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Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

Instituto de Química – IQ
QF952A – 2s/2009

Cinética Química

Rodrigo Steter Rocco RA017300


Flávia da Silva Nascimento RA032861
Flávio Araújo de Freitas RA032880

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1- Introdução

Em termos gerais a cinética química estuda as velocidades das reações químicas e todos
os fatores que a influenciam e procura explicar o comportamento macroscópico dos sistemas
químicos em termos de modelos microscópicos, isto é, através da visualização teórica do
comportamento das moléculas. Sob este ponto de vista a cinética química é o primeiro e um dos
grandes caminhos para o estabelecimento do mecanismo das reações.
O estudo das velocidades de reação é de grande interesse no campo da tecnologia
química. Na indústria não há qualquer interesse numa reação lenta, mesmo que possua um
elevado rendimento e formação de produtos. Contudo, conhecendo-se os fatores que alteram as
velocidades de reação, pode-se escolher condições de trabalho que transformem uma reação lenta
numa reação rápida e o simples aumento da velocidade de uma reação por um fator de 10 vezes,
pode ser suficiente para mudar completamente o panorama da sua aplicação industrial.

A velocidade de reação pode ser definida como a derivada da concentração em relação ao


tempo. Para uma reação genérica: R  P, temos; v = - d [R] = d [P]. Para uma
dt dt
reação do tipo aA + bB  cC = dD, podemos definir: v=- 1 d [A] = -1 d [B] = 1 d [C] = 1 d [D] .
a dt a dt b dt c dt d dt

Além dessa forma, podemos estudar a velocidade de uma reação química através de uma
lei de velocidade, que é determinada experimentalmente. Podemos escrever um modelo genérico
dela como: v = k[A]m[B]n, onde: k = constante de velocidade (que não depende das concentrações
mas depende da temperatura); m e n correspondem à ordem de reação referente a cada espécie
envolvida, m+n = ordem global de reação. Portanto, formalmente, a lei de velocidade é uma
equação que dá a velocidade de reação em função das concentrações de todas as espécies
presentes na equação química global para a reação em um dado instante. Na prática, conhecida a
lei de velocidade de uma reação e o valor de sua constante, podemos prever a velocidade da
reação a partir da composição da mistura reacional, ou ainda, podemos prever a composição da
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mistura reacional em qualquer instante de tempo.

A cinética química é um dos critérios de avaliação da reatividade dos sistemas químicos


complementar do critério termodinâmico que avalia a reatividade em termos de constantes de
equilíbrio.
O conhecimento termodinâmico e cinético de qualquer reação é essencial para a análise de
(2)
sua importância em química preparativa e industrial.

Em nosso experimento causamos a redução do azul de metileno pelo ácido ascórbico, que
leva ao gradual descoloramento da solução. Isto permitiu-nos acompanhar espectroscopicamente a
cinética da reação de redução através da diminuição da absorbância da solução em 665 nm ao
longo do tempo.

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2- Objetivo

O objetivo desse experimento foi acompanhar o andamento de uma reação química em


solução, determinar a sua constante de velocidade e a sua ordem de reação.

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3- Materiais e Métodos

3.1- Materiais
 Cronômetro
 Micropipeta automática
 Cubetas para espectrofotometro 10 mm
 Espectrofotômetro
 Balança Analítica
 Béqueres de 50 mL

3.2- Reagentes
 Solução estoque de Azul de metileno (AM)
 Solução estoque de Ácido ascórbico (AAH2)
 Água

3.3- Procedimento
Mistura dos reagentes e leitura no espectrofotômetro – Condição 01

 Em um béquer de 10 mL, pesou-se cerca de 0,35g da solução de AM e 3 g de água destilada a


temperatura ambiente;
 Em uma cubeta de poliestireno, adicionou-se cerca de 0,2 g da solução de (AAH2);
 Inseriu-se uma cubeta contendo solução de AAH2 no suporte do espectrofotômetro;
 Adicionou-se a solução de AM do béquer a cubeta contendo AAH2 e acionou-se o cronômetro
imediatamente a mistura das soluções;
 Fechou-se a tampa do aparelho e anotou-se o valor de absorbância ao longo do tempo.

Condição 02
O procedimento da condição 01 foi repetido, porém utilizou-se cerca de 0,25 g de AM.

Condição 03
O procedimento da condição 01 foi repetido, porém
utilizou-se cerca de 0,08 g de AM.

Figura 1. esquema da aparelhagem utilizada

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4- Resultados e Discussão

Seguem abaixo os valores das concentrações iniciais do AM e Ac. Ascórbico na solução estoque e nas
cubetas; os valores de Mf (mol/L) representam as concentrações iniciais dos componentes nas cubetas.

