto não confessamos o nosso pecado se entrarmos no
Reino seremos falsos cidadãos, seremos imigrantes ilegais. Portanto,
irmãos para recebermos o Green Card do Reino dos Céus é
necessário que o nosso caráter seja mudado e sejamos pecadores
confessos dignos do perdão de Deus.
 Irmãos, se existem pecados não perdoados na sua vida, se
existem atitudes que estão lhe caracterizando como hipócritas façam
um acerto com Deus e peça a Ele para quebrar o que está sendo mais
forte do que você e ele será misericordioso em operar na sua vida
para que você seja um cidadão exemplar do Reino dos Céus.
Para finalizar, se alguma coisa na mensagem de hoje o está
incomodando, se você tem um sentimento de que algo em sua vida
está se alinhando com as característica desse casal, eu o incentivo a
trazer para a Cruz e pregá-los e, assim, fazer morrer o Ananias e a
Safira que há em sua vida ...

E assim, Deus faça fluir as bençãos espirituais em sua vida.

Amém!