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  • O Sonho de Um Homem Ridiculo

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    Conto de Dostoievski sobre um mundo melhor.

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    O SONHO DE UM HOMEM RID{CULO [Naneamiva ranrismic 877) Fx sou um homem rdiculo. Agora eles me chamam de Jouco so sera ima promogio, se eu nd continnase sen so pata cles 0 ridielo quanto antes. Mas agora ji nem me ‘zango, agora todos eles so querids para mim até quan= ‘oriem de mim—aiéque so ainda mas queridos. Eatam- bm iia junto —no de mim mesmo, mas por aml, se so olhar para eles ado fcasse to triste. Tite porque eles tno conhecem a verdade, eu conhevo a verdae. Ah, como € duto conhecersorinho a verdade! Mas iso eles no v0 ‘tender, NGo,nio vo entender. ‘Antes, porém eu me entia muita consternado poe pa rece riditlo, Eu no areca, ew ea. Sempre ful rdiulo,¢ sci disso talver, desde que nasi. Talver desde os sete anos soubesse que su sdiculo, Depois fui para a escola, de- ois para univensidade,e ora — quanto mais estudava, mais prendia que sou rdiulo, De modo que todos os meus ‘us universitrios como que s6existiram, afinal, para me provar e me explicar, medida que neles me aprofundava, ‘ue sou ridculo, Assim como nos estudos, acontecia tam: bm na vida, A eada ano aumentaa ee fortalecia em mim, ‘sa mesma conscincia do mew aspect sdiclo em todos ‘sents. Todos iam de mim, o tempo todo. Mas ninguém sabia em suspetava que, shavia na terra um homem mais snk dew en i> ° sabedor do fato de que sow rdicul, esse homem era eu, € «era justo iso © que mais me ofendi, que ces nio soubes sem dso, mas aqui oculpado era eu mest sempre fi tio corgulhoso que por nada no mundo jamais ei querer con fesarofato a ninguém. Esse ongutho eresceu ex mim a0 longo dos anos, e se acontecesse de me deixar confess, diane de quem quer que fsse, que sou rida, ercio que imediatamente, na mesma noite, estouraria os miolos com ‘um revlver. Al como eu sori na adoleséncia com med de nio aguentar de repenteacabar de algum eto me con fessando aos amigos. Mas desde que me torn 050, ape- sar de reconhecer mais e mais «cada ano a minha horevel ‘qualidade, por um motivo qualquer fie um pouco mais ‘rangulo. Por um motivo qualquer, justamente, porque até hoje no sei hem porque motivo. Talvez porque na minha alma viesse crescendo uma melancoli etvel por causa de ‘uma creunstincia que ji esavaifinitamente cima de todo ‘omeu ser: mais prcisamente — ocorrcrame a convisio de ‘que no mundo, em qualquer ean, tudo tanto fac Faria ‘muito tempo que eu vinha pressentindo iss, masa plena ‘convicgo surgi no tltimo ano, asim, de repente- Set de epente que para im dava mo mesmo que exsisse um mn ‘docu que nada housesse em higar nenhum. Pac aperce- "No orginal contagfo pops conf ¢ onda, ‘es dos narradores destin 0 “hstamete™ conf com sefowe um iso mest" ov um “de fi" por an nev ug ‘sxmado do pend ater IN oT.) Noonan nacre, “tl ial wig” ‘Toate dua expsto comm alan stare ht ‘nas tam f™ Ember on expres sn sepe o psf io medals ad acolo com sina do cone at ("darn moo" soem "done er ineente, Ns oT) a Pedr Dota here a sentir com toda o meu ser que dante de mim nao ‘hava ada No comtesa me parecia sempe que, em compen sagio, tna havido muita coisa antes, mas depos nt que antes mem nfo tisha havido nada, apenas preci haver, tno sel por qué, Pouco a poco me convenc de que também novi haves nada amis, Ent de repente pare deme an ‘gr com as pessoas e pase’ a quase nem notélas. De fara, isso se manifesta até nas minimas ninharas: estou, por cexemplo, andando a rua e vo dando encontsdes nas pes Sos. Endo era por andar mergelhado em pensamentos:s0- ‘be aguilo que eu tina paca pensar, dent cessara comple tamente de pensar tdo me era indiferente, Ese 20 menos cu tives eslvido as questées ah, no resol nenhuma,€ ‘quanta havia? Mas pare mim tudo ficou