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Questões e Reflexões – Teorias e Modelos da Comunicação

1 – Dentro dos Níveis de Comunicação diga qual, ou quais, na sua


opinião condicionam mais a prática docente?
2 - O nível de comunicação interpessoal caracteriza-se
essencialmente pelos seus axiomas. Justifique a importância dos
axiomas.
3 - Segundo Watzlawick, existem 5 axiomas na sua teoria da
comunicação entre dois indivíduos. Se um destes axiomas não for
considerado pelo comunicador, que procura uma comunicação eficaz,
a comunicação pode falhar. Porquê?
4- A comunicação de massas é um tema muito debatido na sociedade
actual, principalmente pelas influências que gera. Comente a
importância deste nível (massas) para a prática docente.

Coloco aqui algumas das minhas reflexões sobre as questões


colocadas:

A comunicação interpessoal é uma troca, um processo de socialização e de


evolução humana tanto em forma como em conteúdo. Essa comunicação
implica a relação entre a parte que transmite e a parte que compreende a
informação. Esse processo só é totalmente concluído se ambas as partes
compreenderem seu significado.

A comunicação é um processo psicológico pelo qual se realiza a transmissão


interpessoal de ideias, sentimentos e atitudes que possibilitam e garantem a
dinâmica grupal e a dinâmica social. A comunicação poderá, por isso mesmo,
ser verbal ou não-verbal.

A comunicação verbal realiza-se por intermédio da linguagem, que, graças à


sua estrutura simbólica, permite aos elementos de um grupo a
comparticipação nas experiências actuais ou tradicionais desse grupo. Esta
pode ser feita oralmente, através de pedidos, conversas, debates,
discussões; ou por escrito, pelas cartas, telegramas, bilhetes, livros,
jornais, entre outras.

A comunicação não-verbal, realizada através de processos empáticos, e


eventualmente traduzível através de movimentos expressivos, estabelece
nos grupos, ou nas relações interpessoais diádicas, um clima afectivo que
condiciona a própria comunicação verbal.É feita através da troca de sinais, o
olhar, o gesto, postura, mímica.

o conhecimento do professor e o uso que dele faz, devido à sua natureza, só


se tornam manifestos, se reflectirmos sobre a experiência diária, sobre o
trabalho que o professor faz e como utiliza esta comunicação verbal e não
verbal, num nível interpessoal ou grupal, quer em ambiente de ensino
presencial ou à distância. O professor para levar a cabo o seu trabalho
tanto a planeamento como o ensino, tem de possuir um conjunto de
conhecimentos que cresce com a experiência e que tem a ver com a
estrutura social da escola, a comunidade da qual a escola faz parte e até
mesmo com sensibilidade ao que é ou não por ela aceite. O conhecimento
experiencial do professor pode ser baseado no conhecimento teórico, da
disciplina e de áreas tais como: o desenvolvimento da criança, a
aprendizagem e as teorias sociais.

Todas estas espécies de conhecimento teórico, são integradas pelo


professor, filtradas pelos valores e crenças pessoais, constituindo um saber
que orienta a sua prática.

O professor toma decisões diariamente na sala de aula. O professor tem


que ter a flexibilidade necessária para raciocinar, julgar, pesar alternativas,
reflectir e actuar e isso depende dos seus comportamentos, acções e forma
como comunica.

A experiência de um indivíduo por si só também não é suficiente, para


conhecer. Há que a partilhar com a de outro, havendo por tal necessidade
das palavras que guiem, e desenvolvam as nossas percepções. Assumir que a
construção do saber é feita pelo indivíduo mas por interacção social, que o
conhecimento vai sendo permanentemente organizado e enriquecido através
de interacções múltiplas estabelecidas em contextos diversos exteriores à
própria pessoa, e que é influenciado por aspectos inerentes ao indivíduo,
mas também por condições políticas, sociais e culturais, obriga-nos a
valorizar a comunicação e negociação em aula. A aprendizagem deve ser
considerada não só nas sua dimensão cognitiva, como também afectiva e
social. Deste modo a atenção é dirigida para a quantidade e qualidade das
interacções aluno-aluno, aluno-professor cabendo ao professor um papel
decisivo na direcção e na natureza do discurso que se deve estabelecer em
ambiente motivador, desafiante e de questionamento constante, onde não
existam condicionamentos de espaço ou de tempo.

O conhecimento pressupõe troca, é através do diálogo, da argumentação, do


discurso. Assim, o modo como se processa a comunicação e negociação de
sentido e o tempo atribuído na aula para tal, são aspectos fundamental do
trabalho do professor. A análise destes aspectos deverá ser feita a três
níveis:
1. Ao nível da interacção ou discurso que se estabelece que acontece quando
um aluno fala ou é convidado a falar, para a turma e professor. É forma de
comunicação básica para as outras formas que de seguida se abordarão,
mais frequente e menos elaborada forma de comunicação. Através desta
forma de comunicação pode o professor compreender o que o aluno
compreende e o aluno exercitar a verbalização do seu saber.

