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Os jogos digitais invadem as universidades

e prometem ser a profissão do futuro que já chegou.
Por David de Oliveira Lemes

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 Bem-vindo
A Até bem pouco tempo, quem
quisesse trabalhar com criação e de-
senvolvimento de games no Brasil teria
de aprender quase tudo na raça. Não
existiam cursos especializados no as-
sunto e tampouco mercado de trabalho.
Mas esta realidade vem mudando aos
poucos. O Brasil ainda está longe de ser
uma grande potência desenvolvedora,
mas começa a dar os primeiros passos
para mudar este cenário.
No início de 2007, pelo menos dez
universidades em todo o Brasil tinham
em seu vestibular a opção para o curso
de Jogos Digitais, nome dado pelo
Ministério da Educação e Cul-
tura (MEC) para o curso
superior que trabalhará
a criação e o desenvol-
vimento de games. Um
grande passo.
Para refletir um pou-
co sobre a questão, vale ressaltar
que nenhuma indústria cresceu e se
consolidou tão rapidamente quanto a
de games. Com isso, o mercado carecia
de profissionais devidamente treinados
para a arte de criar e programar jogos
digitais. A formação de quem queria
trabalhar no segmento se dava por di-
versas vias devido à inexistência de um
curso especifico. Quem queria ingressar
no mercado teria que optar por curso
de exatas e especializações nas mais
diversas áreas.
Lá fora, o primeiro curso superior
totalmente voltado para o segmento
foi o da cobiçada DigiPen Institute of
Technology (www.digipen.edu), em
Washington, nos EUA. Este fato mudou
o cenário mundial e as instituições de
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à Escola de
ensino começaram a enxergar os games
com bons olhos.
E por aqui, estudar games não é
uma atividade tão nova assim. Já existe
até uma turma formada pela Universi-
dade Anhembi Morumbi, em São Paulo,
que foi a pioneira em oferecer um curso
superior em Design de Games. Durante
as aulas, o aluno aprende a projetar
jogos em diversas plataformas, como
web e dispositivos móveis, além de
ganhar sólida formação em modelagem
e animação 3D.
O Centro Universitário Positivo
(UnicenP), em Curitiba, foi a primeira
instituição a oferecer curso de
pós-graduação lato sensu,
desde 2001. Com duração
de 18 meses e aulas
quinzenais, o curso de
especialização é voltado
para quem já é formado
em alguma área ligada à informá-
tica, com matérias abordando progra-
mação em C++, arquitetura de engines,
inteligência artificial, game design,
programação distribuída para jogos e
outros temas.
Mas estudar, para depois trabalhar
com games no Brasil não é nada fácil.
Aliás, dá para montar um paralelo com
outras profissões em que é preciso ser
um verdadeiro super-herói para sobre-
viver dignamente, como os que bata-
lham no cinema ou história em quadri-
nhos. Segundo a Abragames, Associação
Brasileira de Desenvolvedores de Jogos
Eletrônicos, existem hoje cerca de 60
empresas que criam e produzem games
no Brasil. São jogos para celular, webga-
mes, advergames (jogos para publicida-
Games
de), MMORPG (games que suportam
milhares de pessoas ao mesmo tempo)
e até jogos para console produzidos sob
encomenda para serem comercializados
no mercado internacional.
Se a economia ajudar e o país se
desenvolver, estas empresas podem
aumentar sua capacidade de produ-
ção e absorver a mão-de-obra, que em
breve, sairá aos montes dos bancos das
universidades.
Press Start
Quem trabalha hoje com produção
de games, sempre foi um apaixonado
pelo assunto e na maioria dos casos,
alimenta este sonho desde que tomou
contato com os jogos digitais, ainda na
infância.
Para sintonizar paixão com razão
é bom entender como o Ministério
da Educação e Cultura classifica o
profissional da área de jogos digitais.
Segundo o MEC, “o profissional formado
atuará no segmento de entretenimento
digital, desenvolvendo produtos como
jogos educativos, de aventura, de ação, de
simulação 2D e 3D entre outros gêneros.
Trabalha com plataformas e ferramentas
para a criação de games e no desenvolvi-
mento e gestão de projetos de sistemas de
entretenimento digital interativo, em rede
ou isoladamente, de roteiros e modelagem
de personagens virtuais e na interação
com banco de dados. Pode atuar como
autônomo ou em empresas produtoras de
jogos digitais, canais de comunicação via
web, produtoras de websites, agências de
publicidade e veículos de comunicação”.
Destinos não faltam, segundo o
MEC. Mas para começar a jornada, é
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 GAMES | escola de games
bom conhecer antes as estratégias do
jogo. Uma dica essencial é dada por
Roger Tavares, doutor em comunicação
e semiótica pela PUC-SP e pesquisador
na área de games. Para aqueles que pro-
curam um bom lugar para estudar é de
suma importância que “busquem cursos
que atendam aos seus principais projetos,
e não às suas fantasias. Optem por cursos
preocupados com a sua formação e não
com um mercado hipotético que ninguém
consegue saber como será. Grande parte
dos novos cursos não são cursos de games
e sim de programação de computadores
com um conteúdo e pessoal muito fraco
em games”. Seleção e pesquisa, portanto,
são fundamentais.
A segunda fase deste jogo, chamada
mercado de trabalho, também mere-