indiferente, € a8 quesides todas se aastaram. Entio, depois disso, eu conbec a verdade. Conheci a ‘verdade em aovembro pasado, mais precisamenteem tes de ‘novembro,e desde entio me emo de cada instante a mi- nha vida, Iso aeonteceu numa noite tenebrosig na mats te nebrosa noite que pode haver. Ex volava para casa entio fs once horas da noite, e pens jstamente, eu me lembro, {que no poderia haver hora mais tenebross. Ax isieamen- te falando, Havia chovido o dia todo, e era 2 mais gelada € ‘tencbrosa das chuvas, uma espécie de chuva ameacadora até, eu me lembro diso, que aia com evidente hostilidade as pessoas, e agora, derepene, as onze hors, parow de cho- ‘ete princpiow uma umidade trrivl, mais imida e gla da lo que a prdpria chuva, eeudo exalava uma espécie de ‘vapor, cada pera do caminho, cada beco, quando olhado «dara, de lone, bem Iino Fundo. Imagine de repente que, se 0 gis se extinguisse por toda a parte, seria mais recon fortante, mas com 0 gas aceso 0 coragio fava mals triste (en de a em > ” org ininara do aqui, Nau daca ue no Amore dade coda exer cam deem coger, qv sin maids amg. Eu no se bora oto od, ees to ls areca i 0. Gavvenavam soe lo plc de epee inamarar Mar parce ers nfo es, € acloravan ton, Deepender le no mer ins “Or score par or ant far No lesa tal apenas omer aiden uel om te tua cera, e38 pe para min a ra ie te Viram mes pts mn do et lene 6 sigan a, {Quando marin pes sbee 0 sole de ean pars oct Oct eats hornet era spor ‘he dsc crea lungs urn eene at Incas neg tm fends De pe nt mh et Inca ms refers lhar name as Porque en extn rune ua ea ihe dst dime maar agile Fai ds mee ue tava emer dso apesar der pobre cme tm lo evdvere capo nage memo i, set sham pa ds mse pot ¢ de. inda jaia na ga ‘eta; mas para mim cudo era. atl pono indferente que me eu vontade, final, de areanjar um minuto em que eudo no fsse asim to indiferente, pars qué — no si E, des se modo, durante esses dis meses, a eada noite eu voltava para casa pensando que me matats. $6 esperava o mi ‘o, E agora essa estrelinha me towne a dei, e decid que seria sem falta nessa mesma noite, Mas porque a estelinha me erouxe a ideia — nos Ent, enquanto eu olhava para océu, de repente me ‘agaccou polo cotovlo essa menina. A rua jd estava deserta Fido Dona «no hava quaseainguém, Ao loage um cocheiro dormia hos dj? A menina tnha uns oto anos de encnhoe 6 de vestdidinho, toda encharcada, mas guards na lembran- {especialmente os cus sapatoseotose encharcados, ain: {de agora me lembro dels, Foram especialmente ces que me saltaram aos olhos, De repente ela comeqou a me kat pelo otovelo ea me chamar, Nio chorava, mas solava entre ‘rtos umas palavrss que nfo conseguia pronunciar dirito, porque tenia toda com cemedeira miida de calafrio. Fs- tava em pinico por alguma coisa besrava desespe “"Mimatchka! nimatchkat"-* Volto osto para ela, mas ‘no dise uma palavrae continue’ andando,s6 que cla cor ria e me puxavay¢ asa vor resoava aquele som que nas triangas muito asustads significa desespero. Conheyo ese Som, Ebora cla nfo articlasse bem a8 palaveas, entendi “que a sua mie estava morrendo em algum gar, 04 que a ‘ont elas, els fora corendo cha cs cat Sr algcn ou achar sun co prt jaro mie Mas “lola dye econo ne deepen aid Scena. rnce ede ie fomepoaar om pol hl Man clade epeme ute aera oogano, ‘stctdn corded pr vornelad eel. Fotcndo quae pe dium gs poms stu em foe Sehr ebro epee eae e3=- ‘thoes an creda dul anim aparece um a passante qualquer, e ela, pelo visto, leans > Caraga ee hereto rth ipcamente os i como angen sopra a caren topes Fa “vssbaanivo para do} + Nelogiene finer “mamde™.N.doT.) son de en ite os Subi para o meu quinto andar. Moro de aluguel, numa ‘asa de pensio’’ O meu edmad é pobre pequeno, om una janela de wtio semicircular. Tenho um divide oleado, uma ‘mesa, qua ica os iveos, dua eadeirase uma potrona

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