Permite, também que se apresente à turma as várias interpretações,


concepções e significados presentes para uma mesma questão ou conceito.
2. Ao nível do diálogo entre pares. Este é um outro nível de comunicação. De
um modo geral é mais fácil a um aluno conduzir o par à compreensão de
determinado conceito ou situação: se compreender for entendido como a
criação de uma significação comum, é na trocam ideias entre indivíduos
tendo vocabulário, estádios e percursos cognitivos semelhantes, que podem
surgir condições ideais para tal.
3. Ao nível do diálogo alargado a toda a classe. É um terceiro nível de
comunicação estabelecida em classe que é fundamental para potenciar os
efeitos da discussão de pares, onde podem surgir oportunidades de
apresentação das soluções várias dos alunos.

Uma das funções chave do professor é desenvolver e fomentar a capacidade


dos alunos aprenderem com e a partir dos outros — clarificando ideias e
termos uns com os outros, considerando ideias e soluções uns dos outros, e
discutindo entre si a validade de abordagens e soluções alternativas.

Comunicação grupal é toda a comunicação que se desenvolve em pequenos


grupos, assumindo muitas semelhanças com a comunicação interpessoal, mas
diferenciando-se em alguns aspectos face à constatação de que as pessoas,
em grupo, reagem de forma algo diferente.
Cabe ao professor escolher que redes de comunicação utilizar.

A cada actividade concreta deverá corresponder uma determinada


estrutura de comunicação, ou seja, as tarefas complexas incitam os grupos a
escolher o modelo homogéneo ou rede completa,…enquanto tarefas mais
simples os levam a escolher um modelo centralizado.
No encalço dos princípios formulados a Escola deve afirmar-se como uma
instituição que:
-Promova uma cultura de inclusão
-Prepare os jovens para o mercado de trabalho qualificado e/ou desafios do
ensino superior
-Forme jovens conscientes dos seus deveres de cidadania na sua dimensão
pessoal, social e ambiental.
-Promova o desenvolvimento e enriquecimento profissional dos que nela
trabalham.
-Valorize a solidariedade, colaboração e cooperação entre todos os
membros da comunidade educativa.
-Dinamize o aproveitamento e aperfeiçoamento dos seus recursos
educativos.
-Esteja aberta à inovação e à criatividade
-Defenda com intransigência uma cultura interpessoal norteada por valores
éticos:-Pugne pela dignidade, respeito, responsabilidade e solidariedade.
-Fomente a construção de uma identidade própria reconhecida pela
comunidade social envolvente.

A comunicação interpessoal envolve "interdependência comunicativa”, ou


seja,

…o comportamento comunicativo de uma pessoa é uma consequência directa


do da outra.

Os “Axiomas de Comunicação” de Watzlawick, constituem preciosos


instrumentos de trabalho para o estudo da comunicação interpessoal:

Axioma 1:
•Não se pode não comunicar
•Numa interacção todo o comportamento tem valor de mensagem – é
comunicação;
•Desde que estejam mutuamente conscientes da presença umas das outras,
qualquer comportamento de uma pessoa afecta sempre de qualquer modo o
comportamento das pessoas à sua volta;
. Há comunicação mesmo quando esta não é intencional, consciente ou bem
sucedida (compreensão mútua);
•Há diferentes tipos de mensagens/comportamentos - verbal, tonal,
postural, contextual, etc..

Axioma 2:
•Toda a comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto de relação
•Conteúdo - o que é dito;
•Relação - define o contexto da comunicação como é dito, refere-se ao que
é dito, isto é, à forma como deve ser entendido o que foi dito – Meta-
comunicação.
•Define a relação entre os seres comunicantes

Axioma 3:
•A natureza de uma relação depende da forma como ambos os parceiros
pontuam as sequências de interacção
•De um ponto de vista exterior, a comunicação pode ser definida como uma
sequência ininterrupta de trocas;
A pontuação:
• dá estrutura e sentido à comunicação;
• é perfeitamente arbitrária.

Axioma 4:
•Os seres humanos comunicam de forma digital e de forma analógica
•A codificação digital refere-se à representação por um nome
- há uma arbitrariedade na relação significado/ significante é utilizado um
sistema simbólico convencional e com uma sintaxe complexa;
•A codificação analógica refere-se à representação pela semelhança - a
zanga pode ser expressa por uma dureza no tom ou elevação do nível da voz,
face vermelha, etc..

Axioma 5:
Qualquer troca comunicativa pode ser definida como sendo simétrica ou
complementar
•A comunicação simétrica define uma relação baseada na igualdade - os
parceiros têm a mesma posição e fazem a mesma coisa (comportamento em
espelho) – relação prof./prof.; aluno/aluno;
•A comunicação complementar é baseada na diferença - os parceiros têm
posições complementares (one up ou one down) - relação prof./aluno;
médico/doente;

Segundo Watzlawick, existem 5 axiomas na sua teoria da comunicação entre


dois indíviduos. Se um destes axiomas não for considerado pelo
comunicador, que procura uma comunicação eficaz, a comunicação pode
falhar.

