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Sessão nº 3 – tarefa nº2

O Modelo de Auto-Avaliação no contexto da Escola/Agrupamento

0. Introdução

Numa abordagem sistémica, tradicionalmente a escola pautava-se por um paradigma


fechado: “Detentora” do saber, orientava a prática para a transmissão de
conhecimentos. A excelência consubstanciava-se na quantidade de informação
memorizada pelo aluno, à lei da sabatina.
Neste contexto o papel da BE centrava-se na gestão. A excelência circunscrevia-se
apenas à disponibilização de óptimos recursos e equipamentos. Serviços com
actividades desligadas das prioridades da escola e dos professores.
Os prodigiosos progressos a nível digital e tecnológico implicaram mudanças
profundas na sociedade. Muito particularmente, as TIC e a Internet com a elevada
oferta de equipamentos e informação on-line contribuem para a definição de novas
necessidades dos utilizadores e para a redefinição das prioridades educativas.
Naturalmente, perante estas mudanças, hoje a escola deve nortear-se por um
paradigma sistémico aberto.
Neste quadro, a BE, enquanto sistema aberto e integrado, interage com a escola,
sistema educativo, condições sócio- políticas e económicas portuguesas
e um contexto global.
Sendo assim,o maior desafio da BE consiste em “ saber gerir a mudança”. E o papel
do coordenador deve pautar-se por um desempenho integrador e práticas orientadas
para a mudança.
É fundamental para a qualidade da BE o papel activo do coordenador no
funcionamento e no sucesso da escola; a atitude crítica relativamente às suas práticas
de gestão e aos resultados dessas práticas na escola e no sucesso dos alunos e
saber agir e liderar.
A questão da liderança e prática de uma visão estratégica do coordenador é
fundamental quer no desenvolvimento quer no sucesso da auto-avaliação.
Vários factores condicionam o desempenho da BE, a nível endógeno: estrutura
interna; condições físicas; equipamento; recursos de informação que têm para
oferecer.
Igualmente, outros factores influenciam os resultados relativos ao uso e integração da
BE, como é referenciado no texto desta sessão, a saber:

- atitude e reconhecimento do órgão directivo;

- cultura da escola e os estilos implicados no processo ensino/aprendizagem;

- o currículo e a sua forma de organização;

- valores;

- modelos e as práticas de transmissão/apropriação do conhecimento.

As relações entre a BE e a escola podem condicionar positiva ou negativamente o


seu sucesso. Por exemplo, no primeiro caso, rotinas de integração e trabalho
cooperativo. No segundo, fracas relações e práticas cristalizadas e, como é referido no
texto citado, um professor coordenador “sem visão e capacidade de liderança”.

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O presente desafio da BE consiste em:

- apontar novas práticas;

- novas lideranças;

- evidenciar valor para que as integrem na estratégia do ensino-aprendizagem da


escola e nas práticas dos alunos e professores.

1. Análise à realidade da minha escola e à capacidade de resposta ao processo.


Factores inibidores do mesmo.

O que é uma escola de sucesso?

Um contexto de mudança, a todos os níveis, implica naturalmente a reformulação do


papel da escola e daí a redefinição do próprio conceito de sucesso.
Hoje o conceito de sucesso, na Literatura, aparece associado à eficácia.
Por me parecer pertinente, aproveito o contributo de Macbeath para enquadrar a
análise à realidade da minha escola.

Na sua perspectiva, mencionada in LIMA, Jorge,” Em busca da boa escola: instituições


eficazes e sucesso educativo”, uma escola eficaz com impacto no sucesso educativo
deverá considerar várias dimensões, a saber:

1.Clima da escola – a escola sentida como um lugar agradável.

O clima da escola embora não seja hostil, caracteriza-se pela existência de focos de
descontentamento quer por razões endógenas, mormente pela distribuição de trabalho
e designação de chefia, entre o pessoal não docente; ou exógenas, entre os
professores, pelo estatuto profissional. Esporadicamente emergem ocorrências de
bullyng.