ce atenção dobrada para não cair em
armadilhas ou falsas esperanças. Apesar
do crescente número de empresas de
games, o início profissional pode ser
duro e alguns paradigmas precisam ser
mudados. Primeiro: esqueça o emprego
tradicional, com contrato assinado e
plano de carreira. Segundo: tenha em
mente que, aqui no Brasil, você
precisará de uma boa dose de
empreendedorismo. Roger
manda um outro conselho:
“Se você quer mesmo traba-
lhar na área de games, junte-
se a seus amigos, abra uma
empresa e faça sólida rede de
contatos com outras empresas.
Você já parou para pensar em
quantas empresas são necessárias para se
fazer um bom game?”
Jogo para muitas pessoas
Ao falarmos sobre criação de games,
a primeira coisa que se pensa é: isso
é coisa de programador. Mas por sua
natureza multidisciplinar, pessoas das
mais diversas áreas migram para traba-
lhar com jogos digitais. Um exemplo de
profissional da área é Chico Queiroz,
publicitário formado pela PUC-Rio e
mestre em design de videogames pelo
Surrey Institute of Art & Design, na
Inglaterra. Queiroz, que buscava apro-
fundar a qualidade de seus trabalhos
como webdesigner, começou a estudar
Flash e Director e acabou trabalhando
com webgames. Isso mostra que aquele
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perfil de “profissional das ciências exa-
tas” que trabalham com games mudou.
Chico vê os novos cursos de jogos
digitais com otimismo, e argumenta que
“além de preparar alunos para as técnicas
envolvidas na produção de jogos, forman-
do uma mão-de-obra especializada com
uma boa visão geral das disciplinas ofere-
cidas, seria bom que as universidades in-
vestigassem e apontassem novos formatos,
iniciativas e alternativas de jogos eletrô-
nicos e entretenimento digital. Esta
combinação entre especialização
técnica e pensamento crítico
poderia, quem sabe, ajudar a
desenvolver uma indústria mais
forte, variada e criativa”.
Uma pergunta que mui-
tos podem fazer: com tantas
dificuldades, existe hoje dinheiro
correndo no mercado de games por
aqui? Chico afirma que “é possível que
hoje, o dinheiro dos games no Brasil esteja
fora do país, ou seja, nas exportações.
Várias empresas nacionais optam por este
caminho.” Ele cita a Southlogic (www.
southlogic.com.br) como provável
melhor exemplo e também o mais
bem sucedido. “Quanto ao
mercado interno, é certo que
ainda deva crescer um bocado
para que sustente uma indús-
tria como a que se vê lá fora.
Infelizmente, vários fatores
emperram o crescimento deste
mercado e, conseqüentemente,
da indústria de jogos no país.
Advergames e jogos para celular são mer-
cados interessantes, pelo baixo custo em
relação aos títulos para console e PC. Pelo
mesmo motivo, acredito que jogos casuais
possam vir a ser um mercado promissor
aqui no Brasil”, completa.
Na dúvida, faça algo diferente
Se a criatividade é fator primordial
para o sucesso de um game, o mesmo
pode-se dizer de alguns métodos para
mostrar seu talento. Como na indús-
tria de games nacional muitas vezes
não podemos contar com um plano de
carreira, será que adianta enviar dezenas
de currículos para as empresas de
games? Matheus Borges, 24, graduado
em Ciência da Computação mostra um
caminho diferente. Como atualmente
faz mestrado em Engenharia Elétrica
na USP de São Carlos, o programador
resolveu ajudar os interessados em pro-
gramação de jogos e teve a iniciativa de
compartilhar seus conhecimentos, que
até então se resumiam à programação
de jogos pessoais.
Para fazer isso, Borges gravou uma
videoaula sobre desenvolvimento de
games em XNA (software para desen-
volvimento de games da Microsoft),
disponibilizou o material no YouTube
e publicou o conteúdo em alguns
blogs. Quando o segundo vídeo
foi ao ar, Borges recebeu uma
proposta de emprego de uma
empresa em Salvador, na
Bahia, que desenvolve arcades
e máquinas de jogos com
tecnologia nacional. Resultado:
Matheus está de malas prontas e parte
do interior de São Paulo para trabalhar
com games, seu sonho de infância, na
capital baiana.
Para amparar os desenvolvedores e
as empresas de games, o setor hoje con-
ta com a Abragames. Criada em 2004, a
associação tem como objetivo promover
a indústria brasileira de desenvolvimen-
to de jogos eletrônicos, nos mercados
nacional e internacional e colaborar
com seus associados para reter e atrair
talentos dentro da indústria de desen-
volvimento de jogos nacional.
Em um segmento novo e ainda
em fase de estabilização, a Associação
Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos
Eletrônicos tem um papel importante a
desempenhar: conscientizar os gamers
brasileiros sobre a importância econô-
mica, social e cultural das atividades de
desenvolvimento de jogos eletrônicos,
promovendo o consumo dos games na-
cionais e também a inovação, a pesquisa
e o desenvolvimento de novas tecnolo-
gias de relevante interesse para a indús-
tria. No seu site, www.abragames.org,
existe uma lista de empresas associadas.
Vale conferir e até, quem sabe, entrar em
contato para mostrar o seu talento. ( )
David de Oliveira Lemes (Dolemes)
além de desenhar e escrever, pesquisa sobre
desenvolvimento de games em seu mestrado
na PUC-SP e edita o GameReporter.org.
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 onde estudar?