Os comportamentos que as pessoas assumem quando estabelecem uma


relação, estão condicionados pelas regras de interacção que cada sujeito
adquire. Assim sendo, se a comunicação poderá falhar se um dos axiomas
não for considerado pelo comunicador então a “relação” fica comprometida.
O acto de comunicar é um acto social, obriga necessariamente a uma
relação.

Um sistema de comunicação segundo “princípios sistémicos” define-se como


um conjunto de objectos que se inter-relacionam. O sujeito participa em
processos de comunicação e não se limita apenas a comunicar – deverá ser
um agente activo no processo de comunicação.
A comunicação de massas é um tema muito debatido na sociedade actual,
principalmente pelas influências que gera nos públicos mais jovens.
Com as mudanças operadas nos sistemas económico, social e cultural
instalou-se a crise do modelo educativo e que deixou de cumprir as funções
a que se destinava, gerando o desemprego, a exclusão social, etc.

A própria estrutura da família e nas suas funções actuais modificaram-se .


Na sociedade ocidental a modernização social promoveu, entre outros
aspectos, a introdução da mulher no mercado de trabalho, a redução no
número de filhos, o aumento dos divórcios, do que resultou uma redução do
tempo real que os adultos passam com os filhos.
Estes fenómenos, associados de algum modo à subida do individualismo,
provocaram uma alteração significativa no papel socializador da família.
Por outro lado, a escola tradicional ocupava-se fundamentalmente da
socialização secundária porque era suposto que a família concentrava a sua
função na preparação da criança para a sua integração social, transmitindo-
lhe além dos conhecimentos básicos, um quadro de valores e regras que
iriam constituir o núcleo básico da sua personalidade.
Mas na sociedade contemporânea a criança ocupa a maior parte dos tempos
livres em frente da televisão ou em jogos de computador, deixando para
segundo plano a companhia dos Pais, irmãos, amigos ou mesmo dos
professores. Sou da opinião de que se não houver um controlo televisivo, a
verdade é que, para além do tempo que a TV retira à leitura e ao convívio, e
o facto de fomentar estados de violência (ou da sua banalização), ela
através da imagem mobiliza emoções, sentimentos e afectividade,
introduzindo na socialização do jovem factores que sugestionam e seduzem
o telespectador através da criação permanente de ídolos e “divindades”
(como nas sociedades tradicionais) agora através de telenovelas e
espectáculos da “vida real”.
Assim podemos dizer que na sociedade contemporânea a família já não
exerce as suas funções com a força afectiva que tinha no passado. A
socialização secundária passou a exercer uma influência crescente no plano
da afectividade. Isto porque utiliza (como anteriormente a família e a
igreja) gestos, climas afectivos, tonalidades de voz, promovendo crenças,
emoções e adesões totais.
À escola, ou mais concretamente, às formas institucionalizadas do ensino, é
pedido, então, um conjunto de preocupações na formação do
desenvolvimento cognitivo, mas também do núcleo básico do
desenvolvimento da personalidade, havendo quem a inclua na categoria da
“instituição total”.
Claro que esta formação integral da personalidade, como tarefa da escola,
tem riscos nomeadamente nas esferas religiosa, étnica, racial, social ou
sexual…
Outra área fundamental na formação para a cidadania tem a ver com os
valores éticos em que a responsabilidade, a tolerância , a solidariedade e a
justiça devem constituir um núcleo central de preocupações educativas.
Mas um dos maiores problemas que a escola enfrenta prende-se com o modo
de motivar o aluno a aprender num oceano de sobre -informação e como
utilizar e processar a informação disponível. Ao professor cabe essa difícil
tarefa de ser um facilitador e organizador de tão dispersa e desconexa
informação utilizada pelos jovens, incutindo-lhes um espirito critico e não
dogmático apoiado nos métodos científicos e em informação
descomprometida. De facto o professor deve ser alguém que no plano
epistemológico deve ser relativista, postura que permite independência,
abertura de espírito, ausência de preconceitos e a possibilidade de
compreender valores diferentes daqueles com que nos identificamos.
Convém sublinhar desde já, que no plano ético é impossível ser-se relativista
porque significa a maneira como se quer viver em sociedade, o que implica a
necessidade de fazer opções.
Uma crítica também à escola é à utilização pelas práticas pedagógicas do
trabalho de grupo.
Neste sentido as novas tecnologias da educação podem ajudar a fortalecer
os laços de convivialidade no trabalho pedagógico.
A socialização, não sendo apenas baseada na lógica da troca de interesses,
nem num conceito abstracto de identidade cultural terá que encarar o outro
como sujeito.

M.C.

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