2.Relações – a existência de saudáveis relações interpessoais entre os diversos


elementos da comunidade educativa.

Normalmente as relações pautam-se por padrões de urbanidade, mas só se regista a


existência de trabalho em equipa entre algum pessoal da escola.

3. Organização e comunicação – organização baseada numa prática colaborativa e


eficiência na comunicação entre Gestão da Escola e o corpo docente e os demais
elementos da comunidade.

A prática colaborativa só a nível de algumas estruturas, designadamente professores


com cargos pedagógicos.
A eficiência da comunicação frequentemente prejudicada pela emergência de canais
paralelos e pela liderança difusa do órgão de gestão.

4.Tempo e recursos – disponibilização de materiais, recursos, tempo e oportunidades


para a sua utilização.

Normalmente os professores não vêem contemplados nos seus horários espaços


comuns para a prática de trabalho colaborativo.

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Não existem espaços próprios de trabalho para os diversos Departamentos
Curriculares.

5.Reconhecimento do sucesso – reconhecimento do esforço e mérito dos agentes


educativos
.
Pouco reconhecimento e recompensa do esforço do pessoal da escola,
designadamente, na avaliação do pessoal não docente.

6. Equidade – Escola atenta à diferença.


A escola pretende ser inclusiva. No entanto, nem sempre com total êxito, muito por
factores exógenos tais como o padrão da escola portuguesa, “pronto-a-vestir”que não
valoriza suficiente a cultura de origem dos alunos dos grupos/classes menos
favorecidos.

7. Ligações escola-família - relação de respeito e confiança.

A escola procura oferecer condições para essa ligação, no entanto os pais


desempenham um papel pouco activo na aprendizagem dos seus filhos/educandos.
A escola também “não vai ao meio, à família”, espera ou solicita, por regra, a “ida do
meio à escola” por razões pouco apelativas, caso de “comportamentos desviantes dos
alunos”.

8.Apoio ao ensino – condições infra-estruturais que favorecem um desempenho dos


professores, mais eficaz, na sala de aula.
O apoio ao ensino e aprendizagem situam-se no centro das políticas e da planificação
da escola. Já a constituição de turmas é condicionada pela organização dos
transportes.

9.Clima na sala de aula – existência de um clima empático na sala de aula.


Infelizmente nem sempre …

10.Apoio à aprendizagem – tem a ver com factores que, na perspectiva do aluno,


facilitam e com os que dificultam a sua aprendizagem.

A actividade escolar desvia-se frequentemente da sua função de tornar a


aprendizagem mais eficaz. Multiplicam-se actividades, sem prévia auscultação dos
alunos e, não menos grave, implicam a subtracção de tempos lectivos de outras
disciplinas

Capacidade de resposta ao processo

Parece-me haver razoável capacidade de resposta ao processo de auto-avaliação


dada a existência de factores críticos de sucesso da BE, identificados pela Literatura
da especialidade, a saber:

- a afectação de professor coordenador (learning specialist, segundo Todd);

- capacidade relacional do coordenador.

- apoio institucional do órgão de gestão.

- parceria com outras bibliotecas – no caso concreto, com a Biblioteca Municipal;

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- a nível de planificação, uma associação a metas da escola;

- a planificação tenta adequar o trabalho da BE aos objectivos educacionais e aos


resultados dos alunos.

Factores inibidores

Entre os vários factores destaco:

- A liderança difusa do órgão de gestão. E quão necessária seria uma liderança do


director clara de comunicação unívoca, dado que ele deve ser “líder coadjuvante no
processo” e regista-se a necessidade do seu envolvimento desde o início;

- a falta de avaliação global da escola;

- o clima da escola, a implementação do processo, entendida como uma ameaça por


parte das estruturas: mais sobrecarga de trabalho;

- a falta de rotinas de trabalho cooperativo;

- dificuldade em encontrar tempo comum para a realização de trabalho conjunto;

- desmotivação por não haver cultura de reconhecimento do mérito;

- ligações da escola à família: pouca participação parental.