E para não deixar você perdido, preparamos uma lista de diversas

instituições de ensino que oferecem cursos de games ou jogos digitais.

GRADUAÇÃO
UVV – Centro
Universitário de Vila
Anhembi Morumbi Velha
Design e Planejamento de Games Graduação Tecnológica em
Local: São Paulo/SP | Duração: 4 anos Jogos Digitais
www.anhembi.br Local: Vila Velha/ES
Duração: 5 semestres
FMU www.uvv.brl
Tecnologia em Desenvolvimento de Jogos Digitais
Local: São Paulo/SP | Duração: 5 semestres
www.fmu.br PÓS-GRADUAÇÃO

Infórium - Faculdade de Tecnologia PUC-SP

Tecnologia em Desenvolvimento de Jogos Eletrônicos Simuladores e
Local: Belo Horizonte/MG | Duração: 5 semestres jogos digitais
www.inforium.com.br Local: São Paulo/SP
Carga horária: 5 semestres
PUC-SP www.pucsp.br/cogeae
Tecnologia em Jogos Digitais
Local: São Paulo/SP | Duração: 5 semestres PUC-RJ
www.pucsp.br Animação por computador e jogos 3D
Local: Rio de Janeiro/RJ
PUC Minas www.puc-rio.br
Tecnologia em Jogos Digitais
Local: Belo Horizonte/MG | Duração: 5 semestres PUC Minas
www.pucminas.br Desenvolvimento de Jogos Digitais para Celulares
Local: Belo Horizonte/MG | Carga horária: 4 semestres
Unicsul www.pucminas.br
Design de Jogos Digitais
Local: São Paulo/SP | Duração: 4 semestres SENAC – SP
www.unicsul.br Produção e programação de games
Local: São Paulo/SP | Duração: 16 meses
UniPaulistana www.sp.senac.br
Curso de Tecnologia em Jogos Digitais
Local: São Paulo/SP | Duração: 5 semestres UPIS – União Pioneira de Integração Social
www.unipaulistana.edu.br Especialização em desenvolvimento de Jogos Digitais
Local: Brasília/DF | Duração: 12 meses
Unisinos www.upis.br
Desenvolvimento de Jogos e Entretenimento Digital
Local: São Leopoldo/RS | Duração: 6 semestres UnicenP – Centro Universitário Positivo
www.unisinos.br Desenvolvimento de jogos para computadores
Local: Curitiba/PR | Carga horária: 18 meses
Universidade Estácio de Sá / RJ www.posunicenp.edu.br
Desenvolvimento de Softwares para Entretenimento
Digital UVA - Universidade Veiga de Almeida
Arte e Design para Entretenimento Digital Desenvolvimento de Jogos e Aplicações 3D
Local: Rio de Janeiro/RJ | Duração: 6 semestres Local: Rio de Janeiro/RJ | Carga horária: 18 meses
www.estacio.br www.uva.br

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