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Auto-avaliação da Biblioteca Escolar e

Avaliação Externa da Escola/Agrupamento

Actividade 2: Análise e comentário crítico à


presença de referências à BE no corpus de
relatórios de Avaliação Externa da IGE às escolas

Formanda: Fátima Correia


Escola Secundária de Santo André
"As BE não podem ser julgadas independentemente
das escolas em que existem e às quais estão inevita-
velmente ligadas”
Barbara Stripling

1. Análise do Relatório da IGE acerca da minha escola

Como já tenho tido oportunidade de dizer, o início do ano lectivo transacto


foi particularmente exigente a nível profissional não só porque exercia novas
funções na escola – cargo de coordenadora da BE – mas também porque
integrando a equipa do Projecto Educativo e sendo coordenadora do Plano Anual
de Actividades, estava pessoalmente implicada na recepção à equipa da IGE e
nos painéis de entrevistas realizados nesse mês de Novembro de 2008. A própria
escola, consciente de que um olhar externo é um passo fundamental para a
melhoria do seu funcionamento, candidatara-se a esta avaliação, respondendo,
assim, ao convite da entidade inspectiva nacional para dar continuidade ao
trabalho realizado na fase piloto (2006/07).
Se nessa altura estivesse na posse de dados que neste momento domino
ou tivesse já realizado esta formação da RBE, como diz o ditado popular “outro
galo cantaria”, ou seja, teria tido a vida mais facilitada. Isto porque parti para a
referida inspecção sem saber o que me esperava e “de peito aberto às balas”,
para usar uma metáfora corrente. Claro que tinha como suporte o trabalho
realizado pela equipa dos Mecanismos de Auto-Avaliação da escola e a
experiência da presidência do Conselho Pedagógico, dois anos antes, bem como
o empenho do Conselho Executivo, mas mesmo assim... sinto que se fosse hoje
estaria mais consciente de determinados aspectos, a que, na altura, respondi com
base apenas no conhecimento empírico da realidade escolar.
Servem estes parágrafos introdutórios para chegar à ideia de que
considero fundamental começar por exercer o meu juízo crítico em relação ao
relatório da minha própria escola. Assim, no documento final produzido pela IGE,
a BE é referida em dois pontos como se pode ler:
- ponto 1.1 “Sucesso Académico” – “Como forma de aumentar o sucesso e
e a sua qualidade, a escola tem vindo a aplicar um conjunto de medidas,
nomeadamente apoio pedagógico, diversificação da oferta educativa,
implementação do PNL (da responsabilidade da BE), Projecto Ciência Viva e
investimento nas TIC” (p. 5) (itálico meu)
- ponto 3 “Organização e Gestão Escolar” - “A BE/CRE tem um aspecto
renovado e agradável, possuindo um acervo considerável, devidamente
informatizado, nela decorrendo um conjunto de actividades de leitura,
visionamento e audição” (p.8);
Hoje, porém, olhando para o Quadro de Referência para a Avaliação de
Escolas e Agrupamentos, à luz da formação que temos feito, acredito que o
trabalho da BE devia ser referido em mais pontos, nomeadamente em 2.3 e 2.4
bem como em 5.2. Por outro lado, penso que a escola encarou esta experiência
avaliativa externa na perspectiva formativa que quer a IGE quer a RBE
preconizam já que serviu para nos debruçarmos mais atentamente sobre os
domínios em que temos de intervir para melhorar, tendo sido já introduzidas
algumas alterações. De acrescentar ainda que sentimos necessidade de redigir
um contraditório por discordarmos de algumas das observações feitas e por
considerámos que algumas classificações atribuídas pela IGE subvalorizam os
dados recolhidos, nem sempre tendo em atenção todos os aspectos da nossa
realidade escolar.

2. Análise dos Relatórios de outras escolas

Se este olhar para nós mesmos é prioritário, não deixa de ser


extremamente útil olharmos para os outros na medida em que a visão alheia nos
devolve o nosso próprio reflexo, ajudando-nos a crescer.
O corpus que me propus analisar é constituído por 3 escolas (como lembra
a sabedoria popular, “três é a conta que Deus fez”): uma vizinha – Escola
Secundária dos Casquilhos - e duas de Lisboa - Escola 3º ciclo e Secundária de
Pedro Nunes e Escola Secundária de Camões – movida apenas pela mera
curiosidade em relação à grande urbe, “a capital do reino”, e a duas escolas com
uma história reconhecida, num estudo contrastivo com o que se faz desta banda
do Tejo. Todos os relatórios são do mesmo ano - 2008/2009 - facto que realça a
proximidade no horizonte temporal.
Da análise efectuada aos referidos relatórios, constata-se que apenas se
verificam referências pontuais à Biblioteca Escolar e ao trabalho que desenvolve.
Começando pela primeira escola inspeccionada, E.S. Casquilhos, a única
referência à BE aparece no ponto 3.3, reconhecendo-se que “as suas
potencialidades ainda não estão a ser completamente optimizadas”. Embora
participe no PNL (ponto 4.4) não se sabe se a iniciativa parte da BE ou de
professores em particular. Quanto ao antigo Liceu de Pedro Nunes, começa por
reconhecer-se que “a cultura de escola tem raízes profundas” e que “é essa
cultura partilhada, mais do que os documentos reguladores da acção
organizacional, que confere unidade e sentido ao trabalho desenvolvido”. Tal
observação não conduzirá a uma certa suspeita de que para as equipas
inspectivas da IGE poderá haver dois pesos e duas medidas na observação que
tecem das realidades escolares, ou de que, antes de partirem para o terreno, já
poderão estar sob influência de certos pre-conceitos? Aqui fica a questão... Tive a
sensação de que, neste ponto, os aspectos negativos se sobrepunham aos
positivos, mas mesmo assim, a classificação atribuída foi Bom! A única referência
à BE é feita numa curta linha no ponto 4.4 para dizer que a escola tem vindo a
aderir a vários projectos de âmbito nacional, como o programa de RBE. Por sua
vez, no relatório da IGE ao Liceu Camões, a BE é referida no ponto 3.3, apenas
no sentido do espaço físico “está bem apetrechada mas o espaço é reduzido” e
no ponto 4.4: “promove actividades variadas e que correspondem aos interesses
dos alunos”.
Concluindo, penso que esta análise consistente dos relatórios da IGE se
constitui como o corolário natural da primeira actividade. O salto entre os
potenciais pontos de cruzamento da Avaliação Externa e da Auto-Avaliação da
BE é confrangedor: ou por incúria das escolas, por apagamento dos professores
bibliotecários ou por inabilidade, desconhecimento, falta de sensibilidade, (outras
razões?), das equipas de inspecção, a atenção à BE é reduzida. Afinal, a BE é
um mero espaço da escola ou o centro do (nosso) mundo? Urge mudar esta
perspectiva e nós temos uma palavra a dizer.

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