- realização de actividades por parte dos professores desligadas da necessidade de


tornar a aprendizagem do aluno mais eficaz.

A somar a este factores, sublinho o facto de a minha actual escola ser uma realidade
criada há dois anos, fruto da fusão de duas escolas: uma do 2ºe 3ºciclos e a outra do
Secundário. No primeiro ano, cada escola manteve o seu próprio Conselho
Pedagógico, ainda hoje, pedagogicamente, não compreendo porquê. Só no segundo,
se concretizou a plena junção.
A situação originou constrangimentos de toda a ordem. Desde logo, o espaço físico,
apesar das significativas obras, edificado sem uma visão global. Por exemplo, a
existência de sala de professores, dispersa por dois blocos afastados, localizada nos
espaços das salas das duas antigas escolas plasma de certa forma a distância entre
os profissionais oriundos dos citados estabelecimentos de ensino.
Igualmente, desmotivou colegas, com “lugar cativo” em determinados cargos
pedagógicos que face a nova concorrência foram preteridos na eleição/designação.

2.Linhas orientadoras de um Plano de Acção

. Oportunidades do Modelo

Começo por citar SCOTT, Elspeth in “How good is your school library resource
centre?” que realça a importância da avaliação como instrumento de conhecimento do
grau de satisfação dos utilizadores e o objectivo de apoiar o trabalho da escola:

“Measuring the sucess of the LRC is not just a job for the librarian; it is also important
to find out what other people, yours users, think. The LRC after all does not operate in
isolation; its whole purpose is to support the work of the school”

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Noutro ponto da obra citada, Scott destaca o valor dos “Indicadores de Performance”,
na avaliação, ao conferir-lhe objectividade: “By using Performance Indicators i tis
possible to judge what the LRC is doing…Importantly, using PI sis objective not
subjective – not “I think” but “evidences shoues”.

Antes de mais, devemos considerar o Modelo como uma oportunidade, um


instrumento de melhoria contínua, atendo ao conhecimento que pode facultar.
Também pelo facto de a estrutura organizativa da informação (domínios, subdomínios
e indicadores) se adequar às áreas de funcionamento da BE e às suas ligações aos
outros sistemas com os quais interage. Igualmente porque se assume como
instrumento de regulação. Ainda porque pretende conjugar a prática com a análise
reflexiva, orientada para a mudança. E também porque constitui um processo de auto-
responsabilização (Órgãos de gestão, de decisão pedagógica, professores e BE),
implicando portanto um envolvimento colectivo.

Objectivos da auto-avaliação

. Conhecer a prática presente para projectar a futura.


. Planear os trabalhos da BE. Não basta conceber boas ideias é preciso transformá-las
em boas práticas.

. Melhorar o perfil de desempenho da BE e consequentemente a própria escola na


medida em que integra o seu processo de gestão e desenvolvimento.

. Promover a BE.

. Canalizar os maiores esforços para os pontos fracos do desempenho


.
. Optimizar as políticas dirigidas à BE.

Avaliar o quê?

Como destaca o documento: “Um modelo de avaliação para as bibliotecas escolares”


da RBE” o Modelo considera os “Factores apontados a nível internacional para o
sucesso da BE”, com incidência nos quatro domínios da sua acção (A- Apoio ao
Desenvolvimento Curricular; B- Leitura e Literacia; C- Projectos, Parcerias e
Actividades Livres e de Abertura à Comunidade; D- Gestão da BE):

.” Os níveis de colaboração entre o professor - bibliotecário e os restantes


professores…” com impacto na literacia da informação e promoção da leitura”
(domínios A e B).

. “O programa formativo desenvolvido pela BE” (domínios A, B e C).

. “ A acessibilidade dos serviços prestados pela BE” (domínio B).

. “ A formação dos recursos humanos” da equipa da BE (domínio B)

Avaliar como?