Azul de Metileno Ácido Ascórbico

SOLUÇÃO ESTOQUE SOLUÇÃO ESTOQUE


MM 319,85 MM 176,1
massa (G) 0,012 massa (G) 3,5
n mols 3,7518E-05 n mols 0,0199
volume (L) 0,2 volume (L) 0,1
mol/L 0,0002 mol/L 0,1988

Condições iniciais de
teste Condição inicial do teste
Condição 01
Mi (mol/L) 0,000188 Mi (mol/L) 0,1988
Vol. Inicial 0,00035 Vol. Inicial 0,0002
Mf (mol/L) 1,849E-05 Mf (mol/L) 0,0112
Vol. Final 0,00355 Vol. Final 0,00355
Condição 02
Mi (mol/L) 0,000188
Vol. Inicial 0,00025
Mf (mol/L) 1,321E-05
Vol. Final 0,00355
Condição 03
Mi (mol/L) 0,000188
Vol. Inicial 0,00008
Mf (mol/L) 4,227E-06
Vol. Final 0,00355

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Seguem abaixo em forma de gráfico os resultados obtidos em nosso experimento:

Gráfico Exponencial de Absorbância em função do tempo

0,8
0,7 y = 0,7121e-0,0054x
0,6 R2 = 0,9872
A b so rb ãn cia

0,5
0,4 y = 0,4919e-0,0066x
0,3 R2 = 0,9943
0,2
0,1 y = 0,1149e-0,0056x
R2 = 0,9702
0
0 100 200 300 400 500 600 700
Tem po, s

Série1 Série2 Série3 Expon. (Série2) Expon. (Série3) Expon. (Série1)

Gráfico 01. Curva exponencial de absorbância de AM x tempo para cálculo de K

Ln A x Tempo

0
0 20 40 60 80
-0,5
-1 y = -0,0027x - 0,5362
R2 = 0,9913
Ln A

-1,5
y = -0,0042x - 0,8462
-2
R2 = 0,9989
-2,5
y = -0,0054x - 2,094
-3
R2 = 0,9974
Tempo (s)
0,35 g de solução de AM
0,25 g de solução de AM
0,08 g de solução de AM
Linear (0,08 g de solução de AM)

Gráfico 02. Curva logarítmica de absorbância de AM x tempo

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Absorbância X Tempo - (Sistema Azul de M etileno + Ác.
Ascórbico); pontos iniciais y = -0,0015x + 0,5839
R2 = 0,9902
0,7
0,6 y = -0,0016x + 0,4272
Absorbãncia

0,5 R2 = 0,9989
0,4 y = -0,0006x + 0,1224
0,3 R2 = 0,9957
0,2
0,1
0 0,35 g de AM
0 20 40 60 80 0,25 g de AM
0,08 g de AM
Tempo, s Linear (0,35 g de AM)
Linear (0,25 g de AM)
Linear (0,08 g de AM)

Gráfico 03. Pontos iniciais de absorbância x tempo para cálculo da velocidade inicial

Determinação da velocidade inicial:

A velocidade inicial da reação equivale ao valor do coeficiente angular da retas do gráfico 03. Em nosso
experimento as velocidades iniciais obtidas foram:

Condição Vel. Inicial (mol/s)


1 0,0015
2 0,0016
3 0,0006

Determinação da constante K pelo gráfico logaritmico:

Ln [A] = -Kt + lnA[A]0


Y = -aX + b

Desta forma K = a , sendo que “a” é o coeficiente angular da reta, assim encontramos os seguintes
valores:

massa (g)
Condição AM Klogaritmico
1 0,35 0,0027
2 0,25 0,0042
3 0,08 0,0054

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Determinação da constante K pelo gráfico exponencial:

Para a determinação por este método se faz um ajuste não linear da curva e obedece-se a seguinte
equação:
-kt
[AM] = [AM] e
Y = y0 + A e(-x/t)

massa (g)
Condição AM Klexponencial
1 0,35 0,0054
2 0,25 0,0066
3 0,08 0,0056

Resultados

Condição Vel. Inicial (mol/s) Klogaritmico Klexponencial


1 0,0015 0,0027 0,0054
2 0,0016 0,0042 0,0066
3 0,0006 0,0054 0,0056

Os resultados de K obtidos pelo método de ajuste exponencial demonstrou-se mais uniforme entre as 3
condições de teste indicando este o melhor modelo que se encaixa em nosso experimento. É importante
citar que na condição 3 para o método de cálculo logarítmico para K, o valor de K se aproximou dos
valores de K exponencial demonstrando a possibilidade de validade do método logarítmico.

Determinação da ordem de reação:

Condição Vel. Inicial (mol/s) log Vel. Inicial (mol/s) [AM] log AM
1 0,0015 -2,823908741 1,849E-05 -4,73296
3 0,0006 -3,22184875 4,23E-06 -5,37393

Log Vo versus Log [AM]o y = 0,6208x + 0,1145

2,8-
-5,5 -5,4 -5,3 -5,2 -5,1 -5 -4,9 -4,8 2,85--4,7
2,9-
2,95-
Log Vo

3-
3,05-
3,1-
3,15-
3,2-
3,25-
Log [AM]o

Gráfico 04. Gráfico do logaritmo da velocidade inicial versus logaritmo da concentração inicial de Azul de
Metileno

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5- Conclusão

Neste trabalho foram determinados experimentalmente a constante de redução do azul de metileno


através de método espectrométrico. A execução do experimento demonstrou-se bem simples e prática, tendo
como parte mais trabalhosa a execução dos cálculos e parte gráfica mas que também não exigiu
conhecimento específico.
Ao comparar o valor de K obtido pelos métodos exponenciais e logaritmicos encontramos proximidade na
condição 3 do experimento. Nas demais condições as diferenças foram mais significantes. No método
exponencial os valores de K encontrados foram mais constantes e por isso consideramos este procedimento
de cálculo o mais adequado para se determinar a constante de velocidade de redução do Azul de Metileno.

6- Bibliografia
(1) – P.W. Atkins. “Físico-Química”, Vol. 3, 7ª ed. – LTC, 2003.
(2) – Formozinho, S.J. “Fundamentos de Cinética Química”, Fund. Calouste Gulbenkian, 1982, págs 16-
18.

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