A recolha da informação processa-se a dois níveis: primeiro, sobre os dados já


existentes, como, por exemplo, registos de actividade, relatórios, aquisições; em
segundo, deve ser recolhida informação específica: saber o que os outros pensam,
impacto no sucesso escolar dos alunos…

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Relativamente aos níveis de trabalho e de gestão relativos às evidências, numa
primeira fase do processo importa colher a informação mais relevante acerca do
problema identificado.
Numa segunda, “de gestão e interpretação de informação” há que interpretar e dar
sentido à informação e transformá-la em conhecimento.
Finalmente a “gestão dessas evidências ao nível de escola”.
Os resultados deverão ser divulgados para o exterior através dos canais próprios da
BE.
O relatório de auto-avaliação e o plano de melhoria deverão ser apresentados no
Conselho Pedagógico para discussão e aprovação.
A BE, como sistema, integrado, na escola deve apresentar síntese do seu relatório a
integrar no relatório da escola, visando possibilitar à Inspecção avaliar o impacto do
seu desempenho na escola.
NcNicol, Sarah, no artigo “Incorporating library provision in school self- evaluation,
identifica a utilidade da auto-avaliação da BE, no âmbito da avaliação externa das
escolas: “A auto-avaliação pode ajudar as escolas a preparar-se para a inspecção…”

Medidas, a contemplar num plano de acção, conducentes à alteração da


situação e à sua consecução com sucesso.

. A qualidade do programa da BE. JOHNSON, Doug – “Getting the Most from Your
School” dá particular ênfase à qualidade do programa : “Um bom programa de media
da biblioteca de escola, não só pode ajudar a melhorar os resultados dos testes
padronizados, mas pode estar no centro dos esforços da escola para desenvolver uma
abordagem construtivista de ensino e aprendizagem. Ao fornecer os recursos
impressos e electrónicos, pela equipa docente com professores em sala de aula, e
pelo desenvolvimento de ferramentas de avaliação autêntica, a biblioteca escolar
especialista em media torna-se um parceiro eficaz de recursos em projectos de base
curricular. Literacia da informação, a capacidade de localizar, avaliar e utilizar
informações, a fim de resolver problemas, está se tornando rapidamente a nova
habilidade básica da era da informação e é a missão da biblioteca escolar programa
de media para ensinar essas habilidades”.

. O papel de liderança do coordenador assume-se fundamental para a capacidade de


resposta ao processo. Como muito bem destaca o texto da sessão: “ Todd reforça o
trabalho e liderança interventiva e actuante do professor coordenador na formação
para as Literacias e para a construção do conhecimento. A liderança transformativa
deve, segundo Todd, ser orientada pela recolha de evidências – evidence based
practice.”
Através do diálogo, o coordenador deve envolver o director no processo, advogando o
valor da BE, como recurso indispensável da escola para o seu sucesso.

. Se bem que a BE não possa ser esquecida como um todo, convém seleccionar um
domínio, para cada ano.
A escolha da iniciativa do coordenador/equipa da BE, deve ser precedida de análise
rigorosa dos documentos de autonomia da escola (PEE, PCE,PAA, RI, PCT) de forma
a atender às prioridades e metas da escola, fundamentando assim a decisão para
merecer a validação dos órgãos directivos e Conselho Pedagógico.

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. Realização de acções de formação informais sobre as problemáticas da BE, dirigidas
às várias estruturas da escola(cluster) visando o seu envolvimento no processo.

. Criação de fóruns, abertos à discussão de temas actuais.

. Propor aos docentes actividades conjuntas.

. Promover trabalho colaborativo com os professores da escola pela Internet como


forma de conciliação de horários.

. Utilizar canais de comunicação como, por exemplo, a Plataforma Moodle da Escola


para informar a comunidade educativa acerca do quotidiano da BE.

. Em conjunto ou em alternativa, criar blogue próprio, dinamizando a interacção entre


os actores da comunidade educativa.

. Valorizar os recursos e saberes do meio, disponibilizando informação do concelho,


fruto de estudo monográfico.

. Continuar a realização de actividades em parceria com a Biblioteca Municipal.

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